Educação, ciência e tecnologia: Exames nacionais
Carlos Mesquita Morais
A avaliação dos alunos é útil e necessária. Avaliar significa apreciar
competências e tornar observável de uma forma qualitativa ou quantitativa essa
apreciação. No contexto do processo de ensino e aprendizagem, acredita-se que o papel
do aluno deve assentar em premissas, tais como: predisposição para aprender,
motivação para a actualização e a inovação, grande empenho na construção do
conhecimento e máxima preocupação com o desenvolvimento de competências que
possam ser úteis para um bom desempenho académico e promovam óptima preparação
para a vida. É essencial que os alunos adquiram competências a partir do
desenvolvimento de atitudes positivas, capacidades sentidas ou observáveis e
conhecimento útil e actualizado.
Como sugestões para o papel do professor, destacam-se: a sensibilidade para
identificar os alunos como pessoas, com necessidades e aspirações, situadas num
caminho de crescimento que o professor tem obrigação de ajudar a percorrer.
Salientando-se ainda que é fundamental que assuma uma cultura de acreditar no que
ensina, com a convicção que é relevante e útil para os alunos, ajudando-os a dar sentido
real ao que aprendem.
O desenvolvimento de competências no contexto educativo é assumido a partir
da concretização de objectivos, pelos alunos, relacionados com conteúdos integrados
num programa nacional, geralmente igual para todos os alunos em cada disciplina, sob
orientação e estratégias, da responsabilidade do professor. É, assim, a partir das relações
entre objectivos, conteúdos e estratégias que surge a acção dos alunos e dos professores,
a partir da qual se espera que tenham sido promovidas competências nos alunos.
Após reflectirmos em alguns dos papéis dos alunos e dos professores e da
importância que podem ter as relações destes papéis com a aprendizagem e o
desenvolvimento de competências surge a necessidade de avaliação.
Não sendo objectivo desta reflexão desenvolver o conceito de avaliação,
apresentamos algumas preocupações que poderão ajudar a compreender os efeitos dos
exames nacionais, cujo principal objectivo consiste na obtenção de resultados que
permitam garantir, quer a seriação dos alunos, quer a sua aprovação ou retenção. Estas
seriações, aprovações ou retenções são aspectos decisivos e marcantes na vida de cada
aluno, não só pelo que determinam nas consequências das suas vidas, mas também
porque surgem num nível etário excelente para ser vivido nos mais variados aspectos,
acrescentando-se que cada segundo só se vive uma vez, o que nos obriga a ser exigentes
connosco e cautelosos com os outros. Assim, tendo observado exames nacionais de
algumas disciplinas, e assistido às diversas polémicas públicas e amplamente divulgadas
nos meios de comunicação, questiono-me se os exames terão tido as características
necessárias para que os resultados possam, com seriedade, ser considerados fiáveis e
válidos.
As provas dos exames nacionais serão fiáveis ao nível de estabilidade e
repetição, ou seja, se forem repetidas em circunstâncias idênticas os resultados obtidos
pelos alunos serão os mesmos? A escola onde são efectuadas ou o professor que as
corrige poderão influenciar os resultados? Estará garantida a validade dos exames
relativamente ao rigor e à exactidão das questões, ou seja, é claramente identificável
pelo aluno o que se pretende avaliar com cada questão? Se um teste não for válido nem
fiável, os resultados que se obtiverem com ele dependem de factores aleatórios e não da
influência que o processo de ensino e aprendizagem teve sobre o aluno.
O cuidado com a construção de bons instrumentos de avaliação é essencial, para
que os resultados de aprendizagem dos alunos dependam do que aprenderam e não dos
testes utilizados na avaliação.
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