EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR
VALADARES: PERCEPÇÃO DE EDUCADORES DA REDE
MUNICIPAL.
Jéssica Prates Cantarino, Aluna do 5º período de Tecnologia em Gestão Ambiental do
IFMG, campus Governador Valadares, [email protected]
MSc. Luiz Fernando da Rocha Penna - Professor do Curso de Tecnologia em Gestão
Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares.
RESUMO:
A presente pesquisa foi desenvolvida na região de Governador Valadares. O objetivo da
pesquisa é analisar a percepção de educadores da rede de ensino básico sobre a educação
ambiental em Governador Valadares. Para realização da pesquisa, foi aplicado um
questionário com doze questões abordando a prática da educação ambiental e sua introdução
na estrutura curricular, para uma amostra de nove professores do município de Governador
Valadares, selecionados aleatoriamente. Conforme os resultados obtidos, os educadores têm
conhecimento sobre a educação ambiental e veem sua importância no desenvolvimento deste
no ambiente escolar. E que se mostram com disposição para desenvolverem os conteúdos e
as atividades propostas sobre educação ambiental.
Palavra-chave: Educação Ambiental; percepção; Governador Valadares.
ABSTRACT:
This research was developed in the region of Governador Valadares. The objective of the
research is to analyze the perception of educators in the municipal network on environmental
education in Governador Valadares. To conduct the survey, a questionnaire with twelve
questions addressing the practice of environmental education and its introduction into the
curriculum, for a sample of nine teachers in the municipality of Governador Valadares, was
applied randomly selected. According to the results, educators have knowledge about
environmental education and see its importance in the development of the school environment.
And with that show willingness to develop the content and proposed activities on environmental
education.
Keyword: Environmental Education; perception; Governador Valadares.
1 INTRODUÇÃO
As questões ambientais apresentam-se como um assunto de relevância social
na atualidade e torna-se cada vez mais nítida a crise ambiental provocada pela
relação utilitarista que o homem vem estabelecendo com a natureza e a consequente
degradação do meio ambiente.
Nesse contexto vê-se a necessidade de uma nova consciência, comportamento
e comprometimento frente a esta situação a fim de minimizar as consequências destas
atitudes que comprometem a vida da atual e futura geração.
Frente à problemática ambiental a educação ambiental assume um papel de
destaque no desenvolvimento de projetos ambientais que visem sanar ou reconhecer
os problemas pré-existentes e a partir desta visualização fomentar possibilidades de
tomadas de decisões para a melhoria do meio socioambiental e possíveis medidas
adotadas para minimizar esta situação.
A problemática ambiental, tanto nos aspectos mais amplos, como a
contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas,
a caça indiscriminada e a redução ou mesmo destruição das espécies da fauna e da
flora, além de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente tem promovido
questionamentos sobre as formas de ocupação e exploração que o homem tem
destinado ao meio ambiente natural e nos remete a uma necessária reflexão sobre os
desafios para mudar as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental numa
perspectiva contemporânea (CASTRO, 2002).
Conforme Castro (2002) a questão ambiental deixou de ser uma preocupação
restrita a profissionais envolvidos com problemas dessa ordem. Vemos atualmente
que esse tema envolve a todos, uma vez que cada um de nós está sujeito aos efeitos
dos problemas ambientais, tanto regional ou globalmente. Isso significa que a referida
temática transcende o envolvimento não apenas de biólogos, de geógrafos ou de
ecologista, mas estende-se a todos os cidadãos, ou ainda, atores sociais. Mas falar de
ator social significa remeter ao conceito de ação, que pode ser entendida enquanto
possibilidade de obter informação para produzir mudança.
Para Jacobi (2001) atualmente, a questão ambiental está presente no cotidiano
da sociedade contemporânea e assim a Educação Ambiental desponta como
possibilidade de reencantamento, abrindo possibilidades de novos conhecimentos,
metodologias e habilidades na perspectiva de uma educação interdisciplinar.
Conforme Penteado (2003) a escola é sem sombra de dúvida o local ideal para
se promover este processo. As disciplinas escolares são os recursos didáticos através
dos quais os conhecimentos científicos de que a sociedade já dispõe são colocados
1
ao alcance dos alunos. As aulas são o espaço ideal de trabalho com os
conhecimentos e onde se desencadeiam experiências e vivências formadoras de
consciência mais vigorosas porque alimentadas no saber.
Entende-se que diante da questão ambiental é necessário esforço de todos no
intuito de sensibilizar as pessoas por meio da informação para as questões ambientais
e mobilizá-las para a modificação de atitudes nocivas e a apropriação de posturas
benéficas à preservação ao meio ambiente. A inserção da Educação Ambiental no
contexto educação passa a configurar uma forma de promover a construção do
conhecimento, visando despertar nos envolvidos a sensibilidade, o conhecimento, a
competência, a responsabilidade e a participação em relação às questões ambientais.
Assim, a Educação Ambiental possibilita repensar práticas sociais e o papel
dos docentes como transmissores de um conhecimento necessário para que os
discentes adquiram uma compreensão eficaz do meio ambiente global e local, da
interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de
cada um para construir uma sociedade mais igualitária e ambientalmente sustentável.
Para uma melhor compreensão e, até mesmo uma inserção na temática
proposta, será abordado de forma breve a evolução histórica no contexto mundial e no
Brasil da educação ambiental.
Segundo Braga (2003) a problemática ambiental tornou-se um dos assuntos
mais discutidos do momento. A sociedade sofre uma profunda crise, a qual não se
pode caracterizar como ambiental, mas, sim, civilizatória. O crescimento populacional,
o modelo de produção e o consumo desigual dos habitantes do planeta tornam quase
incompatíveis com a qualidade de vida humana e a manutenção dos ambientes físicos
e da integridade dos organismos.
Para Barreto (2006) a questão ambiental vem sendo considerada cada vez
mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da
relação estabelecida com a natureza e o uso dos seus recursos naturais disponíveis.
Surge então a necessidade de uma educação ambiental (EA), que é uma
educação política e visa à construção de cidadania nacionais e planetárias, que é
crítica dos sistemas autoritários, tecnocráticos e populistas e busca alternativas
sociais, éticas e justas para as gerações atuais e futuras (REIGOTA, 1992).
Conforme Rosa (2001) as reflexões emergentes sobre o desenvolvimento
econômico, associadas a uma grande intervenção no meio ambiente, transformaram
os anos 60 num período pródigo de reflexões e eventos relacionados com a questão
ambiental. A partir do livro de Rachel Carson, “Primavera Silenciosa”, referindo-se ao
som do silêncio causado pela ausência de insetos e de pássaros na primavera,
promoveu-se uma discussão na comunidade internacional relacionando-se a
2
diminuição da qualidade de vida, com o uso exacerbado de produtos de síntese
química na produção agrícola, contaminando os alimentos e deixando resíduos no
meio ambiente.
Em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de Keele,
Inglaterra, definia que a Educação Ambiental deveria ser uma matéria indispensável
para a formação do cidadão (LEONARDI, 2002).
No ano de 1975, realizou-se em Belgrado o Encontro Internacional de
Educação Ambiental, onde foram discutidos os princípios e orientações, para o
Programa Internacional de Educação Ambiental UNESCO/UPUMA. Nesse mesmo
momento ocorreu também a formulação da Carta de Belgrado, que alertou o mundo
quanto às consequências do crescimento econômico e tecnológico sem limites. “A
Educação Ambiental é citada como um dos elementos mais críticos para que se possa
combater com mais rapidez a degradação da biosfera“ (LEFF, 1999).
Em 1987, trezentos especialistas de cem países, mais alguns observadores, se
reuniram em Moscou, para o Congresso Internacional de Educação e Formação
Ambiental, novamente promovido pela UNESCO. O congresso teve como objetivo
central discutir as dificuldades encontradas e os progressos alcançados em relação à
Educação Ambiental, em virtude das propostas feitas na Conferência de Tbilisi (DIAS,
1991).
Para Dias (1991) a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, em Tbilisi, foi o evento mais importante para a evolução da EA no mundo,
pois contribuiu para definir os objetivos e características da Educação Ambiental,
estabelecendo recomendações e estratégias pertinentes no plano nacional e
internacional.
Em 1988, foi promulgada uma nova Constituição Brasileira, vigente até os dias
atuais, que contém um capítulo sobre o meio ambiente (DIAS, 1991), e estabelece no
artigo 225 que:
“(...) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum ao povo, essencial a sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo
para as presentes e futuras gerações”.
Logo em 1989, criou-se o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA), com a finalidade de formular, coordenar e executar a
Política Nacional do Meio Ambiente. Segundo Dias (2000), um dos grandes erros
cometidos após a criação do IBAMA foi o não investimento em capacitação
profissional de seus servidores e a criação de cargos comissionados, o que levou à
3
fragmentação dessa instituição em um organograma extremamente denso, propício ao
estabelecimento da burocracia purulenta.
Em 1989, ocorreu, em São Paulo, o I Fórum de Educação Ambiental em que
um dos objetivos do encontro foi elaborar uma definição de educação ambiental.
Concluiu-se que a educação ambiental não poderia se circunscrever aos limites de
uma única disciplina, mas deveria apropriar-se dos espaços das disciplinas já
existentes nos currículos. Neste mesmo ano, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em
tramitação no Congresso Nacional, propunha que a educação ambiental deveria ser
incluída em todos os níveis de escolaridade, sem constituir nova e exclusiva disciplina.
Artigos acadêmicos, textos de divulgação científica e publicações começaram a
proliferar (AMARAL, 1995).
No ano de 1992 realizou-se no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, a
Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92, que culminou na
articulação de tratados, acordos e convenções para a sustentabilidade da vida na
Terra. Como resultado apresentou-se um plano de ação para o presente século,
visando o equilíbrio e o respeito à vida – batizada Agenda 21 - se configura numa
carta de compromissos assumidos em relação ao ambiente, constituindo-se como
estratégia de sobrevivência a todos os seres vivos. (BARBIERE, 1998).
Em função da Constituição Federal de 1988 e dos compromissos internacionais
assumidos durante a RIO-92, foi criado em dezembro de 1994, pela Presidência da
República, o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), compartilhado
pelo então Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal
e pelo Ministério da Educação e do Desporto, com as parcerias do Ministério da
Cultura e do Ministério da Ciência e Tecnologia. O PRONEA foi executado pela
Coordenação de Educação Ambiental do MEC e pelos setores correspondentes do
MMA/IBAMA, responsáveis pelas ações voltadas respectivamente ao sistema de
ensino e à gestão ambiental, embora também tenha envolvido em sua execução
outras entidades públicas e privadas do país (BRASIL, 2005).
O Ministério da Educação (MEC), em 1997, publicou os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), que têm como objetivo apontar metas qualitativas que
buscam auxiliar o professor na tarefa de formação do aluno. Servem como referência
e apoio para que o professor desenvolva uma prática educativa adequada às
necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais de seus alunos, considerandolhes interesses e motivações. Neles os conteúdos de meio ambiente são colocados
integrados ao currículo através da transversalidade, podendo ser tratados nas diversas
áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo
tempo, criar uma visão global abrangente da questão ambiental (BARRETO, 2006).
4
Em 1999, foi promulgada a lei da Política Nacional de Educação Ambiental
PNEA (Lei nº 9795/99), que em seu primeiro artigo conceitua a Educação Ambiental
como os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade”. No segundo artigo diz que:
A Educação Ambiental deve ser encarada como um componente
essencial e permanente da educação nacional, tanto no ensino formal
quanto no não-formal, devendo abranger todos os níveis e
modalidades de ensino, englobando, assim, a Educação Infantil, o
Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Educação Superior, a
Educação Especial, a Educação Profissional e a Educação de Jovens
e Adultos.
Este estudo é importante para analisarmos as eventuais estratégias
pedagógicas desenvolvidas pelos professores com relação ao meio ambiente, pois a
partir delas possivelmente serão formados pessoas atentas às questões ambientais
atuais.
A relevância desse trabalho está em levantar questões pertinentes que podem
se configurar como objeto de pesquisas futuro e fornecer subsídios para estudos em
andamento nessa temática, ou mesmo para as políticas públicas para a educação
ambiental (EA).
Este trabalho teve como objetivo geral analisar a percepção de educadores da
rede municipal sobre a educação ambiental em Governador Valadares. E específicos,
verificar qual é a percepção dos professores em relação à educação ambiental no
ambiente escolar e investigar quais são as estratégias pedagógicas usadas pelos
professores no desenvolvimento do trabalho com a Educação Ambiental.
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS
2.1 Caracterizações da área de estudo
A cidade de Governador Valadares é um município Brasileiro no leste do
estado de Minas Gerais, na mesorregião do Vale do Rio Doce, conhecida também
como A Princesa do Vale, com uma população estimada em 2013 de 275.568
habitantes, com uma área aproximadamente 2.342,319 Km2 (IBGE-2010), como
mostra a Figura 01.
5
Figura 01 – Localização geográfica do município de Governador Valadares
Fonte: RAMOS (2013)
Autor: CRUZ & RAMOS (2013).
Os educadores entrevistados da pesquisa moram em diferentes bairros dentro
do município, do qual também atuam em áreas e escolas diversas.
2.2 Tipos de estudo
Tratou-se de uma pesquisa exploratória qualitativa onde Gil (2002) diz que “a
pesquisa exploratória visa a um acesso mais próximo com o problema investigado e
oferece informações sobre determinada temática, facilitando a delimitação de um
assunto para estudo e contribui para aprofundar conceitos ainda preliminares,
facilitando a construção de hipóteses. Seu principal objetivo é o aprimoramento das
ideias e o seu planejamento flexível permite que se considere a variedade de aspectos
identificados em relação ao fato estudado. Na maioria dos casos, assume a forma de
pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso, pois envolve: levantamento bibliográfico,
entrevistas e análise de exemplos que possam contribuir na compreensão do
problema”.
6
A partir de características estudadas para a pesquisa científica, fazendo uso de
materiais didáticos como livros, artigos, dissertações, teses e leis, assim como suas
principais etapas e objetivos, a pesquisa desenvolve uma análise sobre como a
educação ambiental é articulada e sua importância no ambiente escolar, através das
percepções dos educadores de ensino da rede municipal.
2.3 Técnicas de coleta e análise de dados
Para a coleta de dados foi realizado uma pesquisa em campo, do qual foram
selecionados professores aleatórios para responderem o questionário, em apêndice,
com 12 questões fechadas e abertas sobre a educação ambiental no contexto escolar
e as atividades desenvolvidas pelos professores, abordando a consciência ambiental e
sua importância, foram entregues 10 questionários para a pesquisa.
Dentre esses, foram entregues três questionários em uma escola, que pediu
para não ser identificada, situada no bairro de Nossa Senhora Lourdes, no dia 21 de
março de 2014, do qual foram devolvidos dois respondidos após duas semanas. Os
outros oito questionários foram entregues aos professores restantes, escolhidos
aleatoriamente, do qual sete foram respondidos e o último foi entregue dia 9 de maio
de 2014.
No intuito de preservar a identidade dos entrevistados, eles foram identificados
por ordem alfabética, entrevistado A, B, C e assim sucessivamente. Sendo
selecionados referentes à sequência de entrega dos questionários respondidos.
Para a realização da análise e discussão dos dados não foram considerados as
escolas que trabalham e a área que atuam como um parâmetro de análise, sendo as
escolas e a áreas de atuação diversas. As entrevistas foram transcritas literalmente e
somente após ler e reler as transcrições, assim pode-se chegar à conclusão dos
resultados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A apresentação e discussão dos resultados seguirão a linha dos recursos
disponíveis após análise dos questionários respondidos pelos professores, o modelo
do questionário utilizado encontra-se no apêndice A.
Das nove entrevistas realizadas, uma foi feita com uma supervisora
pedagógica identificada como Entrevistada A, uma diz ser professora em ciências,
geografia, história e arte identificada como Entrevistada B, uma professora de
sociologia identificada como Entrevistada C, uma professora de língua portuguesa
7
identificada como Entrevistada D, um técnico de segurança no trabalho identificado
como Entrevistado E, uma professora leciona língua portuguesa e inglesa identificada
como Entrevistada F, uma professora de história identificada com Entrevistada G,
duas professoras de ciências e biologia identificadas como Entrevistada H e
Entrevistada I. Dos nove entrevistados, quatro trabalham com ensino fundamental e
médio e três só com ensino fundamental, o técnico em segurança no trabalho não
informou à turma que leciona e a supervisora pedagógica é pedagoga da escola que
trabalha, não atuando literalmente em salas de aula.
Dos entrevistados, oito são do sexo feminino e um do sexo masculino, dentre
esses três obtêm a faixa etária de 21 a 30 anos, três obtêm de 31 a 40 anos e três
obtêm acima de 40 anos.
Em relação à formação acadêmica dos professores entrevistados verifica-se
que todos obtêm o 2º grau completo do quais alguns optaram em prosseguir com os
estudos tendo o 3º grau completoe/ou especialização.
Figura 02: Formação Acadêmica dos entrevistados.
Outros
11%
Especialização
21%
2º Grau
Completo
47%
3º Grau
Completo
21%
Fonte: Própria, Maio 2014.
Analisando a Figura 02 constou-se que 47% dos entrevistados possuem o 2º
grau completo, 21% disseram ter o 3º grau completo, 21% optaram pela
especialização e 11% possuem outras formas acadêmicas, como cursos técnicos ou
está pós graduando.
Verificou-se
conhecimento
que
sobre
a
os
professores
educação
entrevistados
ambiental
e
veem
declararam
sua
que
importância
têm
no
desenvolvimento deste no ambiente escolar. Dos entrevistados, seis tratam da
temática ambiental em sala de aula ao longo do ano, uma dessas, a Entrevistada C,
também faz em ocasiões pontuais. Como a Entrevistada A não atua em sala de aula,
8
não respondeu.Dentre esses, mesmo tendo conhecimento sobre a educação
ambiental, apenas quatro já desenvolveram projetos extracurriculares sobre a EA.
Para o desenvolvimento da temática ambiental em sala de aula, na quinta
pergunta, foram questionados sobre quais os meios utilizados.
Figura 03: Meios para desenvolvimento de atividades sobre EA
5%
7%
9%
7%
3%
10%
8%
7%
12%
8%
10%
14%
Teatro
Desenhos
Cartilhas
Passeios
Painéis Educativos
Vídeos
Palestras
Brincadeiras
Músicas
Debates
Coleta e separação do lixo
outros
Fonte: Própria, Maio 2014.
Com a Figura 03, consta-se que os meios mais utilizados para o
desenvolvimento de atividades sobre a educação ambiental são os vídeos (14%), os
painéis educativos (12%), palestras (10%) e debates (10%). Foram citados em outros,
atividades como “nenhum” (Entrevistada F), como também, “confecção de objetos
(recicláveis)” (Entrevistada I) e “construção de paródias pelos alunos, plantio de mudas
no pátio da escola” (Entrevistada C).
Assim, também fora questionados se na escola do qual trabalham possui esses
recursos para realização de tais atividades.
9
Figura 04: A escola possui os recursos citados?
33%
45%
Sim
Não
22%
Só Alguns
Fonte: Própria, Maio 2014.
Conforme se observa na figura 04, dos educadores entrevistados 45%
disseram que possuem os recursos na escola, 22% disseram que não e 33% disseram
que possuem só alguns dos recursos do qual procuraram também como citado pela
Entrevistada D “Através de esforços dos professores e dos próprios alunos”, outra
“Alguns sim, mas a maioria, procuramos em reportagens, na internet, e os próprios
alunos trazem para a discussão” disse a Entrevistada G e o Entrevistado E disse
“Cada fase foi adaptada aos recursos áudio visuais da escola”. Com isso pode-se
perceber o interesse dos professores em desenvolverem atividades interativas, onde
fazem com que os alunos busquem também meios para a realização desses projetos.
Algumas questões, que foram apresentados aos entrevistados, consideradas
importantes para o desenvolvimento dessa pesquisa, serão transcritas juntamente
com suas reais respostas dadas no questionário.
Na questão de número nove foram questionados sobre quais as dificuldades ou
problemas encontrados na prática de educação Ambiental, as respostas foram de
diversas formas.Inicia-se, a seguir, a descrição dos resultados da pesquisa.
“O enfrentamento de maus hábitos que acabam por interferir
em uma efetiva prática de conservação e cuidados com o
ambiente. Tais hábitos mudam com a verdadeira apreensão do
conhecimento. Este seria o desafio do professor” (Entrevistada
A).
10
“Exatamente colocar a prática em ação, transformando ‘o meio’
de uma ação educativa” (Entrevistada B).
“A dificuldade que percebo é ainda a educação ambiental não
ser de fato efetivada nas escolas, como é proposta na Lei de
EA” (Entrevistada C).
“Os maiores problemas são de condições estruturais, pois as
escolas públicas não oferecem estrutura adequada para
desenvolvimento de projeto extraclasse e não há interesse do
governo em oferecer melhorias. Outro problema é cultura, pois
há uma cultura no Brasil de se ‘levar vantagem em tudo’, por
isso não se dão à devida importância em preservar para
garantir a existência” (Entrevistada D).
“Infelizmente os seres humanos ainda não se aperceberam dos
reais problemas que já estão acontecendo” (Entrevistado E).
“Apoio da escola” (Entrevistada F).
“Além de material, locais apropriados para uma visitação ou
análise” (Entrevistada G).
“A falta de apoio por parte da escola, que muitas das vezes fica
a desejar” (Entrevistada H).
“O problema que vejo está apenas nos recursos que
precisamos para transformar o lixo em objetos aproveitáveis ao
nosso dia a dia” (Entrevistada I).
Pode-se perceber que muitos veem a importância da educação ambiental em
sua prática necessitando mudanças de hábitos como dizem as entrevistadas A e B. E
que os recursos, como também a estrutura das escolas, para a realização de projetos
com educação ambiental são ineficazes, como diz a entrevistada D, “(...), pois as
escolas públicas não oferecem estrutura adequada para desenvolvimento de projeto
extraclasse”.
Na questão de número dez, foram questionados se considera importante a
implantação da temática ambiental na grade curricular de cada disciplina, as respostas
foram taxativas e unânimes pelo sim. As respostas foram semelhantes e de diversas
formas. Como dadas as respostas das entrevistadas B e G, respectivamente:
“Porque a educação ambiental é uma dimensão de educação e
atividade
intencional
da
prática
social
objetivando
o
desenvolvimento das habilidades e modificando atitudes em
11
relação ao meio, conduzindo para melhorar a qualidade de
vida”.
“Porque infelizmente nem todos os professores sabem como
introduzir esse tema nos conteúdos propostos a serem
trabalhados durante o ano letivo”.
Pode-se constatar que os professores estão cientes das responsabilidades
socioeducativas a eles confiadas, existindo consenso da importância do tema
educação ambiental no contexto escolar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi feita com o intuito de analisar a percepção da EA dos
educadores em seu ambiente escolar, assim, considerando a temática abordada e
análise do contexto dos questionários respondidos pode-se notar que em todas as
entrevistas todos tinham conhecimento sobre a educação ambiental e veem sua
importância no desenvolvimento deste no ambiente escolar.
É possível perceber, através do que foi exposto, que a Educação Ambiental é
um caminho possível para mudança de atitudes e, por consequência, o mundo,
permitindo ao aluno construir uma nova forma de compreender a realidade na qual
vive, estimulando a consciência ambiental e a cidadania.
Assim, pode inferir que a Educação Ambiental pode ser entendida como um
processo participativo, no qual o educando assume o papel de elemento central do
processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente do diagnóstico
de problemas ambientais buscando as suas soluções, sendo preparado como agente
transformador das atuais condutas populares, através do desenvolvimento de
habilidades e da formação de atitudes, ou através de uma conduta ética condizente ao
exercício da cidadania.
Percebeu-se que os professores entrevistados se mostram com disposição
para desenvolverem os conteúdos e as atividades propostas sobre educação
ambiental, criando projetos de acordo com suas possibilidades, inovando conteúdos
para complementarem os livros didáticos, demonstrando motivação, interesse e
vontade em fazer acontecer.
Portanto, diante de tais informações pode-se reconhecer que os professores
estão no caminho certo, buscando conscientizar os alunos a repensarem suas
atitudes, mudando os hábitos para preservação do meio ambiente, por meio da
educação ambiental. Mas vale ressaltar, que não basta incluir a educação ambiental
12
na estrutura curricular de cada disciplina lecionada, é necessário também propiciar aos
professores, conhecimento necessário dos conteúdos a serem ministrados por meio
de cursos e treinamentos, bem como fornecer recursos financeiros suficientes para o
desenvolvimento de projetos, envolvimento dos alunos, professores, funcionários,
pais, comunidade e governo, para que haja motivação, vontade e reconhecimento da
importância da educação ambiental para a formação de cidadãos conscientes sobre o
cuidado com o meio ambiente e com a sobrevivência do planeta.
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APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO PERCEPÇÃO AMBIENTAL APLICADO AOS EDUCADORES DA
REDE MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES
Prezado professor,
O presente questionário tem por objetivo pesquisar sobre a Educação
Ambiental na Escola, para desenvolvimento de trabalho científico de conclusão do
curso Tecnólogo e Gestão Ambiental, do Instituto Federal de Minas Gerais em
Governador Valadares. Sua colaboração é muito importante para o resultado deste
trabalho. Desde já, agradecemos sua participaçãoe colaboração:
Identificação do professor:
Nome:_______________________ (Identificado por letra)
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Idade:____________________
Escolaridade:
( ) 2º grau completo
( ) Especialização
( ) 3º grau incompleto
( ) Mestrado
( ) 3º grau completo
( ) Doutorado
( ) Outros: ____________________
Disciplina que leciona:________________________________
Quanto tempo você atua nessa área?
( ) Menos de 1 ano
( ) De 1 a 5 anos
( ) De 6 a 10 anos
( ) Mais de 10 anos
Turmas que leciona:___________________________________
Há quanto tempo trabalha nesta escola?___________________
Só trabalha nesta? ( ) Sim
( ) Não
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QUESTÕES:
1) Você sabe qual é o conceito de Educação Ambiental? ( ) Sim ( ) Não
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) Você trata da temática ambiental em sala de aula? ( ) Sim ( ) Não
De que maneira?_________________________________________________
_______________________________________________________________
Em quais turmas?________________________________________________
Por quê?_______________________________________________________
______________________________________________________________
3) Quais são os conteúdos da sua disciplina que você relaciona com a EA?_______
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
São
ocasiões
pontuais
ou
desenvolvidas
ao
longo
do
ano
letivo?__________________________________________________________
4) Você já participou e/ou desenvolveu algum projeto de EA?
Se SIM:
Título do projeto:____________________________________________
Responsáveis (orientadores):__________________________________
__________________________________________________________
Instituição pertencente:_______________________________________
Ano:______________________________________________________
Tempo de duração:__________________________________________
Temática:__________________________________________________
Qual foi o objetivo do projeto?________________________________________
Qual é sua avalição?____________________________________________________
_____________________________________________________________________
Qual a sua participação na elaboração destes projetos?________________________
_____________________________________________________________________
5) Quais os meios utilizados pela escola, para desenvolver atividades com os alunos
sobre Educação Ambiental?
( ) Teatro
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( ) Desenhos
( ) Cartilhas
( ) Passeios
( ) Painéis Educativos
( ) Vídeos
( ) Palestras
( ) Brincadeiras
( ) Músicas
( ) Debates
( ) Coleta e separação do lixo
( ) Outros _______________________________________________________
6)
A escola possui os recursos citados? Se não, como os encontrou?________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
7) Existe algum tema que ainda não foi trabalhado por você e que gostaria de ser
trabalhado no futuro? ( ) Sim ( ) Não
Qual?__________________________________________________________
Por quê?______________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8) Você se sente satisfeito com os trabalhos de Educação Ambiental desenvolvidos na
sua escola? Por quê?____________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
9) Quais as dificuldades ou problemas encontrados na prática de Educação
Ambiental?____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
10)Você considera importante a implantação da temática ambiental na grade
curricular? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ______________________________________
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
11) Existe alguma orientação da direção da escola e/ou Superintendência de Ensino
para trabalhar a temática ambiental? ( ) Sim ( ) Não
Qual?________________________________________________________________
_________________________________________________________
12) Como você
vê a Educação Ambiental na formação do aluno?___________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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educação ambiental no município de governador valadares