Doente politraumatizada grave – uma abordagem multidisciplinar XXXIV Congresso Nacional de Cirurgia Serviço de Cirurgia do Hospital Distrital da Figueira da Foz Director: Dr. José Couceiro Filipa Santos(1), (1)Serviço de João Cirurgia e Pinho(1); (2)Serviço de Vasco Oliveira(2); Neves(1); Azenha(1); Conceição(1), Pereira(2); Alexandrino(3); Casanova(4); Carvalho(5); (5); Jessica Nuno Lucília Fernando Henrique Paula Marcos Luís Corte Real Rúben Coelho Millan(10); David Sanz(7); Sandra Bitoque(7); Celso Cruzeiro(6); Helder Soriano(8); Fernando José Oliveira(9); Jorge Pimentel(4); José Couceiro(1); Francisco Castro e Sousa(3) Ortopedia do HDFF; (3)Serviço de Cirurgia A. (4)Serviço de Medicina Intensiva, (5)Serviço de Ortopedia (6)Serviço de Cirurgia Plástica , (7)Serviço de Cirurgia Maxilo-facial (8)Unidade de Cuidados Cirúrgicos Intermédios e (9)Serviço de Cirurgia B dos CHUC; (10)Serviço (6); Carla Diogo(6); Gerardo de Cirurgia Plástica de Lisboa Central Doente de 24 anos, vítima de acidente de viação com ejecção, deu entrada no SU do HDFF, trazida pelos Bombeiros, em choque grau IV, com múltiplas lesões visíveis: Fractura exposta grau III C fémur esquerdo; Fractura exposta grau II antebraço esquerdo; Fractura exposta grau I antebraço direito; Fractura instável da mandibula com hemorragia activa A - Entubada e ventilada com colar cervical; B - Aparente diminuição do m. v. à esq. O2 de alto débito e saturação normal; C - Transfusão de sangue na veia femural; tamponamento com hemostático tópico Sala de emergência: rx toráx, coluna cervical e bacia; B.O.: Ecografia abdominal Bloco operatório: • L. E.: Esplenectomia, sutura de laceração do colon transverso, colocação de dreno torácico à esquerda; • Osteotaxia com montagem monoplanar anterior em ponte do joelho esquerdo, encerramento de feridas e imobilização com tala gessada braquipalmar bilateralmente. Pós-operatório imediato: A – Entubada e ventilada com colar cervical; B – SatO2:100%; Drenagem torácica esquerda: 200 cm³ de sangue;; C – TA: 109/72mmHg; FC: 95bpm; Diurese: 400 cm³ de urina límpida; Pulsos distais palpáveis; D – Pupilas simétricas e reactivas; EG: 6t É transferida para o Serviço de Medicina GSA - pH: 7,32; pO2:120mmHg; pCO2: 46mmHg; lactatos: 4,5; défice de bases: -6 Intensiva dos CHUC pela VMER. Transfusão de hemoderivados: 14 U de GV, 10 U de plasma. Avaliação secundária: HSA supratentorial; fractura do côndilo occipital direito; Hematoma epidural da cisterna pré-bulbar até ao último nível cervical; Lesão do plexo braquial esquerdo: lesão por avulsão de C7 e C8 e ruptura de C5 e C6; Fracturas diafisária bilaterais do rádio colo da omoplata dir., asa do ilíaco esq. e do colo do fémur esq; Fractura multiesquirolosa da mandibula, osso malar esquerdo, e ossos próprios do nariz. Controlo analítico à entrada dos CHUC: Hb: 10; Plaq: 39.000; leuc: 14; protromb.: 69%; INR: 1,27; CK: 5433; Creat: 0,95; LDH: 627; TGO: 127; TGP: 43; PCR: 2,94 Intervenções cirúrgicas posteriores: • • • Redução e fixação interna de fractura de ambos os rádios, fémur esquerdo, mandibula, malar e ossos pp. do nariz (4 dias depois). Desbridamento e enxerto de pele da face anterior da coxa esquerda (9, 16 e 30 dias depois). Neurotização intraplexo com enxerto nervoso, do nervo sural, do plexo braquial esquerdo (41 dias depois). Esteve entubada e sob ventilação artificial durante dezoitos dias no SMI, realizou antibioterapia de largo espectro, e esteve internada em quatro serviços dos CHUC (SMI; UCCI; Cirurgia geral; Cirurgia Plástica). Foi avaliada pelas seguintes especialidades: Cirurgia geral, Ortopedia, Medicina Intensiva, Neurocirurgia, Cirurgia Plástica, Medicina Física e Reabilitativa e Psiquiatria. Teve alta 80 dias depois para o seu hospital da área de residência com: Reabsorção dos focos de contusão cerebral e fractura côndilo consolidada; Consolidação da fractura do colo do fémur e de ambos os antebraços; Fractura supracondiliana do fémur sem sinais de consolidação; Zona cruenta da coxa esquerda colonizada com Ps. Aeruginosa; Paralisia do membro superior esquerdo; Humor deprimido num contexto de reacção de ajustamento. Conclusão: Está documentado que o tratamento realizado na primeira hora, “golden hour”, de um politraumatizado grave é o factor essencial no seu prognóstico. Assim conclui-se que a pronta e eficaz abordagem terapêutica do HDFF, segundo os preceitos do ATLS E DSTC, foi fundamental para o sucesso na resolução deste complexo caso clínico. Bibliografia: ATLS: Advanced Trauma Life Support for Doctors (Student Course Manual), 8th Edition, American College of Surgeons; Manual de Cuidados Cirúrgicos Definitivos no Trauma, Kenneth D. Boffard.