124 & Agosto SERVIÇOS BENS empreendedorismo Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Do brilho no olho à realização Satisfação vai além do momento da compra Pós-vendas Entrevista Giro pelo Estado Articulação política na defesa do setor Brigadeiro, o doce mais festejado do país Dossiê É importante entender o consumidor, defende Flávia Ávila, mestre em economia comportamental Juliana Moscofian/Fecomércio-RS luiz carlos bohn Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac Você já parou para pensar em como seria o mundo sem empreendedores? Provavelmente, não poderíamos contar com muitos dos recursos que temos hoje à nossa disposição, ou, talvez, levaríamos mais tempo para obter acesso a eles. Da energia elétrica ao carro, passando por inúmeras outras conquistas, a classe empresarial sempre exerceu um papel decisivo na disseminação de inovações que nos levaram a grandes saltos tecnológicos. E tudo isso foi possível graças ao brilho no olho de tantos empreendedores que apostaram nas grandes ideias, seja pelo entusiasmo quanto ao novo ou por perceber que atenderiam às necessidades de muitas pessoas. Dificilmente uma inovação sem escala comercial e que não esteja alinhada às necessidades dos consumidores irá se consolidar. Articular esse movimento, que faz a economia girar e amplia conquistas sociais, é o papel desempenhado tão bem pelos empresários. Já não fica tão difícil compreender o termo “brilho nos olhos”, que, apesar de ter se tornado praticamente um clichê do mundo corporativo, consegue exprimir adequadamente o sentimento que move aqueles que se arriscam na complexa tarefa de empreender. Essas são as pessoas que sabem que podem dar passos cada vez maiores, e algo que as empolga é saber que com o crescimento delas, muitos que as rodeiam vão crescer também. O poder agregador do empresariado é incalculável. Por tudo isso, é importante frisar que, mais do que a paixão, o empreendedor de sucesso, aquele que inspira tantos outros, precisa ter acima de tudo responsabilidade e uma elevada dose de empenho pessoal. É atribuída ao inventor da lâmpada elétrica, Thomas Edison, a frase que diz que a genialidade é composta de 1% de inspiração e 99% de transpiração. Convém não nos esquecermos dela, pois o sucesso não se constrói apenas com a paixão. Mas é claro que com entusiasmo, ou para usar o termo que dá mote a esta edição, brilho no olho, as conquistas ganham ainda mais importância. Agosto 2015 palavra do presidente Empreendedorismo inspirador 124 3 sumário revista bens & serviços / 124 / agosto 2015 o brilho no olho e A paixão pelo que se faz têm potencial para serem o mais possante motor para o sucesso, desde que haja também preparação e alinhamento às estratégias capazes de concretizar os objetivos traçados especial / empreendedorismo 46 40 36 26 Vendas dentro dos modelos Centros de Formação de Das festas de aniversário à cauda longa e blockbuster Condutores gaúchos têm na onda gourmet: o brigadeiro mostram novo contexto capacitação seu diferencial e nunca sai de moda. conheça do varejo são referência nacional mais sobre esse famoso doce gestão nicho dossiê Palavra do Presidente Sobre / Colaboração Negócios Notícias & Negócios Senac 10 Passos / Organização Opinião Entrevista Pós-vendas Pelo Mundo Especial / Empreendedorismo Saiba Mais Sesc Gestão Visão Econômica Nicho / CFCs Visão Política Giro pelo Estado / Articulações Dossiê / Brigadeiro Monitor de Juros Dicas do Mês Presidente: Luiz Carlos Bohn 03 06 07 08 12 14 17 18 22 25 26 32 34 36 39 40 43 44 46 49 50 Vice-Presidentes: Luiz Antônio Baptistella, André Luiz Roncatto, Levino Luiz Crestani,Ademir José da Costa, Alécio Lângaro Ughini, Arno Gleisner, Diogo Ferri Chamun, Edson Luis da Cunha, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Ibrahim Mahmud, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, João Francisco Micelli Vieira, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Marcio Henrique Vicenti Aguilar, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Ronaldo Sielichow, Sadi João Donazzolo,Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Zildo De Marchi, Leonides Freddi, Paulo Roberto Diehl Kruse, Adair Umberto Mussoi, Élvio Renato Ranzi, Manuel Suarez, Gilberto José Cremonese, Ivo José Zaffari Diretores: Walter Seewald, Jorge Ludwig Wagner, Antonio Trevisan, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Daniel Amadio, Davi Treichel, Denério Rosales Neumann, Denis Pizzato, Dinah Knack, Eduardo Luiz Stangherlin, Eduardo Luís Slomp, Eider Vieira Silveira, Elenir Luiz Bonetto, Ernesto Alberto Kochhann, Élio João Quatrin, Gerson Nunes Lopes, Gilberto Aiolfi, Gilmar Tadeu Bazanella, Giraldo João Sandri, Guido José Thiele, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaucílio Lopes Domingues, João Antonio Harb Gobbo, Joel Carlos Köbe, Josemar Vendramin, José Nivaldo da Rosa, Liones Oliveira Bittencourt, Luciano Stasiak Barbosa, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marcelo Francisco Chiodo, Marice Fronchetti, Mauro Spode, Nerildo Garcia Lacerda, Olmar João Pletsch, Paulo Roberto Kopschina, Remi Carlos Scheffler, Rogério Fonseca, Silério Käfer, Sueli Morandini Marini, Alberto Amaral Alfaro, Aldérico Zanettin, Antônio Manoel Borges Dutra, Antônio Odil Gomes de Castro, Ary Costa de Souza, Carina Becker Köche, Carlos Alberto Graff, Celso Fontana, Cezar Augusto Gehm, Clori Bettin dos Santos, Daniel Miguelito de Lima, Daniel Schneider da Silva, Eliane Hermes Rhoden, Elvio Morceli Palma, Erselino Achylles Zottis, Flávia Pérez Chaves, Francisco Amaral, Gilda Lúcia Zandoná, Henrique José Gerhardt, Jamel Younes, Jarbas Luff Knorr, Jolar Paulo Spanenberg, José Lúcio Faraco, Jovino Antônio Demari, Leomar Rehbein, Luciano Francisco Herzog, Luiz Carlos Brum, Marcelo Soares Reinaldo, Marco Aurélio Ferreira, Miguel Francisco Cieslik, Nasser Mahmud Samhan, Ramão Duarte de Souza Pereira, Reinaldo Antonio Girardi, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Sérgio José Abreu Neves, Valdir Appelt, Valdo Dutra Alves Nunes, Vianei Cezar Pasa Conselho Fiscal: Luiz Roque Schwertner, Milton Gomes Ribeiro, Rudolfo José Müssnich, Hildo Luiz Cossio, Nelson Keiber Faleiro, Susana Gladys Coward Fogliatto Delegados Representantes CNC: Luiz Carlos Bohn, Zildo De Marchi, André Luiz Roncatto, Ivo José Zaffari Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol e Simone Barañano Coordenação Editorial: Simone Barañano PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) chefe de reportagem: Marina Schmidt Reportagem: Cláudia Boff, Diego Castro, Marina Schmidt e Rafael Faustino Colaboração: Edgar Vasques, Eduardo Ferraz, F. Miguel A. Pires, Ludmila Cafarate e Nathália Cardoso edição de Arte: Silvio Ribeiro assistente de diagramação: Caroline Soares Revisão: Flávio Dotti Cesa imagem DE CAPA: ©iStock.com/Okan Metin Tiragem: 21,1 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Agosto 2015 seção página Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro – Porto Alegre/RS – Brasil CEP 90030-142 / Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] www.revista.fecomercio-rs.org.br 123 Selo FSC Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC® (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente responsável da matéria-prima florestal. 5 ©iStock.com/Urban Cow sobre Colaboração Sozinhos não sabemos se as nossas ideias são boas ou ruins, e a criação fica limitada às próprias experiências. O trabalho em equipe ajuda a pensar em novas soluções e aprimora os pensamentos individuais “ Nenhum de nós chegou onde está exclusivamente através do impulso de nossos próprios pés. Chegamos aqui porque alguém se inclinou e nos alavancou. ” Música “Vamos consertar o mundo Vamos começar lavando os pratos Nos ajudar uns aos outros Me deixa amarrar os teus sapatos Vamos acabar com a dor “Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer. Deixamos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao E arrumar os discos numa prateleira outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no Vamos viver só de amor” quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de fato, Agosto 2015 VAMOS VIVER, Sandra de Sá 124 6 não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.” JOSÉ SARAMAGO, escritor português (1922-2010) Errata Na edição 123, nesta página, ironicamente na seção Sobre Erros, erramos ao creditar o depoimento de Paulo Cisneiros a outra pessoa, Saidul Rahman Mahomed, que colaborou para a edição 122. Confira ao lado os nomes corretos com as respectivas fotos. Paulo Cisneiros, professor da Ufrpe e mestre em RH e Comportamento Organizacional (autor de texto publicado na edição 123) Saidul Rahman Mahomed, presidente da editora Qualitymark (edição 122) Reprodução/Internet THURGOOD MARSHALL Juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos (1908-1993) Divulgação O ano de 2015 tem sido bastante complicado para muitas empresas, com economia retraída, cortes de investimentos, aumento de impostos e inflação em alta. Os empresários estão fazendo o que podem para manter suas atividades em ritmo satisfatório. A mesma dificuldade se dá na gestão dos funcionários. Apontado como o segundo meio de atração de profissionais segundo pesquisa do Grupo Catho, está cada vez mais difícil promover aumentos salariais, bonificações e outros benefícios. Além disso, a produtividade está diretamente ligada à motivação. Manter uma equipe motivada e feliz é fundamental para garantir um ambiente corporativo mais produtivo. Neste cenário, o que fazer para manter a equipe motivada, a produtividade e reter os bons talentos? Basicamente, é preciso estar atento a outras formas de motivação não monetárias, como segurança, aprendizado e reconhecimento. Hoje, tão ou mais importantes, em alguns casos, que o dinheiro. Qual o papel do líder nesta equação? Quanto mais complicado for o contexto, mais desafiador será incentivar a equipe. É muito mais honesto o chefe dizer “pessoal, a situação é grave, não vou tapar o sol com a peneira, mas crises vão continuar indo e voltando, só que nesse momento, nos próximos meses, vou precisar do máximo de empenho e dedicação, de esforço, de comprometimento, até passar essa tempestade”. As pessoas ficam muito mais inseguras e muitas vezes mais preocupadas em manter o próprio emprego do que trabalhar em equipe. Cabe ao gestor persuadir as pessoas a trabalharem melhor em grupo e melhorar os resultados até a crise diminuir. Sobre reter ou não a equipe, o jogo também deve ser limpo: “O que eu posso dizer é que eu farei o máximo para não demitir, agora quando eu tiver que cortar custos por motivos que eu não consiga controlar, vocês serão os primeiros a saber”. Quando o chefe faz um discurso duro, mas mostra a realidade como ela é, em vez de gerar pavor, acaba conquistando o respeito das pessoas. É nessa hora de dificuldade que um bom líder faz uma enorme diferença e, às vezes, esse discurso aliado à prática consegue o fôlego que a empresa não teria. Agosto 2015 negócios COMO MOTIVAR QUANDO A ECONOMIA NÃO AJUDA? 124 Eduardo Ferraz Consultor em Gestão de Pessoas 7 & negócios Edgar Vasques notícias Agosto 2015 Intenção de consumo recua em 2015 A Intenção de Consumo das Famílias ©iStock.com/South Agency 124 (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou 86,9 pontos em julho. O resultado indica uma queda de 27,9% em relação ao mesmo período de 2014. A ICF mantém o ritmo de retração pelo sexto mês consecutivo, permanecendo abaixo dos 100 pontos, o que demonstra o pessimismo dos brasileiros diante da atual situação econômica do país. O levantamento aponta que o nível de confiança entre as famílias que recebem mais de dez salários mínimos é menor do que as que possuem renda inferior a isto. Elas atingiram 85,1 e 87,4 pontos, respectivamente. Confiança do comércio é a menor desde 2010 O Índice de Confiança do Comércio (Icom) chegou a 89,8 pontos, em julho, o menor resultado desde o início da pesquisa em março de 2010, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). A piora na confiança dos varejistas é reflexo das projeções negativas para a economia brasileira nos próximos meses. De acordo com o Índice de Confiança dos Consumidores (ICC), medido pela FGV, os compradores também estão pessimistas em relação ao quadro atual. O índice marcou 82 pontos – o menor desde setembro de 2005. Giro pelo Rio Grande discute a reforma tributária A próxima edição do evento Giro pelo Rio Grande, promovido pela Fecomércio-RS, será no dia 25 de agosto, às 18h30, no Clube Comercial de São Borja (Av. Presidente Vargas, 1984). A atividade contará com palestras do economista Marcelo Portugal, do tributarista Rafael Borin e do consultor político Rodrigo Giacomet. O encerramento, às 21h, será feito pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn. 8 espaço sindical Secovi Centro Gaúcho realiza Feira Vendas de pacotes turísticos recuam no país De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas, ©iStock.com/Ultrakwang Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis), a queda nas comercializações de pacotes turísticos já afetou 82% das agências de todo o Brasil. O levantamento mostra que a diminuição da procura por esses serviços se concentra, principalmente, entre as pessoas físicas, com um recuo de 39,8% nas vendas para este público, enquanto no setor corporativo privado a redução foi de 25,7%. Segundo a regional da Associação Brasileira de Agências de Viagens (AbavRS), a venda de pacotes turísticos, no Estado, caiu 40%, no primeiro semestre deste ano. Casa Entre os dias 11 e 14 de junho, o Secovi Centro Gaúcho promoveu a Feira Casa Aqui, em Santa Maria. Mais de 180 negócios foram encaminhados no evento, além das visitas e agendamentos. Sindilojas São Borja lança novo convênio Durante reunião de diretoria, o Sindilojas São Borja apresentou seus novos membros e um novo convênio com a Unicred. A parceria oferece benefícios para os empresários associados. Presidente do Secovi Zona Sul prestigia evento O presidente do Secovi Zona Sul e coordenador da Aliança Pelotas, Sérgio Cogoy, participou da posse da nova diretoria da Câmara de Comércio do Rio Grande. Torquato Ribeiro Pontes Neto assumiu a presidência em substitui- TCE e site Reclame Aqui firmam parceria O Tribunal de Contas do ção a Renan Lopes. Estado (TCE) e o site Reclame Aqui acertaram uma parceria para Porto Alegre recebe a terceira edição melhorar os serviços públicos oferecidos à população. Através do do Egescon O 3º Encontro Gaúcho das Em- acordo, o site estará aberto para receber reclamações a respeito presas de Serviços Contábeis (Egescon) ocorrerá dos serviços prestados pelos órgãos municipais e estaduais do nos dias 22 e 23 de outubro, na Sogipa, em Rio Grande do Sul, como segurança, limpeza urbana e ilumina- Porto Alegre. Uma das novidades desta edição ção pública. A parceria permite que o TCE tenha acesso a todas é o aplicativo para smartphone, que permitirá o as informações das reivindicações, incluindo o conteúdo da postagem e a troca de mensagens entre reclamante e reclamado. A ação pretende tornar os problemas da cidade mais visíveis e facilitar a resolução deles. acesso a informações do evento. Segurança no comércio é tema de encontro do Sincopeças O Sincopeças-RS promoveu um evento com o comandante do 11º Batalhão de Polícia da Brigada Militar, Régis mantenham ferramentas de monitoramento em seus celulares para facilitar a busca em caso de furtos ou roubos. Agosto 2015 Emprego (PPE) deverão provar que estão passando por dificuldades econômico-financeiras e que esgotaram as possibilidades de utilização do banco de horas e do período de férias, inclusive coletivas. Para isso, o Indicador Líquido de Emprego do local deverá ser inferior a 1%. Com o PPE, os gestores podem reduzir em até 30% a jornada de trabalho e o salário dos funcionários. O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do governo federal, complementará a renda dos empregados. A empresa também precisa demonstrar regularidade fiscal e previdenciária. A adesão pode ser solicitada até o fim deste ano e o prazo máximo de permanência é de 12 meses. da Rosa. Ele recomendou que os participantes Divulgação/Sincopeças-RS Programa que reduz jornada de trabalho exige pré-requisitos As corporações que desejarem aderir ao Programa de Proteção ao 124 9 & negócios Divulgação/DE Consultores três perguntas ©iStock.com/Creatista notícias Especialista em Gestão de Pessoas, o diretor-presidente da DE Consultores, Eduardo Tevah, viaja por todo o Brasil compartilhando os seus conhecimentos com outros empreendedores, através de palestras, workshops e consultoria, e é autor de cinco livros sobre vendas. No atual contexto, qual é o maior desafio para o varejo? O varejo vive um de seus momentos mais complexos. A crise econômica, a hipercompetição e a venda via internet contribuem para este quadro. O grande desafio é construir uma empresa que consiga unir os elementos fundamentais: equipe comprometida; marca relevante na mente do consumidor; foco na rentabilidade; e experiência de compra encantadora. Como fazer os negócios prosperarem? É preciso diminuir a preocupação com aquilo que não se pode mudar (câmbio, taxa de juros, governo) e focar na transformação da sua empresa em um centro de excelência. O Inadimplência cresce entre idosos Segundo dados da Serasa Experian, o segmento que teve o maior aumento de inadimplentes foi o de pessoas acima dos 61 anos. De acordo com a pesquisa, o número de idosos endividados, em maio, subiu de 11,8% para 12,2%, em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar da diferença percentual ser pequena, o resultado mostra que 600 mil consumidores, nesta faixa etária, entraram na lista de inadimplentes de um ano para o outro. Os economistas da Serasa Experian apontam que o aumento do crédito consignado concedido entre 2014 e 2015 contribuiu para o maior endividamento dos mais velhos. Outro dado divulgado pela organização mostra que a maioria dos aposentados não consegue ter uma vida tranquila porque não se planeja com antecedência. O Indicador de Educação Financeira (IndEF) 2014, revela que 62% dos jovens entre 16 e 24 anos não fazem nenhum tipo de contribuição para a aposentadoria. momento exige criatividade e inovação. Acima de tudo, é hora de ouvir as pessoas que estão na linha de frente, como vendedores e gerentes, porque eles poderão dar um poderoso diagnóstico do que pode ser feito. O que amplia a competitividade de uma empresa? A capacidade de não viver do passado. Agosto 2015 O passado traz referências, mas o mundo 124 dos negócios mudou tanto que não permite criar raízes excessivas com o que já passou. Competitividade exige entender como pensa e age o novo consumidor. Além disso, é fundamental saber como trabalham os concorrentes. Para ser competitivo é preciso usar a tecnologia como forte apoio das estratégias empresariais. A competitividade exige processos bem estruturados e pessoas engajadas com o trabalho. 10 Lei do salário mínimo não inclui aposentados A presidente Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisó- ria 672, que mantém a atual política de reajuste do salário mínimo até 2019, mas vetou a extensão da regra para os benefícios e aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O salário mínimo é reajustado com base na correção da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. A MP 672 tinha sido aprovada pelo Senado no início de julho, incluindo os aposentados neste cálculo. Com o veto da presidente, a medida volta para a análise do Congresso Nacional. Atualmente, o reajuste dos aposentados é corrigido apenas pela inflação, e segundo o governo federal a alteração no benefício geraria um gasto extra de R$ 9,2 bilhões por ano. ©iStock.com/Sturti Entidades gaúchas apoiam jornada flexível no varejo A proposta do governo federal que prevê a flexibilização da jornada de trabalho no comércio têm o apoio das entidades gaúchas do setor. Com as novas regras, seria possível contratar funcionários por períodos inferiores às oito horas determinadas por lei, adaptando a quantidade de trabalhadores de acordo com a movimentação de clientes nas lojas. Caso as mudanças sejam aprovadas, as empresas também poderão contratar pessoas para trabalhar em dias específicos, como, por exemplo, de quinta-feira a domingo. A remuneração deve ser proporcional às horas trabalhadas, diminuindo o número de demissões. O novo modelo depende da aprovação de uma medida provisória que será votada, em breve, no Congresso Nacional. População Mundial: revisão 2015, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), projeta que o crescimento demográfico no país deverá desacelerar a partir de 2040, fazendo com que o Brasil caia de quinta para sétima nação mais populosa do planeta. Atualmente, o país tem 207,8 milhões de habitantes, e segundo o relatório chegará a 228,6 milhões até 2030. Após o crescimento, o número de pessoas reduzirá para 200 milhões, em 2100. O principal motivo é a queda da taxa de fertilidade, que já chegou a ser de 4,3 crianças por mulher, nos anos 1980, e será de 1,6 entre 2015 e 2030. .com Solicitação do CNPJ fica mais fácil A Receita Federal e o Instituto de Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas do Brasil (IRTDP) acertaram um convênio que simplificará a solicitação do CNPJ. Com a parceria, os usuários poderão solicitar, alterar e baixar o documento do processo simultaneamente com o registro do ato em cartório. Os requerimentos de CNPJ poderão ser analisados e deferidos diretamente pelos Cartórios de Registro de Pessoas Jurídicas que aderirem ao novo convênio. A ação faz parte da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e Legalização de Empresários e Pessoas Jurídicas (Redesim). Agosto 2015 ©iStock.com/George Clerk Crescimento da população diminuirá no Brasil O relatório Perspectivas da 124 Assista no canal da Fecomércio-RS, no YouTube, ao vídeo O Rio Grande tem saída?, produzido pela Zero Hora, contando com a participação de lideranças empresariais. Nele, você pode conferir a opinião do presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, www.youtube.com/videosfecomerciors 11 João Alves/Divulgação Senac-RS seNAC Agosto 2015 Tradição gastronômica dos pampas 124 12 P Nem só de churrasco e chimarrão vive a tradição gaúcha. A diversidade gastronômica do Estado tem conquistado muitos adeptos, inclusive especialistas rimeira edição gaúcha do do ramo. Trazendo a temática Inovação x Tradição: Pampa, Serra e Mar – As diversas cozinhas do Rio Grande do Sul, o Senac-RS e Mesa ao Vivo reuniu mais de revista Prazeres da Mesa promoveram a primeira edição gaú2 mil participantes, além de cha do Mesa ao Vivo, de 20 a 22 de julho. O evento, considerado o maior em enogastronomia do Brasil, reuniu mais de 2 mil especialistas em cozinha, participantes na Faculdade Senac Porto Alegre. Entre eles, na Faculdade Senac Porto mais de cem chefs, cozinheiros e auxiliares que realizaram um verdadeiro reality show de gastronomia. Alegre, de 20 a 22 de julho A programação contou com oficinas, workshops, aulasshow, palestras, jantares magnos, encontros, debates e espa- Destaque no Prêmio Qualidade RS 2015 O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac foi destaque com 22 distinções no Prêmio Qualidade RS 2015, obtidas por unidades de Sesc e Senac de diferentes lugares do Estado. A entrega dos troféus nas categorias Ouro, Prata e Bronze ocorreu no dia 17 de julho, no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Além disso, o Sistema Fecomércio-RS recebeu o prêmio de Comitê Destaque 2014, com o Comitê Setorial Comércio e Serviços. Mais de mil aprendizes formados Educando para o trabalho, o Senac-RS proporcionou, em 8 de agosto, a formatura anual de mais de mil jovens capacitados nos cursos de Aprendizagem. A solenidade na Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, contou com a presença de empresários, autoridades locais, representantes do Sistema Fecomércio-RS Sesc/Senac, diretores e professores das Unidades, além de convidados, amigos e familiares dos formandos. agenda de eventos 25 a 27/Ago Congresso em Caxias do Sul Profissionais do campo imobiliário, estudantes e demais interessados estão convidados a participar, de 25 a 27 de agosto, do 2º Congresso do curso técnico em transações imobiliárias. O evento gratuito é promovido pelo Senac Caxias do Sul, a partir das 19 horas, no Norton Hotel Executive (R. Ernesto Alves, 2083), com o tema O Corretor Imobiliário e os desafios do novo cenário nacional. Inscrições pelo site www.senacrs.com.br/caxiasdosul ou através do telefone (54) 3225-1666. 27/Ago Aula com Alexandre Herchcovitch O estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch Agosto 2015 ços de degustação. Nos dois dias de atividades foram produzidos 43 pratos em 21 horas, em quatro cozinhas e no auditório da Faculdade. Grandes nomes, como Alex Atala – top chef brasileiro de renome internacional – e Carlo Petrini – fundador e presidente de honra do movimento slow food – foram alguns dos destaques. Já o Rio Grande do Sul esteve representado por chefs e docentes do Senac-RS, como Mamadou Sène e Arika Messa, entre outros. Para o diretor Regional do Senac-RS, José Paulo da Rosa, o que mais sobressaiu nos dois dias foi a aprendizagem, a qualificação e a troca de conhecimentos entre público, alunos e convidados. “A gastronomia envolve uma cadeia produtiva relevante, movimenta a economia e pode, com produtos e serviços de qualidade, fazer uma cidade, ou um Estado, tornar-se referência mundial”, observa. Para ele, a principal lacuna do segmento é contar com profissionais qualificados: “Com eventos como este, na companhia de profissionais de excelência na gastronomia do país, contribuímos para vencer esse desafio”. Desde 2004, o Mesa ao Vivo é realizado pela revista especializada em gastronomia Prazeres da Mesa, em diversos estados brasileiros. O diretor da publicação, Georges Schnyder, considerou fantástica a estreia do evento no Rio Grande do Sul. “Todos os momentos foram grandes surpresas. Esperávamos que fosse bacana, mas não que fosse tão legal como foi”, comemora ele. Elogia também a iniciativa: “A estrutura foi fantástica e a organização para fazer o evento foi brilhante.” Também chamou a atenção de Schnyder a interação do público com as atividades. “Diferentemente de muitos outros, aqui o público todo faz parte do mercado e está ávido por buscar conhecimento, o que tornou todas as aulas superinteressantes e com muita participação”, comenta. E completa: “Esse evento será um divisor de águas para a gastronomia do Rio Grande do Sul”. Durante a programação, os participantes também puderam degustar pratos, vinhos e produtos gourmet. Paralelamente, nos dias 20 e 21 de julho, foram realizados jantares magnos na cidade. Os encontros possibilitaram a integração de chefs locais e visitantes nos restaurantes Hashi Art Cruise e a PPKB Kitchen & Bar. Estrelas da cozinha nacional, como Jefferson Rueda, Manu Buffara e Morena Leite, entre outros, executaram cardápios especiais que foram apreciados pelos convidados dos restaurantes gaúchos. 124 ministrará uma aula, no dia 27/8, para os alunos dos cursos de Moda do Senac em Canoas e Novo Hamburgo. O evento ocorrerá em Novo Hamburgo, às 19h. Mais informações em www.senacrs.com.br/ novohamburgo ou pelo telefone (51) 3594-6133. 13 10 passos Organização mesa ARRUMADa, TRABALHO APRIMORADO U ma mesa com várias pastas empilhadas é uma cena comum em diversas empresas. Ter todos os materiais guardados em seus devidos lugares pode otimizar o tempo de produção. confira estas e outras dicas nesta adaptação ao mundo corporativo de A mágica da arrumação, best-seller de marie kondo – mestre na arte japonesa da organização – pela editora sextante Arrume tudo de uma vez 2 Organize por categoria, não por localização No momento de organizar a sua empresa, Em vez de escolher se vai arrumar a recepção, o ideal é fazer tudo em um mesmo dia. o escritório ou a sala de reuniões, defina se Assim, os resultados da arrumação serão vai começar pelos catálogos, documentos visíveis e isso trará motivação para que ou agendas. A partir disso, separe todos os todos os colaboradores mantenham o materiais do mesmo tipo em uma caixa e Agosto 2015 1 local organizado. Quando as mudanças comece a organizá-los. A prática é mais são feitas aos poucos, elas não são eficiente, pois oferece a real dimensão do que 124 muito perceptíveis, logo é comum que você possui na empresa. Muitas vezes, existem as pessoas voltem a bagunçar o que já itens repetidos, como cópias de documentos tinham arrumado. que não são necessários, e se a organização é feita por sala, é difícil perceber o excesso. 14 3 Comece descartando É preciso deixar um momento 4 Faça sozinho Quanto mais pessoas estiverem participando da somente para pensar no descarte arrumação, mais difícil será dos objetos. Se você começa descartar os objetos. a refletir sobre onde vai guardar Sempre alguém vai dizer os produtos que restarem, que precisa de determinado material, o descarte será interrompido mesmo que ele esteja e você não se livrará de todos jogado em um canto da os itens, que sala há muito tempo. não utiliza mais. O ideal é organizar o ambiente sozinho ou com poucas pessoas. Retire tudo do lugar para arrumar 6 Organize a papelada Quando todas as peças são retiradas Primeiro descarte todo o excesso dos seus lugares é possível visualizar tudo de papéis que fica espalhado que está dentro da sala, facilitando a pelas mesas, como folhetos identificação do que não é mais útil publicitários, folhas de rascunho para a empresa. Além disso, se está ou jornais velhos. Depois, tudo desorganizado, o trabalho para organize os documentos importantes guardar e para descartar será o mesmo. em pastas específicas para A estratégia evita a falta de descarte por cada categoria, como contratos, preguiça ou pressa. contas pagas, garantias e manuais Agosto 2015 5 124 15 10 passos 7 Aposte na arrumação vertical Organização 8 Não empilhe pastas e documentos. Essa forma de armazenamento faz com que as Guarde todo o dinheiro em um único local pessoas percam a noção da quantidade Embora menos prestigiadas, de folhas que possuem e dificulta o acesso moedas também são dinheiro. aos papéis que ficam embaixo da pilha. A Sempre que encontrar moedas no melhor opção é enfileirar as pastas, uma do chão, em gavetas, caixinhas ou lado da outra, na vertical. Assim, o acesso em cima das mesas, guarde junto às será facilitado e qualquer acréscimo de notas, em um único local. documentos será percebido, por ocupar É um pequeno detalhe que mais espaço, fazendo com que todos contribui para a organização do seu repensem, frequentemente, a utilidade do ambiente de trabalho. que está sendo guardado. 9 Defina um lugar para cada coisa Esta é a receita para o sucesso da organização. Uma vez que você definiu quais itens ficam em cada categoria, Agosto 2015 escolha locais próximos para guardar 124 objetos que tenham relação entre si. Isso facilita a continuidade do seu trabalho de organização. Outro fator importante, na distribuição dos espaços, é evitar prateleiras vazias. Elas são um convite para o depósito de produtos aleatórios. 16 10 Cuide com o excesso de informação visual Tão importante quanto manter o ambiente de trabalho organizado é cuidar da sensação visual que ele transmite. Não adianta todos os objetos estarem guardados, se o local parece “barulhento”, devido à poluição visual. Evite caixas e embalagens com muitos desenhos, palavras e cores. Divulgação Induzir o desenvolvimento regional utilizando os recursos naturais disponíveis é a maneira mais antiga e sábia de tratar o tema. Acrescentar qualidade e produtividade reforça o método. O Rio Grande do Sul, com extensas hidrovias projetadas, está em condições de colocar em prática, com sabedoria, ações de desenvolvimento empregando os conhecimentos acumulados ao longo de duas centenas de anos, desde a chegada dos primeiros colonos. O crescimento dependerá da geração de cargas junto à hidrovia. O potencial está nos empreendimentos que se instalarem nas áreas lindeiras. Trata-se de ação eficaz, oferecendo, como contrapartida, os benefícios do transporte de insumos e produtos, de maneira econômica e segura. O processo de desenvolvimento regional se inicia pela identificação das vocações, em seguida, pela implantação dos terminais, segundo diretrizes retiradas de um macroplanejamento. Tais diretrizes, contrariamente àquelas que presidiram políticas públicas anteriores, promoverão a interação entre as hidrovias e novos aglomerados produtivos de bens e serviços. A implantação de parques hidroviários, para abrigar empreendimentos, beneficiará, também, as regiões circunvizinhas, gerando empregos, ativando o comércio e aumentando as receitas. Por meio dessa visão haverá o direcionamento de esforços no sentido da inserção da indústria, dos serviços logísticos e dos parques temáticos turísticos no cenário hidroviário. Outro benefício diz respeito à sustentabilidade, pois as hidrovias reduzem impactos ambientais. Parques hidroviários em áreas de preservação ambiental conviverão em harmonia com outras áreas dedicadas aos parques industriais, de serviços, ou de turismo e lazer. No Rio Grande do Sul, 59 municípios contam com hidrovias e valiosa vantagem competitiva por se conectarem a um porto marítimo. Apoiados em uma instituição de fomento, esses municípios irão oferecer facilidades para empreendimentos produtivos, industriais, de serviços logísticos e de turismo, vinculados ao transporte aquaviário. Para o desenvolvimento das áreas lindeiras torna-se indispensável inovar. A instituição de gerenciamento deverá funcionar nos moldes de um órgão voltado ao desenvolvimento, com agilidade e competência para concretizar projetos. Atrair empreendimentos para regiões hidrográficas é induzir o desenvolvimento, e as hidrovias são o fundamento e o ponto de partida. Agosto 2015 opinião DESENVOLVIMENTO COM HIDROVIAS 124 F. Miguel A. Pires Engenheiro e gerente de Projetos da ABTP Sul – Associação Brasileira de Terminais Portuários 17 Agosto 2015 entrevista 124 18 Flávia Ávila Arquivo Pessoal O comportamento que move a economia C om dez anos de experiência em estudos sobre o comportamento do consumidor, a mestre em economia comportamental pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra, Flávia Ávila destaca que essa linha de estudos da economia traz um novo olhar sobre a tomada de decisão do ser humano. É a partir dessa nova perspectiva que lacunas não respondidas pela economia tradicional começam a ser preenchidas texto Marina Schmidt A economia comportamental é um conceito novo no Brasil, mas está cada vez mais consolidada no exterior. Ela está presente em tudo, no comércio, área de políticas públicas, finanças e várias esferas, mas é diferente da economia tradicional. O que aprendemos na faculdade de Economia e ao longo da carreira, quando se vai modelar o comportamento financeiro das pessoas, é que elas tomam decisões de forma racional. Ou seja, conseguem fazer a melhor escolha quando raciocinam sobre a decisão. Normalmente usamos como ferramenta de investigação em experimentos controlados para observar o comportamento real do indivíduo frente a uma escolha. Quando uma pessoa toma uma decisão hipotética nem sempre ela mostra qual será a sua escolha. E o que temos visto ao longo do tempo é que a tendência é de que a escolha seja feita de uma maneira mais fácil, nem sempre é a melhor opção. Agosto 2015 no país? Em linhas gerais, é uma área pouco explorada 124 19 entrevista Flávia Ávila “Uma das forças com as quais trabalhamos muito é a força dos outros, o poder do outro. No marketing, existe a prática de enfatizar o outro, o benefício dos outros que já optaram por um determinado produto.” que ele trabalha em uma linha que tem como pressuposto a tomada rápida de decisões. É o que nós chamamos de heurística. Ele divide a forma de pensar em dois sistemas (um e dois): a primeira é intuitiva e a segunda é a que a gente usa para trabalhar o raciocínio e decisão de longo prazo. Normalmente usamos o sistema um. Costumamos pensar em mudanças grandes, mas os resultados maiores estão nos pequenos detalhes. Qual é o grande desafio da economia comportamental? Quando você coloca o ser humano na jogada, as coi- Agosto 2015 estamos falando de um ramo que só passou a ser 124 20 observado mais recentemente? Existem estudos com- plexos desde a década de 1960, mas até aquele período não havia muita visibilidade. Essa área só começou a ganhar projeção na medida em que foi notado que muitos comportamentos a economia não conseguia explicar. Em 2002, Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia sendo um psicólogo. É claro que ele trabalhou em conjunto com um economista, o Amos Tversky, falecido prematuramente em 1996 – que era um grande parceiro de pesquisa. O importante do estudo do Kahneman é sas ficam mais complexas. O desafio é tentar ver padrões, para que não fique um balaio de gato. Observamos que nossas decisões são tomadas de forma menos deliberativa. Porém, quando decidimos, ficamos com sensação de que estamos fazendo uma grande análise. Em linhas gerais, como a gente decide é a questão do que é mais fácil, imediato, o que influencia é o valor daquele benefício imediato. A ideia do benefício imediato foi trabalhada em um estudo que perguntou a um grupo de pessoas se naquele momento preferiam comer um chocolate ou uma fruta: 70% escolheram chocolate naquele momento, mas se a pergunta fosse para o futuro 70% escolheram a fruta. Normalmente tomamos decisões mais racionais quando pensamos no longo prazo. Isso interfere bastante nos resultados do varejo... entender melhor as necessidades dos clientes é um Muda muito a nossa forma de agir nesse momento de crise. Realmente o futuro está mais incerto. O varejista está restringindo o crédito por conta das possíveis perdas. Como tivemos o boom de consumo recente, o consumidor já está endividado. Mas como tem a questão do benefício imediato, essa força ainda tem muito poder sobre o consumidor. Uma das forças com as quais trabalhamos muito é a força dos outros, o poder do outro. No marketing, existe a prática de enfatizar o outro, o benefício dos outros que já optaram por um determinado produto. As pessoas levam em consideração o fato de outro comprador já ter identificado vantagens naquela compra. dos desafios dos varejistas. qual é a atitude funda- funciona o processo de escolha das pessoas, graças a inúmeros recursos tecnológicos disponíveis, como as redes sociais e instrumentos de análises de dados. Isso favorece os avanços nessa área? Vamos evoluindo ao longo do tempo. Iniciamos uma grande frente buscando entender como o ser humano age. E, claro, temos mais ferramentas agora. E com elas conseguimos entender o humor das pessoas. O Big Data é um banco de dados completo, muito mais individual, segmentado, e que ajuda a avaliar comportamento. Antes, esses dados existiam, mas eram dados brutos. Atualmente, já existem ferramentas que permitem fazer esse tipo de análise de forma mais rápida. “Além do consumidor, conheça bem o ser humano. Se você entra em um nível anterior ao consumidor e foca no ser humano, novas ideias surgem.” Os cartões fidelidade estão bastante difundidos, mas é possível adotá-los com mais estratégia? Na pesquisa de campo, muitas vezes não sabemos o nome da pessoa, mas quando você traz para o cartão fidelidade, consegue personificar. É uma ferramenta que traz a decisão de compra para o contexto real, permitindo o acompanhamento no longo prazo. Na economia comportamental um desafio é como eu personifico a base de dados, e o cartão fidelidade traz essa opção, e é um instrumento que pode ser bastante explorado para melhorar a relação entre empresas e seus clientes. Agosto 2015 Atualmente, há mais ferramentas para identificar como mental para alcançar esse objetivo? Além do consumidor, conheça bem o ser humano. Se você entra em um nível anterior ao consumidor e foca no ser humano, novas ideias surgem. A intenção não é transformar as pessoas em marionetes, mas usar instrumentos reais para fazer experimentos, como o cartão fidelidade. Ou seja, agir de forma diferente para diferentes consumidores. Os cartões fidelidade têm um nível grande de detalhe de informação que permite segmentações incríveis. 124 21 Pós-venda ©iStock.com/Volk 65 Desafios do pós-venda Agosto 2015 texto Rafael Faustino 124 22 M Atender bem os clientes é muito mais que seduzi-los até que a venda aconteça. Pelo menos para as empresas que esperam fidelizar seu público e ter uma boa reputação. Anter um bom Especialistas no assunto e companhias que conseguiram relacionamento com bons resultados com ações pós-venda mostram que, seja qual o produto ou serviço comercializado, é após o negóclientes mesmo após fazer cio ser feito que começa o maior desafio para ser realmente bem visto pelo comprador. o negócio é a chave para “O pós-venda começa na própria venda. Um atendimentrazê-lo de volta mais to qualificado deixa tudo mais fácil, mas é preciso estendêlo aos momentos após o negócio ser feito”, diz Alessandro tarde. Conheça iniciativas Souza, diretor do curso de publicidade da ESPM-Sul. E para de sucesso e conselhos de isso não importa o porte da empresa. São várias iniciativas possíveis, segundo ele, que muitas vezes não implicam cusespecialistas no assunto tos elevados. “Para começar, não custa muito fazer ações básicas como ligar ou mandar um e-mail para saber se a pessoa está satisfeita”, sugere. Mas para isso é preciso conhecer o público com que se está lidando. Como faz a farmácia de manipulação Quíron, que atua desde 1991 em Porto Alegre. A empresa precisa manter seus registros de vendas atualizados por questões de fiscalização da Anvisa, e aproveita as informações para montar históricos de compras dos clientes e usá-los em ações futuras. “Sabemos os tipos de medicação que os clientes usam e fazemos o acompanhamento. Se é algo de uso contínuo e a pessoa parou de comprar, a procuramos para saber o porquê”, explica Fabiano Lima, diretor técnico da Quíron. Outra ação da empresa é, no dia do aniversário dos clientes, telefonar para parabenizá-los e convidá-los a retirar um brinde na loja. Com essas iniciativas, insatisfações são identificadas rapidamente e não se perde contato com o público. Posturas de atendimento personalizado como essa fazem parte do que se passou a chamar de Customer Relationship Management (CRM) ou Gestão de Relacionamento com o Cliente, em português. Sabendo como cada pessoa compra, é possível separá-la em perfis. O bom atendimento deve ser generalizado, mas sabendo o perfil de cada comprador, é possível direcionar esforços para aqueles que geram mais lucratividade. “Não é errado que clientes tenham atendimentos diferenciados. A compra de um pirulito é muito diferente da de uma TV, por exemplo. O ideal é ter o histórico de compras levando em conta o tíquete médio e o valor do cliente ao longo da vida”, afirma Alessandro Souza. É nos casos de produtos que envolvem serviços futuros, como entrega, suporte ou garantia, que o pós-venda se torna ainda mais importante. Na Dell, fabricante de computadores que vende também pelo seu site próprio, há uma equipe voltada só para esse tipo de atendimento. “Além do atendimento receptivo, comunicamos proativamente sobre a evolução dos pedidos, desde o recebimento até as etapas da entrega”, lembra Alexandre Ew, gerente de projetos e programas da em- Pós-venda presa no Brasil. Depois de concluído o processo, uma pesquisa de satisfação verifica se tudo correu bem. Usar a internet para vender, como faz a Dell, abriu portas significativas, mas o ambiente virtual também pode ser fonte de grandes problemas. Nos últimos anos, redes sociais e sites especializados em reclamações se tornaram vitrines importantíssimas para os negócios, que podem ter sua reputação enterrada ali se não tomarem cuidado. No Reclame Aqui, site em que todos os dias são postadas milhares de queixas de consumidores insatisfeitos, 70% dos problemas reportados referem-se ao período pósvenda, segundo Mauricio Vargas, presidente do serviço. É claro que quase todo produto ou serviço está sujeito a falhas. Por isso, se evitar reclamações for impossível, o mais importante é respondê-las de forma eficiente para não ficar com uma imagem ruim. “600 mil pessoas entram no site todos os dias, mas só 25 mil para reclamar. A grande maioria vai apenas checar a reputação da empresa”, revela Mauricio. Já segundo Alessandro Souza, da ESPM, dar uma resposta rápida a qualquer queixa se tornou ainda mais importante com a evolução da internet. “A geração atual é muito acelerada e qualquer vácuo irrita muito. Mesmo que não seja possível resolver o problema na hora, é importante pelo menos dar uma posição de que está cuidando do caso”, adverte o especialista. A Dell destacou uma equipe só para o atendimento em mídias sociais, onde as interações cresceram em 10 vezes desde 2010, segundo Alexandre Ew. Outra iniciativa da Dell DICAS E CUIDADOS PARA O PÓS-VENDA Crie um banco de dados de clientes, com informações e históricos de compra Agosto 2015 Categorize os clientes e os separe em perfis para ações personalizadas 124 Faça projetos-piloto para testar iniciativas: selecione um grupo pequeno de clientes e, se der certo, expanda para o restante Monitore reclamações na internet e aja rapidamente quando aparecerem Dar brindes a clientes fiéis não é desperdício, e sim investimento Se houver atendimento técnico em seu negócio, não meça esforços para resolver o problema. Problemas com pagamentos se resolvem depois 24 Divulgação/Quíron Farmácias Quíron acompanham histórico de compras do cliente e fazem contato ativo na web tem caráter preventivo: em um canal no YouTube, que já tem mais de 4,5 mil pessoas inscritas, a empresa posta vídeos com dicas para utilização, manutenção e prolongamento da vida útil dos equipamentos. Todos os princípios do bom atendimento pós-venda continuam valendo quando os clientes são outras empresas. A Sanvitron, de Três Coroas, que comercializa equipamentos de acesso para empresas, como cancelas de estacionamento e controles de ponto de funcionários, tem processos internos para avaliar todos os atendimentos, gravando os históricos e analisando em que é possível melhorar. “Procuramos sempre atuar proativamente, avaliando os produtos após as instalações e ligando para os clientes. No fim, é mais barato, já que evitamos gastos com alguns atendimentos de emergência”, observa Guibson Santos, diretor da companhia. Atuando com produtos que muitas vezes são alugados a longo prazo, e não comprados, a Sanvitron busca cultivar essa longevidade com atendimento diferenciado. Para quem está entrando no mercado, a empresa oferece estudos de implementação, medindo oferta e demanda futura para o possível cliente. “Já houve casos em que trocamos os equipamentos de clientes sem cobrar nada, porque já havia versões mais novas disponíveis. Fazemos isso para manter essas empresas conosco”, afirma Guibson. O resultado é que, da base de 700 clientes da companhia, mais da metade está com a Sanvitron há mais de cinco anos. “Alguns estão conosco desde a criação da empresa, há 18 anos”, conta o diretor. Ou seja, fidelidade e recompra garantida. Sustentabilidade para carregar o seu telefone A adequação às necessidades tecnológicas atuais respeitando a sustentabilidade é um fator de peso no desenvolvimento de um projeto. Foi pensando nisso que o gerente de projetos Nilson Dias se uniu ao marceneiro Thalles Aguiar para criar o Bambu Smart Point, um poste sustentável à base de energia solar que carrega até 12 telefones de uma só vez. Feito de bambu e impermeabilizado poliuretano vegetal à base de mamona, a invenção gera um total de 150W (a mesma voltagem de uma tomada comum) por meio de um painel solar acoplado à parte superior do poste. O Bambu Smart Point foi idealizado principalmente para grandes eventos, como feiras e bienais, e serve também como ponto de interação para pessoas com um mesmo propósito. Conhecida pela sua educação diferenciada ao ser pautada pelo ensino da sustentabilidade, a Escola Parque, no Rio de Janeiro, foi a primeira instituição a adquirir o Bambu Smart Point, pelo investimento de R$ 10 mil. Agosto 2015 Divulgação/MX3D Engenharia de impressora Desde a sua invenção, sabe-se que as possibilidades de uso de uma impressora 3D são infinitas. E apesar de seu uso prático ainda ser um pouco nebuloso para o consumidor final, a prefeitura de Amsterdã, na Holanda, resolveu se utilizar da nova tecnologia para melhorar a infraestrutura da cidade. Em parceria com a empresa de robótica MX3D (já conhecida por desenvolver estruturas de metal complexas a partir de impressão 3D) e com a empresa de software de engenharia Autodesk, a prefeitura está desenvolvendo uma ponte de aço cujas peças geradas totalmente por uma impressora 3D. Com 7,3 metros de comprimento, apesar de ainda não ter sido revelada a localização exata, a ponte será construída sobre um dos canais que passam pela cidade. ©iStock.com/Cimmerian ©iStock.com/HASLOO Voo futurista Ao que tudo indica, a humanidade caminha para uma personalização de atendimento cada vez mais aguçada, ainda mais impulsionada pelas novas tecnologias de reconhecimento e identificação disponíveis hoje em dia. Os aeroportos, dada a importância comercial e política que têm, não poderiam ficar para trás nesta corrida tecnológica. Vários aeroportos já possuem dispositivos chamados Beacons, um aparelho que emite informações a dispositivos móveis por bluetooth. No aeroporto de Gatwick, em Londres, o Beacon identifica o viajante pelo smartphone e começa a fazer um serviço de GPS, ao direcionar o passageiro para o portão de embarque e mostrando, durante o percurso, restaurantes e lojas. Em Düsseldorf, robôs servem de manobristas e relacionam o itinerário do viajante à placa do automóvel. Adentrando os meios de identificação digital, o Aeroporto de Dulles, nos EUA, conseguiu acelerar o check-in do cliente usando sistemas de reconhecimento facial no controle de passaporte. Também há planos de modernizar a logística dos aeroportos: futuramente os stands de check-in estarão mais esparsos. A ideia principal é cortar gastos, acelerar a viagem e tornar os aeroportos mais acolhedores para o viajante. pelo mundo 124 25 Agosto 2015 empreendedorismo especial 124 26 Brilho no olho e mãos à obra E star apaixonado por uma ideia é estimulante e pode levar qualquer pessoa ao sucesso. Mas para além dessa força motriz é preciso manter o pé firme no chão, mesmo quando a mente voa na direção dos grandes sonhos No universo corporativo, falar em brilho no olho é transmitir a ideia de que o entusiasmo, perceptível a qualquer um, pode levar o empreendedor mais longe. E aquele empresário, que reluz suas aspirações e conquistas, é sempre tido como instexto Marina Schmidt pirador. E deve ser assim mesmo. Afinal de contas, do que imagem de abertura ©iStock.com/Okan Metin adiantam as conquistas se elas não te fazem brilhar? Segundo a Endeavor Brasil, esses empresários, tidos como referência por tantos outros, são os empreendedores de alto impacto, terminologia que tenta dimensionar a importância deles não só para os grupos em que atuam, mas para toda a sociedade. Afinal de contas, eles inspi- ram, mas também são capazes de colocar em prática modelos de negócios tão bem-sucedidos que fazem com que todos que os rodeiam ganhem com o seu sucesso. Em outras palavras, são propagadores de resultados positivos. Porém, por trás dos feitos grandiosos muitas vezes está uma solução simples. Segundo dados da Endeavor Insight, a maioria dos empreendedores de alto impacto começa a empreender em áreas que domina e conhece. Entre os melhores Empreendedores Endeavor – aqueles cujas empresas cresceram em média 20% ao ano nos últimos três anos –, 94% começaram negócios que tinham três fatores: o negócio estava em um mercado ou indústria em que o empreendedor já tinha alguma experiência; o negócio era sustentado por habilidades que o empreendedor já possuía; ou tinha proximidade o suficiente com os consumidores para engajá-los muito cedo e com frequência. Ou seja, não existe segredo: quem alcança o sucesso e que provavelmente te inspirou a ir para o mundo dos negócios muito provavelmente iniciou fazendo algo que dominava bem e, assim como você, começou pequeno. Mas é no tamanho do sonho que muitas vezes esses exemplos se Agosto 2015 empreendedorismo 124 27 especial diferenciam. Sonhar grande é o que mantém o brilho nos olhos e é o que move para o crescimento. A curiosa menina do Vale Bel Pesce Agosto 2015 Empreendedora 124 28 “ Ayla Safir/Divulgação O ser humano nasce com uma curiosidade muito grande para conhecer o mundo. Basta acompanhar os primeiros anos de vida de uma criança para perceber como tudo é instigante. As descobertas mais banais são acontecimentos de proporções inimagináveis para quem vê o novo em tudo. E em meio a tantos porquês, vamos contextualizando a vida e construindo conexões. A tendência é a de que uma pergunta leve a outra, alimentando o prazer para ir sempre um pouco além; porém, com o avançar dos anos, muitas vezes, essa aguçada curiosidade se perde em meio à rotina. Mas não necessariamente precisa ser assim. Quem observa o reluzente e curioso olhar da menina do Vale, Bel Pesce, percebe que as melhores características da criança que ela foi permanecem ali, conduzindo aquele olhar vibrante para todos os lados. Muitas vezes é recorrendo à curiosidade da infância e a cada pequena descoberta feita É importante que o brilho nos olhos seja sustentado por uma garra imensa. Dê valor a cada passo e, realmente, curta a jornada. ” desde então que Bel Pesce conta a sua trajetória. E aquela lógica da infância, de que uma pergunta leva a outra, ou, melhor, de que uma descoberta leva a outra, nunca se perdeu. “Foi a minha curiosidade que me fez aprender diversas coisas, e que acabaram me abrindo portas”, conta. Aos 27 anos, Bel Pesce já escreveu três livros, o mais conhecido deles é A menina do Vale, obra em que conta sua trajetória de empreendedorismo com foco no trabalho realizado no Vale do Silício, onde se destacou fundando empresas e liderando equipes. Recentemente, Bel criou a FazINOVA, escola de empreendedorismo e habilidades sediada em São Paulo, sua cidade natal. É, ela não para. “Realmente, a curiosidade me move muito. Até mesmo quando eu estou viajando, por exemplo, se eu vejo alguma coisa curiosa, mesmo que eu tenha que desviar da minha rota ou andar 10 minutos em outra direção, eu vou ver. A minha curiosidade é muito grande, e eu acabo aprendendo.” Com o prazer da descoberta sempre presente, a empreendedora conta que gosta de saber o que as pessoas pensam e como elas são, mas adora desvendar, também, o que está por trás do tudo, o como e o porquê. “Isso acaba sendo bem poderoso também. Não sei se é o segredo do brilho nos olhos, porque às vezes não é necessariamente a curiosidade que leva a isso”, pondera, revelando que é impossível negar que a “curiosidade junto com um entusiasmo grande perante muitos temas acaba gerando esse brilho”. Essa paixão é visível, destaca Bel. “Realmente dá para ver os olhos brilharem. Isso acontece quando estou aprendendo novas coisas, mas também acontece quando eu estou me aprofundando em coisas que não são novas.” Para ela, é algo que tem a ver com propósito. Ou seja, o empreendedor com essa característica é aquele que enxerga um porquê “fantástico” em tudo o que faz. O grande desafio, argumenta, é passar daquela empolgação à concretização. “E é um desafio manter o brilho nos olhos, porque nessa trajetória vão surgir diversas dificuldades com os quais você não contava. Você vai precisar de resiliência, determinação, dedicação e perseverança. Então, às vezes é fácil perder o entusiasmo e o foco. E tem pessoas que, infelizmente, tentam tirar essa motivação.” Como escapar dessas armadilhas? Mantendo o olhar reluzente, compreendendo claramente aonde se quer chegar. Em busca do sonho Descobrir o empreendimento que traria o brilho ao olhar exigiu dos franceses François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp viajarem por um ano em busca de uma iniciativa que serviria de inspiração para o negócio que pretendiam lançar. Morillion conta de forma bastante irreverente que tudo começou com uma conversa descontraída entre os dois amigos. Formados em Administração na França, eles estavam no topo do mundo, literalmente, em uma tarde de primavera em Nova Iorque, no ano de 2002. Morillion e Kopp viajaram o mundo para criar o modelo de negócios sustentável da Vert Shoes Com a vida estabilizada, os dois trabalhavam no mercado financeiro americano. A carreira dos dois estava no nível em que muitos profissionais sonhavam, mas apesar disso, eles perceberam que almejavam mais da vida. “Discutíamos que não estávamos felizes. Nossa vida estava vazia e a única preocupação dos nossos amigos era conseguir a melhor mesa no melhor restaurante e entrar na balada – nada contra a balada, mas sabíamos que o mundo enfrentava problemas maiores”, conta Morillion. A reflexão, que muitos de nós fazemos por vezes, não ficou só na conversa. Os dois transformaram a angústia Agosto 2015 “A dica é não perder o conceito do quanto é importante executar a cada dia e de quanto cada passo é essencial. O brilho nos olhos e a sua expectativa quanto aos negócios, às vezes fazem com que você espere que as passadas sejam muito grandes, e elas não são. Todo projeto vem com muito esforço, um passo atrás do outro.” E é assim que se vence cada etapa, ensina Bel Pesce: “É fundamental que o negócio seja sustentado por uma garra imensa. Dê valor a cada passo. Realmente, curta a jornada. Se eu tenho uma grande ideia hoje é claro que eu quero chegar no meu objetivo, mas o importante não é só a concretização, é todo o processo”. A jovem empreendedora, que ama aprender mas também tem muito a ensinar, foi considerada uma das “100 pessoas mais influentes do Brasil” pela Revista Época, além de ter entrado no ranking dos “30 jovens mais promissores do Brasil”, da Revista Forbes, e fazer parte da seleta lista dos “10 líderes brasileiros mais admirados pelos jovens”, da Cia. de Talentos. Bel estudou no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), trabalhou em grandes empresas, como Microsoft, Google e Deutsche Bank, e morou no Vale do Silício. Após sete anos estudando e empreendendo nos Estados Unidos, voltou ao Brasil em 2013 e fundou a FazINOVA, sua “escola dos sonhos”. “Eu sou extremamente apaixonada por entender como fazer as coisas acontecerem. Eu tenho uma paixão gigantesca por criar produtos e por interagir com os clientes, mas tenho também por todos os pontos de gestão de funcionários ou de clientes. Isso tem um valor muito grande para mim. Não interessa só ter a boa ideia ou concretizar, para mim todo o meio me faz brilhar os olhos também, porque é aprendizado.” Divulgação/Vert Shoes empreendedorismo 124 29 especial no motor de que precisavam para empreender. Decidiram abandonar o emprego e viajar durante um ano para estudar sustentabilidade. Passaram três meses em cada um dos quatro países que visitaram: Índia, China, África do Sul e Brasil. Dos 56 projetos que conheceram, apenas um despertou o interesse dos jovens de 22 anos. Era o negócio de uma empresa francesa que comprava palmito pupunha de uma cooperativa do Norte do Brasil, pagando um valor pela matéria-prima acima do mercado e sem intermediários. “A sustentabilidade estava no negócio”, salientou Morillion. Apostando em um modelo semelhante, os empreendedores decidiram investir na fabricação de tênis e criaram a marca de sapatos Veja, que inicialmente era comercializa- Pura inspiração A Endeavor Brasil define o empreendedor de alto impacto como aquele que é capaz de revolucionar o meio em que atua, gerando resultados e oportunidade de trabalho, promovendo evolução social, mas, principalmente, inspirando as próximas gerações de empreendedores. Para isso, ele precisa reunir algumas características específicas, como as cinco listadas pela Endeavor: da apenas na Europa. “Nós gostamos de tênis, crescemos na geração Nike, mas conhecemos a realidade dessa indústria, em que os tênis são desenvolvidos a partir da exploração do Sul pelo Norte.” Resolveram empreender no Brasil. As matérias-primas básicas na produção dos tênis da marca são lona, algodão e borracha. Em todas as etapas, os fornecedores não recebem pelo preço de mercado, mas de acordo com valores acordados entre a empresa e as cooperativas. Do Nordeste, principalmente do Ceará, vem o algodão orgânico, que é plantado em áreas de multicultura sem uso de agrotóxicos. Já a borracha vem do Acre, onde os seringueiros não só extraem o látex como beneficiam o produto em um processo semi-industrial, que eleva em mais de três vezes os ganhos dos produtores, favorecendo a manutenção dos seringueiros na atividade, sem que tenham que se dedicar a atividades menos sustentáveis, como a pecuária. A fabricação dos cerca de 100 mil pares de calçados produzidos por ano também é realizada em um local escolhido estrategicamente. Morillion diz que pesquisou as localidades que ofereçam mão de obra que assegurem as melhores condições aos trabalhadores e optou pela cidade gaúcha de Campo Bom. No caminho certo Os líderes de alto impacto... ... SONHAM GRANDE – Têm ambição e capacidade de enxergar longe Comece com o que você conhece 01 Comece pequeno, mas sonhe grande 02 Não se prenda ao plano de negócios 03 Procure investimentos e ganhe conselhos 04 A experiência te leva mais longe 05 ... TÊM BRILHO NO OLHO – Nutrem paixão pelo que fazem e, por isso, fazem sempre mais e melhor ... INOVAM – Sabem que para se diferenciar não adianta fazer igual ao concorrente Agosto 2015 ... BOTAM PARA FAZER – Têm capacidade de executar com excelência ... SÃO ÉTICOS – Fazem com transparência, gestão e profissionalismo 124 Fonte: Endeavor Brasil 30 Fonte: Endeavor Brasil Além do entusiasmo Para a professora da escola de Administração da Ufrgs, Daniela Callegaro, hoje existe uma busca dos jovens empreendedores para que encontrem na realização profissional algo a mais do que as gerações antecessoras buscavam. A noção de sucesso é completamente diferente. “Está muito ligado com uma nova característica da geração atual, que trabalha buscando bem-estar na vida profissional e pessoal”, comenta. A ideia que move a juventude que consagrou o modelo de negócios das startups é sobreviver do que gosta. “Eles precisam estar envolvidos e felizes. Não é só ter, é estar feliz e realizado com o que se está fazendo”, dimensiona, comentando que é crescente o percentual de pessoas que pretendem empreender porque querem e não porque necessitam. Mas daí a conseguir alcançar “ François-Ghislain Morillon Fundador da Vert Shoes Nossa missão é contar a nossa história para passar o bastão para os outros. ” os objetivos é uma trajetória longa. “O planejamento é o primeiro passo para o negócio conseguir ter sucesso”, orienta a professora. Ela pondera, no entanto, que diferentemente da característica dos empreendedores mais velhos, hoje o plano de negócio não é mais a bíblia dos empresários. “Atualmente, a forma de empreender está mais dinâmica. Eles continuam planejando e fazendo seus planos, mas com maior flexibilidade.” Mas as características estimulantes do presente momento podem também colocar um balde de água fria nos negócios, alerta Daniela. A ansiedade para ver as coisas acontecerem pode minar a paixão do empreendedor muitas vezes. Outro ponto que é prejudicial ocorre quando o empreendedor aposta com tanta veemência na própria ideia que não é capaz de notar que ela não irá dar certo. “Ele está muito preso na sua ideia e acha que é o máximo e que vai dar certo, mas não faz avaliação de mercado e não verifica se vai ter aceitação”, adverte. Esse cenário, obviamente, culmina com a frustração. “Focar a ideia e não colocar para avaliação acaba gerando o resultado não esperado. O empreendedor de hoje tem formação sólida, mas como está tão apegado à questão técnica não consegue colocar a proposta para avaliação, perde a autocrítica.” A dica de ouro da professora é: corra riscos calculados. “Tem que ser uma aventura com fundamento.” Agosto 2015 “No Brasil, pagamos cinco vezes mais por um funcionário. Fazemos questão de estar em uma fábrica que respeita os trabalhadores”, sustenta. Apesar das escolhas que aparentemente inviabilizariam o negócio, Morillion reforça que a produção é viável. A marca é vendida no Brasil há cerca de dois anos, sob o nome Vert Shoes. Os tênis são vendidos a R$ 200, abaixo, inclusive, do preço de muitas marcas comercializadas aqui. Para garantir rentabilidade, a estratégia da Vert é abrir mão da publicidade. A empresa não investe um centavo em propaganda. “Quando você compra um tênis, 70% do preço dos produtos tradicionais é publicidade”, justifica. Além disso, a Vert trabalha com um estoque mínimo, produzindo na medida da demanda dos consumidores. Morillion conta a fidelização dos consumidores e propagação espontânea da marca. No mercado francês os tênis fabricados aqui e vendidos lá como Veja são vendidos há dez anos e já foram encomendados por artistas europeus como Lilly Alen e Chris Martins, vocalista da banda Coldplay. O empreendedor conta que sempre cobra pelos modelos e não gasta com propaganda, conseguindo assim viabilizar o negócio de forma sustentável. “Nós sabemos que não estamos resolvendo os problemas do mundo. Nossa missão é contar a nossa história para passar o bastão para os outros”, sacramenta o empresário. Divulgação/Vert Shoes empreendedorismo 124 31 saiba mais beleza / mercado Habitação A Caixa Econômica Federal liberou para financiamento imobiliário para mutuários que contribuem para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS). Os imóveis devem ter preço até R$ 400 mil, com prazo de financiamento de 30 anos e juros máximos R$ 4 bilhões de 8,85% ao ano. Dívida pública 3,50% A dívida pública federal subiu em junho, quando atingiu R$ 2,483 trilhões, segundo dados do Tesouro Nacional. Genéricos A venda de medicamentos genéricos apresenta crescimento superior à média do mercado, com alta de 24,6%. Foram movimentados no primeiro semestre de 2015, contra R$ 7,3 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos. R$ 9,1 bilhões para eles Segundo a Euromonitor internacional, o mercado de beleza masculino tem se diferenciado e crescido cada vez mais no Brasil. A gama de produtos destinados a eles, como shampoos, sabonetes, cremes de barbear e loções, tem se tornado cada vez mais diversificada e campeã de vendas. Esse sucesso está fazendo o mercado local se tornar um dos mais promissores, podendo alcançar a liderança mundial até 2019. A projeção da Euromonitor aponta um possível crescimento de 7,1% nos próximos quatro anos, movimentando cerca de US$ 6,7 bilhões e ultrapassando os campeões EUA, que devem movimentar US$ 6,4 bilhões até a data. Em 2014, o setor movimentou US$ 4,7 bilhões, um aumento de quase 100% em cinco anos de pesquisa. Em 2019, o mercado de beleza para homens deve chegar a US$ 40 bilhões ao redor do mundo, movimentado principalmente por países emergentes. ©iStock.com/Michael Jung mais & menos RH / Networking & e-mails Ao contrário do que possa parecer, as redes sociais perderam a preferência dos empresários na hora de fazer networking. Segundo pesquisa da Robert Half Management Resources, 50% dos empreendedores preferem o e-mail como forma de aumentar e conservar a sua networking. O número é mais que o dobro do registrado em 2012, quando apenas 22% dos empresários achavam a troca de e-mails a melhor forma Contratações De acordo com pesquisa feita pela Michael Page, consultoria global especializada em recrutamento de executivos, dos gestores de RH pretendem contratar ao longo do segundo semestre deste ano. Porém, para a maioria (63%) as contratações serão para substituir profissionais com baixo desempenho. de fazer contatos. Em 2012, as preferidas eram as redes sociais, com 45% de preferência, e em 2015, elas contabilizaram apenas 18% do interesse. 55% Agosto 2015 Consumo 124 32 A pesquisa trimestral realizada pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e a TNS Brasil aponta que dos consumidores acreditam que a inflação impacta na decisão sobre novos financiamentos e que já estão mudando os padrões de consumo. O lazer foi o padrão de consumo que mais teve impacto para 83% dos entrevistados, seguido de vestuário (77%) e alimentação (76%). 92% TECNOLOGIA / Apps que vendem O uso de mídias sociais e de dispositivos móveis está aumentando o conhecimento dos clientes cada vez mais, dando o poder necessário para fazer suas compras de maneira autônoma. Segundo a pesquisa realizada pela Salesforce, a grande diferencial de sucesso é o uso de tecnologia como plataformas de CRM ou aplicativos de Sales Analytics (forma de vendas mais inteligente). No Brasil, 200 líderes de equipes de vendas foram entrevistados, e um terço deles afirmou usar Sales Analytics, sendo que esperam um aumento de mais de 100% do uso do aplicativo no próximo ano. 29% dos entrevistados afirmaram usar dispositivos móveis para vendas, e segundo projeções, esse ferramenta deve aumentar 160% nos próximos 18 meses. Dessa forma, esses líderes visam ganhar novos clientes, aumentar as compras dos já vinculados à empresa e criar relações mais profundas com eles. Os entrevistados também projetam aumento em 80% no volume de funcionalidade de tecnologia no próximo ano. dos pais Segundo pesquisa do banco HSBC, nove em cada dez pais brasileiros gostariam que seus filhos seguissem profissões tradicionais, como medicina, direito e engenharia. A pesquisa O valor da educação entrevistou 5,5 mil pais de 16 países diferentes, e 83% dos pais preferem carreiras tradicionais para seus filhos, média menor do que a porcentagem brasileira. Dentro do grupo de pais que preferem carreiras consolidadas, 23% preferem Medicina, 18% gostariam que os filhos fizessem Engenharia e 12% escolheriam Direito. Além disso, 82% dos pais responderam que gostariam que os seus filhos tivessem uma profissão diferente da sua. Segundo a pesquisa, os pais brasileiros valorizam o estudo, mas nem todos ajudariam ou poderiam pagar a educação dos filhos: 89% dos pais no Brasil consideram o diploma universitário essencial para ter sucesso na vida, e 88% deles estão dispostos a ajudar financeiramente nos estudos dos filhos, enquanto a média global é de 95%. Software AG alega que foram detectados mais de 440 mil novos malwares (programas maliciosos) para o sistema operacional de dispositivos móveis Android no primeiro trimestre de 2015, 21% a mais do que no ano anterior. A pesquisa também afirma que cerca de 5 mil novas amostras de softwares são detectadas diariamente – uma média de um novo código malicioso registrado a cada 18 segundos. Mais da metade desses novos vírus são criados para roubar dinheiro, o que comprova que os cibercriminosos estão cada vez mais ousados e engenhosos no crime virtual. Entre os principais crimes está o tradicional roubo de informações bancárias, contudo, há novos malwares que rastreiam as subscrições online de um serviço de chamadas e fazem chantagens por intermédio de programas maliciosos que impedem o acesso ao sistema infectado e então cobram um resgate para que o internauta possa se conectar novamente ao programa infectado. A G Data ainda prevê que o número de novas ameaças cibernéticas deva crescer significativamente até o fim do ano. FUTURO / cinco anos de mudança As startups podem ser responsáveis pela mudança do mundo como conhecemos, provocando profundas mudanças no mercado e se inserindo cada vez mais na economia mundial. O Young Entrepreneur Council (YEC) identificou 9 grandes itens no cotidiano que podem acabar até 2020. Veja a lista: 1 – Sistema de táxi atual: será substituído pelos aplicativos de celular cada vez mais populares, como 99 Taxis e Easy Taxi. 2 – Correios: terão outras funções, como entrega de compras. 3 – Papel: não vai desaparecer totalmente, mas perderá força. 4 – Telefones residenciais: a quantidade de celulares já ultrapassou a de linhas convencionais, que deverão ser extintas. 5 – Planos de voz para celulares: com a multifuncionalidade crescente dos celulares, a tendência é que, cada vez mais, os planos de voz sejam substituídos por planos de dados. 6 – Cartão de crédito: aplicativos via dispositivos móveis, como o Apple Pay e a Google Wallet, estão ficando cada vez mais populares pela sua versatilidade, o que é uma ameaça para o descartável cartão de plástico. 7 – Mídia de armazenamento: a praticidade do armazenamento em nuvem está tornando os armazenamentos físicos de mídia (CDs, DVDs, Pendrives) defasados. Agosto 2015 exponenciais do cibercrime O relatório trimestral Segurança na Internet da G Data ©iStock.com/Elab Design TECNOLOGIA / Níveis ©iStock.com/Digital Skillet CARREIRA / Escolha 124 8 – TV a cabo: com as possibilidades trazidas pelos serviços de streaming como o Netflix, a TV a cabo deve sair de linha. 9 – Trabalhadores de fast-food: robôs deverão substituir os humanos, como os montadores de sanduíches e embaladores. 33 sesc Claudio Etges/Divulgação Sesc-RS Um mês para reflexão Agosto 2015 a 124 34 O mês de julho foi dedicado a atividades que promoveram o intercâmbio entre profissionais e estudantes da área da educação infantil. Embora seja um períperfeiçoar o olhar para odo marcado pelo recesso do meio do ano, é o melhor modesenvolver atividades lúdicas mento para rever práticas, debater temas de interesse do ramo e conhecer novos métodos. “É uma maneira de olhar também faz parte da nobre arte de para as crianças de uma outra forma”, sintetiza a gerente de Educação do Sesc Nacional, Maria Alice Lopes de Souza, que ensinar. E as férias são o melhor participou do 2º Fórum Sesc de Educação, em Porto Alegre. período para debater a educação Nesse mês, a instituição organizou atividades nas cidades de Porto Alegre, Lajeado e Santa Cruz do Sul, reunindo especialistas e um público atento e inspirado a aprimorar o olhar. É a oportunidade para rever práticas educativas, como demonstra Maria Alice: “Qual é a concepção de infância que a gente tem dentro da escola? Como eu faço para ter essa concepção na minha escola? Se não fizermos essa reflexão, tudo fica no discurso, mas no fazer, ainda, continuamos a tratar todos da mesma forma, de maneira muito tradicional”. Histórias de ontem, riquezas de hoje Com o O primeiro evento promovido em julho foi o Workshop Sesc de Formação de Educadores, em Lajeado, que contou com palestras, oficinas e bate-papos, além da presença da professora, escritora e contadora de histórias Marô Barbieri. No dia 11, Santa Cruz do Sul recebeu a primeira etapa do Seminário Infância e Novas Possibilidades, realizado em parceria com o Colégio Marista São Luís, onde foi discutido o uso da tecnologia na escola e na infância. Esse evento terá outras quatro etapas. O encerramento do mês ficou por conta do 2º Fórum Sesc de Educação, realizado em Porto Alegre no dia 23 de julho. Com o tema Os ambientes e a aprendizagem na infância: relações e conexões, o encontro ampliou para o público presente a percepção de mundo na infância, mostrando como é possível conjugar inúmeras práticas lúdicas para ensinar, divertir e promover intercâmbio entre as crianças. Para Maria Alice, esses eventos são “uma grande oportunidade para refletir sobre o trabalho, olhar o que a gente faz e o que a gente pode aprimorar”. A gerente de Educação do Sesc Nacional destaca, também, que as escolas de educação infantil do Sesc no Rio Grande do Sul estão em pleno alinhamento com as práticas disseminadas pelos fóruns e workshops promovidos. “Essas escolas têm sido referência para o Brasil inteiro”, disse. objetivo de estimular o conhecimento e resgatar a história dos municípios do Rio Grande do Sul, o SescRS realiza, neste ano de 2015, o projeto Histórias de ontem, riquezas de hoje - Uma viagem pela história das cidades gaúchas com a Maturidade Ativa. A proposta é que os 47 grupos do programa pesquisem sobre a história de suas respectivas cidades e compartilhem esse conhecimento com a população local. O projeto será concluído em novembro, com apresentação oficial dos grupos na 12ª Convenção Estadual da Maturidade Ativa, em Torres. Jogos Comerciários Estão abertas as inscrições para as etapas municipais do 35° Jogos Comerciários Sesc. As disputas contemplam as modalidades esportivas: Atletismo (masculino e feminino); Bocha (masculino de trio); Canastra (misto); Futebol 7 Masculino (adulto e máster); Futebol de Campo; Futsal Masculino (adulto e máster) e Futsal Feminino (adulto); Natação (feminino e masculino); Vôlei de duplas (feminino e masculino); Voleibol (masculino e feminino) e Xadrez. As fases municipais seguem até outubro, em mais de 40 municípios gaúchos. Já a final estadual do 35º Jogos Comerciários Sesc será realizada nos dias 14 e 15 de novembro, em Porto Alegre. Mais informações: https://www.sesc-rs.com.br/ O som, a luz, as texturas, as cores, os sabores e as formas. Tudo pode entreter, divertir e ensinar. Mais do que isso, o contato com o outro e com aquilo que é novo amplia a percepção das crianças. Mas por mais que o mundo infantil seja repleto de elementos tão distintos, compreendê-lo é simples para os que estão dispostos a criar conexões totalmente novas, como representar o som com um desenho, um dos artifícios apresentados pelo atelierista colombiano Juan Carlos Melo Hernández durante o 2º Fórum Sesc de Educação. Referência mundial na área da educação, Hernández prendeu a atenção dos participantes do fórum mostrando as distintas possibilidades para estimular o aprendizado e as relações que as crianças desenvolvem com os colegas e com o mundo. “A questão não é o espaço, mas a qualidade da experiência e qual será o seu impacto no curto, médio e longo prazos”, orientou Hernández ao final de sua apresentação. jogoscomerciarios. agenda de eventos 16 e 23/Ago Circuito Sesc/Caixa de Corridas 2015 Estão abertas as inscrições para as atividades de agosto do Circuito Sesc/Caixa de Corridas 2015, que serão realizadas em Santana do Livramento (16 de agosto) e em Ijuí (23 de agosto). Inscrições pelo site www.sesc-rs.com.br/circuitodecorridas. Agosto 2015 Inúmeras conexões 124 25 a 30/Ago 2ª Mostra Sonora Brasil Sesc Será realizada em Porto Alegre a 2ª Mostra Sonora Brasil Sesc, entre 25 a 30 de agosto, com apresentações e oficinas sobre o tema Violas Brasileiras. 35 gestão ©iStock.com/kemalbas Blockbuster ou Cauda longa? Agosto 2015 texto Rafael Faustino 124 36 U A evolução do varejo, da tecnologia e dos hábitos de consumo vem trazendo novos desafios aos lojistas. Na última década, um debate sobre a evolução das m debate que cresceu nos vendas com o avanço das lojas virtuais vem dividindo opiniões últimos anos movimenta sobre como dirigir os negócios. Afinal, se comprar pela internet representa ter muito mais opções, e com cada vez mais o varejo físico e virtual. gente fazendo isso – as vendas virtuais contabilizaram R$ 35,8 bilhões em 2014, crescendo 24% sobre o ano anterior, segundo Conheça as teorias e a empresa especializada em e-commerce E-bit –, ocorrerá natuveja como influenciam a ralmente uma diversificação dos produtos vendidos? Em seu livro A Cauda Longa, de 2004, Chris Anderson legestão comercial vantou a questão ao prever que, com o barateamento das formas de produção e distribuição de mercadorias, permitido principalmente pela internet, os mercados segmentados ganhariam força a ponto de igualar ou até mesmo superar os chamados hits (sucessos de público). Isso porque, sem a limitação física, sites poderiam oferecer uma infinidade de produtos, e os consumidores, por sua vez, teriam muito mais opções de escolha. Anderson usou exemplos principalmente dos setores de livros, filmes e música para mostrar que artistas e escritores menos conhecidos, somados, já vendem tanto quanto os best-sellers em serviços contemporâneos como a Amazon e o Netflix. Assim, pensando em um gráfico de distribuição de vendas, a cauda da curva de demanda se estenderia cada vez mais – daí o nome para sua teoria. Essa tese foi colocada em dúvida por um novo livro, Blockbusters, de Anita Elberse, publicado em 2013. Na obra, ela mostra como as coisas não caminharam exatamente como Anderson previu, e aposta que, seja qual for o mercado, os blockbusters (sucessos de venda) continuarão ditando os rumos dos mercados, se adaptando rapidamente a novas realidades de distribuição e consumo. Será mesmo que o efeito cauda longa preconizado por Chris Anderson virá? Ou, ainda, será que ele se aplicará a qualquer mercado, como sugere o autor? vendas online tornam cauda longa viável A mudança de comportamento de compra na internet é corroborada por Marcio Okabe, especialista em marketing digital, que cita o famoso ZMOT (Zero Moment of Truth ou Momento Zero da Verdade). “O velho modelo de marketing pressupõe três etapas fundamentais para a compra: o estímulo, a escolha do produto e o teste do mesmo”, explica. O ZMOT vem antes de tudo isso: são as informações a que o consumidor tem acesso antes mesmo de ver o produto, via redes sociais e resultados de busca do Google, por exemplo, e podem mudar uma decisão de compra. Já para Roberto Kanter, professor dos MBAs de Gestão Financeira e Marketing da Fundação Getulio Vargas, antes de gestão Divulgação/Paquetá Paquetá movimenta por meio do site Agosto 2015 itens menos vendidos nas lojas físicas 124 38 dar qualquer veredito, é preciso entender quais condições pressupõem que possa existir uma cauda longa. “Cauda longa só existe quando você tem estratégia multicanal integrando varejo físico e virtual, com uma parcela do estoque para o físico e outro que vai ser abastecido através de vendas digitais”, conta. A questão seria não só atender a demandas mais variadas, mas sim promover uma nova gestão de produtos que permita um portfólio muito maior. De fato, livrarias vêm se adaptando muito bem a esse novo momento, como mostra o exemplo da Traça, de Porto Alegre. Hoje, cerca de 80% das suas vendas se concentram no site, ao contrário do que se pode pressupor sobre livrarias menores sem o apelo digital das grandes redes. Segundo o sócio Fernando Conte, os títulos mais vendidos representam apenas 10% das vendas totais. “Nunca vendemos tanto. Reformulamos o site, e parece que o modelo funciona. Do ano passado pra cá crescemos entre 85% a 90%”, comemora o empresário, que administra com sua esposa, Carmen Menezes, a livraria especializada em ciências humanas, que existe desde 1986. Mesmo não sendo dependente dos seus blockbusters, a Traça precisa priorizar, na loja, os livros mais sujeitos à procura imediata. São 10 mil itens no espaço. Mas é no seu depósito que atende o site, com área de mil m² e a totalidade de 200 mil títulos, que a empresa consegue dar conta de toda a diversidade que o público procura. “Cada vez mais pessoas compram pela internet, inclusive leitores com mais e 60 anos, que antes não compravam”, observa Fernando, que aponta ainda outras mudanças. “Hoje estão comprando muito mais livros em língua estrangeira também”, afirma, citando um nicho que vem se formando. Trabalhar com a cauda longa exige não só espaço disponível e variedade de itens, mas inteligência para usá-los. E isso demanda, como explica o professor Roberto Kanter, o uso da tecnologia. “A primeira pré-condição é ter uma boa TI, sistema de informação para gerir o estoque em categorias e subcategorias. E outra é conhecer o perfil de consumo do seu shopper, que muda de acordo com a região, faixa etária e outros fatores”, aponta o especialista. Na Traça, há um sistema que mede essas informações e, com base nele, a livraria envia cerca de cem livros diariamente do depósito para a loja, enquanto outros com baixa procura são enviados da prateleira para a retaguarda. modelo não se limita a entretenimento Outros tipos de varejo, tradicionalmente menos habituados ao ambiente virtual, também já começam a lucrar com esse modelo. Na Paquetá, rede de calçados e acessórios com lojas em oito cidades gaúchas e quatro catarinenses, o site é usado para vendas apenas há dois anos, mas já representa 5% das vendas totais. “Antes achávamos que o online seria só para comprar livros, CDs, eletrônicos, e que artigos de moda não venderiam. Hoje vemos que não é assim”, afirma Marcos Ravazzolli, diretor-executivo de Varejo, sobre a evolução dos hábitos de consumo. Na Paquetá, as lojas físicas estão voltadas aos produtos que mais vendem, e com o site é possível movimentar os menos vendidos. “Mulheres que calçam 34, 33, ou acima de 39, sabem que dificilmente encontrarão nas lojas, então compram mais virtualmente. É uma oportunidade a explorar para diversificar um pouco as vendas”, ressalta Ravazzolli. Além disso, pela internet a Paquetá vende para todo o país, alcançando perfis diferentes de público. O contraponto é que, para operar dessa forma, há gastos com frete, o que torna a venda online custosa. Ainda assim, a Paquetá prevê crescimento de 40% para as vendas virtuais neste ano. São, portanto, muitos fatores a pesar, e provavelmente a queda de braço entre blockbusters e cauda longa ainda durará bastante tempo, assim como a própria evolução dos hábitos de consumo. A presidente parece estar tentando equiparar os torturadores da ditadura aos procuradores que atuam na operação Lava-Jato. Essa equiparação ajuda a desqualificar o importante e patriótico trabalho que vem sendo feito por membros da Justiça brasileira para desvendar um “descomunal” esquema de corrupção. Não delatar companheiros sob tortura é uma atitude meritória, assim como é desprezível o trabalho do torturador que tenta transformar o preso político em delator. Contudo, isso é algo totalmente diferente da delação premiada. O promotor usa desse instrumento para conseguir evidências que permitam condenar indivíduos que descumpriram a Lei. No campo da economia, os estudiosos de Teoria dos Jogos já mostraram que as chamadas “Leis de Leniência” são instrumentos importantes para tornar instáveis os acordos de cartel que visam a prejudicar os consumidores. Esse tipo de legislação econômica é comum em países desenvolvidos. As pessoas e empresas que denunciam e oferecem provas para condenar os membros de um cartel recebem um tratamento mais leniente por parte da Justiça. A delação premiada traz esse tipo de legislação para a área penal, tornando as quadrilhas mais instáveis. A delação de Ricardo Pessoa foi importante, pois confirmou que recursos de corrupção foram usados para abastecer campanhas presidenciais. Esse é o fato relevante. O resto é dissimulação com o objetivo de tirar o foco da questão central. Agosto 2015 Durante sua recente visita aos Estados Unidos, a presidente Dilma fez uma crítica explícita ao instrumento da delação premiada. Referindo-se à delação de Ricardo Pessoa, que aproximou a corrupção investigada pela operação LavaJato do Planalto, disse a presidente que “não respeita os delatores”. Lembrou que, durante a ditatura, apesar de torturada, não delatou seus companheiros. Ao contrário da saudação à mandioca e da importância das “mulheres sapiens” para o desenvolvimento da humanidade, comentários esses que contribuíram para melhorar o humor dos brasileiros em um ano tão negativo, a equiparação implícita feita entre a delação premiada e a delação sob tortura presta um desserviço à Justiça brasileira. Lúcia Simon visão econômica O Promotor e o Torturador 124 Marcelo Portugal Consultor Econômico da Fecomércio-RS 39 nicho CFCs ©iStock.com/Zode Bala Dirigindo para o crescimento Agosto 2015 texto Rafael Faustino 124 40 C Atividade central em qualquer país, o transporte de pessoas e mercadorias é essencial para o desenvolvimento das economias. No Brasil, que praticamente om parte de sua atividade descartou os meios fluvial e ferroviário para o deslocamento e abastecimento interno, o transporte sobre rodas sempre padronizada pela lei, os Centros teve vital importância. O desenvolvimento humano e das de Formação de Condutores grandes cidades só acelerarou esse processo, e com a organização das leis de trânsito no país, os centros de formação modernizam suas práticas e de condutores se tornaram instituições fundamentais para investem em qualificação para a eficiente formação qualificada dos condutores que circulam com seus veículos nas vias públicas. atrair clientes em tempos de crise No Rio Grande do Sul, eles foram criados a partir da formação do Detran, em 1996, mediante certame público de seleção, através de instrumentos de uma atividade regulada pelo Estado – o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), de 1997, Divulgação/CFC Salgado Filho define a organização do sistema viário brasileiro, o processo de habilitação e regras de circulação e conduta, entre outras atribuições. Desta forma, os CFCs possuem liberdade comercial até certo ponto, já que precisam seguir os regramentos legais estabelecidos por lei. “Todos os CFCs credenciados têm as mesmas obrigações e são regidos por lei e por normas do Contran e Detran de forma igualitária, portanto têm a mesma operacionalidade. Como os preços dos serviços de habilitação são públicos e iguais em todo o Estado, eles precisam se diferenciar pela qualidade dos serviços prestados”, explica Edson Luis da Cunha, presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do RS. No Estado, são 273 CFCs, donos de quase 4 mil veículos de aprendizagem de todas as categorias e que emitem, em média, 180 mil primeiras habilitações todos os anos, além de renovações de CNH e outros serviços prestados pelos CFCs que somam o atendimento de mais de 750 mil condutores por ano nos 273 CFCs do RS. Capacitação é fundamental para Capacitação e tecnologia Divulgação/CFC Flora Na medida em que parte dos serviços são padronizados, a capacitação dos profissionais dos CFCs torna-se um diferencial. “Investir sistematicamente na qualificação dos colaboradores é fundamental. Por isso procuramos promover eventos como seminários, palestras internas e encontros periódicos para checar o nível de aprendizagem”, conta Alcione Santin, diretor do CFC Salgado Filho, de Erechim. No CFC Flora, que emite cerca de 150 habilitações todos os meses em Guaíba, são formados grupos de estudos com temas específicos para uniformizar os procedimentos de ensino. “Os profissionais também pas- sam por cursos de qualificação no Detran e Denatran e são supervisionados pela direção de ensino do CFC”, cita Luciano Aubin, diretor-geral do CFC. O SindiCFC também tem parceria com o Senac-RS para fornecer cursos de formação de diretores e instrutores de trânsito, capacitando mão de obra qualificada para as empresas, e desta forma proliferando as boas práticas em todo o Estado. Mas o que vem transformando a forma de ensinar dos centros de formação de condutores é a modernização trazida pela tecnologia. A resolução 444 do Contran, de 2013, instituiu os simuladores de trânsito para os condutores que tiram a habilitação na categoria B (para dirigir carros). São equipamentos eletrônicos em que os alunos precisam passar por pelo menos cinco aulas antes de dirigir um carro de verdade, e que simulam todas as difíceis condições que eles poderão enfrentar no trânsito, como chuva, neblina e aquaplanagem. “São situações reais do trânsito que dificilmente o aluno vivenciaria em suas aulas práticas nos carros”, afirma Rodimar Agnol, diretor-geral do CFC Viacentro, de Santa Maria. O Rio Grande do Sul liderou a implantação dos simuladores no Brasil, servindo de case para essa prática, por Agosto 2015 equipe do CFC Salgado Filho, de Erechim 124 CFC Flora, de Guaíba, forma grupos de estudos para uniformizar procedimentos 41 nicho CFCs meio do SindiCFC, no Congresso Ibero-Americano de Segurança no Trânsito, ocorrido no México no ano passado. Já foram mais de 1,5 milhão de aulas ministradas em simuladores em todo o Estado, desde janeiro do ano passado. Outras novidades em vias de implementação nos CFCs gaúchos são a filmagem das aulas e do processo de avaliação, para estudar a relação dos alunos com instrutores e examinadores, e a identificação dos candidatos por biometria, utilizando a impressão digital. “Assim teremos todo o controle e oferecemos a maior transparência possível no processo de habilitação”, prevê Edson Cunha, do SindiCFC. Diversificação é alternativa Vale lembrar que, além dos serviços obrigatórios, como a primeira habilitação e renovação, os CFCs são livres para atuar de outras formas que também envolvam a direção. O CFC Viacentro, por exemplo, oferece cursos para pessoas habilitadas que não dirigem há muito tempo voltarem à prática. Também selecionam condutores para empresas que procuram pessoas para trabalharem no trânsito e ensinam outras modalidades de direção, como de veículos escolares e de emergência. “Hoje o perfil de quem procura os CFCs mudou muito. Nós atendemos bastante as mudanças de categorias e os motoristas profissionais, entre outros. É Simuladores são realidade nos CFCs gaúchos, 124 42 Divulgação/CFC Via Centro Agosto 2015 a exemplo do CFC Viacentro, de Santa Maria OS CFCS NO RIO GRANDE DO SUL 273 CFCs em operação Frota de 3.917 veículos 7.082 instrutores teóricos e práticos 13 mil funcionários no total 750 mil condutores atendidos por ano 180 mil primeiras habilitações emitidas por ano bem mais diversificado do que antes, quando boa parte do público era formada por pessoas de 18 a 25 anos tirando a primeira habilitação”, conta Rodimar Agnol. Os CFCs Flora e Salgado Filho, assim como muitos outros, também têm iniciativas semelhantes, com cursos de transporte de cargas perigosas, cargas indivisíveis e de reciclagem para infratores do trânsito. É verdade que, com as dificuldades econômicas recentes, a demanda por alguns serviços pode cair um pouco. Mas é possível buscar soluções para contornar. “Procuramos formas e alternativas para que as pessoas consigam, mesmo com dificuldade, se habilitar. Fazemos parcerias com financeiras, parcelamento até 12 vezes, e com isso também não temos o risco de inadimplência, que fica com a financeira ou o cartão. Claro que ainda assim há uma retração, mas carteira de habilitação hoje é algo necessário, praticamente todo mundo precisa estar habilitado por questões profissionais”, explica o diretor do Viacentro. A empresa vem conseguindo aumentar sua receita entre 15% e 20% ao ano, mas admite que em 2015 o crescimento será menor, em razão do público mais cauteloso com os gastos. Para dar conta de serviços variados, as empresas precisam ter uma frota também diversificada e estrutura física robusta. No CFC Salgado Filho, assim como em outros, estão presentes, além de carros e motos, uma carreta, um caminhão e dois micro-ônibus. A empresa também montou uma estrutura especial para atender idosos e pessoas portadores de deficiências. Já no Viacentro, a frota completa chega a 42 veículos. O CFC, que hoje está em uma casa alugada que é tombada pelo patrimônio histórico, prepara-se atualmente para mudar-se para uma sede própria, onde poderá centralizar todos os serviços em um espaço mais acessível. Começo analisando a eficiência que este aumento pode gerar para a administração pública. Sabemos que os gastos crescem naturalmente, mesmo que o governo tente impedir. É um processo natural, que acontece independentemente da matriz ideológica ou partidária. Portanto, ao aumentar impostos a receita do setor público aumentará proporcionalmente à pressão das corporações sobre o governo por maiores salários e benefícios. Isso é tão certo quanto que o atendimento das reivindicações deste setor não irá melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, não irá gerar investimentos, e muito menos resolver a situação financeira do Estado. Politicamente, a escolha deste caminho será a mais cara ao governador. Além de repetir o caminho trilhado por outros governadores no passado, sem sucesso, a aprovação da proposta pela Assembleia Legislativa é incerta. Atualmente, a base de apoio do governo Sartori no legislativo é composta por 34 parlamentares, o que, em tese, seria suficiente para uma aprovação. Mas é preciso analisar os detalhes: oito desses 34 parlamentares já votaram contra o aumento de impostos no passado, e o apoio da bancada do PP ao então candidato, no segundo turno das eleições de 2014, foi condicionado ao compromisso de não aumentar impostos. Se apenas esses parlamentares mantiverem a coerência, a proposta terá no máximo 22 votos favoráveis, mas há outros deputados da base que já se manifestam contrariamente. A sociedade gaúcha, cansada de pagar impostos sem o devido retorno, rejeita veementemente o aumento de alíquotas. Propô-lo irá gerar um imenso desgaste ao governo, não somente junto à opinião pública, mas também junto ao setor político. Não existe solução mágica para as finanças do Estado. Existe, sim, um conjunto de ajustes de médio e longo prazos possíveis de serem feitos pelo governador. Um problema estrutural que levou décadas para ser gerado não será resolvido no curto prazo. Está na hora de rever muitas coisas. O que pode parecer um direito adquirido para alguns, é, necessariamente, uma obrigação compulsória para os contribuintes. Agosto 2015 Governar o Rio Grande é, certamente, uma das mais difíceis tarefas públicas do país. Basta observar os números do déficit fiscal do setor, amplamente divulgados, que nos levam a uma única conclusão: vivemos no Estado mais endividado do país, o que nos impede de ter serviços públicos de qualidade e sequer sonhar com a realização de investimentos. Porém, se isso não é novidade, ainda menos inovadora é a alternativa de resolver o problema com aumento de impostos. A escolha desta saída representa um equívoco estratégico, dos pontos de vista político e administrativo. Arquivo/Fecomércio-RS visão politica Dois argumentos para não aumentar impostos 124 Rodrigo Giacomet Consultor Político da Fecomércio-RS 43 giRo pelo estado Articulações ©iStock.com/Jodi Jacobson Agosto 2015 Em prol dos interesses coletivos 124 44 A A defesa dos direitos, busca por melhorias e outras ações em prol da categoria são garantidas por meio das articulações políticas realizadas pelos sindicatos junto rticulações políticas em prol aos poderes executivo e legislativo, seja nas esferas municipais e estaduais, assim como junto ao governo federal. Esse do setor terciário fazem com trabalho “de formiguinha” muitas vezes não é visto pelas que a Fecomércio-RS, assim empresas associadas, mas é feito de forma contínua e exige dedicação das entidades, que realizam reuniões periódicas como os sindicatos da sua com líderes da sociedade civil, representantes de órgãos púbase, garantam a defesa dos blicos e secretarias, entre outros. Seja liderando as manifestações do setor terciário ou assessorando as entidades que direitos e interesses dos seus constituem a sua base territorial, a Fecomércio-RS realiza o associados e filiados acompanhamento deste trabalho, promovendo a defesa dos interesses de seus sindicatos e respectivas empresas. O gerente da assessoria parlamentar da Fecomércio-RS, Rodrigo Giacomet, diz que esse princípio está assegurado ção de IPVA para as convertedores de gás, apoio a iniciativas relacionadas ao comércio varejista de veículos e de peças e acessórios para veículos são algumas das articulações realizadas junto ao poder público frequentemente. “Verificamos as necessidades colocadas pelo segmento, buscando a ajuda da federação. Também visitamos deputados e vereadores para levar nossos problemas e encaminhar soluções”, descreve o presidente, Gerson Nunes Lopes. O Sindigêneros Caxias do Sul também possui um trabalho neste sentido junto ao poder público, em parceria com o Sindilojas da cidade. Uma das conquistas da entidade é a redução da taxa anual de placas menores de três metros quadrados junto ao comércio. O próximo passo, segundo o presidente Eduardo Luis Slomp, é conseguir a isenção de todos os tipos de placas de identificação (outdoors e letreiro de lojas, entre outros). Segundo o executivo Vanderlei Fantinel, também são realizadas ações de monitoramento da fiscalização sobre a venda ilegal de produtos piratas, assim como das bancas de frutas que não possuem autorização para comercializar no município. “Também participamos do comitê de Segurança, repassando orientações aos comerciários para a prevenção de assaltos e quanto aos locais mais vulneráveis”, afirma o profissional. Segundo ele, o sindicato ainda repassa informações ao executivo em prol da categoria, colaborando com projetos em andamento na Câmara Municipal. Divulgação/Sindigêneros Caxias do Sul no mapa estratégico da Federação, presente em sua missão: “Assegurar às empresas do setor terciário as melhores condições para gerar resultados sustentáveis”. Ao mesmo tempo, ele cita que a própria constituição brasileira garante o livre direito de associação profissional ou sindical, como descrito no artigo 8º: “Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. Atendendo a esse preceito, Giacomet conta que a Fecomércio-RS realiza junto à Confederação Nacional do Comércio (CNC) um trabalho de monitoramento permanente das atividades dos poderes legislativo e executivo. Por meio do grupo de trabalho (GT) Renalegis, a entidade gaúcha participa mensalmente de reuniões com técnicos do setor – entre cientistas políticos, advogados e comunicólogos – para a troca de experiências. “Dependendo do caso, acionamos o parlamento mais próximo”, afirma o especialista sindical. Entre as ações vistas de perto pelo GT Renalegis da CNC está a redução da jornada de trabalho, por meio da aprovação da convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que garante a estabilidade do emprego no setor privado. Outra iniciativa, segundo ele, é a participação nas audiências públicas de revisão da lei geral das micro e pequenas empresas, que atualiza o Simples Nacional. “Na Assembleia Legislativa, realizamos, desde 2006, o acompanhamento contínuo de 35 a 40 projetos que impactam no dia a dia das empresas”, revela Giacomet. A partir de setembro, o GT Renalegis da Fecomércio-RS pretende qualificar 12 sindicatos do interior do Estado para fazer o acompanhamento permanente de projetos em suas respectivas Câmaras de Vereadores. “O projeto-piloto contará com uma assessoria parlamentar estruturada, criando um modelo de treinamento e monitoramento para todos os sindicatos da federação”, explica o assessor. Por meio de um software fornecido pela CNC serão cadastradas as propostas de interesse do setor terciário. “Passaremos então a acompanhar as reuniões, assim como a execução orçamentária dos municípios”, descreve o advogado. Uma das entidades que já desenvolvem ações próprias é o Sincopeças-RS. Sugestões de projetos de lei, como a redu- Agosto 2015 Atuação nos municípios 124 Lideranças do Sindigêneros Caxias do Sul debatem ações para combater o comércio ilegal na região 45 dossiê / Brigadeiro O doce mais querido do Brasil B Gosto não se discute, e talvez ele não seja o preferido de muitos. Mas quando se pergunta qual é o doce com a cara do Brasil, o mais famoso e popular do rigadeiro ou negrinho? Seja país, dificilmente a resposta será outra que não o brigadeiro. Ou negrinho, para os gaúchos. Manteiga, leite condensado, como você chame, o quitute chocolate e granulado formam esse quitute que, ano após está cada vez mais presente ano, continua presente em todas as festinhas de aniversário e fixado na cultura culinária do país. Não bastasse isso, ele no cotidiano dos brasileiros. ainda vem se tornando boa fonte de renda para pequenos Conheça mais sobre esse docinho negócios alimentícios que vêm surgindo. Não se sabe quem fez ou onde e quando foi feito o primeique vem motivando novos ro brigadeiro da História. Mas no início da década de 1940, um doce semelhante já era produzido, usando leite condennegócios culinários no país sado e achocolatado em pó. Ainda sem granulado, apenas Agosto 2015 ©iStock.com/BrasilNut1 124 46 De uma forma ou de outra, o brigadeiro inseriu-se de forma perene na culinária dos brasileiros. Não há festa de aniversário que não traga alguns, e não são poucas as pessoas que preparam nas suas casas o brigadeiro “de panela”, sem modelá-los em bolinhas. É sabor certo em qualquer menu de pizzas doces e também vira cobertura e recheio de bolos, sorvetes, biscoitos e outros doces. As variadas formas de preparar e misturar o brigadeiro a outros sabores fez com que surgisse um tipo de negócio próprio em torno dele. A reboque do processo de gourmetização da alimentação no Brasil, com a proliferação dos food-trucks, paleterias, iogurterias e lojas de cup-cakes, as brigaderias também vêm cres- Faça o seu brigadeiro! Ingredientes: 1 lata de leite condensado 1 colher (sopa) de manteiga ou margarina 4 colheres (sopa) de chocolate em pó ou achocolatado 1 xícara de chocolate granulado Modo de preparo*: 1 – Numa panela, coloque e misture o leite condensado, a manteiga e o chocolate em pó. 2 – Cozinhe em fogo baixo por 10 minutos ou até se desprender do fundo da panela. 3 – Deixe esfriar e unte as mãos com manteiga 4 – Modele a mistura em bolinhas e passe-as em chocolate granulado Agosto 2015 mercado promissor cendo no país e movimentando bastante dinheiro. A rede Brigaderia, uma das mais famosas do setor, foi comprada recentemente pela Cacau Show em negócio milionário. Não se divulgou o valor exato, mas estima-se que a empresa tenha separado nada menos que 50 milhões de dólares para expandir seu negócio de variadas maneiras, e a Brigaderia representou ao menos parte relevante desse montante. A empresa só tem lojas em São Paulo, mas não é difícil en- ©iStock.com/Ziviani com açúcar em volta. Ele só surgiu porque na época, em função de dificuldades de abastecimento trazidas pela segunda guerra mundial, era difícil nas grandes cidades obter leite fresco e ovos, ingredientes muito usados nos doces de então. A novidade acabou pegando, mas ainda não tinha um nome conhecido por todos. Até que, na campanha presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes em 1945, um grupo de mulheres que o apoiavam passou a levar nos eventos de angariação de votos os tais docinhos. A ideia era conquistar eleitores para o militar pela sua simpatia, acompanhando o lema “Vote no Brigadeiro; ele é bonito e solteiro”. Logo aquelas bolinhas achocolatadas viraram “o doce do Brigadeiro”, e aí o sucesso do doce fez com que a associação do nome com a patente militar ocorresse naturalmente. Segundo o linguista Mario Eduardo Viaro, foi no Novo Dicionário Brasileiro Ilustrado de 1971 que o termo brigadeiro apareceu pela primeira vez associado à guloseima. Eduardo Gomes perdeu a eleição, mas o brigadeiro ganhou rapidamente o paladar dos brasileiros em todas as regiões. O que não pegou em todos os lugares foi o nome. Aqui no Rio Grande do Sul, brigadeiro continua sendo negrinho. É possível que ele tenha sido inventado no Estado com esse nome e, por isso, não houve necessidade de “importar” o título popularizado pelo candidato à presidência. Há até quem diga que a criação se deve a uma dona de casa loira de Ijuí que achou curioso o aspecto final escuro do doce e por isso o chamou assim. Mas faltam fontes históricas que comprovem a veracidade dessa lenda. 124 5 – Coloque nas forminhas e sirva! *Se você preferir, faça apenas até o passo 3 e coma o “brigadeiro de panela” com colher. 47 dossiê / Brigadeiro contrar negócios semelhantes em Porto Alegre que fazem o brigadeiro no formato tradicional e também em copinhos, tacinhas ou formato de pão de mel. A variedade de sabores também é grande. O que era apenas chocolate agora se soma a frutas como limão, morango e pêssego, ou traz acabamentos de amendoim, paçoca e canela. Os brigadeiros agora vão não só às festas caseiras de aniversário, mas também a casamentos, eventos corporativos e outros eventos temáticos. doces homenagens Tão presente no dia a dia, ele virou elemento presente em produções culturais. Principalmente para as crianças, que aprendem desde cedo a gostar do doce. O SBT tinha, na década de 1990, o programa infantil Zuzubalândia, que trazia o personagem “Briga”, um brigadeiro lutador que ficava invocado na hora de defender os amigos. Com mais de 100 episódios exibidos, a atração fez sucesso entre as crianças e gerou produtos associados como livros infantis e brinquedos, além de ter uma música dedicada ao personagem achocolatado que fazia várias referências ao doce. O brigadeiro também está na música da dupla sertaneja Thaeme e Thiago, fenômeno recente entre o público jovem. Na canção Pronto pra ser dela (Brigadeiro de panela), o refrão que diz “Tô gostando mais que brigadeiro de panela”, entre outros elogios, deixa claro a unanimidade que é o doce para a maioria das pessoas. Com mais de 4 milhões de curtidas em sua página no Facebook, a dupla leva a músicas a multidões em seus shows. É verdade também que algumas das referências que levam o nome do brigadeiro não se referem ao doce, como muitos podem pensar. A expressão “céu de brigadeiro” para descrever um dia sem nuvens ou uma noite bastante estrelada, por exemplo, não faz alusão ao quitute, mas sim à patente mais alta da Aeronáutica, já que os brigadeiros só voam quando não há risco nenhum de mau tempo. Da mesma forma, a Serra do Brigadeiro, em Minas Gerais, recebeu esse nome em homenagem ao brigadeiro Bacelar, que foi um dos primeiros a desbravar a região, ainda no século 18. Mas isso não muda o fato de que, em qualquer lugar do Brasil, o doce brigadeiro é certamente mais conhecido que qualquer militar. Agosto 2015 124 48 ©iStock.com/Coward Lion Divulgação Reprodução CURIOSIDADES Virou livro Linha de produção Harmonização Tão adorado, o brigadeiro virou Quando a demanda por brigadeiro Brigadeiros também vão bem com até tema de livro. Escrito pela cresceu a ponto de se generalizar bebidas. Segundo a especialista doceira Juliana Motter, O livro do em todo o país, nos anos 80, a Nestlé Juliana Motter, são os chás que Brigadeiro (Panda Books, 2010) traz criou uma versão pronta do produto melhor harmonizam com o gosto a história, curiosidades e diversas vendido em latinhas, usando a tradi- do doce. Em especial três tipos: receitas de preparação do doce. cional marca de leite condensado o masala chai, com notas de Crepe de brigadeiro e bolinho de Moça. A procura é tanta que, neste gengibre e canela, o chá verde chuva com calda de brigadeiro são ano, a Nestlé relançou o produto e o chá Earl Grey, que leva um só algumas delas. com nova fórmula. toque de bergamota. / JUlhO 2015 monitor de juros mensal O Monitor de Juros Mensal é uma publicação que objetiva auxiliar as empresas no processo de tomada de crédito, disseminando informações coletadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras. O Monitor compila as taxas de juros médias (prefixadas e ponderadas pelos volumes de concessões na primeira semana do mês) praticadas pelos bancos com maior abrangência territorial no Rio Grande do Sul, para seis modalidades de crédito à pessoa jurídica. Capital de Giro com prazo até 365 dias (% a.m.) Na modalidade de capital de giro com prazo até 365 dias, o JUN JUL – 1,65 HSBC 1,39 2,75 Banco Safra 2,44 2,15 referência de julho e, com isso, Santander 2,17 2,24 retorna ao primeiro posto do Itaú 2,36 2,30 Banco do Brasil 2,63 2,38 ranking, seguido pelo HSBC. O Caixa 2,43 2,42 Bradesco 2,52 2,52 Citibank Taxa de juros Instituição Bradesco, por sua vez, se mantém com a taxa média de concessão Banco Safra 1,68 1,74 Caixa 1,93 1,89 Santander 2,08 2,10 colocação em julho, seguido HSBC 2,04 2,25 pela Caixa. Apesar de alguma itaú 2,18 2,26 Bradesco 2,39 2,40 variabilidade em sua média de Banco do Brasil 2,25 2,90 (% a.m.) JUN JUL Caixa 9,36 9,63 Banco do Brasil 9,61 9,74 por estabilidade nas taxas, Caixa, Banco do Brasil e Itaú, apesar de Banco Safra isolado na primeira concessão, o Banco do Brasil aparece com a maior taxa de Conta Garantida Na modalidade de cheque especial, tradicionalmente marcada informações do Citibank manteve o concessão na semana de referência. Cheque Especial Taxa de juros com prazo mais longo, a ausência de JUL mais elevada da modalidade. Instituição Na modalidade de capital de giro JUN Citibank voltou a ter informações disponibilizadas na semana de (% a.m.) Taxa de juros Instituição (% a.m.) JUN JUL HSBC 2,47 2,48 Banco do Brasil 2,57 2,58 Na modalidade de conta garantida, HSBC e Banco do Brasil registram as menores taxas médias de concessão Itaú 9,66 9,92 elevação em julho, permanecem Citibank 2,01 2,77 em julho. Santander e Itaú, Banco Safra 10,03 10,03 com as médias mais baixas de Santander 3,13 2,85 próximos entre si, aparecem Bradesco 10,37 10,13 Itaú 3,02 3,09 em posições intermediárias do HSBC 12,25 12,55 concessão em julho. Também com Bradesco 4,66 4,60 Santander 12,90 12,88 Banco Safra 9,29 9,02 aumento nas últimas semanas, o HSBC se aproxima do Santander na Antecipação de Faturas de Cartão de Crédito Taxa de juros (% a.m.) JUN JUL Banco Safra 1,69 1,80 Santander 2,32 2,50 Bradesco 3,04 2,89 médias de concessão do Banco Banco do Brasil 2,82 2,97 Safra e do Santander permanecem HSBC 3,11 3,37 Itaú 3,74 3,77 Taxa de juros Instituição (% a.m.) Na modalidade de desconto de cheques, o Banco Safra se JUN JUL Banco Safra 1,88 1,98 Santander 2,49 2,57 Caixa 2,47 2,63 Santander e Caixa. Bradesco, HSBC 2,96 2,91 Banco do Brasil e Itaú, com médias como as mais baixas. O Itaú, por Bradesco 3,19 3,09 acima de 3,0% a.m. na semana sua vez, se mantém na última Banco do Brasil 3,05 3,20 Itaú 3,16 3,33 de referência de julho, cartão, mesmo com alguma elevação em julho, as taxas posição do ranking. notas Desconto de Cheques Na modalidade de antecipação de faturas de Safra registra, com folga, a maior média da modalidade. última colocação. Instituição ranking, enquanto o Banco mantém com a média de concessão mais baixa, seguido por ocupam as últimas posições. Agosto 2015 Taxa de juros Instituição Capital de Giro com prazo acima de 365 dias 124 1) A fonte das informações utilizadas no Monitor de Juros Mensal é o Banco Central do Brasil, que as coleta das instituições financeiras. Como cooperativas de crédito e financeiras não prestam essa classe de informações ao Banco Central, elas não são contempladas no Monitor de Juros Mensal 2) As taxas apresentadas referem-se ao custo efetivo médio das operações, incluindo encargos fiscais e operacionais incidentes sobre elas 3) Período de coleta das taxas de juros: 1º/07/2015 a 7/07/2015. É permitida a reprodução total ou parcial deste conteúdo, elaborado pela Fecomércio-RS, desde que citada a fonte. A Fecomércio-RS não se responsabiliza por atos/interpretações/decisões tomados com base nas informações disponibilizadas por suas publicações. 49 124 Ficha técnica Título: Mad Men Classificação: 16 anos Canal: HBO e TV Cultura (também disponível no Netflix) Horários de exibição: reprise na TV Cultura – quartas, quintas e sextas, às 22h 50 Livro Reprodução Gênero: Drama ©iStock.com/Alexsl Agosto 2015 Mad Men Situada na elegante Nova York da década de 60, Mad Man é uma série televisiva produzida pela HBO que retrata a maneira de fazer marketing e publicidade da época, além de abordar conceitos peculiares como sexo, feminismo, tabagismo e política. Sua primeira temporada foi ao ar em julho de 2007, e a sétima e última está em curso em 2015. O pano de fundo é a agência de publicidade Sterling Cooper, na qual Don Draper (Jon Hamm), o grande diretor de criação e ganhador de vários prêmios em propaganda, é rodeado por diversas personagens dentro da agência, e cada uma delas tem o seu espaço de relevância dentro da narrativa. Uma delas é Peggy Olson (Elisabeth Moss), que inicia a série como uma ingênua secretária e logo ascende para a posição de primeira mulher redatora da agência. Mad Men é aclamada pela crítica devido a sua autenticidade histórica, direção de arte (figurino e cenário) além de excelência no roteiro, direção e atuações. TRABALHANDO COM O QUE SE AMA É possível começar um negócio que dá prazer com pouco dinheiro no bolso? Se você acha que isto jamais poderia acontecer é porque não conhece o livro A startup de $ 100 – Abra o negócio dos seus sonhos e reinvente sua forma de ganhar a vida, de Chris Guillebeau. O autor norte-americano viajou por diversos países do mundo, conhecendo histórias de pequenos empreendedores que abriram suas empresas com um investimento inicial bastante limitado, em média de US$ 600, e que hoje lucram cerca de US$ 50 mil por ano. Ele fez uma pesquisa com 1.500 empreendedores e apresenta as histórias reais como lições para vencer as dificuldades. A principal aposta dos estudos de caso de Guillebeau foi investir no lado humano dos negócios. O livro explica Ficha técnica que para se ter a liberdade de Título: A Startup de $ 100 trabalhar com o que se gosta Autor: Chris Guillebeau é preciso gerar valor para Editora::Saraiva as pessoas, pois o sucesso só Ano: 2013 chegará se houver interessaPáginas: 240 dos nos serviços oferecidos. FERRAMENTA Reprodução série DICAS DO MÊS RELAÇÕES INTERPESSOAIS O teste do MBTI permite conhecer o perfil comportamental de cada pessoa, facilitando o autoconhecimento e a gestão de equipes. A ferramenta foi criada em 1942, pelas psicólogas norte-americanas Katharine Briggs e Isabel Briggs Myers. Elas se basearam na teoria dos tipos psicológicos do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung. O teste consiste em um questionário que identifica as preferências das pessoas entre quatro dicotomias: extroversão/introversão; sensação/intuição; pensamento/sentimento e julgamento/ percepção. Ele é uma ótima opção para os RHs das empresas entenderem melhor as personalidades dos membros de seu grupo, gerenciar conflitos, aprimorar o relacionamento e desenvolver lideranças. No entanto, apenas profissionais certificados no MBTI podem realizar a avaliação.