ANO 2 - Nº 24 • Edição Mensal - Abril/2015
O Jornal de Santa Rosa de Lima - A Capital da Agroecologia.
Professores do
Aldo Câmara
em greve
Pág. 12
Patrimônio Santarosalimense
Dengue
Município em alerta
Pág. 2
Igrejinha do Rio dos Índios Alto
Preservá-la é um dever
Pág. 14
Servidores
Públicos
Direito parcelado
Pág. 6
2
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Reportagem ESPECIAL
Mariza Vandresen
Dengue, o fim da picada
Basta ligar a TV para ver imagens ruins e ouvir
falar que a dengue chegou com força em Santa
Catarina. No estado, são 2.712 focos do mosquito
Aedes aegypti, que transmite o vírus, e quase setecentos casos da doença. Nesse contexto,
é espantosa a despreocupação dos santarosalimenses. Será que seríamos imunes?
Santa Rosa de Lima está situada em uma faixa de clima subtropical. Ao longo do ano, tem um
largo período com temperaturas entre 16 a 30 graus. Tem muita chuva e água limpa. Tem muitos
pontos onde a água pode se acumular. Há um fluxo de veículos, vindo de outras regiões, passando pelo município. Pois bem, por tudo isso, é um ambiente muito propício para o surgimento da
dengue. Marilin Mayeta, médica cubana da Estratégia Saúde da Família em Santa Rosa de Lima,
declarou ao Canal SRL que “a prevenção e a informação são os melhores remédios para combater
a dengue”. Pois bem, o Ronco do Bugio ajuda a trabalhar a informação, para que o nosso leitor
contribua com a prevenção. E todos contra a dengue!
Dengue: um “susto” de alerta
Em Santa Rosa de Lima, recentemente, houve dois casos de suspeita de dengue. Foram pessoas que viajaram “para
fora” e apresentarem sintomas dessa
doença. “Com isso, o assunto ganhou
importância também por aqui”, afirma
Naiana Boeing, a agente de endemias
do município. Esse quadro foi reforçado
pela grande repercussão das notícias de
casos epidêmicos de dengue em nosso
estado (leia Box). Naiara ressalta que,
até o momento, “aqui na região, não foi
confirmado nenhum caso”, mas que, finalmente, pode ver reconhecidos suas
palavras e seu trabalho de combate
aos mosquitos transmissores de doenças. “A princípio, o pessoal não acredita
e não dá importância. Muitas vezes eu
sentia um menosprezo por parte das
pessoas em relação ao meu trabalho
como agente de endemias. Por exemplo, eu ia ao cemitério e via as coisas
daquele jeito. Via as bandejas das floreiras da passarela na ponte... E eu falava e
brigava, mas parecia que não adiantava.
Ninguém dava atenção!... Quando eu lamentava esta falta de importância, havia
gente que me dizia: ‘tinha mesmo era
que dar uma dengue’. Até que veio este
susto!” Susto, porque, no dia 24 de março, saiu o resultado da análise dos dois
casos suspeitos. Dessa vez, felizmente,
os resultados foram negativos.
Limpe tudo!
Com Santa Catarina em estado de
alerta em relação à Dengue, Naiana Boeing e sua colega da vigilância sanitária,
Camila Dutra, fizeram o que chamaram
de “arrastão”. “Com os casos confirma-
Naiana a Camila coletando larvas em armadilha na garagem da prefeitura.
dos em Itajaí, minha supervisora geral
disse: ‘Tome medidas drásticas! Limpe
tudo!’. Passamos em todos os cemitérios. Apesar de termos colocado, em
cada um uma placa, sobre a proibição
do uso de recipientes que acumulem
água, esses são os pontos que mais
nos afligem”. Naiara relata que além das
pessoas manterem muitos vasos junto
aos jazigos, ainda têm o hábito de deixar, neles, flores dentro de plástico, o
que acumula ainda mais água.
A agente de endemias lembra a “polêmica” gerada no município: “A gente ia
aos cemitérios e virava os pratinhos dos
vasos. Quando voltava, lá estavam eles,
com água, de novo. Isso aconteceu por
uns três anos. Era gente reclamando na
rua: ‘Por que tu tiraste meu vaso?’. As
pessoas custaram a aceitar e passamos
trabalho. Felizmente, contamos com
uma boa ajuda do padre para conscientizar as pessoas, neste sentido. Agora o
pessoal já está colaborando mais. Mas
ainda não é 100%!”
Monitoramento
Naiana Boing acompanha a presença de mosquitos que podem ser vetores de doenças monitorando, semanalmente, uma dezena de armadilhas.
Espalhadas pelo perímetro urbano, em
locais onde há maior fluxo de pessoas,
caminhões e carros, elas são feitas com
pneus cortados. “Temos armadilhas em
casas de aposentados, próximo ao hotel, na garagem da prefeitura, na Casan,
no loteamento São Marcos... Nestes
pontos, eu faço uma coleta semanal.
Temos outros locais estratégicos, como
borracharias, oficinas e cemitérios, onde
a coleta é quinzenal”. Naiana conta que
chega a encontrar até trinta larvas em
uma única armadilha. “Nestes casos, eu
recolho três tubitos [pequeno tubo de
ensaio], com dez larvas em cada um, e
envio para a gerência em Tubarão. Lá
eles fazem a análise e me mandam o
resultado”.
“É evidente que pode acontecer um
foco da doença”, pondera Naiana Boing.
Que completa, com um ar de muita
preocupação: “Eu já peguei piscina em
situação bem precária, com acúmulo
importante de larvas. Tem muitas pessoas que não fazem qualquer prevenção ou controle, que não cuidam. Tem
muita gente ainda com o costume de
plantinhas nos vasos com água acumulada nos pratinhos. Ora, se um papel de
chocolate jogado na rua já é suficiente
para criar mosquito, nem pensar em ter
água parada!”.
Pode virar uma epidemia
Nos cinco anos que trabalha como
agente de endemias, Naiana nunca encontrou, por aqui, o mosquito Aedes
aegypti. Ela mostra muita preocupação
com outra espécie: o Aedes albopictus.
“Neste ano, todas as vezes que eu coletei
larvas, eu colhi do albopictus, que tanto
pode se tornar transmissor da Dengue,
como do vírus Chikungunya. (imagem a
seguir) Os mosquitos, aqui, ainda não
estão contaminados. O Chikungunya
tem mais incidência na região Nordeste,
principalmente no estado da Bahia. Este
tipo de mosquito é, entretanto, capaz
de sobreviver dentro de um caminhão
ou de um carro. Assim, ele pode ser trazido de lá e, num instante, contaminar
os daqui”. Caso isso ocorra, Naiana afirma que, rapidamente, “pode virar uma
epidemia”. E ela é enfática: “Temos só
dois mil habitantes. Num instante, apenas um mosquito contaminado pode
gerar uma devastação”.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Sobre as providências tomadas em
relação aos casos suspeitos
Naiana Boing explica que a partir do
momento em que um caso suspeito de
Dengue é diagnosticado, uma série de
procedimentos devem ser realizados. “A
gente tem que verificar tudo num raio de
300 metros em volta da casa da pessoa.
E absolutamente tudo precisa passar
por uma limpeza. Se tiver qualquer foco
de água, ele deve ser eliminado. Também são verificados os locais em que
a pessoa esteve, inclusive o ambiente
de trabalho dela. Temos que ‘dedetizar’
tudo e eliminar focos e larvas. Depois, a
gente monitora a pessoa durante trinta
dias, cuidando com repelente”.
Áreas rurais têm pesquisa vetorial
especial
Para que a agente de endemias do
município possa agir fora do perímetro
urbano, é necessário que seja feito um
comunicado ou uma denúncia, que gerarão uma Pesquisa Vetorial Especial (PVE).
“Por exemplo, uma família vem e me diz:
‘Nós temos uma água acumulada lá. É
uma poça d’água que não seca ou pneus
e lixo que propiciam o acumulo de água’.
Com essa demanda para mim, acontece
uma PVE em área rural”, explica Naiana.
Como exemplo de “uma situação
complicada” foi citado o depósito de
material para reciclagem na SC 108, no
caminho para Nova Fátima: “Trata-se de
uma Pesquisa Vetorial Especial. Lá, nós
encontramos muitas larvas do mosquito albopictus. Neste caso, como foram
feitas muitas denúncias e o próprio Estado interveio, a gente está tomando as
providências cabíveis. Houve, inclusive,
intervenção da Polícia Ambiental, da Fundação do Meio Ambiente, da Vigilância
Epidemiológica e da Vigilância Sanitária.”
Preocupação mantida, mas esperança com a força dos aliados
Apesar da melhoria do quadro, Naiana Boing permanece bastante preocupada. Ao mesmo tempo, reafirma que a
população é a mais forte aliada no combate aos mosquitos transmissores de
doenças. “Depois do susto, eu acredito
que mudou bastante. Agora, as pessoas
me param na rua. Tem mais gente pedindo informação. Mais denúncias são feitas. Isso é muito importante! A atenção e
o apoio da população são fundamentais
neste combate. São os primeiros passos”.
Como identificar os mosquitos Aedes Aegypti e o Aedes Albopictus.
Dengue; uma questão de saúde pública
Marilin Mayeta, médica cubana da Estratégia Saúde da Família e do Programa Mais Médicos,
que atua na Unidade de Saúde
de Santa Rosa de Lima, afirma
que a “a prevenção e a informação são os melhores remédios
para combater a dengue”. Ela
explica que “a dengue é uma
enfermidade infecto contagiosa.
O vírus da doença é transmitido
pela picada da fêmea do Aedes
aegypti, um mosquito diurno
que se multiplica em depósitos de água parada acumulada
nos quintais e dentro das casas.
Como esses mosquitos gostam
de calor, “nós temos, aqui no
município, o ambiente ideal para
eles”, enfatiza a médica.
Sobre as duas suspeitas, ela
esclarece: “Dois pacientes apresentaram sintomas parecidos
ao da Dengue. Eram dores articulares e febre que se estenderam por mais de sete dias. Eles
tomaram soro e, entre o quinto
e o sétimo dia, coletamos amostras. As suspeitas não se confirmaram”.
Procure o posto de saúde
Como o estado é “de alerta”,
3
Marilin destaca a importância de
alguns procedimentos: “Se um
paciente tiver algum sintoma ou
suspeita deve ficar sob vigilância.
A primeira coisa a fazer é vir ao
posto de saúde. A pessoa não
deve se automedicar. Ela não
pode, por exemplo, tomar ácido
acetil salicílico [AAS, Aspirina],
pois se for dengue pode piorar.
Se começarem outros sintomas,
como náusea, vômito, dor abdominal, ou se aparecerem pontos
vermelhos na pele, poderemos
estar frente a uma dengue complicada: a hemorrágica.
Vigilância e acompanhamento
“O que nós fazemos é uma
vigilância. Sobretudo de pacientes que viajam para lugares que
apresentem confirmação da doença. Quando elas voltam, precisam ter um acompanhamento
com os agentes de saúde da comunidade delas. Isso é necessário, porque pessoas que voltam
de zonas endêmicas podem estar infectadas”, descreve a Doutora Marilin Mayeta.
O problema é que se uma
pessoa estiver infectada e for pi-
cada pelo mosquito, este passará a contaminar e infectar outras
pessoas. A médica explica: “Se
tiver algum caso positivo, temos
que imediatamente fazer o que
em Cuba chamamos de ‘radio
batida’. Ou seja, avaliamos as
três casas da frente, as três casas de cada lado e as três casas
de trás e as pessoas que vivem
neste espaço. E a comunidade
como um todo passa a ter constante vigilância sanitária”.
Erradicação
A médica relata que sua cidade natal, localizada na parte
oriental de Cuba, já sofreu com
epidemias de Dengue. Conseguiu-se, contudo, controlar o
mosquito transmissor, fazendo
prevenção. “A receita é simples:
não manter água parada”. Por
isso, Marilin recomenda aos
santarosalimenses: “Agora que
temos calor e muita chuva, é
fundamental não ter, ao redor
de casa, locais nos quais a água
possa se acumular. Não ter plantas que crescem em água. Até
uma casca de ovo jogada no
quintal pode ser um criadouro
de mosquitos”.
A dengue em Santa Catarina
Boletim divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) na última terça-feira, [31], informa
que, de 1º de janeiro a 31 de março, foram confirmados 917 casos de dengue em Santa Catarina. Do total,
759 são autóctones (transmissão dentro do Estado),
54 importados (transmissão fora do Estado) e 104
estão em investigação para definir o local de transmissão. Outros 2.147 casos foram descartados por
apresentarem resultado laboratorial negativo para
dengue.
Os 759 casos autóctones foram transmitidos em
Itajaí. Os dados até o momento apontam que o pico
da transmissão ocorreu na semana de 8 a 14 de fevereiro com 124 casos. O município apresenta uma taxa
de incidência (total de casos novos na população) de
377 casos por 100 mil habitantes, o que caracteriza
epidemia. A transmissão em Itajaí continua concentrada nos bairros São Vicente e Cordeiros. Mesmo
assim, o Estado permanece em alerta, já que existe o
risco de transmissão em outros municípios de Santa
Catarina se as ações forem descontinuadas.
Em Santa Catarina, até o momento, foram identificados 2.712 focos do mosquito Aedes aegypti, que
transmite a doença. Os municípios de Chapecó, São
Miguel do Oeste, Joinville, Itajaí, Xanxerê, Xaxim, Balneário Camboriú, Pinhalzinho e Itapema são considerados infestados pelo mosquito, definição realizada de
acordo com a disseminação e manutenção dos focos.
segue
Diretor: Sebastião Vanderlinde
Diretora: Mariza Vandresen
Estrada Geral Águas Mornas, s/n.
CEP 88763-000
Santa Rosa de Lima - SC.
Tel. (48) 9944-6161 / 9621-5497
E-mail: [email protected]
Fundado em 10 de maio de 2013,
dia do 51º aniversário de Santa Rosa de Lima
Jornalista Responsável: Mariza Vandresen
Diretor-executivo (Circulação, Comercial, Financeiro, Publicidade e
Planejamento): Sebastião Vanderlinde
Publisher (voluntário): Wilson (Feijão) Schmidt.
O Canal SRL é uma publicação mensal da Editora O ronco do
bugio. Só têm autorização para falar em nome do Canal SRL os
responsáveis pela Editora que constam deste expediente.
Diagramação e Arte: Qi NetCom - Anselmo Dandolini
Distribuição: Editora O ronco do bugio
Tiragem desta edição: 1000 exemplares
Circulação: Santa Rosa de Lima (entrega gratuita em domicílio).
Dirigida, também, a prefeituras, câmaras e veículos de comunicação do Território das Encostas da Serra Geral e a órgãos do
Executivo e Legislativo estadual e federal.
4
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
segue
Reportagem ESPECIAL
Mariza Vandresen
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
5
6
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
REAJUSTE SALARIAL
Administração
municipal parcela
reajuste salarial dos
servidores públicos
Sessão que votou o reajuste dos servidores públicos municipais.
Na Sessão da Câmara Municipal de vereadores do dia 24 de março, foi votado o Projeto
de Lei 11/2015, que autoriza o Poder Executivo “a conceder revisão do vencimento dos
servidores municipais ativos e inativos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e de agentes
políticos”. Uma sessão bastante esvaziada, destaque-se. Além dos funcionários da Câmara
e de representantes de órgãos de imprensa, apenas mais três expectadores. Dois deles,
servidores públicos municipais.
Tramitação
O Projeto de Lei já havia entrado na pauta da sessão do dia
17 de março. Foi, porém, retirado no mesmo dia, a pedido do
Executivo. Na sessão do dia 24,
foi reapresentado acompanhado de uma mensagem assinada
pela prefeita: “Depois de verificadas as alterações e proferidos
os ajustes, solicito que a matéria
seja apreciada pelos senhores
pares desta Casa Legislativa”.
Uma vez que o Executivo não
pediu regime de “urgência urgentíssima”, como a atual gestão costuma fazer, e como se
sabia que a sessão do dia 31 de
março não aconteceria, o vereador Leonício (Zolho) Laurindo
requereu ao presidente da Câmara que dispensasse o Projeto
de Lei 11/2015 do parecer das
comissões e o colocasse imediatamente em votação. Justificou
o vereador: “Como [o reajuste] já está sendo parcelado em
várias vezes e na semana que
vem não tem sessão, peço que
a gente possa votar hoje. Para
que a prefeita possa pagar este
percentual na folha de março”.
O requerimento foi colocado em
votação e aprovado por unanimidade.
Em seguida, o próprio Projeto de Lei foi votado, também obtendo votos favoráveis de todos
os vereadores.
Parcelamento do reajuste
dos servidores e agentes políticos
O projeto apresentado pelo
Executivo municipal concede
aos servidores dos poderes
Executivo e Legislativo de Santa Rosa de Lima, o reajuste de
7,67%, conforme o INPC (Índice
Nacional de Preço ao Consumidor), acrescido de 0,33%, totalizando um reajuste de 8% sobre
a folha de dezembro de 2014.
Este percentual será repassado em quatro parcelas: 4% nos
vencimentos do mês de março;
1,34% em maio; 1,33% em agosto e 1,33% em novembro.
Para os cargos eletivos, prefeito, vice-prefeito, secretário,
diretor de departamento, oficial
de gabinete, coordenador geral de atividade, comissionados
e vereadores, o reajuste foi de
7,67% fracionado da seguinte
forma: 4% em março, 1,23% em
maio, 1,23 % em agosto e 1,21%
em novembro.
Parcelamento do reajuste
dos profissionais do magistério
Aos professores, que tem o
reajuste salarial garantido pela
Lei Nacional do Piso do Magistério e anunciado pelo Governo
Federal, em 6 janeiro, com o percentual de 13,01%. O Executivo
municipal decidiu parcelar esse
direito nos seguintes prazos
e percentuais: 4% na folha de
março e os 9,01% que faltam, divididos em três parcelas: 3,01%
em maio, 3% no mês de agosto
e 3% em novembro.
Parcelamento do reajuste
dos Agentes de Saúde
Em atendimento a Lei Federal 12.994, de 2014, os agentes
de saúde devem receber um
reajuste de 27,15%. O Executivo
municipal decidiu parcelar esse
direito nos seguintes prazos e
percentuais: de 4% em março
e os 23,15% que faltam parcelados em três vezes: 7,73% em
maio, 7, 71% em agosto e 7,71%
em novembro.
É no carnê?
Nos bastidores da Câmara
circulou a informação de que a
proposta apresentada anteriormente consistia no repasse de
8% na folha de março e a diferença no reajuste para os profissionais do magistério e para os
agentes de saúde seria parcelada em três vezes. Como se nota
no que foi aprovado, esse repasse de março foi reduzido para
4%. Nenhum estudo de impacto
financeiro foi apresentado para
justificar tal redução.
Na votação do Projeto de Lei
11/2015, apenas os vereadores
da bancada de oposição fizeram
ponderações. Salésio Wiemes
(PT) lembrou que a revisão na
Lei Orgânica “deu a garantia de
que, em cada ano, até o mês de
março, o prefeito fará o reajuste
salarial”.
Segundo Salésio, esse ponto da lei deveria garantir que,
anualmente e até março, os
servidores tenham atualizados
os seus vencimentos e não tenham perdas salarias. Com relação aos professores, lembrou
que “a lei do piso é de janeiro e
que já havia uma defasagem de
três meses”. Mencionou que o
PL municipal deveria atender às
leis federais e “que todos esperavam este aumento”. Por fim,
lastimou: “È uma pena que o
projeto venha na última sessão
do mês, sem tempo para discutirmos. Os trabalhadores vão
acabar recebendo a última parcela [do reajuste] somente lá em
novembro. Infelizmente se chegou a este ponto. E são os funcionários que pagam por isso”.
“Situação lamentável”
A vereadora Edna Bonetti
manifestou-se, indignada: “Em
minha opinião, a situação é lamentável. O município vem, há
anos, caminhando, para chegar
no dia de hoje e ter que fazer
um parcelamento destes! Se fala
tanto em funcionários. A prefeitura cheia! E não se faz nada
para enxugar esta folha?” Por
fim, apresentou outro questionamento, que não foi respondido por ninguém da situação:
“O Governo Federal repassa na
íntegra o valor do percentual
dos agentes de saúde, ou tem
alguma contrapartida da prefeitura?”.
Prefeitura não cumpre com a Lei do Piso para agentes de Saúde
Piso Nacional dos Agentes de Saúde não é cumprido desde junho de 2014.
Segundo a Lei Federal, 12.994, que estabelece o Piso Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde
e dos Agentes de Combate às Endemias, estes profissionais deveriam estar recebendo, desde junho de
2014, o piso nacional estipulado em R$ 1.014,00. Legislação em vigor determina que os municípios têm
obrigação imediata de providenciar meios de cumprir a Lei. O descumprimento, por parte dos prefeitos, sob
qualquer alegação orçamentária, pode enquadrar a gestora municipal na Lei de Improbidade Administrativa
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
7
Depoimento
É direito, é lei!
“Quando me disseram que [o reajuste] era 27% sobre o salário base, eu disse:
‘vou esperar primeiro, para ver se vou ficar contente ou não’. Teve gente que me
disse: ‘aí, vai ganhar mais que fulano’. Eu
não quero saber se vamos ganhar mais
do que fulano. Isso foi uma conquista do
sindicato dos Agentes Comunitários de
Saúde. É um direito nosso! O governo
deu! É lei! Tem que ser cumprida.
Isalde Nack, que é agente comunitária de saúde há mais de 15 anos, comenta a situação.
Defasagem salarial ilegal
Isalde mostra a folha de pagamento
de janeiro e de março e compara. “Nosso
salário base era R$775,00 em dezembro
de 2014. Deveria ser reajustado, em junho de 2014, para R$ 1.014,00. Em janeiro de 2015, como o salário mínimo aumentou e no país ninguém pode receber
menos que o mínimo, vieram três reais a
mais e foi para R$ 778,00. Em março veio
isso aqui: R$ 827 reais. E eles vão parcelar até novembro. Nós vamos continuar
perdendo”.
Sobre o reajuste retroativo que tam-
bém está amparado por lei, ela comenta: “Só brigando na justiça. Se eles não
repassaram nem agora, conversando,
imagina se eles vão querer pagar o retroativo. Nunca!”.
Faltou diálogo, faltou cumprir
A agente de saúde diz que vem reivindicando o cumprimento da lei desde
o ano passado. “Falei com a secretária
[municipal de saúde], falei com a prefeita, falei até com o sindicato. A primeira
vez que eu falei com a prefeita, no ano
passado, ela disse que ia falar com o jurídico, para ver certinho. Passou um mês,
eu perguntei se ela tinha resposta. Não
tinha. Aí veio o final do ano... Dezembro...
Janeiro... Deixei! Nem fui mais falar com
eles. Este ano eu procurei o sindicato e o
Wilson Altoff disse que falaria com a prefeita. Falou. E eles deram como resposta
que iriam passar neste mês de março,
junto com os outros servidores. Mas eles
não cumpriram com o que falaram. Eu
não sei o que eu vou fazer, mas eu vou
atrás. É um direito.
Para atingir o piso nacional
“Pela conta que fizemos, dá quase
dois mil reais para cada agente. É um
bom dinheiro!”, avalia Isalde Nack. Que
pergunta, em seguida: “E esse dinheiro ficou onde?” Para concluir: “Se não tivesse
lei, tudo bem, a gente ficaria quieto. Mas,
agora, eles estão descumprindo uma lei
federal. Nosso salário está defasado há
muito tempo.
Na verdade, este valor deveria vir
numa vez só. A gente pode recorrer à justiça. É só pegar um advogado bom, levar
a lei e eu acredito que é causa ganha de
primeira”.
Finalmente compara com a situação
de municípios vizinhos. “Rio Fortuna já
está pagando, desde agosto de 2014. Em
Gravatal, eles conseguiram receber o retroativo. É claro que o pessoal vai berrar:
‘vão ganhar 27% de aumento?!’. Com certeza! Mas não é isso! Não é um reajuste!
É uma porcentagem para chegar ao piso
nacional garantido por lei”.
Juiz recusa mandado de segurança coletivo
de servidores municipais
No dia 7 de janeiro de 2015, o Juiz Pablo Vinícius Araldi, da 1ª Vara Cível da Comarca de
Braço do Norte, expediu sentença negando o mandado de segurança coletivo que pedia a
garantia do reajuste salarial referente ao ano de 2013 para professores e demais servidores
públicos municipais de Santa Rosa de Lima. São dois anos de uma história sem ganhadores.
Memória
Um fragmento de reportagem publicada no Canal SRL
setembro de 2013 relembra os
fatos. “No dia 4 de fevereiro de
2013, a prefeita Dilcei Heidemann e o secretário de educação Rudinei Pachedo estiveram
no Centro Educacional e, na presença de diversos professores,
garantiram que o piso nacional
seria pago à rede municipal. Em
maio, o mesmo compromisso foi
assumido no gabinete da prefeita. Na oportunidade, a chefe do
poder executivo afirmou que o
valor seria repassado em forma
de abono.
Posteriormente, em uma
reunião no Centro de Convivência do Idoso (Salão Velho), frente
a uma comissão formada por
representantes das três escolas,
o executivo municipal anunciou
o repasse de 3%, parcelados em
três meses a partir de setembro”.
Gênese do mandado
Chegado o mês de setembro, nada havia sido cumprido.
Os professores, então, solicitaram a presença do Sindicato dos
Servidores Públicos Municipais
da Comarca de Braço do Norte
(Siscob). Foram orientados pela
advogada Ivia Altoff a impetrar
um mandado de segurança coletivo contra a prefeita Dilcei
Heidemann.
Junto aos professores, uniram-se os demais servidores públicos, que naquele ano também
não receberam o reajuste anual
baseado no INPC.
O termos do mandado
O pedido de liminar apresentada, através do Siscob, à
justiça argumentava “violação ao
direito líquido e certo”, uma vez
que, “apesar da existência de
disposição legal que determina
a revisão geral anual dos vencimentos dos servidores públicos municipais, houve omissão,
por parte da autoridade no que
se refere à revisão do ano de
2013”. Solicitava-se que a justiça
determinasse a “revisão anual
no percentual de 7,97% para os
professores e 7,16% para os demais servidores, a partir de maio
de 2013.
A alegação da prefeita
A administração municipal
apresentou informações dizendo que não existia legislação específica municipal que determinasse a revisão, de forma anual,
dos vencimentos dos servidores
públicos, “além de que os elevados gastos com funcionários
impedem a concessão de qualquer reajuste atual”. Na época,
informações prestadas pelos
secretários municipais Rudinei
Pacheco (educação) e Edson
Vandresen (finanças) justificavam que “a prefeitura não poderia repassar o reajuste determinado pela lei para 2013 (7,97%),
pois tal incremento na folha de
pagamento dos professores
faria com que a administração
municipal ultrapassasse o ‘limite
prudencial’ da lei de responsabilidade fiscal”. (Canal SRL, setembro de 2013)
A sentença
Praticamente dois anos se
passaram. Tempo que foi necessário para que o juiz responsável pelo caso manifestasse, em
janeiro passado, que, considerando que “a remuneração dos
servidores públicos e o subsídio
[...] somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica [da Câmara Municipal]”, “não
cabe ao Poder Judiciário analisar
ação que visa discutir omissão
do Legislativo Municipal inerente à regulamentação da revisão
geral anual de vencimentos dentro do prazo legal, sob pena de
violação ao Princípio da separação de poderes [entre Judiciário
e Legislativo municipal].” Com
estes argumentos, negou o pe-
dido de mandado coletivo de
segurança.
Perspectiva de recurso
A reportagem buscou contato direto com a advogada Ivia Altoff, através do escritório de advocacia que representa o Siscob,
mas não obteve resposta.
Membros do sindicato disseram que a advogada havia se
manifestado a eles, afirmando
que “o Juiz não viu a lei que estava junto com o processo; e, que,
assim que ela receber a notificação oficial, vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado”.
O fato de o Senhor Juiz mencionar, ao final da sua decisão,
“ato praticado pelo Prefeito Municipal de Santa Rosa de Lima,
representado a época por Amilton Ascari” – o “Breca”, de Grão
Pará – é um possível indicativo
de que poderia ter faltado certo
cuidado à análise.
8
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Espaço d’Acolhida
Família Buss
A propriedade da Família Buss, onde vive Seu Sevério, Dona Bárbara e a
filha Elizabeth, está a cerca de 15 quilômetros do Centro de São Bonifácio. Na
comunidade de Santa Maria, bem próximo à estrada geral. A família cultiva muitos
costumes da cultura alemã, um deles é o dialeto alemão. Quando visitantes são
acolhidos na propriedade, a recepção é feita neste idioma, o que encanta ainda
mais quem chega ao local.
Aos poucos a família foi aprimorando a propriedade para receber visitantes
e com eles desenvolver atividades de lazer e pedagógicas. O plano para o futuro
é investir em mais melhorias e receber sempre bem, oferecendo cada vez mais
atrativos.
A propriedade possui uma produção muito diversificada que é destinada ao
consumo da família e dos visitantes. Cultivam em maior quantidade o aipim, que
é destinado para comercialização e a cana de açúcar, que é destilada pela família
e resulta numa cachaça da melhor qualidade.
Turismo Pedagógico
Oferecemos oficinas de peteca de palha de milho, oficinas de plantio ou colheita de culturas agrícolas, como feijão, milho, cebola, batata, cana de açúcar, entre
outras e oficinas culinárias de bolachas
decoradas.
Passeio de trator
Os visitantes podem desfrutar de passeios de trator guiado por Seu Sevério
que, passando pelas lavouras e outros
espaços, vai mostrando e explicando a
organização da propriedade.
Se a reserva for antecipada é possível
colher cana de açúcar e preparar um delicioso caldo de cana.
Culinária alemã
A família de Dona Bárbara serve almoço e café da colônia com ingredientes
orgânicos, com uma diversidade de comi-
das saborosas e com o jeitinho da culinária alemã.
Aipim com galinha, pão de milho,
gemüse, entre outros deliciosos pratos
típicos da região são as especialidades de
Dona Bárbara. Também são servidas saladas orgânicas e fresquinhas produzidas
na propriedade e suco natural de frutas
colhidas direto do pomar.
Produção de bolachas
Na propriedade, as filhas do casal,
Valquíria e Elizabeth fabricam diversas
e deliciosas bolachas. De milho, de polvilho, sem glúten, sem lactose, de manteiga, amendoim, entre outras. Com o
sucesso que as bolachas têm feito, elas
já estão iniciando a construção de uma
nova fábrica de bolachas com espaço
mais amplo e mais equipamentos para
ampliar a produção.
CURTAS ACOLHIDA
Site atualizado
Para facilitar e melhorar o acesso aos navegantes, a Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia, recentemente realizou a atualização de do site.
Com textos e fotos atualizados lá você irá encontrar a lista de todos os empreendimentos que fazem parte de nossa Associação. Quer conhecer um
pouco mais da Acolhida na Colônia, entra lá.
Acesse no endereço www.acolhida.com.br.
Assembleia
Acolhida na Colônia realizará sua Assembleia Geral Ordinária anual. Na
pauta estarão assuntos como prestação de contas do exercício de 2014;
projetos novos e em andamento; avaliação da atualização do site; e plano de
trabalho para 2015.
A assembleia acorrerá no dia 09, às 14:00 horas, na Pousada Doce Encanto.
Visite: www.acolhida.com.br
O que o visitante pode levar para
casa
Dona Bárbara faz questão de levar os
visitantes até a horta onde podem colher
a vontade os produtos que querem levar
para casa. Em um espaço no restaurante
da Família Buss são comercializados ovos,
pães, geleias, licores, cachaças, bolachas,
aipim descascado e congelado e peças de
artesanato.
Contato
Fone: (48) 3252-0503
Elizabeth e Bárbara
E-mail: [email protected]
Para facilitar a organização dos
passeios e melhor atender os visitantes é necessário que todas as
atividades sejam agendadas antecipadamente.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
9
AGRICULTURA FAMILIAR E ORGÂNICA
CooperAgreco realiza assembleias
Com a presença de cerca de 60, dos
seus 136 associados, a CooperAgreco realizou no último 27 de março, as assembleias Geral Ordinária. Na pauta, a prestação de contas do exercício de 2014;
destinação do resultado; eleição e posse
do novo Conselho Fiscal, entre outros assuntos. O Presidente da CooperAgreco
José Luiz Schueroff e o Diretor Financeiro
Adilson Maia Lunardi fizeram apresentações e explanações dos números da Cooperativa de 2014.
Durante a assembleia, alguns associados receberam o Diploma de Produtor
Orgânica e por fim, foi realizada a apresentação do projeto Ecoforte e da equipe
que irá trabalhar no projeto. A assembleia foi encerrado com um coquetel servido aos presentes.
José Luiz abriu os trabalhos da tarde
dando boas-vindas a e lembrou da importância da transparência dentro da
Cooperativa e da participação dos associados. Em seguida, Adilson, que fez a
apresentação das contas do exercício de
2014. Adilson ressaltou que “a demanda
de trabalho do Conselho de Administração foi intensa.” Pois, “os programas governamentais sofreram várias alterações
na linha de comercialização e também
boas oportunidades apareceram”.
Com a comercialização da produção
dos agricultores, a Cooperativa fechou
dezembro de 2014, com um faturamento
de R$ 4,160 milhões. Operacionalmente
a Cooperativa encerrou 2014 com déficit
de aproximadamente 67 mil reais”. Adilson explica que isso já era previsto ao
longo do ano, “quando nós soubemos
que não era mais possível operar o PAA
e com toda a mudança na parte administrativa já prevíamos este resultado”.
Boa operação
Adilson avalia o resultado desfavorável quando observado os números, “a
receita não cresceu como vinha crescendo. Nós tínhamos um crescimento anual
de 20% a 30%. Diminuiu o crescimento
aumentaram os custos administrativos.
Mas, se observarmos no conjunto, o que
foi o ano, todos os benefícios que nós tivemos, podemos observar que tivemos
uma boa operação”.
Recuperando o resultado
Segundo Adilson, as dificuldades foram no começo do ano. “O faturamento
foi muito baixo. Teve mês que vendemos
pouco e tivemos prejuízo. Até a metade
do ano foi complicado. Não tínhamos PAA
(Programa de Aquisição de Alimentos)
e teve a greve da Universidade Federal.
No segundo semestre, quando entrou
a prefeitura de Florianópolis e entraram
alguns clientes novos importantes, aí
começamos a recuperar. É verdade que
nós tivemos prejuízos no começo do ano,
vários meses. Mas depois, vieram os meses bons e tivemos bons faturamentos,
superiores a 400 mil reais por mês. Superamos os momentos difíceis e estamos
recuperando este resultado ruim”. Sobre
o rateio das perdas de 2014 ficou acordado não fazer a destinação do resultado
negativo aos sócios. Será coberto por um
recurso que a Cooperativa tem em caixa
para formação de estoque. “Uma solução
para não levar prejuízo direto ao associado”, argumenta Zé Luiz.
Mercado Institucional
O presidente destacou que a Cooperativa já tem contratados “na faixa de R$
3 milhões que já estão aprovados com
licitação”. Adilson complementa, “imaginar que nós vendemos, em 2014, quatro
milhões e, em 2015, já termos essa arrancada boa para começar”. Adilson aposta
na melhora da comercialização para o
mercado institucional e cita a nova modalidade do PAA, “Compra Institucional”. “Foi
aberta uma Chamada Publica que dá o direito ao agricultor vender até 20 mil reais
por instituição. A diferença, com relação a
Conab ou mesmo alimentação escolar é
que nestes casos, podemos entregar 20
mil agricultor/ano. Nesta nova modalidade não. Se o hospital faz um processo, é
20 mil reais, se a universidade faz outro, é
mais vinte mil reais. Se a gente conseguir
cinco clientes, como hospitais, Policia,
Corpo de Bombeiros, geralmente estas
instituições não tiram férias, tem nova
chamada a cada 12 meses”.
Experiência nova
Adilson relata, “é uma ideia pioneira.
Começou com o Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre e deve ampliar
para outras instituições públicas. Porém,
como eles não têm experiência com alimentos prontos para o consumo na cozinha industrial de grande escala, se trata
de uma experiência nova. Começou com
produtos convencionais e nós achamos
por bem participar”. Isso demandará um
grande esforço da cooperativa para atender mas pode ter resultado positivo. “São
três entregas por semana, em Porto Alegre. Temos que organizar a produção, as
agroindústrias, a matéria prima, mais isso
Asssociados em momento de votação na assembleia da CooperAgreco
nos dá uma qualificação para assumir
novos compromisso. Já foi sinalizado o
compromisso para uma chamada pública
para alimentos orgânicos”.
Zé Luiz continuou explanando sobre
as ações. Listou o projeto Ecoforte, a linha de novos produtos, os lançamentos
do feijão cozido, das papinhas para bebês, produtos congelados, frutas desidratadas. Lembrou do site, que “está
atraindo muitos clientes. Muita gente tem
vindo nos procurar porque viram o site”.
Conselho Fiscal
Na assembleia também foram eleitos os novos conselheiros fiscais. Suzana
Shueroff, Valmir Rodrigues e Dauri Floriano como conselheiros efetivos e Kátia
Vandresen, Valdemar Schmidt e Márcio
Fontoura da Rosa, como suplentes.
Contabilidade
Feitos os encaminhamentos da assembleia, falou a contadora Michele Soster Dalla Costa da Coopera Contabilidade,
escritório que atende exclusivamente cooperativas da agricultura familiar. Michele
falou que o objetivo da equipe, “tanto da
nossa empresa como dos conselheiros,
de trazer a cooperativa para a realidade
e a legalidade sobre a legislação que elas
estão sujeitas. Há uma preocupação em
fazer a coisas certas, um interesse muito
grande, em trabalhar critérios de transparência e trazer a cooperativa para se
sentir cooperativa. Nós começamos a trabalhar no ano passado, e para adequar
ao modelo cooperativista, foi um ano de
trabalho intenso. Continuamos agora em
2015 com regulamentação e também
nos foi solicitado que trabalhássemos
para oportunizar uma espécie de trei-
namento para os membros do Conselho
Fiscal, para melhor fiscalizar, da mesma
forma para o Conselho de Administração
melhor gerir”. Michele encerrou sua apresentação agradecendo a parceria e colocando o escritório a inteira disposição da
Cooperativa.
Ecoforte
Por fim, João Augusto de Oliveira, o
Joca, fez uma explanação detalhada do
projeto Ecoforte. Este projeto prevê a
implementação de duas Unidades de Referência. A primeira Unidade é de frango
orgânico e a segunda é de óleos essenciais orgânicos. Além das duas Unidades
de Referência, haverá um forte trabalho
de organização e mobilização de agricultores em toda a região, no sentido de virem conhecer a produção orgânica, com
perspectivas e oportunidades entrarem
para a produção. Ao todo serão 360 agricultores que virão à Santa Rosa de Lima
conhecer a produção orgânica, com visita
de um dia. E 180 agricultores capacitados
com formação de dois dias para a produção de plantas aromáticas e/ou produção
de frango orgânico. O projeto também
proporcionará à Agreco / CooperAgreco ter uma equipe de profissionais que
atuarão na implementação do projeto
e prestarão assistência técnica junto
aos associados da CooperAgreco. Esta
equipe será formada por Lucas Schmidt
(gestor da unidade de frango), Sebastião
Vanderlinde (animador do projeto) e os
engenheiros agrônomos Marciel Schmidt
(controle interno de certificação orgânica), Joana Bett (técnica do projeto experimental de plantas aromáticas) e Charles
Herdt (gestor da unidade de óleos).
10
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Família SRL
COMUNIDADE
NOVA FÁTIMA
Adolfo Wiemes
“Saúde na comunidade”
No dia 29 de março, aconteceu aqui na Nova Fátima
a atividade “Saúde na Comunidade”. Estiveram presentes cerca de 120 pessoas, da nossa comunidade e vindos de Dois Irmãos e da Mata Verde.
A coordenadora de Saúde da Família, Sheley Baumann Leeser, destaca que o objetivo das ações “Saúde
da comunidade” é aproximar a equipe do programa das
pessoas que vivem nas localidades do município e que
são os sujeitos da estratégia de promoção de saúde.
Programação rica
A Secretaria municipal de saúde, mobilizando toda
a sua equipe, organizou o evento. Foi programada uma
abertura com a “Missa da Saúde”, celebrada pelo Padre
Claudemir. Que aproveitou para realizar a benção de ramos. Em seguida, o gestor regional da Vara da infância
e juventude, juiz Ricardo Kock Nunes, proferiu uma palestra sobre relacionamento familiar. Nunes falou sobre
a responsabilidade dos pais e filhos para que se alcance um convívio familiar sereno e construtivo. Depois, a
fiscal de vigilância sanitária, Camila Dutra, apresentou
informação e dados da Unidade de Saúde.
Atrações, brindes e “comes e bebes”
As crianças puderam se divertir, durante toda manhã, com brinquedos infláveis, deixando tranquilos os
pais que participavam dos debates.
Também houve sorteio de muitos brindes, doados
pelo comercio municipal (Mercado Santa Rosa, Agropecuária Tenfen, Passarela Modas, Mercado Pão de Mel,
Farmácia Santa Rosa, Barbearia do Budú, Cabeleireira
Lenir, Cabeleireira Nina, Manicure Pricila, Maquiadora
Luana). Chamaram a atenção e foram disputados os
“vales” para serviços, como corte de cabelo, escova progressiva, maquiagem, hidratação capilar, manicure.
No almoço, foi uma deliciosa galinhada, acompanhada de farofa e salada, com suco natural. Para ser bem
saudável, frutas como sobremesa.
No encerramento, foram distribuídas, para cada família participante, mudas de plantas frutíferas.
Família Vandresen em festa.
Felicitações
Nossa equipe de saúde está de parabéns. Depois de
muito esforço, estamos muito satisfeitos com este evento, que superou nossas expectativas e metas. Foi, certamente, um dia muito proveitoso. Tanto para a nossa
equipe, como para as comunidades mobilizadas.
A Secretária da Saúde fez questão de registrar seu
agradecimento à CAEP, pelo empenho em ajudar na organização e por ter contribuído para que tudo tivesse
sido perfeito.
Quando Deus viu que tudo que havia
criado era muito bom, então resolveu criar o
homem. Ao criador o homem, Deus buscou
dentro de si o espirito e a inteligência para
moldá-lo a sua imagem e semelhança. Para
criar a mulher, Deus tirou uma parte do homem para ser semelhante e Ele. Deus não
tirou uma parte do pé, pois a mulher não
deveria ser pisada pelo homem. Também
não tirou uma parte da cabeça pois, a mulher não deveria ser mandada pelo homem.
Deus tirou uma costela do homem, para formar a mulher de perto do coração. A fim de
que, os dois se amassem com o amor que
vem do coração para sempre.
Deus colocou o homem e a mulher neste
mundo que havia criado. Num lugar bom e
bonito chamado Jardim do Éden. Ali o casal
vivia feliz, um para o outro, lado a lado. Se
amando sempre, sem conhecer o mal. Só
conheciam o bem e a felicidade em Deus.
Eles viviam como amigos, até com os animais, tantos os mais perigosos como os
mais mansos, não havia inimizades entre
eles.
Foi assim que viveu o primeiro casal humano, a primeira família. Ninguém conhecia
a maldade. Só o bem e a alegria. O homem
e a mulher entre si com Deus e os animais
de qualquer espécie. O plano de Deus era
este, deixar o ser humano neste mundo,
talvez muitos anos e depois levá-los para o
céu, para viverem sempre felizes com Ele na
eternidade.
Infelizmente para os seres humanos
irem par o céu e viverem a felicidade eterna,
Adão e Eva tiveram que passar por um teste para ver se mereciam o céu pelo próprio
esforço e isso valeria também para os seus
descendentes.
Deus também criou muitos espíritos, aos
quais chamava de anjos. Ele queria que cada
ser humano tivesse seu anjo da guarda.
Acontece que os anjos também deveriam
ser consultados para ver se queriam servir
a Deus ou não, por livre vontade. Então o
anjo mais bonito e inteligente disse não!
Não quero servir a Deus e alguns o apoiaram. O nome desse anjo era Lúcifer. E por
isso tornou-se o demônio e foi e expulsado
do céu. Os fiéis ficaram com Deus servindo
e ajudando Ele em seu serviço.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
11
12
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
EDUCAÇÃO
Comunicado aos Santarosalimenses
Professores do Aldo Câmara, em reunião, aderem à greve.
Os professores da EEB. Professor Aldo Câmara informam alguns dos
motivos que ocasionaram a adesão à greve do magistério da Rede Estadual de Ensino. Além de não cumprir com o reajuste garantido por Lei Federal, o governo estadual apresenta uma das propostas mais indecentes
da história da educação catarinense:
• Retira dos professores a regência de classe, que varia de 25% e 40%.
• Faz restrições a licença prêmio.
• Altera a progressão Horizontal.
• Retira da carreira, professores com Licenciatura Curta e Ensino Médio.
• Acaba com as aulas excedentes.
• Retira os ACTs (Professores Contratados em Caráter temporário) da
tabela dos professores efetivos, como também os triênios e o pagamento
por módulos pagando-os por hora aula.
• Cria a gratificação por produtividade (Meritocracia), concedida por dia
de trabalho sem pagar em férias, feriados e licenças saúde. Excluindo assim especialistas, aposentados, assistentes técnicos pedagógicos e assistentes de educação.
Informamos que, durante o período da greve, estaremos realizando
algumas atividades de mobilização com objetivo de esclarecer e buscar
apoio. Contamos com a participação e colaboração de todos.
Tudo o que conquistamos na carreira de professor foi pela LUTA. Pense
bem: Um dia, seu filho, seu neto ou um membro de sua família pode ser
um professor. Apoie o movimento e não se arrependa. Seu/sua filho(a) é
também nossa responsabilidade.
Com carinho.
Os professores
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
13
Meine Meinung Minha Opinião
Wilson Feijão Schmidt
COMUNIDADE
RIO BRAVO
Karla Folster | Júnior Alberton | Ana Paula Vanderlinde
Privilégio
Volto nesta edição a falar do “Tio” José
Schmidt. Porque tive o privilégio de ser convidado para a festa de comemoração dos
noventa anos desse amigo especial.
Uso essa expressão tendo em conta o
que eu ouvi do Ivo, se referindo ao pai e à
trajetória dele: “É fácil juntar trezentas pessoas. É só pagar comida e bebida. Mas juntar
trezentos amigos, como ele juntou aqui, isso
é uma conquista de quem tem uma boa história de vida”.
Confraternização
Uma festa simples, sem decorações pomposas,
sem frescuras, em que o especial era, exatamente, o
“sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas”. Lembro que essa é a definição
que o dicionário dá para amizade.
Na festa, foi muito bom poder testemunhar vários belos momentos e constatar boas opções.
Pode ter algo mais agradável do que ver uma
conversa divertida entre Zé Schmidt, Renato Vandresen (também com 90 anos) e Remi Bonetti (com 88
anos)? Uma conversa de 268 anos! De experiência
e lucidez!
Emocionou ver o “parabéns” puxado com alegria
por filhos, noras, filha, netos, netas, bisnetos e bisnetas... E acompanhados por todos.
Era contagiante a alegria do Beto Lazai, procurando histórias e estórias que fariam rir o seu antigo
“chefe”, que “não era de sorrir para quem não trabalhasse beeem direitinho”.
A disputa para tirar fotos, para registrar o momento, era acirrada. Mas sem conflitos. E aí, mais
um acerto. Os fotógrafos eram o Dídio e a Nete, dois
jovens locais.
Durante todo o tempo, o Zé Schmidt, sempre de
pé, com um sorriso nos lábios, acolhendo e abraçando todos. Até se esquecendo de comer.
Comida com cara local, de colônia, feita pela equipe do Guib’s. Ótima escolha explicada, certamente,
pelas antigas e boas ligações do “Seu Zé” com os
Luchtemberg. Família que esteve, primeiro, toda envolvida – junto com colaboradores – na preparação
do almoço e do café e no serviço “dos comes e bebes”. Logo depois, contudo, já se podia ver o Jaime
e a Sandra, dançando e rodando pelo salão. Ao som
de músicas românticas (ou bregas...), cantadas pelo
“Babo”, em quem o Reginaldo Rossi “baixou” naquela
tarde.
Esse era o espirito da festa, feita de ligações afetivas, antigas e duradouras.
Às mesas, as diversas famílias se misturavam, se
reviam, conversavam, trocavam histórias, confraternizavam. Confraternizar que quer dizer “unir como
irmãos”. Todos em torno de uma figura que harmoniza: o Zé Schmidt!
Que dançou “a valsa” com a Berlinda e puxou
o trenzinho pelo salão. Seguido pelo Nivaldo, pela
Marlene e por quase todo mundo.
Foi bonito ouvir o Zé Lochs contando do peixe
que preparou, há mais de vinte anos, quando se
resolveu fazer o salão em que estávamos. Melhor
ainda, vê-lo precisando ir embora, porque iria viajar
para o Centro-oeste, mas não conseguindo sair daquele mesmo salão.
Foi bom ter reencontrado o Paulino, em forma,
convidando para uma canastrinha na Palhoça. Da
mesma forma, rever o Elias e a Flora que fazia certo tempo que eu não via. Nem foi difícil aguentar o
Camarão falando mal do Avaí (que tá merecendo...).
Ao final, foi especial eu e Vanice darmos um até
breve para o “Tio Zé”, nos sentindo queridos e podendo constatar o excelente humor desse nonagenário fora do comum.
Não vou dizer: até a festa dos cem anos! Porque
vi o Zé Schmidt, às gargalhadas, dizendo para o Miro
que achava que, antes disso, estaríamos “carregando esse velhinho naquele morrinho perto da prefeitura”. Para ele mesmo concluir: “Só rindo e vivendo
cada dia!” Pois “Zé”, desse jeito ele emplaca o centenário!
Dia Mundial da Água:
e eu com isso?
22 de Março talvez tenha sido apenas mais um
dia qualquer para muita gente. Mas foi também, o
Dia Mundial da Água. Celebrou-se sim, afinal de contas a água é extremante necessária para a manutenção da vida na Terra. Mas, além de uma data, na
qual as escolas geralmente costumam trabalhar o
tema com os estudantes, tal dia deve nos lembrar
do quão importante a água é para todos os dias de
uma vida.
A ideia não é cair naquele discurso de que a água
é um bem de valor inestimável e que devemos estar conscientes sobre seu uso, etc. Até porque já
devemos estar conscientes sobre a necessidade de
preservá-la. No entanto, o que realmente estamos
fazendo? Será que nossas ações trarão benefícios
a longo prazo? Ou será que o importante é apenas
o hoje?
Nossa região é privilegiada em quantidade de
nascentes, rios e riachos. Temos água!. Temos o Rio
Bravo, que dá nome a comunidade e que com poucas horas de forte mostra-se transbordante. A população da nossa comunidade, como em boa parte
do município, tem água canalizada de nascentes do
próprio terreno e dificilmente enfrenta a falta do recurso. Agora, imaginamos passar pelos problemas
que São Paulo tem vivido nos últimos meses? E a
região Nordeste do país, que enfrenta a escassez de
água há muito mais tempo? Será que só porque a
nossa região ainda é abundante no recurso que não
se faz necessário ter cuidados para com ele?
O “parabéns” foi puxado com alegria por filhos, noras, filha, netos, netas, bisnetos e bisnetas...
E acompanhado por todos.
Ter água em abundância hoje não é garantia de
que no futuro ainda teremos. O que temos feito
hoje para preservar e cuidar da água a nossa volta?
Sabemos que são diversas as formas de prejudicar
e poluir a água: desmatamento, queimadas, agrotóxicos, lixo, etc. A lista se estende. Então, estimada comunidade, caríssimos leitores, perguntamos,
estamos atentos às nossas atividades diárias? Será
que o que estamos fazendo hoje não estará prejudicando a água que beberemos amanhã? Será que
não estamos contribuindo para um futuro de escassez? É refletindo sobre nossas ações que podemos
melhorar. E a ideia é essa: melhorar sempre.
14
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
Uma igrejinha azul, de madeira e muito especial
Quem é “de fora” e passava em direção a Santa Bárbara, para ver e mostrar o “paredão” das Encostas da
Serra Geral, tinha como referência da pequena comunidade do Rio dos Índios Alto uma igrejinha azul de madeira, ao fundo de um vale, à direita da estrada geral.
Hoje, plantios de eucalipto cobriram toda aquela bela visão. Assim, é preciso estar atento a uma pequena
placa que sinaliza “Cabeceira do Rio dos Índios”. Nome, inclusive, que não serve de identidade aos poucos
moradores da localidade. Genésio Wiemes relata que, desde o início, a comunidade se identifica por Rio dos
Índios Alto e que “quando o município e o estado começaram a botar nome nas escolas é que se deu a confusão”. “Como o nome da escolinha da Mata Verde foi ‘do Rio dos Índios Baixo’ e a do Rio dos Índios Baixo
virou ‘do Rio dos Índios Alto’; a daqui virou ‘da Cabeceira do Rio dos Índios’. Por isso as pessoas confundem...
Era o nome da escola... Mas da parte da igreja e para nós, sempre foi Rio dos Índios Alto”, esclarece Wiemes. Interessante que, ao se buscar informações sobre a localização da comunidade, também se ouviu: “Ah,
é lá nos Wiemes!” Ou mesmo, “nos Vima”, em uma pronúncia mais abrasileirada. Isso porque depois de um
crescimento populacional importante até o início dos anos 1960, a comunidade passou a se esvaziar e nela
restaram apenas alguns Wiemes e outras poucas famílias. Como resultado desse êxodo, a igrejinha, na qual,
na metade dos anos 1950, o Padre Afonso Stahli contava, em suas visitas para missas, 150 confissões e 180
comunhões, hoje abriga cultos dominicais com sete ou oito fiéis. Com uma ponta de orgulho, Dona Verônica
Wiemes faz uma ressalva importante: “Todo mundo se ajuda. E, uma vez por mês, tem missa. Aí vem mais gente. O Padre diz que o nosso lugar é onde está tudo preparadinho... Mais certo! Está tudo
em dia, tudo certinho!” Assim, a construção azul em madeira, feita pelo esforço da
comunidade, continua sendo – ou é, cada vez mais! – um patrimônio de Santa
Rosa de Lima. Um patrimônio que precisa ser valorizado, conservado e restaurado. Se a gestão da igreja deve se manter com a comunidade, a responsabilidade e os custos da preservação dela não podem recair
sobre os poucos moradores que lá permaneceram.
Quem deve responder por um patrimônio do
município e dos santarosalimenses
é a municipalidade.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
15
Breve história da comunidade
do Rio dos Índios Alto
Do tempo em que, da estrada geral, se via a igrejinha azul.
O Rio dos Índios Alto e seu “povo”;
do difícil crescimento ao contínuo
esvaziamento
Os relatos dos mais antigos dão conta
que foi por volta de 1925 que chegaram
os primeiros habitantes da atual comunidade do Rio dos Índios Alto. São mencionadas as famílias de Dorvaldo Fritzen,
Estevão Vicente da Silva, Ireno Pinheiro
da Silva, João Domingos, João Norato,
Joaquim Neckel, José Domingos, Lino Dutra, Manoel Cláudio, Neco Cláudio, Pedro
Norato e Vidal Soares. Naquele período,
a comunidade não cresceu por causa do
acesso difícil. Para vender a produção e
comprar algumas mercadorias era preciso andar quilômetros, a pé ou a cavalo.
Com o tempo, as coisas foram ficando
“menos difíceis” e mais famílias chegaram: as de Adolfo Cezario, Antônio Constantino, Cristiano João Roi, José Lopes,
Henrique Demétrio, Leopoldo Willemann,
Nascimento de Souza e Rodolfo Pimenta.
Em muitas atividades, os colonos trocavam ajudas e muitos serviços eram realizados de forma comunitária. Na localidade, foram instaladas uma serraria, uma
atafona, um engenho de farinha movido
a braço e alguns engenhos de açúcar movidos a tração animal.
Na década de 1950, a comunidade
era bastante povoada e bem organizada. Já no início dos anos 1960, contudo,
tem início um processo de esvaziamento
e o Rio dos Índios Alto começa a decrescer com a saída de moradores do local
em busca de uma vida melhor. Também
houve a compra, pelo “Serrano” – Favorino Chiodelli, de uma área grande de terras localizada na comunidade, “na qual
viviam várias famílias e muita gente foi
embora”.
Esse processo de êxodo se intensificou nos anos 1970 e continuou nas décadas de 1980, 90 e 2000. A maioria dos
que saíram foi para o meio rural no Paraná, mas também houve migração para o
campo da região de Rio do Sul e Rio do
Campo, assim como muitos foram morar
em cidades catarinenses.
A partir da década de 1990, poucas
famílias permanecem. São recordadas as
de: Huberto Wiemes e Leopoldina Hanch Wiemes; Rodolfo Wiemes e Verônica
Becker Wiemes, Sérgio Loch e Rosalina Wiemes Loch; Adão Pacheco e Edith
Tonn Pacheco; Florentino Wiemes e Lorete Weber Wiemes; Florêncio Cirylo e
Zilda Schmidt Cirylo; Silvério May e Salete
Vandresen May; Marinho Bonim e Marlene da Silva Bonim; Ervelino Weber e Rosa
Zezulcka Weber; Adão Estevão da Silva e
Albertina Dutra da Silva.
Antes da atual capela
Nos primeiros anos de colonização
não havia igreja. Os cristãos se reuniam
em um ambiente ao ar livre, próximo do
cemitério comunitário e onde havia uma
cruz. Nesse local, que ficava a mais ou
menos três quilômetros de onde está
situada a atual igreja do Rio dos Índios
Alto, o capelão Vidal Soares orientava as
orações.
Por volta do ano de 1936, foi construída uma primeira capela. Ela foi erguida
com tijolos feitos pelos próprios moradores. Adão Pacheco recorda: “Antes,
existia outra igrejinha. Era de tijolos. Meu
pai contava que eles foram feitos com o
barro amassado a pé e, depois, queimados em uma fogueira”. Da mesma forma,
todo o material e o trabalho foram fornecidos pelos membros da comunidade. O
“chão” para a capela foi preparado a picareta, enxada e pá. A madeira era retirada
“do mato” e “serrada a braço”.
Aos domingos, os fiéis se reuniam
para celebrar o culto. A participação era
boa. Missas, apenas duas ou três por ano.
O sacerdote que visitava a comunidade
na época era o Padre Gregório Loch.
A construção da “Igrejinha azul”
Nos anos de 1948 a 1949 é que se
deu a construção da atual igreja. De
novo, toda a comunidade se empenhou.
O “chão” foi, mais uma vez, cavado a bra-
Antes de passarmos à história desse patrimônio arquitetônico que é a igreja do Rio dos Índios Alto, torna-se indispensável considerar a dinâmica da própria
comunidade que a construiu e preservou. O texto seguinte é uma adaptação de uma pesquisa realizada
por um quarteto de Wiemes – Edison, Eliete, Genésio
e Salésio, em 2011. Ela foi resultado do estímulo do
Padre Aluísio Heidemann Jochem para que a história
das comunidades rurais fosse recuperada e valorizada. Tal documento servirá de base, também, a outras
partes dessa edição do Patrimônio Santarosalimense.
ço.
Adão Pacheco recorda que pelas histórias contadas pelo seu pai, “no início,
a combinação era fazer a igreja com esteios fincados no chão. Depois, resolveram não fazer mais assim e os esteios
ficaram... Meu pai ajudou! Eu ainda lembro-me de ter visto, nas roças que a gente fazia, esses esteios compridos, fraquejados a machado. A igreja acabou sendo
feita de madeira, com duas paredes e
com colunas mais finas nos cantos”.
Toda a madeira foi doada pelos moradores. Seu Adão e Dona Edith Pacheco
ajudam a relembrar: “A colonada é que
tirou e forneceu a madeira. Os colonos
puxavam do mato, com boi, levavam lá na
serraria do Olívio Catano, aqui, naquele
salto de água. Ele serrou e o Rodolfo Bonetti construiu.” [ver Box]
O casal Pacheco dá detalhes interessantes: “Quando se chegava com as toras, por um lado da serraria, tinha uma
taipa de tijolinho que represava a água
que servia para mover a roda. Era um
açude fundo e os colonos puxavam as toras com os bois nadando. Tocava os bois
ali e eles eram acostumados. Os homens
O sino “batizado” em 1954.
iam por cima das taipas, quase como se
fosse uma ponte, e contornavam o açude
a pé. O problema é que, às vezes, virava
o carretão no meio do açude. Ficava com
as rodas para cima e a tora por baixo.
Dava o bicho!”
Dona Edith, completa: “Tinha uma
mulher que era moradora aqui e era filha
desse Olívio e da irmã do Rodolfo Bonetti.
Ela mora para Lages e quis voltar aqui só
para ver a igreja feita com as tábuas que
ela carregou nas costas, com as irmãs,
morro acima, onde se deu a construção.
O pai dela serrava e mandava as filhas
carregar nas costas. Assim, a mulher contou para a gente”.
O sino e o seu batizado
Quase cinco anos depois, em 1954, foi
comprado um sino para a igreja. Que parece ser o mesmo, até hoje. No dia 19 de
fevereiro daquele ano, deu-se a festa do
“batizado do sino”. Os “padrinhos” foram
Antônio Irineu da Silva, que pagou novecentos cruzeiros pela “primeira lambada”;
Roberto Estevão Vicente, cem cruzeiros
pela segunda; e Fredolino Wiemes, oitenta cruzeiros pela terceira. Depois, houve
segue
16
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
segue
Depoimento
Rodolfo Bonetti;
o carpinteiro de igrejas
Depoimento do filho, Remi Bonetti
(88 anos).
“Meu pai, Rodolfo Bonetti, era
carpinteiro, trabalhava com madeira. Ele pegava a tora bruta e serrava
a braço, em dois, com um topeador.
Era um lá, outro aqui e roc, roc, roc,
na madeira. E depois, a serra de
serrar a braço. Da italianada que
veio morar aqui na Santa Bárbara,
todo ele serrava madeira a braço.
Quando terminavam de fazer lavoura, preparar as coivaras para
plantar o milho, eles ‘garravam’ a
pegar madeira. Porque tinha muita,
especialmente canela. Serravam e
vendiam as tábuas. Mas, o meu pai
era carpinteiro mesmo. Trabalhava
com madeira desde novo e tinha
muitas ferramentas. Eram caixas e
caixas. E havia um balcão, com um
torno para segurar as madeiras.
Tudo, ele beneficiava a mão. Tinha
um capricho e era da luta. E esse
era o serviço dele. Quando nós éramos todos já meio grandinhos, nós
trabalhávamos na roça e criávamos
porco e gado, enquanto o pai trabalhava fora. Sempre construindo.
Ele trabalhava por tudo, onde tinha
casa para fazer... Depois, ele pegou
a fazer igreja. Ele fez a nossa aqui
na Santa Barbara. Na verdade, aqui,
ele fez duas. Construiu mais o salão
de madeira da igreja de Anitápolis. E
fez a igrejas do Rio dos Índios Alto,
a do Rio dos Índios Baixo e a da Boa
Vista.
A da Boa Vista, creio que foi em
1948. Está a data lá. E a do Rio dos
índios Alto foi em 1949. Eu era
novo. Quem ajudou o meu pai lá foi
o meu falecido irmão mais velho,
Reneu, que era conhecido por Romeu.
Depois que o meu pai casou os
filhos, aqui na Santa Bárbara, foi
morar lá no Rio dos Índios Baixo.
Lá, ele botou uma venda e negociou
um tempo. Depois, ele foi embora
para o Paraná. Para Manoel Ribas”.
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
uma sequência de mais 35 “lambadas”,
de vinte, dez ou cinco cruzeiros.
A “capela” e os ritmos da igreja
A igreja era ocupada nos cultos dominicais e se enchia nas missas e dias santificados, quando havia a visita dos padres
de Anitápolis: Ludgero Waterkemper ou
Afonso Stahli. Este último registrava, em
seu caderno de visitas paroquiais ao Rio
dos índios Alto, cerca de 150 pessoas,
em media, por missa. Aos domingos o
senhor Fredolino Wiemes dava catequese para as crianças.
Dona Leopoldina Wiemes lembra que
“missa tinha poucas” e teve um ano em
que apenas uma foi rezada. “Eram duas
por ano ou, no melhor dos casos, uma a
cada três meses. Quando era de chuva,
o padre não entrava. Um tempo, ele vinha a cavalo e fazia vistas de dois dias.
Tinha uma cama na igreja e ele dormia
lá. Depois, quando vinha de carro, não
entrava. Marcava [a missa], mas chovia e
ele não podia vir”. Os batizados também
dependiam do padre e, para não deixar
passar muito tempo, podiam ser realizados nas igrejas de outras comunidades.
A “capela”, os ritos e a estrutura da
igreja
Até 1957, as capelas de Rio dos Índios Alto e do Rio dos Índios Baixo pertenciam à Diocese de Florianópolis e à
Paróquia de Anitápolis. Naquele ano,
com a criação da Diocese de Tubarão,
passaram à paróquia de Rio Fortuna.
Incialmente, o Padre Antônio Kien visitava a comunidade. Depois, na década de
1970, eram os Padres João Beckauser e
Afonso Schlickmann.
Naquele período, além dos cultos dominicais e das missas, foram fortalecidas
as novenas de natal e as vias-sacras da
quaresma. As crianças continuaram recebendo catequese de uma pessoa da
comunidade.
Na década de 1980, foi criado um
“grupo de reflexão”, que se reunia nas
casas dos seus membros para orar e
refletir. Em 1989, foi criado um “grupo
de jovens”, com cerca de trinta participantes. Celebravam as missas na época
os padres: Afonso Schlickmann e Antônio Otavio Salvador, que deram início a
diversos trabalhos pastorais. Também
havia catequese para as crianças e adolescentes em preparação para os sacramentos da eucaristia e crisma.
As missas, a partir dessa década,
passaram a ser mensais. Nas outras semanas, as pessoas se reuniam para celebrar o culto dominical, novenas de natal,
encontros na quaresma e encontros de
grupos de famílias. As comissões pastorais existentes na comunidade eram:
da Catequese, da Terra, da Criança, da
Juventude, e da Liturgia. Cada pastoral
tinha um coordenador e, juntos, eles
formavam o conselho de pastoral da
comunidade (CPC). Além disso, havia os
grupos de família e a CAEP. Toda essa
movimentação se dava pela animação
dos Padres Aluísio Heidemann Jochem e
Afonso Schlickmann.
Cenas de domingo
O capelão Adão Pacheco lembra que
Primeira comunhão de Salésio Wiemes, realizada na igreja.
“as pessoas vinham a pé para a igreja. Só
um ou outro a cavalo. Botavam uma roupinha de missa, mas a maioria era descalça. O culto era pela manhã, às 9:30
horas. As missas aconteciam de seis em
seis meses e o pessoal de Santa Bárbara
descia. Todos a cavalo, praticamente. A
igreja enchia. Tinha dias que nem cabia
todo mundo”.
E os requisitos para a comunhão
eram mais rígidos: “Naquela época, para
tomar a hóstia consagrada, era preciso
estar em jejum no dia. Não podia comer
ou tomar qualquer coisa antes, de manhã. Eles vinham lá de cima, daquela distância. Tinham que sair bem cedo para
cá e, só depois da missa, que iam comer
alguma coisa ou tomar uma bebidinha.
Na época de inverno, depois da missa o
Antônio Lochs dizia: ‘Gente, se vocês cozinhassem um tacho de batata, eu arrematava na hora, só para a minha turma
comer’. Porque estava todo mundo com
fome. [risos] Não tinha comida e todos
voltavam, embora, com fome”.
Costumes e hábitos diferentes
Dona Leopoldina Wiemes recorda
que todos vinham a pé. As mulheres
“usavam as roupas como de antigo. A
roupinha que tinha”. E que, “no começo,
a maioria delas usava um véu na cabeça.
Outras botavam um lenço. Muitas estavam descalças e apenas algumas calçadas”. Já Dona Edith Pacheco recorda que
“as mulheres mais antigas chegavam e
iam direto à cruz, onde está escrito ‘Salve
minha alma’. Lá, se ajoelhavam, faziam
o sinal da cruz e rezavam baixinho. Só
depois, iam no meio do povo, conversar”. Seu Adão destaca que “os homens,
já não era tanto, chegavam um pouco
mais cedo e ficavam conversando”. Sobre o que se conversava? “As conversas
das pessoas, antigamente, antes ou depois do culto, eram sobre trabalho, sobre roça... Essas coisas. Hoje, em dia, já
tem as piadas. Mas, antes, não. As coisas
eram mais sérias”, relata, com um sorriso
nos lábios, o antigo capelão. E conta, em
relação aos costumes: “Eu me lembro
bem que tanto o Antônio Lochs quanto o Rodolfo Beckauser eram como um
avô de todo mundo. Então, os ‘gurizões’
de quinze, vinte anos, todos, chegavam
e tomavam a benção dos dois”. Na hora
marcada para o culto, todos entravam e
rezavam. Em seguida, “ficavam mais um
pouco de papo na frente da igreja”. E
comprando as balinhas para as crianças.
Arrecadação da igreja
Adão Pacheco relata que “Depois
do culto, na porta da “capela”, se vendia
balas. Era para a arrecadação da igreja.
Porque tinha despesas. Tinha uma lata
com balas compradas fora e que eram
vendidas para a gurizada. E para os gurizões também. Logo, ia cada um para a
sua casa”. Já Dona Leopoldina Wiemes
conta que no dia anterior às missas, “as
mulheres da comunidade se reuniam
para fazer doçuras para vender. Levavam bolos para vender, para a igreja.
No dia das festas, preparavam comida,
porque o baile era à tarde”. Mais uma
vez, Adão Pacheco procura nos situar
na localidade: “Antes, o salão de festas
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Dona Leopoldina e Genésio Wiemes.
Edison, Verônica e Rodolfo Wiemes.
se emociona e enche os olhos de água,
preferindo não tratar da briga em que
morreu seu cunhado “duplo”, Fredolino,
porque irmão do marido Huberto e casado com sua irmã Paulina. “Nós nos dávamos com todo mundo, aí deu aquela briga e alguns se afastaram. Uns queriam
que ele continuasse. Outros achavam
que não estava bom”. Para, pensa e se
limita a dizer bem baixinho: “Muita coisa
foi por causa da igreja”.
Seu Adão Pacheco e Dona Edith Tonn Pacheco.
era a escola, que ficava próximo ao atual
salão, mas do outro lado da estradinha.
À frente, tinha a casinha de fazer as comidas para as festas e os fornos para fazer
os pães”. E o antigo capelão conta: “Para
arrecadar, se fazia também uma festa
por ano, do padroeiro São Bom Jesus de
Iguape, no dia 6 de agosto”. E completa,
com certo ar de pesar: “Hoje não se faz
mais a festa. É muito pouca gente. Temos
apenas quatro famílias ativas na igreja.
As outras, só vêm quando tem uma missa, ou precisam batizar uma criança ou
fazer um casamento...”. Para seu Rodolfo, Dona Verônica e Edison Wiemes, são
justamente as festas do padroeiro que
marcam as boas lembranças que eles
têm da igreja. Especialmente, porque,
nelas, eles podiam rever “muitas pessoas que eram da comunidade”. Por isso,
lamentam que “no último ano, ela já não
foi realizada”.
Uma comunidade viva...
Pelos relatos ouvidos nas entrevistas,
a igrejinha e a comunidade, antigamente,
eram muito vivas. A comunidade era “o
povo do Rio dos Índios Alto, mais o que
hoje é o da Nova Esperança”. Genésio
Wiemes diz que “tinha ainda a família
grande do falecido Adão Estevão da Silva,
que os filhos moravam todos do outro
lado do rio, e a gente dizia que eram ‘do
Azedo’.” Tudo isso para uma igrejinha só.
Essa é a explicação dada para a forma-
17
ção da comunidade da Nova Esperança...
“Porque também lá era longe e carro não
tinha”, pondera Adão Pacheco.
... Viva até demais!
Adão Pacheco recorda que “havia
muitos pequenos enguiços e que brigas
feias mesmo foram duas”. E sublinha:
“Uma com morte! Foi muito feio!” A explicação do antigo capelão é que “era por
causa de partidos da época”: “Era a família do Antônio Ireno Pinheiro contra três
outras famílias que moravam aqui. Quem
morreu era também capelão: Fredolino
Wiemes. O padre responsável pela capela já vinha comentando: ‘gente, vamos
fazer acerto, porque senão, vai terminar
um na cadeia e outro no cemitério’. Não
deu outra e não levou muito tempo”.
Sobre “a outra briga”, conta que “foi
dos Fritz com o Walmor Carvalho”: “Queriam matar ele. Deu um fecha. Com tiro
para todo lado. Mas ele saiu ileso”. Dona
Edith narra como se estivesse revendo a
cena: “Nós éramos jovens e estávamos
nessa festa. Quando a briga começou a
ficar feia, nós saímos. Mas, de fora, vimos
a fumaça saindo pelo telhado do boteco
de bebida do salão”.
Dona Leopoldina Wiemes diz, em relação à igreja, que “aconteceram coisas
de bom e de ruim”. “De bom, porque se
festejava e todos ficavam contentes. De
ruim, porque briga também tinha”.
E, mais de 50 anos depois, ela ainda
Quando não dava uma...
O relato do “Nono” Remi Bonetti, morador da Santa Bárbara, ajuda a compor
o quadro do que era demais na vida da
comunidade: “Quando nós éramos moços e tinha festa de igreja no Rio dos Índios Alto, nós íamos. Porque tinha baile!
Mas lá era um lugar que não tinha uma
festa que não dava briga. Quando não
dava uma, era porque dava duas ou
três... Era um povo briguento, que era
uma coisa de louco. O pai já dizia: ‘Olha
se der briga, vocês subam o morrinho e
vão lá para a igreja, que lá não tem perigo’.” [risos]
O “restauro” de 1995
Seu Remi Bonetti relata que “quando
houve a reforma da igreja do Rio dos Índios Alto, primeiro achavam que era para
fazer uma nova. Depois, considerando
Interior da igreja restaurado.
que ela era feita do jeito antigo, tudo
com madeira de cerne, beneficiada, resolveram reformar. E ficou bonita!”
Leopoldina Wiemes julga que, hoje, “a
igrejinha é quase como era antigamente.
Só foi reformada, depois, quando ficou
mais velha. Mas é a mesma igreja”.
Essa condição tem motivado, segundo Edison Wiemes, “muitos que moravam aqui a, de vez em quando, passar
para dar uma olhada na igreja do lugar”.
Nesses casos, eles procuram a irmã dele,
Eliete, que é quem “cuida” atualmente,
da igreja.
Isso tudo só é possível porque em
1995, mais uma vez, a comunidade do
Rio dos Índios Alto se mobilizou. Como
diz Seu Rodolfo Wiemes, “foi o pessoal
da comunidade que fez a reforma”. Ele
lembra que “tinha um pedreiro e os homens da comunidade ajudaram”. Já Adão
Pacheco diz que foi “mãos à obra de toda
a comunidade” e que, na empreitada,
“apenas o pintor foi contratado”. “Todo
o resto, fomos nós que fizemos. E ainda
ajudávamos o pintor...”, conclui o antigo
capelão.
É interessante registrar que todas as
pessoas ouvidas fizeram questão de registrar que a igreja já está precisando de
novos cuidados de restauração. Afinal, lá
se vão vinte anos dos últimos trabalhos.
segue
18
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
segue
PATRIMÔNIO SANTAROSALIMENSE
Imagem de um dos registros das visitas do Padre Afonso Stahli à igreja do Rio dos Índios Alto.
Trancrição da imagem:
Visita Paroquial
Dos Índios Baixo vim aos Índios Alto. Tempo bom. Muito povo nas missas. Fiz novena à tarde. Fiz as contas da igreja. Ambos os caixas estão quase com 10 contos de
cada uma.
Batizados: 5 Comunhões: 170
Confissões: 160 Sermões: sobre o Natal
Pe. Afonso Stahli
Índios Alto 30 de novembro de 1956.
Causos
Por Adão Pacheco
Nasceu em um terreno vizinho à igreja, no ano da construção dela, foi nela batizado e depois foi seu capelão. Começou orientando os cultos, com a irmã, aos onze
anos e até hoje, com sessenta e seis, ainda ‘ajuda’.
Minha lembrança mais antiga
“Eu tinha três ou quatro anos, na noite em que foi ‘batizado’ o sino da igrejinha.
Meu pai me levou junto à missa para essa cerimonia. Quando estávamos voltando
para casa, meu pai, João Pacheco, me carregando no colo, e minha mãe, perto de
uma rocinha de mandioca que nos tínhamos em cima do morro, já perto da casa,
tinha um tamanduá no meio do caminho. Meu pai me deixou com minha mãe, mais
longe, pegou um tronco de madeira e foi tocar o tamanduá do meio do caminho.
[risos] Depois, voltou para me pegar no colo e me trouxe até em casa”.
Esforço demais
“Entre o cemitério e a igreja há um muro de pedra. Feito com pedras grandes,
todas carregadas do rio, em carros de boi. O ‘chão’ foi preparado a mão, na enxada
e picareta, e era preciso um pilar para sustentar daquele lado. O pai da minha mãe
faleceu ali. Porque tinha aquelas pedras grande e ele fez uma aposta. Quando carregaram o carro de boi, disseram que ele não daria conta sozinho de erguer uma tal
pedra para botar no carro. Ele apostou, pegou essa pedra e ali morreu”.
O muro que causou uma morte.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
19
20
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
CADERNO DE RECEITA
Chimia de Amendoim
Dona Erica Defrein da Silva é convidada do mês para assinar neste espaço a Chimia de Amendoim, um doce bastante apreciado nas nossas
mesas e bem fácil de fazer. Tradicionalmente é servido acompanhando
de nata fresquinha e uma bela fatia de rosca.
Natural do município de Armazém, comunidade de Sanga Morta. Dona
Erica nasceu no dia 8 de outubro de 1940. “Mas nos documentos está
dia 8 de setembro”, completa a informação e explica o motivo. “Naquele
tempo a eleição era uma briga. Eu fazia ano em setembro. A votação era
dia 13 de outubro. Aí, o candidato que era do nosso lado mudou a documentação para eu poder ter 18 anos e poder votar”.
Dona Erica e a mesa farta.
Tempos de Escola
Filha de Paulo Jacó Defren e Emma
Kurtz, Erica foi na escola na comunidade
de Rio São João. “Naquele tempo começava com a Cartilha. Tinha que estudar
primeiro a Cartilha para ir para o primeiro
ano. Eu me lembro de três professoras,
mas o professor que eu mais estudei foi
com o falecido Adolfo Steiner, de Armazém. Naquele tempo, era um professor
só, para a Cartilha, para o 1º, o 2º e o 3º
ano e quem quisesse depois fazer o 4º,
esse Adolfo Steiner também dava aula.
Quem não quisesse podia parar no 3º”.
Os professores eram diferentes.
“O Adolfo Steiner era um homem muito inteligente. Ele não arreganhava os
Dona Erica fazendo a chimia de amendoim.
dentes, mas era muito certo e os alunos
respeitavam ele. Não tinha aquela bagunça como tem hoje. Ele vinha de Armazém
com o cavalo encangado na aranha até o
Rio São João, aquele lá do Rio Capivari. Ele
tinha dois filhos que estudavam e vinham
com ele. Na hora do recreio, cada dia, um
dos filhos levava o cavalo no rio para tomar água.”
Para eu conseguir botar a abóbora dentro do jacá, eu tinha que trepar em cima
de um cepo. Ainda bem que era um cavalo muito manso. Eu nunca esqueço um
dia que meu tio e minha tia vinham pra
venda lá no São João e o meu tio disse
assim, ‘olha como aqui as crianças trabalham e os nossos grandes lá não querem
fazer nada’.
A educação era diferente
“No meu tempo, todo sábado, nós
tínhamos que ir pra escola. Naquela escola, muitos eram protestantes, tinha uns
15 alunos com certeza. Então era assim, a
gente tinha aula até dez horas, aí ele soltava a gente e dava doutrina para os alunos que eram católicos. Naquele tempo
ele rezava todo dia o Pai Nosso e o Santo
Anjo. No começo e no final da aula. Eu
achava certo o que ele fazia. Hoje devia
ser assim, daí desde pequeninhos eles já
aprendiam. Eles dizem que isso não é coisa para o professor, mas uma oração não
ia fazer mal para ninguém”.
Com os filhos foi igual
E também foi assim com os nossos filhos. Com cinco anos o Mick (José) tocava
os bois a tarde inteira, de manhã ia para
aula e a tarde inteira com o Tono virar
terra. O falecido meu pai chegou brigar
comigo, ele me disse, ‘olha, vocês depois
têm o dinheiro mas não tem mais filhos,
que vocês matam tudo. (Risos) Graças a
Deus se criaram todos eles.
O trabalho
“Se hoje fosse para um aluno andar
a pé naquela distância? E olha que tinha
que ser andado e no plano correr se não,
não chegava em casa. Em casa o cavalo e
a troucha de comida estavam prontos. Aí
eu ia a cavalo, pra cima daquelas águas
mornas que tem lá, levar o almoço para
eles na serraria. Voltava pra casa, tirava
a encilha do cavalo, botava a cangalha
e tinha que buscar o trato. Era trabalho
desde pequeno e era trabalho forte”.
No tempo da abóbora
Eu com 10, 12 anos eu era picurrucha.
Eu lembro que sempre tinha que buscar
abóbora, carregar por dentro do milho.
Dança e bolinha de gude
‘Eu já dançava e lá naquele salão dos
católicos só tinha baile à tarde. Naquele
tempo os padres não queriam que fizesse baile à noite. Então enquanto eu dançava, o Tono (Antônio) que é nove anos
mais novo que eu. Ele ainda era pequeno
e saia a jogar bolinha de vidro.” (Risos)
Casamento e filhos
“Depois eu o conheci melhor quando
ele trabalhou na casa do meu irmão. Ele
era um rapaz já. Aí começamos a namorar. Eu me casei com 30 e ele tinha 21.
Tivemos quatro filhos. Dois rapazes, o
Paulo e o José. Depois veio a Ema e um
ano e 21 dias depois, nasceu a Rosa.
Eu não sei se na minha vida inteira eu
chamei dez vezes um filho pelo nome.
É a Pope (Ema) e a Kóck (Rosa), o Zeca
(José) e o Mick (Paulo). Era a falecida mãe
que botava os apelidos nas crianças e os
Ingredientes:
½ quilo de amendoim
½ quilo de açúcar
600 ml de leite.
meus quatro filhos foi ela quem criou. Eu
ia pra roça o dia inteiro.”
Deus existe
“Os dois rapazes nasceram de cesárea e as duas meninas eu tive assim,
normal. Eu até fui para o hospital porque
tinha certeza que ia ser operada. Aí eu
sempre digo: o povo pode acreditar em
Deus porque ele existe.
Quando as duas meninas nasceram
nós tínhamos um idoso em casa que ficou quase dois anos de cama. Nesse
tempo, eu ganhei as meninas assim, para
ganhar num dia e no outro ir embora.
Porque ninguém nunca deu um banho
nele, ninguém nunca limpava ele, era
tudo eu. Um vizinho sempre dizia, ‘o Êta’,
eles me chamavam de Eta, ‘a tua cadeira está te esperando no céu pelo que tu
fazes por este velhinho’. Este homem vivia na casa do meu pai já fazia mais de
cinquenta anos. Nós nos criamos como
irmãos e na velhice os outros irmãos, ninguém queria cuidar dele. Queriam levar
ele pra um asilo. Esse homem chorava.
Foi onde eu disse, ‘que asilo. Ninguém
vai te levar pro asilo. Enquanto Deus dá
uma bolinha pra eu comer e tratar dos
meus filhos eu também te trato’. Dizem,
de certeza, que ele tinha mais de 105
anos quando morreu. E morreu de velho,
porque saúde ele tinha.”
O presente
Eu passei trabalho, mas, hoje, graças a
Deus... Hoje eu queria ser mais nova para
pode durar mais tempo. A gente não
sabe. Mas se a Kock ficar pra mim como
ela sempre foi e é, melhor filha não existe. Pode ter filho igual, mas melhor não
existe. Ela me trata assim como se eu fosse uma criança. Ele me cuida muito bem.
Modo de Fazer:
Misturar os ingredientes e bater no
liquidificador. A gosto, pode-se deixar
com pedacinhos de amendoim ou bater o suficiente para formar um doce
mais fino.
Levar ao fogo em panela e mexer
sempre, por aproximadamente 30 minutos.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
21
COOPERATIVISMO
Assembleia da Cresol reuniu cerca de mil pessoas.
Crédito Solidário nas Encostas da Serra Geral
A Cresol Encostas da Serra Geral, com sede em Santa Rosa de Lima e unidades de atendimento nos municípios de Anitápolis, Lauro Müller, São Martinho e Armazém, realizou, no último dia 7 de março, suas assembleias
Geral Ordinária e Geral Extraordinária. A primeira, tratou de alterações estatutárias em cumprimento de solicitações do Banco Central. A segunda, da apresentação dos resultados da cooperativa no exercício de 2014.
Segundo os organizadores, houve a participação de mais de mil pessoas, entre sócios e não sócios. Para
homenagear as mulheres pelo seu Dia Internacional foram distribuídos botões de rosa. Um almoço a base de
comida colonial foi servido ao meio dia acompanhado de apresentações culturais como modas de gaita e viola.
De brinde, foram distribuídas camisetas da Cresol.
Panorama Cresol ESG
Para trazer ao leitor um resumo da
assembleia, os números apresentados
e analisar a conjuntura atual em que
se encontra a Cresol Encostas da Serra
Geral, o Canal SRL ouviu, com exclusividade, a presidenta da organização, Fabiana Cesário. Na avaliação geral da gestora da cooperativa “os resultados são
positivos e apresentam um crescimento
gradativo e uniforme”.
Quadro de associados e de unidades
Até o final de 2014, a Cresol ESG estava constituída por 4.381 sócios. Nos
últimos cinco anos, apresentou um crescimento médio de 500 sócios por ano.
Segundo Fabiana, no município sede da
cooperativa, Santa Rosa de Lima, e no
município vizinho, Anitápolis, “na maioria das famílias, nós já temos associadas.
Onde foram implantadas unidades mais
recentes, como é o caso de Armazém,
São Martinho e Lauro Muller, existe um
grande potencial de crescimento”. A
presidenta destaca, ainda, que existe,
dentro do território de abrangência da
cooperativa, “a possibilidade de expansão, com novas unidades em Gravatal,
São Ludgero e Orleans”.
Capital Social
O capital social, dinheiro que os sócios têm integralizado na cooperativa,
fechou dezembro de 2014, na casa dos
Gráfico representativo do número de associados da Cresol.
segue
22
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
segue
COOPERATIVISMO
R$ 3.4 milhões de reais. Além deste capital, a cooperativa conta com um fundo de
reserva. Para o exercício de 2015, este será de R$ 400 mil. “A proposta do Conselho
Administrativo é aumentar os recursos deste fundo”, diz Fabiana. “Tanto que a gente destinou grande parte das sobras de 2014 para ele. Além de representar uma
garantia para a própria cooperativa, aumenta o patrimônio e faz com que fiquemos
mais fortes perante outras organizações”.
Pronaf
Através do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), a Cresol ESG repassou aos associados recursos na ordem de R$ 8,3 milhões em operações de créditos para custeio e investimento. Fabiana explica que o crédito rural é usado nas
propriedades “tanto para melhorias, como para custear atividades agrícolas. São
comuns financiamentos para instalações de salas de ordenha, ranchos ou cercas,
para a implantação de açudes, para a compra de gado ou de implementos agrícolas, assim como investimentos em agroindústrias e em infraestruturas voltadas ao
turismo rural”.
Poupança
Em 2012, foram poupados pelos sócios da Cresol R$17.4 milhões. Em 2014,
esse valor subiu para R$ 26.8 milhões em depósitos aplicados. Para Fabiana, “foi
uma evolução muito grande. Um crescimento muito bom”. Questionada sobre os
fatores que levaram a este aumento, a presidenta enumera: “Primeiro porque nos
municípios onde atuamos a característica das pessoas é de poupar, de guardar dinheiro. Segundo, melhorou muito a situação financeira das pessoas, principalmente dos agricultores. As pessoas têm mais recursos. Hoje se for olhar para o interior
você fica surpreso como mudou, como as coisas evoluiriam. Isso é notável! Outro
fator importante é a confiança que os sócios depositam na cooperativa”.
Fazer diferente
Na visão da gestora, a cooperativa poderia apresentar um resultado ainda
maior. “Só que para isso, a gente teria que tirar do sócio de alguma forma. Cobrando mais juros, pagando menos nas aplicações, cobrando manutenção de conta,
cobrando tarifas. Então qual a vantagem? Cobrar durante o ano e distribuir no final
do exercício? E este é um diferencial da nossa cooperativa. Tanto a direção como os
funcionários pensam assim. A gente quer continuar crescendo gradativamente, de
forma uniforme para termos controle do que fazemos, sem prejudicar os nossos
sócios, que são a razão de ser da cooperativa”.
Sobras
A Cresol ESG apresentou o resultado bruto de R$ 268.533,96 em 2014. Cumprindo as exigências estatutárias, o resultado líquido foi de R$ 225.138,87. A proposta apresentada pelo Conselho Administrativo e aprovada pelos associados foi
de destinar as sobras nas seguintes proporções: R$152 mil, para o Fundo de Reserva; R$ 11,573 mil, para o Fates (Fundo de Formação); e o restante do valor, R$
61.240 mil, para cota capital dos associados.
Represnetativo da Receita da Cresol em 2014.
Fundo de Formação (Fates)
O Fates é um recurso destinado à formação de sócios, funcionários, conselheiros e comunidade em geral. “Neste ano teremos um recurso bem interessante que
pretendemos trabalhar em parceria com outras entidades. O objetivo da Cresol é
trazer coisas novas e oportunizar formação e informação. Para isso colocamos a
cooperativa à disposição dos associados e entidades e pedimos o apoio de todos
para fazermos parcerias que favoreçam o desenvolvimento dos nossos municípios.
Hoje, a gente vê que perde grandes oportunidades, por não ter parado e planejado
ações dentro dos nossos municípios”.
Gráfico representativo dos dépositos a vista e a prazo na cooperativa.
O Ativo [valor que a cooperativa tem para administrar] no fechamento de 2014
estava em R$ 38.5 milhões. “São números que surpreendem a nossa própria equipe. Tivemos um crescimento entre 2013 e 2014 de mais de R$ 5 milhões. Uma
evolução muito grande. Na data de hoje [18/03] com certeza este valor já deve
ultrapassar R$ 40 milhões de ativos”, conclui Fabiana.
Conselhos participativos
Fabiana Cesário avalia que a Cresol ESG conta com um bom Conselho de Administração. “Tudo é discutido e analisado em grupo. Não é uma pessoa que define
as coisas. E isso dá muita segurança. São nove pessoas e todas estão envolvidas
diretamente com a cooperativa”. Sobre o Conselho Fiscal, completa: “é bem efetivo
e é totalmente independente. Seus membros estão sempre fiscalizando e tentando
evitar qualquer tipo de problema. É um órgão que trabalha muito bem”.
Cooperação e cooperativismo
“Eu acredito muito no cooperativismo. Acredito muito no jeito que a gente administra a cooperativa. Se continuar neste ritmo, vamos crescer e não vamos ter problemas. Porque a gente trabalha com os pés no chão. Fabiana diz que faz questão
de sempre frisar aos associados, “a cooperativa é de vocês. É o dinheiro de vocês
que está aqui. Nós estamos aqui porque recebemos a confiança de vocês para administrar”. Como presidenta e sócia da Cresol, ela destaca, “quanto mais participação e envolvimento dos sócios, maior vai ser o crescimento da cooperativa. Por isso
convidamos aos sócios e não sócios que nos procurem. Temos todos os produtos
e serviços oferecidos por um banco, porém, com um atendimento diferenciado e
sem cobrar tarifa de manutenção de contas. E temos, também, a menor taxa de
juros nos empréstimos e a maior rentabilidade na aplicação”.
“A Cooperativa é uma instituição que é dos sócios.
Não é de um dono. A gente espera que o associado
participe mais das decisões da cooperativa nas
assembleias.”
Gráfico representativo dos dépositos a vista e a prazo na cooperativa.
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
23
LEGISLANDO
COMUNIDADE
RIO DOS ÍNDIOS
Kelin Dutra | Ivonete Walter Dutra | Milena Dutra
Esta coluna é reservada e assinada pela bancada PP e PT composta
pelos vereadores Edna Bonetti, Robson Siebert, Salésio Wiemes e Luiz
Schmidt. Aqui são apresentados os trabalhos na Câmara Municipal de
SRL. Acompanhe o resumo dos principais ofícios, requerimentos e proposições apresentados aos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Esporte
O Vereador Salésio Wiemes
encaminhou ofício ao Secretário de Educação e Desporto, solicitando que o departamento,
dentro de suas possibilidades,
possa organizar e realizar campeonatos municipais, utilizando
os espaços esportivos das comunidades rurais. Justificou o verador, “sabemos que as estruturas
esportivas no centro da cidade
estarão fechadas para reforma
e muitas comunidades do interior possuem estrutura suficiente
para a realização de rodadas de
campeonatos”. Lembrou ainda
que a prática já foi realizada em
outras gestões “e eram eventos
com muita participação da população. Além de desenvolver o esporte, desenvolve atividades nas
comunidades rurais. Não apenas
no centro”.
S.E.R. Veterano
Salésio também solicitou que
a Secretaria de Educação e Desporto ofereça apoio a Associação
Esportiva e Recreativa Veterano
de Santa Rosa de Lima com auxílio transporte em jogos realizados fora do município.
Calçamento I
Apresentando ofício a prefeita, com cópia para o Secretário de
Transportes e Obras, o vereador
Salésio solicitou que se realize a
recuperação da pavimentação na
Rua Valentim Feldhaus por esta
apresentar situação precária em
vários pontos, dificultando o trânsito de carros e pedestres.
Óleos essenciais
Ofício de autoria do vereador
Salésio, dirigido a prefeita, com
cópia para o Secretário de Obras,
solicita que a administração conceda atenção especial e realize
os serviços de terraplanagem em
terreno ao lado da nova sede da
Agreco, na Comunidade de Águas
Mornas. No local será construída,
em breve, uma Unidade de Referência em Óleos Essenciais Orgânicos.
Estradas
Salésio solicitou, em ofícios
distintos, a recuperação de estradas que apresentavam péssimas
condições de trafegabilidade
para produtores rurais e demais
usuários. No acesso à propriedade de Tereza Neckel Loch, na Comunidade de Santa Bárbara; no
acesso à propriedade do senhor
Ilson Heidemann, na localidade
do Rio dos Índios. No acesso à
capela de Bom Jesus do Iguape,
na comunidade de Rio dos índios
Alto. Na estrada que liga a comunidade de Nova Fátima a Estrada
Geral Rio dos Índios, com atenção especial ao trecho próximo a
propriedade do senhor Martinho
May. Na estrada que liga o Centro
do município até a comunidade
de Santa Bárbara e no acesso a
propriedade do senhor Orlandi
Israel, no Campo do rio Bravo.
Açudes
Em ofício ao Secretário de
Agricultura e Meio Ambiente, o
vereador Salésio solicitou que a
secretaria possa realizar a recuperação de barragens de açude
na propriedade do senhor Genésio Wiemes, na localidade de Rio
dos índios.
Calçamento II
O Vereador Luiz Schmidt encaminhou ofício a prefeita, com
cópia para o Secretário de Obras
solicitando o conserto na pavimentação em lajotas na Estrada
Geral Rio do Meio. Com especial
atenção ao trecho em frente ao
cemitério daquela comunidade.
Justifica o vereador que os pontos estão bastante críticos e necessitam de reparos para melhor
condição de trafegabilidade.
Combate ao Borrachudo
Ofício de autoria do vereador
Luiz Schmidt solicitou que a administração municipal retome os
trabalhos no combate ao borrachudo. Justificou a grande proliferação do mosquito no município
e o grande incômodo que traz
aos santarosalimenses e visitantes.
Dona Lucia
Este mês queremos homenagear uma pessoa
especial de nossa comunidade, Dona Lucia. Ou,
como todos chamam, a Tia Luzia. Ela nasceu no dia
8 de março de 1932 e muito cedo perdeu a mãe
e desde criança, teve uma vida de muito trabalho,
pois tinha que ajudar seu pai a cuidar dos irmãos
e da casa.
Aos 23 anos de idade, casou-se com seu Valdemiro Lino Dutra, no dia 23 de novembro de 1955.
Esta união já perdura por 60 anos. Depois do casamento, nasceram os filhos: Salésio, João, Genésio, Terezinha, Valdete, Maria de Lurdes, Nivaldo e
Valmir.
Tia Luzia, seus filhos, juntamente com toda a
nossa comunidade, desejam a senhora muitos
anos de vida. Que sua vida continue sendo repleta de alegrias e muita saúde. Continue sendo essa
pessoa atenciosa que não mede esforços para ver
a sua família feliz.
Outono
Para receber a nova estação, reproduzimos um
belo poema sobre o Outono.
A paisagem mostra um balé
De folhas que flutuam
Suavemente pelo ar guiadas
Ao sabor dos ventos...
No horizonte desponta o renascer...
Os frutos brotam da terra em abundância
Como alimento vital ao Ciclo infinito
Trazem em cada fibra
O orgulho de um dia terem sido
Folhas coloridas que ornamentaram
Uma divina paisagem...
(Autor desconhecido)
Páscoa
Que nesta páscoa haja muitos doces em sua
vida.
O doce sorriso daqueles que te amam.
A doce alegria de ter o pão na sua mesa.
A doce esperança de ter um futuro de paz e
prosperidade.
Feliz Páscoa!
24
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
Maratcha
Edésio Willemann
M&M
No dia 22 de março de 2015 foi realizado o 1º Encontro da Família Stüepp. Descendentes que deixaram Santa Rosa de Lima
ainda pequenos para tentar a vida em outros lugares, tiveram a oportunidade de conhecer parentes que não conheciam e de
reencontrar familiares e velhos amigos.
Luciano Schmidt trocou de idade no dia 14 de março e recebe as
homenagens da tia Marlene e do
tio Negão. Parabéns e muitas felicidades!
Sabrina Schueroff, a gatíssima que já foi
Rainha da nossa Gemüse Fest, troca de
idade no dia 20 de abril. Queremos desejar muito sucesso e felicidades! Os cumprimentos especiais vêm da amiga dos tempos de reinado, a Princesa Kelin Dutra.
Brayan Witt completou 7 aninhos no dia
14 de março. A mamãe Marli, o papai José
Raimundo, a mana Beatris e os manos Juliano e Mickael desejam muitas felicidades
e que você tenha uma linda infância.
Mentira
Edson Baumann
Maiara Morgana Nack soprará velinhas no dia 12 de abril. Recebe os cumprimentos dos amigos e familiares. Feliz
Aniversário Maiara!
Ronald Carvalho trocou de idade no dia
23 de março. Completando 11 anos, este
garotão recebe os cumprimentos especiais
da mamãe Zenita. “Felicidades e muitas alegrias meu querido. Minhas preces são para
você e para que continue sendo este filho
maravilhoso. Te amo!
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
As irmãs Ana Luíza e Maria Clara Schmitz Rech trocaram de idade no mês de
março. Maria soprou 11 velinhas no dia 06 e
Ana, no dia 24, completou 7 aninhos. Felicidades as lindas garotinhas!
Isalde Nack soprou velinhas no dia 28
de março e recebe homenagem especial
de sua filha Pérola. “Mae, quero agradecer
por tudo. Por ter me botado nesse mundo,
por cuidar de mim tão bem, por sempre
me proteger, por nunca me abandonar,
por ser mais que uma mãe maravilhosa,
por ser uma amiga, uma irmã, uma protetora. Te desejo tudo de melhor sempre e
muitos anos de vida, para me aturar por
muito tempo ainda. Feliz Aniversário minha rainha! Eu te amo!”
José Schmidt celebrou os 90 anos
de vida com familiares e amigos. A
celebração teve início com uma missa em honra de sua falecida esposa,
Dona Paulina, e uma bela homenagem ao nonagenário. Em seguida, os
convidados foram recepcionados no
salão comunitário, para almoço, baile
e café da tarde. A equipe editorial deste jornal tem especial admiração pelo
Seu Zé Schmidt e deseja muita saúde,
paz e tranquilidade. E que mantenha,
sempre, esse bom humor.
A Festa vai ser dupla. Milena Dutra
sopra velinhas no dia 19 de abril e papai, conhecido por Caçula, no dia 21.
Desejamos a nossa colunista, ao seu
pai e a toda a família votos de muita
saúde, paz e felicidade.
No dia de 21 de março aconteceu a tradicional Festa da Família Loch/Locks no
Balneário Paraíso das Águas. Organizado, dessa vez pelo “Tio João”, o encontro contou
com a presença de mais de 80 parentes. De todos os cantos! Com concurso de topeador e barrigadas na água, a diversão foi garantida!
25
26
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
COMUNIDADE
NOVA ESPERANÇA
Jaqueline Tonn
Visitinha inesperada
Diz a lenda que quando o bugio ronca é sinal de chuva.
Dizem ainda os mais sabidos que para anunciar este presságio, ele ronca em determinados horários. O que sei é que
por aqui nestas encostas de serra é que ele anda roncando
bastante. Lembro aos leitores que não estou falando do nosso Jornal, que dizem por aí, “ronca bastante”. Falo do bugio.
Essa espécie de macaco que habita nossas matas se alimentando de frutas, folhas e sementes silvestres que encontra
pelo caminho.
Se ninguém os perturbar, são animaizinhos inofensivos.
Mas, se sentirem ameaçados, ficam extremamente mal humorados. Como eles se aproximam muito das nossas casas,
seus roncos altos, muitas vezes, chegam a ser entediantes e
acabam, de certa forma, atrapalhando nossas atividades.
Por outro lado, proteger a natureza é regra fundamental
para todo ser humano. E preservar tem que ser um ato de todos, não apenas dos que vivem no interior, em uma pequena
comunidade e rural, mas sim por todos que vivem na cidade.
Aqui me refiro a São Paulo e a poluição de seus rios. Ora, eles
fazem parte da natureza.
De volta aos bugios
Mas são estas visitinhas inesperadas, como de um bando de bugio, um tucano e de tantos outros animais silvestres
que me orgulha de morar aqui na Nova Esperança. Esse contato com a natureza e com nossos membros, preservando e
resguardando nossas histórias. Sejam as antigas, que trazem
lembranças e marcam até hoje, sejam histórias atuais como
observações pequenas e atos minuciosos que fazem parte
do nosso cotidiano.
Noites de sexta
O mês de abril marcou a retomada das nossas jantas
quinzenais de sexta-feira à noite. Nova Esperança novamente
se completa com esta diversão e com as tradicionais partidas
de bocha.
As mulheres que o digam, afinal de contas, elas que são
as mais interessadas ou, melhor dizendo, viciadas na bocha.
Mas o grande objetivo destas noites é reencontrar e fortalecer grandes amizades e, principalmente, a união de nossa
comunidade. Essa é a premissa de nossa Nova Esperança,
afinal, a união faz a força.
A noite começou com um verdadeiro banquete. Querendo ou não, todos foram com uma fome de leão. Rodinaldo
e Daiane foram os responsáveis pela deliciosa comida, com
direito a carne de carneiro e de boi com pão e salada. Claro
que deixamos a dieta para outro dia não é mesmo.
A cervejinha gelada não faltou e o empenho dos responsáveis pelo nosso Centro Comunitário, que fazem o possível
para atender a todos com muito conforto. Inclusive os visitantes, pois acolhida e gentileza são nossas características
primordiais.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA
EDITAL 001/2015
O Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Santa
Rosa de Lima, SINTRAL SRL, através de seu Presidente infra-assinado
e conforme legislação vigente convoca os trabalhadores e trabalhadoras da Agricultura Familiar, residentes e em atividades no município de Santa Rosa de Lima, para se reunirem em Assembleia Geral
Ordinária, à se realizar no dia 16 de abril de 2014 às 19:00 horas, em
primeira e segunda convocação, conforme o estatuto social da entidade, na sede da entidade, sito a Rua Germano Hermesmeyer, s/n.
Centro, Santa Rosa de Lima - SC, a fim de discutir e deliberar sobre a
seguinte ordem do dia:
1 – Prestação de contas do exercício de 2014;
2 – Discussão e aprovação do valor da anuidade;
3 - Assuntos gerais;
Santa Rosa de Lima – SC, 20 de Março de 2015.
Luiz Schmidt
Coordenador Geral
COMUNICADO
O Sintraf comunica aos proprietários de imóveis rurais que
encerra em Maio/2015 o prazo para realizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Informa também que as entidades CRESOL, AGRECO/COOPERAGRECO e SINTRAF, em forma de parceria, oferecem gratuitamente aos seus associados a assessoria de uma Engenheira Ambiental para a realização do Cadastro.
Para oferecer um melhor atendimento, o Sindicato solicita
que os proprietários de imóveis rurais façam agendamento de
data e horário para realizar o CAR.
Nosso atendimento é de Segunda à Sexta Feira,
das 7:30 às 11:30.
O agendamento também pode ser feito pelo telefone:
(48) 3654-0183.
A bocha é a grande atração das noites de sexta feira.
Desejo a todos uma Feliz Páscoa,
cheia de paz, amor e muita saúde!
Luiz Schmidt
Coordenador Geral
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
COMUNIDADE
MATA VERDE
Kátia Vandresen | Ronaldo Michels
Alunos Holandeses, Americanos e Russos em terra de alemães, saboreando um porco a paraguaia. Este foi o encontro mais produtivo dos alunos que
estiveram visitando Santa Rosa de Lima no mês de março, vindo de universidades dos Estados Unidos, para um intercambio, e apresentação de projetos
na Capital da Agroecologia. Foram cerca de uma semana de visitas por propriedades e locais de Santa Rosa de Lima, e um destes encontros bem animados ocorreu na comunidade de Mata Verde, organizado pelo Bertilo Vandresen “Tilico”. Em uma noite de chuva, os alunos, professores, comunidade
e visitantes trocaram experiências e muita conversa rolou entre todos, mesmo
que o inglês não era entendido pela grande maioria dos santarosalimenses,
alguns tentavam dar uma enrolada e fazer uma média. O auge da festa foi o
porco a paraguaia degustado e aprovado por todos, e claro também pelos
nossos visitantes que saíram com a barriguinha bem cheia. Parabéns também ao Valdir Antunes que comandou a churrasqueira.
Família Jundiá esta Crescendo
Depois do Kelvin Vandresen e Bruna Marques
trazer ao mundo o jundiazinho Kleber Marques
Vandresen no dia 9 de Dezembro de 2014, agora
foi à vez do casal Franciel Dutra e Andréia Assing
Dutra estar sendo os responsáveis pela família jundiá receber mais um integrante, e estão felizes com
a chegada do pequeno Davi Luiz Assing Vandresen
que veio ao mundo com muita saúde e disposição
no ultimo dia 24. O próximo Jundiá a aparecer pelas bandas da Mata Verde deve ser o filho (a) da
Ana Maria Vandresen e Ronaldo Vandresen (Budu),
e este será considerado um jundiá puro, e ninguém
COMUNIDADE
RIO DO MEIO
Ana Beatriz Kulkamp | Diana Kulkamp | Karine Neckel
Visita internacional
É cultura, mas é no Lixo!
As culturas são diferentes, o idioma é diferente,
os gostos são diferentes, e o jeito de tomar cerveja também é. Neste quesito temos que fazer aqui
uma brincadeirinha com alguns mataverdenses, o
Dairson e o “Chaveta”, que tiveram que recolher as
garrafas de cerveja de dentro do lixo, tomadas pelos “estrangeiros”. Vamos Explicar. É que a cultura
de nossos amigos visitantes é de pegar a garrafa
de cerveja beber do próprio gargalo e no final ela é
descartada e jogada ao lixo, fato este não entendido pelo seu Dairson Vandresen e nosso nobre vereador Robson Siebert, o “Chaveta”.
27
segura. Ainda bem que nos últimos tempos São
Pedro tem colaborado em mandar chuva regularmente para manter o nível do Rio que corta a
Comunidade da Mata Verde, pois senão com tanta
jundiazada por aqui iria faltar espaço. Segura que
os bichos são lisos!
Vereador Vovô
Quem esta feliz também aqui pelas bandas da
Mata Verde, é o Vereador Alberto Henrique Becker
o “Beto” e sua esposa Romiria Schueroff Becker,
com a chegada da netinha Helena. A filha do casal
Jeise Becker Bloemer e Romilto Bloemer também
veio ao mundo nesse mês de março. E deixou feliz
da vida também o agora titio Jair.
Um Recado Importante, preste atenção!
Este recado é importante, ao Vani Dutra “Nico” e
também ao Vereador “Beto”, tomem cuidados, agora sendo vovôs vão ter que se acostumar a dormir
(e só dormir) com as vovós. Há, e para não esquecer, Dairson e Salésio vão se preparando que o dia
de dormir com as vovozinhas “Kinha” e Janete também esta quase chegando, não adianta ficar rindo
dos outros vovôs.
Um produtor de fumo
Neste mês vamos reproduzir uma conversa que tivemos com agricultor João Kulkamp, mais conhecido pelo
nome de Jonas. Jonas reside na comunidade de Santa
Catarina desde que nasceu. Ele e sua família tem a principal renda provinda da plantação de fumo e para complementar, produzem queijo colonial e gado de corte.
Aos 53 anos de idade o agricultor nos conta que “desde pequeninho trabalha com o plantio de fumo, “faz 44
anos”. Diz que sempre fez isso, “por não ter outra opção
de trabalho para obter renda na propriedade”.
Agrotóxicos
Jonas diz saber dos riscos que ele e sua família correm por fazer uso de agrotóxicos na plantação. Ao mesmo tempo se conforma, “ao final de tudo, sempre dá
certo. A renda da família está garantida”. Afirmação que
não é “100%”, diz ele, “se caso der errado na plantação
diminui a produção. Se der muita seca, uma chuva de
granizo ou até mesmo uma praga que afete o fumo. Aí
não se tem mais a qualidade desejada pela fumajeira
que compra.
Má classificação da produção
Neste ano, avalia Jonas, “os produtores estão insatisfeitos com a classificação do fumo feita pela fumajeira.
Não está sendo muito boa para os produtores. O agricultor relembra, “nos outros anos, a classificação também já não estava boa. Mas, ainda tinha a condição que
nos produtores aceitássemos a colheita. Neste ano, nos
pediram que colhêssemos um fumo bem maduro e agora, na hora de comprar nosso fumo, que pediram bem
maduro, mudaram de lógica. Querem um fumo que não
fosse colhido maduro. Assim, não sabemos mais como
o classificador quer. Pede de uma maneira e depois inverte”.
Algumas exigências da fumajeira
Para a plantação de fumo a fumajeira nos exige muitas coisas que nós produtores, muitas vezes, não conseguimos fazer de imediato. Um exemplo é a construção
da casa do agrotóxico para uso exclusivo destes insumos. Eles também exigem que as pessoas que trabalham junto com a família, os “empregados”, não façam
suas refeições no mesmo local que o produtor. Isso
chega a ser constrangedor. Trabalha o dia todo junto e
quando chega a hora de fazer as refeições, não pode
fazer no mesmo espaço.
28
Santa Rosa de Lima, Abril/2015, Canal SRL
projeto. E não vai aguentar! Vai ser como
aquela maquiagem carregada de “quenga”, no final de uma noitada.
Um laudo de porco sobre um serviço
porco
Como tenho repetido, a pavimentação
do Morro dos Roecker virou uma novela.
E daquelas cheias de maldades. É serviço porco atrás de serviço porco: coloca
(mal) os pavers; arranca os paver; recoloca (mal) os pavers... E vieram as chuvas...
Crateras se abriram e os pavers ficaram
mais espetados que couro de jacaré.
Porco não precisa ter razão para ir
em frente, mas este Macau “quase engenheiro” avisou que o serviço tinha até
ficado mais arrumadinho. Mas, que não
ia aguentar. Quiseram “tirar o meu couro”
por causa disso. Não deu outra. Vieram
as esperadas e previsíveis chuvas de verão e lá se foi muito paver para a grota.
A maquiagem vai durar?
Depois de muita chiadeira, a empresa Zabel “arrumou” o que a chuva havia
estragado. Para receber mais uma vistoria e a visita do Banco Mundial? Porque
arrumou, mas não resolveu. Maquiou!
As coisas parecem continuar mal feitas e
mal resolvidas. Só se remendou os estragos da chuva, sem mexer na base da pavimentação. Nas laterais, se colocou apenas uma camada de terra para “segurar”
o meio fio. Vão dizer que é o espírito de
porco deste descendente de javali. Mais
uma vez, contudo, a obra não atende ao
Qual o fim do novelão sem fim?
A obra tem causado muitos transtornos para os santarosalimenses. Se tivesse sido bem feita de saída, tudo estaria
resolvido (e eu, provavelmente, sem assunto). Mas fica esse faz mal feito, vistoria, não paga; refaz mal feito, vistoria, não
paga... E a novela não termina! Até “Império”, que parecia interminável, acabou. E
começou “Babilônia”... Mas “O morro dos
Roecker” vai para o capítulo mil. Como vai
acabar? Vai ficar por isso mesmo? A empresa vai acabar ganhando no cansaço,
receber o que não parece merecer e deixar o problema para a prefeitura resolver? A prefeitura vai aceitar a obra como
está? Não percam as cenas dos próximos
capítulos.
Desajustaram o reajuste
Aquilo que deveria ser comemorado
como o cumprimento de um direito, por
parte dos servidores públicos municipais,
acabou virando frustração. O projeto de
Lei de reajuste dos vencimentos dos servidores mal deu entrada na Câmara e foi
“recolhido” pela administração municipal.
Para “ajustes”, segundo se justificou. E o
ajustamento foi parcelar a reposição das
perdas resultantes da inflação do último
ano. O salário mínimo no Brasil é reajustado no dia 1º de janeiro. O projeto de lei
municipal veio para a Câmara no final de
março. E acaba escalonando a reposição
das perdas em “suaves parcelas”. Os servidores municipais terão que aguardar
até quase o final do ano para repor o seu
poder de compra. Mas aí, já foi comido
de novo por uma coisa chamada inflação.
E a valorização dos professores?
Sempre ouço os políticos e os secretários municipais dizerem que é preciso valorizar a educação. E que, por isso, “é preciso valorizar os professores”. E eu mexo
as orelhas, pra frente e pra trás, concordando. Mas, com meu pequeno cérebro,
julgo que valorizar os professores é oferecer condições adequadas de trabalho
e, acima de tudo, pagar uma remuneração digna e justa a quem tem a responsabilidade de educar os cidadãos de hoje e
de amanhã. O que vejo é que isso só está
presente nos discursos. Basta ver o que
ocorre na rede estadual: os professores
precisam fazer greve para brigar por seus
direitos, assegurados pela política nacional de educação. E o que ocorre na rede
municipal: o piso será pago em “suaves
prestações”. Como se fosse um custo e
não um investimento. Enquanto isso, dálhe areão nas estradas... Isso, sim, dá futuro...
Polícia Federal em SRL
Recentemente, ouvi um burburinho
na “praça”. Um delegado da Polícia Federal, escoltado por um agente, permaneceu dois dias no município. Vieram fazer
“oitivas” (ouvir testemunhas ou implicados), dentro de um inquérito em curso.
Como porco não fala, não foi intimado.
Mas descobriu que mais de uma dezena
de pessoas foram chamadas para prestar
depoimento. O que os delegados queriam saber? O que teria motivado o delegado da Policia Federal a ter vindo, por
dois dias, a Santa Rosa de Lima? Passear,
fazer turismo e comprar produtos orgânicos, parece que não foi!
Banho de “groselha”?
Meus primos porcos, de Rio Fortuna,
me relataram uma grande porcaria. No
Rio Bravo Baixo, em plena tarde, um operador de máquinas da prefeitura, acompanhado, em pessoa, pelo prefeito Lourivaldo (Pita) Schuelter, aplicava herbicidas
às margens da estrada municipal. Para o
prefeito, “roçar” parece significar pulverizar os barrancos e beiras de estradas
com produtos químicos de síntese. Sem
prevenir e sem respeitar minimamente
as pessoas que moram na comunidade e que transitavam pela estrada. Sem
respeitar, da mesma forma, as águas, as
plantações e as propriedades orgânicas à
beira da estrada. Trata-se de uma questão de saúde pública e de uma grande irresponsabilidade. Além do altíssimo risco
de contaminar pessoas, animais, plantas,
águas e solo, a administração municipal
de Rio Fortuna esta colocando em risco
empreendimentos agroecológicos com
quase vinte anos de história. Está na hora
de termos leis municipais que evitem barbaridades como essa. Bons exemplos há,
aos montes, por Santa Catarina.
Pegue e não pague?
Dias atrás saiu uma nota em um jornal
de circulação regional. Dizia que a Ceral
– Cooperativa de Eletrificação Rural de
Anitápolis – está com faturas de energia
em atraso junto a sua fornecedora, a CerbraNorte. Dizia, ainda, a mesma nota, que
já eram quatro faturas em atraso. E mais:
que, de agora em diante, a CerbraNorte
vai exigir que a Ceral pague a fatura do
mês e mais uma das que estão em atraso. Isso até colocar a “conta em dia”. Os
sócios da Ceral estão pagando em dia,
senão recebem aviso de corte. No segundo mês! Até que se prove que focinho de
porco não é tomada, vou ficar desconfiado com este atraso de quatro meses.
Download

24 - canal srl