Ipiranga perde um dos moradores-símbolo A história de uma comunidade é feita de alegrias e tristezas, conquistas e perdas. Para os amigos e parentes de Antonio Balcarci, um dos mais tradicionais personagens ipiranguistas, este mês de aniversário será marcado pela saudade. Um dos mais conhecidos sapateiros do bairro, ele morreu na terça-feira (20) aos 75 anos. Balcarci durante quase 70 anos exerceu a função, onde angariou uma verdadeira legião de admiradores de todas as classes sociais. Na semana passada sua pequena sapataria ficou fechada, o que dificilmente acontecia quando Toninho, como era conhecido, estava vivo. Uma coisa que ele sempre fazia questão de contar àqueles que chegavam pela primeira vez na sua modesta oficina era que ganhou um motor da Madre Paulina, que serviu para montar a sua primeira máquina (lixadeira). Com mais de meio século !$ Balcarci morreu com 75 anos de profissão, Antônio Balcari dizia que havia consertado calçados de quase toda a população ipiranguista. “Gente importante e gente simples”, dizia ele. A sua sapataria, na rua Oliveira Alves, 237, servia de ponto de encontro de amigos e curiosos em ouvir “causos” do passado. Cada um sempre tinha algo dife- rente para contar, enquanto o Toninho ia martelando ou costurando os calçados. Na frente da loja, uma árvore que ele cuidava com carinho. Inclusive plantou uma muda de guaco, planta medicinal, que muitas pessoas procuravam para fazer um chá. Antes de se estabelecer ali, o velho sapateiro já havia se instalado na Av. Nazaré e nas ruas Bom Pastor e Padre Marchetti. Inclusive, na Bom Pastor ele com seus 20 anos de idade teve um grande amigo chamado Olacyr de Moraes, que anos depois viria a ser conhecido como “o Rei da Soja”. Quem passava em frente da sapataria comentava o seu falecimento. Eram pessoas de todas as faixas etárias. Até mesmo uma criança de seus quatro anos, ao passar de mãos dadas com a mãe disse: “Mãe, é aqui que trabalhava o sapateiro que morreu”. “Nasci no Ipiranga, me orgu- Em setembro de 2001, Toninho foi homenageado no suplemento lho disso e quero morrer aqui, fazendo o que faço”, disse Antonio em entrevista ao Ipiranga News, publicada em setembro de 2001, no suplemento em homenagem aos 417 anos do bairro. O conhecido sapateiro do Ipiranga era casado com Cacilda Morales e pai de Carlos Alberto, seu único filho que lhe deu dois netos: Carlos Eduardo e Luiz Fernando. “Ele sempre foi uma pessoa muito metódica. Tinha horário para tudo”, comenta Carlos Alberto, ressaltando que o pai nunca se preocupou com dinheiro e sim pela vida em família.