CAPA Fotografia e Produção Gráfica: Talita Mendes Design de Brush Digital: Sahir Khan (www.sahirkhan.com) Todos os direitos reservados UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO DISCURSO CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO II CID – II Colóquio Nacional e I Colóquio Internacional do Grupo de Pesquisa o Corpo e a Imagem no Discurso Corpo, arte, cinema e outras mídias Uberlândia/MG Dezembro-2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO DISCURSO Reitor Prof. Dr. Alfredo Júlio Fernandes Neto Vice-Reitor Prof. Dr. Darizon Alves de Andrade Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof. Dr. Alcimar Barbosa Soares Pró-Reitor de Graduação Prof. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis Prof. Dr. Alberto Martins da Costa Diretora do ILEEL Profª. Drª. Maria Inês Vasconcelos Felice Coordenadora do PPGEL Profª. Drª. Dilma Maria de Mello Apoio UFU, FAPEMIG, ILEEL, PPGEL, PROPP, PROGRAD, PROEX, HOTEL SAN DIEGO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO DISCURSO Comissão Organizadora Presidente da Comissão Organizadora Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) Vice-Presidente da Comissão Organizadora Profa. Dra. Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Secretaria Geral Danilo Corrêa Pinto (Pós-Graduando, UFU) Pós-Graduandos Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) Talita Mendes (UNICAMP) Graduandos Giovanna Monique Alelvan (UFU) Patricia Helena Baruffi Gomes (UFU) Pedro de Freitas Salomão (UFU) Yara Oliveira Diniz (UFU) Comitê Científico Profa. Dra. Fernanda Costa Ribas (UFU) Prof. Dr. João Carlos Biela (UFU) Prof. Dr. Sérgio Ifa (UFAL) Profa. Dra. Walkyria Monte Mor (USP) Sumário Apresentação/Foreword ............................................................................... 2 Grupo de Pesquisa ....................................................................................... 3 Programação Geral ...................................................................................... 4 Programação das sessões de comunicação ................................................ 10 Programação dos painéis ........................................................................... 19 Resumo da conferência de abertura ........................................................... 23 Resumos das comunicações orais .............................................................. 25 Resumos dos painéis.................................................................................. 85 Resumos das exposições............................................................................ 95 Release dos artistas .................................................................................... 98 Índice remissivo....................................................................................... 101 II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 1 Apresentação Como o corpo pode ser materializado, fragmentado e reorganizado em diferentes formas de arte e mídia? Como essas diferentes formas de linguagem ajudam a estabilizar e manter a memória? Como compreendemos textualidades híbridas e multimodais? Qual é o efeito da estrutura linguística para a constituição dos sentidos das imagens? Em um tempo em que o conceito de memória coletiva (HALBWACHS, 1966) pode deslocar-se para o de memória midiática (NEIGER, MEYERS and ZANDBERG, 2011) e em que produções culturais seguem movimentos globais, ao mesmo tempo em que são profundamente teorizadas por disciplinas que conduzem à especialização e à fragmentação do conhecimento, este evento visa a discutir e refletir sobre tais questões, contribuindo para sua teorização e para a discussão sobre seus métodos de análise. Profª. Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti Líder do Grupo de Pesquisa O Corpo e a Imagem no Discurso Foreword How can the body be materialized, fragmented, reorganized in the different forms of arts, in the different forms of media? How do these different forms of language help establish and maintain memory? How do we perceive hybrid, multimodal textualities? What is the effect of the linguistic structure for the constitution of meanings of images? In a period when the concept of collective memory (HALBWACHS, 1966) may slide to the concept of media memory (NEIGER, MEYERS and ZANDBERG, 2011) and when cultural productions follow global movements as much as they are deeply theorized by disciplines that lead to the specialization and fragmentation of knowledge, this event aims at discussing and reflecting on such issues as to contribute to the theorization and discussion of the methods of analysis of such objects. Dr. Simone Tiemi Hashiguti Coordinator of the Research Group Body and Image in Discourse II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 2 Grupo de Pesquisa O Grupo de Pesquisa: O corpo e a Imagem no discurso nasce em uma conversa informal em 2007, quando um grupo de pesquisadoras, algumas recém-doutoras ou doutorandas, outros já docentes ou pesquisadores de carreira e de diferentes instituições, chegam à conclusão de que, além das inquietações comuns de pesquisa, materializadas nas apresentações em eventos e nas discussões através delas incitadas, havia também uma demanda e um espaço para construir reflexões teóricas conjuntas e o desejo de uma discussão mais sistematizada, que permitisse uma maior produção e circulação de idéias, um retorno para a teoria e metodologia de análise discursiva. Assim, primeiramente com as Profas. Dras. Simone Tiemi Hashiguti (UFU) e Ivânia Neves (UNAMA), com a doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) e a Pesquisadora Dra. Cláudia Marinho Wanderley (UNICAMP), a proposta do Grupo emerge, e é institucionalizada pela CAPES em 2008. A partir disso, o grupo se propõe a: 1) analisar e teorizar o corpo e outras materialidades visuais (fotos, imagens, filmes, dentre outras, opticamente apreensíveis) a partir de uma perspectiva discursiva, em seus diálogos com outras disciplinas; 2) analisar as especificidades dessas materialidades e a sua relação com o verbal; 3) compreender a relação do sujeito com essas materialidades nos processos de produção de sentido e de subjetivação; 4) contribuir com as reflexões para a teoria discursiva e para as teorias semiológicas e em cultura visual. Essas propostas perpassam os projetos de pesquisa e atividades acadêmicas dos membros do grupo. www.cecle.ileel.ufu.br/cid II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 3 PROGRAMAÇÃO GERAL II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 4 Data: 03/12/2012 Locais: Campus Santa Mônica Universidade Federal de Uberlândia Casa da Cultura de Uberlândia Praça Coronel Carneiro, 89 Fundinho 8h Credenciamento Local: Sala 205 Bloco G – Campus Santa Mônica 9h Sessão Solene de Abertura Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica Prof.ª Dr.ª Maria Inês Vasconcelos Felice (Diretora do ILEEL) Prof.ª Dr.ª Dilma Maria de Mello (Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos) Prof. Dr. William Mineo Tagata (Presidente da comissão organizadora) Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (Líder do Grupo de Pesquisa O Corpo e a Imagem no discurso) 9h30 Coffee-break e Atividade Cultural Local: Saguão inferior bloco 5OA – Campus Santa Mônica II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 5 10h Palestra de Abertura Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica O corpo como locus de subjetividade e alteridade Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP) 12h Almoço 13h30 Sessões de Comunicações (1,2,3,4) Local: Salas do Bloco G – Campus Santa Mônica 16h Coffee-break Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica 16h30 Sessão de Painéis Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica 17h30 Transporte para a Casa da Cultura Local: Estacionamento do Bloco U – Campus Santa Mônica 18h Conferência de Abertura Local: Casa da Cultura de Uberlândia BETWEEN: transdisciplinary dialogues on the body and visual culture Dr. Karen Ingham (Artist and Reader in Art and Science Interactions Swansea Metropolitan University UK) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 6 19:30 Abertura de Exposições Artísticas Local: Casa da Cultura de Uberlândia BETWEEN: Embodiment and Identity Artistas: Karen Ingham (Swansea Metropolitan University) Susan Aldworth (Swansea Metropolitan University / London Metropolitan University / Institute of Neuroscience at Newcastle University) Passagens: Corpos e Imagens Fugidias Artistas: Talita Mendes (UNICAMP) Ronaldo Souza (UNICAMP) Lívia Diniz (UNICAMP) 20h Lançamento de livros Local: Casa da Cultura de Uberlândia 20h30 Coquetel de Abertura Local: Casa da Cultura de Uberlândia II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 7 Data: 04/12/2012 Local: Campus Santa Mônica Universidade Federal de Uberlândia 9h Mesa-redonda 1 Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica Discurso e corpo: práticas de subjetivação e audiovisual Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) Profª. Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA) Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) 11h30 Almoço 13h30 Sessões de Comunicação (5,6,7,8) Local: Salas do Bloco G – Campus Santa Mônica 16h Coffee-break Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica 16h30 Mesa-redonda 2 Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica Corpos e culturas em conflito: figurações da alteridade no cinema Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 8 18h Plenária Final Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica 19h Happy hour por adesão II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 9 PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE COMUNICAÇÃO II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 10 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1 Data: 03/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 235 Coordenadoras: Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA) Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) 13h3013h50 13h50 -14h10 A subjetivação dos corpos na performance: “o que não vaza é pele Dança: um acontecimento do corpo 14h1014h30 Sexualidade e corpo: uma análise do filme cisne negro 14h3014h50 A regulação da imagem em capas de álbuns musicais e os efeitos de pertencimentos a estilos 14h5015h10 Confissões do corpo: a beleza negra nas tramas do discurso 15h1015h30 As cadeiras enquanto corpos 15h3015h50 Aspectos conceituais no estudo da discursividade do design gráfico: preliminares para um quadro de análise Geison de Almeida Bezerra da Silva(UFMG) Alessandra Rodrigues Santos Brandes (UNICAMP) Jaciane Martins Ferreira (UFU) Lucas Martins Gama Khali(UFU) Amanda Braga (UFPB/UFSCAR) Mariana Resende Corrêa (UFU) Cláudia Maria França da Silva (UFU) Ricardo Augusto Silveira Orlando (UFOP) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 11 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2 Data: 03/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 231 Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) 13h3013h50 Nu impotente à espreita: sobre uma figura de melancolia na arte contemporânea 13h50 -14h10 Corpos femininos produzidos pelo discurso da mídia para os desfiles de escolas de samba do carnaval carioca Danilo Corrêa Pinto (UFU) 14h1014h30 Ode ao corpo ou ódio ao corpo? Uma perspectiva filosófica acerca da imagem do corpo veiculada pelo discurso da grande mídia Cecília de Sousa Neves (UFU) 14h3014h50 O olho duplo do Jigsaw: sujeito e materialidade repetível em “jogos mortais” Ciro Renan Oliveira Prates (UESB) 14h5015h10 O discurso fílmico de horror em duas produções francesas contemporâneas: um lugar para o “quem somos nós?” Diante do poder-corpo do sarkozismo iminente. 15h1015h30 Mídia e lugares históricos de constituição do corpo Cláudia Maria França da Silva (UFU) Alex P. de Araújo (UESB) Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 12 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3 Data: 03/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 246 Coordenadores: Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) 13h3013h50 13h50 -14h10 14h1014h30 Espaço de confinamento e poder: O corpo homoerótico e seus mistérios A pele que habito: a reconstrução do corpo “Traumnovelle” e “Eyes wide shut”: o subconsciente entre a literatura e o cinema Veridiana Mazon Barbosa da Silva (UFG) Franciele Magalhães Crosara (IFG) Naira Rosana Dias da Silva (IFG) Tassia Kleine (UFPR) 14h3014h50 O corpo na telenovela: um estudo do sujeito e das estratégias de produção das imagens da vinheta de o astro Victor Pereira Sousa (UESB 14h5015h10 Diálogos entre literatura, cinema e televisão: algumas considerações acerca do processo de adaptação Tamiris Batista Leite (UNESP) 15h1015h30 Leitores machadianos na rede digital: novas formas de se ler o cânome nacional 15h3015h50 A representação do corpo feminino na ficção de Fernanda Yang Marina Leite Gonçalves (UNIMONTES) Marta Maria Bastos (UFG) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 13 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4 Data: 03/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 223 Coordenadores: Prof. Dr. Fábio Figueiredo Camargo (UFU) Prof. Dr. João Carlos Biella (UFU) 13h3013h50 Lua Cambará: corporeidade, mito e tragédia nos sertões, de Ronaldo Correia de Brito Gustavo Henrique Ferreira (UFU) 13h50 -14h10 A eficácia estética na criação de Desmundo de Ana Miranda Solange Zorzo (UNB) 14h1014h30 Representações do corpo no romance “Inocência”, de Visconde de Taunay Edinília Nascimento Cruz (UNIMONTES) 14h3014h50 Inscrições corporais: cicatrizes como memórias em Rubem Fonseca e Adriana Lisboa Carlos Henrique Bento (IFMG) 14h5015h10 A imagem do corpo na poesia de Herberto Helder: uma dissolução de sentidos Dulcirley de Jesus (UFMG) 15h1015h30 Processos de dessemantização e (re)ssemantização gestual na poética de Alfred Cortot Marina Maluli César (USP) 15h3015h50 Poéticas hipertextuais: redes de sentido da tradição e da memória em A rosa do povo e A hora vagabunda Vanessa Leite Barreto (UNIMONTES) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 14 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 5 Data: 04/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 235 Coordenadores: Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU) Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU) 13h3013h50 Dos pecados da carne: fé e sexualidade nos usos do corpo e na ordem do discurso O discurso fílmico e as posições discursivas da mulher em Entrevista com Vampiro Maíra Fernandes Martins Nunes (UFCG) 14h1014h30 Michel Foucault, o poder e o corpo: uma reflexão acerca da atualidade. Karina Luiza de Freitas Assunção (UFU) 14h3014h50 A construção do corpo no discurso da pastoral da juventude: expressão de fé, poder e governamento Edilair José dos Santos (UFG) 14h5015h10 Contra-efeito discursivo no corpo: um cuidado de si contemporâneo de corpos resistentes? Nirce Aparecida Ferreira Silvério (UFU) 13h50 -14h10 Jamille da Silva Santos(UESB) 15h1015h30 Sujeito de direito: o corpo da norma Fábio Ramos Barbosa Filho (UNICAMP) 15h3015h50 Corpo e ditadura em ciências morales: construções e micropolíticas que sobrevivem Inês Skrepetz (UFSC) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 15 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 6 Data: 04/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 231 Coordenadoras: Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Ottoni (UFU) Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) 13h3013h50 Fotografia, aparelho fotográfico e olhar contemporâneo: a opacidade da desaparição 13h50 -14h10 A velhice em “As bicicletas de Belleville”: esteriotipia e pregnância de sentidos Talita Mendes(UNICAMP) Flávia Motta de Paula Galvão (UFU) Cármen Agustini (UFU) 14h1014h30 As metamorfoses do Diabo em “Hoje é dia de Maria”. 14h3014h50 Entre cores, corpos e discurso: uma análise imagética do homossexual na revista Veja. Maria Aparecida Conti (UFU) Maria Aparecida Resende Ottoni(UFU) Isley Borges Silva Júnior (UFU) 14h5015h10 Análise semiótica e discursiva das camisas de formatura do ensino médio 15h1015h30 Body, mind and beauty – we are not slaves to culture Pedro Malard Monteiro (UFU) Gabriel Malard Monteiro (UFMG) 15h3015h50 Relações (hiper)corporais no ciberespaçoo entre-lugar do eu Everton Vinicius de Santa (UFSC) Denise Giarola Maia (UFSJ) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 16 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 7 Data: 04/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 246 Coordenadores: Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) 13h3013h50 The cannibalistic redemption in Margaret Atwood’s the edible woman André Pereira Feitosa (UNIFEI) Maria Elizabete Villela Santiago (UNIFEI) 13h50 -14h10 Corpo-imagem e(m) discurso: arte e anatomia no site pornceptual Maria do Socorro Correia de Lima (UNB) 14h1014h30 Apresentação de si e imaginários sociodiscursivos: duas abordagens Fernanda Silva Chaves (UFMG) 14h3014h50 Corpo clássico e corpo homoerótico: uma construção intericônica. Emilia Mendes (UFMG) 14h5015h10 Agora você tem um pai de peitos: uma análise sociointeracional de performances de gênero em um programa de auditório Daniel Mazzaro Vilar de Almeida (UFMG) Leandro da Silva Gomes Cristóvão (PUC-Rio) 15h1015h30 Figurativizações do corpo em êxtase na gênese do cinema pornô americano. Odair José Moreira da Silva (USP) 15h3015h50 Uma leitura intersemiótica de Daisy Miller: representações do feminino no romance de Henry James e no filme de Peter Bogdanovich Linda Catarina Gualda (FATEC) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 17 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8 Data: 04/12/2012 – 13h30-16h Sala: G 223 Coordenadoras: Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA) Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) 13h3013h50 O discurso publicitário imagético de escolas de idiomas Evelyn Cristine Vieira (UFG) 13h50 -14h10 Self exhibition through the presential of body image before social networking sites (snss): contextualizing the question of “self & identity” Santosh K. Patra (Mudra Institute of Communications MICA) 14h1014h30 O (des)habitar de si 14h3014h50 Corpo-língua(gem): a (des)territorialização de si e do outro 14h5015h10 A leitura do não-verbal em livros didáticos: reflexões a partir de um olhar discursivo. 15h1015h30 Mídia, violência e corpo: o caso do “Maníaco de Luziânia”. Carlos Alberto Casalinho (UNICAMP / UEMG) Mariana Rafaela Batista Silva Peixoto (UNICAMP) Érica Daniela de Araujo João de Deus Leite (UFU) Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG Raquel Divina Silva (UFG) 15h3015h50 As famílias na mídia – um estudo discursivo de peças publicitárias Sílvia Maria Alencar Silva (UESB) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 18 PROGRAMAÇÃO DOS PAINÉIS II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 19 PAINÉIS Data: 03/12/2012 – 16h30-17h30 Sala: G 216 Debatedores: Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) 1. A pesquisa em dança e as possibilidades de interdisciplinaridade Ana Carolina da Rocha Mundim (UFU) 2. Vozes em diálogo: o efeito da discursivização das vozes no romance a força do destino, de Nélida Piñon Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho (UFG) Antônio Fernandes Júnior (UFG) 3. Fantásticas simbologias: personagens femininas na ficção de Augusta Faro Camila Aparecida Virgílio Batista(UFG) Luciana Borges (UFG) 4. Memória das imagens, das cores e do corpo: posicionamento da mulher em “Blood Feast” 5. Discurso, memória e corpo: o filme Gore americano na década de 60 Danilo Dias (UESB) 6. As imagens alegóricas dos contos “My Kinsman, Major Molineaux” e “Young Goodman Brown” de Nathaniel Hawthorne Elaine Guimarães Santos (UFMG) 7. A virgem dos lábios de mel, a princesa da Disney e a protagonista de blockbuster Heloize Moura (UFU) 8. Corpo, alma e nação: elementos pulsantes na obra Lucíola, de José Luciana Aparecida Silva Ceres Alves Luz (UESB) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 20 de Alencar 9. O “ideal erótico” em ensaios sensuais fotográficos nas revistas TRIP e TPM 10. Concepções identitárias na produção poética de Arnaldo Antunes: um estudo da canção Ninguém 11. O sujeito criança no envolvimento com as mídias digitais: singularidades e pluralidades da infância contemporânea 12. O corpo e as possibilidades discursivas no Gore: análise de “Two Thousand Maniacs, de Herchell Gordon Lewis, de 1964 (UFU) Maira Guimarães (UFMG) Miriane Gomes de Lima (UFG) Rosimeire Maria de Souza Francischetto (UFES) Thalyta Botelho Monteiro (UFES) Ueslei Pereira de Jesus (UESB) Nilton Milanez (UESB) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 21 RESUMOS Obs.: A revisão ortográfica e gramatical dos resumos é de inteira responsabilidade do(s) autor(es). II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 22 Conferência de Abertura BETWEEN: TRANSDISCIPLINARY DIALOGUES ON THE BODY AND VISUAL CULTURE Dr. Karen Ingham (Artist and Reader in Art and Science Interactions Swansea Metropolitan University UK) [email protected] http://kareningham.org.uk How do we define notions of the ‘self’ in an age of increasing disembodiment and digitization? The philosophical tensions between mind and body and between human embodiment and identity, are being rapidly redefined by advances in anatomical knowledge, represented and interpreted by extraordinary digitized medical imaging technologies. As an artist and theorist questions of identity have fascinated me for two decades. I have explored these themes through interdisciplinary collaborative partnerships, examples of which I will discuss in this presentation, in order to share what might broadly be referred to as my practice-led research. I will also make reference to other artists working in this area to illustrate some of the processes involved in collaborative, interdisciplinary practice across art, anatomy, and contemporary biological imaging, as evidence of the shift from the art-historical notion of ‘the nude’ to a more contemporary reading of ‘the body’. I will discuss the concepts underpinning the research project ‘Between: embodiment and identity’ made in collaboration with artist Susan Aldworth, which forms the basis of the accompanying conference exhibition.That the body is of such interest to artists comes as no surprise when we consider the array of imaging technologies that contemporary bioscience has at its disposal, and the rich and layered history of anatomical representation that artists can draw on. That the II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 23 body can now be anatomized ‘live’ and ‘performing’ through the processes of non-invasive medical imaging technologies implies that we have reached a stage where we no longer require the practice of dissection in the search for medical knowledge. Are we nearing the stage where digital technology reduces the body to an ‘impossible body’, a downloadable body, like that of the ‘Visible Human Project’, that can only exist as fragments of code and pixels of information? II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 24 Resumo das Comunicações Orais SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1 Data: 03/12/2012 – 13h30 Sala: G 235 Coordenadoras: Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA) Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) A SUBJETIVAÇÃO DOS CORPOS NA PERFORMANCE: “O QUE NÃO VAZA É PELE” Geison de Almeida Bezerra da Silva (FALE-UFMG) A dependência do corpo para a arte performática é inegável, tanto a presença do corpo do performer quanto a dos corpos dos espectadores. Nesse sentido, a presente comunicação pretende discorrer sobre os possíveis sentidos e funções que o corpo adquire na performance, "O que não vaza é pele", composta pelos artistas: Alexandre de Sena, Byron O"Neill, Gustavo Bones, Mariana Maioline, Jésus Lataliza e MC Matéria Prima. De caráter híbrido, que mescla várias linguagens como o hiphop e o teatro, "O que não vaza é pele" constrói uma fábula a partir de um fato ocorrido com o ator Alexandre de Sena na cidade de Blumenau, SC, em 2011. Nessa montagem, porém, não se busca apresentar apenas uma roupagem ao fato, mas discutir, a partir da violência sofrida pelo ator, o racismo, a ocupação do espaço urbano, o abuso de poder entre outras tensões presentes nas grandes cidades. A performance transita entre o fictício e o factual; os atuantes são personagens e testemunhas; documentos, criações e imagens ocupam o mesmo espaço. O que está em jogo nessa performance ultrapassa a denúncia de um ato de violência. A moléstia II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 25 sofrida pelo ator, sua exposição e montagem funcionam como manifesto/testemunho para tantas outras violências que sofrem determinadas pessoas e grupos dentro de uma cidade. Portanto, pretende-se discutir, ao longo desta comunicação, tanto as especificidades corporais (como a cor tematizada pela performance), quanto a subjetivação dos corpos que define os lugares e os espaços, dentro dos centros urbanos, que um sujeito deve ocupar. DANÇA: UM ACONTECIMENTO DO CORPO Alessandra Rodrigues Santos Brandes (UNICAMP) Neste trabalho, visamos abordar o corpo tomando-o como materialidade significante e como condição de produção primeira para a dança. Uma das formas mais antigas de expressão humana é sem dúvida a dança. A dança não é somente expressão ou forma de comunicação, mas, também é arte e, sobretudo, uma forma de linguagem na história. Na literatura que trata sobre a dança, encontramos, por exemplo, estudos que abordam a dança relacionada a rituais religiosos e outros aspectos culturais, a uma lógica biomecânica e/ou a técnicas artísticas. O nosso trabalho, também aborda a dança, mais especificamente o corpo que dança pela perspectiva da linguagem. É fundamental ressaltar aqui, que trabalhamos sob a perspectiva da Análise de Discurso de linha Francesa, uma vez que tomamos a constituição do discurso na relação entre língua/sujeito/história e o sentido como um efeito de um trabalho simbólico também afetado pela história. Ao olhar para a relação corpo-dança, não nos detemos apenas aos aspectos biofísicos, mas também olhamos para as questões histórico-ideológicas e os diferentes discursos - seja político, estético, religioso, entre outros, - constituídos de sentidos que se movem na história e que atravessam tal materialidade. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 26 Portanto, pensamos o corpo em relação às posições históricas constituídas por/em uma memória discursiva, determinadas por condições de produção. Dessa maneira, o corpo que dança, olhado discursivamente, nos permite refletir sobre os discursos que circulam sobre o que é dançar, como são constituídos os sentidos de um corpo que dança e como a dança se constitui em/instaura um acontecimento do corpo. SEXUALIDADE E CORPO: UMA ANÁLISE DO FILME CISNE NEGRO Jaciane Martins Ferreira (UFU) Neste trabalho, pretendemos refletir sobre a forma como se constrói a relação entre a sexualidade e a busca da sensualidade no filme Cisne Negro, como também sua ligação com os instrumentos de disciplina, biopoder e a morte. Esse filme é categorizado como suspense e drama. A personagem principal Nina Sayers, interpretada por Natalie Portman, é bailarina de uma companhia estadunidense e luta para chegar ao ponto máximo de sua carreira, ser a bailarina principal da companhia. Nina precisa estar apta a interpretar o Cisne Branco e Negro. O Cisne Branco exige a leveza de uma virgem, enquanto o Cisne Negro exige o máximo de sensualidade da bailarina. Além do que vive na relação com outras personagens, há toda a imposição da mãe com relação à disciplina, do diretor com relação à sensualidade, pensamos, a partir daí, nas estratégias do poder institucional fazendo gestão sobre esse corpo. Há, portanto, um luta no interior da personagem Nina, com isso uma constante busca de si. Seria o que Foucault (2006) pontua sobre a busca do homem pela sua individualidade, busca de uma verdade sobre seu ser, ou seja, o princípio conhece-te a ti mesmo (gnôthiseautón). Na tentativa de alcançar nossos objetivos, vamos observar algumas cenas do filme, tomando a II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 27 imagem como um enunciado por ela estabelecer-se em um campo associado, no qual pode haver a retomada de outros enunciados e por formar o que chamamos de arquivo em meio a esse campo associado. A REGULAÇÃO DA IMAGEM EM CAPAS DE ÁLBUNS MUSICAIS E OS EFEITOS DE PERTENCIMENTOS A ESTILOS Lucas Martins Gama Khalil (UFU) Este trabalho é um recorte da pesquisa de Mestrado intitulada Efeitos de sentido produzidos a partir de versões nacionais de canções anglófonas. O foco principal da pesquisa é discutir o aspecto da atribuição qualitativo-estilística de canções nacionais que, ao aproveitarem a estrutura melódica de canções anglófonas consideradas rock pela mídia, são taxadas de “brega” por parte considerável da recepção. Defendemos que as atribuições de estilo musical são determinadas por uma exterioridade constitutiva e não por uma “realidade” intrínseca dos produtos culturais. Considera-se, para tal abordagem, a perspectiva teórica da Análise do Discurso francesa, sobretudo o método de análise de enunciados proposto por Michel Foucault em A arqueologia do saber. Devido ao tema do evento, o recorte realizado para a apresentação refere-se a materialidades que, a nosso ver, ajudam a constituir os entornos das canções, fazendo parte, portanto, da constituição de seus efeitos de sentido, inclusive aqueles ligados à atribuição estilística: trata-se das capas de álbuns e outras imagens que constroem determinadas posturas dos artistas diante do público. Entendemos que a regulação da imagem dos artistas nessas materialidades, por meio de recursos gráficos ou aspectos como a focalização do corpo, cria efeitos de pertencimento a estilos musicais específicos, processo que tende a “naturalizar” ou II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 28 “estabilizar logicamente” os estilos musicais em compartimentos demarcados. Nas análises sobre tais questões, torna-se fundamental o conceito de intericonicidade, desenvolvido por Jean-Jacques Courtine. CONFISSÕES DO CORPO: A BELEZA NEGRA NAS TRAMAS DO DISCURSO Amanda Braga (UFPB/UFSCAR) Como se sabe, os modos de representação permanecem por muito tempo absolutos antes de serem relativizados e ressignificados. Os sentidos atribuídos ao corpo num determinado momento histórico se desfazem em momentos seguintes, transformam-se, carregam novos sentidos, produzem novos padrões, apresentam-se e materializam-se de modos distintos. Mas é preciso afirmar, no entanto, que esse trânsito traz memórias e, portanto, continuidades em relação ao momento anterior. Assim, considerando não apenas os discursos sincreticamente materializados, mas considerando, ainda, a construção de um corpus heterogêneo em si mesmo, nosso intuito é empreender uma análise discursiva sobre o corpo negro no Brasil a partir das memórias que temos desses padrões e dos acontecimentos discursivos que ressignificam essas memórias na atualidade. Mais especificamente, discutiremos o modo como o corpo da mulher negra se faz significar – guardadas suas continuidades e descontinuidades – nas tramas da história, principalmente no que diz respeito ao seu quadril. Para tanto, partiremos dos discursos produzidos na atualidade, mais particularmente do modo como a grande mídia constrói sentidos acerca desse corpo. Num momento posterior, a fim de oferecer uma espessura histórica a tais discursos, é nosso objetivo aportar às margens de um Brasil escravocrata, onde uma série de corpos negros desfilam em anúncios de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 29 jornais, ávidos por descrever-lhes as feições e as curvas. Por fim, interessa-nos os relatos e imagens produzidos em uma França do século XIX, fervilhante por seu colonialismo científico, responsável por apresentar ao mundo não apenas as nádegas da Vênus Hotentote, mas também seus respectivos estudos e catalogações. O trabalho que ora apresentamos tem, portanto, o intuito de mostrar as descontinuidades de uma história que se move na medida em que oferece novos olhos às mesmas práticas. É nosso objetivo analisar os deslocamentos discursivos e examinar as verdades produzidas em cada período. Para tanto, pautamo-nos numa Análise do Discurso que aceita as contribuições de Michel Foucault e, do mesmo modo, que se pauta nas discussões empreendidas por JeanJacques Courtine, mais particularmente no que diz respeito à noção de intericonicidade – que nos oferece base para pensar uma memória das imagens –, bem como a proposta de uma Semiologia Histórica aliada aos estudos do discurso, que estende o alcance da visada discursiva na medida em que nos impele à análise de um discurso que é sincrético e que reclama sua espessura histórica no momento próprio da análise. AS CADEIRAS ENQUANTO CORPOS Mariana Resende Corrêa (UFU) Cláudia Maria França da Silva(UFU) A presente comunicação versa sobre o uso de objetos do mobiliário – especificamente cadeiras, as quais são percebidas e compreendidas pelo artista visual como matrizes objetuais, com as quais ele realiza trabalhos de teor híbrido. Esse hibridismo se apresenta de várias maneiras: desde a destruição e recomposição de partes do objeto-matriz ao acoplamento de elementos que alteram a sua função e sua forma. Pensando que as cadeiras, enquanto objetos funcionais, são o resultado de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 30 estudos ergonômicos com a função de cumprir da maneira mais confortável o repouso do corpo humano, existe uma referência ao corpo em sua visualidade imediata e, porque não, uma referência ao sujeito que habita esse corpo. Nesse sentido, as cadeiras podem ser metáforas de corpos, ou seja, sendo objetos de uso comum, usadas para conter o corpo, elas já detêm em sua materialidade o corpo humano implícito, funcionando como uma contiguidade física e conceitual do ser humano. As operações que alguns artistas fazem sobre essas matrizes podem ser análogas às operações e situações do viver contemporâneo. Pretendemos, portanto, apresentar imagens e discutir trabalhos de três artistas brasileiros: Farnese de Andrade, José Bento e Nino Cais, os quais promoveram transformações interessantes em cadeiras. Por meio dessa apresentação, pretendemos discutir operações artísticas e sentidos de corporeidade na constituição desses “novos corpos”, valendo-nos do pensamento de Chantal Boulanger e Eliane Robert Moraes. ASPECTOS CONCEITUAIS NO ESTUDO DA DISCURSIVIDADE DO DESIGN GRÁFICO: PRELIMINARES PARA UM QUADRO DE ANÁLISE Ricardo Augusto Silveira Orlando (UFOP) O design assume papel cada vez mais fundamental na enunciação jornalística dos diários e revistas a partir dos anos 1990, integrando de forma densa o modo de dizer e produzir sentido nestes periódicos. Este trabalho busca as bases conceituais para a abordagem discursiva do design, ainda pouco estabelecida, tomando como horizonte a linha de estudos trilhada por Dominique Maingueneau. Com a análise do discurso no horizonte, considera o design pela ótica do interdiscurso, como partícipe da produção de sentido da II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 31 matéria jornalística, parte de uma fala de caráter histórico e social, em meio a uma economia dos modos de circulação de enunciados na mídia impressa. O design no jornal é como dispositivo em uma rede de dispositivos (Foucault). Ele ocorre e ganha existência na rede de necessidades, coerções, instituições, processos etc. que ajudam a conformá-lo em práticas discursivas e não discursivas. Como abordar o design de imprensa viés da análise de discurso? A proposta desta comunicação é apresentar uma revisão de conceitos com os quais se deve lidar e as condições a estabelecer para seguir na perspectiva da AD. Dos pressupostos teóricos da AD na linha de Maingueneau, busca-se uma primeira grade de leitura dos conceitos que fundamentam a análise da produção discursiva tendo como foco a comunicação visual. O trabalho aqui proposto liga-se à primeira etapa da pesquisa que busca mapear as condições de investigação do design pela AD. Por um lado, os estudos do discurso têm mais ênfase nas análises do texto escrito e há ainda pouca produção na abordagem da visualidade e seus problemas. Por outro, o design é pensado com frequência a partir de linhas que privilegiam sua textualidade e menos pelo seu viés de produção e circulação de discursos. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 32 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2 Data: 03/12/2012 – 13h30 Sala: G 231 Coordenadores: Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB) NU IMPOTENTE À ESPREITA: SOBRE UMA FIGURA DE MELANCOLIA NA ARTE CONTEMPORÂNEA Cláudia Maria França da Silva (IARTE/UFU) De acordo com Francisco Ortega, vivemos hoje em uma “cultura somática”. Nela, exacerbamos os cuidados com o corpo enquanto forma e saúde, ao ponto de sua “desnaturalização”. Nesse extremo culto ao corpo, revelamos uma “suspeita (...) que se transfigura em “pavor da carne”, desconfiança da materialidade corporal e desejo de sua superação” (ORTEGA, 2008: 13). Ortega refere-se ao modo contemporâneo de vida como um tipo de “biossociabilidade” em que a saúde e os cuidados corporais tornaram-se valores que suplantaram outros aspectos de conduta moral, deixando de ser meios para serem fins em si mesmos. A “cultura somática” de Ortega equivale-se à expressão “extremo contemporâneo”, de David Le Breton. A expressão refere-se ao conjunto de discursos contemporâneos entusiastas de uma ideia de que o corpo tende a ser melhor, se submetido às novas tecnologias. O extremo contemporâneo “faz do corpo um lugar a ser eliminado ou a ser modificado” por meio de um conjunto de “empreendimentos hoje dos mais inéditos, os que já têm um pé no futuro naquilo que se refere ao cotidiano ou à tecnociência, os que induzem rupturas antropológicas que provocam a perturbação de nossas sociedades”. (LE II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 33 BRETON, 2003:15). Nossa proposta de comunicação vai em direção oposta ao “extremo contemporâneo”, pelo interesse em figuras da melancolia nas artes visuais no mundo contemporâneo. Elegemos apresentar o trabalho “Big Man” (2000) do escultor australiano Ron Mueck em cruzamento com o texto de Franz Kafka, “O artista da fome” (1922). Ambos, cada qual à sua maneira, apresentam-nos corporeidades que problematizam o corpo potente e viril dos discursos da cultura somática. São corpos jacentes e melancólicos: lembram-nos que a impotência, a morte e o grotesco consubstanciam nossa frágil existência. CORPOS FEMININOS PRODUZIDOS PELO DISCURSO DA MÍDIA PARA OS DESFILES DE ESCOLAS DE SAMBA DO CARNAVAL CARIOCA Danilo Corrêa Pinto (UFU) Embasados pela Análise do Discurso de linha francesa, compreendemos que o corpo é uma materialidade simbólica que pode - por sua visibilidade, por sua possibilidade interpretativa e pela interpelação de uma subjetividade dos discursos - produzir sentidos antes nunca “explorados”, pois, conforme Hashiguti (2008) “há diferentes identificações sociais em movimento no discurso, bem como em diferentes discursos, diferentes são as formas de olhar os corpos e posicioná-los”. Dessa forma, o presente trabalho propõe uma análise de algumas imagens midiáticas produzidas pela Revista Manchete e pela Rede Globo de Televisão sobre a festa carnavalesca brasileira, mais especificamente os desfiles de escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. Este tipo de festa carrega um imaginário de representação nacional que foi constituído pelos discursos produzidos para essa manifestação artística, ritualística e popular. Portanto, buscamos responder II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 34 à seguinte questão: como o discurso da mídia produz sentidos para o corpo feminino que desfila na avenida? Nosso corpus se compõe de imagens (materialidades não-verbais); mas imagens que nos destacam um objeto específico: o corpo feminino. Assim, lançamos um “olhar discursivo” para o corpo feminino, pois acreditamos que o corpo, ao longo da história do homem e das teorizações e manifestações subjetivas e objetivas sobre ele, bem como no próprio carnaval, possibilitaram a construção de um saber desta materialidade orgânica, linguística e opticamente apreensível. ODE AO CORPO OU ÓDIO AO CORPO? UMA PERSPECTIVA FILOSÓFICA ACERCA DA IMAGEM DO CORPO VEICULADA PELO DISCURSO DA GRANDE MÍDIA Cecília de Sousa Neves (UFU) Dificilmente a alguém pareceria absurda a ideia de que nossa cultura atual foi o palco de uma mudança significativa na história do discurso sobre o corpo, através da qual este se tornou o mais importante centro irradiador de sentido dos vários discursos que nos atravessam e definem, a todo instante, nossos padrões de comportamento, de pensamento e de valores. A naturalidade com a qual reconhecemos a ideia de que vivemos em uma cultura do “culto ao corpo”, o que implica um pacto cada vez mais compulsório com as consequências práticas desta asserção, longe de esclarecer ou delinear algum aspecto ou atributo importante desta mesma cultura, apenas atesta a onipresença do recurso a belas imagens de corpos na linguagem das mais diversas mídias e discursos, sobretudo, dos meios de comunicação de massa. Porém, não é preciso muito esforço para ver desmoronar a percepção de uma valoração positiva da corporalidade. Basta II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 35 levantarmos a questão acerca da realidade desse corpo, o que significa perguntar: Esse corpo tal como apresentado pela grande mídia efetivamente existe? Embora simples, a pergunta não é inocente, porque revela os pés de barro de um discurso cujo poder prescritivo e repressor se apoia em uma virtualidade, um ideal, uma ficção. Trata-se de uma cultura que cultua um corpo que não existe, prova disso são os tratamentos de imagens convertidos em pressupostos indispensáveis aos veículos de comunicação em massa. Nesse sentido, propomos uma reflexão a partir de referenciais teóricos da história da filosofia acerca dos significados e implicações da paradoxal coexistência entre um discurso implícito de ode ao corpo e a recepção generalizada de imagens de corpos impossíveis, ou ainda, nas palavras de Platão, aparências ilusórias, simulacros ou ficções distorcidas da realidade. O OLHO DUPLO DO JIGSAW: SUJEITO E MATERIALIDADE REPETÍVEL EM “JOGOS MORTAIS” Ciro Renan Oliveira Prates (UESB) Esse trabalho é resultado dos estudos realizados no interior dos projetos Materialidades do corpo e do horror e Análise do discurso: discurso fílmico, corpo e horror, no quadro de pesquisas do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo – Labedisco/UESB. Nosso objetivo, aqui, é analisar discursivamente o dispositivo fílmico de extratos de três filmes da série Jogos Mortais, procurando evidenciar a constituição do sujeito Jigsaw e do sujeito criminoso a partir de planos que exibem seus olhos. Esse objetivo concentra-se sobre os preceitos foucaultianos, que organizam um regime discursivo baseado nos encadeamentos, justaposições, associações e II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 36 aglutinações, deslocando-os para o estudo da materialidade imagética fílmica. Investigamos o dispositivo fílmico sob a perspectiva de materialidades que se repetem nos seus sete exemplares, apontando regularidades discursivas que reforçam, basicamente, dois tipos de discursos: a) o discurso da soberania, da mesma forma como era regido pelos reis que tinham direito de vida e morte sobre seus súditos, como nos explica Foucault no final de sua História da Sexualidade I; e b) o suplício dos corpos como forma de punição e controle da população a partir do posição do soberano, sob a perspectiva foucaultiana em Vigiar e Punir. Os olhos, nesse estudo, constituem a materialidade repetível referente ao lugar discursivo do sujeito Jigsaw e do sujeito criminoso, em que um é marcado pela oposição com o outro e em que ambos relacionam-se ao jogo entre disciplina e transgressão. Nesse sentido, buscamos compreender um lugar para o sujeito contemporâneo e suas formas de controle no escopo cinematográfico à luz do discurso, mobilizando a imagem em sua existência histórica e o corpo como lugar de produção de conhecimento sobre nossa época. O DISCURSO FÍLMICO DE HORROR EM DUAS PRODUÇÕES FRANCESAS CONTEMPORÂNEAS: UM LUGAR PARA O “QUEM SOMOS NÓS?” DIANTE DO PODER-CORPO DO SARKOZISMO IMINENTE Alex P. de Araújo (UESB) Este trabalho faz parte do Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo (GRUDIOCORPO/ UESB), lugar onde tomamos os estudos foucaultianos como suporte para nossa prática analítica em nossos trabalhos. Aqui, a discussão que apresento resulta das reflexões realizadas em torno das questões relacionadas à biopolítica do corpo, sobretudo, daquelas ligadas à estatização II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 37 do biológico e do racismo do Estado, que aparecem nos trabalhos de Michel Foucault, e que, aqui, evocamos para analisar o corpo enquanto objeto discursivo analisável dessa biopolítica em duas produções francesas de horror de 2007, Frontière(s) e em À l’interieur – que exibem imagens dos tumultos de Outubro de 2005, acontecimento marcado pelos protestos contra a política de perseguição aos sans-papiers que vitimou três jovens de origem africana. É a partir daí que retomarei a discussão do “quem somos nós”, em Foucault, para refletir sobre o sujeito, a menoridade e a liberdade na estatização do corpo, um lugar da memória nacional em meio ao Sarkozismo iminente que ameaça os ideias de liberdade, fraternidade e igualdade da França, país berço dos Direitos Humanos. Assim, sob o prisma das escavações arqueológicas feitas por Foucault desde As palavras e as coisas (1966) e pelos trabalhos situados no campo das teorias da cinematografia, a exemplo dos realizados por Michel Chion em sua Audio-visão (1990), por Jacques Aumont em Estética do filme (2009) e n’A estética da montagem, trabalho realizado por Vincent Amiel (2010) que podemos ver nas duas produções, um discurso fílmico para focarmos no corpo e no filme enquanto suportes para a materialidade discursiva na análise aqui proposta. MÍDIA E LUGARES HISTÓRICOS DE CONSTITUIÇÃO DO CORPO Denise Gabriel Witzel ( UNICENTRO) Ancorado na arqueologia foucaultiana, mais precisamente nas formulações entorno dos conceitos de formação discursiva, prática discursiva, arquivo e memória, este trabalho analisa a constituição do corpo feminino na história da beleza, fabricado discursivamente. Percorre um itinerário descontínuo que conduz a um mundo dominado pelo belo e pelo desejável, em II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 38 cujo cerne vislumbra-se a irrupção do ser mulher atrelado à provocação e ao deleite estético. O intuito, em tal percurso, é dar relevo às formas e às imagens definidas historicamente em referência a modelos específicos amplamente valorizados e disseminados pela mídia publicitária. Assim, buscando as articulações entre a materialidade e a historicidade dos enunciados, em vez de sujeitos fundadores, continuidade, totalidade, as reflexões dão visibilidades aos efeitos discursivos de peças publicitárias que (re)atualizam a imagem de uma das mais famosas estrelas hollywoodianas, uma referência de sensualidade, beleza e popularidade: Marilyn Monroe. Se, como propõe Michel Foucault, é o dizer que fabrica as noções, os conceitos, os temas de um momento histórico, as análises deste estudo mostram que a relação entre o dizer e a produção de uma verdade sobre a beleza é um fato histórico, advindo da formação de saberes agenciados em certo momento e em certo lugar sobre o corpo feminino. Corpo delineado e definido em sua relação com as práticas de sujeições que regularam há muito as emergências de discursos sobre a feiúra e sobre a beleza. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 39 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3 Data: 03/12/2012 – 13h30 Sala: G 246 Coordenadores: Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) ESPAÇO DE CONFINAMENTO E PODER: O CORPO HOMOERÓTICO E SEUS MISTÉRIOS Veridiana Mazon Barbosa da Silva (UFG) Este artigo pretende propor uma desmistificação da representação do corpo homoerótico no começo do século vinte através de elementos do movimento literário decadentista, observando assim, como o escritor carioca e amante da rua João do Rio descreve o ser homoerótico, suas moléstias, monstruosidades e nevroses. Neste sentido, o trabalho tem como objetivo principal demonstrar através da análise do conto “O monstro” (1910), contido na coletânea Dentro da noite, como João do Rio denuncia a opressão e o preconceito da sociedade ocidental em relação à imagem de monstruosidade e doença que a figura do homossexual evoca. Para isso, será apresentado um breve panorama do homossexualismo na História, contextualizando assim, a escrita de João do Rio no que concerne a essa temática e as questões que envolvem o corpo homoerótico e as identidades sexuais como forma de compreender como este escritor se utiliza de seu ambiente de questionamento identitário para discutir além da experiência homoerótica, a marginalidade com que o corpo e a imagem do homossexual é associada. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 40 A PELE QUE HABITO: A RECONSTRUÇÃO DO CORPO Franciele Magalhães Crosara (IFG) Naira Rosana Dias da Silva (IFG) “Sou Vicente” é o enunciado que encerra o filme A pele que habito (La piel que habito, 2011), do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. Tal enunciado não precisaria ser utilizado para a apresentação pessoal da personagem Vicente (Jan Cornet) para sua mãe, se ele ainda apresentasse a aparência do corpo biológico com o qual nascera. Discute-se a reconstrução do corpo e da nova identidade imposta a Vicente que, transformado em Vera (Elena Anaya), é obrigado a habitar um corpo de aparência diferente do seu biológico e a vivenciar sua sexualidade como se realmente fosse uma mulher. Como Almodóvar representou a construção discursiva da personagem Vicente-Vera e sua relação corpórea do ponto de vista imagético? Sendo os sujeitos definidos cultural e historicamente pela aparência de seus corpos, podendo estes sofrer intervenções de acordo com as tecnologias que estejam em voga, são avaliadas questões de gênero e de identidade da personagem Vicente-Vera sob uma perspectiva foucaultiana, tendo como base a análise fílmica e a linguagem cinematográfica de La piel que habito. “TRAUMNOVELLE” E “EYES WIDE SHUT”: O SUBCONSCIENTE ENTRE A LITERATURA E O CINEMA Tassia Kleine (UFPR) Em seu livro Mito e Tragédia na Grécia Antiga, Vernant define e exemplifica o conceito de universo espiritual, admitindo-o como indissociável das práticas humanas. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 41 Segundo o autor, as produções científicas, artísticas e culturais não teriam o objetivo de meramente representar categorias de pensamentos, sistemas de valores e formas de sensibilidade pré-existentes: fariam parte do processo construtivo dessas modalidades, paulatinamente modificadas por leituras que se impõem sobre postulações prévias. O presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar de que forma o romance Traumnovelle, de Arthur Schnitzler, e a sua adaptação fílmica Eyes Wide Shut, dirigida por Stanley Kubrick, corporificam a substância onírica e relativa ao subconsciente não de modo a exclusivamente simulá-la, inserindo novas possibilidades sígnicas a uma matéria cristalizada, mas também de modo a ampliar as possibilidades significativas, ou seja, o próprio sistema que se representa. Procurou-se, aqui, analisar os procedimentos pelos quais temas caros à psicanálise são lançados ao processo mimético, focando-se principalmente nas abordagens possibilitadas pelas figurações do espaço ficcional no texto literário e no filme. O CORPO NA TELENOVELA: UM ESTUDO DO SUJEITO E DAS ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DAS IMAGENS DA VINHETA DE O ASTRO Victor Pereira Sousa (UESB) A telenovela constitui um suporte para a circulação de uma prática efetivamente humana: a contação de história. E, ao pensá-la, logo nos vem à mente a sua vinheta de abertura, que é configurada pela conjunção de imagens e som, evidenciando, a cada novo capítulo, elementos inerentes à temática da narrativa, ao mesmo tempo em que apresenta os créditos iniciais. Assim, a proposta deste estudo está pautada numa análise discursiva da vinheta de abertura da segunda versão de O Astro, exibida pela Rede Globo em 2011, pensando a sua relação com a II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 42 exterioridade, bem como com as memórias ativadas pela mesma. Acionamos o pensamento foucaultiano em sua Arqueologia do Saber e tomamos o discurso como uma constituição daquilo que é dado a ver num lugar específico e num momento determinado. Ainda em Foucault, sabemos que o discurso também é constituído por um conjunto de procedimentos de controle capaz de determinar que nem tudo pode ser dito, coagindo-nos a ser o que somos. Para compreendermos o audiovisual à luz da teoria do discurso, utilizamos as estratégias de produção das imagens da vinheta enquanto materialidades, pois analisamos os tipos de planos, enquadramento, ângulo, encadeamento, posições em que o personagem aparece na câmera, as cores e o som funcionando como enunciados, sendo produtos de sujeitos posicionados em lugares institucionais específicos, que se correlacionam e são determinados por regras sociais e históricas. Dessa feita, o conceito de corpo, enquanto lugar de produção de conhecimento, ganha relevância nessa discussão, uma vez que é a regularidade, da maneira em que algumas partes são mostradas, que abre vias para identificarmos a posição de sujeito que está constituída na vinheta, bem como a maneira pela qual nos marca enquanto sujeitos inscritos na história. DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA, CINEMA E TELEVISÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO Tamiris Batista Leite (UNESP/IBILCE) Tomando-se como pressuposto a existência de um diálogo criativo e crítico entre textos de natureza literária, de natureza cinematográfica e de natureza televisual, propomos uma reflexão sobre a adaptação enquanto “processo”, alçando provocar uma discussão que ultrapasse aquelas visões que se II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 43 pautam pela régua da fidelidade. Partindo dos estudos A literatura através do cinema (2008) de Robert STAM e Uma teoria da adaptação (2011) de Linda HUTCHEON, serão tecidas algumas considerações sobre alguns termos comumente empregados nos estudos de adaptação como “leitura”, “transposição” e “texto de segundo grau”. Para o estudo das características inerentes a linguagem televisual e ao “processo” de adaptação neste suporte, mobilizaremos as reflexões de BRADY (1994) e CARDWELL (2003; 2005; 2007). Nesse percurso trabalharemos com o romance Grande sertão: veredas e suas leituras em dois suportes textuais distintos: o cinematográfico e o televisual. No “texto adaptado” temos um narrador que, no “presente-presente” da diégese, relata o curso épico de suas aventuras resgatadas de um “presente-passado”. Aquele tempo, formado por camadas da memória advindas de um “tempo vivo” passado que é recobrado pelo personagem, traz para o texto uma intensidade porque atualiza o passado da mesma forma que o faz a nossa consciência. No processo de adaptação atentaremos para o modo como dialogam entre si a linguagem cinematográfica e televisual na releitura que fazem desse construto narrativo literário. LEITORES MACHADIANOS NA REDE DIGITAL: NOVAS FORMAS DE SE LER O CÂNOME NACIONAL Marina Leite Gonçalves (UNIMONTES) Pierre Lévy (1999) afirma que, “as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do problema da educação e da formação.” A literatura não fica de fora dessas transformações, ela se constrói em novos espaços de conhecimentos. Na sociedade globalizada, atravessada por estímulos audiovisuais, a leitura das obras literárias ganha II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 44 novos contornos. Nessa perspectiva, das incessantes possibilidades de cruzarmos as trilhas do nosso bosque com as trilhas de outros processos de leitura, que se disseminam pela rede da tecnologia digital, é que se resolveu visitar o site de vídeos www.youtube.com em busca de adaptações de obras da literatura clássica nacional. A intenção maior desse estudo reside na tentativa de verificar como obras do cânone literário brasileiro estão sendo recepcionadas no universo criado pelas recentes tecnologias computacionais que invadem a realidade cultural do país. A pesquisa optou por vídeos amadores da literatura de Machado de Assis e resultou em uma rede hipertextual em diálogo com a ficção do escritor carioca do século XIX. Escolheu-se para análise o vídeo amador “Dom Casmurro: Uma Visão Atual”. A produção do vídeo nasceu da paixão de jovens estudantes, entre dezessete e dezoito anos, pelo audiovisual e do incentivo da professora de literatura, que propiciou o contato desses alunos com os textos do escritor Machado de Assis, permitindo que os mesmos fizessem suas próprias leituras. A leitura despretensiosa desses jovens que nunca tiveram contato com um curso regular sobre técnicas cinematográficas e que produziram seu texto sem equipamento profissional, instiga uma reflexão sobre a gama de saberes (pragmáticos, técnicos, comunitários) que circulam e dão existência ao cotidiano da sociedade contemporânea. A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NA FICÇÃO DE FERNANDA YANG Marta Maria Bastos (UFG) Este trabalho objetiva refletir a respeito de questões da representação feminina, tendo como foco principal o corpo refletido. Para tanto, será apresentado o conto Janela, do II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 45 escritor goiano Miguel Jorge, extraído do livro Urubanda (1985). No conto Janela, o escritor apresenta a figura feminina ao final da era moderna, encerrada no espaço doméstico, totalmente submissa ao marido. Uma mulher mergulhada em solidão, dentro da subjetividade de sua imensidão íntima, sem direito a liberdade e a qualquer vaidade, apenas objeto de prazer. Opondo-se a essa mulher, aprisionada ao marido e ao espaço doméstico, a escritora carioca Fernanda Young apresenta em seu romance A Sombra das Vossas Asas (1997) uma imagem feminina da contemporaneidade, considerada a partir de certos postulados sobre a estética corporal, perpassados pelos procedimentos estéticos impostos, de forma ditatória, pela sociedade que cultua o corpo. Essa cultura faz surgir, na mulher atual, o constante desejo pela busca de uma imagem perfeita, que é disseminada pelos padrões de beleza da atualidade, no intuito de fazê-la parecer mais jovem, bela e sexualmente mais atraente. A mulher contemporânea do romance A Sombra das Vossas Asas (1997), também se encontra encerrada em seu espaço doméstico, mergulhada em solidão, e insatisfeita com sua imagem refletida. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 46 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4 Data: 03/12/2012 – 13h30 Sala: G 223 Coordenadores: Prof. Dr. Fábio Figueiredo Camargo (UFU) Prof. Dr. João Carlos Biella (UFU) LUA CAMBARÁ: CORPOREIDADE, MITO E TRAGÉDIA NOS SERTÕES, DE RONALDO CORREIA DE BRITO Gustavo Henrique Ferreira (UFU) Norteando a presente investigação através da paralaxe do real, com o amparo dos estudos interartes e ainda sob os auspícios de Friedrich Nietzsche – sobretudo com as suas teses do eterno retorno, ou seja, mediante as suas perspectivas da tragédia (ou do trágico) – o estudo parte da seguinte reflexão: em quais dimensões (ou condições) se consolida(m) o(s) corpo(s) de Lua Cambará? Destacando que este mito sertanejo, nativo da região de Inhamuns (e que traz consigo uma série de vestígios, de traços e de tramas universais) será abordado, principalmente, a partir dos relatos assentados (e inspirados) na obra de Ronaldo Correia de Brito. Mediando com esta narrativa a partir do texto elaborado, em forma de conto, por parte do autor citado; bem como nas formas de cinema de ficção, tanto por meio de Lua Cambará (1977) narrativa assinada por Ronaldo Correia de Brito (roteiro e direção), Assis Lima (roteiro) e Horácio Carelli (direção); quanto pelo filme realizado por Rozemberg Cariry, a saber, Lua Cambará – Nas escadarias do palácio (2001). Entretanto, ainda tendo em vista as adaptações (do referido mito II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 47 sertanejo) para espetáculos de dança, também inspirados pelo conto e pelo filme de Ronaldo Correia de Brito, por ocasião, abordaremos essa linguagem, qual seja, a dança, tanto a partir das reminiscências de algumas montagens realizadas pela Produtora Sopro-de-Zéfiro, com coreografia de Zdenek Hampel; quanto da videoarte, realizada por Marcelo Pinheiro e Lírio Ferreira, e que foi filmada como uma espécie de ópera balé sertaneja. Logo, diante de tudo isso, se pretende pensar o corpo (como suporte tanto de amor ou de afeto quanto de ódio ou de maldições) mediante as situações de violência e de desejo, de beleza e de intempéries, de fertilidade e de seca; do físico ao suprassensível. A EFICÁCIA ESTÉTICA NA CRIAÇÃO DE DESMUNDO DE ANA MIRANDA Solange Zorzo (UNB) Este trabalho é o resultado das discussões efetuadas na disciplina Crítica Literária ministrada pela professora Ana Laura dos Reis a partir de estudos dos textos do professor Hermenegildo Bastos e do teórico húngaro György Lukács. Como ponto de partida deste trabalho, levantamos o seguinte questionamento: como se produz a eficácia estética na obra de Ana Miranda “Desmundo”? Discutimos neste texto como que aparece o fato e o modo de eficácia de sua validez estética em alguns elementos essenciais que determinam decisivamente as relações do homem com seu mundo circundante e do homem com a criação literária. A arte é a linguagem trabalhada pelo poeta. O escritor trabalha com as palavras e media a imediatez pela arte, captando a vida no seu movimento em uma relação sujeito-objeto. É através dessa mediação subjetiva que a obra vai atingir o homem inteiramente através da catarse. É nesse momento que ocorre a eficácia estética. Há, em Desmundo, o II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 48 realismo latente. O realismo no fato da obra dar a ver o seu funcionamento da sociedade brasileira, não só do tempo da colonização nem do tempo que vive Ana Miranda, mas do tempo brasileiro, do modo de ser brasileiro, da forma da sociedade brasileira. Isso, segundo Bastos (2006, p. 96) é a captação da sociedade em movimento. O que Lukács designa de “reflexo estético”. A eficácia estética na criação da obra Desmundo que ocorre por seus vários elementos que constituem a totalidade da obra. A começar pela dialética presente no título: um mundo chamado Brasil e que representa a negação de um mundo. Em seguida, pelo diálogo de toda a obra com o excerto da carta do padre Manoel da Nóbrega à Dom João. Em completude, há os vários discursos e as ações das personagens no interior da obra – mimetizando o Brasil do século XVI. REPRESENTAÇÕES DO CORPO NO ROMANCE “INOCÊNCIA”, DE VISCONDE DE TAUNAY Edinília Nascimento Cruz (UNIMONTES) Este trabalho propõe realizar uma leitura reflexiva em torno do corpo da personagem central do romance Inocência de (1872). Nesse romance a protagonista vive em um espaço de coerção. O corpo é apresentado de forma submissa, fragilizado, doente e reprimido, aprisionado dentro do quarto e do sistema de rigidez patriarcal. As relações simbólicas, sociais e culturais materializam os discursos que inscrevem e questionam a condição de dominação e afeto a que a personagem está vinculada. Faremos análise da produção do corpo nesse romance a partir dos conceitos que evidenciam o espaço marginalizador destinado à mulher na sociedade rural do Brasil oitocentista. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 49 INSCRIÇÕES CORPORAIS: CICATRIZES COMO MEMÓRIAS EM RUBEM FONSECA E ADRIANA LISBOA Carlos Henrique Bento (IFMG) Este trabalho propõe uma leitura das marcas corporais presentes e duas narrativas da literatura brasileira: o conto Dia dos Namorados, de Rubem Fonseca, e o romance Sinfonia em Branco, de Adriana Lisboa. No primeiro, encontra-se Viveca, uma travesti que se prostitui e que corta o próprio corpo com uma navalha com o objetivo de chocar e assustar os clientes, a fim de conseguir mais dinheiro. No segundo, a personagem Clarice exibe cicatrizes nos pulsos, resultantes de tentativas de suicídio. Nos dois casos, trata-se de indivíduos que exibem essas marcas como testemunhas de suas histórias trágicas. Viveca é travesti, exibindo um corpo que em si já funciona como arquivo de experiências liminares em relação à própria subjetividade. Um corpo que é modificado para atingir um padrão estético que se relaciona com uma identidade específica e marginal. Menor de idade, tem que se prostituir. Nos encontros com os clientes, ela os rouba, e termina por cortar o próprio corpo, criando um ambiente dramático exacerbado. O conto narra a existência de várias cicatrizes em seu corpo, que podem ser pensados como uma forma de registro dessas experiências radicais. Clarice foi vítima de violência sexual, estuprada pelo pai na infância. Isso cria um trauma que condiciona as várias experiências que vive, especialmente as tentativas de envolvimento amoroso. Ela tenta suicídio, que não se completa. Segue a vida, exibindo as marcas altas, como pulseiras coladas em seu corpo. A proposta deste trabalho é analisar a presença dessas cicatrizes como arquivos que se relacionam com essas experiências viscerais, de pessoas que vivem em um limite perigoso e desconfortável da constituição subjetiva de suas identidades. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 50 A IMAGEM DO CORPO NA POESIA DE HERBERTO HELDER: UMA DISSOLUÇÃO DE SENTIDOS Dulcirley de Jesus (UFMG) Dentre os diversos nós temáticos que emergem da poesia de Herberto Helder, o corpo destaca-se como tema por ser um elemento orgânico que, associado a múltiplas imagens, se movimenta em um devir que coopera para a complexificação da obra desse autor; tanto no que se refere às significações que esta alcança, quanto no que se refere à estrutura. O processo de construção dessa imagem, dentre as várias perspectivas de abordagem, pode ser analisado com base em noções que dialogam com a pintura, com a imagem cinematográfica, entre outras formas de expressões artísticas, como é o caso do conceito de intervalo. Em um artigo intitulado “Herberto Helder e Jean-Luc Godard: Sobre a Visibilidade e a Legibilidade das Imagens”, (2011), Novas Miranda afirma que Helder privilegia “particularmente o intervalo como interrupção e disrupção, como meio de desvio e de impossibilidade da forma.” (p.146), (2011). Desse modo, a inapreensão de significados na poesia desse autor seria justificada pelo intervalo entre duas ou mais imagens que, quando relacionadas, provocam uma perturbação de sentidos: “(...) Entram [crianças] / pelos séculos / entre cardumes frios, como o corpo espetado nas luzes / e o olhar infinito de quem não possui alma.” (p.67). Nesses versos de Ou o poema contínuo, (2004), por exemplo, é notório como a associação de imagens se dá em um ritmo cinematográfico, bem como a relação entre “crianças”, “cardumes frios”, “corpo”, “luzes” se dá como montagem. Desse espaço, que é o intervalo entre imagens, emana o fluxo de significações que caracteriza a poesia helderiana. Nesse sentido, este artigo visa à análise de como o processo de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 51 montagem da imagem do corpo com outras imagens da poesia de Helder culmina em uma dissolução de sentidos, ligando-se à noção poesia, de casa e de mundo. PROCESSOS DE DESSEMANTIZAÇÃO E (RE)SSEMANTIZAÇÃO GESTUAL NA POÉTICA DE ALFRED CORTOT Marina Maluli César (USP) O objetivo deste trabalho é relacionar algumas das considerações feitas por Greimas no texto Condições para uma semiótica do mundo natural (1975, p. 46), referentes ao tema da gestualidade, à análise dos “exercícios preliminares” escritos por Alfred Cortot e publicados nas Éditions de Travail do Estudo op. 25 n. 6 de Frédéric Chopin. Segundo Greimas, o termo sentido não designa apenas aquilo que as palavras, aqui no caso as notas, frases e gestos querem nos dizer, mas ele também pode significar uma direção, uma finalidade e uma intencionalidade. Assim, tomando como ponto de partida o papel ocupado pela presença da intencionalidade nos processos de dessemantização e (re)ssemantização gestual de um texto musical assim como o caráter tensivo de tais operações semânticas, proporemos neste trabalho que alguns aspectos daquilo que denominamos por interpretação de uma obra musical possa ser encontrado justamente neste modo de “dosar” a passagem entre o foco, de caráter intenso, e a apreensão, de caráter extenso. Esta passagem é feita de modo diferente por diferentes intérpretes de acordo com o trecho da peça que escolhemos para análise. Em outras palavras, ao seguir as indicações feitas na partitura pelo compositor através de expressões como leggiero, cantabile, dolce etc o instrumentista modifica também o modo de execução dos gestos presentes em II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 52 tais trechos, conferindo a estes uma interpretação particular. Finalmente realizaremos a análise de alguns dos exercícios propostos por Cortot, retomando assim alguns pontos desenvolvidos ao longo do trabalho. POÉTICAS HIPERTEXTUAIS: REDES DE SENTIDO DA TRADIÇÃO E DA MEMÓRIA EM A ROSA DO POVO E A HORA VAGABUNDA Vanessa Leite Barreto (UNIMONTES) Este trabalho postula apresentar um estudo das poéticas hipertextuais que se travam em A Rosa do Povo, de C.D.A., e o curta-metragem A hora vagabunda, de Rafael Conde, observando que as relações hipertextuais favorecem a preservação da memória e da tradição em leitores contemporâneos. Como suporte teórico, estudamos conceitos básicos para a compreensão dos signos hipertexto, tradição, memória, mídia. O estudo foi ancorado com apontamentos e comprovações das hipóteses de que as aproximações entre múltiplas artes e diferentes mídias têm gerado muitas pesquisas que se imbricam em torno do formato de novos textos literários, bem como dos processos de recepção de um novo tecido. Verificamos que as novas possibilidades de ampliação e renovação da literatura por meio de releituras, em especial, por meio do cinema, possibilitam maior autonomia e liberdade na construção do ground, da interpretação, para o leitor. Refletimos aqui como tais estratégias geram amplas redes de sentido e favorecem verdadeiros arquivos da memória cultural II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 53 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 5 Data: 04/12/2012 – 13h30 Sala: G 235 Coordenadores: Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU) Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU) DOS PECADOS DA CARNE: FÉ E SEXUALIDADE NOS USOS DO CORPO E NA ORDEM DO DISCURSO Maíra Fernandes Martins Nunes (UFCG) Segundo Michel Foucault, a sexualidade não é um dado da natureza, mas um dispositivo. Sendo assim, é uma construção histórica, emaranhada numa rede de práticas e discursos, que a elaboram, modificam, normatizam, tecendo vontades de verdade. Na heterogeneidade dessa rede, são múltiplas as práticas que intervêm, passando por ingerências de ordem religiosa e médica. Dessa maneira, esta pesquisa busca compreender a sexualidade como uma construção discursiva que incide sobre os usos do corpo, os modos de subjetivação e a construção de identidades no limite das práticas e discursos que compõem o dispositivo da sexualidade no mundo contemporâneo. Assim, é nosso propósito analisar a complexidade desse dispositivo a partir da constituição histórica de movimentos que reivindicam os direitos de minorias sexuais a partir do discurso da “diversidade sexual”. De que maneira pleiteia uma legitimidade na ordem sexual, insurgindo-se contra uma norma de comportamento heterossexual? E, sobretudo, de que forma esse discurso se amplia, circula e ganha visibilidade nas mídias, atuando na constituição das identidades homossexuais? Observamos que a condição de emergência desse discurso e sua luta política em II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 54 torno do reconhecimento jurídico dessas práticas e da conquista de direitos esbarra na ordem do discurso religioso. No Brasil, encontramos uma arena de embates discursivos, por exemplo, entre o Movimento LGBT e a bancada evangélica. Foucault nos demonstra, na História da Sexualidade, que a religião exerceu um domínio quase absoluto sobre a sexualidade até meados do século XVIII, quando campos de saber como a medicina e o direito passam a produzir novos discursos. Verificamos, contemporaneamente, a força do discurso religioso no controle da sexualidade dos seus fieis, entretanto, evidentemente, em outra configuração histórica. Portanto, objetivamos analisar a inserção do discurso religioso nos embates travados nesse cenário, buscando compreender como se fabulam, através dessas narrativas midiáticas, os jogos de poder e os modos de subjetivação que operam ora na denegação, ora na afirmação da construção das identidades homossexuais. O DISCURSO FÍLMICO E AS POSIÇÕES DISCURSIVAS DA MULHER EM ENTREVISTA COM VAMPIRO Jamille da Silva Santos(UESB) O presente trabalho vem sendo desenvolvido dentro do quadro de estudos do LABEDISCO-Laboratório de Estudo do Discurso e do Corpo, no interior do projeto de pesquisa “Materialidades do corpo e do horror”, com o objetivo de compreender as posições discursivas ocupadas pela figura da noiva no discurso fílmico. Para tanto, tomaremos como corpus a figura da mulher no filme “Entrevista com Vampiro” (1994) escrito por Neil Jorden. Como referencial teórico, consideraremos os pressupostos de Michel Foucault, da maneira como o compreendemos na Análise do Discurso praticada no Brasil, e os postulados de Lovecraft segundo os II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 55 quais a noiva morta é um dos dispositivos causadores de horror. Neste sentido, pensaremos a noiva morta como uma transgressão da moral e, assim, como um elemento do sobrenatural pertencente ao domínio do interdito. Investigaremos tais posições discursivas por meio da descrição e análise do encadeamento dos planos no interior da narrativa fílmica indicada. Para tanto, refletiremos também sobre a construção da figura da mulher no âmbito histórico-social a partir da perspectiva de Michelle Perrot. Assim, apontaremos os entrelaçamentos entre corpo, cinema de horror e discurso para evidenciar posições da mulher como sujeito nos dias de hoje. MICHEL FOUCAULT, O PODER E O CORPO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA ATUALIDADE Karina Luiza de Freitas Assunção (UFU) Na atualidade observamos que o corpo é constantemente vigiado. Isso ocorre tanto em espaços públicos ou privados. Essa vigilância é constituída por intermédio de relações de poder que sempre esteve presente em todos os períodos históricos, entretanto, geralmente nem sempre damos a devida atenção para essa problemática. Com o objetivo de discutir quem somos nós, o estudioso Michel Foucault desenvolveu um trabalho profícuo sobre como as relações de poder corroboram para a nossa constituição. Segundo Foucault (2005), o poder é exercido em rede, na medida em os sujeitos se subordinam ao poder, mas também o exercem. Ele transita entre esses sujeitos e sofre a todo instante movência e deslocamento. Foucault (2007) afirma que o poder não é encontrado em uma posição ou pessoa, ele se espraia por toda a sociedade através de microrrelações e de pequenos detalhes aos quais muitas vezes não damos a devida importância. Fundamentados nas II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 56 considerações foucaultianas, na presente apresentação, procuraremos discutir como se articula a constituição das relações de poder e como tais relações corroboram para a constituição das subjetividades e consequentemente para a construção de corpos dóceis que são vigiados e analisados constantemente. Em nossa análise, tomamos emprestados alguns fragmentos das obras 1984 (1974) e A caverna (2000), que trazem à tona algumas situações de vigilância, controle dos corpos que boa parte dos sujeitos, em algum momento, já vivenciou. Concluímos que muitos dos dispositivos de poder adotados na proteção e vigilância dos corpos, ou mesmo em momentos de descontração, já foram e são usados em outras situações com sentidos díspares aos encontrados nas primeiras. A CONSTRUÇÃO DO CORPO NO DISCURSO DA PASTORAL DA JUVENTUDE: EXPRESSÃO DE FÉ, PODER E GOVERNAMENTO Edilair José dos Santos (UFG) Para a Igreja Católica (IC) o corpo é um invólucro da fé, pois através dele expressa-se os sentimentos movidos pela fé. De acordo com o catecismo da Igreja o corpo (matéria) é humano e vivo graças à alma espiritual. Logo, a autoflagelação é uma forma de purificação da alma. Através da dor redime-se dos pecados. Segundo Foucault (1996), através do poder disciplinar produz-se exercício sobre o corpo. Para Foucault (1997), as relações de poder incidem, de forma direta, sobre o corpo e o sujeito. Nesse sentido, propomos analisar a construção de discursos sobre o corpo e o sujeito a partir das ações da Pastoral da Juventude (PJ) da IC, pois, de acordo com os postulados dessa instituição religiosa, o corpo demonstra o que somos, sonhamos, desejamos ou recusamos. Ao inserir-se na PJ o II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 57 jovem passa por um processo de subjetivação, pois é levado a se constituir como um sujeito formado pelos princípios da Pastoral, podendo, inclusive, assumir a condição de líder, posicionando-se como um porta-voz do discurso da PJ. Dessa forma, a Pastoral visa dar respostas para o jovem, transformando o seu jeito de olhar e de ser visto pelo mundo, subjetivando-o. Para Judith Revel (2005), a subjetivação é o processo pelo qual se obtém a constituição de um sujeito, assim, a PJ é lugar (locus) de constituição de sujeitos. Segundo Foucault (1997) a utilidade do corpo, como força produtiva, só se efetiva, mediante práticas de sujeição do indivíduo a um dispositivo disciplinador, ao qual se filia. Nesse sentido, este trabalho se propõe a refletir sobre as relações de governo do corpo e as práticas de subjetivação da juventude da PJ. Para isso analisaremos as abordagens da PJ do/sobre o corpo. CONTRA-EFEITO DISCURSIVO NO CORPO: UM CUIDADO DE SI CONTEMPORÂNEO DE CORPOS RESISTENTES? Nirce Aparecida Ferreira Silvério (UFU) Os estudos foucaultianos apontam para as relações entre corpo, sujeito e poder; o corpo é valorizado como objeto de saber e como elemento nas relações de poder, sendo entendido, então, como “corpo que produz e consome” (FOUCAULT, 1988, p. 101). Corpo e sujeito são frutos de produções históricas, submetem-se ao cuidado de si, que se engendra em cada sociedade, e por relações intrínsecas, no discurso. O sujeito é produzido, historicamente, por coerções de poder, contudo, desfruta, a todo momento, da possibilidade de liberdade, para se constituir neste mesmo poder, mas em suas brechas, compondo assim exercícios de poder resistentes. A partir destas prerrogativas e dos estudos de análise do discurso, nos II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 58 propomos a analisar uma discursividade literária advinda da obra de Manoel de Barros, em que há constituição do corpo árvore, do corpo sujo, o que suscita uma possibilidade de relação com corpos que circulam e são produzidos na mídia. Caso esta relação se apresente como viável, em nosso estudo, podemos sugerir que esta discursividade é mostra de um contra-efeito de poder, um poder resistente. Podemos pensar assim, pois a caracterização do corpo como árvore e como corpo sujo, o insere numa reestruração de uma memória discursiva do corpo exposto ao desapego material, que parece ser memória histórica em interdiscurso com o campo literário. Há ainda nesta discursividade a relação entre imagens que funcionam como ilustração dos livros, produz-se, então, um sujeito/corpo que instiga a visão, a audição e o olfato materializados no discurso. Pensando as relações entre corpo, sujeito e poder, os analisamos nesta discursividade literária e questionamos: são desencadeadores de um cuidado de si? Trata-se de um cuidado de si contemporâneo? SUJEITO DE DIREITO: O CORPO DA NORMA Fábio Ramos Barbosa Filho (UNICAMP) Neste trabalho, parto de uma premissa fundamental: a formasujeito da sociedade capitalista é a forma-sujeito de direito. Já no séc. XIX, Engels e Kautsky, no célebre “Socialismo jurídico”, apontam que a mudança fundamental operada pela revolução burguesa é a transformação de uma concepção religiosa para uma concepção jurídica do mundo. Dando consequência a essa reflexão no interior do marxismo, os filósofos Bernard Edelman e Louis Althusser buscaram aproximar o funcionamento do aparelho jurídico ao funcionamento contraditório da formação social burguesa, situando o direito como uma estrutura derivada das relações II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 59 sociais de produção e, sobretudo, relacionando-o à complexa conjuntura de produção e circulação das mercadorias. Gostaria, a partir desses marcos teóricos, de discutir uma questão pontual: pensar a categoria (jurídica) de sujeito de direito enquanto espaço de funcionamento do aparelho jurídico, compreendendo a categoria de sujeito de direito como a materialidade da ideologia jurídica (ou jurídicomoral). Tomo como corpus alguns recortes do que chamo de “práticas de resistência na cidade”, ou seja, práticas ilícitas, não normatizadas ou em processo de normatização, buscando compreender o funcionamento contraditório entre o sujeito determinado pela injunção do aparelho jurídico e o real da cidade. CORPO E DITADURA EM CIÊNCIAS MORALES: CONSTRUÇÕES E MICROPOLÍTICAS QUE SOBREVIVEM Inês Skrepetz (UFSC) Em Ciencias morales (2006), romance do autor argentino Martín Kohan que foi transcriado no filme La mirada invisible pelo cineasta Diego Lerman (2010), é possível perceber a agudeza do discurso literário sobre as políticas do corpo, tendo a crise da ditadura argentina como um dos focos da abordagem narrativa. Podemos dizer que a ficção de Kohan “desconstrói” o estado mórbido do período ditatorial, que culmina com a Guerra das Malvinas (1982), bem como deixa transparecer as marcas, visíveis e invisíveis, do regime autoritário, sua inscrição na memória e nos corpos. Nessa perspectiva, a concepção foucaultiana de biopoder, que é desdobrada na reflexão do pensador argentino Raul Garcia (2000), em sua obra Micropolíticas del cuerpo. De la conquista de América a la última dictadura militar, torna-se II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 60 pertinente para que possamos abordar as relações entre corpo e poder. O resgate da memória na obra de Kohan não permanece somente na escala dos acontecimentos da última ditadura argentina, por ser trabalhada de maneira crítica, ela também resgata a memória corporal. O período ditatorial e as políticas do corpo são pensados enquanto confluências e disseminações de uma longa trajetória de colonização, exploração, opressão (isso é normatização e/ou domesticação, como diria Sloterdijk). Em outras palavras, a política corporal difundida durante a ditadura militar argentina foi o ápice de micropolíticas que já estavam penetradas nos subterrâneos das relações de poder do país, da própria história e desenvolvimento da América Latina. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 61 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 6 Data: 04/12/2012 – 13h30 Sala: G 231 Coordenadores: Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU) Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) FOTOGRAFIA, APARELHO FOTOGRÁFICO E OLHAR CONTEMPORÂNEO: A OPACIDADE DA DESAPARIÇÃO Talita Mendes(UNICAMP) Objetiva-se discutir as relações entre o olhar/modos de ver e a produção imagética contemporânea, a tecnologia e seu impacto sobre a memória, através de uma perspectiva que considera a imagem, o ato e o aparelho fotográficos (Dubois, Flusser, Schaeffer). Como ponto de desdobramento está a produção da artista Rosângela Rennó. Interessa-nos o modo de produção de sentidos de algumas de suas obras a partir da inscrição em espaços discursivos específicos — tais como o espaço expositivo da instituição de arte —, o recurso da artista ao verbal e ao não-verbal, bem como ao desaparecimento da imagem na fotografia e da própria fotografia enquanto objeto materializado. Tais direcionamentos evocam questões acerca de um impulso obssessivo, melancólico e alegórico na interação entre o olhar e o fotográfico na contemporaneidade — marcada por uma percepção acelerada do tempo-espaço. Enquanto fragmento ou cena, a fotografia está fadada a ser registro do que desapareceu, nasce como ruína e demanda olhar melancólico para o passado, porque a escavação arqueológica deste exige movimento dialético: aproximação que já é II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 62 distanciamento. Se uma fotografia exige do sujeito o gesto compulsivo de gerar outras tantas na busca pela totalidade do evento, tem-se o ato fotográfico acrítico (?), apenas despertado pelo incessante desejo de registrar tudo o que está prestes a desaparecer e pela vontade de um estado de constante vigília? O fenômeno original/autêntico é o que falha nesta busca e emerge como sintoma que a condiciona, dando abertura para reflexões acerca das noções de arquivo: virtual e aquele entendido em sua positividade/exterioridade (Derrida, Foucault). Considera-se, também, o verbal e o não-verbal atravessados pelo silêncio, aqui tratado como a própria condição do significar. A VELHICE EM “AS BICICLETAS DE BELLEVILLE”: ESTERIOTIPIA E PREGNÂNCIA DE SENTIDOS Flávia Motta de Paula Galvão (UFU) Cármen Agustini (UFU) Este trabalho faz parte de uma pesquisa que está sendo desenvolvida com o objetivo de problematizar e analisar a representação de idoso em dois longas-metragens indicados ao Oscar, a saber: As Bicicletas de Belleville (2003) e Up Altas Aventuras (2009). Vale ressaltar, ainda, que essa pesquisa está vinculada à nossa participação no Grupo de Pesquisa e Estudos em Linguagem e Subjetividade (GELS), alocado no Instituto de Letras e Linguística, da Universidade Federal de Uberlândia (ILEEL/UFU). Nessa pesquisa, propomo-nos a realizar uma análise discursiva que permita compreender e explicitar as relações de sentidos predominantes na constituição das representações de idoso nos longas-metragens, o que configura, para nosso trabalho, a produção de uma análise sobre uma questão social específica calcada no estudo da linguagem. Para esta apresentação, centramo-nos na análise do filme As II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 63 Bicicletas de Belleville, a partir de pressupostos teóricos da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, mais especificamente, nos estudos de Michel Pêcheux (1969; 1975; 1983). A Análise de Discurso possibilita ao pesquisador, na condução da pesquisa nesse campo teórico e metodológico, construir uma visão articulada do objeto investigado e sua relação com os aspectos socioculturais, políticos e econômicos. Nesse sentido, buscamos analisar de que modo a velhice é significada no filme e os efeitos de sentido que dela podem circular socialmente, na produção de efeitos-leitores. Parecenos que, no filme As bicicletas de Belleville, a velhice é significada de modo a produzir certo movimento na representação de idoso, alçando-a ao inusitado, ao cômico. Esse parece ser o aspecto que permite ao idoso ocupar o lugar de personagem protagonista e heroína no referido filme. O alçamento ao cômico funciona porque subjaz a ele um estereótipo de idoso cujo aspecto marcante é a fragilidade e a debilidade de sua potencialidade física, o que pode promover o riso. O idoso também é, em certo sentido, o índice de uma crítica direcionada ao valor que, aparentemente, os norteamericanos teriam da velhice. AS METAMORFOSES DO DIABO EM “HOJE É DIA DE MARIA” Maria Aparecida Conti (UFU) A partir da questão da dualidade, que povoou o pensamento racionalista desde as concepções filosóficas gregas, nos embrenhamos nesse estudo para questionarmos o retorno, em termos discursivos, do diabo (como representante do mal) e da criança (como representante do bem) na minissérie Hoje é dia de Maria. A partir do entendimento da questão apontada, tentamos argumentar as implicações desse pensamento no II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 64 âmbito da criação de mitos sobre o diabo presentes na cultura brasileira; a desconstrução desses mitos socioculturais e a consequente reconstrução teórica desse quadro (diabo) a partir dos procedimentos de análise dos discursos presentes na minissérie. Nessa apresentação atentamo-nos para as diversas representações discursivo-imagéticas dos diabos representados na minissérie com o intuito de analisar discursivamente alguns aspectos das imagens.Pretendemos discutir como a representação sobre o diabo ganha, no objeto em questão, uma textualização. Focados nessa questão, partimos em busca do entendimento de como verdades sobre o diabo foram construídas, em nossa sociedade ao longo dos anos e por que, na minissérie, essas representaçõe parecem serem desconstruídas. Utilizamos como base de nossos estudos os pressupostos teóricos da Análise do Discurso francesa (doravante AD) para o desenvolvimento das análises. ENTRE CORES, CORPOS E DISCURSO: UMA ANÁLISE IMAGÉTICA DO HOMOSSEXUAL NA REVISTA VEJA Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU) Isley Borges Silva Júnior (UFU) Este trabalho corresponde a um recorte da pesquisa UMA ANÁLISE DISCURSIVA CRÍTICA DA REPRESENTAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO HOMOSSEXUAL NA REVISTA VEJA, financiada pela FAPEMIG, subsumida ao projeto Gêneros, discursos e identidades na mídia brasileira, coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni, e vinculada ao Grupo de Pesquisas e Estudos em Análise de Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional do ILEEL/UFU. Nosso objetivo é investigar como o homossexual é representado e identificado discursivamente e como ele se II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 65 representa e se identifica em três edições da revista Veja: 1636, 1838 e 2164, dos anos 2000, 2003 e 2010, respectivamente. Para isso, nosso aporte teórico são os construtos da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) e alguns estudos sobre identidade de gênero e homossexualidade (LACAN, 1999; FREUD, 1972; FOUCAULT, 1990; BUTLER, 2003). Neste recorte, focalizamos a análise imagética das três reportagens. Nas reportagens, a revista procura materializar um processo de transformação e, nesse sentido, destaca, na foto principal da primeira reportagem, um homossexual alegre, rodeado por sua família, evidenciando a importância para o homossexual da revelação de sua orientação sexual para a família. Na segunda, o foco recai na força da comunidade homossexual. As imagens retratam as várias paradas do orgulho gay que aconteceram pelo mundo. Além disso, apresentam os casais homossexuais em seu cotidiano, lendo revistas, no supermercado, nas aulas de dança, com filhos no colo ou fazendo compras no shopping. Na terceira, as imagens contribuem para afirmar que as pessoas estão assumindo, cada vez mais cedo, sua orientação homossexual, rompendo preconceitos e lidando com naturalidade com o “diferente”. ANÁLISE SEMIÓTICA E DISCURSIVA DAS CAMISAS DE FORMATURA DO ENSINO MÉDIO Denise Giarola Maia (UFSJ) O vestuário pode ser descrito como um modo semiótico, pois a maneira como usamos as vestimentas produz significados que são estabelecidos, partilhados e reconhecidos pelos membros de uma comunidade. Além disso, seu uso é influenciado pelo sistema da moda que enquanto discurso constitui certas identidades e representações. É possível ainda estabelecer uma relação entre a instância da moda e o corpo, já que este é II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 66 constantemente transformado, devido ao desejo das pessoas em consumir os produtos exibidos nas vitrines e publicidades. (cf. SANTAELLA, 2004) Recentemente, o vestuário também vem sendo apresentado como um suporte que abriga gêneros textuais, como é o caso da camiseta. Assim, o presente trabalho é uma síntese de um capítulo da dissertação “A constituição das representações sobre o último ano do ensino médio no texto multimodal de camisas de formatura”, que teve como objeto de estudo algumas camisas confeccionadas por turmas de algumas instituições escolares do estado de Minas Gerais, e cujo objetivo foi discutir os estudos acerca do vestuário e analisar como os alunos se identificam e são identificados através da camiseta e dos elementos verbais e visuais que nela são estampados. Para isso, utilizamos como referencial teórico trabalhos, tais como, Barthes (2005), Fairclough (2005), Kress e van Leeuwen (2006), van Leeuwen (2006), Marcuschi (2003), os quais nos permitiram considerar que essas camisas de formatura acabam por criar um traço de identificação de um grupo. Por meio delas, os alunos se identificam e são identificados como os formandos do terceiro ano de uma dada instituição escolar, como a turma vitoriosa, já que estão concluindo a Educação Básica, e como o “time” mais bem preparado para enfrentar o processo seletivo do vestibular. BODY, MIND AND BEAUTY – WE ARE NOT SLAVES TO CULTURE Pedro Malard Monteiro (UFU) Gabriel Malard Monteiro (UFMG) This paper seeks to provide a definition of body by discussing the traditional division of mind and body and some of its philosophical implications. We shall contrast the Cartesian dualism of the body and mind with the view in neuroscience II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 67 and neurobiology that both body and mind are matter produced by evolution. We then critique the notion of the mind as a blank slate that is written or shaped by forces like culture and society. Such notion, we argue, can accommodate any random form of beauty, pleasure, etc. In our view, the body is not simply a supple object that can be readily molded by culture, that it simply accumulates within it the signs of social, artistic and cultural practices. The body is the generative source of all these practices. By discarding the view of the body and mind as separate entities, we can talk about the psychological processes that enable culture and group living. We discard the notion of the body as a slave to fashion, society and cultural trends. The limitations imposed by culture and society might be seen as stricter than our biological boundaries. We are not total slaves to culture perhaps because there are biological limits to our cultural enslavement. We do not discard or reject cultural and social forces, of course, since we shall consider how the body as an aesthetic object varies from one generation to the next. We call this variation the culture of beauty. But the notions of beauty, we intend to show, vary a lot less than it might be supposed. Or rather, the variations are completely coherent with the idea that we are a biological body, and that there can be no society that is disinterested in sex, for example, to name only one of many human universals. RELAÇÕES (HIPER)CORPORAIS NO CIBERESPAÇOO ENTRE-LUGAR DO EU Everton Vinicius de Santa (UFSC) De fato, o comportamento dos sujeitos envolvidos e imersos nos ambientes virtuais configuram novos paradigmas diante de ferramentas midiáticas e dos textos literários em meio digital. Nesse sentido, é importante compreender como essa relação II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 68 transforma as percepções dos sujeitos envolvidos nesse ambiente de possibilidades múltiplas que é o ciberespaço e que vem se constituindo diante de uma relação sujeito-máquina. Desse modo, este ensaio propõe-se a discutir relações entre a cultura cibernética, sobre as relações interpessoais sob o viés das redes sociais, pautado pela ideia de que caminhamos para uma configuração de relações desterritorializadas e hipercorporais que vão além do sujeito-eu do plano real. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 69 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 7 Data: 04/12/2012 – 13h30 Sala: G 246 Coordenadores: Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP) Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU) “THE CANNIBALISTIC REDEMPTION IN MARGARET ATWOOD’S THE EDIBLE WOMAN André Pereira Feitosa (UNIFEI) Maria Elizabete Villela Santiago (UNIFEI) Margaret Atwood is one of the most important contemporary writers and artists in Canada. She is known for her concern with the female body and its image in a misogynist world. In her first novel, The Edible Woman, published during the second wave of feminism in 1969, Atwood criticizes the consumerist society in which the protagonist, Marian, finds herself entrapped. She can either mold herself into a Barbie doll, following the role models designed to attain what is considered to be a perfect woman or she can find a different reality of survival becoming a monster in the eyes of western society, rejecting some artificial values of feminine perfection. The female body in the novel is a battle ground in which the options of survival are harsh and the more Marian resembles a doll figure the more her body rejects such characteristics, developing what doctors would call anorexia nervosa. The final redemption comes at the end of the narrative in which Marian symbolically cannibalizes the doll image of a woman, eating with her lover a cake in the shape of a woman. In The Edible Woman the female body comes II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 70 represented in two iconic figures which are a Barbie doll and a cake, viewed by some as objects of pleasure in male hands. Breaking down such artificial representations of the female body is a grotesque way out of the straightjacket in which Marian finds herself locked up. The feminist critics Margaret Miles and Ewa Kuryluk, both theoreticians on the study of the grotesque in art and literature, explicit that the grotesque is usually represented by portraying the reverse of what is sanctioned by society as perfect. CORPO-IMAGEM E(M) DISCURSO: ARTE E ANATOMIA NO SITE PORNCEPTUAL Maria do Socorro Correia de Lima (UNB) Um corpo musculoso, forte e viril vem histórica e culturalmente se tornando ponto de referência de corporeidade masculina, enquanto corpos que se desviam deste padrão estético são em geral ridicularizados ou, até mesmo, excluídos dos meios de comunicação. Qualquer imagem faz parte de uma memória visual do sujeito e as relações exteriores dela denominam-se como intericonicidade. Segundo Courtine (2005) quando estamos diante de uma imagem devemos destacar nela os seus elementos semióticos, recuperando imagens semelhantes, ou ainda, interrogando suas condições de produção e circulação. Para a elaboração deste estudo, foram analisados alguns recortes dos ensaios fotográficos de homens focalizados no site Pornceptual que, de certa forma, ajudam a compreender a cenografia concebida para exibir/expor os corpos dos modelos. As fotografias que compuseram o corpus deste estudo estão sob os auspícios do fotógrafo Chris Phillips, cuja proposta seria unir arte, fotogradia e nudez. Em geral, as personagens focalizadas nos ensaios imagéticos são encarnadas por sujeitos anônimos. Como não é meu objetivo, nesta investigação, analisar todas as imagens focalizadas no âmbito II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 71 do site Pornceptual, escolhi as imagens dos ensaios retratados nos ensaios Abiotic, Vegetarianism e Tino C. Nessa ótica, o corpo dialoga com outras vozes, é perpassado por uma memória discursiva e, neste sentido, constituído por um movimento exterior a si. Vozes e memória inevitavelmente são evocadas para se pensar a construção dos discursos e os modos de subjetivação dos sujeitos no e face ao corpo. Cabe ao sujeito-interlocutor seguir alguns sinais deixados pelos corpos e imagens e(m) discurso, e escolher outros percursos, pois os caminhos do dizer do corpo estão em contínuo movimento. APRESENTAÇÃO DE SI E IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS: DUAS ABORDAGENS Fernanda Silva Chaves (UFMG) Nossa proposta tem por objetivo refletir especificamente sobre três importantes fundamentos que permeiam o discurso “das imagens” presentes no vídeo do Projeto #eusougay, postado no canal exclusivo do próprio Projeto, no Youtube. (http://www.youtube.com/user/projetoeusougay?feature=watch ). Segundo os dizeres do próprio vídeo, a produção surgiu como resposta ao apelo dos idealizadores do Projeto de que pessoas de todo o mundo - independente de orientação sexual, raça, credo e sotaque, etc – que acreditem na tolerância, compaixão e respeito pelo próximo, postassem fotos pessoas com uma só mensagem: #eusougay. O vídeo é um mosaico dessas imagens, animado com uma trilha sonora. O que nos move é a percepção de que além da mensagem que unifica a proposta dos respondentes do vídeo, há nas imagens desses sujeitos a projeção de éthes que, nos termos de Amossy (2005), correspondem às “imagens de si” projetadas na enunciação. Além do mais, esses muitos ethos convocam na sua apresentação imaginários sociodiscursivos que, no II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 72 entendimento de Charaudeau (2007) representam formas de apreensão do mundo que nascem justamente da mecânica das representações sociais, responsáveis pela significação do mundo.Como base teórica para a nossa análise, utilizaremos as contribuições de estudiosos da Análise do Discurso como: Charaudeau (2006, 2009, 2010), Maigueneau (2008, 2009), Amossy (2001, 2005) e Mendes (2011). Como base metodológica para discorrer sobre nossa análise, utilizaremos a esquematização da relação entre identidade, ethos, imaginário e representações propostas por Mendes (2011).Pretendemos, ao final desse artigo, apontar outros caminhos para os estudos do discurso não verbal, sobretudo em canais midiáticos de grande projeção como o Youtube: um leque de possibilidades de estudos para a Análise do Discurso, ainda pouco explorado. Acreditamos, sobretudo, no caráter multidisciplinar da Análise do Discurso como elemento imprescindível para a reflexão das novas formas de inscrição do homem em nossa complexa contemporaneidade. CORPO CLÁSSICO E CORPO HOMOERÓTICO: UMA CONSTRUÇÃO INTERICÔNICA Emilia Mendes (UFMG) Daniel Mazzaro Vilar de Almeida (UFMG) O objetivo de nossa proposta é discutir de que maneira encontramos relações entre o corpo da idade clássica representado em obras de arte e o corpo homoerótico construído na mídia. Para tal, nos valeremos do conceito de intericonicidade desenvolvido por Courtine, na sua obra Déchiffrer le corps: penser avec Foucault, de 2011. Para este autor, toda imagem se inscreve em uma cultura visual que pressupõe a existência, no indivíduo, de uma memória visual, de uma memória das imagens na qual toda imagem encontra II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 73 um eco. Assim, a partir da análise de imagens (esculturas e pinturas) ligadas à estética clássica (greco-romana), faremos um levantamento de índices relativos ao ideal de beleza clássico e mostraremos de que maneira esta construção cultural da beleza do corpo se constrói de forma interdiscursiva. No que tange ao corpo homossexual, contaremos com as contribuições de Butler (1990, 1993, dentre outras obras) e sua teoria da performatividade. Para a pesquisadora, gênero, sexo, sexualidade e corpo são construções discursivas performáticas, ou seja, esses conceitos não são naturais e se enquadram nas construções culturais de normas que violentam os sujeitos que não participam dessas construções. Assim sendo, a partir de uma arqueologia do corpo, tal como propõe Courtine, discutiremos como esta imagem de perfeição greco-latina, depois de perpassar séculos, perdura ainda em nossos dias. AGORA VOCÊ TEM UM PAI DE PEITOS: UMA ANÁLISE SOCIOINTERACIONAL DE PERFORMANCES DE GÊNERO EM UM PROGRAMA DE AUDITÓRIO Leandro da Silva Gomes Cristóvão (PUC-Rio) Para esta apresentação, proponho que sejam pensadas as construções dos sentidos de gênero em situações sociais específicas. Retrato a interação ocorrida entre participantes de um programa de auditório veiculado por um canal televisivo brasileiro de grande audiência. A partir de uma perspectiva interpretativista e de uma abordagem qualitativa dos dados proponho que sejam problematizadas as seguintes questões: (1) a partir de que pressupostos é possível entender a categoria identitária de gênero na contemporaneidade?; (2) como é negociada essa categoria entre indivíduos que interagem em um programa de auditório cujo tema se refere às transformações do corpo que resignificam os sentidos de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 74 gênero?; (3) que alinhamentos e enquadres são construídos na interação entre tais indivíduos no decorrer de suas performances de gênero? Na tentativa de responder a tais questões, organizo o trabalho a partir do cruzamento dialético dos pressupostos da Teoria Queer (Butler, 2010) e de desdobramentos da Sociolinguística Interacional (Goffman, 1979; Gumperz, 1982). FIGURATIVIZAÇÕES DO CORPO EM ÊXTASE NA GÊNESE DO CINEMA PORNÔ AMERICANO Odair José Moreira da Silva (USP) No início da década de 1970, o cinema pornográfico americano, como um gênero a se consagrar, apresenta três filmes que, de certa maneira, fundam um modo determinante para a representação das relações sexuais nas telas dos cinemas: Garganta profunda (1972); O diabo na carne de Miss Jones (1973), ambos de Gerard Damiano; e Atrás da porta verde (1972), dos irmãos Mitchell. Nesses três filmes, em que questões acima do esperado são apresentadas, o corpo da mulher é visto como algo além do prazer físico, que transcende a função do orgasmo, levando o espectador a uma reflexão mais minuciosa acerca da exposição sexual dos corpos de outrem, a partir da figurativização do êxtase dos atores discursivos. A insatisfação, a inocência, a curiosidade, e a incompletude, entendidas como percursos temáticos abstratos, fazem parte da figurativização dos corpos das protagonistas, imersas em uma busca, voluntária ou involuntária, da completude carnal. Para a semiótica de linha francesa, a figurativização é um processo importante na fundamentação de um discurso qualquer: trata-se de um procedimento semântico em que conteúdos percebidos como mais “concretos” (pois remetem a um mundo natural) II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 75 recobrem os percursos temáticos mais “abstratos”. Nosso propósito é verificar, por meio da semiótica discursiva, como tais percursos temáticos abstratos são concretizados, figurativizados para transmitir um efeito de sentido pretendido pelo enunciador, além de investigar a representação do corpo projetada no texto fílmico. A partir desses três filmes do erotismo em excesso, pretendemos lançar as bases para a fundação de uma semiótica da representação sexual no cinema pornô, cuja figurativização do corpo em êxtase, no enunciado, torna-se ponto crucial para o estabelecimento desse gênero de filme. UMA LEITURA INTERSEMIÓTICA DE DAISY MILLER: REPRESENTAÇÕES DO FEMININO NO ROMANCE DE HENRY JAMES E NO FILME DE PETER BOGDANOVICH Linda Catarina Gualda (FATEC) A comunicação objetiva discutir as representações do feminino a partir das relações entre literatura e cinema da obra de Henry James Daisy Miller e sua respectiva tradução fílmica de Peter Bogdanovich tendo como ponto de partida a protagonista Daisy Miller. Acreditamos que tais representações – a literária e fílmica – equivalem, no contexto das obras a uma apropriação do olhar masculino – the male gaze – sobre o corpo feminino. Os signos do cinema hollywoodiano estão carregados de uma ideologia patriarcal que sustenta as estruturas sociais e constrói a mulher de uma maneira específica refletindo as necessidades e o inconsciente patriarcal. A partir de uma leitura intersemiótica que rejeita a noção de fidelidade e vê a obra alvo como uma tradução do texto de partida, propomos uma reflexão a respeito da identidade de gênero criada e veiculada sob uma ótica masculina. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 76 SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8 Data: 04/12/2012 – 13h30 Sala: G 223 Coordenadoras: Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA) Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU) O DISCURSO PUBLICITÁRIO IMAGÉTICO DE ESCOLAS DE IDIOMAS Evelyn Cristine Vieira (UFG) Este trabalho tem como objetivo discutir o discurso publicitário imagético acerca do ensino de Inglês como língua estrangeira. Nesse sentido, partimos de imagens utilizadas em panfletos, outdoors e outros meios de divulgação de escolas de idiomas, que fazem uso da imagem para vender seus cursos. Este trabalho faz parte de uma pesquisa que visa analisar como as escolas de idiomas veiculam a noção de fluência, especificamente em relação ao Inglês. Propomos aqui, portanto, um recorte que trata do uso de imagens, com vistas a analisar os efeitos de sentidos produzidos no universo de ensino e aprendizagem de idiomas. A pesquisa se configura no entremeio entre a Linguística Aplicada e a Análise Dialógica do Discurso, baseada nos pressupostos de Bakhtin, como uma proposta de verificar como a noção de fluência é relacionada com única e exclusivamente a habilidade de fala. Sabemos que o ensino de línguas estrangeiras no Brasil passou por diversas transformações metodológicas para atender as necessidades da economia do mercado, pois vivemos em uma sociedade cada vez mais exigente no quesito curricular, o que tornou a busca pelo II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 77 domínio do idioma maior. Essa corrida pelo domínio do Inglês, por exemplo, reflete nos processos midiáticos de divulgação das escolas de idiomas, em relação à argumentação para convencer os alunos sobre o tempo destinado ao alcance da fluência, sucesso profissional, formas de pagamento, revolução metodológica, garantia de aprendizado etc. Dessa forma, justifica-se o estudo do discurso publicitário imagético a fim de verificar sua produção e circulação de sentidos na sociedade moderna, em que o tempo passou a ser o foco, em que a rapidez da informação é uma necessidade, percebendo como isso afeta a vida das pessoas inseridas em tal sociedade. SELF EXHIBITION THROUGH THE PRESENTIAL OF BODY IMAGE BEFORE SOCIAL NETWORKING SITES (SNSs): CONTEXTUALIZING THE QUESTION OF “SELF & IDENTITY” Santosh K. Patra (Mudra Institute of Communications - MICA) In this paper I would like to make an attempt to understand how adding to the existing forms of social space the Internet revolution contributed to the development of a new kind of space what has been growing day by day and accommodating generations together. The primary concern of the paper is to analyse the growing Social Network Sites (SNSs) turn out to provide a new ground for users' self-exhibition before their social networks and offer thereby a distinctive manner of individuality and sociability expression through the presentation of their body image. As part of the main issues on digital identities, self-exhibition practices appear to have different tendencies and utilities depending on the amount and the nature of personal information published through the presentation of body images on a users' webpage. Although II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 78 the discussion primarily revolves around various societal relationships within the “new communication” framework, the paper is specifically concerned with exploring the interplay and impact of Internet on the change in the society away from groups and towards newly attained identities of network individualism. This change is not only perceptible at the interpersonal level but can be seen evolving at various other levels such as the societal, the community, inter-community as well. There is a paradigm shift which has occurred within the concept and phenomena of identity as well as new forms of communications have evolved. O (DES)HABITAR DE SI Carlos Alberto Casalinho (UNICAMP / UEMG) Encontramos hoje uma parcela da sociedade que vive nas ruas; atores sociais que, além de enfrentarem o desemprego, a fome, a violência, esses seres humanos convivem, também, com o descaso dos outros seres humanos: são os moradores de rua. Por não terem domicílio fixo, os moradores de rua são considerados “invisíveis” por uma sociedade que, por medo, faz com que o homem encare o morador de rua como alguém que não deve ser visto, não deve ser olhado. Temos dificuldade de lidar com os “estranhos”, acusados de serem portadores de desordem e degradação urbana. Miséria, abandono, violência e negligências fazem parte de seu cotidiano, vítimas do preconceito e de um processo de exclusão, o morador assume o estigma lançado sobre si, sentindo-se fracassado. Moram em lugares de risco, transitam pelas ruas, usam drogas, têm sérias dificuldades econômicas que os levam, muitas vezes, para a criminalidade como fonte de sobrevivência. Temos na contemporaneidade a prática da abrigagem como forma de solucionar os problemas de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 79 abandono, violência, degradação e miséria e quando manifestam comportamentos considerados fora do normal, tornam-se casos clínicos. Podemos compreender a prática de retirar moradores da rua como uma tecnologia de poder, que tem como alvo garantir a segurança da população. Alvo que tem uma dupla face, uma vez que, encaminhar para um abrigo é um ato que nos é apresentado como uma forma de garantir a segurança desses seres sofridos, mas podemos entender, também, como uma forma de garantir a segurança da sociedade. Como habitam espaços periféricos e sempre em trânsito não estabelecem apropriação nem identidade com relação aos lugares que os acolhem temporariamente. As instituições constroem uma nova forma de significação, marcando, assim, uma nova forma de significá-los, uma nova forma de exclusão, só que com palavras não pejorativas. Para permanecem no abrigo ou nas casas de passagem (des)habitam-se de si, seu discurso passa a ser cada vez mais anônimo, pois que fala é a instituição. O abrigo passa a constituir-se como um registro colado no corpo de cada um deles. O corpo vai tomando a cara da instituição, alimenta-se, dorme, transita e respira a instituição. CORPO-LÍNGUA(GEM): A (DES)TERRITORIALIZAÇÃO DE SI E DO OUTRO Mariana Rafaela Batista Silva Peixoto (UNICAMP) Neste estudo, visamos a trazer algumas considerações parciais acerca de nossa pesquisa de mestrado, em andamento, intitulada “Identidades em trânsito: ser-estar entre línguasculturas”. O corpus desta pesquisa constitui-se de excertos discursivos extraídos de dez entrevistas orais semiestruturadas realizadas com imigrantes albergados em uma casa de passagem localizada na cidade de São Paulo, a Casa II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 80 do Migrante. Uma vez que esta pesquisa busca melhor compreender de que maneira a língua-cultura do outro, a língua dita estrangeira, incide na constituição identitária de imigrantes albergados, apresentaremos alguns resultados de análise possíveis de serem depreendidos de nosso primeiro eixo temático, intitulado “Corpo-língua(gem)”. No que se refere às representações de língua-cultura que permeiam o material linguístico-discursivo, estas apontam para uma visão utilitarista de língua, como aquilo que permitiria ao imigrante conseguir trabalho, bem como deslocar-se espacialmente. As representações de aprendizagem da língua-cultura dita estrangeira, por sua vez, parecem estar atreladas a uma imagem do contexto formal de aprendizagem de línguas, como se a inscrição de si na língua-cultura do outro se desse somente no espaço discursivo da sala de aula. Ao trazermos estas considerações, objetivamos problematizar o modo pelo qual corpo e língua-cultura se imbricam na constituição identitária do sujeito imigrante albergado. Do ponto de vista teórico, este trabalho situa-se na interface dos estudos do e sobre o discurso, via Michel Foucault, da desconstrução, via Jacques Derrida e da psicanálise, via Sigmund Freud e Jacques Lacan. A LEITURA DO NÃO-VERBAL EM LIVROS DIDÁTICOS: REFLEXÕES A PARTIR DE UM OLHAR DISCURSIVO Érica Daniela de Araujo (UFU) João de Deus Leite (UFU) Neste trabalho, filiados à perspectiva teórica da Análise do Discurso de linha francesa pecheutiana, propomo-nos a analisar de que modo as práticas metodológicas de ensino, propostas nos livros didáticos da educação básica da edição direcionada II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 81 ao professor (manual do professor), abordam o trabalho sobre a leitura e sobre a interpretação do não-verbal. Nestes livros, muitas vezes, verificamos um mero repasse da linguagem nãoverbal para o verbal, o que, dado o aporte teórico a que nos filiamos, aponta para um reducionismo; isso porque coadunamos com a perspectiva de que entre essas formas de linguagem há uma hiância estrutural, uma opacidade que produzirá efeitos para o próprio ato de interpretar. Diante disso, intentamos analisar dois livros didáticos direcionados ao professor, adotados atualmente em escolas públicas da rede estadual de ensino do estado de Minas Gerais, especificamente, do segundo ciclo do ensino fundamental, com vistas a refletir em que medida o trabalho sobre a leitura e sobre a interpretação da linguagem não-verbal ganha operacionalização no que concerne aos aspectos metodológicos sobre os quais os professores geralmente se embasam. Para tanto, privilegiaremos algumas categorias conceituais da Análise do Discurso, tais como: discurso, memória discursiva, interdiscurso, de modo a sustentarmos a perspectiva de que, a partir de uma visada discursiva, algumas (im)possibilidades de trabalho de leitura e interpretação sobre a linguagem não-verbal podem ser, de certo modo, enfrentadas no fazer do professor. MÍDIA, VIOLÊNCIA E CORPO: O CASO DO “MANÍACO DE LUZIÂNIA” Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG) Raquel Divina Silva (UFG) A mídia tem como função estabelecer a mediação entre público e realidade. Como é impossível ter acesso direto ao real, os meios de comunicação interpretam-no, fazendo valer o seu posicionamento sócio-ideológico. Quando os fatos da realidade dizem respeito a acontecimentos violentos, como os II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 82 desencadeados por serial killers, há uma espetacularização pela mídia, a qual reitera sentidos produzidos em outros momentos da história, movimentando uma rede de interdiscursos que se intercruzam e se renovam. Partindo destas considerações, neste trabalho, temos por objetivo analisar os efeitos de sentido produzidos por meio da publicação de imagens dos corpos de personagens envolvidos no caso do “maníaco de Luziânia”. Serão analisadas, sob a perpectiva teórico-metodológica da Análise do discurso de linha francesa, imagens do corpo do agressor, de suas vítimas e de familiares dos jovens assassinados, publicadas pelo jornal Correio Braziliense, as quais apontam para uma exposição diferenciada destes corpos. Enquanto não apenas o corpo do agressor é exposto em close, já que se expõem as algemas que o prendem e o carro da polícia em que ele é aprisionado, por exemplo, no caso das vítimas, há uma preocupação em resguardar o seu corpo, seja com imagens tratadas para preservar a identidade, no caso de quem sobreviveu, seja por meio de imagens que dizem pouco acerca das vítimas fatais. No caso dos familiares, são imagens de corpos compadecidos ou dilacerados pelo sofrimento os que a mídia veicula. Em todos os casos, as análises possibilitam concluir que a representação dos corpos destas personagens pela mídia ajuda na composição de um quadro em que certas identidades são constituídas. AS FAMÍLIAS NA MÍDIA – UM ESTUDO DISCURSIVO DE PEÇAS PUBLICITÁRIAS Sílvia Maria Alencar Silva (UESB) Durante muito tempo, prevaleceu na mídia o conceito de família cuja estrutura era composta por pai, mãe e filho(s), mas com o passar do tempo, a esse formato foram se juntando II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 83 outros, como a família chefiada pela mãe ou as famílias homoafetivas, dentre outros. Algumas marcas do discurso religioso, tão presente na cultura ocidental, são visivelmente percebidas nesses grupos familiares. Seja na figura materna, sempre relacionada à figura de Nossa Senhora; seja no significado de família presente na memória de todos, que tem como espelho a Sagrada Família do discurso religioso. Nos vídeos que formam o corpus desta pesquisa se materializa um enunciado sobre a família, que está preso a uma rede de outros enunciados “neles se apoiando ou deles se distinguindo” (Foucault, 2008, p.112). Ele traz à tona o discurso da família cristã, (formada por pai, mãe e filho), e se liga a ele quando prioriza determinado formato de família em detrimento de outros, mas propõe uma mudança quando apresenta uma forma nova desses indivíduos se relacionarem, reatualizando o conceito de família. Segundo Foucault, todo enunciado de alguma forma reatualiza outros enunciados (Foucault, 2008). Seguindo o conceito foucaultiano de enunciado, buscaremos identificá-lo e descrevê-lo para darmos início a nossa análise. Focaremos aquilo que fez dele não um acontecimento passageiro mas uma materialidade repetível dentro de uma rede. Ao falarmos de enunciado, delinearemos três coisas: quem fala; de onde fala, sendo o lugar, o que dará ao enunciado o caráter de verdade; e quais as posições que o sujeito ocupa “em relação aos diversos domínios ou grupos de objetos” (Foucault, 2008, p.58). Como estamos falando de imagens em movimento, nos apoiaremos nos estudos de Milanez e nas noções de imagem fílmica de Aumont. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 84 Resumos dos painéis Data: 03/12/2012 – 16h30 Sala: G 216 A PESQUISA EM DANÇA E AS POSSIBILIDADES DE INTERDISCIPLINARIDADE Ana Carolina da Rocha Mundim (UFU) O presente trabalho visa compartilhar os procedimentos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa em Dança “Dramaturgia do Corpo-Espaço e Territorialidade” e suas possibilidades de ações interdisciplinares, na conexão com a Arquitetura, a Música e o Teatro. A proposta é demonstrar como, através de processos de improvisação e composição em tempo real, faz-se possível a interrelação entre docentes, discentes e técnicos de áreas distintas de conhecimento na produção e na criação em Dança. Para isso, visamos expor um conjunto de ações de pesquisa e extensão que realizamos, desde 2010, juntos ao Curso de Dança da Universidade Federal de Uberlândia, que incluem a organização de instrumentais técnico-criativos, a produção bibliográfica, apresentações, a produção videográfica e a produção didático-pedagógica. VOZES EM DIÁLOGO: O EFEITO DA DISCURSIVIZAÇÃO DAS VOZES NO ROMANCE A FORÇA DO DESTINO, DE NÉLIDA PIÑON Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho (UFG) Antônio Fernandes Júnior (UFG) Este estudo pretende mobilizar conceitos da Análise do Discurso de linha francesa como recurso de leitura para o texto II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 85 literário. A aproximação entre o campo dos Estudos Literários e dos Estudos do Discurso, mais especificamente da Análise do Discurso (AD) requer, inicialmente, que se considere o caráter interdisciplinar vinculado a ambas as áreas de estudos da linguagem: tanto um quanto outro são, em sua constituição, atravessados por perspectivas teóricas oriundas de outros campos do saber. Nesse sentido, em primeiro momento, propomos-nos a efetivar essa discussão para, em seguida, desenvolver a análise do romance A força do destino, de Nélida Piñon. Essa obra apresenta-nos uma versão parodística da ópera italiana La fuerza del destino, de G. Verdi. Trata-se de um romance que traz, em sua tessitura, um intenso embate de vozes discursivas. Considerando o efeito da discursivização, instaurado a partir do dialogismo entre essas vozes num espaço tensivo, dialógico e polifônico, o cerne da nossa proposta é delinear a discursivização dessas vozes no funcionamento enunciativo discursivo de A força do destino. Para tanto, nossa análise filia-se à perspectiva teórica da AD e em autores outros cujos estudos estabelecem interface com essa disciplina. FANTÁSTICAS SIMBOLOGIAS: PERSONAGENS FEMININAS NA FICÇÃO DE AUGUSTA FARO Camila Aparecida Virgílio Batista(UFG) Luciana Borges (UFG) Neste trabalho temos como objetivo apresentar alguns tópicos referentes ao desenvolvimento dos estudos relacionados à Literatura de autoria feminina produzida em Goiás, a partir da obra da escritora Augusta Faro, A Friagem (1999). Tentaremos evidenciar e compreender as relações de gênero em meio a uma constante elaboração e reelaboração de símbolos femininos que as constituem, bem como o processo de elaboração das personagens femininas, considerando também a utilização dos II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 86 elementos fantásticos. Para realização deste trabalho, foi feita a seleção do corpus de análise entre os textos ficcionais da autora, explicitamente o conto A Friagem, que também é utilizado para intitular o livro. O conto foi analisado a partir de pressupostos teóricos que abordam conteúdos sobre estudos de gênero e de obras de autoria feminina, como Butler (2003), Bourdieu (2007), Colasanti (1997), entre outros, e estudos críticos de obras femininas goianas. Esperamos, com este estudo, contribuir para a discussão teórica sobre a literatura produzida em Goiás e para dar maior visibilidade à obra da escritora goiana no contexto nacional. MEMÓRIA DAS IMAGENS, DAS CORES E DO CORPO: POSICIONAMENTO DA MULHER EM “BLOOD FEAST” Ceres Alves Luz (UESB) Neste trabalho, fazemos uma análise discursiva do filme Blood Feast (1963), de Gordon Lewis. Nosso objetivo é pensar acerca da constituição de um discurso que determina uma posição de sujeito para a mulher. Para tanto, utilizamos, como arcabouço teórico, os postulados de Michel Foucault dentro da Análise do Discurso e as discussões sobre corpo feitas por Milanez. Veremos, pois, como as mulheres são subjetivadas e posicionadas em um lugar discursivo que é o da mulher perfeita. Observamos o dispositivo fílmico para entendermos como esses discursos emergem dos corpos das mulheres mostradas. Tomamos o conceito de intericonicidade para poder relacioná-las com os corpos das mulheres nas representações bíblicas, ou seja, um discurso da perfeição que é atravessado pelo discurso religioso cristão. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 87 DISCURSO, MEMÓRIA E CORPO: O FILME GORE AMERICANO NA DÉCADA DE 60 Danilo Dias (UESB) Vinculado ao projeto “Materialidades do Corpo e do Horror” do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo (LABEDISCO/UESB), este trabalho faz uma análise do discurso fílmico, a partir dos postulados de Michel Foucault, materializado em Collor Me Blood Red de Herschell Gordon Lewis (1965), produção caracterizada pela mistura de horror gore com comédia de humor negro do mestre do cinema sangrento. Para tanto, focarei nas questões cromáticodiscursivas pensadas por Milanez, para tomar a cor vermelha como elemento discursivo que se apresenta em quase todas as tomadas. Assim, busco compreender de que forma a cor aparece nos planos, produzindo um certo saber nesse discurso fílmico e a qual campo e memória se associam. AS IMAGENS ALEGÓRICAS DOS CONTOS “MY KINSMAN, MAJOR MOLINEAUX” E “YOUNG GOODMAN BROWN” DE NATHANIEL HAWTHORNE Elaine Guimarães Santos (UFMG) O presente trabalho tem por objetivo apresentar as imagens alegóricas contidas em dois contos do escritor norte-americano Nathaniel Hawthorne e contextualizar tais imagens de acordo com o período em que se passam as narrativas. É importante analisar tais alegorias a partir do tempo em que se passam as estórias, para que possamos, portanto, ter um suporte para compreensão dos aspectos puritanos que o autor retrata em seus textos. Trabalho apresentado inicialmente na Universidade de Coimbra, em Portugal, no primeiro semestre de 2011, para a II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 88 disciplina Literatura Norte-Americana, sob o título: A representação da alegoria nos contos Young Goodman Brown e My Kinsman, Major Molineux de Nathaniel Hawthorne. A VIRGEM DOS LÁBIOS DE MEL, A PRINCESA DA DISNEY E A PROTAGONISTA DE BLOCKBUSTER Heloize Moura (UFU) Este trabalho destina-se a tecer algumas reflexões sobre o livro Iracema (1865), de José de Alencar, e elucidar as semelhanças existentes entre essa obra, representante do Romantismo, e produções cinematográficas contemporâneas, como Pocahontas (Disney, 1995) e Avatar (20th Century Fox, 2009). Procuramos semelhanças “genéticas” entre as obras, assim como traços característicos de seu “DNA”. Iracema (1865) é um romance romântico indianista ˗ portanto voltado à exaltação das origens nacionais ˗ escrito por José de Alencar. Cabe ressaltar que nos basearemos em uma edição da Editora Moderna, que data de 1993, possui orientação pedagógica do professor Douglas Tufano e, além das notas de rodapé originais de José de Alencar, traz outras, mais explicativas, elaboradas pela escritora Márcia Kupstas. Além do caráter pedagógico da obra de Alencar tendo por objetivo levar os brasileiros a exaltarem suas nobres origens trabalharemos com uma edição bastante didática, destinada a atrair os leitores contemporâneos a essa obra e auxiliá-los a “extrair dela o prazer da leitura” (Iracema, 1993, p. 3). Sendo assim, ao falarmos em leitores contemporâneos e em extrair prazer na leitura de obras tidas como “antigas”, nos propomos a relacionar a obra Iracema a obras cinematográficas contemporâneas, a saber, Pocahontas (Disney, 1995) e Avatar (20th Century Fox, 2009). Pocahontas (1995) apresenta-se como uma típica produção da Disney: permeada por canções, tendo como protagonista uma II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 89 “princesa” altamente comerciável e com uma bela moral. Contudo, essa versão se distancia da história verdadeira, segundo a qual Pocahontas, em 1607, então com 10 ou 11 anos, impediu a morte do inglês John Smith por sua tribo sem, ao contrário do retratado no filme, ter um relacionamento amoroso com ele. Quanto a Avatar (20th Century Fox, 2009), esta é uma história totalmente fictícia que se passa no ano de 2154, em um futuro onde os humanos, por terem poluído demais o planeta em que habitam, exploram outro planeta, Pandora, que possui as mesmas características da Terra. Lá, um ex-fuzileiro paraplégico, chamado Jake Sully, é convocado a participar de um projeto governamental, em que assume a forma de um Na’vi (habitante de Pandora), e durante uma pesquisa de campo conhece Neytiri, a protagonista feminina (ou nesse caso, fêmea). Procuramos por semelhanças entre obras a princípio bastante diferentes: feitas em outras épocas, com abrangência diversa e objetivos igualmente variados. No entanto, quando objetivamos despertar o interesse por leituras como Iracema, devemos ter em mente que leituras como essas já estão por aí, com outras roupagens, atraindo o interesse e despertando o prazer de seu público; cabe, porém, na medida do possível, tecer a árvore genealógica dessas produções e chegar às suas origens, pois conhecendo o início, entendemos melhor o desfecho. CORPO, ALMA E NAÇÃO: ELEMENTOS PULSANTES NA OBRA LUCÍOLA, DE JOSÉ DE ALENCAR Luciana Aparecida Silva (UFU) O presente trabalho tem como objetivo analisar as facetas da personagem Lúcia (Lucíola) e as implicações da dicotomia II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 90 corpo erótico x virgindade de coração na sociedade aristocrática e patriarcal do Rio de Janeiro durante o Segundo Império. O livro faz um retrato bastante verossímil da contraditória burguesia fluminense de meados do século XIX, a mesma que ao mesmo tempo em que recrimina, alimenta os vícios mundanos. Na sociedade oitocentista, o papel da mulher enquanto mantenedora da ordem burguesa e da família é claramente definido, assim como as virtudes que lhe são imprescindíveis. Embora Lucíola tenha um forte caráter psicológico e o intuito do autor ao escrevê-lo fosse o de caracterizar “um perfil de mulher”, Alencar explicita seu ideal nacionalista, destacando a superioridade do que é genuinamente nacional e reverenciando as inúmeras belezas do Rio de Janeiro. Ademais, como bem afirmou Foucault (2000), “não se pode falar de qualquer coisa em qualquer época” e o autor não se atreveu a ir contra a ordem social vigente. Em uma sociedade preconceituosa e conservadora, em que a mulher deveria ser pura, honesta e de uma moral ilibada, é inadmissível que uma cortesã seja merecedora do amor conjugal. Ainda que seu ingresso no mundo da prostituição tenha ocorrido por motivos nobres, seu ventre não é digno de abrigar um novo ser; sua alma pura não suplanta um corpo de cortesã que foi entregue ao prazer carnal. Mais que isso, não lhe é permitido sequer viver: a prostituta devassa torna-se vítima dos discursos da sociedade da época e morre pelo bem da nação, em prol da identidade nacional. O “IDEAL ERÓTICO” EM ENSAIOS SENSUAIS FOTOGRÁFICOS NAS REVISTAS TRIP E TPM Maira Guimarães (UFMG) O estudo tem por objetivo a análise das imagens etóticas e icônicas presentes nos ensaios sensuais fotográficos das II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 91 revistas Trip (público masculino) e TPM (público feminino) publicadas no mês de abril de 2012. O referencial teórico e metodológico foi fornecido pela Análise do Discurso nos trabalhos de Charaudeau (2006), Mendes (2005) e (2010) e Maingueneau (2010). Na revista Trip, o padrão de sexualidade feminina é retratado pela nudez do corpo da mulher. No ensaio da revista TPM, observa-se que a sexualidade masculina não se pauta na exploração total da nudez. A análise retrata que a mídia impressa reafirma os imaginários sociodiscursivos sobre o erotismo ao mesmo tempo em que cria um “ideal erótico” e um “padrão de sexualidade”. CONCEPÇÕES IDENTITÁRIAS NA PRODUÇÃO POÉTICA DE ARNALDO ANTUNES: UM ESTUDO DA CANÇÃO NINGUÉM Miriane Gomes de Lima (UFG) A poesia brasileira contemporânea, produzida a partir da década de 80 do século XX, vem se caracterizando, cada vez mais, por um pluralismo de dicções e vozes poéticas oriundas de diferentes lugares do país, conforme nos ensina Carlos Eduardo Capella (2006) e Heloisa Buarque de Hollanda (1998). Nesse contexto, a produção poética de Arnaldo Antunes destaca-se, de forma muito singular, sobretudo pela conciliação de diferentes linguagens (verbal, visual e sonora), pelo uso de diferentes suportes (livro, vídeo e CD) e pelos experimentalismos linguísticos (criações e fusões lexicais) adotados na composição dos textos. Como recorte dessas questões, o presente trabalho pretende abordar a construção do corpo e do sujeito na letra da canção “Ninguém”, lançada no disco homônimo em 1995, focalizando como determinados procedimentos de escrita do texto possibilitam a apreensão de II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 92 diferentes posições identitárias. Para tanto, analisaremos a letra dessa canção observando a relação corpo e subjetividade, tendo em vista o aporte teórico de Michel Foucault (2004). Com isso, pretendemos propor reflexões sobre questões identitárias produzidas na atualidade, a partir dos elementos acionados pelo poeta na composição do texto. O SUJEITO CRIANÇA NO ENVOLVIMENTO COM AS MÍDIAS DIGITAIS: SINGULARIDADES E PLURALIDADES DA INFÂNCIA CONTEMPORÂNEA Rosimeire Maria de Souza Francischetto (UFES) Thalyta Botelho Monteiro (UFES) O presente artigo objetiva analisar o envolvimento do sujeito criança com as mídias digitais a fim de refletir as singularidades e as pluralidades deste com o processo de criação que relacionam recursos tecnológicos. Busca compreender os conceitos de Experiência e Mediação em Benjamin e Vigotski respectivamente. Visa enfatizar também, o conceito de Memória Coletiva de Maurice Halbwachs no qual os indivíduos fazem parte de uma rede de experiências, onde a memória não pode ser tratada de forma individual, mas sim num contexto de coletividade. Faz-se necessário uma articulação com as ideias de Zygmunt Baumam e Fredrich Jameson no que se refere à Pós-modernidade, a liquidez dos laços humanos, ao uso das mídias e a sociedade da imagem para assim refletirmos o sujeito criança e a infância contemporânea. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 93 O CORPO E AS POSSIILIDADES DISCURSIVAS NO GORE: ANÁLISE DE “TWO THOUSAND MANIACS”, DE HERCHELL GORDON LEWIS, DE 1964 Ueslei Pereira de Jesus (UESB) Nilton Milanez (UESB) Analisar o corpo discursivamente é aqui evidenciar os sujeitos quanto às suas produções discursivas, inseridas em um lugar onde se posiciona historicamente. Através do filme “Two Thousand Maniacs”, 1964, de Herschell Gordon Lewis e da maneira como os corpos são apresentados serão aqui investigados os discursos que possibilitam a construção do horror no corpus em questão, enunciando formas jurídicas, o Estado e a memória da morte mesclada ao riso. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 94 Resumo das exposições BETWEEN: EMBODIMENT AND IDENTITY Karen Ingham (Swansea Metropolitan University) Susan Aldworth (Swansea Metropolitan University / London Metropolitan University / Institute of Neuroscience at Newcastle University) ‘Between: Embodiment and Identity’ is an exhibition by UK artist’s Karen Ingham and Susan Aldworth, which explores the richness and complexity of scientific research into how we deconstruct and re-configure concepts and images of mind and body in an age of increasing disembodiment and digitization. Exhibiting together for the first time, the artist’s present works that cross-reference contemporary science, digital imaging techniques, philosophy and the humanities, to explore emerging and enriched images of the Self. PASSAGENS: CORPOS E IMAGENS FUGIDIAS Talita Mendes (UNICAMP) Ronaldo Souza (UNICAMP) Lívia Diniz (UNICAMP) 'Passagens: Corpos e Imagens Fugidias' apresenta parte da produção de três artistas brasileiros que desenvolvem pesquisas envolvendo os usos da imagem fotográfica e a desconstrução da ideia de fotografia como índice de verdade. Entre o excesso de informações da sociedade contemporânea, a ausência da identidade fixa dos sujeitos e os espaços discursivos da fotografia transitam imagens que não se fixam, II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 95 já que apenas idealizadas, e a representação de corpos irreversivelmente fragmentados. Na série O meu olhar, o seu olhar (2009), a artista Talita Mendes trabalha com a memória/história individual como um constructo, utilizando-se da fotografia como meio e suporte. Ao conceber a série fotográfica e sua configuração no espaço expositivo como um arquivo incompleto e reconfigurável narrativamente, explora, por intermédio das ausências deste arquivo, a construção de realidades pelo sujeito/espectador. Para tanto, a artista joga com a concepção de fotografia como “espelho com memória” partindo dos registros de seus olhos e os de sua mãe. Ao articulá-los como indicativos da passagem abrupta do tempo, parecem referir-se a uma única personagem feminina e indeterminada fotografada em épocas distintas de sua vida. Os fragmentos das marcas de envelhecimento epitelial desta personagem intercalam-se com registros de objetos que remetem à infância e que funcionam narrativamente como reminiscências imagéticas artificialmente evocadas e encarnadas como lembranças fixas. O registro do olho, então enfatizado por seu caráter de espelhamento, foi pensado, no processo de construção da obra, como película sensível de impressão sobre a qual é perceptível a projeção de imagens do mundo, remetendo à própria materialidade da fotografia. O olho fecunda a idéia da câmera como extensão do corpo humano, daquele que opera o aparelho fotográfico, ainda que sendo, paradoxalmente, uma descontinuidade deste. Para a artista, as imagens fugidias são aquelas que buscamos como a verdade de um acontecimento, que falhamos em encontrar e que se “anarquivam”, para usar um expressão de Jacques Derrida. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 96 Em Carpete cinza (2006), o fotógrafo Ronaldo Souza trabalha com o espelhamento na imagem fotográfica, considerando o registro do objeto-espelho. Enfatiza a ação de nos dirigirmos ao espelho para nele encontrar um reflexo identitário. O sujeito do reflexo, no entanto, ao perceber-se incompleto, busca encontrar sua identidade não na visualidade de um corpo em sua generalidade, mas em seus fragmentos. O espelho disposto sobre um carpete e assim registrado opera como o prolongamento do corpo de um Narciso nu, que, por vezes, confunde-se com sua imagem refletida, ao diluirem-se os limites entre o detalhe corporal fotografado e o reflexo deste no objeto especular. As fotografias assemelham-se aos estilhaços de um espelho quebrado, a partir dos quais o corpo fragmentado não se recompõe. Na série Entidades (2011), realizada por Lívia Diniz, a fratura identitária do sujeito na atualidade é representada através da reconfiguração da superfície facial de seus autoretratos, sobre os quais, em alguns casos, elementos externos são agregados ao suporte fotográfico. Segundo a artista “Ente, ser e indivíduo são três momentos, três situações diferentes que refletem sobre questões atuais: o culto à própria imagem e sua superexposição às outras pessoas, fatores potencializados, por exemplo, pela internet”. Nas sociedades de consumo, aliadas ao grande acesso à informação, crenças e seus objetos representativos são também comercializados, de modo que a artista não deixa de explorar esta relação na obra que ora se apresenta. Texto de Talita Mendes II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 97 Release dos artistas Susan Aldworth’s work engages with neuroscience and philosophy to explore medical, personal and scientific narratives that develop an understanding of human identity. She is showing three films, Going Native (2006), Lines of Thought (2006) and Out of Body (2009) made during her residency at the Gordon Museum of Pathology in London. She will also be exhibiting a number of prints from the series Cogito Ergo Sum (2006). http://susanaldworth.com Karen Ingham’s interest lies in juxtaposing the narratives behind scientific objects, language and images conferring new meaning onto the notion of embodiment. The digital films exhibited are Narrative Remains (2009), made in collaboration with The London Hunterian Museum and Variance (2011) in collaboration with The Francis Galton Collection at University College London. Vanitas: Seed Head (2005) and the digital prints from the Piece of Mind Mask series (2012), were made with the assistance of the Cardiff Neuroscience Research Group. http://kareningham.org.uk Talita Mendes é graduada pela Unicamp nos cursos de licenciantura (2009) e bacharelado em Artes Visuais (2011). Atualmente desenvolve a pesquisa de mestrado intitulada “Rosângela Rennó: fotografia, deslocamentos e desaparição na II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 98 arte contemporânea brasileira” ― financiada pela FAPESP ― no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da mesma universidade. Em seus trabalhos artísticos explora a fotografia e temáticas a ela relacionadas, nos quais estão presentes questões acerca de identidade, memória e coleção/arquivo. Algumas exposições das quais participou: Intersecções Poéticas entre Corpo e Fotografia (2011 – UFU/Uberlândia–MG), exposição associada ao I CID; Gramatura 32 (2010 – MACC e Galeria de Arte da Unicamp/Campinas–SP); Artes Visuais 2010 (2010 – Museu Solar do Barão/Jundiaí–SP); 2ª, 3ª, 4ª e 5ª edições do Salão de Artes Visuais (2009, 2010, 2011 e 2012 – Espaço Cultural Casa do Lago e Galeria de Arte da Unicamp/Campinas–SP) organizadas pelo Festival do Instituto de Artes da Unicamp; 1º Salão Universitário de Arte Contemporânea da Unicamp (2007 – Galeria de Arte da Unicamp/Campinas–SP). Ronaldo Ferreira de Souza é natural de Santa Bárbara D’Oeste, São Paulo, concluiu sua graduação no ano de 2006 na Unesp de Bauru, onde cursou Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas, apresentando um Trabalho de Conclusão de Curso que abordou o hibridismo de linguagem na fotografia contemporânea brasileira. Depois de graduar-se passou a atuar como professor no Governo do Estado, produzindo suas obras paralelamente ao magistério. No ano de 2011 ingressa no Mestrado em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp, continuando com suas pesquisas no universo da fotografia, desta vez abordando os trabalhos das artistas norte-americanas Nan Goldin e Cindy Sherman. Suas exposições mais recentes são a coletiva do “Mapa Cultural Paulista” em 2011, no Centro de Documentação Histórica da Fundação Romi, em Santa Bárbara D’Oeste, e a também coletiva “Leituras e Conceitos – II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 99 Fotografia Contemporânea”, no ano de 2010, no MIS – Museu da Imagem e do Som de Campinas. Lívia Diniz Ayres de Freitas nasceu em Ribeirão Preto - SP, em 1985. Vive e trabalha em Campinas – SP. Graduou-se em Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais pela Unicamp, em 2010. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes, na linha de Poéticas Visuais e Processos de Criação, na mesma instituição. Desenvolve trabalhos nas áreas de Gravura, Fotografia e Desenho. Participou da exposição coletiva “Residência” e do “III Salão de Artes do FEIA”, ambas realizadas na Galeria de Artes da Unicamp, 2010. Participou da exposição coletiva "Foto em Campo" - com curadoria de Luiz Carlos Sollberger Jeolás (Nenê Jeolás) e Lygia Eluf, na Galeria de Arte da Unicamp, 2011; da exposição coletiva “ex|certo”, no Espaço Expositivo do SESC-Campinas, 2011 e também da exposição coletiva “Arte Postal - Os Livros”, na Livraria, Editora e Centro Cultural Alpharrabio, Santo André/SP, 2011 e na Galeria Gravura Brasileira, 2012. II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 100 Índice Remissivo A Alessandra Rodrigues Santos Brandes, 11, 26 Alex P. de Araújo, 12, 37 Amanda Braga, 11, 29 Ana Carolina da Rocha Mundim, 20, 85 Ana Flora Schlindwein, 4, 3, 8, 11, 16, 25, 62 Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho, 20, 85 André Pereira Feitosa, 17, 70 Antônio Fernandes Júnior, 20, 85 C Camila Aparecida Virgílio Batista, 20, 86 Carlos Alberto Casalinho, 18, 79 Carlos Henrique Bento, 14, 50 Cármen Agustini, 16, 63 Cecília de Sousa Neves, 12, 35 Ceres Alves Luz, 20, 87 Ciro Renan Oliveira Prates, 12, 36 Cláudia Maria França da Silva, 11, 12, 30, 33 Cleudemar Alves Fernandes, 15, 54 D Daniel Mazzaro Vilar de Almeida 73 Danilo Corrêa Pinto, 4, 12, 34 Danilo Dias, 20, 88 Denise Gabriel Witzel, 12, 38 Denise Giarola Maia, 16, 66 Dilma Maria de Mello, 3, 5 Dulcirley de Jesus, 14, 51 E Edilair José dos Santos, 15, 57 Edinília Nascimento Cruz, 14, 49 Elaine Guimarães Santos, 20, 88 Emilia Mendes, 17, 73 Érica Daniela de Araujo, 18, 81 Erislane Rodrigues Ribeiro, 18, 82 Evelyn Cristine Vieira, 18, 77 Everton Vinicius de Santa, 16, 68 F Fábio Figueiredo Camargo, 14, 47 Fábio Ramos Barbosa Filho, 15, 59 Fernanda Silva Chaves, 17, 72 Flávia Motta de Paula Galvão, 16, 63 Franciele Magalhães Crosara, 13, 41 II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 101 G Gabriel Malard Monteiro, 16, 67 Geison de Almeida Bezerra da Silva, 11, 25 Gustavo Henrique Ferreira, 14, 47 H Heloize Moura, 20, 89 I Inês Skrepetz, 15, 60 Isley Borges Silva Júnior, 16, 65 Ivânia Neves, 3, 8, 11, 16, 18, 25, 77 J Jaciane Martins Ferreira, 11, 27 Jamille da Silva Santos, 15, 55 João Carlos Biella, 14, 47 João de Deus Leite, 18, 81 K Karen Ingham, 6, 7, 23, 95, 98 Karina Luiza de Freitas Assunção, 15, 56 L Leandro da Silva Gomes Cristóvão, 17, 74 Leonardo Francisco Soares, 8, 13, 40 Linda Catarina Gualda, 17, 76 Lívia Diniz, 7, 95, 97, 100 Lucas Martins Gama Khalil, 11, 28 Luciana Aparecida Silva, 20, 90 Luciana Borges, 20, 86 Lynn Mario Trindade Menezes de Souza, 6, 17, 70 M Maíra Fernandes Martins Nunes, 15, 54 Maira Guimarães, 21, 91 Maria Aparecida Conti, 16, 64 Maria Aparecida Resende Ottoni, 16, 62, 65 Maria do Socorro Correia de Lima, 17, 71 Maria Elizabete Villela Santiago, 17, 70 Maria Inês Vasconcelos Felice, 3, 5 Mariana Rafaela Batista Silva Peixoto, 18, 80 Mariana Resende Corrêa, 11, 30 Marina Leite Gonçalves, 13, 44 Marina Maluli César, 14, 52 Marisa Martins Gama-Khalil, 15, 54 Marta Maria Bastos, 13, 45 Miriane Gomes de Lima, 21, 92 N Naira Rosana Dias da Silva, 13, 41 Nilton Milanez, 8, 12, 21, 33, 94 Nirce Aparecida Ferreira Silvério, 15, 58 O Odair José Moreira da Silva, 17, 75 II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 102 P Pedro Malard Monteiro, 16, 67 R Raquel Divina Silva, 18, 82 Ricardo Augusto Silveira Orlando, 11, 31 Ronaldo Souza, 7, 95,99 Rosimeire Maria de Souza Francischetto, 21, 93 S Santosh K. Patra 18, 78 Sílvia Maria Alencar Silva, 18, 83 Simone Tiemi Hashiguti, 4, 2, 3, 5, 8, 12, 18, 20, 33, 77 Solange Zorzo, 14, 48 Susan Aldworth, 7, 23, 95, 98 T Talita Mendes, 1, 4, 7, 16, 62, 95, 96, 98 Tamiris Batista Leite, 13, 43 Tassia Kleine, 13, 41 Thalyta Botelho Monteiro, 21, 93 U Ueslei Pereira de Jesus, 21, 94 V Vanessa Leite Barreto, 14, 53 Veridiana Mazon Barbosa da Silva, 13, 40 Victor Pereira Sousa, 13, 42 W William Mineo Tagata, 4, 5, 8, 13, 17, 20, 40, 70 II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS 103