ALVES, Mirian Ribeiro Alves, BRAUKO, Vinicius. EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EDUCAÇÃO
NÃO FORMAL NO CONTEXTO ESCOLAR
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EDUCAÇÃO NÃO FORMAL NO CONTEXTO
ESCOLAR
AMBIENT EDUCATION – NOT FORMAL EDUCATION IN THE SCHOOL CONTEXT
Mirian Ribeiro Alves*
Vinicius Brauko**
RESUMO
O trabalho realizado no Colégio Estadual Dr. Willie Davids propõe a educação
ambiental através de atividades, tais como a prática do plantio e conservação das
mudas de café e a leitura das cartilhas educativas, bem como, a troca de
informações entre os participantes. Assim, a pesquisa se baseia na educação não
formal trazendo novas técnicas de ensino-aprendizado e na busca de melhores
resultados. O projeto também visa a assimilação dos conceitos trabalhados com os
temas água, lixo, meio ambiente e poluição. No decorrer do trabalho observou-se a
transformação, ou seja, uma mudança de atitudes e valores. Também foram
enfatizados, no decorrer dos trabalhos, a colaboração e participação de todos os
alunos. Logo, todo o processo deve promover uma condição de melhoria na
qualidade de vida dos alunos e na possibilidade do contexto escolar trazer mais
conhecimentos para estes mesmo e em suas comunidades.
PALAVRAS-CHAVE:
educação
ambiental,
desenvolvimento
sustentável,
interdisciplinaridade
ABSTRACT
The work carried through in the State College Dr. Willie Davids considers the ambient
education through activities, such as practical of the plantation and conservation of
the coffee changes and reading of educative magazines, as well as, the exchange of
information between the participants. Thus, the research if bases on the not formal
education bringing new techniques of teach-learning and on the search of better
resulted. The project also aims at the assimilation of the concepts worked with the
subjects water, garbage, environment and pollution. A transformation process
searched, and observed a change of attitudes and values. Also they emphasized, in
elapsing of the works, the contribution and participation of all the pupils. Soon, all the
process must promote a condition of improvement in the quality of life of the pupils
and in the possibility of the pertaining to school context to exactly bring more
knowledge for these and your community.
KEY WORDS: ambient education, sustainable development, interdisciplinary
*
Química, doutorado em Ciências (USP), subárea de Química Analítica, Docente Titular Centro
Universitário Filadélfia, Coordenadora da Comissão de Biossegurança do Centro Universitário
Filadélfia, Coordenadora do Curso de Pós Graduação Latu Sensu: Planejamento, Gestão e Auditoria
Ambiental no Centro Universitário Filadélfia
**
Biólogo, Especialista em Planejamento, Gestão e Auditoria Ambiental, Professor da Rede Pública
de Ensino (Paraná)
Revista Eletrônica de Educação. Ano 03, número 05, julho a dez. de 2009
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INTRODUÇÃO
Quem sabe se o homem pré-histórico pudesse fazer uma viagem para
o futuro, olhasse o seu descendente contemporâneo, e percebesse como este ser
perdeu seu estado de selvageria, porém, deixou o mundo às avessas, de uma forma
geral sem qualidade de vida, com fome, miséria e grandes catástrofes ambientais
provocadas pela ação antrópica.
Hoje, o que se retrata é a preocupação constante com as questões do
meio ambiente, em todos os setores, pois a humanidade começa a se conscientizar
dos graves problemas a que o planeta está sujeito diante de tantas devastações.
O desmatamento, as queimadas, o lixo doméstico e os dejetos de
animais que são jogados nos rios, ou ficam ao ar livre, demonstram algumas das
atitudes que precisam ser repensadas e reavaliadas. A educação, em geral,
sobretudo a ambiental, deve ser mais prática, crítica, e deixar de ser aquela onde os
educadores procuram somente sensibilizar o outro sobre os problemas ambientais
existentes, não dando alternativas a novas idéias para aproveitamento dos recursos
naturais.
Este trabalho tem como objetivo demonstrar uma reflexão sobre a
Educação Ambiental (EA) e o seu papel diante da sociedade. A EA é uma
ferramenta imprescindível a todos os povos que buscam qualidade de vida, a qual
só pode ser alcançada com a conscientização de todos da necessidade de despoluir
o ambiente e preservar a natureza, procurar novas idéias e projetos que busquem
um maior equilíbrio ambiental. Todos fazem parte desse grande sistema, e compete
aos seus integrantes a busca por uma convivência mais equilibrada. A educação é o
primeiro passo para a busca de uma consciência sócio-ambiental que traga
mudanças, principalmente de pensamentos.(SAUVE, 2005)
O modelo econômico, assim como o modelo político, tal como é
praticado, leva a sociedade por caminhos que visam à cadeia econômica, e deixa de
considerar que também faz parte dos atributos de uma sociedade estruturada a
ideologia, cultura, religião, instituições e organizações, formais e informais e o
território nacional ou antropogênico. Algumas interferências sociais provindas de
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grupos isolados deformam ou simplesmente modifica as intenções do planejamento
econômico, sobrepondo-lhe a realidade social. (SANTOS, 1987)
Ainda segundo Dias (2000, p.25), em 1500, os portugueses chegam ao
Brasil e são recebidos pelos indígenas, que na época eram cerca de 4 milhões. Pero
Vaz de Caminha, apor meio da sua carta, exalta a fauna e a flora brasileira, e relata
os recursos naturais como o pau-brasil, e, especialmente os papagaios. Essa carta é
enviada para D. Manuel, rei de Portugal. Assim, realiza-se a primeira devastação da
floresta e há o primeiro contato dos colonizadores com os índios. Em 1503, começa
a comercialização do pau-brasil, através do Fernão de Noronha, dando o monopólio
ao governo português. Na seqüência, os ingleses, franceses, espanhóis e
holandeses, também participam dessa exploração de pau-brasil. No princípio eram
200 mil quilômetros de mata original (Mata Atlântica), e agora restam apenas 7%
que continuam ameaçados. O interesse econômica já prevalece a todos outros
valores.
Com certa visão ambientalista, no ano de 1542, a Carta Régia garante
estabelecer normas disciplinares para o corte de madeira, e estabelece punições
para esses abusos. Em 1557, a publicação do livro de Hans Staden confere aos
índios brasileiros a responsabilidade pela degradação das florestas, como a
derrubada de mata, domínio do fogo, práticas agrícolas, caça e pesca. (Dias 2000,
p.26)
No início do século XVIII, começa o processo de revolução industrial na
Inglaterra e se espalha pelos demais países da Europa, que mais tarde atinge todos
os continentes (PETTA & OJEDA, 1999, p.115). Como conseqüência do
desenvolvimento industrial tem-se uma aceleração na brusca por energia, devido ao
aumento de consumo de alimentos e produtos manufaturados, além de propiciar o
crescimento da urbanização e da população. Para tanto é necessário a extração de
matéria prima de meio ambiente, e o homem passa a acreditar que a Natureza está
a seu inteiro dispor e lança mão de seus recursos para desfrutar um nível de vida
nunca antes imaginado (SIEGLER, 1992, p.107-108).
Almejando melhores condições de vida, no modelo industrial vê-se um
acréscimo no desenvolvimento técnico-científico dos séculos XVIII, XIV e XX
alimentado pelo capitalismo, que colocou definitivamente os interesses das
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sociedades humanas de um lado e a preservação ambiental de outro. Até a década
de 70 do século XX, não havia no mundo a menor preocupação com as questões
ambientais ou ecológicas, a não ser nas universidades, onde o assunto era tratado
cientificamente (ROSS, 1995, p.213).
No Brasil, a sociedade, dita moderna, que cresceu muito com o avanço
de técnicas e das máquinas na era industrial, já buscava tirar da natureza os
recursos para o desenvolvimento tecnológico, e, assim, começou a surgir os
problemas ambientais, a perda da qualidade de vida, em nome do aspecto
econômico que favorece a minoria.
A primeira contribuição positiva ao meio ambiente brasileiro foram as
observações de caráter ecológico, feitas por José Bonifácio de Andrade e Silva, no
ano de 1822, época da repressão contra os portugueses no que se refere ao
processo de independência do Brasil, então ministro do Reino e dos Negócios
Estrangeiros e também naturalista. Em 1827, a Carta de Outubro garante os poderes
aos juízes de paz das províncias para monitorar as florestas. Anos mais tarde, o
inglês Henry Wallace Bates, naturalista que mais ficou nos trópicos, anda pela
Amazônia e apresenta 8 mil espécimes de plantas e animais. Esses exemplares são
levados para a Inglaterra para Charles Darwin, com quem tinha afinidade nos
estudos (DIAS, 2000, p.27).
Rachel Carson (1962) lança a primeira literatura a retratar sobre os
efeitos dos pesticidas, inseticidas químicos sintéticos, da atividade do homem sobre
o ambiente, e o custo ambiental dessa contaminação, em 1962, denominado a
“Primavera Silenciosa” (Silent Spring). A autora explica como a utilização desses
produtos químicos interfere nas defesas naturais do próprio ambiente. A forma mais
barata, o uso do Diclorodifeniltricloretano (DDT) foi colocado como pesticida
universal antes mesmo que o seu impacto fosse estudado. Com a publicação da
obra, tornou-se mais intenso o debate público sobre agrotóxicos, hoje melhor
chamado de defensivo agrícola, principalmente no meio industrial, e algumas
substâncias citadas pela autora sofreram restrições.
Em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de
Keele, na Inglaterra, foi citada pela primeira vez a expressão “Educação Ambiental”,
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com a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial na educação
de todos os cidadãos. (Moscou, 1987).
Atualmente, “a Educação Ambiental é considerada um processo
permanente no qual os indivíduos e as comunidades adquirem consciência do seu
meio e aprendem os conhecimentos, os valores, as habilidades, a experiência e
também a determinação que lhes capacite agir, individual e coletivamente, na
resolução dos problemas ambientais presentes e futuros”. (Paraná, 2009)
O despertar da EA tem surgido como novos horizontes, através das
mudanças comportamentais em vários segmentos da sociedade e tende a se
propagar ainda mais com a luta ecológica introduzida no cotidiano, ou seja,
participação da sociedade e sua responsabilidade nas gerações futuras, a luta pela
defesa da vida.
No contexto escolar há várias propostas para a inserção dos temas
associados às questões ambientais, este tema tem trazido grande preocupação para
os educadores, não apenas no âmbito escolar, mas a nível comunitário, visando ser
incorporada no dia a dia da população efetivamente. Além disso, o aluno tem se
mostrado como agente para a prática dos preceitos de EA.
Visando fornecer conhecimentos relacionados a meio ambiente, em
seus mais diversos aspectos, trabalhando com temas como água, lixo, meio
ambiente e poluição de maneira não formal esse trabalho buscou provocar
mudanças de atitudes e valores, indicando medidas viáveis, aplicadas à economia e
ao
desenvolvimento
social,
em
relação
à
preservação
do
meio
ambiente.(GUIMARÃES & VASCONCELLOS, 2007).
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido com alunos de 6º série no Colégio
Estadual Dr. Willie Davids, localizado no município de Londrina, Estado do Paraná,
para tanto, inicialmente, foi elaborado um questionário (quadro 1) sobre o tema meio
ambiente, e além de outras informações relevante ao trabalho, visando analisar os
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conceitos e atitudes dos alunos com o meio em que vivem, incluindo desenhos sobre
o tema.
Após a aplicação do questionário, os alunos participarão de atividades
práticas sobre educação ambiental, através de uma dinâmica que foi realizada pelo
período de dois meses por meio da educação não-formal. A dinâmica consistiu em
dividir equipes de dois ou três alunos, cada uma delas foi responsável pelo plantio e
cuidados de muda de café, a qual foi plantada em área da própria escola.
A atividade foi orientada e acompanhada por um professor e um
monitor, os quais promoveram uma constante troca de experiências e informações
com os alunos, incentivando-os com questionamentos e provocações sobre a
relação do homem com o meio ambiente. Cada uma das duplas se responsabilizou
pelo cuidado com sua muda de café. Pela dinâmica, cada dupla foi recompensada
em todas as semanas, durante os dois meses, com o recebimento de “dinheiros
ecológicos”, fichas ilustradas com temas ambientais, objetivando a melhor obtenção
de conhecimento sobre temas relacionados ao cuidado com o meio ambiente. Em
todas as semanas foram realizados sorteios entre as duplas, sendo que a dupla
sorteada responsabilizou pela limpeza da sala de aula, atividade que também, se
adequadamente efetuada, foi recompensada com “dinheiros ecológicos”.
Outro método utilizado durante a pesquisa, foi a leitura e comentários
de cartilhas educativas trabalhando com temas como: água, lixo, poluição e meio
ambiente.
O sistema de pontuação final era realizado através da concessão de
“dinheiros ecológicos”, sendo que a dupla ou trio que obteve o maior número de
pontos, fora premiada. Na finalização do trabalho, aplicou-se novamente o
questionário (anexo 1) utilizado no início da atividade, com o objetivo de verificar o
progresso no conhecimento e na mudança de atitude em relação ao meio ambiente,
adquirido durante a prática de educação ambiental.
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Nome:
1) O que é meio ambiente?
2) Em qual meio de comunicação você escuta falar do meio ambiente?
( ) televisão
( ) rádio
( ) jornal
( ) revista
( ) livro
( ) internet
( ) escola
( ) outros
3) Qual é o maior problema da nossa natureza?
( ) falta de água
( ) lixo
( ) falta de árvore
( ) ar poluído
4) Você recicla o lixo da sua casa?
( ) sim
( ) não
5)
O lixo não coletado causa algum dano à saúde publica?
( ) sim
( ) não
6) Você pode ajudar a melhorar o meio ambiente na sua escola? Como?
7) Você pode ajudar a melhorar o meio ambiente na sua cidade? Como?
8) Desenhe o meio ambiente
Quadro 1. Modelo do questionário
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho desenvolvido na escola tem como foco principal promover a
educação ambiental e levar informações atuais sobre o meio ambiente em seus mais
diversos aspectos. Desde o início dos trabalhos os discentes mostraram-se
motivados e empenhados durante as atividades realizadas, o que chamou a atenção
da professora oficial do ensino de ciências, que demonstrou sua satisfação,
ressaltando a disciplina e a colaboração das crianças com o projeto. Assim, pode-se
observar que o objetivo de criar, inovar e mostrar os conceitos sobre o ambiente de
forma diferenciada foi alcançado, bem como a busca de mudanças de atitudes
quanto a preservação e manutenção do meio. A Educação foi aplicada de forma
contextualizada e interdisciplinar, onde verificou-se que o conjunto desses
elementos conduziu os alunos a compreender e assimilar melhor os conteúdos de
ciências.
A prática de educação ambiental na escola foi realizada por meio da
técnica de educação não-formal, que envolve atividades diferenciada da
metodologia tradicional do uso de quadro negro e giz, geralmente, o local das
atividades variavam, dependendo da atividade a ser desenvolvida, mas na maioria
das vezes isto ocorria fora da sala de aula, pode ser observado na figura 1. Os
alunos eram levados ao local do plantio das mudas, o que os deixou bastante
entusiasmados. Por serem aulas diferenciadas, onde eles são responsáveis por
suas ações, acabam aprendendo pela prática, e foram instigados pela curiosidade,
ao ponto de despertar maior interesse pela atividade. No dia do plantio das mudas
de café, muitos deles questionaram a respeito da dinâmica, perguntando como
deviam cuidar das plantas, de que forma seria esse cuidado, e até mesmo
colocando informações trazidas de casa. Procurou-se, durante a prática, deixar as
crianças à vontade, promovendo a sua criatividade, como, por exemplo, levando
estacas para proteção das mudas. Os orientadores, diretores, professores, e até
mesmo outros funcionários se prontificaram a dar sugestões para a prática,
tornando-se notório o reconhecimento da importância da mobilização de todos da
escola, resultando em um envolvimento comunitário.
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Figura 1. Crianças no cultivo das mudas de café
Com a aplicação do primeiro questionário (quadro 1) logo no início,
buscou-se informações a respeito dos conhecimentos dos alunos, e, ao final das
atividades, foi aplicado novamente o mesmo questionário, visando o retorno dos
trabalhos realizados. Durante todo o desenvolvimento buscou-se promover a
conscientização, conhecimento, mudança de atitude que foram verificados pela
participação dos alunos, assim como a assimilação dos conceitos trabalhados
durante
a
pesquisa.
Pelos
resultados
obtidos,
foi
possível
interpretar
minuciosamente cada aspecto abordado no trabalho.
A primeira pergunta se refere à definição do meio ambiente,
possibilitando trabalhar o conceito desse tema e mostrar a opinião de cada aluno
diante desta questão. O que se verificou de mais comum nas respostas é que a
maioria apresenta um conceito razoável do meio ambiente, explicando que este
meio é um lugar de árvores, rios, animais, lagos, flores, frutos, montanhas, vida,
seres vivos, saúde, água, ar, lugar limpo e solo. Isso demonstra uma relação
razoavelmente correta em relação à definição formal, constatando-se um pequeno
domínio em relação aos conhecimentos desse tema.
Com base nas respostas obtidas na primeira e na segunda aplicação
do questionário, verificou-se que não houve uma absorção significativa de
conhecimentos desses alunos em relação aos assuntos abordados durante as
atividades, considerando-se inclusive o acesso às cartilhas educativas, ou seja, às
informações relacionadas ao tema meio ambiente. Durante análise da primeira
pergunta, observou-se por muitas vezes as mesmas respostas, e não obteve um
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resultado satisfatório ao ponto de adquirir novas informações sobre o tema. Porém,
uma parcela dos alunos compreendeu e demonstrou uma melhor assimilação dos
conceitos relacionados ao meio ambiente, como é mostrado a seguir pela produção
desses alunos:
Exemplos de respostas à primeira questão, no início dos trabalhos:
“É um lugar cheio de árvores, pássaros, sem sujeira, um lugar limpo
nas naturezas”.
“É tudo que possuí vida ou nos ajuda viver.”
Exemplos de respostas à primeira questão, no encerramento dos
trabalhos:
“São formados por vegetais, ar, rios, os mares, as matas, o solo que a
gente planta, o sol, os animais e o homem”.
“É o conjunto de tudo árvores, animais, homens, tudo que possuí vida
ou não. Meio ambiente é onde vivemos por isso cuidar dele é importante”.
Pode-se observar, na primeira aplicação do questionário, a constante
associação do meio a um lugar cheio de árvores, animais ou onde, realmente, o
homem vive. Não estaria errada esta afirmação, mas poderia ser completado,
demonstrando a relação e integração direta dos alunos com esta natureza. Como se
vê nos resultados da segunda aplicação do questionário, esses alunos enriqueceram
os seus conhecimentos, mostrando uma visão mais ampla, mais abrangente do seu
mundo. Isso, de fato, indica que o trabalho foi bastante significativo, permitindo uma
mudança e uma compreensão melhor do meio em que eles vivem. Outro detalhe
importante, onde um dos alunos expressa: “o solo que a gente planta” demonstra o
que essa natureza pode oferecer para o homem, e percebe-se a dependência do eu
com o meio ambiente. Na resposta seguinte, o outro aluno, além da definição do
meio ambiente, afirma que: “Meio ambiente é onde vivemos por isso cuidar dele é
importante”, ele exibe até mesmo a sua preocupação com a preservação do meio
ambiente.
A segunda questão trabalha em qual meio de comunicação os alunos
obtêm informações sobre o meio ambiente. O gráfico, a seguir, mostram os
resultados obtidos:
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Em qual m eio de com unicação você escuta falar do m eio am biente?
1ª aplicação do questioário
escola
8 respostas
24%
outros 0
0%
internet
2 respostas
6%
livro
1 resposta
3%
revista 0
0%
jornal
3 respostas
9%
rádio
1 resposta
3%
televisão
18 respostas
55%
FIGURA 2: Percentural de respostas sobre a fonte em que se ouviu falar do meio ambiente.
O resultado confere-se que aproximadamente 80% dos alunos
adquirem informações sobre meio ambiente somando escola e televisão. Tal fato
explica como a televisão ainda massifica a população como um todo, constatando-se
que 55% das crianças ainda têm como meio de comunicação para assuntos
relacionados a meio ambiente, apesar de, 24%, a escola ainda ter um papel
fundamental no aprendizado, na formação do indivíduo, e a ser considerada como
um “berço do conhecimento”.
Outro destaque relaciona-se ao uso da internet, que apresentou uma
pequena porcentagem, apenas 6%. Salienta-se que são alunos oriundos de família
de baixa renda, isso talvez não seja um veículo de comunicação muito comum para
essas crianças. A única observação negativa fica por conta do livro, que obteve
somente 1% de escolha na entrevista. Infelizmente, a leitura, tão pouco prestigiada,
ainda não é visto como hábito cultural no Brasil.
Vale lembrar que a questão dois, foi aplicada uma única vez, pois a
entrevista não tem como objetivo a assimilação desse conteúdo.
Na terceira questão, os alunos deveriam selecionar apenas uma
alternativa trazendo um diagnóstico do atual problema do meio ambiente. Como na
questão anterior deve-se fazer uma comparação da primeira e última aplicação do
questionário focando na opinião de cada aluno. Observa a seguir os gráficos:
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Número de
Qual é o maior problema da nossa natureza?
1ª aplicação do questioário
14
12
10
8
6
4
2
0
40%
27%
17%
17%
falta de água
lixo
falta de árvore
ar poluído
FIGURA 3: Percentual de respostas, na 1ª aplicação, sobre o maior problema da nossa natureza.
Número de respostas
Qual é o m aior problem a da nossa natureza?
2ª aplicação do questioário
12
10
8
6
4
2
0
21%
33%
24%
21%
f alta de água
lixo
falta de
árvore
ar poluído
FIGURA 4: Percentual de respostas, na 2ª aplicação, sobre o maior problema da nossa natureza.
Esta questão mostra como os alunos podem ampliar a sua visão dentro
do tema meio ambiente, e analisar que não existe um problema único na natureza
atualmente. Diante das cartilhas educativas, onde foram trabalhados os temas:
água, lixo, meio ambiente e poluição, verifica-se que são temas que englobam os
conceitos e elementos da do meio ambiente, fornecendo assim os conhecimentos
para esses discentes. Não poderia esquecer-se que esses assuntos foram
discutidos e refletidos a ponto de todas as crianças formarem uma opinião sobre os
reais problemas do meio ambiente.
Ao interpretar os resultados na primeira aplicação do questionário
entende-se que os discentes, partindo do pressuposto, tinham alguma informação a
respeito desses assuntos, e observou-se que o lixo chamou mais a atenção dessas
crianças, em 40%. Talvez o lixo esteja mais ligado com o cotidiano desses alunos,
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tanto nos locais onde moram quanto na escola, onde o tema foi freqüente e muito
debatido por eles mesmos. O ambiente escolar foi, por vezes, alvo das observações
e discussões do grupo, onde foram expostas ações divergentes com um bom
comportamento no meio ambiente, como por exemplo, o depósito irregular de lixo.
Na segunda posição apresentou-se a falta da árvore, com 27%, atentando-se que a
cidade onde se realizou a pesquisa tem um índice considerável de árvores na sua
região urbana, ainda que seja carente de bosques e parque ecológico próximo à
região onde o projeto foi executado.
Ao retornar na segunda aplicação do questionário, visando o retorno
aos trabalhos desenvolvidos, nota-se como ficaram mais divididas as opiniões
desses alunos. Vale ressaltar que as cartilhas educativas, nas quais foram
fornecidas essas informações com os temas atuais, fizeram a diferença no momento
da decisão de cada um. Analisando os resultados da segunda entrevista,
evidenciou-se que ficaram mais equilibrados os problemas apresentados.
Ao fazer a análise da questão, o assunto água foi equivalente à falta de
árvore, como sendo 21% do problema atual. Como a água foi trabalhada de uma
forma até interdisciplinar, nas cartilhas educativas, considerando a estatística que
expõe que apenas 3% é formada de água doce e o resto é água salgada, criou-se
uma consciência no consumo racional e, como foi discutido, deve-se racionalizar
esse bem natural. Outro problema indicado foi a poluição do ar, com 24%.
Na questão 4 onde pergunta se o aluno recicla o lixo em sua casa,
tema esse trabalhado em uma das cartilhas educativas, mostra a importância atual
da reciclagem e de como se deve criar atitudes e valores para esta tal ação. Nos
dias atuais a reciclagem não é nenhuma novidade, porém tem-se a necessidade de
ter a colaboração e sensibilização na aplicação dos “4 Rs”, ou seja, reduzir,
reutilizar, reciclar e racionalizar. Mais uma vez a intenção é avaliar com a primeira e
última aplicação do questionário, haja vista que se deve promover a assimilação
desse assunto. Confere nos gráficos abaixo:
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Você recicla o lixo da sua casa?
1ª aplicação do questionário
não
6 respostas
21%
sim
23 respostas
79%
FIGURA 5: Percentual de respostas, na 1ª aplicação, quanto à reciclagem de lixo na residência.
Você recicla o lixo da sua casa?
2ª aplicação do questioário
não
3 repostas
10%
sim
26 respostas
90%
FIGURA 6: Percentual de respostas, na 2ª aplicação, quanto à reciclagem de lixo na residência.
Observa-se que, ainda na primeira aplicação obteve-se um resultado
expressivo, com 21%, de alunos que não reciclam o lixo em suas casas. Tal fato
explica como isso ainda faz parte da cultura do brasileiro de não separar o lixo,
porém, esse quadro a cada dia está mudando, e a população se vê na
obrigatoriedade da reciclagem, mesmo porque, para muitos essa prática é
responsável pela aquisição de dividendos. As respostas na segunda indicaram
houve uma mudança de comportamento dos alunos em relação à reciclagem. Uma
pequena parcela dos discentes, apenas 10%, respondeu que ainda não tem esse
costume em casa. O que contribuiu para esta mudança de resultado foi à discussão
do assunto lixo na forma interdisciplinar, de como pode tornar-se viável e rentável a
reciclagem para esses alunos. Contudo diante dos resultados satisfatórios, esperase que não fique apenas no ato de responder o questionário, mas sim ter-se
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provocado mudança de atitude, que é um dos objetivos propostos dentro do
contexto da educação ambiental.
A questão 5 refere-se ao lixo não coletado, que provoca algum dano à
saúde. Com pode se ver a seguir, no gráfico os resultados:
O lixo não coletado causa algum dano à saúde publica?
1ª aplicação do questioário
não
4 respostas
14%
sim
25 respostas
86%
FIGURA 7: Percentual de respostas, na 1ª aplicação, quanto ao dano que causa o lixo não coletado.
A primeira aplicação do questionário, apresentou um resultado de 14%
dos que responderam afirmando que o lixo não coletado causaria problemas à
saúde. Assim, as cartilhas educativas trouxeram informações necessárias dessa
ordem, onde o tema poluição tratou muito bem desse assunto, como a falta de
saneamento básico, poluição dos rios e também do solo. Na segunda aplicação do
questionário os alunos apresentaram 100% de respostas em que o lixo não coletado
causa danos à saúde, confirmando toda assimilação desta questão, sem nenhuma
dúvida.
Na questão 6: “Você pode ajudar a melhorar o meio ambiente na sua
escola? Como?”
Esta pergunta trás uma reflexão de como esses alunos podem mudar
suas posturas, comportamentos e atitudes, o que se deve fazer na prática ou então
observar as próprias ações dentro da escola.
O que mais chamou atenção, nessa questão, foi à freqüência de
repetição dos mesmos assuntos, tais como, não jogar lixo no chão, no pátio, na sala,
não jogar papel de bala no chão. O que demonstra como o tema lixo foi muito
pertinente, ao ponto de reverter uma crítica a eles mesmos. Eles conseguiram
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perceber que os dejetos são jogados no chão da escola opondo-se ao que se
deveria fazer, como ação de jogar o lixo no recipiente adequado.
Um detalhe muito importante, que até mesmo chamou atenção de um
aluno, foi na descrição do espaço físico da escola, averiguando-se que no segundo
piso do estabelecimento público, adjacente às janelas das salas de aula, encontrase um telhado com uma grande quantidade de papel jogado pelos próprios alunos.
Seria realmente incoerente um aluno dizer que “deve tirar o lixo do telhado da
escola”. Tal afirmação foi feita por um aluno na primeira aplicação do questionário.
Em outros relatos, feitos nesse primeiro momento, alguns alunos se
confundem com as próprias palavras ao declarar como podem ajudar no meio
ambiente da escola, até mesmo afirmando “respeitar os professores”, “não brigar
com amigos”, evidenciando problemas de relacionamento entre colegas e
professores e que mudanças de atitudes pode contribuir para uma melhor
convivência na escola.
Durante a pesquisa foram apresentadas aos discentes questões
pertinentes ao assunto, por exemplo: “O que é lixo?”, questões estás que eram
discutidas em grupo, e o que se observou, sem exceção, que todos responderam de
forma correta. Nesse momento, diante dos olhos desses alunos, a poucos metros,
estava localizado aquele telhado cheio de dejetos, principalmente papel, e não se
poderia perder a oportunidade. Assim, tal situação foi utilizada para mostrar como a
ação deles estava errada, não concernente com a postura correta em relação ao
meio. Muitos, até envergonhados, reconheceram a sua contradição na teoria e na
prática, haja vista que tinham conhecimento da questão lixo, porém na prática
deixam a desejar. Este momento foi de reflexão, o momento de mudança de atitudes
e valores.
Na segunda oportunidade, ao responderem o questionário houve
transformações significativas, mostrando um resultado coerente com um bom
relacionamento indivíduo/meio ambiente, após todo aprendizado obtido nas cartilhas
educativas. Alguns alunos afirmaram:
“Sempre reciclar os lixos da escola e da sua casa”
“Não jogar lixo na sala, no pátio e em telhas, devendo colaborar e
limpar”.
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“Ajudar as zeladoras.”
“Não jogar o papel no chão, conscientizando outras pessoas.”
Ao averiguar os dados, verificou-se como surtiu efeito no aprendizado
e na reflexão dos assuntos ligados à educação ambiental. Também houve uma
mudança de comportamento, valores e atitudes. Incorporaram-se novas táticas,
como a reciclagem do lixo, tornando-se essencial essa prática. Observa-se, também,
nesse trecho “ajudar as zeladoras”, como os alunos podem ser solidários até mesmo
com os funcionários da escola.
Na questão 7, quando foi perguntado aos discentes “como você pode
ajudar a melhorar o meio ambiente na sua cidade?”, o assunto lixo continuou sendo
alvo das discussões. A maior freqüência de respostas na primeira aplicação do
questionário foi de que não se pode jogar lixo na rua, poluir o ar e o rio, desmatar e
também não derrubar árvores. Ampliando a visão no universo dessas crianças,
fazendo-se com que esta prática não fica apenas restrita à escola. Como se
constata, a maioria dos alunos realmente absorveu os conhecimentos, através das
cartilhas educativas, e, assim, pode-se concluir que houve assimilação dos
conteúdos. Como se vê na segunda aplicação do questionário:
“Plantando árvores nas ruas de Londrina e não jogar o lixo nas ruas e
no bueiro.”
“Reciclando o lixo, não jogando lixo na rua, etc.”
“Não jogando lixo na rua na escola e na sua casa, por exemplo,
colaborando a ajudar a nossa cidade ficar mais limpa.”
Algumas idéias colocadas pelos alunos, de como poderiam ajudar o
meio ambiente da cidade, são muito interessantes. Plantando árvores, reciclando o
lixo e colaborando para manter a cidade limpa são formas ecológicas e corretas de
agir. Outra consideração de demasiada importância foi o relato dos alunos,
informalmente, que eles estavam levando as informações adquiridas aos seus
familiares, amigos e vizinhos fazendo a dissipação de idéia no bairro em que
residem.
A questão 8 sugere aos alunos desenharem o meio ambiente. O que
às vezes é complicado expressar com as palavras, como foi feito na primeira
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questão, em que se pergunta “o que é meio ambiente?”, poderia ser diferente
expressando com os desenhos.
Algumas ilustrações retratam o meio ambiente como um lugar cheio de
árvores, arbustos, sol, nuvens, animais e rios, o que realmente não é errônea.
Outros desenhos que chamaram muita atenção associam o meio ambiente com as
suas casas. O que estes alunos poderiam dizer com isso? Será que o local qu
residem tem contato direto com o meio ambiente, ou, até mesmo, agrega-se essa
relação com o bem estar? Logo abaixo algumas reproduções selecionadas dessas
ilustrações:
FIGURA 8: Ilustração 4 de um aluno sobre o meio ambiente.
Como se observa na ilustração na figura 8, uma boa parcela dos
alunos representou a natureza dessa forma, como um lugar cheio de árvores,
plantas, nuvens, sol, entre outros elementos.
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FIGURA 9: Ilustração 1 de um aluno sobre o meio ambiente.
O aluno, na figura 9, buscou um pouco de conforto nesse ambiente no
qual ele desfruta dessa paisagem em um lugar bucólico, expressando sensação de
bem-estar.
FIGURA 10: Ilustração 2 de um aluno sobre o meio ambiente.
A produção deste aluno, figura 10, mostra a interação dos elementos
naturais com a ação antrópica, no detalhe, que chamou atenção, em que a lata de
lixo mais uma vez esteve presente neste meio. Uma visão de que lugar de lixo é no
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lixo e a preocupação de manter esse local limpo. Uma pequena parcela dos alunos
observou esse detalhe.
FIGURA 11: Ilustração 3 de um aluno sobre o meio ambiente.
Esta ilustração, exemplifica como esses discentes associaram o meio
ambiente com as suas casas. Uma observação também muito freqüente durante a
pesquisa.
CONCLUSÃO
A
pesquisa
realizada
alcançou
resultados
muito
satisfatórios,
mostrando-se uma alternativa para que alunos oriundos de família de baixa renda,
conheçam conceitos relacionados a uma convivência saudável com o meio
ambiente, levando a melhor conservação dos recursos naturais. Pode-se confirmar a
educação ambiental como instrumento de sensibilização, conscientização, além de
subsidiar conhecimentos a indivíduos de diferentes camadas sociais, e trazendo
como consequência mudanças de atitudes. O estudo indicou, também, ser eficiente
a proposta do trabalho de forma interdisciplinar e não formal envolvendo, inclusive,
questão do cotidiano dos alunos dentro do contexto escolar e estendendo até suas
comunidades, evidenciando um instrumento para a busca de uma melhor qualidade
de vida do individuo em harmonia com o meio ambiente.
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PARANÁ
disponível
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Recebido em junho de 2010
Aprovado em agosto de 2010.
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