Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 CONDIÇÕES DE SAÚDE E NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS Yago da Costa (UEG – ESEFFEGO)¹; Beatriz Rodrigues Alves (UEG – ESEFFEGO)¹; Nathália David Lopes dos Santos (UEG – ESEFFEGO)¹; Cibelle Kayenne Martins Roberto Formiga (UEG – ESEFFEGO)². E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Estudos sobre as condições de saúde e a satisfação dos usuários de serviços de saúde são importantes, pois permitem reconhecer o consumidor através de suas características e necessidades, possibilitando para a equipe que gerencia e presta os serviços à realização de novas estratégias de contato e de vínculo e orientação para a implementação de múltiplos programas de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de agravos adaptados às diferentes necessidades. A Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual de Goiás tem como objetivos oferecer à população atendimento em caráter ambulatorial e gratuito para pessoas encaminhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de contribuir para a formação e treinamento prático e técnico dos acadêmicos do curso de Fisioterapia desta instituição. A avaliação da satisfação em relação aos serviços de saúde pelos próprios usuários é de natureza multidimensional e particular, envolvendo suas expectativas e experiências (SUDA; UEMURA; VELASCO, 2009), a relação terapeuta-paciente, e o fator sócioeconômico que o indivíduo está inserido (WESS, 1988). Segundo Suda; Uemura; Velasco (2009) o tratamento fisioterapêutico apresenta por si só uma série de características particulares que podem influenciar na satisfação do paciente, e a insatisfação do usuário é capaz de gerar uma menor adesão e sucesso do tratamento. As condições de saúde dos indivíduos são produzidas por um complexo processo de interação entre fatores sociais, psicológicos, biológicos (MORAES; ROLIM; COSTA JR, 2009) e físicos. É importante que o profissional da saúde investigue não só as condições de saúde, mas também de vida e trabalho dos pacientes. O conhecimento destes dados impõe intervenções adaptadas e modificadas, auxiliando na identificação de fatores de risco à saúde pessoal e coletiva, assim como no processo de diagnóstico até a reabilitação da doença do paciente. Os fisioterapeutas utilizam questionários com frequência para medir as condições de saúde dos pacientes, porém a satisfação do paciente quanto aos aspectos do serviço recebido é pouco avaliada (SUDA; UEMURA; VELASCO, 2009). O desenvolvimento de estudos com o rigor metodológico, com testes de confiabilidade e validade e ainda pertinentes com a contextualização cultural nacional, eficazes para avaliar a satisfação do usuário com o serviço fisioterapêutico são recentes (DIAS et al., 2011). 1 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 OBJETIVOS Analisar as condições de saúde e nível de satisfação dos usuários da Clínica Escola de Fisioterapia da ESEFFEGO/UEG. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual de Goiás por alunos integrantes do Programa de Educação Tutorial – PET, do curso de Fisioterapia. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, de abordagem quantitativa e de corte transversal, onde se traduz em números às opiniões e informações para serem classificadas e analisadas. Foram entrevistados 129 pacientes, escolhidos aleatoriamente, que estavam aguardando tratamento fisioterapêutico. O instrumento utilizado foi um questionário elaborado pelos próprios pesquisadores dividido em: informações pessoais; informações sobre aspectos clínicos e o atendimento fisioterapêutico; opinião sobre as atividades de educação em saúde e opinião sobre a clínica escola. O aluno/pesquisador se apresentava ao paciente, explicava sobre a pesquisa e logo após obter seu consentimento em participar, preenchia o questionário anotando os dados respondidos pelo participante. Para análise dos dados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel versão 2007, usando a técnica de estatística descritiva (média aritmética, desvio-padrão, frequência e porcentagem). RESULTADOS E DISCUSSÕES No total de 129 questionários preenchidos, 79% dos entrevistados responderam todas as perguntas e 21% não preencheram totalmente o questionário. Entre os motivos do não preenchimento de alguns itens pelo paciente está a justificativa de serem pacientes novos da clínica, não tendo ainda uma opinião formada sobre alguns pontos, principalmente os que estão relacionados à satisfação dos serviços recebidos; outro fato importante foi o próprio desconhecimento sobre as respostas para as questões. Da amostra final, 84 eram do sexo feminino (65%) e 45 do sexo masculino (34%). Assim como no estudo de Mendonça e Guerra (2007) a população que se encontra em tratamento fisioterapêutico foi predominantemente do gênero feminino, onde 64% de uma amostra constituída por 834 pessoas eram do sexo feminino. A média de idade foi de 47 anos (± 20), resultado similar ao encontrado no estudo de Suda, Uemura e Velasco (2009), onde a média de idade levantada foi de 47 anos (±14,8). A média de peso foi de 58 kg (± 26), altura 1,37m (± 0,57) e 46% dos entrevistados se consideram pardos, 38% brancos, 9% negros e 3% amarelos. Em relação à renda familiar, 6% possuem uma renda menor do que um salário mínimo, 53% de um a dois salários mínimos, 18% entre dois a três salários mínimos, 3% uma renda superior a três salários, 3% declararam não ter renda, e do total 11% não responderam essa questão. Quanto ao item plano de saúde, 30% dos pacientes possuem algum plano de saúde e 67% não possuem. Dos entrevistados 44% recebem algum tipo de benefício do governo. Estudos similares desenvolvidos por Dias et al. (2011), Suda, Uemura e Velasco 2 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 (2009) e Mendonça e Guerra (2007) encontraram também a predominância de baixa renda familiar entre as amostras pesquisadas. Sobre as condições de saúde dos entrevistados, 50% possuem alguma doença crônica e faz acompanhamento clínico e 44% não referiu. Entre os pacientes que possuem doença crônica, 63% apresentaram hipertensão arterial sistêmica, 18% diabetes, 7% hipercolesterolemia, 6% obesidade e 18% outras patologias. Além disso, 11% possuem mais de uma doença crônica e 6% dos entrevistados não responderam esta pergunta. O uso de medicamentos com prescrição médica é feito por 30% dos pacientes entrevistados. A pratica de exercícios físicos regularmente é feita por apenas 41% dos usuários da clínica. As especialidades fisioterapêuticas mais prevalentes foram: ortopedia, neurologia, reumatologia e queimaduras (50%, 34%, 20% e 3% respectivamente). Comparando com o estudo de Mendonça e Guerra (2007) houve uma maior prevalência de pacientes atendidos na ortopedia, porém ocorreu uma diferença quanto às outras áreas, pois em seu estudo houve uma maior concentração de atendimento na área de reumatologia seguido por neurologia. No atual estudo, 42% referiram que procuraram tratamento fisioterapêutico imediatamente, enquanto 31% procuraram tratamento de dois meses a um ano após o diagnóstico e 3% demoraram mais de um ano para procurar atendimento. Quando perguntados se recebem orientação para realizar em casa exercícios fisioterapêuticos, 70% disseram receber orientações e destes, 56% as realizam, 16% não e 25% não responderam a essa pergunta. Em relação ao benefício das sessões, 78% perceberam um benefício após iniciar o tratamento, 10% afirmam não sentir nenhum benefício e 10% dos entrevistados não responderam. Ao serem questionados sobre o avanço após o início da fisioterapia, em uma escala de 0 a 5 - onde 0 significava nenhum avanço e 5 um excelente avanço - 7% não percebeu nenhum avanço, 3% sentiram pouco avanço, 9% avanço moderado, 29% bom avanço, 21% avanço muito bom e 15% relataram sentir um excelente avanço. Sobre a necessidade de ajuda para realizar atividades diárias como andar, subir escadas e tomar banho 63% não necessita de ajuda para a realização das atividades. Sobre o nível de satisfação dos usuários da clínica, quando perguntados sobre o atendimento das secretárias, 27% consideraram ser excelente, 20% muito bom, 34% como bom, apenas 1% consideraram como sendo péssimo o atendimento prestado. Em relação à limpeza da clínica, 21% avaliaram como sendo excelente, 17% como muito boa, 43% boa e 6% como ruim. Quanto à estrutura física da clínica, 6% dos pacientes classificaram como excelente, 27% como muito boa, 51% boa e 5% sendo ruim. Quando questionados sobre os estagiários de fisioterapia da clínica, 45% avaliaram o atendimento feito por eles como excelente, 31% como muito bom e 13% sendo bom. Em relação à avaliação geral do tratamento recebido, 55% definiram como excelente o tratamento, 21% como muito bom e 10% consideram bom. Nos estudos pesquisados não foi encontrada a investigação a respeito da acessibilidade ao serviço e qual meio de transporte é usado pelo paciente utilizado para chegar até a clínica. Em nossa pesquisa foram investigados esses itens, onde 35% responderam ter dificuldades de transporte. Sobre qual meio de transporte usado até a clínica, 71% faz uso de transporte público, 35% carro ou moto e 11% vão a pé. 3 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 Quanto a mudanças, 67% não relataram desejo de mudança no atendimento da clínica e 16% gostariam que houvessem mudanças, relacionadas principalmente com a estrutura física da clínica. Assim como no estudo de Suda, Uemura e Velasco (2009) os resultados mostraram um alto nível de satisfação geral da comunidade que frequenta a clínica escola de fisioterapia. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dessa pesquisa, pode-se perceber que metade dos pacientes entrevistados possui alguma doença crônica além do diagnóstico médico que o leva ao tratamento da fisioterapia. Menos da metade faz prática de exercícios físicos regularmente, fator que pode contribuir com o surgimento dessas doenças e seu agravamento. A maioria dos entrevistados não necessita de ajuda para realizar as atividades diárias, o que demonstra uma independência funcional. Os resultados mostraram um alto nível de satisfação geral quanto ao atendimento feito pela Clínica Escola. Um dado relevante foi quanto a possíveis mudanças no atendimento, em que a grande maioria considerou não ver necessidade de mudanças e os que sugeriram destacaram a estrutura física da clínica, como ar-condicionado e ventiladores, novos aparelhos fisioterapêuticos e uma melhor sala de espera do atendimento. Este trabalho poderá servir como orientação para programas de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde dos usuários da clínica; além do planejamento para superação das limitações detectadas. Devido à rotatividade de pacientes e estagiários faz-se necessário a constante replicação de estudos semelhantes para que os dados sejam atualizados. REFERÊNCIAS: DIAS, A. O.; SOUZA; C. B.; PORTO, G. M.; GOMES, N. C. P.; SOARES, T. K.; CARREIRO, D. L.; COUTINHO, L. T. M.; JÚNIOR, R. F. C. M.; COUTINHO, W. L. M. Avaliação da satisfação dos usuários em relação ao atendimento fisioterapêutico prestado em clínica escola. 2011. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd153/avaliacao-da-satisfacao-ao-atendimento fisioterapeutico.htm>. Acesso em: 14 de setembro de 2011. MENDONÇA, K. M. P. P.; GUERRA, R. O. Desenvolvimento e avaliação de um instrumento de medida da satisfação do paciente com a fisioterapia. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 5, p. 369-376, set./out. 2007. MORAES, A. B. A.; ROLIM, G. S.; COSTA JR, A. L. O processo de adesão numa perspectiva analítico comportamental. Revista Brasileira de Terapias Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 329-345, dez. 2009. SUDA, E. Y.; UEMURA, M. D.; VELASCO, E. Avaliação da satisfação dos pacientes atendidos em uma clínica-escola de Fisioterapia de Santo André, SP. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 126-131, 2009. WEISS, I. G. Patient satisfaction with primary medical care: evaluation of sociodemografich and predispositional factors. Medical Care, 26: 383-92, 1998. 4