Ex. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Aveiro
Apresentação fundamentada da Moção para defesa da FARAV e dos Artesãos
Moção requerida nos termos do Regimento da AM, que constam no nº 1 do seu artigo nº 18; e
na Lei 75/ 2013, nº 53.
Ex. Senhor
A Moção em defesa da FARAV – Feira de Artesanato de Aveiro e dos artesãos tem como
base defender um certame que é realizado em Aveiro há 35 anos consecutivos e que é dirigido
à valorização, promoção e comercialização de bens provenientes do trabalho manual ou
produção de artesãos (de artesão + ato).
Este certame teve desde a sua génese o apoio financeiro, logístico e de produção proveniente
de parceiros do sector do artesanato, de entidades públicas e da administração central tais
como o Instituto de Emprego e Formação Profissional de Aveiro, a Câmara Municipal de
Aveiro, a Associação de Artesãos do Distrito de Aveiro, A Barrica, a Federação Portuguesa
de Artes e Ofícios, entre outras.
Os artesãos são um grupo profissional com uma classificação específica, CAE próprio e
detentores de uma carta de artesão que lhes confirma a sua competência e que lhes requer um
conjunto de requisitos técnicos, artísticos e de originalidade exigível na produção artesanal.
Na atualidade, estes profissionais têm um problema social comum a outros grupos
profissionais e que reside na manutenção e na vitalidade da sua atividade e na distribuição da
produção artesanal de forma regular e devidamente apresentada aos públicos.
As feiras de artesanato são o seu local de venda tradicional e na atualidade são o espaço ideal
para a comercialização destes bens culturais.
A FARAV é em Aveiro e para o País, uma feira com história e com tradição, com valor
patrimonial imaterial e com distinção consolidada.
Os artesãos têm neste certame a sua melhor referência no que à produção artesanal concerne,
vista numa escala nacional e até internacional.
Logo, o que a presenta Moção apela e reivindica é a defesa da FARAV e a defesa dos
artesãos que nela participam.
O espaço físico que sempre melhor se lhe adaptou foi o do Rossio pela centralidade deste
vazio urbano e pela visibilidade que o mesmo apresenta no desenho da cidade de Aveiro – o
de montra do centro da cidade com evidência do canal central e com acessibilidade
privilegiada aos que residem no concelho e aos turistas que visitam a cidade.
Este ano de 2014, à imagem de anos anteriores, poderia oferecer a mais valia da sua extensão
às ruas da Beira mar e assim reatualizar os temas que os artesãos trabalham e recriam nos
exemplos patentes neste bairro tão característico da Cidade e repleto de azulejos manuais, de
calçadas figurativas, de beirais em telha de aba e canudo, nos remates dos telhados, nos ferros
forjados das varandas, etc...
Modernização da FARAV não pode significar a sua interrupção e silenciamento, pois tal facto
só irá contribuir para o empobrecimento destes profissionais que assim se vêm privados da
venda do seu produto, para além de ser um ato negativo e desmobilizador dos artesãos à
escala nacional e local.
A FARAV é uma das feiras que maior fluxo de visitantes movimenta, a par com a tradicional
Feira de Março e com a Agrovouga. Estas três Feiras formam a tríade identitária do comércio
tradicional – a FARAV, do divertimento popular - A Feira de Março, e da mostra mais
genuína da produção agrícola, da exploração bovina e de demais espécies autóctones – a
Agrovouga.
A FARAV contribui para a afirmação no mercado nacional e regional de um nicho de
mercado de identidade, de autor e de manifesto interesse cultural e patrimonial.
Esta feira tem se mantido por esforço, dedicação e persistência dos artesãos a par com o
contínuo reconhecimento do seu valor pelas entidades oficiais que nela participam.
Aos artesãos devemos este nosso reconhecimento pelo produto do seu trabalho, pela
promoção dos saberes e das técnicas tradicionais e pela inovação que vão implementando em
novas formas, novos desenhos, diferentes materiais mas com uma matriz constante – a do
produto de identidade portuguesa e de referência nos mercados nacionais e internacionais.
Cumpre nos a todos nós, cidadãos e munícipes de Aveiro, entidade públicas e privadas,
órgãos de comunicação social, órgãos políticos, órgãos associativos da região, entidades
culturais, comerciais, entre outras, lutar pela manutenção destes certames pelo seu valor e
pelo que manifestamente contribuem em termos de crescimento económico para o território
de Portugal.
Mas com a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos
pertencentes à chamada cultura popular.
O artesanato é tradicionalmente a produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão)
possui os meios de produção (sendo o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalha
com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da
matéria-prima, até o acabamento; ou seja, não havendo divisão do trabalho ou especialização
para a confecção de algum produto
Mais se informa que irei anexar informação complementar com conteúdos acerca do motivo
que sustenta esta Moção e do objectivo circunscrito a esta temática da arte e da sua promoção
em termos de mercado e de valorização cultural.
A deputada,
Maria da Luz Nolasco Cardoso
Aveiro, 12 de Junho de 2014
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