INVENTÁRIO FOTOGRÁFICO DO BARRO: MAPEAMENTO VISUAL DOS MESTRES ARTESÃOS DO BARRO EM CARUARU Eduardo Romero Lopes [email protected] Ana Helena Soares Cavalcanti,Janaína Campos Barros,Walkíria Nunes Lopes, Maria Aparecida Lopes Nogueira (NASEB) Introdução Muito se discute sobre as controvérsias pelas quais a Fotografia sempre esteve propensa. O peso de testemunho do real que a Fotografia carrega e sua característica de imagem polissêmica é um dos motes que justificam tais controvérsias. Contudo, percebe-se que muito pouco foi debatido ou escrito sobre como se apreciar fotografias (Kossoy, 2002), principalmente levando-se em consideração seu poder de síntese que proporciona de maneira privilegiada, a análise formal do referente (Dubois, 1993). Talvez aí resida um dos motivos que expliquem sua ampla penetração e popularização em diversas esferas socioculturais. Mesmo inconscientemente somos compulsivamente fotógrafos e nossa memória é um álbum de imagens fotográficas. Mas seria simplista falar da Fotografia pelo viés de que nosso cotidiano está impregnado por ela. A imagem fotográfica além de poderoso registro dos movimentos socioculturais é um meio de análise imagético formal, ou seja, um elemento discursivo para a apreciação crítica de formas e cores que se mostra uma possibilidade que se afina com a atividade do Design Gráfico. Considerando o Design como uma atividade que integra múltiplos meios de comunicação, atividades estratégicas e de inovação que ultrapassa as considerações funcionais e formais (Freitas, 2006), temos a imagem fotográfica mais do que um meio de manipulação visual, mas antes, como rica fonte de investigação. Contudo, podemos afirmar, a exemplo disso, que o poder de sedução da imagem fotográfica nos oferece múltiplos itinerários interpretativos, ao mesmo tempo em que nos mostra sua riqueza conceitual, que também nos lançam muitas possibilidades discursivas. Assim, ao propor o diálogo crítico a partir da imagem fotográfica com a produção do artesanato do barro no Agreste pernambucano, nos lançamos ao desafio de iniciar um amplo registro de imagens frente à grande produção local. Assim, o inventário fotográfico do barro propõe aprofundar o conhecimento da cultura que permeia essa atividade produtiva, que envolve os artesãos e seu meio social (comunidade produtora), que a partir da fotografia nos permite registrar, visualizar e analisar as facetas dessa cadeia criadora. Objetivo Realizar um mapeamento fotográfico dos mestres artesãos de Caruaru e adjacências com o objetivo de produzir um inventário visual que pretende fazer o registro das peças criadas por esses mestres em seu meio sociocultural. 1 Metodologia O projeto se divide em três etapas de trabalho: 1. Etapa – pesquisa etnográfica Trabalho de campo que visa traçar um perfil da cadeia produtiva do exercício do artesanato feito no barro em Caruaru. Este perfil deve considerar a complexidade do meio sociocultural dos artesãos em sua atividade criativa. Paralelamente ao trabalho de campo, verificaremos quais artesãos estão interessados em fazer parte do inventário e quais obras se prestam ao ensaio fotográfico. Pretende-se mapear o máximo de mestres artesãos possíveis. 2. Etapa – ensaio fotográfico Trabalho de registro fotográfico dos artesãos em seu ambiente de criação e das obras escolhidas na pesquisa etnográfica. Trata-se de registros fotográficos distintos - o artesão em seu ambiente de trabalho e as obras prontas - que seguem uma coerência estética. Pretende-se realizar cinco fotografias de cada mestre: duas em seu ambiente de trabalho e três de suas obras. Os artesãos serão consultados quando ao conteúdo fotografado de suas obras para aprovação dos mesmos. 3. Etapa - análise e compilação do material coletado As imagens serão analisadas e escolhidas. Será compilado um Cd com o material fotográfico coletado e devidamente documentado com: Nome do artesão; Título da obra; Ano de realização; Técnicas utilizadas (tipologia); Resumo das observações de campo. Gravação e distribuição de aproximadamente 200 Cds entre os artesãos, Ponto de Cultura do Alto do Moura e Museu do Barro. Resultados parciais A primeira etapa do mapeamento que compreende a catalogação do acervo do Museu do Barro no centro de Caruaru que inclui o levantamento dos nomes dos artesãos e suas obras foi concluída. No total, foram sistematizados 65 mestres artesão do barro no acervo do Museu do Barro. Estamos concluindo a pesquisa bibliográfica sobre o assunto e a coleta de dados dos artesãos em seus ateliês 2