MISSÃO
“A Universidade Católica de Brasília tem como missão atuar solidária e efetivamente para o desenvolvimento
integral da pessoa humana e da sociedade, por meio da geração e comunhão do saber, comprometida com a qualidade
e os valores éticos e cristãos, na busca da verdade”.
VISÃO DO FUTURO
Em 2020, no seu Jubileu de Prata, a Universidade Católica de Brasília - UCB será uma Instituição de referência
na Extensão, na Pesquisa e no Ensino indissociaveis e comprometidos com o desenvolvimento sustentavel e a Justiça
Social.
Reitor: José Romualdo Degasperi
Pró-Reitor de Graduação: José Leão da Cunha Filho
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Geraldo Caliman
Pró-Reitor de Extensão: Luiz Síveres
Diretor de Administração: Leonardo Nunes Ferreira
CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - CONSEPE
Presidente: José Romualdo Degasperi; Conselheiros: José Leão Da Cunha Filho; Geraldo Caliman; Luiz
Síveres; Alberto Shigueru Matsumoto; Alessandra Rocha de Albuquerque; Elen Cristina Geraldes; Ricardo Spindola
Mariz; Virgílio Pereira de Almeida; Adelaide dos Santos Figueiredo; Marileusa D. Chiarello; Pedro Ergnaldo Gontijo; Eric
Jacomino Franco; Adolfo Sachsida; Rogério Lúcio Soares da Silva Júnior; Claudinei Bourguignon Mascarelo.
Secretário Geral: José Teixeira da Costa Nazareth
2
Universidade Católica de Brasília - UCB
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - Consepe
PROJETO PEDAGÓGICO
INSTITUCIONAL - PPI
Brasília - 2008
3
Universidade Católica de Brasília - UCB
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - Consepe
Editora Universa
Marta Helena de Freitas
Revisão
Andréa Márcia Mercadante Alves Coutinho
Normatização
Maria Carmen Romcy de Carvalho
Maria Beatriz Alves Veloso
Tereza Rosa Borges de Holanda
Projeto Gráfico e Capa
EDUCA
U58p
Universidade Católica de Brasília. Conselho de Ensino, Pesquisa
e Extensão (Consepe). Projeto Pedagógico Institucional
(PPI)/ Universidade Católica de Brasília. - Brasília : Universa, 2008.
44 p .; 21 cm
1. Ensino Superior. 2. Projeto Pedagógico Institucional Universidades. I. Título.
CDU 37.014.5:378.4
Ficha elaborada pela Coordenação de Processamento do Acervo do SIBI - UCB.
4
APRESENTAÇÃO
O passado, o momento presente e o futuro, que compõem a história, são instâncias de tempo
que se interpenetram quando integram a dinâmica e o movimento de uma instituição. Configuram
esse movimento, essa dinâmica, os grandes Princípios Estruturantes, a Missão, a Visão de Futuro e os
Princípios Fundantes que atualizam estrategicamente as políticas e operacionalizam os projetos para
todos aqueles que a eles se integram.
O documento, ora apresentado, o Projeto Pedagógico Institucional da UCB – PPI, oferece à Universidade
Católica de Brasília e a seus colaboradores, as colunas mestras da caminhada, cuja finalidade é orientar
e balizar escolhas, posturas, atitudes e decisões.
Em primeiro lugar o PPI apresenta a história da UCB que, mumificada pela moldura da escrita,
revela como a Universidade veio cravando sua pronúncia, revelando, a si mesma, aos seus integrantes e
à sociedade, sua vocação de formadora da pessoa, do profissional e do cidadão identificado com a ética
cristã. Além disso, propaga sua vocação de transformadora da história. A fidelidade histórica é um grito
muito forte para todos aqueles que, integrando a Instituição, decidem por perpetuar sua memória.
Em um segundo momento, o Documento abre a porta para o confronto com os conceitos de
Pastoralidade, de Extensionalidade, de Sustentabilidade e de Indissociabilidade, princípios institucionais
estruturantes. Não há como não prestar atenção a eles, compreendê-los, apropriar-se deles e configurar,
a partir deles, todas as ações. Desenha-se por esses conceitos a cultura, o ethos e o perfil da Instituição,
e, por conseqüência, o perfil de todos aqueles que decidem por participar, como colaboradores, de sua
permanente construção.
Seguem, num terceiro instante, e reveladas pelo PPI, as políticas do Ensino, da Pesquisa, da
Extensão, da Comunicação Social, do Plano Estratégico e da Gestão de Relacionamentos. Nestas estão
manifestas as grandes opções e intenções Institucionais. Não é possível, ao colaborador da UCB, passar ao
largo desse caminho sem se tornar um aliado da perene busca de construção que é a Universidade.
Finalmente o PPI manifesta o desenho didático-pedagógico da Universidade. Defronta-se aqui com
seus fazeres e seus diferenciais. Saboreá-los, digeri-los e torná-los ação é um fundante compromisso.
Eles clamam por sintonia.
A última palavra do texto fala da avaliação. Ela será fator de melhoria e de realimentação do
processo. Espera-se que, com isso, a avaliação sistêmica, sistemática e permanente se torne cultura
na Instituição
Em síntese, recebe-se pelo PPI a carta de navegação da UCB, e nela todos os seus integrantes
são, a um só tempo, passageiros, tripulação, pilotos e comandantes. Bom seria se o Projeto Pedagógico
Institucional se tornasse um cotidiano espelho!
Pe. José Romualdo Degasperi
Reitor
5
6
SUMÁRIO
1. HISTÓRICO INSTITUCIONAL ............................................................................................................... 09
2. DESAFIOS ATUAIS PARA A SOCIEDADE E A EDUCAÇÃO SUPERIOR ....................................... 15
3. MISSÃO .................................................................................................................................................... 18
4. VISÃO DE FUTURO ................................................................................................................................. 18
5. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DA UCB .......................................................................................... 18
5.1. Pastoralidade ........................................................................................................................................ 18
5.2. Extensionalidade .................................................................................................................................. 19
5.3. Sustentabilidade .................................................................................................................................. 20
5.4. Indissociabilidade ................................................................................................................................. 21
6. POLÍTICAS INSTITUCIONAIS ............................................................................................................... 21
6.1. Políticas de Ensino............................................................................................................................... 21
6.2. Políticas de Educação a Distância ................................................................................................... 22
6.3. Políticas de Pesquisa .......................................................................................................................... 23
6.4. Políticas de Extensão .......................................................................................................................... 24
6.5. Políticas de Gestão .............................................................................................................................. 25
6.6. Políticas de Relacionamento ............................................................................................................ 26
7. ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA .......................................................................................... 28
7.1. Projetos pedagógicos de curso (PPC) ............................................................................................ 29
7.2. Foco de aprendizagem e em sua orientação e avaliação ............................................................ 30
7.3. Inclusão e Diversidade ........................................................................................................................ 31
7.4. Perfil do docente.................................................................................................................................. 32
7.5. Perfil do estudante e do egresso...................................................................................................... 32
7.6. Perfil do gestor..................................................................................................................................... 33
7.7. Perfil do colaborador técnico-administrativo.................................................................................. 34
7.8. Apoio pedagógico aos gestores, docentes e estudantes ............................................................. 34
7.9. Apoio pedagógico-administrativo aos gestores, docentes e estudantes .................................. 35
8. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ................................................................................................................ 35
9. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPI ..................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................ 38
ANEXO - RESOLUÇÃO CONSEPE .......................................................................................................... 41
7
8
1. HISTÓRICO INSTITUCIONAL
O registro documental, sistematização factual, o ideário filosófico e a modalidade virtual induzem-nos a análises
que necessitam do contexto, particular e geral, onde os fenômenos se manifestam. Sob a perspectiva da história das
mentalidades podemos conhecer as pedagogias que vêm sendo adotadas na Universidade Católica de Brasília.
Em sua Missão está definido o estado de compromisso com base em princípios de qualidade e de verdade na
busca, geração e comunhão do saber, sustentados nos valores ético-cristãos. A Universidade Católica de Brasília é
uma Instituição que se caracteriza por formar técnicos, especialistas, educadores, pesquisadores e cidadãos de acordo
com as necessidades da comunidade, da região e do país, desenvolvendo pensamentos científicos, onde estudantes e
professores realcem íntima relação entre ensino, pesquisa e extensão. Essa é a premissa teórica que orienta a história
da UCB no que diz respeito às suas opções metodológicas e pedagógicas.
Assim, a história da UCB, inserida no contexto regional do Planalto Central, está ligada à própria história do
Brasil quando o Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira assumiu a atitude política de construir Brasília, inaugurada
em 21 de abril de 1960. Esse fato promoveu a expansão econômica e a interiorização regional do país, ligando todas
as Regiões ao Distrito Federal. As conjunturas históricas, nas décadas de 1960/70, possibilitaram o desenvolvimento
urbano de Brasília e do seu entorno, o que foi muito significativo para a criação de uma Universidade Católica nessa
cidade.
As culturas regionais e as necessidades institucionais se concentraram em Brasília e, à medida que os órgãos
foram sendo transferidos para a nova Capital e de todos os lugares chegaram pessoas de diferentes classes sociais
para atender às funções públicas, privadas, o comércio, o transporte, as escolas também foram ocupando seus espaços
e redefinindo importâncias. As demandas se faziam presentes em todas essas áreas, promovendo um processo natural
de possibilidade de criação de uma universidade de visão comunitária, embora de gestão particular. Essa foi uma das
diretrizes pelas quais alguns diretores de escolas católicas resolveram fundar uma instituição de educação superior
no Distrito Federal. Para esse grupo, fazia sentido criar uma Universidade Católica, pois ela contribuiria para a política
de interiorização do Brasil, já que Brasília, na condição de Capital Federal, no centro geográfico do país, era ponto
nevrálgico da inserção regional e cultural.
Os idealizadores dessa futura Universidade Católica de Brasília1 tomaram iniciativas no sentido de unir os
propósitos de uma dezena de entidades educativas católicas que se desdobraram em ações e fundaram, em primeiro
lugar, a Mantenedora União Brasiliense de Educação e Cultura, com vistas a uma Instituição que seria a primeira
unidade de ensino2. O Registro em Cartório da UBEC se deu no dia 12 de agosto de 1972, como uma sociedade civil
1 Uma experiência, bem sucedida, até agora, “única no mundo”, de uma ação conjunta de Congregações Religiosas, sob uma só
administração. A União Brasiliense de Educação e Cultura – UBEC é a única Mantenedora de Universidade Católica que é formada por
membros de diversas Províncias Religiosas/Congregações, reunidas como Sociedade Civil.
2 Participam da reunião de criação da mantenedora da Universidade Católica de Brasília: 1. Egídio Luiz Setti – Diretor do Colégio
Marista de Brasília (L2/Sul), da Associação Brasileira de Educação e Cultura (ABEC); 2. José Teixeira da Costa Nazareth – Diretor do
Colégio Dom Bosco (W3/Sul), da Inspetoria São João Bosco; 3. Joseph Arthur Leonel Lamy – Diretor do Instituto Kennedy (W5/Sul),
da Aliança Brasileira de Assistência Social e Educacional (ABASE); 4. Jaques Marius Testud – Diretor do Colégio Marista (Taguatinga),
da União Norte Brasileira de Educação e Cultura (UNABEC); 5. Silvestre Wathier – Diretor do Colégio La Salle (Núcleo Bandeirante),
da Associação Brasileira de Educadores Lassalistas (ABEL); 6. Martiniano Araújo Vela –Diretor do Colégio Marista (L2/Norte), da União
Brasileira de Educação e Ensino (UBEE); 7. Antón Câmara – Diretor do Colégio Sagrada Família (W5/Norte), Associação Brasiliense de
Educação (ABE); 8. Sophia Café – Colégio Sagrado Coração de Maria (W3/Norte), da Sociedade Civil Casas de Educação; 9. Carlos Alberto
9
de direito privado e objetivos educacionais, assistenciais, filantrópicos e sem fins econômicos.
Instituída a UBEC, iniciou-se o processo de criar a primeira unidade, a Faculdade Católica de Ciências Humanas
– FCCH. Sediada no Plano Piloto de Brasília, a nova Faculdade teve início, em 12 de março de 1974, com os cursos de
Economia, Administração de Empresas3, que funcionariam no Colégio Sagrado Coração de Maria, na W3 Norte, e com
o curso de Pedagogia, cujas aulas se realizariam no Colégio Marista, na Cidade Satélite de Taguatinga4.
Os jornais da época realçavam a importância, para Taguatinga, da futura Universidade e esclareciam que, até a
implantação do seu Campus universitário, as aulas da Católica aconteceriam em salas de Colégios cuja Congregação
fazia parte da UBEC5.
Os primeiros três cursos instalados na Católica estavam de acordo com as perspectivas da sociedade brasiliense
que, para se adequar às atividades profissionais, buscava conhecimentos de nível superior. A procura pelo Ensino
Superior de qualidade, em horário noturno, interessava aos servidores de escalões intermediários, como forma de
assegurar a permanência nos cargos ou ascender a outras instâncias funcionais. A área de formação de professores
era um veio a ser considerado, pois as escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio, também cresciam
para atender a procura de estudantes. Ser professor era uma opção profissional importante na realidade das chamadas
“cidades satélites”, sobretudo na principal delas - Taguatinga. A permanente migração de pessoas, de todos os estados
do Brasil, era resultado das atividades gerais no Plano Piloto e em seu Entorno.
Diante dessa realidade, os cursos criados deveriam ser ministrados de acordo com Projetos Pedagógicos que
realçassem a qualidade técnica e cultural dos mesmos, considerando o interesse de crescimento profissional. As
aulas em horário noturno deveriam apresentar um modelo de ensino específico, pois os discentes, em sua maioria,
trabalhavam durante o dia e estudavam à noite. A Metodologia de Ensino da Faculdade foi definida com propósito
de sustentar um ensino de qualidade. Havia uma exigência de que a organização de conteúdos e as aulas, para
cada disciplina, fossem planejados por professores em equipes, no início de cada semestre e, com isso, um material
instrucional era distribuído aos estudantes.
Um Curso de Introdução aos Estudos Universitários (IEU) foi elaborado para os estudantes do nível básico que
recebiam as informações sobre o ensino superior e o funcionamento da Faculdade. Todas as equipes de professores
atuavam de acordo com as propostas metodológicas definidas para a Faculdade Católica de Ciências Humanas,
reforçadas por um trabalho de formação dirigido aos professores, instituindo-se, assim, o Curso de Formação de
Professor Universitário. Mais importante, ainda, foi a evolução para a criação do “Banco do Livro” que proporcionou
aos estudantes o acesso a todas as obras que eram indicadas pelos professores, de acordo com as disciplinas dos
cursos. Esse foi um sistema encontrado pela direção da FCCH para que os estudantes não ficassem presos apenas às
apostilas.
Barata Silva – representante do futuro Colégio Marista (W3/Norte), da União Sul Brasileira de Educação e Ensino (USBEE).
3 Diário Oficial, Ano CXII, nº 100, Capital Federal, 28/05/1974.
4 Decreto nº 73.813, assinado pelo Presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. O decreto nº 73.813 foi reafirmado com o de
nº 74.108 de 27 de maio de 1974 e assinado pelo novo Presidente da República Ernesto Geisel cujo artigo 1º definia a autorização do
funcionamento da Faculdade Católica de Ciências Humanas, mantida pela União Brasiliense de Educação e Cultura—UBEC.
5 Os jornais O Globo, do Rio de Janeiro, do dia 30/06/1973 e o Correio Braziliense, de Brasília, do dia 25/07/1973 noticiavam que, na
cidade-satélite de Taguatinga, seriam iniciados, em 1974, os primeiros cursos da Faculdade Católica de Ciências Humanas que estava em
fase de regularização junto ao CFE.
10
Em 8 de agosto de 1980, foram realizadas alterações nos Estatutos e Regimentos da UBEC e Faculdade Católica,
em razão de novas realidades conjunturais, permitindo que a instituição se organizasse numa estrutura de ensino mais
coerente e adequada à sua própria expansão. Ocorreu, então, a instalação das Faculdades Integradas da Católica de
Brasília – FICB6, reunindo a Faculdade Católica de Ciências Humanas, a Faculdade Católica de Tecnologia e a Faculdade
(Centro) de Educação7.
O processo de integração das Faculdades mostrava as tendências sociais no Distrito Federal, e os indicadores
observados definiram os rumos pedagógicos da Instituição. As FICB propunham uma unidade de direção que configuraria,
em um programa integrado, os trabalhos de Ensino, Pesquisa e Extensão e uma unidade de comando que providenciaria
a centralização da direção, reunindo os serviços de apoio técnico-administrativo e sistematização dos órgãos de ação
comuns aos vários cursos existentes.
Os cursos de licenciatura que foram autorizados pelo CFE eram frutos de uma longa etapa de observações
para apurar que demandas aconteciam na sociedade brasiliense e no seu entorno. Diante disso, a Católica priorizou as
iniciativas de cursos na área de Educação, de capacitação dos docentes da Fundação Educacional do DF e a Graduação
na área de Ciência e Tecnologia, levando-se em conta o conhecimento, experiências históricas e proposições das FICB
nessa área. A criação da Faculdade Católica de Tecnologia, que reunia os cursos de Ciências (Matemática, Física,
Química e Biologia) e o Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, mostrava a capacidade da Católica,
nessa área, pois desde 1976, esta realizava cursos e consultorias, graças à Empresa Técnica de Consultoria e Projetos da
Católica Ltda - ETUC. Era um momento de expansão do processo de informatização em todos os setores empresariais,
inclusive a própria implantação do sistema de controle acadêmico por computação, na Católica. A Faculdade Católica
de Ciências Humanas continuava oferecendo os cursos de Administração de Empresas e de Economia, dando ênfase ao
perfil do administrador e do economista, compatibilizando a matriz curricular com proposta do MEC/SESU e do Conselho
Federal de Técnicos de Administração – CFTA. Os cursos deveriam estar alinhados em conhecimentos, habilidades em
relação à oferta de empregos nas áreas de atuação do administrador e atitudes profissionais sustentadas pela ética8.
No transcorrer dos anos, o Programa Geral de Intenções da UBEC/FICB, para o triênio 1982–1984, apresentou,
como política, fazer e implantar o Projeto Pedagógico Educacional das FICB, tendo como metas: consolidar os programas
já estabelecidos em Taguatinga; reestruturar o Curso de Pedagogia; criar o Centro de Educação; expandir o Plano de
Capacitação de Docentes; implantar o Sistema de Controle Acadêmico por Computação (CISCAC); aumentar vagas
e ampliar os serviços na área de Processamento de Dados; implantar o Setor de Material de Ensino/Aprendizagem
(SMEA); implantar o Curso de Ciências e sustentar programas de extensão no sentido lato: o Curso de Metodologia
de Ensino Superior, o curso de Especialização em Administração de Sistemas de Informação e o de Especialização em
Alfabetização; organizar, em Convênio com a CAPES, um Banco de Informações em alfabetização; realizar intercâmbio
com instituições interessadas na formação do alfabetizador.
A estrutura pedagógica das FICB organizou-se em Departamentos Acadêmicos, racionalizando os trabalhos
dos professores e promovendo a integração professor/estudante. Programas foram desenvolvidos para melhorar as
condições do convívio de trabalho entre os estudantes, professores e administrativos. A Instituição desenvolver-se-ia de
maneira global, em lugar de enfatizar o desenvolvimento parcial e unitário.
6 De acordo com o Parecer nº 273/81 do antigo Conselho Federal de Educação – CFE.
7 Regimento das Faculdades Integradas da Católica de Brasília, 1981-1984.
8 Relatório do Programa de trabalho/83, elaborado pela assessoria das FICB, aprovado pela Diretoria Geral para execução a partir de
Abril/1983 e apresentado à Assembléia Geral da UBEC em reunião do dia 17/03/1984, p. 29.
11
Em 12 de março de 1985, foi inaugurado o primeiro Campus da Católica de Brasília, em Taguatinga, com o primeiro
conjunto de edificações, hoje denominado de São João Batista de La Salle. A expansão das FICB era inquestionável,
confirmando as possibilidades de trabalhos cujos objetivos, diretrizes de ação e metas a serem alcançadas visavam à
elaboração do Projeto para o reconhecimento das FICB em Universidade Católica de Brasília.
A cidade de Taguatinga se tornara um local estratégico. Ela cresceu, a 25 km do Plano Piloto, e tornou-se um
pólo econômico, com avenidas, altos edifícios e uma população ciosa de sua dignidade que, hoje, tem aproximadamente
300.000 habitantes. Sua expansão liga-se à própria condição de Brasília, ser um espaço geopolítico que atrai a gente
brasileira com todos os seus conflitos sociais. O espaço geográfico do Campus I da Católica, desde sua inauguração,
não só valorizou a área, mas se transformou num ponto de convergência populacional, que traz para si pessoas do Plano
Piloto, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Guará, Gama, Ceilândia, Samambaia, Brazlândia, Santa Maria, Recanto das
Emas e Riacho Fundo, além da própria Taguatinga. Os vários cursos oferecidos, então, atendiam à demanda de uma
população que buscava a formação acadêmica, e nela insiste, como forma de ascensão social, pessoal e profissional.
A partir de 1988/89, a Direção Geral das FICB, com dinâmica administração, renovou atitudes e acelerou as
condições para um futuro reconhecimento como Universidade. Um dos principais objetivos dessa direção foi providenciar
o processo para esse reconhecimento junto ao Conselho Federal de Educação. Os 17 cursos oferecidos estavam reunidos
na Faculdade de Educação, Faculdade de Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais, Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras, somados a estes, os cursos lato sensu da Pós-Graduação.
A Vice-Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento elaborou proposta de planos de trabalhos para 1989 e
dentre os objetivos e metas definidos estavam inclusos aqueles do Programa de Planejamento (PROPLAN), com uma
argumentação teórica do que poderia vir a ser a situação de futuro da Instituição. Um Plano de Ação foi elaborado
para o crescimento com qualidade, cujos projetos prioritários eram: a transformação das FICB em Universidade; o
desenvolvimento de atividades de pesquisa e incentivo à produção científica e divulgação; o incentivo ao programa de
qualificação e capacitação docente. Para a implementação desses projetos foi definido um Plano de Informatização, um
Plano de Serviços Administrativos Eficientes, um Plano de Pastoral e um Projeto Pedagógico Global que nortearia os
demais. Foram definidos uma Política de Recursos Humanos, um Programa Esportivo, um programa de Comunicação
Social e o Centro de Pesquisa. Em 1993, uma equipe de trabalho elaborou o Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI) que foi o primeiro documento oficial do que seria a UCB, aprovado pela Comissão de Especialistas do CFE.
Nesse contexto é que a Faculdade Dom Bosco de Educação Física foi integrada às FICB. Transferindo-se do Colégio
Dom Bosco, no Plano Piloto, passou a fazer parte do Complexo Educativo do que, depois, viria a se transformar em
Universidade. A Católica ofereceu o Curso de Educação Física, à sociedade, no 1º semestre de 1994, sendo o primeiro
curso da área da saúde da UCB.
O processo de transformação das FICB em Universidade foi um fato gerador de muitas expectativas e a Diretoria
de Planejamento, à época, buscava as unidades da Instituição para exposição do Projeto Universidade, seguida de debates
com os docentes. Houve a necessidade de reformulação de currículos, alterações do número de vagas, mudanças de
horários de cursos, reestruturação de carga horária de professores e mudança de regime de trabalho.
Depois de intenso trabalho, ao longo de dois anos, o Ministro de Estado da Educação e do Desporto assinou a
Portaria de Reconhecimento das FICB como Universidade Católica de Brasília (UCB), em 28 de dezembro de 1994,
com sede na Cidade de Taguatinga, e competência para todo o Distrito Federal. No dia 23 de Março de 1995, ela foi
oficialmente instalada em seu Campus I. Iniciava-se a primeira gestão universitária UCB de acordo com o que estava
sendo definido nos Planos de Ação e no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Nesse mesmo ano foi desenvolvida
12
uma metodologia específica para elaboração de Planos de Ação, os PA’s Anuais. O objetivo geral dessa metodologia era
permitir a composição, o acompanhamento e a avaliação dos Planos Anuais - planejamento setorial/operacional - da
Universidade, devidamente vinculado ao PDI. Os PA’s passaram a ser planejados, executados e avaliados anualmente,
considerando a acelerada expansão dos núcleos urbanos próximos à posição geográfica da UCB.
Os anos noventa denunciaram incertezas quanto às políticas públicas, em resolver as questões de infra-estrutura
demográfica em todo o país. A concentração urbana se refletia nas cidades-satélites de Brasília. As localidades em torno
de Águas Claras e Taguatinga, onde está o Campus I da UCB, reuniu um contingente populacional muitas vezes maior
que o do Plano Piloto de Brasília o que motivou, por parte do DF, uma prioridade de atendimento ao transporte coletivo
de massa, inovado pelo Metrô. Esse crescimento do DF implicou em demandas sociais variáveis que repercutiram sobre
os sujeitos que necessitavam da qualificação acadêmica para se sustentarem num mundo globalizado e materialista.
Os Projetos Pedagógicos de todos os Cursos da UCB, agora diversificados nas áreas de humanas, sociais,
tecnológicas e ciências da saúde, totalizaram até o final da década, mais de 40 cursos, distribuídos na Graduação, na
Pós-Graduação, no Ensino a Distância e em Projetos e Programas da Pró-Reitoria de Extensão. Nos anos de 1997 e 1998,
um grupo de mais de 100 pessoas, representantes de todos os segmentos da Universidade, promoveu longas discussões
com o objetivo de elaborar e implantar os documentos reguladores da UCB. O resultado desse trabalho produziu a
estrutura organizacional da UCB, o Estatuto, o Regimento Geral e o Plano Estratégico 1999/2010, nos quais constam
a Missão e a Visão de Futuro. Essa é uma perspectiva, hoje, já alcançada e para 2020, quando a UCB completará seu
jubileu de prata, já está sendo proposta uma nova Visão de Futuro.
Como vimos, os quatro anos da primeira gestão universitária foram de organização e estruturação da Universidade
Católica que expandiu os vários Cursos de Graduação em diferentes áreas do saber: Pedagogia, Administração de
Empresas, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis, Tecnologia em Processamento de Dados, Matemática, Física,
Química, Ciências Biológicas, Ciências da Computação, Filosofia, Letras, Educação Física, Relações Internacionais,
Comunicação Social, Direito, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia e Psicologia. Havia, ainda, quatro programas de PósGraduação stricto sensu, além dos outros cursos lato sensu e dois cursos do Ensino a Distância9. Foram instituídas
unidades de apoio como a Unidade de Apoio Didático-Educacional (UADE) e a Unidade de Apoio Didático-Administrativa
(UADA), e instalada uma Seção de Apoio ao Aluno (SAA). A modernização alcançou as salas de aulas, inclusive as
denominadas “Salas TOP” que eram equipadas com tecnologia áudio–visual, sem falar nos laboratórios de informática,
utilizados como Espaços de Aprendizagens Práticas (EAPs).
A segunda Gestão Universitária iniciou-se em 23 de Março de 1999 e confirmou as atitudes tomadas anteriormente,
ampliando e expandindo os cursos de Graduação e Pós-Graduação para as áreas mais demandadas pela sociedade e
entidades de classe da época. Preocupou-se, sobremaneira, com a Pós-Graduação, com a Pesquisa e a Extensão e
redefiniu o corpo docente, contratando mestres e doutores em tempo integral. Os programas e os projetos de extensão
marcaram a presença da Universidade na comunidade de Brasília, Águas Claras e Taguatinga, e o avanço do Ensino a
Distância ganhou projeção com o Curso de Aprendizagem Cooperativa e Tecnologia Educacional na Universidade em
Estilo Salesiano.
Até o ano de 2000, a Coordenação de Planejamento criou e implantou o Plano Estratégico, envolvendo os horizontes
de 2002-2010. Implantou o Sistema de Planejamento (SISPLAN) que permitiu a elaboração, o acompanhamento e a
avaliação dos PA’s, de forma on-line, totalmente automatizado. Esses anos foram determinantes para a consolidação
9 Relatório de Gestão, 1999 - 2003.
13
da Universidade. A expansão da Graduação se verificou com cursos significativos como o de Engenharia Ambiental,
Medicina, Normal Superior e Enfermagem. Uma nova estrutura vinculou, diretamente, as Direções dos Cursos à PróReitoria de Graduação o que tornou as tomadas de decisões acadêmicas ou pedagógicas mais ágeis e flexíveis. Guiada
pela missão da Universidade e pelos princípios da participação e do diálogo aberto entre todos os seguimentos da
comunidade acadêmica, a Reitoria adotou quatro grandes Colegiados de Áreas, definidos pela Universidade: Colegiado
da Área de Ciências Sociais Aplicadas; Colegiado da Área da Ciência e Tecnologia; Colegiado da Área de Humanidades;
Colegiado da Área de Ciências da Vida e também os Colegiados de Curso, com ampla representação de docentes e
discentes. Importantes convênios foram efetivados com a Secretaria de Estado de Saúde do DF, com o Hospital das
Forças Armadas (HFA), com a Secretaria de Estado de Educação do DF e com diversas empresas privadas. Mudanças
curriculares e ajustes nos Projetos Pedagógicos foram realizados para a adequação das Diretrizes Curriculares do MEC.
O padrão de qualidade previsto no Plano Estratégico 1999-2010 estava, mais uma vez, sendo atingido.
A Universidade, no período de Março de 1999 a 2002, alcançou significação em trabalhos de Extensão Universitária,
crescendo em estrutura organizacional, quantidade e qualidade dos programas, de projetos, em número de competência
dos profissionais e na consistência da reflexão. A Pró-Reitoria de Extensão constituiu as Diretorias de Programas
Comunitários (DPC), de Programas de Extensão (DPE), de Programas Pastorais (DPP), de Programas Interinstitucionais
(DPI), a Coordenadoria de Programas de Beneficência e Assistência Social (CBAS), Centro de Estudos de Desenvolvimento
Integral e Participativo (CEDIPAR), Serviço de Orientação e Acompanhamento Psicopedagógico (SOAPPE) e o Serviço
de Ouvidoria.
Ética, qualidade e inteligência foram sinônimas de atitudes nos trabalhos da Pró-Reitoria de Pós-Graduação
e Pesquisa. Foi instituído o Comitê de Ética na Pesquisa (CEP) e um crescimento muito significativo aconteceu
nos programas stricto sensu, lato sensu em nível de Mestrado e Doutorado. A política adotada foi fundamentada na
construção da inteligência organizacional, contratando-se pessoal qualificado. Esta foi considerada uma atitude vital à
sustentabilidade e competitividade da Instituição, “(...) para a qual conhecimento não constituiu a sua única matériaprima, mas também o seu mais importante produto”10.
Bem estruturada, a Católica Virtual (CV/EAD), credenciada pelo MEC para programas de Pós-Graduação lato
sensu , se tornou uma área para o desenvolvimento de tecnologia na educação e, mais que isso, organizou todo um
Projeto de Educação a Distância que foi implementado e conquistou espaços internacionais.
11
Em 23 de Março de 2003, um novo grupo de pessoas assumiu a terceira Gestão Universitária, com determinação de
reconstituir uma Gestão Colegiada e de trabalho em equipe, em todos os níveis. Assim, a proposta pedagógica implantada
visava manter projetos já delimitados pela administração e partir para implementar o Realinhamento Organizacional,
o Projeto de Gestão Acadêmica e o Projeto Identidade. Os rumos tomados visavam satisfazer às necessidades dos 92
Cursos, oferecidos pela Graduação - agora dividida em Centro de Educação e Humanidades, Centro de Ciências da
Vida, Centro de Ciência e Tecnologia e Centro de Ciências Sociais Aplicadas; Pós-Graduação, Seqüenciais e Ensino a
Distância - mais os Programas e Projetos de Pesquisas da Extensão. Essa Reitoria teve uma atenção muito específica
quanto ao Ensino a Distância, considerando que projetos de Cursos de Graduação a Distância foram submetidos ao MEC
e foi criado o Centro Católica Virtual de Educação a Distância (CCV/EAD). A expansão desse Centro foi acelerada com o
credenciamento dos Cursos pelo MEC e a criação da Rede de Pólos de EAD, em diversas cidades de todo o Brasil, sem
10 Relatório de Gestão, 1999 – 2003.
11 Relatório da Educação a Distancia na UCB (10 anos de EAD na UCB e 6 anos de Católica Virtual), 2006.
14
falar na abertura dos pólos no Japão e na África12.
As avaliações institucionais e de curso, realizadas durante esse período, atestam a excelência da educação superior
realizada na UCB, bem como a indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Como conseqüência desse processo,
as decisões são aprofundadas, consistentes e compartilhadas; o estratégico se torna fundamental no planejamento da
UCB e no seu Plano de Desenvolvimento Institucional, que se renova e se prospecta13.
Em continuidade às avaliações positivas da UCB, a quarta Gestão Universitária teve início em 01 de Janeiro
de 2007, com o propósito de que o seu Ensino, Pesquisa e Extensão cheguem a ser referência para todo o país. Os
princípios norteadores dessa gestão estão centrados, em primeiro lugar, na preservação da Identidade Institucional
que se viabilizará com propósito de Pastoralidade e Extensionalidade, síntese da Catolicidade, cravada em seu nome.
Esses princípios deverão impregnar, de maneira visceral, o exercício da responsabilidade, confiada ao grupo de gestores
que, hoje, conduz a Universidade. O segundo aspecto a ser considerado por essa Reitoria será a indissociabilidade do
ensino, pesquisa e extensão, tornando mais ampla possível a acessibilidade social. O terceiro aspecto é o fato geopolítico-social dessa Instituição estar implantada em Brasília. O diálogo e a cooperação solidária com o poder público e
as organizações da sociedade civil é dever da opção feita. Ser de Brasília desafia de forma universalizante o exercício
concreto da responsabilidade confiada daqueles que, integrando-a, compartilham da caminhada da Universidade. A
Pastoralidade, a Extensionalidade, o Compromisso Social, a Brasilianidade e a Geração e Comunhão ampla do Saber são
balizadores que devem estar materializados e visíveis nas vísceras desses projetos e políticas14.
Assim, a Gestão que se inicia em 2007 se desdobra em três dimensões: a Gestão Acadêmica, a Gestão de
Pessoas e a Gestão Administrativo-financeira que estão compromissadas com as diretrizes acima definidas. Toda a
estrutura acadêmica da UCB, com seus Cursos, Programas e Projetos, está diretamente vinculada às Pró-Reitorias e
Diretorias cujos gestores também se encontram envolvidos com os mesmos propósitos. É importante realçar os créditos
que a Reitoria está concedendo à modalidade da educação a distância, pois a Universidade Católica de Brasília Virtual
(UCBV) evoluiu com vistas à sustentabilidade econômica e de expansão, o que exige a estruturação de seus processos
e serviços internos, bem como a ampliação da sua equipe de profissionais.
As modificações estruturais da sociedade não passam despercebidas pelos gestores da UCB e o seu Projeto
Pedagógico se atualiza, percebendo as contradições dos sistemas políticos e econômicos da atualidade em luta com
as próprias questões internas, procurando vencer as crises e sustentar seu espaço físico e intelectual no quadro da
realidade nacional e regional do Brasil.
2. DESAFIOS ATUAIS PARA A SOCIEDADE E A EDUCAÇÃO SUPERIOR
Desde os tempos imemoriais, o ser humano enfrenta desafios pela sobrevivência da espécie. Ainda na antiguidade,
o fascinante mundo criado pelos pensadores gregos instigou a capacidade essencial no tocante à assimilação do
desafiante universo da filosofia com a qual nos ensinaram a pensar.
Os filósofos clássicos não só inventaram palavras e conceitos, que durante séculos desvendaram os mistérios da
12 Relatório da Educação a Distancia na UCB (10 anos de EAD na UCB e 6 anos de Católica Virtual), 2006.
13 Relatório de Gestão, 2003-2006.
14 Discurso de Posse do Pe. José Romualdo Degasperi, atual Reitor da UCB. 23/03/2007.
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natureza e dos homens para boa parte do mundo, notadamente o ocidental, deixando um apreciável legado intelectual,
como também criaram uma linha mestra do pensamento.
Nos últimos anos, as sociedades mundiais sofreram profundas transformações, principalmente no campo
econômico e nas relações de mercado. Passaram a exigir do homem capacidades de aprender novas habilidades, de
assimilar novos conceitos, de avaliar novas situações, de lidar com o inesperado, de propor mudanças e de adaptar-se
às condições em transformação.
A mundialização do mercado, dos investimentos, da indústria, da informação e da produção do conhecimento
sobre os processos locais, regionais e nacionais caracterizou a globalização. A nova economia sustenta-se na utilização
eficiente do conhecimento e na perpetuação de políticas de interesse de potências internacionais.
A revolução cultural, que transformou entes em seres pensantes e participativos, consistiu em emancipar a filosofia
política e a ciência natural dos estreitos limites em que crenças das civilizações precedentes as tinham aprisionado.
Com a extraordinária aventura do advento da sociologia e da ciência política e o conseqüente emolduramento da
sociedade, decorrente da progressão intelectual, a busca do conhecimento foi crescendo de importância, aumentando
seu poder de campo e atuação e passando a ser a mais desafiadora das atividades humanas.
Estabeleceu-se uma crise de paradigmas de relacionamento pelo avanço desenfreado da informação, por meio
da informática e das tecnologias desenvolvidas, surgindo a sociedade da informação, caracterizada pela capacidade
de gerar, gerir, manusear, armazenar e distribuir informações. Tais transformações resultaram e ainda resultam na
mudança de valores, na reorganização da política mundial, com reflexo na educação.
Observa-se que o padrão de relacionamento autocrático, hierárquico e formalista, característico do “taylorismo”,
vem sendo substituído pela flexibilidade, pela tolerância com as diferenças e por relações mais igualitárias. Mudanças
culturais questionam o comportamento individual, a estrutura familiar, a sociedade, as instituições, surgindo a idéia da
participação como alternativa administrativa.
Para alguns teóricos, a sociedade passou por várias ondas evolutivas. A última, altamente influenciada
pelo assombroso desenvolvimento tecnológico, sofreu transmutações com o surgimento de novos conceitos, até à
multifacetada situação atual, onde a profusão de dados interfere na sistematização da aquisição do conhecimento.
Para outros pensadores, a nova sociedade pós-capitalista, apoiada nas atividades sociais e econômicas, é a
chamada sociedade centrada em dados, ou seja, centros e redes para suprir o conhecimento mais amplo. Informação e
conhecimento são considerados fatores primordiais para a produção e o desenvolvimento do bem estar comum.
O século XXI traz em seu bojo profundas marcas de desigualdades sociais que se apresentam no escopo
da miséria, nas calamidades sociais, na fome de muitos e na opulência de poucos. Nessa conjuntura da sociedade
contemporânea, é viável destacar a complexidade de ações do homem, referentes ao enfrentamento de questões que
apontam para o muito que ainda está por ser pensado e realizado em termos de alternativas criativas para os problemas
da nossa época, em especial aos problemas da educação.
Diante das inúmeras e crescentes modificações que se apresentam na sociedade globalizada, surgem novas
possibilidades e necessidades para a educação superior. O avanço desenfreado da informação, por meio da informática
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e das novas tecnologias, fez surgir a sociedade da informação. Com tais transformações, cabe à educação, de um lado,
atender às exigências do mercado globalizado, que prioriza cada vez mais o domínio de vários conhecimentos, e, de
outro, a formação humana. Dessa forma, a escola precisa se organizar, de maneira a atender os objetivos de estudantes
e da sociedade, superando os objetivos traçados por Leis e políticas. A gestão democrática é uma possibilidade de
organização administrativa, que, se bem entendida, estimula a participação de todos os segmentos da comunidade
escolar, de forma que possam contribuir no planejamento dos objetivos a serem atingidos pelas atividades desenvolvidas
em cada instituição de ensino. Essas novas configurações caracterizam um grande desafio para a educação superior.
Os desafios que se colocam na atualidade para o educador parecem que se multiplicam diariamente. As
mudanças que ocorrem em nossa sociedade são caracterizadas tanto pela sua expansão como pelo ritmo acelerado em
que elas ocorrem. Compreender a evolução da sociedade e da educação como fatores interligados, nos leva a apontar
que o desenvolvimento de um país está condicionado à qualidade de sua educação. Por meio dela, existem diferentes
possibilidades a serem trabalhadas, desde a socialização, o desenvolvimento mental, a preparação para o trabalho, até
a construção de conhecimentos especializados.
Nesse cenário, a preocupação da educação deve se voltar para o pensar, como já dito anteriormente, ou seja,
contribuir para desenvolver cidadãos críticos, conscientes e que dominem grande parte do conhecimento, ou que sejam
capazes de interagir com ele, ao mesmo tempo em que precisam acompanhar o constante avanço tecnológico.
Assim, no contexto das transformações, a universidade precisa refletir sobre as suas estruturas organizacionais
e os objetivos traçados para o fazer pedagógico. A gestão democrática, se bem entendida, pode ser uma possibilidade
para a redefinição do seu papel, por meio da participação de todos os segmentos envolvidos no processo, a fim de
estabelecer metas e traçar objetivos que realmente atendam às expectativas dos estudantes, considerando-se as
diferentes culturas e realidades.
O desafio de preparar uma geração para a vida, e para toda a vida, requer do educador não só o conhecimento
da realidade em que ele está inserido, assim como a sua participação no enfrentamento dos problemas sociais de sua
comunidade. Os educadores precisam estar conscientes de que a educação – notadamente a superior - ainda precisa
avançar muito e que não existem fórmulas que assegurem a sua maior ou menor eficiência. Assim, é necessário
aproveitar todas as possibilidades que permitam mudanças, na tentativa de melhorá-la cada vez mais.
Concebendo-se que a sociedade, por meio de suas instituições, deve assegurar aos seus cidadãos um futuro
de oportunidades dignas, a universidade – como uma dessas instituições – deve contemplar, em seus projetos, as
necessidades existentes e futuras da comunidade. Necessita compor pautas de reflexões, análise e discussões internas
do processo educacional, contemplando alguns aspectos como: atores sociais e o seu próprio processo de envolvimento
– professores, estudantes, diretores, coordenadores, colaboradores administrativos e comunidade na qual se inserem
–, mudanças sociais e econômicas ocorridas no mundo contemporâneo que afetam a escola e processos educacionais.
Reunir esses elementos em um processo analítico e comprometido com a realidade educacional e do país significa
buscar subsídios para que todos os atores sociais consigam atuar, participar e transformar a sociedade.
Nesse processo de ampliação de conhecimentos, todos os estágios da aprendizagem são importantes, mas
cresce o realce do ensino superior como contribuinte maior para a busca dos altos desígnios da humanidade.
Um último aspecto a ser considerado é a universalização do acesso à educação superior. O tema é emergente,
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complexo e de fundamental importância para a sociedade brasileira, especialmente no cenário acima descrito. No Brasil,
o acesso à educação superior sempre foi um tema polêmico especialmente, porque confronta perspectivas elitistas de
contenção do acesso, visando, em grande parte, a manutenção do prestígio dos diplomas e o status dos profissionais
no mercado de trabalho, com perspectivas mais populares de ampliação do acesso, que representa aspirações da
sociedade, visando à obtenção de emprego que garanta melhoria nas condições de vida e ascensão social.
3. MISSÃO
Atuar solidária e efetivamente para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da sociedade, por meio da
geração e comunhão do saber, comprometida com a qualidade e os valores éticos e cristãos, na busca da verdade.
4. VISÃO DE FUTURO
Em 2020, no seu Jubileu de Prata, a Universidade Católica de Brasília será uma instituição de referência na
extensão, na pesquisa e no ensino, indissociáveis e comprometidos com o desenvolvimento sustentável e a justiça
social.
5. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DA UCB
5.1. Pastoralidade
A Universidade Católica de Brasília é uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, conforme a natureza de uma
universidade, mas é também uma comunidade educativa confessional. Assim, tem sua referência numa experiência de
fé, por meio da qual busca ser fermento evangélico no mundo social e da cultura. Daí a importância de compreender a
pastoralidade como o primeiro princípio estruturante da instituição.
Esse princípio está ancorado no mandato de “ide e ensinai” (Cf. Mt. 28, 19s) e, como tal, deve ressoar de forma
profunda nas vísceras da instituição. Por essa razão a pastoral configura, de maneira totalizante, todas e cada uma das
partes para que a sua identidade revele os valores humanos, éticos e cristãos. Propõe-se a pastoral, portanto, como o
ethos da Universidade.
Tal ethos é ao mesmo tempo sujeito e objeto, ator e destinatário da evangelização. Neste sentido, não está em
jogo uma doutrina, um proselitismo ou uma exigência confessional, mas uma profissão de fé numa instituição que tem
como sonho uma humanidade fraterna, solidária e feliz. A pastoralidade nos desafia a construir alianças ao redor de
uma causa coletiva, que é a de educar com base nos valores cristãos da honestidade, da justiça e da ética.
A partir desse pressuposto, a pastoralidade demanda sintonia profunda com a mensagem do Evangelho, com
as diretrizes da Igreja e com os carismas das Congregações associadas, proporcionando o crescimento pessoal e
profissional da comunidade universitária. Por outro lado, essa comunidade educativa confessional coloca-se como uma
instituição inserida na sociedade, desenvolvendo uma educação que esteja a serviço da vida e da esperança.
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O princípio da pastoralidade, imbuído do caráter acadêmico e social, caracteriza-se, também, por uma
diversidade de iniciativas, destacando-se o cuidado para com as pessoas, a responsabilidade para com os processos
pedagógicos e administrativos e a atenção para com os momentos celebrativos da fé cristã. Essas sugestões não podem
ser consideradas como atividades isoladas, mas compõem o ideário institucional de uma “universidade em pastoral”.
A dimensão estruturante do princípio da pastoralidade busca, enfim, resgatar o sentido da vida como formação
integral da pessoa humana, aprofundar valores cristãos mediante a inspiração na mensagem de Jesus Cristo e criar um
espaço de convivência por meio da construção de comunidades orientadas por diretrizes éticas e cristãs.
5.2. Extensionalidade
A Universidade Católica de Brasília para dar cumprimento à sua missão definiu, ainda, o princípio da
extensionalidade como um elemento inspirador do seu projeto educativo. Esse princípio vem referendar uma instituição
contextualizada que busca interagir com a realidade sob a ótica da universalidade. Essa universalidade operacionaliza-se
à medida que a instituição for uma célula relevante dentro da sociedade, participando com a sua especificidade para
a promoção humana, a organização social e a ambientação planetária. Para justificar essa opção é oportuno retomar
uma expressão talmúdica que afirma que “a coisa principal na vida não é o conhecimento, mas o uso que dele se faz”.
A extensionalidade, nesse caso, caracteriza-se pelo sentido que se dá ao conhecimento.
O princípio da extensionalidade, sob essa ótica, é valor epistemológico, ético e político buscado pela Instituição
no seu processo educativo. Esse valor perpassa, transversalmente, todas as atividades de ensino-aprendizagem, visando
oferecer condições para a geração de competências científicas, profissionais e humanas no mundo do trabalho e em
todos os espaços onde a vida pode acontecer.
Por essa razão, a instituição precisa ser uma entidade aberta, dialógica, sistêmica e dinamicamente inserida
na sociedade. Isso significa que, para além de pensar na formação acadêmico-científica dos estudantes, é preciso
aprofundar a função de uma consciência humana e cidadã. Nesse sentido, o conhecimento gerado e sistematizado deve
ser socialmente relevante e tornar-se acessível a um maior número possível de sujeitos sociais.
O princípio da extensionalidade constitui-se, portanto, numa das dimensões que deveriam, de um lado, emergir
naturalmente das nossas práticas de ensino, de pesquisa e de extensão, e de outro, nortear essas mesmas práticas. Assim,
uma pesquisa, desde a definição do tema e dos objetivos, pode ter um caráter de extensionalidade se estiver vinculada
ao contexto, comprometida com a destinação social dos seus resultados e com a acessibilidade do conhecimento
gerado. O ensino, por sua vez, pode assumir a sua natureza de extensionalidade se planejado em conformidade com
um diagnóstico da necessidade de aprendizagem, com o cuidado com a inter e com a transdisciplinaridade, com a
superação dos conceitos mecanicistas em favor de valores humanos ético-cristãos e, se estiver buscando competências
e habilidades para a formação integral do estudante, como resposta aos seus anseios e da sociedade em que vivem.
Esse processo precisa irradiar uma energia que permeia o espaço acadêmico, mas também os diversos
espaços sociais. Considerando o posicionamento da Universidade na região Centro-Oeste, é necessário que o seu
projeto educativo contribua com o desenvolvimento regional por meio da ação comunitária, da prestação de serviços,
da educação continuada e da transferência de tecnologia, mas de modo especial, com a qualidade ético-profissional
dos seus egressos. Assim, o princípio da extensionalidade, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, qualifica o
compromisso social da UCB.
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5.3. Sustentabilidade
O processo civilizatório, a partir de meados do século passado, buscou compreender e interagir com a realidade
humana por meio do conceito e da prática da sustentabilidade. Esse movimento foi desencadeado, por um lado, pelas
ameaças que o mundo estava enfrentando, nas mais distintas regiões e entre os mais diversos setores da sociedade
e, por outro, pelo desejo expresso de construir um projeto de humanidade mais condizente com o desenvolvimento
sustentável.
Nesse movimento estão presentes inúmeros segmentos da sociedade civil, de organismos governamentais e do
setor produtivo. Entre esses atores, estão as instituições de educação superior, colaboradoras importantes por meio do
ensino, pesquisa e extensão, da construção de um conhecimento compatível com a sustentabilidade do desenvolvimento,
bem como com a eqüidade, o equilíbrio e a conservação do planeta e da humanidade.
Para que tal proposta possa se tornar uma realidade efetiva nas universidades é necessário constituir o
conhecimento como alicerce da sustentabilidade. Isso revela a identidade da instituição e o objetivo de estar sintonizada
com as necessidades sociais e a elas responder pela indicação de caminhos de solução. A sustentabilidade pode tornarse um princípio da instituição à medida que pautar o seu processo de ensino-aprendizagem, considerando, dentre
outros, o aspecto social, ecológico, econômico, ecumênico, educacional e ético.
O aspecto social – eqüidade, direitos fundamentais, justiça social - desencadeou uma reflexão sobre os
processos históricos, considerando, principalmente, o meio ambiente. A realidade ambiental do planeta e da sociedade
foi revelando sinais de agressão por parte de ações humanas, fato que está exigindo um novo posicionamento reflexivo
e operativo por parte da humanidade. A possibilidade de preservação cuidadosa e de exploração responsável são
elementos essenciais de uma educação ambiental que tenha como pressuposto a sustentabilidade.
O aspecto econômico é fundamental para garantir a sustentabilidade financeira da instituição. Para tanto, é
necessário seguir procedimentos que otimizem os recursos financeiros advindos das mensalidades dos estudantes, e
buscar, também, alternativas por meio das agências de fomento, parcerias com empresas, participação em editais
públicos e outras formas de geração alternativa de receita. Dinamizar energias, criatividade, tempo e competências na
busca desse tipo de recurso financeiro é agir com responsabilidade para garantir a sustentabilidade da universidade.
O aspecto ecumênico torna-se um elemento importante na universidade porque a caracteriza como uma
instituição articulada, de forma sistêmica, a uma diversidade de organizações sociais. Tais parcerias podem ser
otimizadas com as entidades sociais, segmentos governamentais e representantes do setor produtivo. A parceria é uma
instância necessária da instituição porque nela tem lugar a relação dialógica, interativa e integrativa da universidade
com a sociedade. Deve haver, no entanto, o cuidado para que a relação ocorra no nível da comunicação dialogal, da
representação cooperativa e do trabalho co-responsável.
O aspecto educacional deveria ser o alicerce da sustentabilidade numa universidade. Para tanto, faz-se
necessária a construção de um projeto pedagógico que corresponda ao dinamismo, criatividade e profundidade do que
surge, efetivamente, nos processos sociais. A educação parece apontar para caminhos que sustentam esse princípio
porque possibilita a participação dos sujeitos aprendentes nos processos políticos, estratégicos e operacionais, com
base na inovação, apropriação e difusão de conhecimentos.
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O aspecto ético busca, enfim, compreender a sustentabilidade como um princípio pautado numa reflexão e
numa prática educativa, objetivando desenvolver processos que garantam uma consciência cidadã e ecológica, uma
governança justa e responsável e um compromisso pessoal e social. Tal processo postula a sustentabilidade como um
princípio desencadeador e uma finalidade acolhedora de construir, segundo Paulo Freire, o “inédito viável”.
5.4. Indissociabilidade
Ao longo da história, a universidade foi identificada como o lugar do conhecimento. Essa referência ao
conhecimento implica em ter que considerar tanto o sujeito, quanto seu processo e seu resultado. Em relação a esse
conhecimento a Constituição Federal (1988) definiu que universidades devem obedecer ao princípio de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão. Tais atividades, quando atuam de forma indissociável, potencializam as competências
e habilidades do educador e do estudante e oferecem maior consistência às atividades comunitárias, atingindo, dessa
forma, as finalidades mais significativas da educação.
O princípio da indissociabilidade direciona e confere unidade intrínseca à criação, sistematização e acessibilidade
do conhecimento. O que configura, portanto, uma integração entre essas atividades não é a somatória de um conjunto
de ações, mas a introdução de um processo que estimula a disposição do sujeito para ensinar e aprender por meio da
pesquisa, do ensino e da extensão.
As atividades do ensino, da pesquisa e da extensão são tempos, espaços e processos de aprendizagem, em
vista da formação do educando e da transformação social. Para tanto, a universidade precisa constituir-se, cada vez
mais, numa comunidade de aprendizes onde se desenvolvem os talentos, as competências e as habilidades necessárias
para a formação pessoal, profissional e social. A atitude aprendente é, portanto, o elemento integrador das diversas
formas de produção e comunicação do conhecimento.
O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para constituir-se num processo pedagógico
tem necessidade de estabelecer, por um lado, uma aliança entre aprendizes que desejem percorrer diversos caminhos
para descobrir, degustar e divulgar conhecimentos e, por outro, pautar esses conhecimentos, segundo as finalidades da
educação propostas pela Lei de Diretrizes e Bases, para o pleno desenvolvimento do educando, o exercício da cidadania
e a capacitação para o trabalho.
Por fim, a UCB, inspirada pelos princípios estruturantes da pastoralidade, da extensionalidade, da sustentabilidade
e da indissociabilidade, deseja construir um processo educativo que seja a concretização da sua Missão. O Projeto
Pedagógico Institucional precisa revelar essa opção.
6. POLÍTICAS INSTITUCIONAIS
6.1. Políticas de Ensino
A principal contribuição da UCB para a sociedade é o seu compromisso com a formação de um estudante capaz
de fazer frente às necessidades essenciais de sua vida profissional, de sua cidadania e de elevação da humanidade.
Esse desafio requer a concepção de projetos pedagógicos de cursos e programas que se orientem por um
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profundo processo de reflexão, considerando a sintonia e integração de áreas de conhecimento segundo uma avaliação
crítica dos desafios relevantes da ciência, da tecnologia e da sociedade.
A UCB deseja cada vez mais que a aprendizagem seja assumida como foco de sua atividade educacional. Nesse
sentido, sua proposta pedagógica busca propiciar:
a) ambiente qualificado para a interação crítica e criativa de pessoas empenhadas em aprender por meio da
colaboração;
b) aprendizagem feita a partir do contexto em que se insere e comprometida com sua transformação;
c) aprendizagem por meio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
d) aprendizagem que faz uso integrado e reciprocamente qualificador das modalidades presenciais e a distância, com
ênfase na utilização de novas tecnologias educacionais;
e) atualização constante dos Projetos Pedagógicos de Cursos;
f) atuação docente centrada na orientação da aprendizagem e na coerência de sua avaliação;
g) formação pedagógica contínua do corpo docente com foco na aprendizagem e em sua orientação e avaliação;
h) avaliação permanente do desempenho docente pelos estudantes;
i) monitoramento constante dos resultados obtidos pelos estudantes nos exames nacionais de cursos;
j) monitoramento contínuo dos resultados obtidos pelos cursos e programas nas avaliações internas e externas;
l) melhoria constante da infra-estrutura e do acervo bibliográfico à disposição dos cursos e programas, incentivando o
uso compartilhado e facilitando a integração de docentes e estudantes das várias áreas de conhecimento;
m) oferta qualificada de oportunidades de formação continuada aos estudantes, por meio de cursos de especialização
e programas de Stricto Sensu;
n) melhoria constante dos vários serviços de atendimento aos estudantes, especialmente na oferta de alternativas para
a conclusão de seus estudos.
6.2. Políticas de Educação à Distância
A Educação à distância (EAD) se insere no marco geral das políticas de ensino da UCB. A EAD é compreendida
como uma modalidade educacional que deve se orientar pelos mesmos princípios e políticas institucionais. Nesse
sentido, a definição de políticas específicas para a EAD tem como objetivo ampliar o seu desenvolvimento e inovação.
Visando responder de forma mais ampla aos apelos da Missão e das novas exigências sociais de formação,
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em que as barreiras do tempo e do espaço devem ser superadas, a UCB optou por processos educacionais flexíveis
e estabeleceu a EAD como um dos seus eixos estratégicos de atuação. Para tanto, criou a UCB VIRTUAL, uma área
específica, responsável por planejar, produzir e gerenciar ações de EAD.
A UCB VIRTUAL se organiza de forma a criar sinergia com as diferentes esferas da universidade em ações que
integram ensino, pesquisa e extensão. Orienta-se pelos seguintes princípios:
a) foco na aprendizagem do estudante - concepção e desenvolvimento das atividades da educação a distância tendo
como centro o contexto, as características e as necessidades dos estudantes;
b) prioridade para os processos interativos - utilização de metodologias e ferramentas de comunicação (síncrona e
assíncrona) para a garantia de uma dinâmica com forte interação entre os atores (estudantes, professores, pessoal de
suporte, gestores etc.) conformando uma sólida comunidade de aprendizagem;
c) construção da autonomia – desenho e implementação de estratégias pedagógicas com o objetivo de que os estudantes
desenvolvam competências no trabalho cooperativo, na resolução de problemas, na investigação crítica e criativa;
d) capacitação de pessoal – investimento na capacitação continuada dos professores e demais atores envolvidos para
que possam participar de forma significativa dos processos interativos mediados por tecnologias da informação e da
comunicação;
e) qualidade dos materiais didáticos – estruturados em formato hipertextual e construídos para incentivar a curiosidade
e a pesquisa; são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar para cada uma das Unidades de Estudos que compõem
a matriz curricular dos cursos;
f) suporte tecnológico – adoção da Internet como plataforma tecnológica privilegiada para o desenvolvimento dos
cursos pelo seu potencial de interatividade e de inclusão social;
g) democratização do acesso - contribuição para a democratização do acesso ao ensino superior por meio da oferta de
cursos a distância em todo o território nacional e no exterior, prioritariamente em países com grandes concentrações
de brasileiros e em países de língua portuguesa.
6.3. Políticas de Pesquisa
É compromisso da UCB oferecer formação sólida, integral, investigativa e crítica, tanto na dimensão humanística
quanto técnica. A pesquisa assume fundamental importância para o cumprimento desse objetivo. Nesse sentido, a
política de pesquisa da UCB prevê a criação e o fortalecimento de núcleos de excelência interdisciplinares para as
atividades de pesquisa, com vistas a possibilitar o desenvolvimento e o melhoramento contínuos na formação do
estudante de graduação e de pós-graduação. Ao mesmo tempo, a política de pesquisa está orientada para contribuir
para o desenvolvimento local e regional, de forma sustentável e em sintonia com a Missão institucional.
Na medida em que a sustentabilidade permeia todas as ações da UCB, são estimuladas iniciativas voltadas
para obtenção de financiamento externo das atividades de pesquisa, para suprir despesas de custeio e investimento,
bem como para o desenvolvimento de projetos que possam contribuir para o avanço do conhecimento e geração de
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inovações para atender às demandas da sociedade. Nesse sentido, as políticas de pesquisa se orientam para:
a) estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, com vistas ao processo de
inovação;
b) incentivar o desenvolvimento de projetos de pesquisa que respondam às necessidades de inovação e de avanço
tecnológico no âmbito local e regional;
c) garantir a participação de estudantes na execução de atividades de pesquisa, de forma a consolidar a formação
profissional e acadêmica;
d) promover, por meio da pesquisa, uma cultura de inovação no âmbito da UCB.
6.4. Políticas de Extensão
A Universidade Católica de Brasília, na disposição para implementar as políticas de Extensão, procura pautar
seu processo de ensino-aprendizagem por meio de uma política institucional, de um processo de compromisso social e
de projetos sócio-comunitários, conforme segue:
a) a política institucional é compreendida pela dimensão de extensionalidade, isto é, pela apropriação por parte de toda
a universidade dessa finalidade educativa, dessa ótica social e dessa postura ética;
b) o processo de compromisso social procura compreender a universidade como um micro sistema que atua no conjunto
do sistema social, com o objetivo de inaugurar projetos que sinalizem para a dignidade de vida e de justiça social;
c) os projetos sócio-comunitários constituem-se em espaços de atuação acadêmica e de interação comunitária. Nesses
projetos, fazem-se presentes os estudantes, professores, funcionários e representantes dos segmentos sociais, com o
objetivo de qualificar o seu processo aprendente.
A Pró-Reitoria de Extensão, com a finalidade de concretizar as políticas acima indicadas, assume um caráter
indissociável, transversal e sistêmico para encaminhar as ações políticas da extensão, a saber:
a) criação de instrumentos para o acesso e comunicação do conhecimento por meio da educação continuada, prestação
de serviços, transferência de inovação e tecnologia e ação comunitária;
b) promoção de ações, institucionalmente articuladas, que visem à conscientização da pastoralidade como eixo norteador
da estrutura e dinâmica da universidade;
c) otimização de um processo de interação com organismos governamentais e não governamentais para contribuir com
o desenvolvimento regional sustentável.
24
6.5. Políticas de Gestão
Os princípios estruturantes da UCB, sua Missão e sua Visão de Futuro devem permear todos os seus projetos
e atividades. Com esse intuito, a UCB orienta sua gestão para ser participativa, sistêmica, ágil e competitiva, buscando
responder às suas demandas estratégicas e às necessidades da sociedade.
A atuação, responsável e comprometida na gestão, constrói e consolida a universidade. É por meio das políticas
de gestão que a UCB busca dar condições para que as demais políticas se estabeleçam em plenitude, conforme
segue:
a) a gestão da UCB tem como base o planejamento estratégico, o modelo de gestão estratégica, resultantes da
avaliação realizada no período 2004-2005, bem como da revisão realizada em 2007, quando optou pela redefinição de
sua Visão de Futuro;
b) a gestão orienta-se para a realização da Missão da UCB. É por causa de sua Missão, e para bem realizá-la, que busca
atingir resultados desejáveis. Por resultados desejáveis entende-se, de um lado, a satisfação de estudantes, professores
e demais colaboradores e, de outro, a realização das diretrizes e metas orçamentárias fixadas pela Mantenedora;
c) a gestão baseia-se nos princípios estruturantes da UCB: pastoralidade, extensionalidade, sustentabilidade e
indissociabilidade;
d) a abordagem adotada para a gestão busca sinergia entre inteligência competitiva, gestão do conhecimento, relações
interinstitucionais estratégicas e rede de agentes estratégica da UCB;
e) forte integração entre a comunicação institucional e o marketing para que a sociedade perceba adequadamente o
papel da UCB e de sua estratégia;
f) as atividades de planejamento e avaliação observam toda a estratégia e sua gestão, acompanhando-as, repensandoas e ajustando-as diante das mudanças do mundo e da UCB;
g) manutenção do equilíbrio entre tamanho e qualidade de seu quadro de pessoal técnico, administrativo e docente,
considerando a requerida plasticidade, postura pró-ativa e prática prospectiva de cada colaborador, todos comprometidos
com a identidade institucional. O conceito de plasticidade em uso faz referência à capacidade de observação e adaptação
de um profissional no que tange aos seus olhares/visões para as questões educacionais, pedagógicas, científicas,
mercadológicas e de gestão;
h) orientação da gestão acadêmica para o cuidado, a escuta e o acolhimento das inquietações e projetos dos estudantes,
considerados os talentos que justificam a existência da UCB;
i) decisão e estímulo a iniciativas que possam contribuir para o desenvolvimento da cultura da inovação na UCB;
j) gestão estratégica para a tecnologia, a inovação e o sistema de produção e serviços. No âmbito da tecnologia,
considera-se que:
25
• a atividade de educação deve ser suportada por tecnologia adequada para alcançar a qualidade desejada;
• a infra-estrutura da UCB deve ser posta a serviço da sociedade como forma de apoiar a sustentabilidade
institucional;
• a tecnologia deve ser organizada e utilizada para suportar a gestão estratégica da UCB.
No que tange à inovação, considerando-a na educação, na tecnologia, nas relações de parceria, a UCB entende
ser fundamental a operação de um Núcleo de Inteligência e Inovação Tecnológica – NIIT, com papel de organização,
geração de inteligência, apoio e facilitação dos processos/projetos de inovação associados a todos os membros da
Instituição.
Por fim, o sistema de produção e serviços deve garantir melhor relação custo/benefício, com qualidade
adequada para a execução das atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão da UCB. Este propósito gera as
seguintes diretrizes:
•
•
•
•
uso intensivo e integrado de tecnologia da informação nos processos de negócio;
gestão orientada a resultados: sociais, econômicos e financeiros;
desenvolvimento de serviços e produtos voltados para o mercado e alinhados com a Missão institucional;
investimento no desenvolvimento de produtos de educação continuada e flexível, viabilizando o acesso e permanência
de estudantes no ensino superior;
• expansão da oferta do serviço da UCB, em âmbito nacional e internacional, focada nos demais estados da federação,
em países com grande concentração de brasileiros e em países de língua portuguesa.
l) ampliação do uso de recursos de aprendizagem (biblioteca, laboratórios, computadores, internet, ambientes
virtuais de aprendizagem, recursos de TV e vídeo, data show, entre outros). Esses recursos devem ser estudados,
valorizados, planejados, implantados e administrados de forma cuidadosa para garantir o compartilhamento do uso e do
aproveitamento adequado, seja do ponto de vista da aprendizagem, seja do ponto de vista do emprego racional;
m) análise de mercado para identificação de oportunidades de expansão das atividades acadêmico-científicas da UCB,
bem como de formas de captação e ampliação de receitas alternativas;
n) estímulo às iniciativas empreendedoras de colaboradores, cursos e programas, apoiados em definições e mecanismos
éticos de incentivo financeiro aos propositores de projetos bem sucedidos, tendo como inspiração a melhoria da
qualidade de vida e a cultura da solidariedade;
o) estímulo à cultura do empreendedorismo dos estudantes, por meio do incentivo e apoio às empresas juniores dos
cursos e da incubadora de empresas.
6.6. Políticas de Relacionamento
O conhecimento, que é ao mesmo tempo construção e transformação, adquire um novo valor quando se lança
um olhar sobre todos os envolvidos e engajados, sejam estudantes e familiares, docentes e colaboradores técnicoadministrativos, órgãos reguladores, rede de ensino pública e privada, outras instituições tanto governamentais quanto
não-governamentais.
26
O saber é produtor do conhecimento e passa a ser produto desse conhecimento numa interação constante
entre aquele que possibilita o aprendizado e aquele que o adquire. Considerando uma visão sistêmica do aprendizado,
é possível incluir no processo todos os protagonistas anteriormente citados.
Nesse sentido, fez-se necessário criar um Plano Integrador de Comunicação capaz de buscar as ações de
comunicação isoladas em cada setor e integrá-las em torno de um pensamento e ações únicos. A implantação do
Plano Integrador de Comunicação começou no fim de 2007 e deve estender-se ao longo de 2008, ajustando-se às
necessidades da UCB, adaptando-se à realidade do mercado, propondo-se uma unidade identitária e preparando as
bases para o Plano de Comunicação Integrada.
A idéia básica do PIC é promover a humanização dos relacionamentos e a sustentabilidade financeira da
instituição, por meio do alinhamento, coordenação, articulação, estruturação e fortalecimento das ações de comunicação
social, e se propõe a:
a) melhorar a qualidade dos relacionamentos da Universidade Católica de Brasília com seus públicos;
b) oferecer suporte ao cumprimento integral dos Objetivos Estratégicos do modelo de gestão estratégica da UCB;
c) contribuir para a sustentabilidade financeira da instituição;
d) cumprir integralmente as ações de comunicação dentro de um cronograma viável e de uma visão de conjunto;
e) garantir o reconhecimento da instituição por seus públicos de interesse de acordo com os valores pretendidos.
Consideramos como nossos públicos prioritários e destinatários dos nossos esforços de comunicação, os três
grandes grupos a seguir:
a) interno - aqueles direta e imediatamente ligados à instituição: estudantes, professores e colaboradores técnicoadministrativos;
b) externo - aqueles que têm poder de interferência, mas não estão diretamente ligados à UCB : comunidade,
concorrentes, egressos, familiares dos estudantes, organismos governamentais, grande imprensa, imprensa local e
sociedade civil organizada;
c) misto - aqueles que têm, simultaneamente, feições de interno e externo: familiares dos colaboradores em geral,
fornecedores, mantenedora e suas mantidas e terceirizados.
Para cuidar de todos os nossos públicos prioritários e destinatários, as ações foram divididas em seis
programas:
1. Ajuste de posicionamento;
2. POP - Programa de Orientação Profissional;
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3. Presença permanente na mídia;
4. Comunicação interna;
5. Comunicação institucional;
6. Portal UCB.
Cada um desses programas se subdivide em diversas ações visando conectar os interesses da UCB aos anseios
de seus diversos públicos, frente a uma nova realidade de mercado, mantendo, porém, a tônica do compromisso social.
É pelo compromisso social que se pretende afirmar para a sociedade, por meio de discurso e ação compatíveis, que a
UCB é uma instituição séria, ética, profissional e cidadã.
7. ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Pensar a formação universitária, sua natureza e suas implicações exige fazer a escolha por uma determinada
perspectiva pedagógica. Essa escolha insere-se na reflexão e definição de qual é o papel da universidade frente à
sociedade e em relação aos grupos que a compõe, compreendendo suas complexidades, os fatores constituintes e, ao
mesmo tempo, construindo perspectivas de intervenção por meio do conhecimento.
Para enfrentar tal desafio, a UCB faz opção por uma perspectiva integradora, formadora da pessoa em suas
diversas dimensões. A consolidação dessa perspectiva tem como base a utilização da interdependência dos diferentes
elementos que se busca integrar. Nesse sentido, ensino, pesquisa e extensão resultam indissociáveis, não apenas por
um preceito legal, mas por uma opção pedagógica. Ensino não é apenas contato com o conhecimento produzido. É
também produção de conhecimento novo. E, em qualquer dos casos, deve apontar para o questionamento crítico,
posto que o conhecimento é sempre construção e reconstrução. Por outro lado, conhecimento que inova nem sempre
transforma e humaniza. Eis o fundamento para o sentido pedagógico da indissociabilidade, tal como se coloca para a
UCB. Assim, a formação oferecida pela UCB busca dar como resposta à sociedade uma definição de integração, na qual
elementos que inicialmente podem apresentar-se como dissociados, religam-se em função de determinado objetivo.
Como instituição social, a Universidade vem sendo instigada a dar sua contribuição na formação de profissionais
capazes de atuação qualificada em diferentes setores. Assim, a discussão do que seja conhecer é fundamental para
que essa atuação seja efetiva. Instalar esta discussão é uma opção institucional que não se limita a buscar respostas
prontas, mas que abre espaços para que as diversas áreas constituintes de seu fazer possam pronunciar-se. Assim o
caráter crítico da abordagem universitária pode manifestar-se e, no debate, construir suas propostas.
Uma das perguntas instigantes nesse sentido que pode ser listada dentre tantas outras é a seguinte: quais são
as condições que precisam ser satisfeitas para descrever alguém como conhecedor de algo? As possíveis respostas
para tal questão vão além de resultados devolutivos de avaliações prescritivas. Referem-se a um processo no qual a
crença de que se sabe algo movimenta sua utilização e faz com que seja estabelecida relação com a idéia de uma
verdade, justificando seu uso e escolha, e produzindo conhecimento. É esse constante devir, associado à idéia de
espaço socialmente delegado de construção e produção do conhecimento, que a UCB busca manter em sua concepção
e atuação pedagógicas, em qualquer modalidade de educação.
28
A coerência entre proposta, documentação institucional e atuação é que cria condições para a integração
acontecer nas salas de aula, no ambiente virtual, no Campus, seja na forma como seus profissionais e estudantes se
relacionam entre si, seja nas relações que estabelecem com o conhecimento. A complementaridade e a integração dos
diversos campos do saber avançam em uma formação focada no fazer colaborativo, buscando o desenvolvimento de
uma integração no olhar, na pesquisa e na intervenção social.
Nesse contexto, as disciplinas comuns em uma determinada área do conhecimento visam fortalecer e
fundamentar o conhecer daquela área, estabelecendo relações de mútua justificativa e relevância, mantendo-se, assim,
as características de um sistema. Esse sistema envolve o uso de áreas do conhecimento, determinadas na UCB para
constituírem-se como espaço de troca, discussão, elaboração e fortalecimento da formação pretendida. Tal espaço
é entendido como fundamental na constituição dessa instituição, pois não é mero momento formal, mas espaço
fundante da dialogicidade do ato de conhecer. Fazer uma formação universitária é desfrutar da rica e complexa rede
de conhecimentos nela disponível.
Para que o sistema seja completo, propõem-se disciplinas básicas de caráter geral, buscando, além da área,
a integração de uma determinada formação em busca de um perfil institucional. Esse perfil passa por diversas áreas,
possibilitando alinhavá-las em uma única trama, oportunizando aos estudantes um processo de formação integrado e
multifacetado.
7.1. Projetos pedagógicos de curso (PPC)
O PPC materializa a promessa da UCB aos seus estudantes. É por meio dele que se compromete diretamente
com certa perspectiva formativa. É por meio dele que a UCB se coloca o desafio de colaborar na realização dos
sonhos da juventude, de seus familiares e da sociedade como um todo. O PPC, portanto, é mais que um documento;
é a expressão viva e dinâmica da promessa da UCB, portanto, de sua Missão. Disso decorre a necessidade de zelo
permanente para que o PPC seja algo sempre atual e relevante.
Nessa perspectiva, a UCB entende que o PPC e sua necessária e contínua renovação estão além da esfera e dos
propósitos exclusivos de um curso. Deve, portanto, provocar o interesse mais amplo de área de conhecimento, no primeiro
momento, e das demais áreas, naquilo que desafiar as interfaces necessárias, no segundo momento. Assim entendido,
o PPC é, ao mesmo tempo, gerador e fruto do diálogo entre as áreas de conhecimento presentes na universidade.
Sua revisão e atualização deverão pautar-se pelo trabalho coletivo do curso e das áreas de conhecimento, interligando
os interesses do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão, especialmente no que se refere à sustentabilidade da
universidade e de seus produtos e serviços.
A UCB entende que o currículo, para dar conta da complexidade do conhecimento e da centralidade da
aprendizagem, deve abrir mão de sua perspectiva extensiva e concentrar-se no essencial, oportunizando a pesquisa
como condição para uma educação qualificada e qualificadora. Sendo assim, a aula deve ceder o lugar central do
processo pedagógico à pesquisa e à elaboração autoral dos estudantes e de seus professores. A aula possui seu papel,
mas não pode ocupar o centro da organização do trabalho pedagógico.
A pesquisa tem duplo papel. Por um lado, eixo da aprendizagem do estudante, estimula-o à investigação, à
reconstrução do conhecimento e à elaboração própria. A UCB entende que esse caminho é o da criação de um cidadão
competente e capaz de intervenções propositivas na sociedade. Nessa perspectiva, aprender é pronunciar o mundo,
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é modificá-lo, como afirmou Paulo Freire. Por outro lado, a instituição também deve ocupar-se da prática docente,
criando condições para que o professor reflita e investigue sua prática pedagógica e possa continuar aprendendo sobre
o ensinar-aprender.
Cabe ainda ressaltar o esforço da UCB para realizar uma articulação reciprocamente qualificadora das
modalidades de educação presencial e a distância. Por que reciprocamente qualificadora? Na UCB, a experiência de
educação a distância tem sido profundamente enriquecedora para a educação presencial, seja pelo estímulo ao uso
das novas tecnologias educacionais, seja pelo deslocamento que induz nos professores, no que se refere à concepção
tradicional da aula, do estudo e da avaliação da aprendizagem. De outro lado, a experiência da educação presencial
levou a Católica Virtual a escolher um modelo de educação a distância que tem no professor seu principal diferencial. É
nessa perspectiva que os PPCs dos diferentes cursos buscam aproximar as duas modalidades, não apenas para cumprir
legislação e diminuir custos, mas para tornar mais rica, atual e versátil a formação que oferece aos seus estudantes.
7.2. Foco na aprendizagem e em sua orientação e avaliação
A UCB tem consciência do vasto campo no qual se insere a educação e seus desafios, seja na formação dos
estudantes, seja na formação científica e pedagógica de seus professores. Por essa razão, entende que nem só de
ciência vive um professor. Um professor se faz de ciência e pedagogia. E mesmo essa constatação já encerra um
universo amplo para o entendimento. Nesse sentido, opta por focar a aprendizagem, sua orientação e sua avaliação. E
o faz com a perspectiva de aproximar os professores e os estudantes dos resultados mais recentes e relevantes das
pesquisas sobre como as pessoas aprendem, traduzindo-as para um processo de interação, no qual o professor se
coloca como orientador do ato de aprender e avaliador do desempenho e dos resultados em andamento.
Compreende-se que as pessoas aprendem de diversas maneiras, a partir do que já sabem e, de certa forma,
contra o que já sabem. Em uma perspectiva de integração, o sabido é acolhido e problematizado, nunca negado. A
atividade de criação precisa intermediar o encontro do senso comum com o senso crítico, construindo, em diversos
movimentos, um conhecimento crítico e com sentido. Tornar o já sabido e aceito algo incômodo e questionável é papel
do processo formativo. Isso não se faz por uma única via, ou seja, ao problematizar o senso comum a universidade
deve problematizar-se também, percorrendo “criticamente o caminho da crítica”, como advertiu Boaventura de Sousa
Santos.
O conhecimento que os estudantes detêm é central para o processo pedagógico. É ponto de partida: O que
eles já sabem? O que fundamenta esse saber? Que trajetos resultaram no saber atual? Essas questões apontam para
um processo a ser percorrido pelo diálogo e pela cooperação entre todos os envolvidos.
Compreendendo a aprendizagem como elemento central de sua proposta pedagógica, a UCB se coloca uma
questão política: a centralidade na aprendizagem significa compromisso com o futuro. Complexidade, problematização
e estruturação tomam conta do discurso como perspectiva de releitura da realidade, tendo-a como objeto de análise, ao
mesmo tempo em que se compõe como espaço do fazer. Nesse sentido a condição crítica é constitutiva da universidade
e espera-se dela posicionamento que aponte para um futuro mais promissor e ético se comparado com a nossa
experiência presente.
Todos estes fatores relacionados à aprendizagem exigem um cuidado rigoroso com os saberes já existentes,
criticidade e compromisso ético e estético com os estudantes e com a sociedade, além de exigir, também, uma
30
revisão do lugar da aula dentro da universidade. A centralidade da aula é resultado de uma perspectiva instrucional
que não favorece a autoria. Por vezes, a organização do trabalho pedagógico prende e isola os estudantes em salas,
assistindo aulas, ouvindo explicações e fazendo provas. Desse modo, priva-os do que uma universidade tem de melhor:
a experiência do debate, da crítica, da argumentação e da elaboração própria.
A aprendizagem centrada na pesquisa e na autoria do estudante e do professor aponta para uma redefinição
do papel da avaliação no processo de aprendizagem. Geralmente, em especial na perspectiva instrucional, a avaliação
é reduzida a momentos especiais de aplicação de provas ou testes, onde se verifica o resultado das aulas. Nesse
sentido, infelizmente, algumas vezes as avaliações são utilizadas como momentos de “acertos de contas” na relação
entre professores e estudantes, com prejuízo para os últimos. É preciso considerar que o processo de avaliação é um
momento de exercício de poder e como tal, também precisa ser avaliado.
A UCB aceita a avaliação como tendo, antes de tudo, um caráter formativo, ou seja, avalia-se para ampliar o
processo de aprendizagem, para apreender o que se está aprendendo, o que ainda não está compreendido e seus motivos.
O processo de avaliação é um instrumento para revisão da intervenção dos professores. Avaliando a aprendizagem dos
estudantes se avalia o itinerário tomado pelo professor. Portanto, a avaliação, mais do que seu caráter formativo, possui
sua dimensão de diagnóstico e subsídio para o plano de ensino. Além disso, a avaliação precisa tornar-se prática de
retorno, de revisão de conteúdos, de visualização do erro no processo, momento especial de retomada do aprendizado
e de redirecionamento da atuação de professores e estudantes.
7.3. Inclusão e Diversidade
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial têm necessidades
especiais. Se este percentual for aplicado ao Brasil, nós teremos cerca de 18 milhões de pessoas com necessidades
especiais. Dessa forma, deveria ser premissa das universidades liderarem os incentivos a estudos e formação de
profissionais aptos a lidar com a problemática da inclusão.
ma possível definição de incluir (inclusão) seria o mesmo que compreender, que por sua vez quer dizer
entender, “alcançar com a inteligência”, a importância desta inclusão, não só para os deficientes, mas também para os
ditos “normais”.
O outro em sua diferença nos constituiu. Logo, a diversidade é uma condição para nossa humanidade. A
partir dessa perspectiva, o Ministério da Educação teve como iniciativa o programa Diversidade na Universidade para
favorecer o ingresso e permanência, na universidade, da população socialmente desfavorecida, por meio da melhoria
da qualidade do ensino médio, da inclusão social e do combate à discriminação racial e étnica. É importante adotar a
filosofia da inclusão considerando ainda, as pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais (PNES).
A Universidade Católica de Brasília, sensibilizada com o conjunto de problemas concernentes à inclusão de
PNES, está totalmente adaptada, no que se refere à infra-estrutura física, para acolhê-los, além de promover ações de
extensão, cujo objetivo é apoiar a inclusão de estudantes com ausência de visão, audição, fala ou mobilidade física no
contexto universitário. Para tanto, desenvolve ações interdisciplinares e integradas que possam favorecer a implantação
de uma política institucional que garanta o acesso e a permanência de portadores com necessidades especiais na UCB.
Mais do que isso, desenvolve, também, ações de capacitação e acompanhamento profissional de seus funcionários com
necessidades especiais.
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Uma das ações implantadas na UCB para atender os PNES constitui-se no funcionamento de uma sala de
apoio a essas pessoas onde estão disponibilizados diversos serviços, dentre eles: ledor, escrevente, digitalização de
capítulos (recurso muito utilizado para os deficientes visuais), auxílio de computador com programa de voz. Como
outras preocupações, a alocação de salas em andar térreo e próximas a banheiros adaptados, intérpretes de Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS e outras demandas de acordo com a necessidade dos estudantes e possibilidades de
atendimento. A todos os PNES também é ofertada a chance de realização de atividade física.
O Plano Nacional de Educação aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, apresenta-se como
uma nova esperança para a inclusão, pois seu Capítulo 8 é destinado à Educação Especial. Esse documento tece um
diagnóstico e traça as diretrizes, objetivos e metas para os próximos dez anos. Dessa forma, acreditando que seu papel
social é definidor de sua missão, além dos projetos de inclusão por necessidades educacionais especiais, a UCB conta
com programas de bolsas sociais próprios e em parceria com programas sociais do Governo Federal.
Com estas ações, a UCB reafirma sua preocupação com a formação integral da pessoa pois, independentemente
de sua natureza, perpassa suas dimensões e necessidades. Apesar de todas as ações já desenvolvidas e em
desenvolvimento, a questão da inclusão e diversidade se apresenta como um grande desafio para a UCB, em especial
no campo da formação de seus professores e gestores. O desafio da tarefa formativa é o próximo passo em nossa
caminhada.
7.4. Perfil do docente
Ao afirmar que um professor se faz de ciência e pedagogia, a UCB não quer dizer que bons professores estejam
prontos. Por isso, não ousa fixar o perfil como algo estático, mas admiti-lo como algo em movimento. Donde, procura
estimular o professor a engajar-se em um processo coletivo de desenvolvimento do perfil do docente desejado, ou seja,
aquele que está empenhado em:
a) atuar em conformidade com o princípio da indissociabilidade;
b) manter constante sintonia com as pesquisas na área de conhecimento que escolheu qualificar-se;
c) manter constante sintonia com as contribuições científicas sobre como as pessoas aprendem;
d) aprimorar a prática de orientação da aprendizagem;
e) aprimorar a prática de avaliação da aprendizagem;
f) compartilhar saberes e experiências sobre a docência;
g) estar aberto às novas tecnologias e suas aplicações à educação;
h) estar aberto à pluralidade observada no universo dos estudantes, atuando numa perspectiva de gênero, raça, etnia,
religião, e outras diferenças;
i) fazer de sua prática educativa a expressão de seu engajamento na tarefa de realização da Missão da UCB.
7.5. Perfil do estudante e do egresso
O estudante da UCB deve ter consciência de que aprender é, cada vez mais, um processo para toda a vida.
Também o egresso da UCB não deve se iludir: a formação é a obra mais pessoal e contínua de cada um. Por isso,
espera-se que o estudante ou egresso da UCB aprenda:
a) a pensar criticamente, revelando abertura e flexibilidade para o diálogo;
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b) a transitar nas diferentes áreas do conhecimento, estando apto a adaptar-se e a desenvolver-se em áreas distintas
daquela de sua formação inicial;
c) o manuseio internacional do conhecimento;
d) a atuar em equipe, demonstrando espírito de cooperação;
e) a comprometer-se com a resolução de problemas, demonstrando ser capaz de assumir desafios e riscos, característica
da atitude inovadora;
f) a propor e desenvolver projetos de interesse e relevância social;
g) a exercer com competência e ética a sua profissão, contribuindo para a melhoria de sua qualidade de vida, de sua
família e da sociedade;
h) a empreender, contribuindo para a geração de empregos e para o desenvolvimento do país;
i) a cuidar da própria formação, como tarefa que dura para toda a vida.
7.6. Perfil do gestor
O gestor da UCB deve ter consciência de que a realização da Missão institucional é sua primeira e mais
fundamental tarefa. Por isso, deve ocupar-se de três aspectos fundamentais: 1) gestão acadêmica; 2) gestão de
pessoas; e 3) gestão orçamentária.
Nesse sentido, deve entender que o PPI e o PPC constituem uma espécie de bússola para navegação nos
demais aspectos da gestão. Assim, deve reconhecer que a UCB existe e tem importância, em primeiro lugar, por causa
de seus estudantes e, depois, por causa da excelência de seus professores e demais colaboradores. É em atenção a
eles que o gestor engendra seus maiores esforços.
É desejável que se empenhe em formar equipes motivadas e coesas, preparadas para enfrentar desafios
e determinadas a cumprir diretrizes organizacionais. Para tanto, precisa aprender a descentralizar, compartilhando
informações e conhecimentos, de tal forma que a decisão seja tomada onde surgir a necessidade. O gestor precisa
aprender a pensar sua unidade como parte de algo maior que é a universidade. Assim, ocupar-se-á não apenas dos
desafios de uma pequena parte, mas dos desafios gerais da instituição, zelando pela excelência acadêmica, pela
satisfação dos colaboradores e pelo equilíbrio financeiro do conjunto.
Compete ao gestor da UCB considerar o investimento como um benefício maior que custo na execução
orçamentária e agregar valor por meio da sua conduta concentrada em resultados e indicadores desejáveis. A gestão
focada em processos e em resultados deve criar agilidade para a resolução de problemas. O gestor deve propiciar à
sua unidade uma organização fluida e serviços diferenciados que permitam, cada vez mais, a fidelização de estudantes.
Faz-se necessário que o gestor incentive a inovação e a mudança, sempre que possível, previsível e planejada.
O gestor precisa apresentar disposição e iniciativa para propor projetos que criem vantagens diferenciais para
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sua unidade. Isto permitirá, juntamente com o esforço de marketing institucional, a ampliação da base de estudantes.
Por fim, o gestor deverá desenvolver redes de relacionamento para as suas articulações interna e externa visando à
consecução dos objetivos da UCB.
Uma última palavra se faz necessária: na UCB, o gestor deve entender-se não como alguém que tem poderes
sobre as coisas e as pessoas, mas como alguém que se co-responsabiliza pela excelência dos serviços prestados pela
universidade.
7.7. Perfil do colaborador técnico-administrativo
É fundamental que se diga o seguinte: os colaboradores técnicos e administrativos da UCB não são meros
executores de tarefas. Eles precisam aprender a colaborar com a gestão da universidade. Para tanto, necessitam
perceber que o que fazem contribui para a Missão institucional. Somente assim poderão compreender-se como parte
ativa e criadora dos bens da universidade e dos serviços que a mesma presta à sociedade.
A excelência da UCB não se limita à qualidade de sua extensão, de sua pesquisa e de seu ensino. Cada serviço
realizado na universidade colabora para o conjunto da obra. Fazer bem cada coisa é recomendável e é revelador do
perfil desejável para o colaborador técnico-administrativo.
Esse aprendizado, contudo, não será alcançado com base no simples discurso. Faz-se necessário que os
gestores sirvam de exemplo para seus colaboradores. É necessário que o colaborador técnico-administrativo saiba que,
com o seu trabalho, ajuda a construir a grandiosidade da UCB.
7.8. Apoio pedagógico aos gestores, docentes e estudantes
A Pró-reitoria de Graduação da UCB dispõe de uma Unidade de Assessoria Didático-Educacional (UADE)15.
Essa unidade está organizada em duas perspectivas: 1) estudos relativos à educação superior, servindo de base para
a atividade de assessoria, e 2) acompanhamento sistemático da gestão acadêmica da graduação, incluindo execução
orçamentária dos cursos, carga horária de docentes, oferta de turmas, estágios etc.
Na articulação das duas perspectivas, a UADE se interessa pelo acompanhamento à implementação dos PPCs,
pela avaliação de desempenho docente, pela formação pedagógica dos docentes que atuam na graduação, pelo exame
– interno e externo - do desempenho dos estudantes, bem como pelo monitoramento do desempenho dos cursos em
relação à concorrência.
Os dados e informações que gera e manuseia, em articulação com a Secretaria Acadêmica, a Diretoria de
Desenvolvimento e Inovação, o RH e a Controladoria, constituem base fundamental para o serviço diferenciado que
presta à Pró-reitoria e aos gestores de cursos, especialmente no que se refere à melhoria do acompanhamento ao
desempenho docente e à melhoria da qualidade da interação professor-estudante.
O Serviço de orientação e Aperfeiçoamento Psicopedagógico (SOAPPE) é um projeto de extensão, ligado à Próreitoria de Extensão. O projeto nasce com o propósito de contribuir com a formação humana e a promoção da qualidade
15 Antes intitulada: Unidade de Apoio Didático-Educacional.
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de vida dos estudantes e funcionários - administrativos e docentes -, em seus aspectos pedagógicos e psicológicos,
implicados no desempenho acadêmico e profissional, com vistas ao desenvolvimento integral e sustentável.
O SOAPPE realiza atividades de orientação pedagógica, reorientação profissional, e atendimento psicológico.
Promove cursos de extensão de técnicas de estudos e comunicação em público. Oferece também oficinas, sempre no
intuito de contribuir, principalmente, com o melhor desempenho dos estudantes.
Além disso, desenvolve ações interdisciplinares e integradas para favorecer a discussão de uma política
institucional e inclusiva que garanta o acesso e a permanência de estudantes e funcionários com deficiência na UCB.
Presta atendimento especializado a funcionários e estudantes com deficiência, como adaptação de material, orientação
psicopedagógica e monitoria, bem como oferece apoio aos docentes no atendimento aos estudantes com deficiência.
7.9. Apoio pedagógico-administrativo aos gestores, docentes e estudantes
Na Universidade Católica de Brasília temos uma Unidade de Assessoria Didático-Administrativa (UADA)16 que
coordena as atividades de apoio aos docentes (salas dos professores e salas de aula), tanto no que se refere à supervisão
das condições de trabalho, quanto no que tange à disponibilização de recursos e meios auxiliares de ensino.
A UADA também organiza a distribuição das salas, laboratórios e demais espaços destinados às atividades
acadêmicas. Essa função é de fundamental importância no apoio aos gestores, especialmente de cursos e programas.
Dentro de nossa realidade institucional, a arquitetura dos laboratórios prevê a existência dos Espaços de
Aprendizagens Prático-Profissionais (EAPs). Os EAPs propiciam aos estudantes oportunidades de realizar experimentos,
treinamentos, observações e análises científicas, de modo a consolidar a sua aprendizagem, por meio da articulação
entre teoria e prática; promovem a integração entre ensino, pesquisa e extensão, proporcionando o uso racional e
compartilhado desses ambientes de aprendizagem; e racionalizam a aquisição de reagentes, materiais de consumo e
equipamentos mediante o controle e o gerenciamento das demandas dos diversos ambientes.
Os laboratórios e salas de informática de acesso público, também sob a coordenação da UADA, oferecem aos
discentes e docentes a infra-estrutura e serviços de tecnologia da informação necessários ao desenvolvimento de suas
atividades acadêmico-pedagógicas, contribuindo para a formação de profissionais dentro dos padrões de qualidade da
UCB.
8. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
O processo de avaliação institucional realizado pela UCB contém duas linhas bem definidas: a auto-avaliação
e a avaliação externa. O processo é conduzido de acordo com os princípios fundamentais do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior SINAES. Porém, não se trata apenas do cumprimento de uma determinação legal. A
avaliação na UCB constitui-se em uma política construída a partir de objetivos e metas condizentes com os princípios
estruturantes da instituição (pastoralidade, extensionalidade, sustentabilidade e indissociabilidade), voltada para a
excelência acadêmica e de gestão, tendo como foco os seguintes eixos:
16 Antes intitulada: Unidade de Apoio Didático-Educacional.
35
a) responsabilidade social – sendo uma instituição católica e portadora do título de filantropia, esse pressuposto tornase básico e presente em todas as ações institucionais;
b) diversidade do sistema – atenta à pluralidade de ofertas educacionais que atualmente se fazem presentes no âmbito
da educação superior no Brasil, bem como a política do Ministério da Educação para o setor, a UCB busca ampliar o
seu espaço como instituição qualificada, tanto em cursos de graduação, quanto de pós-graduação, nas modalidades
presenciais e a distância. Nessa perspectiva, a avaliação é instrumento fundamental para o acompanhamento contínuo
de elementos que apontem o modo pelo qual se insere nessa realidade;
c) respeito à identidade, à missão e à história institucional – a universidade nasceu da diversidade de congregações
religiosas que buscavam oferecer ensino superior de qualidade. Mas sua história em particular não é o único parâmetro,
pois, a junção de diversos fundadores e seus carismas, dão a ela perfil singular, como, por exemplo, o repúdio à lógica
da competição desenfreada e sem limites éticos, pautando-se pelo respeito às diversas IES existentes no Brasil e pela
busca constante do estabelecimento de parcerias;
d) globalidade – traduz uma concepção de avaliação pensada e efetivada em articulação com o perfil institucional da UCB
que prevê a indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão, fundamentada na pastoralidade, na extencionalidade e
na sustentabilidade como chaves mestras do processo de formação. Assim, objetivos, metas e ações definidos em um
processo de planejamento, bem como os indicadores construídos, estão referenciados a esse perfil;
e) continuidade do processo de avaliação – a UCB promove desde 1995, o Programa de Avaliação Institucional da
Universidade Católica de Brasília – PAIUCB, atendendo ao chamado do MEC, traduzido no Programa de Avaliação
Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB) de 1993. Com as mudanças preconizadas pelo SINAES, o processo
sofreu adaptações, mas não interrupções. Isto porque, dentro de sua proposta pedagógica, acadêmica e de gestão, a
UCB entende a avaliação institucional como um processo contínuo, sistemático e participativo e não apenas um evento
esporádico. Esta compreensão implica a efetivação de um processo compartilhado, com vistas ao estabelecimento de
compromissos com a melhoria permanente e com a efetivação de uma cultura de avaliação. É importante ressaltar
que a busca pela melhoria constante de seus processos acadêmicos e de gestão não reduz a avaliação a um conjunto
de técnicas para mensurar a eficiência e a eficácia institucional. Isto porque a avaliação, além de um instrumento
gerencial, é também um instrumento político que influencia na tomada de decisões e, como tal, tanto pode ser
um elemento aglutinador dos diversos sujeitos institucionais como um elemento de distanciamento e de reforço de
relações de competição e de disputa entre esses sujeitos. Ao considerarmos que uma concepção de avaliação não
está dissociada de uma concepção de universidade, a UCB busca construir e consolidar uma cultura de avaliação
cotidianamente vivenciada, por ser compreendida como um dos elementos constitutivos de todos os processos, sejam
eles pedagógicos, acadêmicos ou gerenciais.
Esses eixos e princípios se desencadeiam a partir da Comissão Própria de Avaliação (CPA), por meio de
processos que envolvem diversas etapas e atores. Tem por escopo implementar um processo contínuo e permanente
de avaliação institucional, que contribua para a revisão crítica e o aperfeiçoamento do projeto social, acadêmico e
pedagógico da UCB, mediante a realização de etapas de avaliação interna e avaliação externa, dirigidas a todas as
instâncias da UCB. As diretrizes a serem seguidas pela CPA são:
a) participação – a avaliação institucional na UCB representa um processo permanente, no qual a construção de
indicadores tem como foco o desenvolvimento institucional, em todos os níveis de atuação, e, por conseguinte, sua
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execução deve sempre contar com a participação dos grupos de interesse envolvidos;
b) transparência – condição para uma avaliação participativa, pois diz respeito ao estabelecimento de mecanismos
transparentes e democráticos que garantam o acesso às informações obtidas, bem como o retorno das análises
efetuadas;
c) direção para melhoria – o processo de avaliação institucional deve ser sempre conduzido no sentido de aperfeiçoamento
da missão social da UCB, não podendo traduzir, em nenhuma circunstância, julgamentos de valor no sentido de punir
indivíduos ou setores da estrutura universitária, mas dirigidos para a construção de uma cultura de avaliação dentro
dos pressupostos anteriormente identificados;
d) contextualização – sendo um processo de avaliação integrada, as análises e as recomendações devem continuar
a levar em conta o contexto institucional global – que, por sua vez, está inserido em um contexto externo muito mais
amplo –, de forma a caracterizar,com a devida propriedade, os aspectos críticos e as soluções desejadas;
e) racionalização – para cada nível decisório (cursos, programas, centros, pró-reitorias, reitoria, universidade como
um todo, e mantenedora) os indicadores devem ser poucos, relativamente fáceis de medir, referir-se ao tempo, e
sistematizados para dar apoio aos processos decisórios. Isto porque é preciso ser seletivo na escolha das medidas,
somente organizando informações que possam realmente ser usadas. Tal seletividade na construção de indicadores é,
por sua vez, conseqüência da clareza da definição de objetivos e metas;
f) continuidade – procura identificar os pontos críticos de uma situação atual com o objetivo de proporcionar elementos
para melhoria de qualidade institucional dos processos avaliados, tendo em vista a reavaliação periódica dos objetos
para possibilitar o acompanhamento e a comparabilidade de sua evolução no tempo e entre objetos de natureza
semelhante.
O processo de avaliação institucional trabalha com critérios coletivos que visam o aperfeiçoamento dos agentes
da comunidade acadêmica e da instituição como um todo. Na base desses critérios está, primeiramente, a avaliação
da qualidade da realização do projeto de cada curso, considerando minimamente as dimensões de infra-estrutura,
corpo docente e aspectos pedagógicos, além da gestão, políticas e diretrizes institucionais. O segundo critério é o
acompanhamento e avaliação do cumprimento dos objetivos e o desenvolvimento de cada PPC, oferecendo subsídios
para a revisão, o encaminhamento e a solução dos problemas identificados. O terceiro critério está na articulação da
avaliação interna com os resultados obtidos nas avaliações externas – ENADE e comissões do MEC –, identificando
pontos críticos e adotando medidas para o equacionamento dos problemas. Por fim, o objetivo é oferecer ao docente e
às instâncias superiores um acompanhamento individual de sua evolução pedagógica, orientando quanto aos aspectos
que podem e devem ser melhorados.
O desenvolvimento desses critérios perpassa pela avaliação dos cursos de graduação, pela relevância social
e científica da pesquisa, pelas necessidades e demandas do entorno social, além dos resultados dos relatórios e
conceitos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para os cursos de pós-graduação,
monitorados e acompanhados constantemente.
Para isso, será necessário contar com um corpo docente e de gestores ativos e pró-ativos que saibam trabalhar
em equipe e trocar experiências; estudantes que estejam abertos à participação por meio de suas representações, em
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sala de aula e nos diversos espaços de formação; e envolver a participação da comunidade externa, orientada pela
busca da conscientização da missão e da finalidade acadêmica e social da UCB.
9. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPI
O Projeto Pedagógico Institucional, e conseqüentes decorrências para a gestão da UCB, em nível estratégico,
constitui parte da avaliação institucional. Em nível de aplicação, com desdobramentos para os PPCs, para os planos de
ensino e para a relação docente-discente, constitui compromisso dos gestores de cursos e programas, bem como dos
docentes e dos próprios estudantes.
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ANEXO - RESOLUÇÃO CONSEPE
Resolução CONSEPE N.º 96/2008
de 22/08/2008
Aprova, ad referendum do Conselho de
Ensino, Pesquisa e Extensão – Consepe, o
Projeto Pedagógico Institucional – PPI, da
Universidade Católica de Brasília – UCB, e
determina outras providências.
O Presidente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - Consepe, e
Reitor da Universidade Católica de Brasília - UCB, no uso das atribuições estatutárias e com
fundamento na Exposição de Motivos apresentada pela Secretaria Geral,
R E S O L V E:
Art. 1º - Aprovar, ad referendum do plenário deste Conselho, o Projeto Pedagógico Institucional – PPI, desta
Universidade, anexo a esta Resolução.
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília-DF, 22 de agosto de 2008.
Prof. MSc. Pe. José Romualdo Degasperi
Reitor
Presidente do Consepe
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Projeto Pedagógico Institucional - PPI