Edição 57 Ano V Agosto 2012 Distribuição Gratuita Vale do Paraíba Paulista - Litoral Norte Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Região Bragantina - Região Alto do Tietê Cidadania Crônica e Reflexão e Nossa Saúde Meio Ambiente Formiguinhas do Vale 1932 - A Revolução da Elite Sala de Aula RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Contos e Histórias www.formiguinhasdovale.org A Associação Anita Garibaldi Rondônia (RO) Política na Escola Direitos do Cidadão Cultura Brasileira Educar Educação Saúde e Escola Escolas Públicas A maldição da abundância CULTURAonline BRASIL Datas importantes AGOSTO 01 - Dia do Selo 03 - Dia do Telefone 04 - Morte de Anita Garibaldi 05 - Nascimento de Deodoro da Fonseca 06 - Lançamento da 1ª. Bomba Atômica (1945) 09 - Dia Internacional Populações Indígenas 10 - Nascimento de Jorge Amado 11 - Dia do Estudante 12 - Dia das Artes Plásticas - Dia da Juventude - Dia dos Pais 14 - Dia do combate á poluição 15 - Nascimento de Napoleão Bonaparte - Dia dos solteiros - Morte de Euclides da Cunha 16 - Morte de Eça de Queiroz 19 - Semana do Livro Escolar 20 - Dia do Vizinho Nascimento de Cora Coralina 21 - Semana do portador necessidades esp. 22 - Dia do Folclore - Dia do Supervisor da Educação - Morte de Juscelino Kubitschek 23 - Dia da injustiça 25 - Renúncia de Janio Quadros (1961) 27 - Dia do psicólogo 29 - Dia do combate ao fumo - Assinatura do tratado Independência Brasil - Nascimento de António Francisco Lisboa 30 - Nascimento de Anita Garibaldi 31 - Transferência da Corte Portuguesa p/Brasil Marechal Deodoro nasceu na cidade de Alagoas, atual Marechal Deodoro, em Alagoas, no dia 5 de agosto de 1827 e estudou em escola militar desde os 16 anos. Em 1848, aos 21 anos, integrou as tropas que se dirigiram a Pernambuco para combater a Revolução Praieira e participou ativamente de outros conflitos durante o Império, como a brigada expedicionária ao rio da Prata, o cerco a Montevidéu e da Guerra do Paraguai. Ingressou oficialmente na política em 1885, quando exerceu o cargo de presidente (equivalente ao atual de governador) da província do Rio Grande do Sul. Assumiu a presidência do Clube Militar de 1887 a 1889 e chefiou o setor antiescravista do Exército. Com o título de marechal, Deodoro da Fonseca proclamou a república brasileira no dia 15 de novembro de 1889 e assumiu a chefia do governo provisório. A primeira constituição republicana estabelecia que as eleições no Brasil seriam diretas e que o presidente e seu vice seriam eleitos pelo voto popular. Entretanto, determinava também que, em caráter excepcional, o primeiro presidente e o primeiro vice seriam eleitos indiretamente, isto é, pelo Congresso Nacional. Foi o que aconteceu. No dia seguinte à promulgação da Constituição, o Congresso elegeu de forma indireta os marechais Deodoro da Fonseca para presidente e Floriano Peixoto para vice-presidente, em 25 de fevereiro de 1891. O governo do Marechal deveria terminar em 1894, mas o período registrou sérios problemas políticos e econômicos. A política econômica, que tinha como ministro da Fazenda Rui Barbosa, foi marcada pelo "encilhamento", que se caracterizou pelo incentivo à emissão de moeda por alguns bancos e pela criação de sociedades anônimas. Como resultado, houve forte especulação financeira e falência de bancos e empresas. A formação de um novo ministério liderado pelo barão de Lucena, político vinculado à ordem monárquica, a tentativa de centralização do poder e às resistências encontradas no meio militar conduziram o país a uma crise política, que teve seu ápice na dissolução do Congresso Nacional. Ao mesmo tempo crescia no meio militar a influência de Floriano Peixoto, que também fazia oposição a Deodoro juntamente com as forças legalistas que levaram à renúncia de Deodoro da Fonseca em 23 de novembro de 1891. Da redação Este veículo, transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem sobre temas dos projetos desenvolvidos pela OSCIP“Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos , com ênfase em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental. Filipe de Sousa tem como principal objetivo interferir nas mudanças comportamentais da sociedade que o momento exige, no que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo à agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo doméstico além, de incentivar a preservação e o conhecimento de nossas culturas e tradições populares. Formalizado através do Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o Mundo’ e multiplicado e divulgado através deste veículo de interação. Projetos integrados: • Projeto “Inicialização Musical” Este projeto tem por finalidade levar o conhecimento musical, a crianças e adultos com o fim de formar grupos multiplicadores, sempre incentivando a música de raiz de cada região, ao mesmo tempo em que se evidenciam as culturas e tradições populares de cada região. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplicação do conhecimento adquirido, no projeto, em cada Escola e em suas respectivas comunidades. Projeto “Viveiro Escola Planta Brasil” • Este projeto visa a implantação de um Viveiro Escola, especializado em árvores nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele nossas crianças irão aprender sobre os ecossistemas estudados, árvores nativas, técnicas de plantio e cuidados; técnicas de compostagem e reciclagem de lixo doméstico, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico à prática, através de demonstrações de como plantar e cuidar, incentivando e destacando também, a importância da agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares. Serão formadas turmas que terão a finalidade de se tornarem multiplicadoras do conhecimento adquirido em cada comunidade. • Projeto “Arte&Sobra” • Projeto “SaciArte” Neste Projeto Social iremos evidenciar a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preservação dos espaços urbanos e, como fator de geração de renda. Também serão formadas turmas multiplicadoras de conhecimento, que terão como função a formação de cooperativas ou grupos preservacionistas em suas comunidades. Este projeto é um formador de grupos musicais onde as culturas regionais e a música de raiz sejam o seu tema. Primeiramente será formado um grupo composto por crianças, adolescentes e adultos com responsabilidade de participação voluntária, no grupo da comunidade da Região Cajuru na Zona Leste de São José dos Campos. # SEJA UM VOLUNTÁRIO. Conheça !!! Fale conosco 0xx12 - 9114.3431 Acesse: http://www.formiguinhasdovale.org Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 02 Editorial Reflexões Olá, tudo bem A VIOLÊNCIA NOSSA DE CADA DIA! Começou a corrida eleitoral e o que temos vindo a assistir é a um modelo de conduta onde as rasteiras e as difamações têm vindo, como sempre a pontuar. É irônico que a classe artística e uma determinada categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada no Brasil mais pontualmente na cidade de São Paulo. Acho que talvez isso se deva aos enredos, todos enredados de maldade e de safadeza das nossas novelas globais e recordais bem como a uma programação midiática toda voltada para a apologia á violência, nudez feminina, valorização de grandes craques e ao consumo exacerbado, onde se passa a ideia de que os fins justificam os meios. Uns lutam pela regulamentação das mídias outros financiam essas mesmas mídias que por sua vez os apóiam. Uns fala de respeito e de compromisso e se apresentam desrespeitando as Leis mais elementares, como foi um caso denunciado de uma Kombi com sofisticada aparelhagem de som aberta no último volume, de determinado candidato, fazendo sua propaganda eleitoral na porta de um Hospital, aqui da terrinha. Uns ridicularizam seus concorrentes com fotos montadas e frases onde o respeito não é de forma nenhuma visto e a ética passa longe. Outros procurando usar de sua influência junto aos “nossos” meios de comunicação e se utilizando da máquina pública para angariar apoios, através da distribuição de benesses e, formatando formas de agressão, ou segregação, onde a moral também não vê abrigo. Professores em greve, por salários decentes e sem apoios midiáticos, já que são federais e a mídia apoia a iniciativa da privatização da educação financiada pelo BNDES e por impostos não pagos, se vêm sós e acuados pela própria sociedade, dispondo de muito poucos “cabos eleitorais”. No entanto, a marcha gay se mostra vitoriosa, as Olimpíadas de Londres fazendo grande sucesso e sendo motivo também de mais motivo de briga pelo telespectador, que agora começa a se dividir entre a Universal e o Vaticano. As urnas eletrônicas sendo colocadas sob suspeita de serem passíveis de fraude, o judiciário colocado sob suspeita e, respostas ou desmentidos não se vêm; as Câmaras, o Senado e o judiciário desacreditados e os funcionários públicos reclamando por melhorias salariais, num país onde as diferenças são dispares se levarmos em conta que a grande maioria da nação ganha pouco mais de 620,00 reais por mês. Mas, estamos em plena campanha eleitoral nos mais de 5.200 Municípios deste Brasil Anil. Com esperanças renovadas, ânimos elevados e desilusões pontuais que de certo virão, serão os ícones deste ano de 2012 em que certamente não se concretizará a previsão Ínca do fim do mundo mas que com certeza deverá postergar o vale tudo e os comportamentos cívicos dos séculos que fazem nossa história. Nada de um novo modelo de céu de brigadeiro se avista para o Brasil! A curto prazo. Filipe de Sousa Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas. Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias. Quanto mais glamoroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco. Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão. Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Festa sem cocaína era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto. Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas. Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastaqüera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade. Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado. São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros. Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir: "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro e por tabela o Brasil." Original: Sylvio Guedes Adaptação: Filipe de Sousa CULTURA Online BRASIL Democratizar Conhecimento Cultura Informação www.culturaonlinebr.org “Decida o que quer e decida do que está disposto a abrir mão para consegui-lo. Estabeleça suas prioridades e mãos à obra.” H. L. Hunt Rádio web CULTURAonline Brasil NOVOS HORÁRIOS e NOVA PROGRAMAÇÃO Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós. A Rádio web CULTURAonline, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania e nas temáticas: Educação, Escola, Professor e Família. Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. www.cpodisseia.com www.formiguinhasdovale.org Acessível no links: www.culturaonlinebr.org A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download e visa a atender ao Cone Leste Paulista, que é composto pelas seguintes regiões: Vale do Paraíba Paulista, Serrana da Mantiqueira, Litoral Norte Paulista, Bragantina e Alto do Tietê. Editor: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J Diretora Pedagógica dos Projetos: Profª. Elizabete Rúbio Revisão de textos: Profª. Francisca Alves Veículo divulgar da OSCIP “Formiguinhas do Vale” CULTURAonline Gazeta Valeparaibana é um MULTIPLICADOR do Projeto Social “Formiguinhas do Vale” e está presente mensalmente em mais de 80 cidades do Cone Leste Paulista, com distribuição gratuita em cerca de 2.780 Escolas Públicas e Privadas de Ensino Fundamental e Médio. “Formiguinhas do Vale” Uma OSCIP - Sem fins lucrativos Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Pagina 03 Nossa saúde ra as cidades para produzir ferramen- Essa é a agricultura de máquinas e e há os que buscam solução fácil atas para os agricultores. venenos – agricultura moderna. postando em mais tecnologias. IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA A inventabilidade humana cresceu e a produtividade das indústrias cada vez maior, moveu intensamente o mundo dos negócios atraindo cada vez mais gente do campo para a cidade e, sem espaço para todos, gerou pobreza, favelas, mais lixo, vários problemas sociais e menos recursos para subsidiar o agricultor. Desde o tempo das cavernas quando o homem passou de nômade ao sedentarismo, veio a necessidade de cultivar plantas para suprir suas necessidades, dessa forma, surgiu nova e importante atividade: a agricultura; considerada atividade do setor primário, sem ela não existiriam as atividades urbanas. Com a invenção mecânica para auxiliar e facilitar o trabalho na agricultura, cada vez mais a indústria foi se desenvolvendo e pessoas migraram pa- Hoje preocupados, os governantes correm atrás de novas formas e sistemas para recuperar o meio ambiente, sem contar o pobre do agricultor que não ganha o suficiente para sua própria sobrevivência e produz o alimento de quem o explora e dos que ganham muito sem produzir nada. Há muitos discursos e projetos que O homem não parou de inventar e são apontados como solução como: nem sempre foi para o melhor. produção orgânica e agregação de valor aos produtos, desenvolvimento Cada vez mais investiram em maqui- sustentável e menos tecnologia, sistenários e tecnologias sem dar a devida mas agro florestais produzindo por atenção aos produtores que ficaram mais tempo menos quantidade e mais em minoria, e o alimento produzido já qualidade. não garante a todos e a fome se agrava. Visando somente e cada vez mais Outros procuram coletar sem mudar o dinheiro, as invenções humanas e- muito o meio enquanto alguns, desvoluíram muito, mas o próprio ser hu- matam e plantam para ter facilidade mano não. em colher considerando o que é mais importante para eles. A produção de armas, venenos, substâncias químicas que poluem o ar, Um problema que atinge a todos mas terra e água vem causando doenças e poucos se esforçam, não entendem mortes e as máquinas que substituí- as dificuldades e simplesmente jogam ram homens fez com que sobrasse a culpa nos outros. As pessoas mais gente sem trabalho. simples e honestas, infelizmente, acreditam demais e pensam de menos Para os bem-intencionados trata-se de um resgate, para outros pode ser uma boa oportunidade, alguns se declaram até contra a tecnologia mas, quase todos moram na cidade. O fato é que precisamos da agricultura, fonte do nosso alimento, mas com qualidade e regularidade. Precisamos ter o suficiente sempre e não o melhor só de vez em quando. Para isso é preciso unir consciências e buscar caminhos de importância para todos valorizando a mão-de-obra do agricultor e procurarmos, civilizadamente, nos adaptarmos à natureza e encontrar meios para ter o que se precisa. Plantar é o meio que produz alimento gerando a energia que nos possibilita trabalhar. Portanto, energia e trabalho têm a mesma grandeza mas falta um denominador comum para resolver a questão e, ainda assim, mesmo que não seja a solução para todos, que minimize o problema do menos favorecido e resgate um pouco do nosso habitat. Genha Auga – Jornalista MTB:15.320 Alimentação e Saúde A alimentação se reflete na saúde, por isso adotar um estilo de vida saudável além de prevenir doenças, contribui para se alcançar o equilíbrio de que precisamos para nos sentirmos bem com o corpo e a mente. Esse equilíbrio envolve uma alimentação rica, variada e saborosa e a prática de atividade física regular. Os alimentos fornecem nutrientes que são as substâncias que precisamos para nutrir nosso organismo, como: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais, fibras e água. Cada um deles possui funções específi- cas e fundamentais para o seu bom ele pode ser para a sua saúde, indefuncionamento. pendente do número de calorias. As calorias dos alimentos não devem ser a única referência para a sua decisão de consumi-lo. O valor de fibras, vitaminas e minerais (informação nutricional) indicam o quão importante Esta é uma forma de garantir que toda a energia que você consumir vai trazer com ela nutrientes que enriquecem o seu corpo, mantendo, assim, a forma física e a saúde em dia. CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - PATROCÍNIOS: patrocí[email protected]: dão IBOPE e a mídia convencional busca imagem e IBOPE, pois somente assim conseguirá patrocinadores e valorizará seus espaços publicitários. BARBOSA ITO _____________________ ADVOCACIA EDERKLAY BARBOSA ITO OAB/SP 193.352 www.barbosaito.com.br Edifício Edifício Business Business Center Center RuaRua Sebastião Sebastião Humel, Humel, nº.171 nº.171 5º. Andar 5º. Andar - Sala - Sala 501501 - Centro - Centro SãoSão José José dosdos Campos Campos - SP- SP CEPCEP 12.210-200 12.210-200 TEL/FAX TEL/FAX (0XX12) (0XX12) 3942.6245 3942.6245 / Cel/ Cel 9702.8045 9702.8045 EDUCAR Uma janela para o mundo Nosso programa no ar todos os Sábados, das 20h às 22h e, o ouvinte poderá interagir com suas sugestões, críticas ou questionamentos. Conheça NOSSA Programação Educação Cultura Sustentabilidade Todos sabemos que programas sobre educação onde se abordem verdades e se discuta o assunto de forma imparcial, suprapartidariamente e com ética são raros na mídia convencional. Escute São raros porque infelizmente não Visite NOSSO Blog www.culturaonlinebr.blogspot.com CULTURAonline BRASIL CONHEÇA NOSSA PROGRAMAÇÃO Acesse e ajude a Educação no Brasil www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Em 1932, elite paulista reage à ditadura No dia 9 de julho, o estado de São Paulo comemora o aniversário do Movimento Constitucionalista de 1932. A data representa um marco importante na história do estado e do Brasil. O movimento exigiu que o país tivesse uma Constituição e fosse mais democrático. Na época, Getúlio Vargas ocupava a presidência da República devido a um golpe de Estado, aplicado após sua derrota para o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais de 1930. O período ficou conhecido como "A Era Vargas". A Revolução Constitucionalista de 1932 representa o inconformismo de São Paulo em relação à ditadura de Getúlio Vargas. Podemos dizer que o Brasil teve quase uma guerra civil. Uma das principais causas do conflito foi a ruptura da política do café-comleite - alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930). Alijada do poder, a classe dominante de São Paulo passou a exigir do governo federal maior participação. Como resposta, Getúlio Vargas não apenas se negou a dividir poder com os paulistas como ameaçou reduzir seu poder dentro do próprio estado de São Paulo, com a nomeação de um interventor não paulista para governar o estado. Os paulistas não aceitaram as arbitrariedades de Getúlio Vargas, o que levou ao O TESTAMENTO DE UM MENDIGO conflito que opôs São Pau- durante a Segunda Guerra lo ao resto do país. Mundial. Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o MMDC Pagina 04 Embora o movimento tenha nascido de reivindicações da elite paulista, ele teve ampla participação popular. Um dos motivos foi a utilização dos meios de comunicação de massa para mobilizar a população. Os jornais de São Paulo faziam campanha pela revolução, assim como as emissoras de rádio, que atingiam audiência bem maior. Vários jovens morreram na luta pela constituição. Entre eles, destacam-se quatro estudantes que representam a participação da juventude no conflito: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o célebre MMDC. O movimento marcou a vida de outros milhares de paulistanos e brasileiros. Até hoje, a história da Revolução de 32 é mal contaGovernistas da. Ou, pelo menos, é conX tada de duas formas. Há a Constitucionalistas versão dos governistas (getulistas) e a dos revoluNo dia 9 de julho, o Brasil c i o n á r i o s assistiu ao início de seu (constitucionalistas). Dumaior conflito armado, e rante muito tempo, a vertambém a maior mobiliza- são dos getulistas foi a ção popular de sua história. mais disseminada nos liHomens e mulheres - estu- vros escolares do país, dantes, políticos, industriais mas hoje, com uma maior - participaram da revolta participação dos professocontra Getúlio e o governo res na escolha do material provisório de São Paulo. didático, a história também já é contada sob a ótica O desequilíbrio entre as dos rebeldes. forças governistas e constitucionalistas era grande. O A importância do movimengoverno federal tinha o po- to é incontestável. der militar e os rebeldes contavam apenas com a Seu principal resultado foi mobilização civil. As tropas a convocação paulistas lutaram pratica- da Assembléia Nacional mente sozinhas contra o Constituinte, dois anos resto do país. As armas e mais tarde. alimentos eram fornecidos pelo próprio estado, que Mesmo assim, a Revolução mais tarde conseguiu o a- de 32 continua como um poio do Mato Grosso. dos fatos históricos do país menos analisados, tanto no Cerca de 135 mil homens tocante às causas quanto aderiram à luta, que durou em relação às suas consetrês meses e deixou quase qüências. Os livros didáti900 soldados mortos no cos ainda trazem pouco lado paulista - quase o do- sobre o tema. bro das perdas da Força Da redação Expedicionária Brasileira Agora, no fim da vida, molhou? Se eu fizer um testamento, pra quem eu vou deixar, meu chapéu todo amassado, onde escuto o tilintar das moedas que me dão, os que têm a alma boa, os que têm bom coração? E, antes que a vida me largue, pra quem é que eu vou deixar, o grande estoque que tenho das palavras "Deus lhe pague"? como mendigo que sou, me sinto preocupado, intrigado e, num momento me pergunto, embaraçado, se faço ou não testamento. Não tendo, como não tenho e nunca tive ninguém, pra quem é que eu vou deixar tudo que eu tenho: Pra quem é que vou deixar, os meus bens? Se eu fizer um testamento, pra quem é que vou deixar minhas sandálias furadas, que pisaram mil caminhos, cheias de pó das estradas, estradas por onde andei em andanças vagabundas? Pra quem é que eu vou deixar, se fizer um testamento, todas as folhas de outono que, trazidas pelo vento, vêm meus pés atapetar? Pra quem eu vou deixar minhas saudades profundas dos sonhos que não sonhei! Se fizer um testamento, minhas calças remendadas, meu céu, minhas estrelas, que não me canso de vê-las quando ao relento deitado, deixo o olhar perdido, distante, no firmamento? Se eu fizer um testamento pra quem é que vou deixar minha camisa rasgada, as águas dos rios, dos lagos, águas correntes, paradas, onde, às vezes, tomo banho? Se eu fizer um testamento, pra quem é que vou deixar, meu cajado, meu farnel, e a marca deste beijo que uma criança deixou em meu rosto perguntando se eu era Papai Noel? Pra quem é que eu vou deixar, se fizer um testamento, este pedaço de trapo que no lixo eu encontrei e que transformei em lenço para enxugar minhas lágrimas, quando fingi que chorei? Pra quem é que vou deixar, se eu fizer um testamento, os meus bandos de pardais que, ao entardecer, nas árvores, brincando de escondeesconde, procuram se divertir? Pra quem eu vou deixar, se fizer um testamento, os bancos dos meus jardins, onde durmo e onde acordo, entre rosas e jasmins? Pra quem é que vou deixar, todos os raios de luar que beijam minhas mãos quando, num canto de rua, eu as ergo em oração? Pra quem é que eu vou deixar estas folhas de jornais que uso para me cobrir? Pra quem é que vou deixar, se fizer um testamento, vaga-lumes que, em rebanhos, cercam meu corpo de noite, quando o verão é chegado? Se eu fizer um testamento pra quem vou deixar, mendigo assim como sou, todo o ouro que me dá o sol que vejo nascer quando acordo na alvorada? O sol que seca meu corpo que o orvalho da madrugada com sua carícia Se eu fizer um testamento... Testamento não farei! Sem nenhum papel passado, que papéis eu não ligo, agora estou resolvido: O que tenho deixarei, na situação em que estou, pra qualquer outro mendigo, rogando a Deus que o faça, depois que eu tiver morrido, ser tão feliz quanto eu sou. Autor: Desconhecido BARBOSA ITO _______________________ ADVOCACIA EDERKLAY BARBOSA ITO OAB/SP 193.352 www.barbosaito.com.br CULTURAonline BRASIL Edifício Business Center Rua Sebastião Humel, nº.171 5º. Andar - Sala 501 - Centro São José dos Campos - SP CEP 12.210-200 TEL/FAX (0XX12) 3942.6245 / Cel 9702.8045 Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 05 Utilidade Pública Sala de aula - maternal - Vale a pena ler de novo ! Sabemos que a Ciência Política quando é discutida nos fóruns acadêmicos possui uma amplitude restrita, porém mais focada e aprofundada. Quando sai para os gabinetes do poder, nesse longo caminho entre teoria e prática, as pessoas de mau algouro deturpam tudo e a transformam nisso que vivenciamos com muito desprezo: maracutaias, conchavos, corrupção, prepotência, etc. O intelectualismo é necessário à humanidade, mas a inteligência emocional é mais ainda. Afinal, qual a política ideal? Esta é a pergunta que colocamos. A nosso ver temos que começar a nos focar mais na raiz dos problemas. A nosso ver este é o foco. Mostrar a raiz dos problemas, na rua, nas nossas comunidades e meios e nas nossas redes sociais. A internet é uma ótima ferramenta. No entanto esta discussão deve sair dos pequenos grupos para que alcance o grande público e seus fins, por isso convido a todos para ingressarem nesta corrente global e nos juntarmos aos 1% de indignados do mundo. O Brasil merece isso. E o Brasil somos todos nós, nossas famílias e nossas comunidades. Pontos que deveriam ser debatidos. 1 – Mudanças do Código Penal 2 – Ajuste do Código Fiscal 3 – Mudanças no Código Eleitoral, responsabilizando os partidos pela necessidade de cumprimento de seus estatutos e de sua ideologia. 4 – Obrigação do partido de fiscalizar a idoneidade de seus postulantes a cargos eleitorais e co-responsabilização dos partidos pelos atos dos mesmos. 5 – FIM do Fórum especial para todo o funcionário ou ocupante de cargo público. 6 – Fim da contratação de funcionário público por qualquer outro modelo que não seja o “Concurso público” 7 – Uniformidade nos aumentos salariais concedidos a VEREADORES, DEPUTADOS, SENADORES, SECRETÁRIOS, MINISTROS, e FUNCIONÁRIOS em todos os níveis. Ajudem-nos a pressionar. Visitem nossa página: http://www.facebook.com/pages/Causa-Brasil/411160272268978 A dança educativa contribui não só para o autoconhecimento, mas também para o desenvolvimento da autonomia, da consciência corporal e do senso de cooperação. Uma dança sem adjetivos, unissex, livre dos conceitos de certo e errado, capaz de envolver alunos e ainda conectar disciplinas. Uma dança que gera autonomia corporal, desenvolvimento intelectual, cooperação ,socialização e responsabilidade.Com essa filosofia ampla, o teórico Rudolf Laban e o pedagogo Célestin Freinet estruturaram o que pode ser um feliz encontro entre movimento e aprendizagem: a dança educativa, também conhecida como dança criati- NOVO PROCON 1) Atualizem -se e estudem com seus filhos. Estimulem-nos a ter seu horário de estudo em casa. A ter disciplina. 2) Perguntem sempre: o que vocês aprenderam na escola, hoje? Seu filho (a) vai ter que prestar atenção e cumprir com as tarefas escolares para responder, isto vai ajudá-los a não participarem de confusão. 3) Dê o exemplo. Mostrem como é legal ler e estudar. Leiam o que eles lêem na escola. 4) Leiam para eles. Esse simples ato evitará a dificuldade de quem ainda está aprendendo a ler. 5) Descubram se seus filhos tem alguma dificuldade de relacionamento na escola. Incentivem- nos a ser simpáticos, fazer amigos, admirar seus professores, aprender a valorizar um profissional. 6) Vão a todas as reuniões de pais e mestres. Participem e dêem a sua opinião. 7) Informem -se sobre os problemas da escola: há professores que faltam demais? "PROCON é coisa do passado. A Revista Exame traz uma reportagem sobre um site chamado "Reclame Aqui". A ideia é que seja um mural (ESPÉCIE DE MURO DAS LAMENTAÇÕES) onde as pessoas expõem suas queixas sobre serviços ou produtos, visível a todos que acessarem o site. O interessante é que, sem burocracia, os problemas são solucionados com mais rapidez. Quando um consumidor reclama de um produto de alguma empresa, essa empresa recebe um e-mail dessa queixa. E como a empresa preza por sua imagem, ela tende a ser eficiente na solução, que será aberta ao público. O que tem dado muito certo, já que 70% dos casos são resolvidos! E o tempo médio é de menos de uma semana, diferente do PROCON que tem a média em 120 dias. Acesse: www.reclameaqui.com.br 8) Façam elogios sinceros e reconheçam o potencial de seu filho ou filha. POLÍTICA O CORPO COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM PAIS EDUCADORES va , dança expressiva ou movimento expressivo. A dança educativa é uma das propostas de dança desenvolvidas nas escolas brasileiras ,mas ainda é escolha de poucas cenário mais comum é o da oferta de dança como item opcional e pago, extracurricular, na forma de aulas de balé clássico, jazz e outras danças técnicas, com turmas formadas exclusivamente por meninas, em que sem aprende a partir da repetição dos movimentos – um formato que, para a doutora em educação e pesquisadora da PUC/SP Marta Scarpato, deveria ser trabalhado em uma academia de dança pelos que se interessam em aprofundamento do estilo. Quando se pensa em ambiente escolar, diz a pesquisadora, a dança deve fazer parte da grade curricular e en- 9) Jamais permitam que os filhos abandonem os estudos ou faltem às aulas sem precisar. 10) Acompanhem a ficha avaliativa dos filhos e comemorem os avanços! O importante é que eles se sintam valorizados. Diga não ao consumismo 11) Conversem com os dirigentes escolares e participem do Conselho Escolar. 12) Dar uma Educação de Qualidade, para cobrar uma educação de qualidade da escola, isto é papel dos pais. Não delegue á Escola sua responsabilidade. volver todos os alunos, e não apenas as meninas ou aqueles que conseguem pagar uma aula fora do horário escolar, como normalmente acontece. O objetivo da dança na escola não deve ser o aprendizado de um movimento específico ,decorar um passo, mas sim desenvolver a consciência corporal ,valorizar a expressão pessoal e estimular a aprendizagem. “A proposta da dança educativa é fazer a criança conhecer e experimentar a dança, percebendo que seu corpo é expressivo”, explica. É a descoberta do corpo. Perceber que o braço abre ou gira, que a perna dobra, que o joelho se mantém firme no caminhar, tudo isso sem precisar “ copiar” alguém, cada um atuando do seu jeito.” É uma dança livre. Meninos e meninas participam da aula e se divertem nas brincadeiras com a dan- ça para explorar o corpo. Não há certo e errado”. AUTOCONHECIMENTO Quando entram em contato com essa liberdade de movimento e expressão, diz Marta Scarpo, as mudanças são muitas e nítidas, especialmente na educação infantil. ”Há avanços na autonomia, na consciência corporal, no aprendizado em sala, no senso de cooperação.As crianças começam a se autoconhecer, a identificar suas emoções”,revela.O desenvolvimento do aluno nesse tipo de dança atinge até 14 aspectos,como cidadania,responsabilidade,comunicação, senso crítico, aprendizagem, interesse, criatividade, socialização, livre expressão, autonomia, compromisso, envolvimento, respeito e cooperação. Fonte: Revista Pateo AGOSTO 2012 Gazeta Valeparaibana Página 06 Contos “A pequena vendedora de fósforos” assobiava através das frinchas sua direção, com a faca e o garfo maiores, tapadas com palha e tra- espetados no peito! Fazia um frio terrível; caía a neve pos. Então o fósforo se apagou, deie estava quase escuro; a noite xando à sua frente apenas a paredescia: a última noite do ano. de áspera, úmida e fria. Em meio ao frio e à escuridão Acendeu outro fósforo, e se viu uma pobre menininha, de pés no sentada debaixo de uma linda árchão e cabeça descoberta, camivore de Natal. nhava pelas ruas. Autor: Hans Christian Andersen Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pezinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, Suas mãozinhas estavam duras estavam voltados para ela. A mede frio. nininha espichou a mão para os Ah! bem que um fósforo lhe faria cartões, mas nisso o fósforo apabem, se ela pudesse tirar só um gou-se. do embrulho, riscá-lo na parede e As luzes do Natal subiam mais aquecer as mãos à sua luz! altas. Ela as via como se fossem A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando. Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo. Depois disso a menininha camiestrelas no céu: uma delas caiu, nhou de pés nus - já vermelhos e Tirou um: trec! O fósforo lançou formando um longo rastilho de fofaíscas, acendeu-se. roxos de frio. go. Dentro de um velho avental carre- Era uma cálida chama luminosa; gava alguns fósforos, e um feixi- parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em nho deles na mão. concha... Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara Que luz maravilhosa! sequer um níquel. Com aquela chama acesa a meniTremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria! Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso. ninha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa. Como o fogo ardia! Como era confortável! nem fome nem preocupações subindo para Deus. Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho. O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver. A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes. Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano-Novo. Curiosidades: Esse conto nos faz refletir questões importantes como: o abandono, a miséria, a fome, a indiferen"Alguém está morrendo", pensou ça, a inveja, a exclusão. a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que É importante que pensemos nesagora estava morta, lhe dissera sas questões e no que podemos que quando uma estrela cala, ufazer para ajudar a tornar a vida ma alma subia para Deus. do nosso próximo e por consequência, a nossa melhor. Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a aQue as pequenas e os pequenos vozinha da menina apareceu clara vendedores de fósforo tenham e luminosa, muito linda e terna. histórias lindas, cheias de amor, compaixão, ajuda, carinho e felici- Vovó! - exclamou a criança. dade. - Oh! leva-me contigo! Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e fica- Sei que desaparecerás quando o ram-lhe na mão apenas os restos fósforo se apagar! do fósforo queimado. Dissipar-te-ás, como as cálidas Riscou um segundo fósforo. chamas do fogo, a comida fumeSim: nisso ela pensava! Ele ardeu, e quando a sua luz ca- gante e a grande e maravilhosa Numa esquina formada por duas iu em cheio na parede ela se tor- árvore de Natal! casas, uma das quais avançava nou transparente como um véu de E rapidamente acendeu todo o mais que a outra, a menininha fi- gaze, e a menininha pôde enxerfeixe de fósforos, pois queria reter cou sentada; levantara os pés, gar a sala do outro lado. Na mesa diante da vista sua querida vovó. mas sentia um frio ainda maior. se estendia uma toalha branca E os fósforos brilhavam com tanto como a neve e sobre ela havia um fulgor que iluminavam mais que a Não ousava voltar para casa sem brilhante serviço de jantar. luz do dia. Sua avó nunca lhe pavender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão. O ganso assado fumegava mara- recera grande e tão bela. Tornou O pai naturalmente a espancaria vilhosamente, recheado de maçãs a menininha nos braços, e ambas e, além disso, em casa fazia frio, e ameixas pretas. Ainda mais ma- voaram em luminosidade e alegria pois nada tinham como abrigo, ravilhoso era ver o ganso saltar da acima da terra, subindo cada vez exceto um telhado onde o vento travessa e sair bamboleando em mais alto para onde não havia frio Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo. Sugerimos algumas atividades para trabalhar esse lindo conto: - Fazer um mural com recortes de jornais e revistas que retratem situações semelhantes às vividas pelo personagem do conto e discuti-las em classe, - Propor a produção de um final feliz para o conto, - Trabalhar o Estatuto da Criança e do Adolescente, - Promover uma campanha de agasalhos e alimentos para alguma comunidade próxima. Cancioneiro Popular Contar histórias Não há quem resista a boas histórias. Nas páginas dos livros, dos jornais e das revistas, na tela do computador e na televisão, narradas presencialmente ou transmitidas pelo rádio... Seja lá onde e como aparecem, elas encantam, amedrontam, fazem rir ou chorar, assustam e são capazes de levar, ainda que em pensamento, até a lugares distantes pessoas de qualquer idade, especialmente as crianças. Na pré-escola, elas fazem parte da rotina de duas maneiras: leitura e contação. Além de proporcionar aos pequenos o contato com o mundo dos livros, os momentos de leitura os levam a compreender que a escrita é uma maneira de fixar o texto. Afinal, todas as vezes em que se lê um conto de fadas ou uma fábula, por exemplo, a história é a mesma, está registrada. A contação, por sua vez, explicita o valor da cultura oral. Por serem transmitidas de geração para geração, sem um suporte concreto, as narrativas sofrem diversas transformações. Os saberes construídos e as habilidades desenvolvidas durante essas duas atividades não se encerram com esses exemplos. Tanto a contação quanto a leitura são um convite para explorar o mundo da ficção e a riqueza da linguagem literária. Ler e contar histórias, porém, não é a mesma coisa - embora possa parecer à primeira vista, principalmente se as atenções estiverem voltadas só para o enredo. "As práticas têm particularidades no que diz respeito aos objetivos e à postura de quem apresenta a trama" Da redação AGOSTO 2012 Gazeta Valeparaibana Página 07 Anita Garibaldi Quando foi levada à presença do coronel Melo Albuquerque, prisioneira, Anita estava "mal vestida e desgrenhada, com a voz embargada pelo ardor da peleja e por se ter afastado do marido. Sofria horrivelmente sem o demonstrar,porém, com gestos e palavras", contou 20 anos depois a jovens alunos cadetes o próprio Albuquerque. "Nossa atitude diante dela era de admiração, pois jamais havíamos imaginado encontrar uma mulher tão valorosa, catarinense, compatriota nossa, dando ao mundo tão sublime prova de valor e intrepidez", complementou o coronel. lares que parecem destinados a escorar o céu e que são as colunas de um suntuoso templo da natureza, cujas lacunas povoam-se de gigantescos canaviais e onde fervilham animais e répteis cuja picada é fatal - poderá aquilatar os perigos que ela teve de correr e as dificuldades que teve de superar", contou Garibaldi. Entre os autores que descrevem esse momento da vida de Anita, o mais objetivo é Wolfgang Rau. Em algum ponto ela furtou o cavalo de um miliciano, com o qual prosseguiu a fuga, enfrentando diversos obstáculos, como o da travessia do rio Canoas, chegando a Lages. "Quatro cavaleiros, postados na passagem do rio Canoas, esquivaram-se à visão daquele vulto, despenhando-se atrás das moitas da riba. Enquanto isso, Anita alcançava a beira da torrente. A torrente, transbordada pelas chuvas, duplicada pelos ribeiros descendentes das montanhas, transformara-se num Anita só pensava em Garibaldi. "Ela acreditava- rio", narra Garibaldi. me morto", assinala o italiano. "Movida por essa ideia, rogou e obteve a permissão para ir procurar "Conta-se que quando chegou ao passo dos cabao meu corpo entre os cadáveres no campo de ba- çais no rio Canoas, ao escurecer, deparou com talha." Durante muito tempo ela vagou pela região quatro guardas que, surpreendidos por aquele vulonde havia sido travada a batalha, "volvendo entre to de mulher, de cabelos soltos, com um pala os mortos aqueles que haviam tombado com o branco esvoaçante, àquela hora, montada em perosto contra o solo, como aqueles que, em suas lo, tomaram-na por uma assombração e fugiram, vestes ou em suas estaturas, ela encontrava se- espavoridos para o mato", descreve o escritor Limelhança comigo". Quando teve certeza que Gari- curgo Costa. baldi não estava morto, tratou de fugir. Aproveitando-se de um temporal, segundo alguns autores, "À noitinha do dia seguinte, exausta, desgrenhaou de uma embriaguez coletiva, segundo outros, da, faminta", conta o mesmo autor, "chegou a um ou das duas circunstâncias, Anita esgueirou-se rancho situado no lugar onde muitos anos mais pelo acampamento inimigo e fugiu, auxiliada por tarde foi criada a sede do primitivo distrito de Coruma mulher. reia Pinto, distante uns 20 quilômetros da vila de Lages. Ali vivia com esposa, filhos e uma cunhada Uma vez livre, embrenhou-se na mata, sozinha, solteira um farroupilha vindo do Rio Grande do evitando os caminhos mais movimentados. "Só Sul, foragido, de nome Correia". Francisco Correiquem viu aquelas vastas florestas que envolvem a, filho desse farroupilha, contava essa passagem os cimos do Espinilho - com os seus pinhos secu- "com cores novelescas, comentários à margem e vários 'suspenses’. Correia costumava começar dizendo que "já estava bem escuro quando ela bateu à porta. O pai estava ausente e a mãe e a tia se sobressaltaram, ninguém as procurava de noite e era tempo de revolução, ademais. Com grande cautela entreabriram a janela. Um vulto vestido de homem, desgrenhado, pediu pousada. Respondeu a tia que era a mais velha, que só tinham duas camas", ao que, dizia o Chico Correia, Anita afirmou "que não fazia mal, que dormiria com ela. Indignada, porém, com receio daquela figura bizarra, que não conseguia divisar bem, retrucou-lhe que era uma senhora de bem e que não devia ser ofendida por uma pessoa a quem estava atendendo com tanta consideração". Acontece então a famosa cena em que Anita, "abrindo a camisa, mostra seus exuberantes seios para provar que era mulher". Anita tinha uma voz bonita, "nem fina nem grossa, um tom meio rouco. Mas esclarecia que não era voz de homem, porém parecida. Daí também ser confundida, pelas senhoras, com um homem", explica Licurgo.. Anita seguiu em frente. Os que pesquisaram a vida da heroína lagunense divergem em relação ao local do reencontro com Garibaldi. Um falam em Vacaria, no Rio Grande do Sul, outros que isso ocorreu em Lages, Santa Catarina. O fato é que, quando Anita localizou os farroupilhas, Teixeira Nunes teria perguntado como ela conseguira chegar até ali, ao que ela respondeu: "Vim vindo, coronel!" Anita Garibaldi foi a personalidade feminina escolhida para marcar o 15º aniversário da Federação das Mulheres Gaúchas (FMG), comemorado em julho de 1997. Autor: Celso Martins Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 8 Rondônia (RO) ços amazônicos da população nativa nas cidades banhadas por grandes rios, sobretudo em Porto Velho e Guajará-Mirim, as duas cidades mais antigas do estado. O Estado de Rondônia situa-se na região Norte, tendo como limites o Amazonas ao norte, Mato Grosso a leste, Bolívia ao sul e oeste e o Acre a oeste. Em 1956, com uma economia baseada na exploração de borracha e de castanha-do-pará, seu território passou a se chamar Território Federal de Rondônia, em homenagem ao militar e sertanista Marechal Rondon. Com o crescimento da sua economia e do seu povoamento, o Território passou à condição de Estado a partir de 1981. A economia de Rondônia é baseada na agricultura e no extrativismo da madeira, de minérios e da borracha. O clima do estado é equatorial. Rondônia é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Norte e tem como limites os estados do Mato Grosso (a leste),Amazonas (ao norte), Acre (a oeste) e a República da Bolívia (a oeste e sul). O estado possui 52 municípios ocupando uma área de 237.576,167 quilômetros quadrados, sendo aproximadamente cinco vezes maior que a Croácia, e mais de duas vezes maior que a Bulgária. Sua capital e maior município é Porto Velho. Rondônia é o 3º estado mais rico da região Norte, responsável por 12,4% do PIB da região. Apesar de ser um estado jovem (criado em 1982), possui o 3º maior Índice de Desenvolvimento Humano, o 2º maior PIB per capita, a 2ª menor taxa de mortalidade infantil, a 3ª menor taxa de analfabetismo entre todos os e s t a d o s d a s r e g i ões Norte e Nordeste do país e a 4ª maior teledensidade do Brasil. delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela 2ª Seção brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos Delegados brasileiros e bolivianos. Continuando a descrição diz “Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira”. Em1878 e 1879, houve troca de Notas da Chancelaria boliviana com a Embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a "Carta Geral", conforme ajustado na Em2009, com um crescimento de 7ª Conferência da Comissão Mista. 7,3%, o estado apresentou o maior crescimento do PIB entre todos os O estabelecimento definitivo do antiestados brasileiros. Rondônia tam- go território do Acre, em 1903, deu bém possui a 8ª melhor distribuição i m p u l s o a o d e s envo l vi m e n t o de renda e a 4ª menor incidência de da região, pois o Tratado de Petrópopobreza de todo o Brasil, além lis obriga o Brasil a construir do melhor desempenho na avaliação a ferrovia Madeira-Mamoré. do PISA 2009, entre todos os estaA rede telegráfica estabelecida pelo dos das regiões norte e nordeste. marechal Cândido Rondon foi outro O relevo é suavemente ondulado; importante fator que contribuiu para a 94% do território encontra-se entre integração do extremo oeste brasileias altitudes de 100 e 600 metros aci- ro. ma do nível do mar. Madeira, JiParaná, Guaporé e Mamoré são os Em 1943 foi constituído o Território rios principais. O clima é equatorial e Federal de Guaporé, com capital a economia é baseada na pecuária e em Porto Velho, com o desmembrana agricultura, destacando-se, o ca- mento de parte de Mato Grosso e fé, cacau, arroz, mandioca, milho e do Amazonas. no extrativismo da madeira, A intenção era apoiar de maneira mais direta a ocupação e o desenvolde minérios e da borracha. vimento da área. Em 1956, o território passou a se chamar Rondônia. ETIMOLOGIA O antigo território do Guaporé, criado pelo decreto-lei nº 5.812, de 13 de setembro de 1943, passou a se chamar Rondônia desde 17 de fevereiro de 1956, em homenagem ao sertanista brasileiro Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), desbravador da região, Guaporé, rio entre o Brasil e a Bolívia. Segundo o naturalista alemão von Martius (17941868), o tupi wa "campo" e poré "catarata", isto é, "cachoeira do campo, rio campestre". Como em muitos casos da geonímia, o nome Guaporé designou inicialmente o rio, passando em seguida a se referir à região. HISTÓRIA Outras cidades importantes: Ariquemes, Cacoal, Espigão do Oeste,Guajará-Mirim, Jaru,Vilhena Ji- O s c o l o n i z a d o r e s p o r t u g u e ses começaram a percorrer o territóParaná e Rolim de Moura. rio do atual estado de Rondônia Com 1.576.423 habitantes, Rondônia no século XVII. Mas somente no séé o 3º estado mais populoso e o mais culo seguinte, com a descoberta e a denso da região Norte, sendo o 23º exploração de ouro em Goiás e Mato mais populoso do Brasil. Grosso, aumentou o interesse pelas A população rondoniense é uma das terras daquela região. Em 1776, a mais diversificadas do Brasil, com- construção do Forte Príncipe da Beiposta de migrantes oriundos de todas ra, às margens do rio Guaporé, estias regiões do país, dentre os quais mulou a implantação dos primeiros, destacam-se os paranaenses, paulis- núcleos coloniais, que só prosperatas, mineiros, gaúchos, capixabas, ram no fim do século XIX, com a arbaianos e matogrossenses (cuja pre- rancada da exploração da borracha. sença é marcante nas cidades do interior do estado), além de cearen- Em abril de 1878, em função ses, maranhenses, amazonenses e do Tratado de Ayacucho, foram enviacreanos, que fixaram-se na capital, adas para Corumbá (MS) as "Plantas preservando-se ainda os fortes tra- Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré", sendo que a cartografia para Até a década de 1960, a economia se resumia à extração de borracha e de castanha-do-pará. O crescimento acelerado só começou a ocorrer, de fato, a partir dos anos 1960 e 1970. do Banco Mundial, o corredor tem área de 23 milhões de hectares quase o tamanho do estado de São Paulo. A medida objetiva preservar as subbacias hidrográficas da bacia Amazônica, além de ajudar a proteger espécies animais e vegetais endêmicas. CLIMA, HIDROGRAFIA E VEGETAÇÃO Predomina em Rondônia o clima tropical úmido com estação seca pouco marcada. A pluviosidade varia de 1.900mm, no sul, a 2.500mm, no norte. A temperatura mantém-se elevada durante todo o transcorrer do ano, com médias anuais superiores a 26° C. Todos os rios do estado pertencem à bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. O chapadão forma o divisor de águas entre os rios que correm diretamente para o Madeira, localizados na parte oriental do estado, e os da região ocidental, que correm para o Mamoré e o Guaporé. Cerca de setenta por cento da superfície de Rondônia é recoberta pela floresta pluvial amazônica. Os restantes trinta por cento correspondem a cerrados e cerradões que revestem a superfície tabular do chapadão. No entanto, causa preocupação o desmatamento, que se acelerou em meados da década de 1980, para a exploração de minérios. Os incentivos fiscais aos empreendimentos privados e os investimentos do governo federal, bem como os projetos de construção de rodovias e de implantação de núcleos de colonização, estimularam a migração, em Ecologia grande parte originária do CentroSul. Com o objetivo de proteger a natureza e garantir a preservação ambienAlém disso, o acesso fácil à terra boa tal de extensas áreas não habitadas, e barata atraiu empresários interes- o Governo Federal passou a criar sados em investir na agropecuária e parques e reservas naturais na regina indústria madeireira Nessa época, ão Amazônica. também, foi importante para o desenv o l v i m e n t o a d e s c o b e r t a O Parque Nacional de Pacaás Node ouro e de cassiterita que também vos foi criado em 1979 e ocupa área veio a contribuir para o aumento po- de 765.000 hectares. pulacional. Na fronteira com o Estado de Mato Entre as décadas de 1960 e 1980, o Grosso às margens do rio Ji-Paraná, número de habitantes cresceu mais encontra-se a Reserva Biológica Nade sete vezes, passando de 70 mil cional do Jaru, com área de 268.150 para 500 mil. hectares, também criada em 1979. Rondônia foi elevada à condição de estado em 1981, mas a redução de investimentos, o esgotamento prematuro das melhores terras para a agropecuária e a devastação florestal dificultam seu desenvolvimento econômico e causam sérios problemas sociais e ambientais. Para conter o desflorestamento, foi criado, em 2001, na fronteira com a Bolívia, um corredor ecológico binacional. Com financiamento inicial Na região sul do Estado encontra-se a Reserva Natural do Guaporé, que cobre uma área de 600.000 hectares. Existe ainda no Estado a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto e a Reserva Ecológica Nacional Ouro Preto do Oeste, com área de 138 hectares, no Município de Ouro Preto do Oeste, região sudoeste do Estado. Fontes: Só Geografia e Wikipédia Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 9 Política na Escola CIÊNCIA POLÍTICA NA SALA DE AULA. As eleições estão se aproximando. E como acontece em todo ano eleitoral, temos várias promessas, várias propostas, várias propagandas, outdoors, santinhos, panfletos, carros de som, reuniões de bairro, escritórios políticos que se abrem pelos bairros, enfim, todo ano eleitoral se repete a história. A população, por sua vez, e mais uma vez, não sabe em quem votar. Não sabe para que votar. Não sabe qual é a função de um vereador, deputado, senador ou presidente. Durante o processo eleitoral as promessas se misturam, as funções se misturam. A população, de uma maneira geral, não sabe qual é a diferença entre o poder executivo, legislativo e judiciário. O que faz um deputado federal ou estadual, um vereador ou um prefeito, depois que é eleito? Menos ainda, sabem o que fazem as comissões parlamentares como a comissão de ética, comissão de meio ambiente, comissão de justiça, comissão de educação, a função de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) etc. E quais seriam as funções do poder legislativo, o que pode e deve fazer sobre os assuntos de interesse da população? O que o poder executivo pode e deve fazer sobre esses assuntos? Porque a população não sabe quais são essas funções? Por que a população não tem clareza sobre esses assuntos? E por que isso não é ensinado nas escolas? Por que O fato de defendermos a criaas escolas não recebem materiais ção de uma disciplina se faz pelo modidáticos sobre esses assuntos? Qual tivo das disciplinas de Geografia, Hisé a real função de uma eleição? tória, Filosofia e Sociologia, não conPor que nunca houve esse templarem os conteúdos que abordainteresse (ou se houve) por que não mos acima. Essas disciplinas têm saocorreu a concretização em se ter beres e ferramentas próprias dessas uma disciplina específica na escola ciências, portanto, não entram em que ensinasse o que é a democracia, uma discussão específica sobre Ciêno que é o parlamentarismo, o que é o cia Política. presidencialismo, como se constrói Acreditamos que não adianta uma legislação, como se da uma elei- colocar como temas obrigatórios, ou ção e para que serve os representan- temas transversais, como é com o tes de bairro, o que é um decreto, o ensino de cultura afro-brasileira (Lei que é uma resolução, o que é uma Nº 10.639/2003), a educação ambienconstituição, o que é uma lei e como tal (Lei Nº 9.795/1999) ou o ensino de ela é criada e modificada através das música nas escolas de educação báemendas parlamentares? Por que sica (Lei Nº11.796/2008), pois muitas nunca se ensinou sobre isso? Existe vezes são negligenciados pelas discialgum interesse em não promover tal plinas porque não fazem parte de um discussão nas escolas? Será que e- componente curricular específico. Os xiste medo que a população tenha a temas transversais sempre entram no real consciência das instituições polí- segundo, terceiro ou quarto plano, ticas e comecem realmente a exercer por isso reiteramos a necessidade de seus deveres sobre a vida pública? uma disciplina que trate da Ciência Imaginem se ensinassem nas escolas Política enquanto promotora da cidaa Constituição da República Federati- dania e da clareza pela população va do Brasil? pelas instituições públicas. É por isso que nós estamos lançando essa campanha para que haja a obrigatoriedade da disciplina “Ciência Política” nas escolas a partir do Ensino Fundamental II até o Ensino Médio. Ainda que no Ensino Fundamental I seja preciso trabalhar com esse tema, porém sem que haja a obrigatoriedade deste componente curricular que ora propomos. No Ensino Fundamental I é importante que as ações promovidas com as crianças sejam com a intenção de se fazer compreender os conceitos de normas, regras, condutas, participação e solidariedade; para que quando chegarem no Ensino Fundamental II tenham o auxílio das disciplinas de Ciências, História e Geografia para que possam juntar esses conceitos com a participação na vida pública. O parágrafo único do Artigo 1º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 diz que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”, pois bem, que poder é esse e quais representantes são esses de uma população que nunca aprendeu para que tudo isso serve? Pela história da educação e pela história do Brasil, a escola nunca formou uma Sociedade de Direito, mas sim uma sociedade de privilégios. Vimos cotidianamente diversos abastados burlarem a legislação, por conta das brechas deixadas justamente para este fim. Vimos privilégios daqueles que têm bolsas, vales, brindes e que realmente não recebem seus direitos e muito menos exercem seus deve- res. Novamente caímos no lugar comum, num velho clichê: “A quem interessa isso tudo”? Essa é a pergunta que mais temos feito ultimamente. A resposta parece óbvia, aliás, é óbvia. Isso interessa aos maus políticos, àqueles que sem dúvida alguma se beneficiam da ignorância do povo. É como enganar uma criança dando-lhe brinquedos ou doces para que ela faça o que se pretende. Neste caso, as benesses já citadas. Já é tempo deste país acordar do berço esplêndido em que se encontra adormecido por séculos! É preciso darmos aos nossos netos um país de verdade, um país sério. É necessário ensinar agora, para colhermos os frutos daqui a 10 ou 20 anos. Quem sabe então teremos políticos mais engajados com o verdadeiro sentido da palavra “servidor público”. Em tempo: Criamos um fórum de discussão no Facebook para discutir sobre esse assunto e gerar um documento que será levado para petição pública e encaminhado ao Congresso Nacional sugerindo a criação da disciplina de Ciência Política na escola básica. Fique a vontade para participar, opinar, criticar e discutir. O endereço é: https://www.facebook.com/ groups/448893698465724/ Ivan Claudio Guedes Geógrafo e Pedagogo. Vice-Diretor de escola da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Professor do curso de Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo. [email protected] Omar de Camargo Técnico Químico; Professor em Química; PósGraduado em Química [email protected] Ambos apresentam o Programa E Agora José? Aos domingos das 18h as 20h na CULTURAonline BRASIL Política, ética e moral A ÉTICA, A MORAL ea POLÍTICA Os tempos difíceis que estamos vivendo nos deixam confusos com relação ao certo e ao errado, à moral e à ética, e não raras vezes, nos parece que o errado é que está certo. Pelo conceito de moral que nossos pais nos transmitiram fica confuso para o cidadão comum,o indivíduo,entender determinadas ações dos nossos governantes , ações estas, discutíveis, dentro da nossa concepção do que é certo. O político visa o coletivo, a governabilidade, o bem-comum e , visto por esse ângulo, não precisa ser ético ou moralista, mas, fazer de tudo para manter o Estado funcionando.” Os fins justificam os meios”. Visto desta maneira nos parece correto sacrificar um amigo de trinta anos - o senador Mercadante - tirando-lhe o fôlego político, a autoridade de líder, em troca do Sarney, um defunto incômodo, que pesa demais para ser carregado,mas,por trás dele, tem o maior partido político do país, dono de “gado e gente”, além dos preciosos trinta minutos de TV; como já escrevi anteriormente, para um presidente bem avaliado e com um apoio popular tão grande, qualquer candidato que ele apoiar tendo um espaço tão grande para argumentar, será imbatível. soberanas.Então,votos são trocados por telhas, comida, transporte,dentaduras, coisas comezinhas, porém, mais próxima da necessidade dos cidadãos, que, nesta troca, não sabem que estão entregando o futuro do seu país e da sua gente por ninharias, em vez de exigir escolas decentes, saúde compatível com as necessidades de todos e mais , estradas, segurança, e uma presença mais sólida no contexto mundial, como um país mais justo e eficiente. O que verdadeiramente me deixa intrigado é que esses populares se mobilizam, se manifestam, basta ver a presença nos shows de artistas populares e, principalmente, nos estádios de futebol quando torcem, aplaudem, xingam, ameaçam, derrubam muros e lutam nas ruas, por suas paixões. tão confusas quanto ao que são valores e ao que é ético, deveriam ser sim de certa forma serem chamadas as repensarem sobre os seus valores, sobre o que as afeta na sua vida em seu dia a dia e como isso vai se refletir em seu futuro. Isto porque acredito que direitos e deveres e para isso existem as Leis, de nada adiantam se na verdade não forem levadas ao pé da letra pela sociedade e pelas instituições. Assim, não adiantará nada discutir política na escola se o cidadão não for devidamente informado que cabe a si mesmo fazer com que se cumpra o que foi escrito e que cabe a cada um ser um exemplo a ser mostrado e o dever de exercer a sua cidadania. A sociedade tem que começar a entender a farsa da democracia, que é mostrada para nós como o melhor dos regimes; talvez seja o menos pior. A Democracia é composta e solidiPor um povo cidadão e por um ficada por parlamentares que lá che- Porque não agem assim para depaís de patriotas e não de garam pelo voto popular, a maior ar- fenderem interesses mais justos? torcedores. ma de que dispõe o povo e a mais letal! Pena que não é usada com Por isso acredito que além de assun- Filipe de Sousa consciência,sobretudo num país onde tos políticos nossas crianças, a gran- Jornalista e Educador a pobreza e a ignorância imperam de maioria delas desprovidas ou en- Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 10 Direitos do cidadão Direitos Humanos Os Intelectuais e a Questão Negra no Brasil sua formação baseada na escravidão, foi onde surgiram as praticas racistas que ainda hoje continuam a existir. Abordar a questão étnico-racial não é tarefa fácil. O racismo já foi mais escancarado, mais aberto, hoje em dia ele está mais camuflado, escondido, mas não há dúvida que continua a existir, é o racismo institucionalizado. Esse tipo de racismo se apresenta através do preconceito, do comporAbordar a questão étnico-racial não tamento, das atitudes que colocam os é tarefa fácil. O racismo já foi mais negros em desvantagens em relação escancarado, mais aberto, hoje em aos brancos. dia ele está mais camuflado, escondido, mas não há dúvida que continua O racismo está presente na sociea existir, é o racismo institucionaliza- dade brasileira de forma óbvia, o rado. Esse tipo de racismo se apresen- cismo institucional aparece de várias ta através do preconceito, do compor- formas, uma delas é como determinatamento, das atitudes que colocam os dos grupos são tratados de forma dinegros em desvantagens em relação ferenciada por instituições públicas e aos brancos. privadas somente por causa de suas características culturais , físicas e de O racismo está presente na socie- cor. Na verdade este racismo está dade brasileira de forma óbvia, o ra- embutido em nossa sociedade, tão cismo institucional aparece de várias mascarado que temos a sensação formas, uma delas é como determina- que aqui quase não existe preconceidos grupos são tratados de forma di- to. E devemos falar também do racisferenciada por instituições públicas e mo invertido, que ao contrário do ouprivadas somente por causa de suas tro tipo de racismo difere desse por características culturais , físicas e de ser uma reação a discriminação dos cor. brancos. Na verdade este racismo está embutido em nossa sociedade, tão mascarado que temos a sensação que aqui quase não existe preconceito. E devemos falar também do racismo invertido, que ao contrário do outro tipo de racismo difere desse por ser uma reação a discriminação dos brancos. As desigualdades raciais e de gênero são históricas, envolvem inferioridade e superioridade entre grupos, decorrem muito da escravidão, onde os negros eram tratados como coisas, objetos, sem direitos, propriedade dos homens brancos, existindo apenas para servi-los. Não dá para negar que a raça é um fator de desigualdade, embora se tente camuflar esse fator, negando-se a importância da raça. O Brasil teve a As desigualdades raciais e de gênero são históricas, envolvem inferioridade e superioridade entre grupos, decorrem muito da escravidão, onde os negros eram tratados como coisas, objetos, sem direitos, propriedade dos homens brancos, existindo apenas para servi-los. Não dá para negar que a raça é um fator de desigualdade, embora se tente camuflar esse fator, negando-se a importância da raça. O Brasil teve a sua formação baseada na escravidão, foi onde surgiram as praticas racistas que ainda hoje continuam a existir. O preconceito racial se solidifica, interioriza-se por gerações, as transformações sociais, a era tecnológica e todo o progresso da humanidade, não são capazes de eliminá-lo. Talvez o preconceito seja algo inerente ao ser humano e prevalece até hoje porque encontra eco, nos teóricos e nos escritos sobre o assunto. Ele continua latente, resistente e nos deparamos com ele a todo o momento. A teoria de Darwin assumiu várias formas e interpretações ao longo do tempo, e no Brasil também ocorreu esse fenômeno, indivíduos e grupos se apropriaram do conceito da teoria evolutiva. justificar seus domínios sobre outro povos, considerados inferiores e atrasados, aumentando assim o preconceito principalmente contra os povos asiáticos e africanos. A teoria Darwinista acabou distorcida e convertida em ideias que justificavam a superioridade de alguns segmentos da sociedade em detrimento de outros, por exemplo, ricos superiores a pobres, brancos superiores a negros, o mais forte superior ao mais fraco, uma interpretação que serviu como base para o racismo e o preconceito se espalharem e infelizmente influenciaAs novas teorias surgiram no Bra- rem o pensamento de grande parte sil em uma época importante da nos- da população. sa história, na época da criação da lei do ventre livre, indicando que o camiUma das provas de que se queria nho do futuro seria com negros livres, o branqueamento da população foi a mas um futuro que não havia pensa- imigração de europeus para o nosso do em como inserir esses homens na país, recebiam incentivos para vir pra sociedade, como aproveitá-los, afinal cá, imaginava-se que com o passar a que lugar eles pertenciam? dos anos eles conseguiriam branquear a população. As ideias ficam no O Brasil estava se tornando um inconsciente coletivo, fazem parte da país miscigenado e se o branco era, nossa história. segundo essas teorias, superior ao negro e ao índio, isso acabaria sendo Não dá para negar que todas esum problema porque tornaria a raça sas idéias e teorias influenciaram, e impura, degenerada, o que não era muito, a questão do preconceito racial bom para o progresso da nação, essa nos dias de hoje, fomentaram o ódio era uma teoria defendida por alguns e a violência, em todos os tipos de cientistas e teóricos. Podemos dizer racismo existentes. Como foi falado que a teoria da evolução de Darwin anteriormente o racismo existe de abre caminhos para que se construa forma velada, mais camuflada, mas uma nova imagem de miscigenação. ainda existe, o negro sempre foi marA partir dessa teoria evolucionista sa- ginalizado e tratado como ser inferior, lientou-se a ideia de que as raças hu- a disparidade social e econômica manas estavam em constante evolu- que existe em relação ao negro só ção, não estavam estagnadas. serve para confirmar, o quão distante ainda estamos de uma sociedade liPartindo desse olhar, acabaría- vre de preconceitos. mos por ter uma raça que cada vez mais iria embranquecer, pois a raça Mariene Hildebrando de Freitas branca era superior, assim acontece- Advogada, professora e especialista em Direiria o branqueamento natural da popu- tos Humanos Email: [email protected] lação. Não há dúvida de que o Darwinismo social surgiu para tentar explicar a superioridade de uma raça em relação a outra, essa tese inclusive foi usada por muitos governantes para CULTURAonline BRASIL O programa do Prof. Antônio Carlos EDUCAR Quintas-Feiras-20h às 22h Mais um BLOG retransmitindo Nossa Programação http://carlos-geografia.blogspot.com.br Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 11 Cultura Brasileira AFRICANIDADE 1 Durante quase quatro séculos, negros africanos foram caçados e levados ao Brasil para trabalhar como escravos. Separados para sempre de suas famílias, de seu povo, do seu solo (de fato apenas alguns poucos conseguiram retornar depois da abolição da escravidão), os africanos foram aos poucos se adaptando a uma nova língua, novos costumes, novo país. Foram se misturando com os brancos europeus colonizadores e com os índios da terra, formando a população brasileira e sua cultura. Como aconteceu em outros países da América, a contribuição dos africanos na formação do Brasil foi essencial tanto na composição física da população quanto na conformação do que viria a ser sua cultura, que inclui dimensões como língua, culinária, religião, música, estética, valores sociais e estruturas mentais. Muitos foram os povos africanos representados na formação brasileira, os quais podem ser classificados em dois grandes grupos lingüísticos: os sudaneses e os bantos. As diferentes etnias chegaram ao Brasil em distintos momentos, predominando os bantos até o século XVIII e depois os sudaneses, sempre ao sabor da demanda por mão-de-obra escrava que variava de região para região, de acordo com os diferentes ciclos econômicos de nossa história, e do que se passava na África em termos do domínio colonial europeu. Nas últimas décadas do regime escravista, os sudaneses iorubás eram predominantes na população negra de Salvador, a ponto de sua língua funcionar como uma espécie de língua geral para todos os africanos ali residentes, inclusive bantos. Nesse período, a população negra, formada de escravos, negros libertos e seus descendentes, conheceu melhores possibilidades de integração entre si, com maior liberdade de moAFRICANIDADE 2 “Para os autores “não existe Brasil sem a África e, portanto não existe identidade nacional sem a cultura afro-brasileira”. Para os autores os currículos escolares sempre negaram a colaboração de africanos, africanas e descendentes na formação da cultura e do povo brasileiro reduzindo essa colaboração ao passado escravista e ao mundo da música, da dança, da culinária e, no máximo, da religião. Os negros vinham da África trazendo seus objetos, hábitos, textos orais e escritos, rituais, jogos, folguedos, histórias: um patrimônio cultural material e imaterial. Trouxeram lembranças e vimento e maior capacidade de organização. O cativo já não estava preso ao domicílio do senhor, trabalhava para clientes como escravo de ganho, e não morava mais nas senzalas isoladas nas grandes plantações do interior, mas se agregava em residências coletivas concentradas em bairros urbanos próximos de seu mercado de trabalho. Foi quando se criou no Brasil, num momento em que tradições e línguas estavam vivas em razão de chegada recente, o que talvez seja a reconstituição cultural mais bem acabada do negro no Brasil, capaz de preservar-se até os dias de hoje: a religião afro-brasileira. E como parte integrante do culto, e ao mesmo tempo como elemento constitutivo do cotidiano do negro, preservou-se no Brasil um dos mais ricos filões culturais da África: a música, mais especificamente, a música religiosa, com seus ritmos, instrumentos e formas de composição poética. Assim, em diversas cidades brasileiras da segunda metade do século XIX, surgiram grupos organizados que recriavam no Brasil cultos religiosos que reproduziam não somente a religião africana, mas também outros aspectos da sua cultura na África. Nascia a religião afro-brasileira dos orixás, voduns e inquices, chamada candomblé primeiro na Bahia e depois pelo país afora, tendo também recebido nomes locais, como xangô em Pernambuco, tambor-de-mina no Maranhão, batuque no Rio Grande do Sul. Entoaram letras em língua ritual de origem banta, hoje muito deturpada e misturada com palavras do português, soando os tambores com as palmas das mãos e dedos, enquanto os iorubás e fons-descendentes o fazem com varetas, os candomblés angola e congo, como são chamados os templos bantos, cantam um tipo de música que soa muito familiar aos ouvidos dos não-iniciados. Pois foi justamente da música sacra desse candomblé banto que mais tarde se formou, no plano da cultura profana do Rio de Janeiro, um gênero de música popular que veio a ser uma importante fonte da identidade nacional brasileira nos decisivos anos 30 do século XX: o samba. Por muito tempo o candomblé e as outras formas regionais de culto afrobrasileiro permaneceram mais ou menos confinados a seus locais de origem. Mas logo no início, com o fim da escravidão, muitos negros haviam migrado da Bahia para o Rio de Janeiro, levando consigo sua religião de orixás, de modo que na então capital do país reproduziu-se um vigoroso candomblé de origem baiana, que se misturou com formas de religiosidade negra locais, todas com influências de sincretismos católicos, e com o espiritismo kardecista, originando-se a chamada macumba carioca e pouco mais tarde, nos anos 20 e 30 do século passado, a umbanda. dias do Sudeste elegeu novo fluxo em direção a Salvador e demais pontos do Nordeste. O candomblé se esparramou muito rapidamente por todo o país, deixando de ser um religião exclusiva de negros, a música baiana de inspiração negra fez-se consumo nacional, a comida baiana, nada mais que comida votiva dos terreiros, foi para todas a mesas, e assim por diante. Iase completando, agora de modo escancarado, uma retomada da influências africanas na cultura brasileira, a partir dos terreiros de candomblé, que lá pelos anos 20 e 30 já tinha dado à luz, sem dizer exatamente de onde vinha, a música popular brasileira considerada a mais legítima. SOU NEGRO A Dione Silva Sou Negro meus avós foram queimados pelo sol da África minh'alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs Contaram-me que meus avós vieram de Loanda como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo e fundaram o primeiro Maracatu. Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi Era valente como quê Na capoeira ou na faca escreveu não leu o pau comeu Não foi um pai João humilde e manso Mesmo vovó não foi de brincadeira Na guerra dos Malês ela se destacou Na minh'alma ficou o samba o batuque o bamboleio e o desejo de libertação... A umbanda e o samba constituíramse mais ou menos na mesma época, ambos frutos do mesmo processo de valorização da mestiçagem que caracterizou aqueles anos e de construOs principais criadores dessas religi- ção de uma identidade mestiça para ões foram negros das nações iorubás o Brasil. ou nagôs, especialmente os provenientes de Oió, Lagos, Queto, Ijexá, No Brasil verificou-se um grande reAbeocutá e Iquiti, e os das nações torno à Bahia, com a redescoberta de fons ou jejes, sobretudo os mahis e seus ritmos, seus sabores culinários os daomeanos. e toda a cultura dos candomblés. As Floresceram na Bahia, em Pernam- artes brasileiras em geral (música, buco, Alagoas, Maranhão, Rio Gran- cinema, teatro, dança, literatura, ar(Solano Trindade) de do Sul e, secundariamente, no Rio tes plásticas) ganharam novas referências, o turismo das classes méde Janeiro. saberes com suas religiões, tecnolo- res ou sabores, são sinais que nos permitem decifrar a diversidade e a gias e trabalho. complexidade da realidade histórica Para melhor compreender a partici- da sociedade afro-brasileira. pação do segmento negro na formação brasileira, segundo os autores, “Tomar as diversas práticas sociais e três dimensões são de fundamental culturais como práticas educativas importância: a história, a memória, e são vê-las em processo, sendo consas práticas culturais. truídas intensamente e carregadas de tensão entre diferentes indivíduos É no cotidiano que a cultura e as prá- e diferentes comunidades; elas criam ticas culturais são elaboradas, trans- contextos interativos que – justamenformando o conhecimento em experi- te por se relacionarem dinamicamenência de aprendizagem e a própria te em distintos ambientes culturais, experiência vivida se transforma em nos quais diferentes indivíduos deconhecimento. senvolvem identidades – contribuem para um ambiente formativo”. A nossa construção se dá por meio da socialização, da relação com o E mais: outro e das ações vividas. Assim a “As expressões culturais e religiosas alimentação, o vestuário, a oralidade, de matriz africana trazem processos a gestualidade, a sonoridade, os odo- educativos que dizem respeito ao próprio exercício das apresentações no momento da festa e nos rituais religiosos. Esses processos se revelam na música, na dança, no toque dos instrumentos e nos gestos. São elementos impressos no corpo e expressos através da prática e da tradição oral”. No século XX vamos encontrar os movimentos negros, os núcleos afrobrasileiros formados nas universidades brasileiras compostos em grande parte por acadêmicos negros. Assim, podemos explicar nossa identidade africana e nossa afinidade com os países africanos. www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Filipe de Sousa Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 12 Educar O TRIPÉ QUE SUSTENTA O DISCURSO plementem, sigamos um pouco mais onamentos: ao tornar-se um media- controlam as classes sociais inferioCONSTRUTIVISTA BRASILEIRO adiante com a reflexão acerca do tri- dor do processo educacional, tal pro- res, e, portanto, à hierarquização; pé que sustenta o discurso construtivista brasileiro – digo brasileiro por não saber se em outros países tal disparidade pedagógica acontece destarte. A partir das ideias anteriormente apresentadas, considero extremamente necessário fazer três afirmações, as quais, para alguns construtivistas de plantão, poderão soar como hereMuito se tem falado em construtivissias aos seus “dogmas”: mo e pouco se tem discutido. Há, dentro do campo educacional, princi- 1ª – É claro que a teoria piagetiana é palmente nos cursos de pedagogia, importante na compreensão do sujeiuma aceitação generalizada e uma to quanto um ser bio-psico-social, espécie de convertimento à “doutrina” mas a escola, como um ambiente depedagógica em questão, a qual, den- mocrático e redutor de injustiças, não tro desses mesmos cursos, é susten- pode negligenciar, aos seus alunos, tada por três teóricos distintos (ou os conteúdos acumulados histórico e seriam semideuses?), são eles: Jean culturalmente ao longo dos anos, Piaget, Lev Semenovich Vygotsky e muito menos transformar o professor em um mero mediador do processo Henri Wallon. educacional – se reduzi-lo a esta meEm síntese, pode-se afirmar que a ra prática “docente?”, reduzir-se-á, ênfase de Piaget está voltada mais por conseguinte, toda a sua formação para a parte biológica do sujeito e, acadêmica bem como a sua profisconsequentemente, a maturação cogsão; nitiva de que ele tanto falava, sem deixar de lado, entretanto, aspectos 2ª – É evidente que a ênfase Walloniligados à psique humana e a sociali- ana é imprescindível na educação e zação; Vygotsky, como contrapartida, na práxis docente, porém a escola, enfatizava a interação social e a cul- como ambiente educacional e não tura produzida pela humanidade; e, assistencialista, não pode ser reduzipor fim, Wallon, o qual dava grande da ao afeto – não que este não seja importante, mas é que além do afeto ênfase à afetividade. em si, há, teoricamente, um currículo É válido ressaltar que o construtivispedagógico a ser cumprido, o qual mo foi formulado por Jean Piaget, o não permite demasiado sentimentalisqual, tendo a biologia e a psicologia mo; como formações acadêmicas, focouse nessas duas áreas do conheci- 3ª – É óbvio que algumas propostas mento para elaborar sua tese, porém da abordagem sócio-interacionista favorecendo e enfatizando os aspec- vygotskyana são importantes durante tos biológicos do sujeito, cabendo fri- o processo de aprendizagem, entresar ainda que em momento algum a tanto a escola não pode ser restringiteoria construtivista fora pensada sob da apenas a um espaço promovedor a óptica da pedagogia, o que, por sua de interação social, tendo em vista vez, já é um tanto contraditório que que há disciplinas a serem lecionatal abordagem teórica tenha se difun- das, e, dentro delas, conteúdos a sedido, do modo como se deu, no cerne rem ensinados, e não simplesmente da pedagogia e, portanto, na educa- “construídos”, como pregam os construtivistas. Caso o papel dos alunos ção. limitasse à socialização, a existência Paradoxalmente o mesmo autor que da escola, como espaço físico, não incluíram como adepto a esta correnseria necessária, já que é de conhecite teórica, crítica, em diversos estumento geral que um simples compudos publicados, a tese pertencente ao tador ou até mesmo um celular, copai do construtivismo, ficando um nectado à Internet, ocupa tal tarefa de pouco confuso de se entender o pormodo esplêndido – bem melhor que a quê de Vygotsky estar associado a própria escola, por sinal. essa dada teoria piagetiana. Mas como na educação os paradoxos tam- Ainda complementando o que diz resbém andam de mãos dadas com as peito à função do professor na vertencontradições, desde que os interes- te construtivista, faz-se necessário ses em jogo se reforcem e se com- apresentar, aqui, os seguintes questi- fissão não seria descaracterizada? E essa suposta mediação restringe-se apenas às modalidades de Educação Infantil e Fundamental? Já que, segundo a concepção construtivista, se pode mediar o processo de “ensino-aprendizagem” nos níveis de ensino mencionados anteriormente, poder-se-ia mediar, do mesmo modo, as aulas aplicadas nos Ensino Médio e no Ensino Superior? Como é que se media uma aula de física quântica? E de anatomia? E uma aula de cirurgia cardiovascular? E já que, de acordo com a visão de Piaget, o sujeito aprende por meio da experiência, como um estudante de astronáutica construiria o seu conhecimento de bioastronomia? Indo a outros sistemas planetários? Visitando outras galáxias? Trocando emails com extraterrestres? Como calcular, por exemplo, as diferentes razões de seno, cosseno e tangente dentro da proposta construtivista? E no que concerne a valorização profissional do mediador, os governos, ao se darem conta dessa transformação, não o remuneraria com uma quantidade inferior em relação àquela que é paga, atualmente, a um professor? Ao se metamorfosear em um mediador, o mesmo não seria reconhecido, capitalisticamente falando, por um salário condizente como tal? Quanto às faculdades e universidades que oferecem cursos de pedagogia, não seria necessário formar seus mestres e doutores, em um curso construtivista, para se transformarem em mediadores? Para formar mediadores não serão necessários outros mediadores? Professor forma mediador? Quem formaria, na íntegra, um mediador? Piaget? O pai do construtivismo foi, de fato, um mediador? Quem o formou? Professores ou mediadores? dogmas esses que, se aceitados, por todos, desqualificarão ainda mais a educação de modo geral, tendo em vista que os níveis de ensino são subsequentes. Outro grande problema do discurso construtivista está também ligado aos cursos de formação de professores, muitos dos quais, não satisfeitos com apenas a disciplina de didática a ensinar a técnica de ensinar, voltam suas diferentes metodologias para o mesmo princípio da disciplina mencionada agora pouco, ficando esses futuros profissionais sem saber direito o que ensinar, e, por ausência de métodos nas disciplinas de metodologias, também não aprendem como ensinar. Outro ponto que merece reflexão diz respeito ao aprendizado do professor com o aluno, ou seja, há, dentro dessa mesma corrente, uma suposta inversão de papéis, cujo aluno passa a ensinar ao professor, já que o processo de aprendizagem discente é rebatizado de ensino-aprendizagem. Não restam dúvidas quanto ao fato de o professor aprender com seus alunos, principalmente com a subjetividade das experiências pessoas de cada um – sendo esta subjetividade, portanto, fruto do senso comum –, mas tomemos cuidado para não sermos hipócritas e simplórios ao afirmar que tais contribuições, feitas pelos alunos, se encontram arraigadas em bases sólidas e científicas, em exceção, talvez, às dos alunos do Ensino Médio e do Ensino Superior, o que, hipoteticamente, poderá acontecer. Diante de tudo o que foi explanado, conclui-se que o construtivismo brasileiro é uma espécie de corrente pedagógica híbrida, composta e sustentada por diferentes concepções teóricas, as quais, em parte, se contrapõe – como é o caso da discrepância observada entre Piaget e Vygotsky –, todavia vale ainda dizer que o mesmo é incongruente para com uma educação metódica, democrática e organizada, portanto, assim como o Parâmetro Curricular Nacional de Língua Portuguesa voltado ao ensino de 1ª e 4ª séries, o construtivismo, da forma como se apresenta, não passa de confusão didático-metodológica que proporciona o esvaziamento das aulas. Estas e outras perguntas são questões intrínsecas aos dogmas construtivistas, dogmas estes que, quando questionados, levantam discussões enriquecedoras, porém nem sempre producentes, já que esta alienação Edvaldo dos Reis Oliveira Filho [email protected] pedagógica é favorável àqueles que Email: http://edvaldodosreis.blogspot.com/ ATENÇÂO A Gazeta Valeparaibana, um veículo de divulgação da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de abrir discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultura, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental, além da transmissão de conhecimento. Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas responsabilidades sociais. No entanto, todas as matérias e imagens serão creditadas a seus editores, desde que adjudiquem seus nomes. Caso não queira fazer parte da corrente, favor entrar em contato. [email protected] Rádio web CULTURAonline Brasil Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós. A Rádio web CULTURAonline, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania e nas temáticas: Educação, Escola, Professor e Família. Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, a Educação se discute num debate aberto, crítico e livre. Acessível no link: www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana JULHO 2012 Página 13 Educação rede municipal, tanto pelo incenti- começa uma conversa com a Um pouco menos de conversa, Os Jogos Escolares Municipais – vo ao protagonismo quanto pela “pegadora” [sic] que é de outra um pouco mais de ação, por JEM é um evento educacional/ oportunidade do reconhecimento escola. Ele pergunta como é que favor esportivo realizado pela Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Esporte, Recreação e Lazer, a Liga Guarulhense do Desporto e a Coordenadoria de Políticas para Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida”. Participaram do JEM, nesta edição, cerca de 6 mil alunos de 69 Escolas da Prefeitura que foram previamente inscritas, divididas em sete regiões intituladas com [“A little less conversation, a little more ac- nomes de brincadeiras infantis: tion please” –Elvis Presley] “barra manteiga”, “roda cantada”, “ioiô”, “nunca três”, “corre cotia”, Falar sobre educação, escrever “amarelinha” e “rua avenida”. sobre educação é tema recorrente de vários espaços midiáticos con- Umas das considerações mais temporâneos. E acredito de fato importantes sobre o JEM no meu ser de grande relevância o avan- ponto de vista é a capacidade inço que esta discussão levanta, na tegradora de uma ação educativa medida em que estamos falando baseada numa proposta curricular a respeito de um das maiores ne- consolidada, no caso de Guarucessidades do ser humano, o seu lhos, o Quadro de Saberes Nedesenvolvimento. cessários - QSN foi uma proposta construída pelos agentes do proA educação em si não é um tema cesso educativo e integra o projefechado, restrito de diálogo, pelo to político-pedagógico da Rede contrario ele é além, dialético, am- Municipal. plo em contextualizações e subjetividades. Em muitas redes de ensino ainda observamos o desconhecimento É sabido ainda, que em nosso pa- ou inexistência de um PPP na Reís estamos “rastejando” [sic] no de de ensino, bem como o entenque consideraríamos uma educa- dimento da importância e a sua ção de qualidade para todos, co- relevância para a prática docente. mo sonhou o educador Anísio Tei- Outro elemento que ficou no meu xeira nos anos 60. Mas em mui- campo de reflexão é que nem totos espaços públicos e privados da escola tem um projeto político conseguimos observar a multipli- - pedagógico construído de forma cidade de práticas que fortalecem coletiva e democrática. Mas como a “utopia” [sic] educacional como o “óbvio” que se efetiva deve ser um sonho de transformação soci- valorizado, seguimos com o JEM al. de Guarulhos. As atividades esportivas dos Jogos Escolares Municipais aconteceram em conexão com o eixo “Corpo e Movimento”, da proposta curricular (QSN), que dize respeito ao desenvolvimento de atividades ligadas à cultura corporal, e que contribuem para o desenvolExemplo disso foi um projeto que vimento pleno dos alunos. acompanhei de perto: os Jogos Escolares Municipais – JEM, da O evento que aconteceu em duas Rede Municipal de Educação de etapas, a fase escolar e a fase Guarulhos que aconteceu no mês dos jogos, propriamente dita, rede junho. velaram saldos muito positivos à Independente de qualquer espaço educativo, municipal, estadual, privado, destacar as práticas que de fato foram construídas a partir de uma educação integral, múltipla e integral é objeto importante de socialização e partilha. das potencialidades dos alunos de forma múltipla, bem como o favorecimento de valores e saberes que transcenderam a proposta competitiva evidenciando a busca por um projeto educativo de qualidade social para todos. Além dos saberes pedagógicos, o mais bonito de todo esse evento da rede municipal de Guarulhos foram os outros saberes revelados pelos alunos, valores construídos no ínterim das atividades, que foram sendo fortalecidos, laços, vínculos que potencialmente só puderam ser gerados, na medida em que existia anteriormente uma proposta educativa consistente. Co mo e xe mp lo de “desenvolvimento do espírito de equipe e sua relação com os jogos competitivos e cooperativos, bem como a própria questão da construção da identidade e do reconhecimento de si ampliando possibilidades e autonomia tivemos uma experiência do professor da EPG Mario Lago. O Professor, a priori criticado por muitos, não acompanhava seus alunos nos momentos de jogo, pois havia anteriormente designado nos treinamentos, na escola, um aluno que desempenho no momento do jogo o papel de “técnico da equipe”. Segundo o coordenador de programas educacionais Willian Teramoto “Quem olha, até pensa que ele não queria acompanhar as crianças, mas na realidade era tudo pensado. Era uma estratégia para proporcionar momento de autonomia para as crianças, afinal as crianças se entendem muito melhor entre elas, do que com um Prof. “Louco” gritando na beira da quadra. Resultado... a escola sempre ficou entre as três primeiras colocadas nas diferentes modalidades”. são as coisas na escola, quem são seus amigos, demonstrando o estreitamento dos laços e potencializando valores de cooperação e amizade. Willian Teramoto afirma que num jogo de “Resgate”, onde um aluno da EPG Da Emília, após muitas tentativas insatisfatórias, conseguiu ser resgatado, marcando o ponto do jogo para sua escola. Era perceptível a alegria dos amigos em ver o sucesso do tal aluno. Eles correram para abraçá-lo e ficaram comemorando por um bom tempo. Nesta medida o JEM ganhou “uma cara mais feliz”, já que se tornou evidente a alegria dos alunos e professores pela participação e pelas diversas formas de aprendizado geradas, além da competição. Evidências de que são possíveis experiências criativas e transformadoras no espaço da escola, na relação entre professores, alunos e rede escolar. Que muitas vezes exigem muito da nossa determinação em construirmos além das apostilas, livros didáticos e manuais prontos engessados, mas que são pontes necessárias para um desenvolvimento no campo da plenitude e integralidade. Propor um artigo com menos críticas e mais demonstração de práticas pedagógicas efetivas faz parte de um projeto como articulista deste Jornal e de outros espaços pelos quais passar. Para tanto, se você é professor, gestor, ou conhece alguma prática pedagógica transformadora, encaminhe seu e-mail, divulgue essas histórias belíssimas de alguém que mesmo aquém de alguma possibilidade governamental está agindo no seu campo de alcance e mudando a realidade de muitos! Sigamos no bem! Outro olhar além do evento competitivo pôde ser percebido duran- Yve de Oliveira te um jogo de pique-bandeira, no Pedagoga e Palestrante qual, um garotinho que estava a- e-mail: [email protected] gachado, [pois havia sido “pego”], www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Gazeta Valeparaibana AGOSTO 2012 Página 14 Saúde e Escola PROFESSORES READAPATADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO entre as tarefas determinadas. do por nossa colega! FALTA DE... Assim recomenda-se ter sempre em mãos uma cópia dessas atividades, sendo que estas, também, só podem ser pedagógicas. Exija seus direitos, aprenda a fazer a fazer tudo por escrito e a protocolar na secretaria da escola, sendo que isto serve para todos os professores, independente de readaptados ou não! Termino esse texto deixando a minha solidariedade e o meu carinho a todos aqueles professores que estão nessa constrangedora situação de readaptados. Que vejo? Estou só com minhas promessas Quando reparo Foi porque esqueci do tempo Talvez porque estivesse quieto Escondido, encoberto Na estrada do tempo triste! Programa terá equipes com médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e enfermeiros. Especialidades são das áreas em que servidores mais têm problemas e são as maiores causas de absenteísmo. Autora: Eloídia Hermano Professora de Português Na rede Estadual do Mun. De Francisco Morato Minha mente não vê ----------------------------------------------- Obrigados! O Processo de Readaptação é Gratos! Prazeres! um Período Deprimente A realidade desses professores é E muito menos respeito! Professor readaptado é um professor (a) que não pode mais lecionar. Ele (a) tem um problema médico que o impede de dar aulas, os problemas de saúde mais comum são (calo nas cordas vocais, depressão, lesão física). A readaptação é feita pela DMPME (Departamento de Perícias médicas do Estado ) o mesmo aguardará a readaptação que sairá em Diário Oficial ,DRHU (Departamento de Recursos Humanos ) é este órgão que envia as atividades o professor pode fazer . A direção só pode mandar o professor cumprir tarefas que esteja inserido nessas atividades. Quando sai a readaptação o governo envia á escola s tarefas que este readaptado poderá cumprir de acordo com a lesão sofrida! Cabe então ao professor verificar se o que a direção lhe determina, esta Eles vêm de uma doença física ou psicológica, e na maioria das vezes não são compreendidos e respeitados, pelos colegas e gestores mal sabendo eles que podem vir um dia a passar pelo mesmo problema. A situação é difícil para eles VEJA MAIS: aceitarem essa nova condição; se http://profdomingos.blogspot.com.br/2010/05/ sentem incapazes e, muitas vezes, o-processo-de-readaptacao-e-um-periodo.html tem a notícia de que não mais poderão voltar a lecionar e que irão ficar assim até a necessária e demorada aposentadoria. Ou talvez seja meu peito Amargo, cansado e velho Demais preso ao passado Peito velho e cansado De tanto falar obrigado Grato E muito prazer... Ou falta de... Filipe de Sousa E muito comum triste e preocupante, ouvir colegas que estão readaptados falarem de suas frustrações, angústias, sobre suas atuais condições pelo motivo de seu problema no que tange a função e até mesmo de local de trabalho. Local este, onde muitas vezes dedicaram toda uma vida aquela numa determinada Escola e que hoje se encontram em outra escola que não conhece sua luta e sua dedicação, tendo que se ressocializar naquele novo ambiente. Fatos conhecidos nos demonstram que isso gerou desrespeito, desvalorização profissional, exclusão e sobretudo, muito sofrimento , já não bastasse o problema enfrenta- Readaptados Nova jornada de trabalho no Estado de SP No dia 20/1/2012, o governo do Estado de SP instituiu a nova jornada de trabalho para os professores da rede. A lei federal do piso para professores determina que o professor fique em sala de aula apenas 2/3 da sua carga horária. Os outros 1/3 serão para HTPC e horário de trabalho em local de livre escolha. Hoje muitos professores da rede ficaram tristes. Porque na prática a mudança reduziu apenas uma aula de cada carga horária. Por exemplo: quem pegava 33 aulas agora pega 32; quem pegava 25 aulas agora pega 24; e assim por diante. O que o governo fez? Ele transformou as aulas trabalhadas coisas ficaram: em horas. - quem tinha 36 aulas dava 33 aulas Antes o professor dava uma aula e e fazia 3 HTPCs. contava como uma hora. A aula durava 50 minutos de dia e 45 Enquanto isso nós cumpríamos 36 à noite. O tempo que sobrava (10 horas relógio (de 60 minutos cada minutos de dia e 15 minutos à noite) uma!). o professor não cumpria. Agora o máximo que um professor Isso já foi polêmica a alguns anos vai trabalhar são 35 aulas: 32 em saatrás quando o governo bateu o pé la de aula e mais 3 HTPCs. que os professores iam ter que cumO que essas 35 aulas significam em prir esses minutos na escola (era pra horas? ficar à disposição de pais e de alunos nesse tempinho). 32 aulas = 26,6 horas O fato é que isso acabou não aconte- 3 HTPCs = 2,5 horas cendo. E quem é que cumpria 60 minutos? Só os professores readapta- (O HTPC passa a ter 50 minutos e não mais 60 como era antes). dos... Agora isso acabou. Como o governo Então um professor readaptado com transformou a jornada em horas e as antigas 33 aulas + 3 HTPCs agora minutos trabalhados veja só como as tem que cumprir 26,6 horas + 2,5 ho- ras = 29,1 horas. Agora são 29,1 horas - e não mais as 36 horas que a gente fazia antes! Isso dá uma diferença de 6,9 horas que nós não teremos que estar na escola, já que os HTPLs são feitos, como sempre, em lugar de livre escolha. Então essa mudança sanou uma injustiça que havia contra os readaptados, que sempre cumpriram 10 minutos a mais por aula de manhã e 15 minutos a mais por aula à noite. Mais informações: http:// professorreadaptado.blogspot.com.br/2012/01/novajornada-de-trabalho-no-estado-de.html AGOSTO 2012 Gazeta Valeparaibana Página 15 Escolas Públicas A FARSA DA INCLUSÃO possibilidades para explicarmos o conceito de inclusão: inclusão no mercado de trabalho em geral; inclusão no mercado de trabalho dos bons empregos e salários; inclusão como cidadão. No primeiro caso, inclusão no mercado de trabalho em geral, não necessário nos preocuparmos muito. Se incluir significar somente preparar o aluno para que ele "ganhe a vida", sem que importar Palavras transformam-se em mo- como, então a escola não tem dismos e aparecem na boca de muita importância. todos. Os homens e mulheres vivem no A palavra do momento na educa- mundo há milhões de anos sem ção brasileira é o verbo incluir. escola e continuarão vivendo, seja lá qual for a educação que receFala-se que a escola pública no bam. É claro que mesmo assim a Brasil sempre foi praticante da ex- escola é reprodutora de mão-declusão e que o atual governo e obra, mas bastará acrescentar um sua ação educacional está corri- pouco de informática e pronto, já gindo esta injustiça (isto para a- estaremos preparando nossos aqueles que acreditam na boa von- lunos da escola pública para entade do governo...). E estratégia frentar o novo milênio... Não é para esta tal inclusão são bem co- preciso dizer que não concordanhecidas: criação de ciclos, a não mos com está idéia. reprovação, o abandono das notas, as correções de fluxo, entre Porém, se eu penso em inclusão outras. como capacitar os alunos a competirem no mercado de trabalho Para sustentar a necessidade por bons empregos e bons saládestas medidas seus defensores rios, em especial os novos empreapresentam estatísticas onde o gos da sociedade da informação, país aparece com péssimos indi- nossos alunos não estão sendo cadores nesta área: muita repro- incluídos. vação, muito analfabetismo. E afirmam que tal situação está mu- O aluno da escola pública que dando, afirmação na qual muitos não reprovou, que passou somenprofessores acreditam, pois gosta- te porque compareceu 75% das riam no íntimo de suas almas que aulas (aulas, que aulas?), que fosse verdade. participou do milagre da correção de fluxo, este não está preparado Mas, o que significa inclusão? para competir em um ambiente Incluir os alunos onde? sem paternalismo. A escola pública não está preparando os alunos Se é certo que a educação no para este mundo de competição Brasil sempre foi deficiente, a atu- (a escola particular sim, mas al política educacional não está quem se importa com isto?). resolvendo o problema e muito provavelmente está contribuindo Nosso aluno sai da escola sem para agravá-lo. Isto porque o diag- condições de interpretar um texto, nóstico errado foi pensado através sem saber realizar as operações de uma filosofia liberal, mas um matemáticas elementares e sem a liberalismo mesclado de tradições disciplina necessária, porque na patrimonialistas incorporadas à escola podia fazer o que queria, cultura nacional há séculos. Desta sem conseqüências. Ou seja, o forma muitos acreditam que inclu- mundo que a escola está mossão resume-se em colocar crian- trando para seus alunos não exisças e jovens dentro de uma sala te. Esta ideia é importante, a esde aula, feito isto tudo está resol- cola deve, sem dúvida, proporciovido: pode-se dormir tranqüilo, o nar a transformação da realidade, Brasil está salvo. mas não deve perder os vínculos com a realidade, se o fizer não Vejamos, no entanto, algumas cumpre seu dever. A ideia de inclusão que mais agrada é muito mais ampla que mercado de trabalho, envolve a cidadania. Inclusão contempla, certamente, a possibilidade do aluno competir por um bom emprego e salário, que favoreça a mobilidade social e que dê esperanças aos alunos, mas não é somente isto. Incluir significa fornecer aos indivíduos as condições de ser livre, de ser cidadão real. Cidadão capaz de ler uma notícia no jornal sobre os conflitos no Oriente Médio e saber onde fica esta região, as causas e as conseqüências do conflito. Cidadão capaz de analisar a situação política atual a partir dos conceitos e fatos aprendidos em História e Sociologia. Cidadão capaz de entender a explicação do médico porque sabe onde fica os órgãos do corpo e suas funções, mas que pode questionar o médico porque aprendeu química. Cidadão capaz de apreciar um bom livro ou uma obra de arte porque aprendeu a ler. Nesta caso a escola pública não está incluindo. É a escola sem nota, claro, porque a nota é um número fácil de ser identificado pelos alunos e pais...Uma avaliação descritiva (como é feita hoje), contribui para transformar a avaliação em algo misterioso, deixando alunos sem saber seu desempenho e pais sem poder cobrar este desempenho. A linguagem empolada utilizada nos documentos oficiais e reproduzida nas escolas (em especial nas avaliações) contribui para dar ares de seriedade e autoridade a conceitos e idéias discutíveis. Se realmente pretendessem resolver o problema da educação no Brasil, o problema da reprovação, do analfabetismo, da avaliação, os governantes deveriam investir no professor (isto quer dizer salário mesmo, não se vive só de esperança) e investir na estrutura: menos alunos em sala, menos alunos por professor, menor carga horária de trabalho. Já seria um grande passo, mas ainda seria necessário resolver os problemas econômicos do país, uma vez que uma política econômica recessiva Não incluía antes nem o faz agora não pode ser resolvida em sala de com as mudanças implantadas aula somente. pelo governo. Na verdade somente agrava a exclusão, pois ter o Agora, imaginem que a educação certificado de conclusão do Ensi- é uma corrida de Fórmula 1. Nos no Médio pode ser bom para as deram um fusquinha e como não estatísticas do governo e sua pro- estamos conseguindo vencer, os paganda eleitoral mas, para o in- teóricos e técnicos na educação divíduo real de nada serve se não resolveram alterar a estratégia da representar conhecimento verda- corrida, afirmando que nós professores é que não sabemos dirigir deiro. direito... E tem professor que aSe apenas considerássemos o credita nisto... número de alunos na escola, já teríamos resolvido o problema. Isto ocorre porque os técnicos e Mas a escola pública onde estão teóricos da educação não enxertodos estes jovens brasileiros é gam o fusquinha e fica mais fácil e aquela onde não se reprova, onde barato culpar o motorista, ou seja, não é preciso saber para avançar, o professor, do que comprar um porque para os governantes tanto carro novo. faz: o aluno é apenas um número em seus gráficos e quanto menos Portanto, a não reprovação, os tempo ficar na escola menos gas- ciclos, os fluxos, as descrições, as to representará e melhores índi- avaliações continuadas, não passam de engodo, cujo objetivo e ces surgirão. forjar índices para impressionar os As verdadeiras causas da repro- mais ingênuos. vação não aparecem nunca nos discursos oficiais, é como se as Por: Filipe de Sousa criança já nascesse na escola, Fonte: http://www2.uol.com.br não tivesse pai e mãe, não pertencesse a uma classe e como se a escola não fosse uma escola real, de paredes e de professores. www.formiguinhasdovale.org /// CULTURAonline BRASIL /// http://www.culturaonlinebr.org Responsabilidade Social Sustentabilidade Social e Ambiental - Educação - Reflorestamento - Desenvolvimento Sustentável - Cidadania Edição nº. 57 Ano V - 2012 A MALDIÇÃO DA ABUNDÂNCIA social, política e culturalmente do A Vale é hoje um alvo central das A “maldição da abundância” é uma expressão usada para caracterizar os riscos que correm os países pobres onde se descobrem recursos naturais objeto de cobiça internacional. A promessa de abundância decorrente do imenso valor comercial dos recursos e dos investimentos necessários para o concretizar é tão convincente que passa a condicionar o padrão de desenvolvimento econômico, social, político e cultural. Os riscos desse condicionamento são, entre outros: crescimento do PIB em vez de desenvolvimento social; corrupção generalizada da classe política que, para defender os seus interesses privados, se torna crescentemente autoritária para se poder manter no poder, agora visto como fonte de acumulação primitiva de capital; aumento em vez de redução da pobreza; Polarização crescente entre uma pequena minoria super-rica e uma imensa maioria de indigentes; destruição ambiental e sacrifícios incontáveis às populações onde se encontram os recursos em nome de um “progresso” que estas nunca conhecerão; que no seu início. organizações ecológicas e de diNisto consiste a maldição da abun- reitos humanos pela sua arrogândância. cia neo-colonial e pelas cumplicidades que estabeleceu com o goDepois das investigações que con- verno. duzidas em Moçambique entre 1997 e 2003 visitou-se o país vá- Tais cumplicidades assentam por vezes em perigosos conflitos de rias vezes. interesses, entre os interesses do Em uma das visitas colheu-se uma país governado pelo Presidente dupla impressão que a solidarieda- Guebuza e os interesses das emde com o povo moçambicano presas do empresário Guebuza transforma em dupla inquietação. donde podem resultar graves vioA primeira tem precisamente a ver lações dos direitos humanos como com a orgia dos recursos naturais. quando o ativista ambiental JereAs sucessivas descobertas mias Vunjane, que levava consigo (algumas antigas) de carvão para a Conferência da ONU, Ri(Moçambique é já o sexto maior o+20, denúncias dos desmandos produtor de carvão a nível mundi- da Vale, quando foi arbitrariamente al), gás natural, ferro, níquel, tal- impedido de entrar no Brasil e devez petróleo anunciam um El Do- portado (e só regressou depois de rado de rendas extrativistas que muita pressão internacional), ou podem ter um impacto no país se- quando, às organizações sociais é melhante ao que teve a indepen- pedida uma autorização do governo para visitar as populações reasdência. sentadas como se estas vivessem Fala-se numa segunda indepen- sob a alçada de um agente sobedência. rano estrangeiro. Estarão os moçambicanos preparados para fugir à maldição da a- São muitos os indícios de que as promessas dos recursos começam bundância? a corromper a classe política de Duvido! alto a baixo e os conflitos no seio desta são entre os que “já comeAs grandes multinacionais, algu- ram“ e os que “querem também mas bem conhecidas dos latino- comer”. americanos, como as empresas Rio Tinto e a brasileira Vale do Rio Não é de esperar que nestas conDoce (Vale Moçambique) exercem dições, os moçambicanos no seu as suas atividades com muito pou- conjunto beneficiem dos recursos. ca regulação estatal. Pelo contrário, pode estar em curCelebram contratos que lhe permi- so a angolanização de Moçambitem o saque das riquezas moçam- que. bicanas com mínimas contribuições para o orçamento de estado Não será um processo linear por(em 2010 a contribuição foi de que Moçambique é muito diferente 0,04%); violam impunemente os de Angola: a liberdade de imprendireitos humanos das populações sa é incomparavelmente superior; onde existem recursos, proceden- a sociedade civil está mais organido ao seu reassentamento (por zada; os novos-ricos têm medo da vezes mais de um num prazo de ostentação porque ela é exposta poucos anos) em condições desu- semanalmente na imprensa e tammanas, sem respeito para com o bém pelo medo dos seqüestros; os lugares sagrados, como é o ca- O sistema judicial, apesar de tudo, so dos cemitérios e dos ecossiste- é mais independente para atuar; mas. há uma massa crítica de acadêmi- Criação de uma cultura consumista que é praticada apenas por uma pequena minoria urbana mas imposta como ideologia a toda a sociedade; supressão do pensamento e das práticas dissidentes da sociedade civil sob o pretexto de serem obstáculos ao desenvolvimento e profetas da desgraça. Em Sempre que as populações protessuma, os riscos são que, no final tam são brutalmente reprimidas do ciclo da orgia dos recursos, o pelas forças policiais e militares. país esteja mais pobre econômica, A segunda impressão e inquietação, relacionada com a anterior, consiste em verificar que o impulso para a transição democrática que observara em estadias anteriores parece estancado ou estagnado. A legitimidade revolucionária da FRELIMO sobrepõe-se cada vez mais à sua legitimidade democrática (que tem vindo a diminuir em recentes atos eleitorais) com a agravante de estar agora a ser usada para fins bem pouco revolucionários; A partidarização do aparelho de estado aumenta em vez de diminuir. A vigilância sobre a sociedade civil aperta-se sempre que nela se suspeita dissidência; a célula do partido continua a interferir com a liberdade acadêmica do ensino e investigação universitários. Mesmo dentro da FRELIMO, e, portanto, num contexto controlado, a discussão política é vista como distração ou obstáculo ante os benefícios indiscutidos e indiscutíveis do “desenvolvimento”. Um autoritarismo insidioso disfarçado de empreendedorismo e de aversão à política (“não te metas em problemas”) germina na sociedade como erva daninha. Ao partir de Moçambique, uma frase do grande escritor moçambicano Eduardo White é marcante: “nós que não mudamos de medo por termos medo de o mudar” (Savana, 20-7-2012). Uma frase talvez tão válida para a sociedade moçambicana como para a sociedade portuguesa e para tantas outras acorrentadas às regras de um capitalismo global sem regras. Autor: Boaventura de Sousa Santos é soció- logo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). cos moçambicanos credenciados internacionalmente capazes de fazer análises sérias que mostram que “o rei vai nu”. CONTATOS: 055 12 9114.3431 - Emails: CONTATO: [email protected] - patrocí[email protected]