IGREJA BATISTA GÊNESIS
Série: A OUTRA FACE DOS MILAGRES
Grupos Pequenos Batista Gênesis
Lição 7 – TÃO PERTO E TÃO DISTANTE
TEXTO BÍBLICO:
(Mt.7.22,23) – “O Senhor Jesus declarou que no dia do juízo alguns lhe dirão: "Senhor, Senhor!
porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios,
e em teu nome não fizemos muitos milagres?"- alegando que viveram os feitos de Deus em
suas vidas, mas o Senhor lhes responderá explicitamente: "Nunca vos conheci. Apartai- vos de
mim, os que praticais a iniquidade".
Ponto Saliente:
“Difícil é conviver assim, tão distante tão perto de mim” – João Bosco e Vinícius.
COMENTÁRIO:
A existência de milagres na construção da implantação do Reino de Deus na terra foram
fartamente profetizados na bíblia. Eles eram não um sinal da presença de Deus, porque para
estar presente Deus não precisa estar agindo em milagres. Também não foram dados como
mecânica de cooptação de multidões, mas como ferramenta de socorro e alcance ao opresso,
necessitado, enfermo e ao cansado. O profeta Isaías contou em 35.3-8 que seria assim:
"Fortalecei as mãos frouxas, e firmai os joelhos que tremem. Dizei aos desalentados de
coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele
vem e vos salvará. Então se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos
surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão
no deserto e ribeiros no ermo. A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta
em mananciais de águas; onde outrora viviam os chacais crescerá a erva com canas e juncos. E
ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por
ele, será somente para seu povo; quem quer que por ele caminhe não errará, nem mesmo o
louco". Nós temos um texto claramente messiânico, o tempo todo ele descreve os dias em que
Jesus estaria implantando o Reino de Deus na terra. Ela aponta para o ministério glorioso de
sinais e prodígios exercido por Jesus Cristo. Mas intensão não é impressionar, antes os sinais
foram dados para alívio. Perceba que o texto diz para quem foi escrito, para quem já não tem
vigor nas mãos de tanto trabalhar e não alcançar, para os que já não suportam o peso das
provações e por isto seus joelhos tremem, para os que já estão com o coração desfalecendo,
foi para gente assim que Deus deu seus sinais e prodígios. Estes feitos milagrosos viriam
apresentando o caminho de Deus para o seu povo, chamado Caminho Santo. Esta ordem
sempre será vista na Bíblia, seja nos dias de Jesus ou após isto através da igreja.
É nestes termos que percebemos o quanto podemos estar tão distantes e ao mesmo tempo
estar tão próximos de Deus. O Senhor Jesus declarou que no dia do juízo muitos estariam
legislando em causa própria, afirmando ter profetizado, expelido demônios e ter feito milagres
eu seu nome, sem com isto ter feito o principal. E o principal é ser amigo de Deus. O texto nos
permite conhecer que muitos podem ser usados por Deus em sinais e prodígios, sem nunca de
fato tê-lo conhecido. Como isto é possível? Simples, ele creu no Deus de sinais e prodígios e
invocou seu nome e Ele agiu conforme suas promessas alcançando um necessitado da sua
presença e do seu favor. Isto, em absoluto, quer dizer que aquele que invocou seu nome era
seu amigo, era um discípulo seu. Pode parecer um absurdo, mas é o que Jesus diz no texto, é o
que acontecerá no dia do juízo. Observaremos estarrecidos pessoas que pareciam dever estar
lá, mas que ficarão de fora simplesmente porque a senha de entrada é ser amigo do noivo,
conhecido de Deus. “Senhor, Senhor, mas eu realizei tanto em teu nome...”, este será o
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clamor. Nunca vos conheci será a resposta de Deus. O segredo para realizar milagres está
apenas em usar o seu nome e isto já havia sido dito por Ele em João 14.14: - “Se pedirdes
alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
Vemos neste texto mais uma vez o princípio de que experimentar o que Deus faz sem aceitar o
seu caminho não resolve. O problema não são as manifestações espirituais de cura, libertação
e profecia, elas são importantíssimas ao Evangelho. A questão é que muitos acham que ver o
mover milagroso do Senhor lhes dá o direito de viver como quiserem, e não é assim! Jesus
disse que quem rejeita o caminho de Deus para sua vida (que é um caminho de santificação e
submissão à vontade do Senhor) também será rejeitado por Ele. Os feitos apresentam o
caminho. E o caminho, se seguido, produzirá uma manifestação dos feitos de Deus ou não.
Mas o segredo é continuar no caminho, com sinais e prodígios ou não. Não podemos esquecer
que Noé pregou muitos anos enquanto executava o projeto da construção da arca, sem ver
uma única conversão. Ele brilhou como um farol no meio de uma sociedade em trevas, sem
ver um único milagre de Deus. Ele era o milagre daquela sociedade, ele não se corrompeu
como a multidão de pecadores que estavam à sua volta, sua obediência a Deus e os benefícios
que isto produz com ou sem milagres se tornou a marca principal daquela geração.
Pregoeiros dos milagres divinos existem muitos, e eles atraem multidões com sua estratégia
para encher igrejas. Alguém pode dizer: mas Jesus também fazia a mesma coisa. Nunca! Os
milagres na vida e no ministério de Jesus eram pontuais e casuais, eram usados em socorro do
necessitado, era para fortalecer mãos cansadas, era para aliviar joelhos do peso elevado de
uma provação de muitos anos, nunca em benefício de si. Aqui mora o perigo, muitos estão se
utilizando dos sinais e prodígios para sua própria fama e glória, como instrumento de
cooptação de dinheiro. Jesus disse: (Mateus 10.8) - “Curai os enfermos, limpai os leprosos,
ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai”. Foi para gente
que usa seus sinais e prodígios para benefício próprio que Jesus disse: “Eu nunca os conheci,
apartai-vos de mim”.
É lógico que a torneira da graça continua aberta, e que os milagres continuam acessíveis ao
que crer, afinal foi Ele mesmo quem disse: (Marcos 16.17) - “E estes sinais seguirão aos que
crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas”. No entanto, o que não
podemos confundir é operação de sinais e prodígios com proximidade de Deus. São duas
coisas completamente diferentes. Os verdadeiros amigos de Deus vivem em benefício dos
outros, nunca usufruem desta proximidade com Deus em benefício próprio. Deus disse que
Abraão era seu amigo e nunca em toda a história de vida deste grande homem de fé o
veremos fazendo “uso fruto” desta proximidade em seu próprio benefício. Pelo contrário, por
ser amigo de Deus ele viveu uma vida de sacrifícios, saiu da casa de seus pais, viveu de forma
nômade por um período muito longo, tudo em busca da conquista do alvo proposto por Deus,
que era a constituição de uma nação santa, a constituição de um povo que Deus chamaria de
“meu povo”.
A pregação do evangelho é seguida de milagres. Ao comissionar seus discípulos para pregar,
Cristo declarou que os sinais seguiriam àqueles que cressem; e entre eles, mencionou a cura e
a libertação de demônios. Estes feitos devem seguir a mensagem do evangelho, pois testificam
a ressureição de Cristo. Quando os apóstolos saíram em obediência à Grande Comissão, o
Senhor cooperou com eles: Marcos 16.20 - "E eles, tendo partido, pregaram em toda parte,
cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam".
Não podemos deixar os sinais de fora, pois eles têm o seu lugar. Descobriram o que fez o
Senhor cooperar com eles em sinais e prodígios? A obediência ao seu chamado, de forma que
a obediência precedeu aos milagres. Precisamos entender que eles não vão estar em plena
operação como temos ansiado se os tirarmos do seu devido lugar. E qual é o seu lugar? Eles
vêm depois da obediência, da nossa sujeição a Deus, ou seja, apenas apontando a direção do
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caminho. Eles são um semáforo, uma placa indicativa. Não mais que isto. O problema é que
temos insistido em nossas pregações, orações, apelos de fé, pela evidência dos milagres,
mesmo quando o caminho não está sendo seguido. É mau uso do propósito de Deus para os
sinais e prodígios, eles devem servir de indicativo apenas de que Deus passou por ali, de que
estão seguindo o caminho da forma certa, não mais que isto.
Os milagres devem ser coadjuvantes de proximidade, santificação e separação do pecado para
o povo de Deus. Observe no livro de Atos e veja como a igreja de Jerusalém correspondeu com
o caminho que lhes foi apresentado depois de sinais marcantes como os ocorridos em
Pentecostes e a cura do paralítico na porta do templo:
- (Atos 2.41) - “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e
naquele dia agregaram-se quase três mil almas”.
- (Atos 4.4) - “Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses
homens a quase cinco mil”.
Percebe? Não estou atraído pelo numero, três mil pessoas, quase cinco mil pessoas. De fato o
número para a população da época era extraordinário, mas sou atraído pelo que moveram
estes homens a uma mudança de vida. Impactados com os sinais, abriram seus corações para a
palavra e corresponderam. Precisamos entender isto, que os milagres podem atrair muita
gente para perto de Cristo. Mas do que eles precisam? Eles precisam mesmo é de mudança de
vida, para que possam estar pertos de Cristo e serem seus verdadeiros amigos. Senão, correm
o risco de desfrutar de algo menor e perderem algo maior que é a salvação das suas vidas. É
como disse o poeta: “Como é difícil conviver com alguém assim, tão distante e tão perto de
mim”.
Conclusão
Precisamos ter muito cuidado com a nossa relação com os sinais e prodígios. Eles são tão
extraordinários que muitos já se fizeram servos dos milagres sem jamais se tornarem servos de
Deus.
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