Isótopos de carbono e de hélio nos gases dos sistemas hidrominerais gasocarbónicos associados ao acidente tectónico Régua-Verin Carbon and helium isotopes in gases of CO2-rich hydromineral systems associated to Régua-Verin tectonic structure Carvalho, M.R. 1, Carreira, P.M.1, Marques, J.M.2, Capasso, G.3, Grassa, F.3, Antunes da Silva, A.4 & Matias, M.J.2 (1) Instituto Tecnológico e Nuclear, Grupo de Química Analítica e Ambiente, Estrada Nacional 10, 2686-953 Sacavém, Portugal. [email protected] (2) Instituto Superior Técnico, Centro de Petrologia e Geoquímica. Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal. (3) Istituto Nazionale di Geofísica e Vulcanologia, Sezione di Palermo, Via U. La Malfa, 153, 90146 Palermo, Italy. (4) Unicer Águas, S.A., Via Norte - Leça do Balio, Matosinhos, Apartado 1044, 4466-955 S. Mamede de Infesta, Portugal SUMÁRIO As razões isotópicas de hélio (3He/4He) e de carbono (δ13C) e a composição química da fase gasosa associada às águas termominerais gasocarbónicas do Norte de Portugal são utilizadas na identificação de contribuições crustais e mantélicas associadas ao acidente tectónico Régua-Verin. As razões isotópicas indicam que entre 10 e 30 % dos gases têm origem mantélica e a razão CO2/3He coloca-os nos limites definidos para os fluidos MORB. A assinatura mantélica dos gases diminui de Sul para Norte, indicando aumento da contaminação crustal. Palavras-chave: Águas gasocarbónicas, isótopos de hélio e carbono, N-Portugal SUMMARY Isotopic ratios of helium (3He/4He) and carbon (δ13CCO2) and geochemical composition of gas phase in CO2-rich thermomineral waters of Nortern Portugal are used to identify contributions of deep crustal and mantle volatile components associated to the Régua-Verin tectonic accident. The isotopic ratios indicate that 10 to 30 % of the gases are from upper mantle and CO2/3He values are typical of MORB fluids. The mantle signature of the gases decrease from South to the North, indicating crustal contamination. Key-words: CO2-rich waters, helium and carbon isotopes, N-Portugal Introdução A utilização de métodos nucleares de análise em sistemas hidrogeológicos de águas gasocarbónicas reveste-se de alguma dificuldade devido à introdução de gases atmosféricos, gases de origem profunda, interacção água-rocha e mistura de águas. Além disso, a identificação de uma origem precisa dos voláteis captados à superfície é uma tarefa complexa, uma vez que a quantidade e a proporção inicial dos gases é, geralmente, modificada durante o seu percurso. Ao longo do seu trajecto as águas subterrâneas sofrem “desequilíbrio isotópico” expresso através da troca de 18O com as rochas encaixantes, mais ricas em isótopos pesados. A velocidade de troca água-rocha aumenta com a temperatura. Os gases solúveis, como o CO2, sofrem fraccionamento isotópico durante as reacções de dissolução e de exsolução modificando a relação isotópica inicial. A fracção dos gases que ascende sem interagir com os sistemas hidrominerais, pode transmitir maior informação sobre os processos profundos que lhes dão origem. Os gases nobres (He, Ne, Ar, Kr e Xe) são excelentes traçadores naturais na identificação da origem dos fluidos e sua migração através da crusta terrestre. Devido às suas características químicas, estes gases podem facilmente migrar através das rochas fracturadas, facultando a identificação de estruturas tectónicas profundas de 533 Na região de Vidago/Pedras Salgadas o cruzamento de falhas de direcção ENE-WSW com uma estrutura em graben orientada NNE-SSW resulta num sistema de “graben-horst”, com alvéolos de subsidência aos quais estão associadas as ocorrências das águas gasocarbónicas frias [2]. As águas estudadas são fortemente mineralizadas, de fácies bicarbonatada sódica e ricas em CO2 total dissolvido, com mais de 2000 mg/L nas águas frias. As águas termais de Chaves têm temperaturas que rondam 76º C e a aplicação de geotermómetros aquosos sugere temperaturas de cerca de 120º C para o aquífero profundo [3]. Todas as águas têm origem meteórica, traduzida pelos teores em δ18O e δ2H; a presença de 3H nas águas frias de Vidago e Pedras Salgadas indica percursos subterrâneos pouco profundos [2], [3]. Os valores de δ13C previamente determinados no C total dissolvido (CITD), utilizando o método de amostragem tradicional de precipitação de carbonatos, variam entre -6 e -1‰, indicando que o CO2 tem origem mantélica [3]. Contudo, as hipóteses de contribuição de CO2 metamórfico [2] e a dissolução de rochas carbonatadas em profundidade não deverão ser excluídas [3], [2]. elevada permeabilidade, onde a exploração de recursos hidrotermais pode ser viável. Os isótopos de C e de He, e as razões isotópicas 13C/12C e 3 He/4He são de particular interesse na identificação da fonte crustal ou mantélica e do “papel” que o fluido representa na origem de sistemas hidrominerais e hidrotermais enriquecidos em gases. As águas gasocarbónicas do N de Portugal, associadas a recursos geotérmicos de baixa entalpia, estão localizadas ao longo da principal falha de direcção NNE-SSW: a megaestrutura de RéguaVerin. Ao longo deste acidente tectónico ocorrem exsurgências de águas gasocarbónicas, hiper (76º C) e hipotermais (17º C), utilizadas em estâncias termais e exploradas para consumo humano. Estes sistemas hidrogeológicos têm sido estudados através de técnicas tradicionais e de geoquímica isotópica, as quais têm contribuído para a concepção de modelos de circulação [1], [2] e de interacção água-rocha [3]. Estes estudos mostraram que a temperatura do aquífero e os gases dissolvidos são os principais factores responsáveis pelas alterações de quimismo ao longo do fluxo subterrâneo. Com o intuito de contribuir para i) o refinamento dos modelos conceptuais de circulação associados a estas águas gasocarbónicas e ii) identificação da origem dos voláteis, estão a ser desenvolvidos novos trabalhos de investigação no âmbito do Projecto DISGAS. Este estudo prevê a aplicação de tecnologias inovadoras que constam da determinação da composição da fase gasosa (CO2, H2S, H2, CH4, N2, O2, He, Ne, Ar) transportada pelas águas e das assinaturas isotópicas dos gases (δ2H, δ3H, δ13C, δ18O, δ15N, 3He/4He, 40Ar/36Ar). Os resultados preliminares, agora apresentados, referem-se à primeira campanha efectuada (Dezembro de 2005) e apenas aos dados obtidos para os isótopos de carbono e de hélio. Amostragem e Métodos Analíticos A amostragem da fase gasosa das águas gasocarbónicas foi realizada recorrendo-se à utilização de um recipiente plástico, onde foi introduzida, na base, uma torneira para saída da água e, no topo, um funil invertido para recolha dos gases libertados. Os gases livres não solúveis foram recolhidos em duas ampolas de vidro. Para a determinação da composição química e isotópica dos gases dissolvidos foram recolhidas amostras de água em frasco de vidro (100 mL), completamente cheio e rapidamente selado com cápsula de teflon [4], [5], [6]. O método para determinação da concentração e razão isotópica do He baseia-se no equilíbrio parcial dos gases entre a água e um gás inerte, neste caso Ar, introduzido em laboratório. A partir da concentração dos gases na fase gasosa, e considerando o coeficiente de partição das várias espécies, é possível determinar a quantidade de gases dissolvidos e a pressão parcial das várias espécies gasosas em equilíbrio. O método para a determinação da composição isotópica do C total dissolvido (δ13CCITD) baseia-se na acidificação da água de modo a transformar todas as espécies de carbono em CO2. As composições química e isotópica dos gases foram determinadas pelas técnicas de cromatografia e espectrometria de massa na Sezione de Palermo do Istituto Nazionale di Geofísica e Vulcanologia de Palermo. Enquadramento Hidrogeológico As águas gasocarbónicas enquadram-se numa região caracterizada pela presença de granitóides de idade hercínica, xistos silúricos metamorfizados, com intercalações de xistos grafitosos, quartzitos negros e liditos, e depósitos de cobertura cenozóicos. As exsurgências estão fortemente condicionadas pela presença de dois sistemas de fracturas com orientações NNE-SSW a NE-SW, associadas a movimentos da Orogenia Alpina. As falhas importantes de direcção NNE-SSW estão representadas pelos segmentos de Verin-ChavesRégua-Penacova e Vilarelho da Raia. Na região de Chaves existem dois sistemas hidrogeológicos distintos: i) um sistema de águas frias que circulam através das sequências sedimentares do fundo do vale tectónico; ii) um sistema de águas termais, de circulação mais profunda e com ascensão associada ao cruzamento de falhas de direcção N70ºE e ao acidente tectónico principal [3]. 534 Tab 1: Composição dos gases e razões isotópicas de δ13C e Água Mineral P.Salg AC25 P.Salg AC17 Vidago AC16 Vidago AC18 Vidag Areal 3 Chaves AC1 He (ppm) 195.9 229.6 334.0 149.3 1061.0 105.1 O2 (%) 0.02 0.31 0.66 b.d.l. b.d.l. 0.04 V.Raia ACP1 1.23E-1 4.42E-2 Composição da fase gasosa Gases livres N2 CO CH4 (%) (ppm) (ppm) 1.8 0.6 783 2.99 b.d.l. 600 5.24 2.2 469 0.9 b.d.l. 41 5.54 b.d.l. 1021 1.72 1 500 CO2 (%) 97.45 95.66 92.31 97.44 94.41 97.42 Gases dissolvidos (ccSTP) 2.32E+1 2.19E-4 2.10 318.600 Resultados Obtidos As águas estudadas foram amostradas em captações de Pedras Salgadas, Vidago, Chaves e Vilarelho da Raia. Os resultados obtidos estão representados na Tabela 1. A água de Vilarelho da Raia não apresenta exsolução de gases, motivo pelo qual apenas foi amostrada a fase líquida. A relação 13C/12C é representada em δ13C ‰. A razão isotópica 3He/4He é expressa como R/Ra, em que Ra é a razão isotópica do ar (igual a 1,39x10-6, [7]) e corrigida em função de contaminação atmosférica. A composição da fase gasosa é dominada por CO2, variando entre 92,31 % (Vidago AC16) e 97,45 % (P.Salg AC25). O N2 é o gás com maior representação (0,9 a 5,54 %) a seguir ao CO2 com o qual apresenta variação inversa. A restante fracção gasosa compreende os gases CH4, He, Ne, Ar. O O2 e CO estão em concentrações mínimas, nalguns casos abaixo do limite de detecção, tal como o H2. Apesar destes gases estarem ausentes, os altos teores de Ar e Ne revelam uma forte contribuição atmosférica. Vidago Areal 3 apresenta a maior concentração em gases nobres. Por outro lado, a fase gasosa da água termal Chaves AC1 tem as concentrações mais baixas de gases nobres e mais altas de CO2, provavelmente em consequência da diferente solubilidade dos gases em função da temperatura. Os valores de δ13C obtidos para o CO2 gasoso variam entre -5,1 ‰ (Vidago AC16) e -7,2 ‰ (Vidago Areal 3) vs V-PDB. Os valores de δ13CCITD estão compreendidos entre -0,10 ‰ (Vidago AC18) e -4,81 ‰ (Vilarelho da Raia) vs V-PDB. A razão 3He/4He determinada na fase gasosa das águas varia entre 0,89 em Chaves e 2,68 no furo AC25 de P. Salgadas. Esta razão é mais elevada do que a esperada para uma origem puramente crustal (~0,02 Ra), indicando inequivocamente a presença de uma componente magmática ou mantélica de He. A contribuição mantélica do 3He é superior nas águas de P. Salgadas e inferior na água de Chaves, mostrando diminuição de Sul para Norte, ou aumento da contaminação crustal por 4He para Norte. 3 He/4He nas águas gasocarbónicas. Ne (ppm) 0.150 0.126 0.416 0.243 0.417 0.150 Ar (tot.) 330.6 283.3 711.9 239.4 965.9 232.0 Razões isotópicas 3 δ13C He/4He CO2 CITD R/Ra (g) -5.3 -0.88 2.68 -5.2 -0.92 2.50 -5.1 -2.32 1.90 -6.2 -0.10 1.34 -7.2 -2.20 1.26 -5.8 -2.43 0.89 1.25E-4 n.m. n.m. -4.81 0.5 Discussão e Considerações Finais A fase gasosa presente nas águas dos sistemas hidrominerais associados ao acidente tectónico Régua-Verin é caracterizada por concentrações de CO2 superiores a 90%, seguindo-se o N2 e CH4. A composição gasosa de Vidago Areal 3 parece indicar que os gases transportados até à superfície poderão ser mais semelhantes aos da fase gasosa em profundidade. O CO2 presente nas águas pode ter origem orgânica e inorgânica. Quando associado à dissolução de matéria orgânica tem valores médios de δ13C entre -26 e -20 ‰ vs V-PDB [8]. O carbono de origem inorgânica pode resultar: i) da dissolução de rochas carbonatadas, ou de reacções termometamórficas, apresentando valores de δ13C de 0±2 ‰; ii) de origem mantélica, ou da desgasificação de magmas, com valores de δ13C variando entre -3 e -5 ‰ nos fluidos mais primitivos [9]. Os valores de δ13C do gás não deixam dúvidas de que pelo menos parte de CO2 presente nestas águas é de origem mantélica. As razões δ13CCITD são menos empobrecidas, provavelmente devido a processos de fraccionamento isotópico durante a dissolução em profundidade, ocorridos a diferentes condições de temperatura e de pH, entre o CO2(g), CO2(aq), HCO3- e CO32- e exsolução do CO2(g) com a dimuição da pressão. O He presente em fluidos com contribuição apenas crustal é dominado pelo isótopo radiogénico 4He, produzido pelo decaimento do U, Th e Pb presente nas rochas, sendo caracterizado por uma razão isotópica 3H/4He de ~0,02 Ra. O He associado a fluidos mantélicos é enriquecido em 3He, apresentando valores 3H/4He de ~8±1 Ra em rochas MORB, representativas da composição do manto superior [10]. Em ilhas oceânicas associadas a “plumas” mantélicas a razão é muito superior, chegando a ~35 Ra e o vulcanismo associado a zonas de subducção apresenta valores 3He/4He de ~6-9 Ra [11]. Quando o He mantélico ascende através da crusta, a sua composição isotópica é diluída, diminuindo os valores da razão 3H/4He pela adição de 4He das rochas. O grau de diluição é função do fluxo mantélico, do grau de produção de 4He na crusta e 535 mineralizadas quentes e frias de Chaves, Vilarelho da Raia, Vidago e Pedras Salgadas. Dissertação para obtenção do Grau de Doutor em Engenharia de Minas, IST, Lisboa, 276 p. [4] Capasso, G. & Inguaggiato, S. (1998) A simple method for the determination of dissolved gases in natural waters. An application to thermal waters from Vulcano Island. Applied Geochemistry, 13, 631-642. 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As razões CO2/3He e 13C/12C podem ser usadas conjuntamente para caracterizar as contribuições relativas do CO2 mantélico. Os fluidos MORB têm valores de CO2/3He entre 1x109 e 7x109 [12], enquanto os fluidos crustais apresentam valores mais elevados, da ordem de 1012 a 1013 [13]. As águas estudadas revelam relações CO2/3He entre 5,1x108 e 7,5x109, que se enquadram nos limites definidos para os fluidos MORB. Na ausência de um sistema magmático crustal a fonte de 3He pode limitar-se ao transporte ou exsolução de fluido que ascende ao longo de falhas, a partir de uma fonte magmática profunda na base da crusta. Fluidos associados a regiões sismicamente activas, nomeadamente à zona de falha de San Andreas (Califórnia) apresentam valores de 3He/4He entre 0,11 e 4 Ra [14]. O 3He é geo-pressurizado para o sistema da falha, a partir de uma zona dúctil na crusta inferior e o fluido pode servir como agente para ruptura de falha do tipo “strike-slip” [14]. Alguns autores defendem que o CO2 e o He mantélicos podem ser introduzidos e armazenados na litosfera, há milhões de anos, como consequência de movimentos orogénicos [15]. Agradecimentos O presente trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), através do Projecto DISGAS (POCTI/CTA/45159/2002). Agradecemos à Unicer Águas, S.A, à Câmara M. Chaves e a Águas de Carvalhelhos, as facilidades concedidas durante os trabalhos de Campo. Referências Bibliográficas [1] Aires-Barros, L., Marques, J.M., Graça, R.C. (1995) Elemental and isotopic geochemistry in the hydrothermal área of Chaves/Vila Pouca de Aguiar (northern Portugal). Environ. Geol., 25(4), 232-238. [2] Marques, J.M., Carreira, P.M.M., Aires-Barros, L. & Graça, R.C (2000) Nature and role of CO2 in some hot and cold HCO3/Na/CO2-rich Portuguese mineral waters: a review and reinterpretation. Environmental Geology, 40 (1-2), 53-63. [3] Marques, J.M. 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