LEVANTAMENTO DOS EXAMES COPROPARASITOLÓGICOS DE RANFASTÍDEOS REALIZADOS NO ZOOLÓGICO DE SOROCABA NO PERÍODO DE 2011 A 2014 Vanessa Lanes Ribeiro1, Henrique Guimarães Riva1, Hanna Sibuya Kokubun1, Adauto Luiz Veloso Nunes1, Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira1 1 Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”. E-mail: [email protected] Palavras chave: Ramphastidae, parasitologia veterinária, cativeiro. Introdução. A família Ramphastidae engloba 6 gêneros e 34 espécies, e são reconhecidos pelo marcante tamanho dos bicos. As doenças parasitárias em cativeiro costumam estar correlacionadas ao estresse, superpopulação e desnutrição, agravadas pelo estado de imunidade das aves (1). A incidência de parasitos internos e externos pode ser alta em tucanos alojados em viveiros externos com piso de solo natural e expostos a aves recentemente importadas (2). Um estrito controle periódico de peso das aves é vital para o diagnóstico precoce das parasitoses, e pode ser associado a exames coproparasitológicos (1). O objetivo deste estudo é realizar um levantamento dos exames coproparasitológicos de ranfastídeos no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (PZMQB) no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2014. Métodos. Exames coproparasitológicos são realizados rotineiramente no PZMQB em todos os indivíduos do plantel, aparentemente hígidos, com intervalos de 6 meses. Nos ranfastídeos, os exames são realizados a cada 3 meses devido a alta sensibilidade dessa família a parasitoses. As técnicas utilizadas são qualitativas e constam de exame direto, fezes frescas diluídas com solução salina, e o de Sheater, diluição de fezes frescas em solução saturada de açúcar. O levantamento incluiu três espécies de tucanos: tucano-toco (Ramphastos toco), tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) e tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitelinus). Também incluiu a localização destes, podendo estar alojados no recinto de exposição, recinto no setor extra ou no setor veterinário. Resultados e Discussão. Foram realizados 98 exames coproparasitológicos do plantel de ranfastídeos nos 4 anos analisados no estudo. Foram 47 exames em tucanos-toco (48%), 41 em tucanos-de-bico-verde (42%) e 10 em tucanos-debico-preto (10%). 54 exames do total de 98 foram realizados em animais alojados no recinto de exposição (55%), 30 exames em animais do setor veterinário (31%) e 14 exames de animais do setor extra (14%). Destes 54 exames realizados em animais oriundos do recinto de exposição, 28 foram positivos (52%), sendo 24 para Capillaria sp. (86% dos positivos) e 4 para coccídeos (14%). Dos 30 exames realizados em animais oriundos do setor veterinário, 8 foram positivos (27%), sendo 6 para Capillaria sp. (75% dos positivos) e 2 para coccídeos (25%). Dos 14 exames realizados em animais oriundos do setor extra, 7 foram positivos (50%), sendo 2 para Capillaria sp. (29% dos positivos) e 5 para coccídeos (71%). A capilariose é a principal doença parasitária de ranfastídeos em cativeiro no Brasil, causando um grande número de mortes, que ocorrem em função da caquexia decorrente da má absorção de nutrientes em casos crônicos. A Capillaria sp. tem como característica sua difícil eliminação, pois os ovos são bastante resistentes e permanecem viáveis por meses no ambiente, fazendo com que as aves sejam constantemente reinfestadas. Os ovos podem resistir a vassoura de fogo, mas são sensíveis ao calor úmido (1). No recinto de exposição, os animais tem contato com substrato de terra, o que pode explicar a alta porcentagem de positividade dos exames, com capilariose atingindo a maior parte dos indivíduos. Já nos setores veterinário e extra, os ranfastídeos ficam alojados em gaiolas suspensas, ou seja, sem contato com as fezes ou com substrato, ocorrendo exames positivos em menor porcentagem. Apesar disso, os animais do setor extra tiveram alta positividade também, principalmente para coccídeos, apesar de a contaminação ser fecal-oral semelhante a capilariose. Conclusões. Conclui-se que as maiores incidências de parasitoses em ranfastídeos no PZMQB são a capilariose e a cocidiose, ambas de ciclo direto, provavelmente associadas com o grande contato com o substrato e reinfestações. Esses dados corroboram a literatura e são importantes para medicina preventiva em animais cativos, visto que essas parasitoses causam grande número de óbitos. Referências: 1. Dislich, M.; 2014. Piciformes (Tucanos, araçaris e pica-paus). En: Cubas, Z.S; Silva, J.C.R.; Catão-Dias, J.L.Tratado de Animais Selvagens. Editora Roca. 2ª edição, São Paulo, cap 30: pág 598-625. 2. Worell, A.B. 2010. Ranfastídeos. En: Tully Jr., T.N.; Dorrestein, G.M.; Jones, A.K. Clínica de Aves. Editora Saunders Elsevier. 2ª edição, São Paulo, cap 11: pág 248-260.