FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PERSPECTIVAS PARA ARQUITETURA RECIFE DEZEMBRO, 2002 RENÉ GOMES RODRIGUES JARCEM PERSPECTIVAS PARA ARQUITETURA PERSPECTIVAS: UMA VISÃO ESTRATÉGICA PARA ARQUITETURA Trabalho final da disciplina Monografia Arquitetônica III, do curso Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, ministrada pelas professoras Luciana Santiago e Maria Helena Lindoso, sob orientação de Gustavo Costa, para obtenção do grau de aprovação. Recife Dezembro, 2002 2 AGRADECIMENTOS Ao professor Gustavo Antunes Costa, por vários meses o orientador ideal, pelo estímulo dado e pela combinação excepcional, de bom senso, visão crítica e pelas horas e horas sobre o tema, invadindo muitas vezes questões filosóficas e práticas relacionados ao tema. Às professoras Luciana Santiago e Cândida Medeiros, pelo apoio na elaboração do projeto de pesquisa e incentivo ao prosseguimento e evolução do presente trabalho. Às professoras Adriana Penha e Maria Helena Lindoso, pela colaboração e entusiasmo conforme o desenvolvimento do trabalho. À professora Ana Magda Alencar Correia pela contribuição e críticas referente ao conteúdo e material apresentado. A Ivete Cavalcanti e demais funcionárias da biblioteca, que me permitiram digitar durante horas ininterruptas este trabalho monográfico. 3 Aos familiares, Rômulo Rodrigues Jarcem (pai), Alice Aurora Gomes Rodrigues Jarcem (mãe), Roger Ayres Rodrigues Jarcem (irmão), Ilza Maria Gomes (tia e madrinha), Anabel Maria Gomes (tia) e a Zoraide Helena Gomes (avó) que me incentivaram desde a minha entrada no curso de Arquitetura e Urbanismo até este momento de conclusão. Aos amigos Rogério Domingues da Silva e José Lucenildo, por suas importantes sugestões, conselhos, e principalmente, pelas constantes demonstrações de amizade e companheirismo. Às amigas Ana Flávia Crasto e Célia Beatriz Tabosa, agradeço pelos momentos de conversas, de incentivo ao trabalho, e o mais importante, a amizade. 4 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado ao professor Rômulo Rodrigues Jarcem Junior, amigo, parente e irmão que sempre esteve e estará presente em sangue e memória, apesar de nunca termos vívidos fisicamente próximos um do outro, sempre estivemos caminhando pela mesma estrada (1955–2002 ). 5 “(...) a perspectiva não é uma das regras de ouro, uma lei imutável, que corresponda a uma realidade substancial da natureza; sendo função da inteligência, ela é uma das referências que permite conferir mentalmente, uma ordem às sensações”. FRANCASTEL, 1983: 163. 6 APRESENTAÇÃO Trabalho final de graduação correspondente à disciplina Monografia Arquitetônica III do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, ministrada pelas professoras Luciana Santiago e Maria Helena Lindoso sob orientação do Professor Gustavo Costa. Com a finalidade de analisar a perspectiva como instrumento de marketing na apresentação de projetos arquitetônicos, foi definido o seguinte tema “Perspectivas: uma visão estratégica para arquitetura”. Um breve estudo histórico das representações gráficas, uma análise dos fundamentos geométricos aplicados à perspectiva e o marketing da perspectiva como instrumento na apresentação de projetos foram necessários para a realização desse estudo. As representações gráficas não são simplesmente uma atividade lúdica, mas também um instrumento científico que marcou a história humana. Uma vez que cabe a geometria gráfica o estudo da perspectiva, é relevante fazer um breve estudo com o objetivo de uma fundamentação à pesquisa. 7 No que diz respeito ao gerenciamento empresarial e a produção da perspectiva cabem o estudo do marketing em um contexto que o cliente busca soluções para os seus problemas e a perspectiva fornece o recurso que possibilita ao arquiteto expressar suas idéias e esclarecimento ao projeto, auxiliando sua comercialização. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - ATLAS da História do Mundo. in Folha de São Paulo, outobro de 1995, p. 35. Figura 2 - ibid, p. 45. Figura 3 -ibid, p. 48. Figura 4 - ibid, p.58. Figura 5 – LISE, Giorgio. Como reconhecer a Arte Egípcia. São Paulo: Martins Fontes, 1985, p. 46. Figura 6 – SCHAARWACHTER, Georg. Perspectiva para arquitectos. México: G.GILI, S.A., 2001, p. 120. Figura 7 - ATLAS da História do Mundo. in Folha de São Paulo, outobro de 1995, p. 265. Figura 8 - ibid. Figura 9 - ibid, p. 289. Figura 10 - CHING, Francis D. K. Arquitetura – Forma, Espaço e Ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 309. Figura 11 – COSTA, Mário Duarte; COSTA, Alcy P. A. Vieira Geometria gráfica tridimensional Volume 1. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1992, p.35. 9 Figura 12 – GALVÃO, Deise. Simetria traz tranqüilidade, CASA CLAUDIA. Ano 24, nº 11,novembro 2000, p.103. Figura 13 – GILL, Robert W. Desenho para apresentação de projetos – Para arquitetos, engenheiros, projetistas industriais, decoradores, publicitários, jardinistas e artistas em geral. São Paulo: TECNOPRINT, 1981, p. 16. Figura 14 – Desenho elaborado por René Jarcem. Figura 15 – ibid. Figura 16 - GILL, Robert W. Desenho para apresentação de projetos – Para arquitetos, engenheiros, projetistas industriais, decoradores, publicitários, jardinistas e artistas em geral. São Paulo: TECNOPRINT, 1981, p. 16. Figura 17 - ibid. Figura 18 – SCHAARWACHTER, Georg. Perspectiva para arquitectos. México: G.GILI, S.A., 2001, p. 21. Figura 19 – COSTA, Mário Duarte; COSTA, Alcy P. A. Vieira Geometria gráfica tridimensional Volume 1. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1992, p.59. Figura 20 – DOYLE, Michael E. Desenho a cores – Técnicas de desenho de projetos para arquitetos, paisagistas e designers de interiores. 2ed., Porto Alegre: Bookman, 2002. Figura 21 – ibid, p. 20. Figura 22 – A Arte de Ver II, São Paulo: Editora Globo, 1985, volume 7, p. 18. 10 Figura 23 – SOARES, Renata Maria. Apresentações realísticas ajudam a vender projetos. CADESIGN. Ano 6, nº 59, p.21. Figura 24 – DOYLE, Michael E. Desenho a cores – Técnicas de desenho de projetos para arquitetos, paisagistas e designers de interiores. 2ed., Porto Alegre: Bookman, 2002, p. 47. Figura 25 – ibid, p. 226. Figura 26 – ibid, p. 251. Figura 27 – ibid, p. 277. Figura 28 – MOURA, Éride. Ampla intervenção do Pólo Alfândega completa revitalização da Ilha do Recife. PROJETO, maio de 2000, nº 243, p. 82. Figura 29 – Classificados in JORNAL DO COMÉRCIO, outobro de 2002, p. 16. Figura 30 – GALVÃO, Deise. Simetria traz tranqüilidade – CASA CLAUDIA. Ano 24, nº 11,novembro 2000, p.124. Figura 31 - MOURA, Éride. Ampla intervenção do Pólo Alfândega completa revitalização da Ilha do Recife. PROJETO, maio de 2000, nº 243, p. 83. Figura 32 - GALVÃO, Deise. Simetria traz tranqüilidade, CASA CLAUDIA. Ano 24, nº 11,novembro 2000, p.110. Figura 33 – Desenho elaborado por René Jarcem. Figura 34 – Classificados in JORNAL DO COMÉRCIO, outobro de 2002, p. 18. Figura 35 - ibid, p. 16. 11 Figura 36 - SCHAARWACHTER, Georg. Perspectiva para arquitectos. México: G.GILI, S.A., 2001, p. 21. 12 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO LISTA DE FIGURAS SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................17 1. PERSPECTIVA: A FUNDAMENTAÇÃO.....................................................22 1.1. A evolução das representações gráficas.............................................22 1.2. O ensino da representação gráfica no Brasil.......................................36 1.3. Etimologia e conceito...........................................................................37 1.4. Perspectiva: fundamento geométrico...................................................41 1.5. Perspectiva quadrimensional: a perspectiva da quarta dimensão ......55 2. MARKETING: A ESTRATÉGIA...................................................................57 2.1. Conceitos: marketing e estratégia .......................................................57 2.2. O planejamento estratégico de marketing na arquitetura ...................59 13 2.3. Marketing: pensar à representação perspectiva.................................62 3. ESTUDO DE CASO: A PRODUÇÃO ATUAL.............................................66 3.1. Desenhos: apresentação ao cliente.....................................................67 3.2. Perspectivas: elaboração das representações perspectivas...............70 3.3. Representação perspectiva: confecção...............................................73 4. ANÁLISE DA CONJUNTURA ATUAL........................................................76 4.1. Perspectiva: produção e apresentação................................................77 4.2. Representação perspectiva: ferramenta do arquiteto..........................83 4.3. Produção atual x representação perspectiva.......................................86 4.4. Representação perspectiva: apresentação ao cliente.........................88 CONCLUSÃO ...................................................................................................95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................97 14 BIBLIOGRAFIA................................................................................................100 ANEXO............................................................................................................107 APÊNDICE.......................................................................................................108 15 INTRODUÇÃO Arquitetos e pintores da Renascença desenvolveram a perspectiva que possibilitava ao artista representar formas tridimensionais em uma superfície bidimensional. Atualmente a perspectiva abrange diversas áreas do conhecimento e são empregadas como ferramenta de trabalho, dentre elas estão pintores, desenhistas, designers, cenógrafos, publicitários, arquitetos e urbanistas. Como possibilidade de representar graficamente a forma, uma alternativa bastante utilizada na apresentação e esclarecimento de um projeto é a perspectiva. Uma vez que clientes e profissionais não iniciados na linguagem arquitetônica, podem ter através da perspectiva uma leitura clara da forma representada. Visando apresentar a forma proposta do projeto, poderá este ser um desenho que representará graficamente a potencialidade do produto. A forma enquanto existente no imaginário do arquiteto pode ser examinado e avaliado pelo cliente através de um desenho, que possibilitará formular questões sobre o projeto, não sendo considerado como custo, mas um investimento. 16 O avanço tecnológico de softwares proporcionou uma produção industrial para os trabalhos gráficos. Estes softwares possibilitam a animação gráfica (dar movimento, dinamismo) a forma representada. Essas representações, geradas no computador como instrumento de execução são comumente chamadas de ‘maquetes eletrônicas’ (FERREIRA, 2000). Para os pintores cubistas a realidade que possibilita o movimento da forma a atribuída a Quarta Dimensão, desenvolvida de tal maneira que... “(...) para a possuir integralmente eu deveria fazer um número infinito de perspectivas dos infinitos pontos de vista. Existe, pois, outro elemento além das três dimensões tradicionais, e é precisamente a deslocação sucessiva do ângulo visual (...)” (ZEVI, 1978: 21). A animação gráfica na perspectiva é um investimento que auxilia na definição do cliente em relação ao empreendimento. Sendo assim, torna-se um elemento fundamental que, a princípio, acompanha o projeto, quando o profissional de arquitetura estiver em contato com o cliente e expondo seu produto. 17 Visando o atendimento as necessidades do cliente, o profissional de arquitetura – que oferece produtos e serviços – estabelece metas e objetivos que tem como fim à qualidade na apresentação dos projetos e serviços através da funcionalidade, a estética do empreendimento e o gerenciamento executivo. Apresentar projetos independentemente do método de elaboração e esse podendo ser à mão livre, por instrumentos de desenhos e softwares CAD (Computer Aided Design: projeto auxiliado por computador), o arquiteto emprega a perspectiva como ferramenta de marketing. O discurso de marketing relacionado ao projeto será empregado visando à perspectiva como instrumento relevante no processo do planejamento estratégico de marketing orientado ao cliente no ramo da arquitetura. Sendo assim, surgiram algumas inquietações a respeito do uso da perspectiva na arquitetura. Dentre elas a pouca importância dada ao ensino da perspectiva em faculdades de Arquitetura, na vivência profissional, acadêmica e a comercialização de projetos, ou seja, a necessidade de elaborar a perspectiva como ferramenta estratégica de marketing. 18 Analisar a importância da perspectiva como instrumento de marketing na apresentação de projetos arquitetônicos é o objetivo dessa pesquisa. A metodologia utilizada na pesquisa foi o levantamento bibliográfico e documental relacionados aos temas: desenho, perspectiva, projeto e marketing. Têm como fim embasar teoricamente a análise para estruturação da pesquisa. Como procedimento de investigação, foram realizadas visitas in loco em empresas de arquitetura. Dez arquitetos atuantes na região metropolitana do Recife, dentre estes, profissionais autônomos, empresas públicas e escritórios para diagnosticar o atual contexto de apresentação dos projetos. O trabalho apresenta a seguinte estrutura: O primeiro capítulo aborda uma leitura histórica das representações gráficas, o ensino das representações gráficas no Brasil, conceitos e edimologias dos termos empregados, os fundamentos geométricos da perspectiva e a inserção da maquete eletrônica como perspectiva quadrimensional; O segundo capítulo aborda o planejamento estratégico de marketing na arquitetura, comentando conceitos de projetos e apresentando representações perspectivas utilizadas como instrumentos de marketing; 19 No terceiro capítulo são apresentados os resultados dos questionários expostos em dados quantitativos. Apresenta representações perspectivas confeccionadas por profissionais de arquitetura como similaridade da apresentação atual nos projetos. No quarto capítulo analisa-se os resultados encontrados, e avalia o contexto atual na apresentação das representações perspectivas; A conclusão deste trabalho vem responder a problemática do estudo após o terceiro capítulo; e a potencialidade de futuros temas relacionados ao desenho que desdobram-se no estudo. Nesse estudo, portanto, questiona-se qual a importância da perspectiva na apresentação nos projetos de arquitetura. E, baseado nesse questionamento, foi desenvolvido o tema: “Perspectivas: uma visão estratégica para arquitetura”. 20 1. PERSPECTIVA: A FUNDAMENTAÇÃO. Nesse primeiro capítulo são abordados temas referentes à primeira categoria da pesquisa que é sobre a perspectiva. Iniciando pela perspectiva é necessário uma retrospectiva histórica abordando a evolução das representações gráficas, o ensino das representações gráficas no Brasil, a etimologia e conceitos tanto da perspectiva, bem como os conceitos de desenho, representações, desenho arquitetônico, representação gráfica, geometria, representação perspectiva e forma, buscando definir os termos empregados neste estudo. 1.1. A evolução das representações gráficas. As representações gráficas foram – e continuam sendo – de crucial importância na evolução do ser humano. Desde o período Pré-histórico os homens tinham a necessidade de transmitir o que viam e/ou sentiam através dos desenhos. Sobre a pré-história, as informações dependem de interpretações baseadas nos poucos artefatos que restaram, de evidências fornecidas pela antropologia e de extrapolação retroativa, conjentural, a partir de documentos que foram encontrados ao longo dos anos. 21 Na Era Glacial – Idade do Gelo – cerca de 10.000 anos a.C., as pinturas rupestres de animais como bisão, cavalo, mamute e rena, eram elaborados uns sobre os outros, sugerindo que a própria ação de pintar era mais importante do que a imagem resultante (fig. 1) (ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995). FIGURA 1 – Pintura rupestre do bisão encontrado no teto de uma caverna localizada no norte da Espanha, aproximadamente há 10.000 a.C. Fonte: ATLAS DA HISTORIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995 22 Do Paleolítico ao neolítico, cerca de 3.500 a.C. a 4.000 a.C., os povos que viviam na África e na Europa deixaram pinturas nas cavernas criadas com objetivos práticos e ritualísticos (fig. 2 e 3). Em algumas imagens, as presenças de marcas aparentam serem feitas por lanças, sugerindo o seu uso em rituais mágicos organizados para conseguir êxito na caçada, e na instrução de jovens a caça como um esforço de cooperação em grupo (MEGGS, 1998). FIGURA 2 – Pintura rupestre africana representando seres humanos dançando, elaborada aproximadamente 6.000 a.C..Fonte: ATLAS DA HISTORIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995. 23 FIGURA 3 – Pintura rupestre australiana ancestral e dingo, descendente dos oriundos do Sudeste da Ásia, cerca de ATLAS DA HISTORIA DO MUNDO in PAULO, 1998. representando ser cães domésticos, 5.000 a.C. Fonte: FOLHA DE SÃO O homem neolítico não teve grande necessidade de medir terras, porém suas representações gráficas sugerem a preocupação com relações espaciais abrindo caminho para a geometria (BOYER, 1996). 24 Heródoto acreditava que a geometria se originava do Egito devido à necessidade prática de fazer novas medidas de terras após cada inundação anual no vale do rio Nilo. Aristóteles crê que a existência de uma Classe Sacerdotal que tinha seus lazeres havia conduzido o estudo da geometria no Egito (BOYER, 1996). Há 2.800 a.C. no Egito, foi idealizado e elaborado pelo Visir Imohtep em desenhos para o Faraó Zoser a construção da pirâmide de Saqquara. Os desenhos elaborados do Faraó eram imaginados e ordenados de maneira hierárquica, ou seja, o Faraó não poderia ser representado menor que seus súditos (fig. 4). FIGURA 4 - Fonte: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995 25 Os hieroglíficos usados pelos egípcios – que em grego significa “escultura sagrada” e no egípcio significa “as palavras de Deus” – repercutiu aproximadamente durante três milênios e meio (MEGGS, 1998). Os hieroglíficos permitiam aos egípcios preservar a característica física do ser humano (fig. 5). FIGURA 5 - A figura apresenta com uma graduação de altura aos remadores, derivando a sensação de que a barca se afasta dos observadores.Fonte: LISE, 1985. Aproximadamente há 300 a.C., os gregos apreciavam a geometria não apenas em virtudes de suas aplicações práticas, mas por tentar entender a matéria por ela mesma. Foi o grego Euclides que sistematizou a geometria – que fundamenta a representação gráfica - no livro ‘Os Elementos’. Esse livro foi o modelo de como devia ser o pensamento científico, exercendo, portanto, influência no Ocidente até o século XIX (BOYER, 1996). 26 O pintor Polignoto de Tasos foi um dos primeiros artistas gregos, que representava graficamente Deuses e heróis mitológicos em louças. No tempo do Imperador Péricles os artistas Agatarco e Apolodro pintavam cenas semelhantes à realidade que viam, entretanto não foram do gosto de Aristóteles, que viu nestas cenas uma renúncia as grandezas mitológicas (SCHAARWACHTER, 2001). Os romanos diferentemente dos gregos, tinham uma cultura militar e foram herdeiros diretos da cultura helênica, e aplicavam a linguagem do desenho na arquitetura, na engenharia, no urbanismo, na construção naval e nas artes plásticas. Na Idade Média o saber estava na religião, e na igreja católica que detinha o poder, e somente as ordens religiosas cabiam às guardas dos textos relacionados à filosofia, geometria e astronomia. A partir desta fase tudo era feito de acordo com o que a igreja permitia, não acontecendo nenhuma inovação significativa relacionado às representações gráficas. Leonardo da Vinci (1452-1519) freqüentemente considerado um matemático, não se fixou na aritmética, na álgebra ou na geometria. Em seus cadernos foram encontrados referências quanto a quadraturas de lunas, construções de polígonos regulares, e idéias sobre centros de gravidade e 27 curvas de dupla curvatura. Porém é mais conhecido por sua aplicação na matemática, ciência e teoria da perspectiva (BOYER, 1996). No fim da Idade Média foi desenvolvida a perspectiva imaginada como sistema geral de coordenadas geométricas, devido à ânsia de representar locais e edificações. Esta perspectiva ficou sendo conhecida como perspectiva artificialis, também conhecida como perspectiva exata ou perspectiva cônica, obtida através dos esforços de arquitetos e pintores habituados à geometria e à matemática marcando uma nova etapa nas representações gráficas (fig. 6) (SILVA E., 1991). FIGURA 6 - Fonte: SCHAARWACHTER, 2001. 28 O uso da perspectiva cônica é um ponto que difere a arte renascentista da medieval na representação plana de formas tridimensionais. Diz-se que o arquiteto Florentino Fillippo Brunelleschi (1377-1446) deu atenção à necessidade da representação gráfica das formas, mas a primeira contemplação formal a este respeito foi dada por Leon Alberti em um tratado de 1435 (impresso em 1511) chamado Della Pictura. Alberti começa discutindo de uma maneira geral os princípios da redução (em perspectiva), e logo após escreve um método elaborado para representar um “plano de figura” vertical de uma coleção de quadrados em um “plano de terra” horizontal (BOYER, 1996). A perspectiva cônica, então, foi desenvolvida pelos arquitetos Renascentistas Brunneleschi e Alberti. A lógica matemática e a elucidação da geometria descritiva permitiram ao homem ocupar o lugar de Deus, ou seja, na Idade Média a ordem religiosa determinava os desenhos sempre voltados para adoração a Deus, o homem tinha que se sentir pequeno diante Dele, com o desenvolvimento da perspectiva cônica, permitiu que o homem se tornasse o centro, enfim como o ser humano veria a natureza. Outro passo no desenvolvimento da perspectiva foi realizado pelo pintor italiano Piero della Francesca (1410-1492), em De prospectiva pingendi, aproximadamente no ano de 1478. Enquanto Alberti estava se concentrando 29 na representação sobre o plano da pintura de figuras sobre o plano de terra, Francesca dedicou-se a representar sobre o plano, a forma tridimensional visto de um ponto de vista definido (BOYER, 1996). O pioneiro a estruturar e divulgar a primeira técnica de representação gráfica que pôde ser considerada como um sistema de representação, foi o cientista francês Gaspar Monge, na passagem do século XVIII ao XIX. Também foi o primeiro a empregar a expressão “geometria descritiva” para designar seu sistema (COSTA; COSTA, 1992). Monge possuía talentos incomuns, pois conseguia ser um administrador capaz, um pesquisador imaginativo e professor da escola École Polytechnique que inspirava entusiasmo. Como professor, Monge concentrou-se em um curso de geometria descritiva, destinando a 400 alunos a amplitude teórica e aplicativa do sistema, abrangendo o estudo da sombra, perspectiva e topografia, dando atenção às propriedades de superfícies das retas, planos tangentes e a teoria das máquinas. Jean-Victor Poncelet (1788-1867) é o verdadeiro fundador da geometria projetiva e foi aluno de Monge. Lembrado, principalmente, por usar conceitos existentes de projeções centrais (ponto) e de pontos no infinito para estabelecer o plano projetivo complexo (op city). 30 No século XIX países em desenvolvimento industrial compreendem a necessidade de organizar o ensino do desenho visando mais a finalidade prática como recurso às indústrias e a expressividade. A revolução industrial possibilitou novos métodos de organização dos trabalhos a serem incorporados (SANTOS; FERREIRA; SOUZA in GRAPHICA, 1994). A representação gráfica no século XIX, como conseqüência da Revolução Industrial passa por um tratamento artístico decorativo, trazendo sedimentação ao desenho urbano que tenta acompanhar a demanda da população. Ocorre então, a inclusão da representação gráfica no processo educacional, fazendo parte do currículo escolar (ibid). Em todas as épocas, em todas as sociedades, possuem uma maneira de representar a realidade em particular. Os egípcios utilizavam uma ‘perspectiva horizontal’ – também chamada de método egípcio -, os hindus a ‘perspectiva irradiante’, os chineses e os japoneses a ‘perspectiva a olho de pássaro’, os bizantinos a ‘perspectiva invertida’. Para os Bizantinos, a boa perspectiva seria o inverso da real, o que esta longe é representado maior do que está mais perto (DEBRAY, 1993). Porém, nenhuma das perspectivas elaborada atravessou seu perímetro cultural de origem, diferentemente da perspectiva cônica, desenvolvida no Ocidente por Brunelleschi e Alberti que unificou o mundo subordinando todas as outras. 31 Com o avanço tecnológico, tem início a elaboração de imagens confeccionadas em softwares, permitindo a construção de perspectivas virtuais, simulando a realidade, sem a necessidade de um modelo em tamanho natural. Os movimentos nacionalistas que expressavam seus ideais e buscavam estabelecer a nova ordem cultural que reflete a identidade brasileira marca as primeiras décadas do século XX. Pintura, escultura, música, arquitetura e literatura buscam valores artísticos nacionais, tão marcados pela influência européia, entre elas, à francesa. Através da Lei Rocha Vaz, estabelece a obrigatoriedade da geometria, trigonometria e representação gráfica no ensino (SANTOS; FERREIRA; SOUZA in GRAPHICA, 1994). A ascensão do nacional-socialismo no início da Segunda Guerra, ocorrida de 1931 até 1941, a representação gráfica passa a ser empregada também como propaganda, assumindo caráter de comunicação. O protesto contra os bombardeios em Madri de 1937 durante a Guerra Civil Espanhola e a incitação para votar em Hitler no plebiscito de 1938 são exemplos da representação gráfica como propaganda (fig. 7 e 8) (ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995). 32 FIGURA 7 - Fonte: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995 FIGURA 8 - Fonte: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995 33 Em 1942 a representação gráfica foi empregada pela URSS (União das Repúblicas Soviéticas) como propaganda política para firmar o amor dos russos pela pátria, uma vez que os alemães ocupavam vários dos seus terrenos (fig. 9) (ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995). Esse pôster de Alexei Korekein, diz: “Sigam o exemplo deste operário. Produzam mais para o front.” FIGURA 9 - Fonte: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO in FOLHA DE SÃO PAULO, 1995. 34 1.2. O ensino da representação gráfica no Brasil. Na década de 30, surgem as bienais de arte e a criação do Ministério da Educação e Saúde, considerando a reforma Francisco de Campos, concerne à divisão dos cursos e a obrigatoriedade de inclusão da representação gráfica nos cursos de engenharia e arquitetura voltadas ao ensino. A renovação no ensino das Artes, representações gráficas e arquitetura acontecem com a ação de Lúcio Costa à frente da Escola Nacional de Belas Artes (SANTOS; FERREIRA; SOUZA in GRAPHICA, 1994). O ensino da representação gráfica no Brasil, durante a reforma de 1961 deixa de ser matéria obrigatória e complementar no Brasil, tornando-se optativa, no entanto surgem os cursos técnicos no qual são inseridos. Surge, então o primeiro curso superior de representação gráfica voltada para a nova indústria. Cria-se a disciplina educação artística no Brasil, em substituição a desenho nos cursos de primeiro e segundo grau, buscando integrar os diversos ramos da arte onde são criados paralelamente cursos técnicos e auxiliar técnico, entre os quais, desenho de agrimensura, arquitetura, artes gráficas, cartografia, hidráulica, elétrica, dentre outros, formando assim profissionais técnicos (ibid). 35 Nota-se, que desde os homens paleolíticos, até a atualidade (ano de 2003), as representações gráficas estão intimamente relacionados com o ser humano, seja com finalidades práticas ou ritualísticas, na construção de templos ou meio de comunicação, para contar histórias de heróis e deuses mitológicos, da ânsia de representar formas, da amplitude teórica e aplicativa, da inserção no processo educacional e na formação profissional, a representação gráfica unifica os homens, unifica a sociedade, e principalmente, unifica o mundo. Firmando-se como instrumento artístico, lúdico, de comunicação, científico e expressão gráfica. 1.3. Etimologia e conceitos. A etimologia e os conceitos das categorias relacionadas às representações são fundamentais para o esclarecimento quanto ao emprego dos termos aplicados neste estudo. Quanto à palavra perspectiva foram encontrados, segundo os autores pesquisados, quatro deles encontraram etimologias e significados distintos referentes à perspectiva. São estes: 36 Montenegro (1985): Deriva-se da expressão latina “perspicere” que significa “ver através de...”. Debray (1993): Deriva-se da expressão latina “perspicere” que significa “ver com clareza”. Edwards (2000): Deriva-se da expressão latina “prospecto” que significa “olhar adiante”. Schaarwachter (2001): Deriva-se da expressão italiana “prospettiva” que significa “ver através dele”. A definição de perspectiva também varia de acordo com cada um dos autores, Edwards (2000: 298) cita que: “(...) uma maneira de representar formas em uma superfície bidimensional: de sorte que pareçam avançar ou recuar em relação a esta superfície: meio de criticar a ilusão de profundidade espacial em figuras e formas”. 37 A perspectiva, no entanto, está fundamentada no sistema de projeções, e é definida por Aumont (1993: 213) como: “(...) uma transformação geométrica que consiste em projetar o espaço tridimensional (...) segundo certas regras, e de modo a transmitir na projeção uma boa informação sobre o espaço projetado; de maneira ideal, uma projeção perspectiva deve permitir que se reconstituam mentalmente os volumes projetados e sua disposição no espaço (...)”. Segundo Boyer (1996) ‘geometria’ é derivada do termo grego “geometrein” que significa ‘medição da terra’ ou ‘medida da terra’ (terra = geo e medida = metrien). A geometria fundamenta a confecção da perspectiva. Através das projeções, a geometria possibilita representar formas em uma superfície bidimensional. Os significados de termos como desenho, representação, desenho arquitetônico, representação gráfica, forma e representação perspectiva são, muitas vezes, definidos de maneira imprecisa. Assim, faz-se necessário explicitar os conceitos aqui utilizados. 38 Segundo Silva (E, 1983) ‘desenho’ significa ‘a confecção de elementos gráficos sem implicar o exercício da atividade profissional e/ou técnico’. Neto (1999: 137) define desenho como uma “representação de formas sobre superfície, por meio de traços, linhas, pontos e sombras, com objetivo artístico, lúdico, científico ou técnico”. ‘Representação’ é definida como “(...) um ato ou maneira de representar (...)” (FERREIRA, 2000: 598). Enquanto que, ‘representação gráfica’ é definida como ‘uma imagem ou reprodução de formas representadas através de desenhos’ (ibid). O significado de ‘perspectiva’, em particular, diante dos diversos conceitos encontrados durante o levantamento bibliográfico, se faz necessário, neste estudo estabelecer uma definição para ‘perspectiva’. A partir dos conceitos estudados, toda representação obtida através das projeções será uma ‘representação perspectiva’. Sem esquecer a função de possibilitar a representação de formas tridimensionais no plano. Diante dessa definição pode-se, assim, afirmar que, as representações feitas por homens paleolíticos (pinturas rupestres) são consideradas perspectivas, mesmo sem que houvesse qualquer conhecimento geométrico. 39 O conceito de ‘desenho arquitetônico’, segundo Neto (1999: 137) está relacionado ao “(...) desenho técnico, que pelo processo das projeções, faz a representação do projeto de uma edificação e seus detalhes, através de plantas, cortes, fachadas ou secções e elevações”. Ressaltando que esta definição, ao citar as projeções, relaciona este com o sistema mongeano. No estudo o termo ‘forma’ refere-se aos “(...) limites exteriores da matéria de que se constitui um corpo, e que a este conferem configuração particular (...)” (FERREIRA, 2000: 328). A etimologia e os conceitos dos termos empregados no estudo são importantes para um entendimento dos fundamentos geométricos da perspectiva a serem comentados no decorrer da pesquisa. 1.4. Perspectiva: fundamento geométrico. A geometria é o estudo da forma, disciplinas como desenho geométrico e geometria descritiva realizam o estudo gráfico da forma. A disciplina conhecida como desenho geométrico - atualmente também conhecida como geometria gráfica bidimensional - estuda e constrói formas no 40 plano, e a geometria descritiva que estuda as formas tridimensionais através de desenhos. Costa (1992) utiliza duas expressões para o estudo gráfico do desenho, são estas: Geometria Gráfica: “(...) estudo, através do desenho, de qualquer propriedade de forma. Poderá ser BIDIMENSIONAL, estudando apenas figuras planas diretamente no plano do desenho, ou TRIDIMENSIONAL utilizando os SISTEMAS DE REPRESENTAÇÃO para estudar formas de três dimensões em desenhos planos (...)” (ibid, p14). Geometria Projetiva: “(...) estrutura teórica que permitiu o desenvolvimento dos sistemas de representação, relacionando o objeto representado com as suas projeções sobre o plano, bem como essas projeções planas entre si (...)” (ibid). Os sistemas de representação foram desenvolvidos para a uniformização da linguagem gráfica de representação. Com suas normas e convenções, essa linguagem técnica é universal. Esses sistemas têm a finalidade de representar formas tridimensionais em um plano. 41 São as projeções que geram os sistemas de representação. As projeções podem ser cilíndrica (ortogonal ou oblíqua) e cônica (ver quadro 01). PROJEÇÕES PERSPECTIVAS Sistema Mongeano / Vistas Ortográficas Ortogonal Perspectivas Axonométricas Projeção cilíndrica Oblíqua Perspectivas Cavaleiras Perspectivas cônicas Projeção cônica QUADRO 01: JARCEM, 2002. A projeção cilíndrica ortogonal gera o sistema Mongeano, assim chamado em homenagem ao seu criador Gaspar Monge. Esse sistema tem o centro de projeção impróprio, ou seja, no infinito e as projetantes paralelas são perpendiculares ao plano de projeção. E através desse sistema que são elaborados os desenhos arquitetônicos (COSTA; COSTA, 1992). 42 FIGURA 10 - Fonte: CHING, 1998. Na figura 10 apresenta uma vista frontal obtida através da projeção cilíndrica ortogonal denominada pelo sistema de representação Mongeano. É realizada da seguinte maneira; por exemplo, conforme o cilindro de revolução, a sua projeção principal é um círculo, igual às bases. Quando projetada em suas bases no plano apresentam-se em perfil, ou seja, perpendicular a 2 2, (fig. 11). FIGURA 11 - Fonte: COSTA; COSTA, 1992. 43 Também obtida pela projeção cilíndrica ortogonal, as axonometrias podem ser: isométrico, dimétrico e trimétrico, esta representação também é conhecida como perspectiva militar (fig. 12) (SCHAARWACHTER, 2001). FIGURA 12 - Fonte: GALVÃO in CASA CLAUDIA, 2000. 44 A projeção axonométrica é ISOMÉTRICA quando as três arestas do paralelepípedo saem do mesmo vértice e têm a mesma inclinação em relação ao plano de projeção. No caso de um cubo, as três faces visíveis aparecem como losangos iguais, de maneira que seu contorno é um hexágono regular (fig. 13). FIGURA 13 - Fonte: GILL, 1985. 45 A projeção axonométrica é DIMETRIA quando o ângulo de duas arestas da forma forem semelhantes, ou seja, quando as três faces visíveis têm dois ângulos iguais (fig. 14). FIGURA 14 - Fonte: JARCEM, 2002. 46 A projeção axonométrica é TRIMETRIA ou ANISOMETRIA, quando as três faces visíveis têm destaques distintos, ou seja, os três ângulos das faces visíveis são diferentes (fig. 15). FIGURA 15 - Fonte: JARCEM, 2002. 47 Gill apresenta duas ilustrações equivocadas a primeira é de uma dimetria e a segunda é de uma trimetria (fig.16 e 17). Numa axonometria os ângulos entre os eixos não poderão ser iguais a um ângulo reto (90°), e assim sendo o sólido entre os eixos não teria uma de suas faces paralelas ao plano de projeção. FIGURA 16 - Fonte: GILL, 1985. FIGURA 17 - Fonte: GILL, 1985. 48 As mesmas características que a projeção cilíndrica ortogonal tem, a projeção cilíndrica oblíqua também têm, com exceção das suas projetantes que não são perpendiculares ao plano de projeção (fig. 18). Esta projeção possibilita a construção da perspectiva Cavaleira e foi denominado assim, devido seu emprego por oficiais cavaleiros (COSTA; COSTA, 1992). FIGURA 18 - Fonte: SCHAARWACHTER, 2001. 49 Para confeccionar a perspectiva cavaleira, o plano do desenho fica paralelo a uma das faces do paralelepípedo. A projeção é realizada obliquamente, as arestas paralelas da forma se projetam paralelas entre si na projeção (fig. 19). FIGURA 19 - Fonte: COSTA; COSTA, 1992. As perspectivas cônicas são, por sua vez, obtidas a partir da projeção cônica. O seu centro de projeção é próprio, ou seja, é finito (fig. 20). A perspectiva cônica também é conhecida como: perspectiva artificialis, perspectiva central, perspectiva exata, perspectiva linear, perspectiva aérea ou atmosférica e escorço. Este pode ser de um, dois, três e infinitos ponto de fugas. 50 FIGURA 20 - Fonte: DOYLE, 2002. Segundo Doyle (2002), a perspectiva conhecida pelos arquitetos de ‘perspectiva aérea’ ou ‘perspectiva a olho de pássaro’, refere-se a vista de cima, com a forma observada encontrando-se abaixo da linha do horizonte – linha imaginária nivelada a altura dos olhos - esta difere da ‘perspectiva atmosférica’, quando confere forte ilusão de distância causada pelas mudanças gradativas nas cores à medida que afastam-se do observador (fig.21). 51 No Brasil, profissionais a exemplo dos arquitetos não fazem distinção entre as perspectivas aéreas e perspectivas atmosféricas denominadas como, simplesmente, perspectiva aérea. FIGURA 21 - Fonte: DOYLE, 2002. 52 A perspectiva de seres, comumente chamada de ‘escorço’ pode ter segundo Rudolf (2002: 109) três acepções diferentes (fig. 22): “(...) (1) pode significar que a projeção do objeto não é ortogonal (...) uma vista frontal do corpo não deveria ser chamada de escorço. (2) (...) quando não oferece uma vista característica do todo, mesmo que a parte visível do objeto apresentada em sua extensão total (...) (3) Geometricamente, todas as projeções são escorço, porque todas as partes do corpo não paralelas ao plano de projeção são mudadas em suas proporções ou desaparecem parcial ou completamente”. FIGURA 22 - Fonte: A ARTE DE VER II, 1985. 53 1.5. Perspectiva quadrimensional: a perspectiva da quarta dimensão. A produção das perspectivas através de softwares CAD proporciona aos arquitetos o desenvolvimento do produto ofertado, uma vez que atinge diretamente as questões de uso, como desempenho, funcionamento, custo, produção, comercialização, mercado, qualidade formal e estética. São chamadas comumentemente de ‘maquetes eletrônicas’ as perspectivas geradas em computador, entretanto as representações gráficas elaboradas qualquer superfície bidimensional é conseqüentemente um desenho (fig. 23). FIGURA 23 - Fonte: CADESIGN, Ano 6. 54 Os softwares que executam estes desenhos possibilitam o recurso da animação gráfica. Zevi (p.21, 1978) descreve o raciocínio que o pintor parisiense (Picasso) de 1912 fez para a Quarta Dimensão: “Eu vejo e represento um objeto, por exemplo, uma caixa ou uma mesa; vejo-o de um ponto de vista, e faço o seu retrato nas suas três dimensões a partir desse ponto de vista. Mas se fizer girar a caixa nas mãos, ou andar em redor da mesa, a cada passo mudo o meu ponto de vista, para representar o objeto desse ponto devo fazer nova perspectiva (...) para a possuir integralmente eu deveria fazer um infinito de perspectivas dos infinitos pontos de vista. Existe, pois, outro elemento além das três dimensões tradicionais, e é o tempo, a” quarta dimensão”. Neste estudo considera-se como uma perspectiva quadrimensional aquela que por sua possibilita o movimento da forma representada para o “observador”. 55 2. MARKETING: A ESTRATÉGIA. Neste capítulo são abordados temas referentes à segunda categoria da pesquisa que é marketing. O conceito de marketing está vinculado ao ramo da atividade empresarial, esse abrange a produção, o anteprojeto, o projeto arquitetônico e o produto. Conceitos de projeto, projeto executivo, marketing, serviço e estratégia são estabelecidos, relacionando-os tanto com a arquitetura, quanto com o marketing. 2.1. Conceitos: marketing e estratégia. Marketing é explicado por Gracioso (1997: 6) como... “(...) o processo de planejamento e execução da concepção, determinação de preço, planejamento e distribuição de idéias, bens e serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais”. 56 Mas, ao longo dos anos, os profissionais de marketing atribuem um conceito mais atualizado as atividades da mesma como “(...) o conjunto de esforços realizados para criar (ou conquistar) e manter clientes (...)” (GRACIOSO, 1997: 29). O conceito de marketing também está relacionado na criação do valor para o cliente. Este valor refere-se as percepções dos clientes sobre os benefícios obtidos pelo produto, seus custos, riscos e sua aquisição. Consiste na qualidade, no serviço – valor econômico acrescido do valor pessoal – e atendimento as necessidades do cliente, o foco no valor pode ser uma maneira de atingir os objetivos de marketing, como diz Hall (1995: 68) “(...) o foco no valor não significa negligenciar qualidades como confiabilidade, capacidade de resposta e segurança. Significa que os clientes podem ter mais discernimento do que antes sobre o que eles pagarão pelo serviço”. O termo estratégia significa “arte do general” mas, apesar do termo ter fins de campanhas militares, as estratégias de marketing são todo o conjunto de planejamentos elaborados visando a conquista ou manutenção de um determinado grupo consumidor. (FERREL; HARTLINE; JUNIOR; LUCK, 2000). 57 Portanto, define-se estratégia como o rumo e ações tomadas na tentativa de atingir um determinado objetivo, ou seja, definir o caminho para solucionar o problema. 2.2. O planejamento estratégico de marketing. O arquiteto enquadra-se em uma visão empresarial com duas possibilidades de organização comercial. Na primeira, o arquiteto pode ser visto como uma empresa individual. Na segunda o arquiteto pode ser visto como uma empresa de sociedade, essa formada por duas ou mais pessoas. Como empresário o arquiteto deve adotar uma posição profissional de marketing para gerenciar sua empresa, voltada para o cliente. Segundo Ferrel, Hartline, Junior, Luck, (2000) deve-se, portanto, seguir alguns requisitos: Descobrir o que seus clientes desejam e atendê-los de maneira que atinja também seus próprios objetivos; Empregar o marketing de relacionamento para construir negócios benéficos para ambas as partes e a longo prazo; Ter o marketing como uma função importante na sua empresa; 58 Usar o planejamento estratégico para construir relacionamento e criar valor; A definição de metas e objetivos são elaborados pelo arquiteto a fim de planejar o gerenciamento empresarial de sua empresa, enfim terá que elaborar um planejamento estratégico de marketing. Se faz necessário uma metodologia a ser tomada para apresentar o produto ao cliente. Este quando estiver em desenho seguirá um procedimento a ser decidido visando o esclarecimento do produto ao cliente. Em primeiro momento o anteprojeto é apresentado para o cliente. Após sua autorização e definição do projeto, segue-se para a próxima etapa, o projeto arquitetônico – também chamado de projeto executivo - é iniciado. A priori o conceito de projeto adotado nesta pesquisa é: “atividade ou serviço integrante do processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e específicas para uma obra, a serem consideradas na fase de execução” (MELHADO, 1999: 195). 59 O conceito de anteprojeto está relacionado a: “representação preliminar da solução adotada para o projeto, em forma gráfica e de especificações técnicas, incluindo: definição de tecnologia construtiva, pré-dimensionamento estrutural e de fundação, concepção de sistemas de instalações prediais, com informações que permitam avaliações da qualidade do projeto e do custo da obra” (MELHADO, 1999: 196). O projeto arquitetônico ou projeto executivo está relacionado a: “(...) representação final e completa das edificações e seu entorno, na forma gráfica e de especificações técnicas e memoriais, suficientes para a perfeita compreensão do projeto, elaboração do orçamento e contratação das atividades de construção correspondentes” (ibid: 195). No conjunto de desenhos que compõe um anteprojeto nota-se a importância da perspectiva, pois através do mesmo o cliente e os executores da obra terão maior possibilidade de entender o que se quer, cabendo ao arquiteto decidir como apresentar as perspectivas. 60 2.3. Marketing: pensar à representação perspectiva. São empregadas as perspectivas como ferramenta estratégica para conquistar o cliente. Uma das maneiras de pensar à perspectiva como instrumento de marketing, é justamente buscar qual a melhor apresentação, ou o melhor ponto de vista para solucionar determinado problema ou destacar determinado produto. Sugestão para a reforma de um prédio já existente, localizado na Plaza de Las Fuentes, Pasadena, teve seu estudo reproduzido sobre papel utilizando-se das cores para realçar as modificações. O desenho foi todo elaborado à mão livre (fig 24). FIGURA 24 - Fonte: DOYLE, 2002. 61 Projeto de reforma do centro City, Los Angeles. CommArts, projetistas, para a Universal Studios, Holllywood. O grande número de vidas humanas dá vida a este complexo de entretenimento. A inclusão de figuras humanas em desenhos de projeto acrescenta elementos cruciais de escala, animação e vida às suas idéias de projetos (fig.25). FIGURA 25 - Fonte: DOYLE, 2002. 62 Está ilustração incorpora as muitas, se não a maioria, das idéias de composição e de cores apresentadas em uma representação perspectiva.O formato vertical, a repetição das formas verticais, a posição da linha do horizonte e o uso da cor atuam em conjunto para criar uma composição de impacto. Dirige o olhar do observador para o ponto focal a idéia do projeto. (fig.26). FIGURA 26 - Projeto de Praça, Olimpíadas 2000,Istambul, Turquia feito com aquarela Fonte: DOYLE, 2002. 63 Copiada a partir da foto Polaroid tirada de uma maquete feita em papelão. O desenho foi elaborado em perspectiva, depois de acrescentar os elementos maiores, foi mais fácil adicionar informações ao projeto (fig. 27). FIGURA 27 - Reforma no Centro Santa Mônica localizado em Santa Mônica Fonte: DOYLE, 2002. A relação das categorias da perspectiva e do marketing pesquisados tem como fim à análise da perspectiva como instrumento de marketing quando apresentado ao cliente. 64 3. ESTUDO DE CASO: A PRODUÇÃO ATUAL. A finalidade da metodologia empregada é descobrir quais e como são apresentados os desenhos arquitetônicos e as representações perspectivas, que parte da elaboração de questionários e a coleta de representações perspectivas apresentadas ao cliente. Foi designado para estudo, a elaboração de questionários empregado na pesquisa de campo (ver apêndice, p.108), com a finalidade de diagnósticar à atuação de dez arquitetos atuantes nas áreas de arquitetura, arquitetura de interiores, urbanismo e paisagismo da região metropolitana do Recife, no que diz respeito ao seu posicionamento empresarial diante dos desenhos a serem apresentados aos seus clientes. Nesse segundo capítulo são apresentados gráficos com resultados quantitativos para uma análise qualitativa das mesmas, a ser concretizada no terceiro capítulo. O universo dos escritórios pesquisados, não favorece a uma análise puramente quantitativa, pois seria impróprio afirmar que entre as dez empresas pesquisadas caracterizam-se de maneira significativa a produção em massa. 65 Ao cliente apresenta o conjunto de desenhos denominados projeto, esse após os contatos e procedimentos iniciais, cabe ao cliente uma última análise para conceder permissão ao desenvolvimento do empreendimento. O projeto consiste de plantas de situação, plantas de locação, planta de coberta, plantas baixas, cortes e fachadas baseadas na projeção cilíndrica ortogonal. Além da representação perspectiva que fica a critério do arquiteto de como elaborá-la. 3.1. Desenhos: apresentação ao cliente. Foi constatado durante as pesquisas nos escritórios de arquitetura, a apresentação dos seguintes desenhos, como demonstra o gráfico 01. Em todos os locais, ou seja, 100% dos escritórios elaboram a planta baixa para apresentar ao cliente. Enquanto que nas fachadas, nos cortes e nas representações gráficas, cada um destes tem a sua produção em 80%. Esta distinção cabe a determinado projeto de intervenção e/ou implementação, disponibilização de tempo, necessidade de elaboração e custo-benefício. Porém, no caso em questão, a representação perspectiva se deve a fatores como disponibilização de tempo, relevância diante do projeto e custo inicial, sendo assim sua confecção não é freqüente. 66 Gráfico 01- Fonte: JARCEM, 2002. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 P la nta ba ixa C o rte F a c ha da R e pre s e nta ç ã o pe rs pe c tiva Foi pesquisado o emprego de softwares CAD nos escritórios de arquitetura, e quais dos mesmos utilizam instrumentos de desenhos. Conforme o gráfico 02, 80% dos escritórios de arquitetura utilizam software CAD para confeccionar seus desenhos, os outros 20% desenham os projetos de arquitetura com instrumentos de desenhos. 67 G rá fico 02 - F o n te : JA R C EM , 2002. 20% 80% D es enha os projetos de arquitetura em s oftw are C A D D es enha os projetos de arquitetura c om ins trum entos de des enho Das empresas visitadas foram perguntados quais sabiam usar o programa CAD. De acordo com o gráfico 03, 60% dos arquitetos pesquisados sabiam usar os softwares CAD e os outros 40% não sabiam usar, embora já tivessem freqüentado cursos de especialização, mas não conseguiram desenvolver ou entender o método de construção como no desenho por instrumento. Os softwares utilizados, vistos no local foi o AutoCAD versão 14. Gr áf ico 03 - Fo n t e : JA RC EM , 2002. 40% 60% s a b e d e s e n h a r e m s o ftw a re C AD N ã o s a b e d e s e n h a r e m s o ftw a re C AD 68 3.2. Perspectivas: elaboração das representações perspectivas. Dentre os escritórios de arquitetura que elaboram as representações perspectivas, foi percebido os tipos de perspectivas mais utilizados. Conforme o gráfico 04, 100% elabora a perspectiva cônica, nenhum deles faz uso da perspectiva cavaleira, mas 10% elaboram a perspectiva axonométric G r á fic o 0 4 - F o n te : J AR C E M , 2 0 0 2 . 100 80 60 40 20 0 1 C ônic a C avaleira Axonom étric a Em relação quanto à elaboração da perspectiva nos escritórios pesquisados foi diagnósticado conforme o gráfico 05, que as representações perspectivas em softwares CAD são produzidas em 75% dos casos, essa produção estende-se a projetos de arquitetura e paisagísticos. Os 62% que elaboram representações perspectivas a mão livre, confeccionam quando esse se trata de ambientes internos e no momento de elucidar ao cliente 69 determinado detalhe. Os demais 12% preferem elaborar com instrumento de desenhos. G rá fico 05 - F o n te : JA R C EM , 2002. 75 62 80 60 40 12 20 0 1 E la b o ra m à m ã o livre E la b o ra m co m in s tru m e n to s d e d e s e n h o E la b o ra m e m s o ftw a re s C AD Foram indagados em relação há quem elabora as representações perspectivas, se são os próprios arquitetos que desenham ou se contratam outro profissional. Conforme o gráfico 06, 29% dos arquitetos elabora as próprias representações perspectivas e 29% contratam outro profissional. As representações perspectivas apresentadas não continham figuras humanas e elementos de composição como automóveis, mas continham texturas e em determinados casos são adicionadas cores. Os outros 42% tanto podem ser produzido pelo próprio arquiteto, como também por outro profissional, isto irá depender de fatores como disponibilidade de tempo do arquiteto para desenhar e da necessidade do projeto. 70 G rá fic o 0 6 - F o n te : J A R C E M , 2 0 0 2 . 29% 42% 29% A rquitetos que elaboram as próprias repres entaç ões pers pec tivas O utros profis s ional que elabora as repres entaç ões pers pec tivas D epende do projeto s olic itado De acordo com as visitas, foi visto que o software mais utilizado para a representação perspectiva, é o AutoCAD versão 14, três dos arquitetos não soube informar o software específico, pois contrata outro profissional para desenhar e assim poder apresentar ao cliente. Dentre os que elaboram as representações perspectivas em softwares CAD foi examinado que os desenhos possuem cores, texturas e possibilita ao arquiteto decidir qual ponto de vista representa melhor a forma. 71 2.3. Representação perspectiva: a confecção. A realidade da confecção das representações perspectivas apresentadas a clientes para o desenvolvimento do empreendimento está relacionado com os seguintes desenhos: A representação perspectiva cônica da figura 28 foi confeccionada à mão livre apresentando a implantação de empreendimentos comerciais, serviços e moradias situadas no Pólo Alfândega do Bairro do Recife. O desenho mostra o entorno, no qual a área de intervenção foi pintada da mesma maneira que representa o rio Capibaribe, adicionando cores para sua delimitação. FIGURA 28 - Fonte: MOURA in PROJETO, 2000. 72 A perspectiva cônica de escritórios no ramo da arquitetura voltado a construção de edifícios, são bastante empregadas em construtoras. O edifício após elaborado em software CAD é inserido em uma foto onde deverá ser construído o empreendimento e são adicionados elementos como vegetação, automóveis e figuras humanas para esclarecimento do cliente (fig. 29). FIGURA 29 - Fonte: JORNAL DO COMÉRCIO, outobro de 2002. 73 Confeccionada à mão livre, a perspectiva cônica da figura 30 pintada com tinta guache foi utilizada para apresentar o ambiente interno de maneira leve e suave. Elementos de composição como mobiliário são inseridos para configurar o espaço intervido para o observador. FIGURA 30 - Fonte: GALVÃO in CASA CLAUDIA, 2000. As representações perspectivas demonstradas vêm a permitir o esclarecimento quanto à apresentação das mesmas, voltadas a produção dos escritórios no ramo da arquitetura encontrados a fim de análise para o último capítulo. 74 4. ANÁLISE DA CONJUNTURA ATUAL. A análise nesse último capítulo trata-se da metodologia empregada nos escritórios de arquitetura quanto às apresentações do projeto ao cliente, bem como o domínio dos diversos instrumentos que possibilitam a construção da representação perspectiva e a própria importância da perspectiva. Como foi visto no primeiro capítulo, a humanidade utiliza as representações gráficas tanto como instrumento científico, como meio de expressão artística. Apresentando os conceitos das categorias relacionadas ao tema perspectivas, favoreceu o entendimento dos termos empregados e esclarecimentos quanto as suas definições. Saber sobre as projeções que fundamenta geometricamente a perspectiva foi importantíssimo para evidenciar que toda e qualquer representação gráfica é uma perspectiva. Devido ao desenvolvimento produtivo da representação perspectiva em softwares CAD foi inerente sua inclusão diante do tema, cabendo uma justificativa para seu emprego, uma vez que são chamadas comumentemente de ‘maquetes eletrônicas’. Conhecendo todas as perspectivas foi necessário seu vínculo ao marketing empresarial relacionado ao contexto teórico e prático das apresentações ao cliente. 75 Sintetizando os comentários do segundo capítulo, houve a pesquisa de campo realizado através de questionários e visitas no local. Essa visita realizada em empresas particular e pública tem como fim descobrir quais e como são apresentados os projetos ao cliente de maneira quantitativa através de gráficos e números. Os resultados e as representações perspectivas apresentadas no presente estudo referente ao capítulo empírico têm a finalidade de fornecer informações para a análise do contexto da conjuntura atual do universo pesquisado. Com o embasamento teórico indispensável e com os resultados adquiridos na pesquisa, a análise qualitativa é elaborada neste capítulo final. Objetivando então, fornecer informações referentes aos meios de produção e representações gráficas e análise das representações perspectivas confeccionadas para apresentar ao cliente. 76 4.1. Perspectivas: produção e apresentação. Geralmente todos os desenhos são elaborados para apresentação ao cliente, porém, em casos específicos inerentes ao projeto em questão, a disponibilidade de tempo, necessidade de elaboração das representações perspectivas e custo-benefício são tomados as decisões empresariais do arquiteto. Na empresa AA/01, produz projetos paisagísticos, situado no bairro de Casa Forte, a planta baixa é o único desenho apresentado, uma vez que para a profissional que projeta, “no trabalho paisagístico, muitas vezes o cliente visualiza na planta baixa a distribuição dos diversos elementos da paisagem cruada”. Todos seus desenhos são elaborados com instrumentos de desenho e pintados à mão livre. As plantas baixas são desenhadas por outros profissionais, esses são desenhistas e uma arquiteta colaboradora. Vale ressaltar que estes não sabem utilizar softwares CAD. A representação perspectiva é formulada apenas em situações em que houver uma vasta área para intervenção, ou seja, em momentos raros e pontuais (ver apêndice, p.109). 77 Na segunda empresa EP/02 pesquisada e localizada no bairro de Boa Viagem, atuante na área de arquitetura e paisagismo, as elaborações dos desenhos são realizadas em softwares CAD. Nos projetos paisagísticos são desenhadas as plantas baixas e cortes. Participa a representação perspectiva quando não há fatores envolvidos como prazo de entregue é curto ou quando o investimento inicial para a contratação de outro profissional para elaborá-lo se faz realmente necessário. Em projetos de intervenção arquitetônica, à elaboração da fachada - além das plantas baixas e cortes – se faz necessário apresentar ao cliente (ver apêndice, p. 110). A determinada empresa AA/03 que atua em projetos de arquitetura situado no bairro de Casa Forte, a planta baixa, os cortes e fachadas são desenhados comumentemente em softwares CAD, no qual fazem parte do conjunto de desenhos do anteprojeto. Elementos de composição como figuras humanas, vegetação, automóveis, cores e textura são inseridas nos desenhos. Produzida pelo próprio arquiteto, a representação perspectiva é desenhada no software AutoCAD 3D versão 14. A sua elaboração varia de acordo com sua disponibilidade de tempo e prazo de entrega (ver apêndice, p. 111). Em análise ao processo de produção dos desenhos, da empresa EPU/04 localizada no bairro de Santo Amaro foi visto projetos arquitetônicos no qual, é apresentado ao cliente plantas baixas, cortes e fachadas produzidas no 78 software AutoCAD versão 14. Não há a elaboração das representações perspectivas, uma vez que a maioria das intervenções é de reforma. Apesar dos responsáveis pela elaboração dessas representações gráficas não terem o domínio da elaboração da representação perspectiva tanto a mão livre, com instrumentos de desenho e através de softwares CAD, ou seja, não pode-se afirmar com precisão, se não elaboram representação perspectiva por que é indiferente no momento da apresentação ou por não saber confeccioná-lo(ver apêndice, p. 112). Projetos de arquitetura, arquitetura de interiores e engenharia, são os serviços prestados pela empresa EP/05, localizada no Bairro de Boa Viagem. A produção das vistas ortográficas são digitalizadas, onde empregam o software AutoCAD versão 14. As representações perspectivas não são apresentadas em todos os projetos, pois irá depender de fatores como a disponibilização de tempo. O tipo de projeção empregado na produção das representações perspectivas é a projeção cônica. Elaboradas antecipadamente no software AutoCAD 3D, é apresentado ao cliente – quando esse se encontra no escritório da arquiteta – no próprio computador, mas quando a arquiteta apresenta fora do escritório, a mesma imprimi uma representação perspectiva. Em projetos de ambientes internos as perspectivas cônicas são elaboradas a mão livre, e em determinados momentos, é necessário desenhar diante do cliente para esclarecimentos. Se faz necessário a contratação de outro profissional, quando o projeto solicitado é de uma edificação, onde necessita da representação 79 perspectiva inserida em uma foto, com elementos de composição como figuras humanas, automóveis e vegetação (ver apêndice, p.113). Visitando a empresa EP/06 de arquitetura e arquitetura de interiores situado no bairro de Boa Viagem, foi constatado a elaboração das vistas ortográficas no software AutoCAD versão 14, não apresentando elementos de composição como no caso anterior citado. Nos projetos de interiores, as representações perspectivas são feitas à mão livre, e também sem nenhum elemento de composição (ver apêndice, p.114). A empresa AA/07 localizada no bairro de Casa Forte, que realiza projetos arquitetônicos de ambientes interiores pertencente a uma arquiteta, foi constatado a inexistência de um computador, e a presença de uma prancheta da qual são elaborados todos os seus desenhos e projetos. Ou seja, as perspectivas são confeccionadas com instrumentos de desenho. Quando indagada o porquê de não fazer através de softwares CAD, a mesma justificou ter o programa em sua residência, mas acha que a sua elaboração consome maior tempo (ver apêndice, p.115). Projetos de arquitetura e arquitetura de interiores são realizados na empresa EPC/08 situada no bairro de Casa Forte. Foi observado a ausência de prancheta e demais instrumentos de desenho, toda a produção de projetos é 80 informatizada, onde empregam o software AutoCAD 14. A representação perspectiva depende de fatores como disponibilização de tempo e necessidade do projeto, isso porque se houver qualquer dúvida, é elaborada a perspectiva cônica à mão livre no exato momento para esclarecimento do cliente. Quando o projeto é solicitado com antecedência, a projeção axonométrica é elaborada software AutoCAD 14, e logo após imprimi a mesma onde adiciona cores com lápis de cor para apresentar ao cliente (ver apêndice, p.116). Na empresa AA/09 de arquitetura, situada no bairro de Boa Viagem, foi constatado os seguintes desenhos para apresentar ao cliente, são esses: a planta baixa, corte e fachada. Isso se deve ao fato de que além dos projetos desenvolvidos são de edificações e seus clientes são iniciados são iniciados na linguagem arquitetônica. A representação perspectiva elaborada é a baseada na projeção cônica, e a confecciona quando surge um cliente leigo na linguagem arquitetônica. Os elementos de composição inseridos na representação perspectiva são de figuras humanas, automóveis, vegetação e a inserção desses elementos na edificação, adaptados a uma fotografia do local, ilustrando a implantação do empreendimento. O arquiteto elabora inicialmente seus projetos à mão livre e passa a tarefa de digitalizar os desenhos a outro profissional (ver apêndice, p.117). 81 A última empresa pesquisada, foi a EP/10, que realiza projetos de arquitetura e encontra-se localizada no bairro de Boa Viagem apresenta a planta baixa e a representação perspectiva a seus clientes. Mas, nem sempre a representação perspectiva é confeccionada. Irá depender de fatores como disponibilidade de tempo e necessidade do projeto. A perspectiva utilizada é a baseada na projeção cônica e outro profissional confecciona. O resultado final apresenta a edificação inserida em uma fotografia composta com elementos como figuras humanas, vegetação e automóveis (ver apêndice, p. 118). Com os resultados adquiridos e análise qualitativa realizada, foi constatado que em 90% dos casos empregam a perspectiva cônica, isso onde são elaboradas as representações perspectivas. Os outros 10% elaboram a perspectiva axonométrica para apresentar ao cliente. 4.2. Representação perspectiva: ferramenta do arquiteto. A representação perspectiva é um elemento fundamental no primeiro contato com o cliente. Através do mesmo o leigo na linguagem arquitetônica pode perceber melhor o produto. Então, uma das funções da perspectiva é esclarecer ao leigo o que se deseja, uma vez que este está mais próximo da visão humana. 82 As disciplinas acadêmicas que tratam das representações perspectivas nas Faculdades de Arquitetura visam o desenvolvimento do futuro arquiteto habilitado na elaboração da perspectiva cônica. Através deste sistema de representação pode-se elaborar e definir o melhor ângulo (ou ponto de vista) da forma a ser representada. É válido lembrar que através dos outros sistemas de representações gráficas também é possível definir os pontos de vistas a serem elaborados, sugerindo que a construção das perspectivas cônicas pode ser citada, como um dos motivos, do ensino voltado apenas a mesma. De maneira nenhuma, é afirmado que não são ensinados aos alunos as outras perspectivas (cavaleira e axonométrica), mas que essas perspectivas não tem a mesma importância dada comparada com a perspectiva cônica. Elaboradas em softwares CAD, as representações perspectivas não perdem em qualidade ou em “sentimento” quando comparadas com as perspectivas feitas à mão livre ou a instrumentos de desenhos. Porém, a perspectiva quadrimensional proporciona excelente e indiscutíveis vantagens tanto na construção do desenho, quanto na apresentação dos trabalhos de arquitetura. ‘Caminhar’ no futuro empreendimento, ou poder vê-lo em diversos pontos de vista distintos é um atrativo adicional ao produto do arquiteto. A intangibilidade do produto, não permite ao cliente ver ou tocar antes de sua execução, cabendo ao arquiteto explanar e expressar da melhor maneira para seu esclarecimento e entendimento. 83 As perspectivas elaboradas em softwares, produzidas através do AutoCAD versão 14, oferece a confecção dos desenhos um novo ritmo, conforme trabalho científico baseado nas vantagens e desvantagens dos softwares CAD, a rapidez e facilidade nas revisões, qualidade, precisão nas medidas e padronização dos trabalhos, rapidez na execução de projetos típicos, rapidez na interface entre atividades de projeto, utilização de outros desenhos como fundo, maior produtividade, manipulação de elementos de desenhos e plotagens coloridas, apresentação final do trabalho, entre outros (ver anexo). Para os operadores entrevistados não há desvantagens nos softwares CAD, entretanto, para outros operadores, o desgaste físico e mental, falta de conhecimento de quem encomenda o trabalho, investimento inicial, diminuição da criatividade, são desvantagens citadas quando confeccionadas em softwares CAD (ver anexo). A informatização das empresas de arquitetura fornece maior liberdade na disponibilização do tempo e espaço interno do local em que trabalha (ver anexo). As vantagens obtidas através da informatização dos produtos de produção são: 84 Sincronia entre as diversas atividades; Rapidez no acesso a informação sobre o desenvolvimento das atividades dos projetos; Precisão das informações; Menor volume de documentos; maior facilidade de montagem de várias soluções alternativas; diminuição de tempo de diversas tarefas projetuais; 4.3. Produção atual x representação perspectiva. Embora constatado que os escritórios de arquitetura não apresentam a representação perspectiva em todos os projetos examinados, independentemente desses resultados, as perspectivas são fundamentais, como elemento para esclarecimento do projeto, por estar mais próximo da visão humana, por facilitar a leitura do que se pretende, pelas diversas possibilidades de apresentação, por conquistar e manter clientes. 85 A definição do projeto apresentado e possibilitado pela representação perspectiva permite ao cliente entender a proposta do arquiteto, uma vez que, o mesmo, não é iniciado na linguagem arquitetônica. Ou seja, o leigo não consegue ler uma vista mongeana como o arquiteto e outros profissionais da área. Quando se diz que a perspectiva cônica, está mais próxima da visão humana, refere-se ao mesmo pensamento que os pintores e arquitetos do Renascimento tiveram ao desenvolvê-lo para representar graficamente o que viam exatamente. Esta afirmação encontra-se em diversos livros didáticos, porém desde que o homem Paleolítico e Neolítico representava em desenhos e pinturas nas cavernas, as cenas e os animais que viam, já era uma maneira deles se comunicarem. Os hieroglíficos produzidos pelos egípcios, era para eles a melhor maneira de representar a realidade que viam, apesar dos egípcios não terem o conhecimento teórico das vistas mongeanas, elaboravam suas figuras humanas baseadas – de maneira empírica – no sistema de representação Mongeano. Com o avanço tecnológico as perspectivas quadrimensionais, permitem diversas possibilidades de criação e apresentação, o arquiteto tem uma liberdade de escolha, uma variedade de opções, como no próprio computador, fitas VHS, CD-ROM e impressões. 86 Conquistar o cliente é uma das metas do arquiteto, a qualidade de apresentação fará o fortalecimento do compromisso, e seja referência para futuros trabalhos e indicações. Pois, quanto mais evidente ficar o produto do arquiteto, maior segurança o cliente pode ter no empreendimento que deseja. Maior liberdade criativa e assimilação do produto é adquirida quando são elaboradas e apresentadas as representações perspectivas como instrumento fundamental no desenvolvimento do projeto e sucesso do empreendimento. 4.4. Representação perspectiva: apresentação ao cliente. As representações perspectivas dos escritórios pesquisadas podem ser analisadas a partir das representações gráficas apresentadas neste capítulo. Fornecendo, assim, as informações necessárias para contextualização da opção e decisão que o arquiteto toma para sua elaboração. No entanto, essas representações gráficas não foram elaboradas no universo dos escritórios pesquisados, tornando estas representações perspectivas apresentadas próximas do que são produzidas nas mesmas. Houve dificuldades em fornecer o material solicitado, como não possuírem em 87 seus escritórios, visto que o desenho é entregue ao cliente, ou por não serem os mesmos que produzem. As perspectivas neste momento da pesquisa visa retratar o que são elaborados nas próprias empresas. Ou seja, como os arquitetos (ou o profissional contratado) realmente elaboram as representações perspectivas para apresentar ao cliente na região metropolitana do Recife. A representação perspectiva elaborada na empresa pesquisada EPU/04 é perspectiva cônica como mostra a figura 31. Toda confeccionada à mão livre empregando elementos como vegetação, figuras humanas para oferecer proporção à representação gráfica. FIGURA 31 - Fonte: MOURA in PROJETO, 2000. 88 Em projetos de arquitetura de interiores as representações perspectivas apresentadas em escritórios de arquitetura são as baseadas nas projeções cônicas, quando confeccionadas à mão livre e em softwares CAD. Vale ressaltar que em um dos escritórios pesquisados a perspectiva empregada é a axonométrica confeccionada no software AutoCAD versão 14 . Para representar as perspectivas cônicas elaboradas nas empresas EP/05 e AA/07, a figura 32 mostra a perspectiva cônica elaborada e pintada à mão livre para apresentar ao cliente. O desenho confeccionado foi obtido através de um ponto de fuga para visualizar o espaço interno e observar a proposta de reforma do piso sugerido pelo arquiteto. FIGURA 32 - Fonte: GALVÃO in CASA CLAUDIA, 2000. 89 Outro desenho confeccionado nas empresas EP/05, EP/06 e EP/07 são as perspectivas cônicas elaboradas com nanquim e lápis de madeira para ambientes internos, com dois pontos de fugas elabora o desenho dessa maneira para apresentar ao cliente, deve-se como fatores ao curto prazo de entrega e como uma possibilidade de representar graficamente a idéia mais rápida no papel (fig. 33). FIGURA 33 - Fonte: JARCEM, 2002. Nas representações perspectivas utilizadas em construtores, e me escritórios que atuam projetos de edificações. O local onde é projetado o edifício não é o mesmo local onde confecciona a representação gráfica, o projeto é enviado a outro profissional que possui o software adequado para atender as necessidades do arquiteto e conseqüentemente, a construtora. 90 Em projetos de edificações, como são os projetos das empresas AA/09, EP/05 e EP/10, a perspectiva cônica deixa de ser confeccionada à mão livre e passa a ser através de softwares que permitem a inserção da forma em fotografia e o emprego de elementos de composição como figuras humanas, automóveis e vegetação (fig. 34). FIGURA 34 - Fonte: JORNAL DO COMÉRCIO, outobro de 2002. 91 Nas empresas EP/02 e AA/03, as representações perspectivas são elaboradas em softwares, mas esses não são para projetos de edifícios de grande porte, e sim para projetos de edificações com pequeno e médio porte como mostra a figura 35. FIGURA 35 - Fonte: JORNAL DO COMÉRCIO, outobro de 2002. A empresa EPC/08 elabora seus projetos no próprio software em que confeccionam os desenhos arquitetônicos, a diferença deste dos demais é a perspectiva empregada, que são as perspectivas axonométricas para seus projetos de ambientes internos, como mostra a figura 36. 92 FIGURA 36 - Fonte: SCHAARWACHTER, 2001. Com a análise concluída pôde-se perceber que independentemente da sua confecção pelos arquitetos, a perspectiva é importante para arquitetura para esclarecimento do projeto, contexto histórico, instrumento de expressão e comunicação e desenvolvimento empresarial. 93 CONCLUSÃO Durante o estudo pode-se perceber a perspectiva como elemento fundamental para apresentação dos projetos de arquitetura, não apenas por ser mais próxima da visão humana, mas pelas diversas possibilidades de representação gráfica da forma. Consideram-se as pinturas rupestres como as primeiras perspectivas criadas pelo homem, o desenvolvimento destas representações gráficas foi acompanhando o desenvolvimento do ser humano nas suas necessidades de expressão, comunicação, instrumento científico, desenvolvimento industrial e acadêmico e representatividade histórica. Torna-se extremamente relevante o saber da etimologia e conceitos dos termos explicitados no estudo. A inserção de conceitos que estejam mais próximos do correto, uma vez que muitos dos livros didáticos simplificam tanto, algo que é complexo e extremamente interessante de ser visto. O esclarecimento e a desmistificação de certos conceitos foram possíveis através da fundamentação geométrica da perspectiva. Possibilitando a inserção da perspectiva quadrimensional no estudo baseando-se em conceitos e termos desenvolvidos. 94 Foi imprescindível o marketing voltado ao ramo empresarial, visto que no momento da apresentação do projeto, torna-se o momento decisivo para o arquiteto, pois através da aprovação do mesmo, pode-se dar prosseguimento ao projeto. Embora realizada com um universo pequeno, a obtenção dos resultados quantitativos na pesquisa de campo, permitiu uma análise qualitativa, para constatar a importância das perspectivas, independentemente da sua elaboração ou não. Pois, permite conquistar clientes que buscam soluções para seus problemas e segurança no que estão recebendo. A perspectiva permitiu e ainda permite ao homem, se expressar, utilizá-lo como instrumento científico e também de ensino, estudo e desenvolvimento de produtos industriais, planejamento e percepção de projetos, e principalmente, a leitura e análise histórica do próprio ser humano. Os próximos temas a serem desenvolvidos no decorrer acadêmico são “A geometria na composição de figuras humanas” para seqüência inicial, o segundo tema é “A significação do desenho“ que trata dos signos e da caracterização do significado em relação da representação gráfica com o interpretante e o terceiro tema é “A Gestault do desenho” que trata da mensagem subliminar que pode haver no desenho. 95 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ATLAS da História do Mundo. Folha de São Paulo, outobro de 1995. MEGGS, Philip B. História Del Diseño Gráfico. México: Trillas, 1998. BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Ed. Edgard Blucher LTDA, 1996. SCHAARWACHTER, Georg. Perspectiva para arquitectos. México: G.GILI, S.A., 2001. SILVA, Evan. A forma e a fórmula: cultura, ideologia e projeto no arquiteto da Renascença. Porto Alegre: SAGRA, 1991. COSTA, Mário Duarte; COSTA, Alcy P. A. Vieira Geometria gráfica tridimensional. Volume 1. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1992. 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Uso de banco de dados de células e blocos; manipulação de elementos de desenhos e 5, 88 plotagens coloridas; credibilidades; apresentações final do trabalho; alterações de textos; elimina etapa de rascunho; mover partes do desenho; mudança de escala dos desenhos. Desvantagens Não há. 50, 00 do CAD Maior desgaste físico e mental; visão gerla do trabalho reduzido. 33, 33 Requer grande experiência para eficiência; tempo de execução (intensificação); falta do 16, 67 conhecimento; de quem encomenda o trabalho; investimento inicial e custo operacional; diminui poder de criatividade; tempo em que se fica na maquina. 106 APÊNDICE Escritório _______________________________________________________ Nº de projetos analisados: __________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa Fachada Corte Perspectiva PERSPECTIVA Qual o tipo? SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários:_____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 107 (AA/01) – Arquiteta Autônoma de Paisagismo __________________________ Nº de projetos analisados: 04________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa Confeccionada a mão livre Fachada Corte Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é apresentada. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários: todos os desenhos são feitos por um desenhista contratado, e depois pintados por uma arquiteta também contratada. As arquitetas não sabem desenhar em AutoCAD e o desenhista recentemente que se especializou na digitalização de projetos._______________________________ 108 (EP/02) Empresa particular de Arquitetura e Paisagismo__________________ Nº de projetos analisados: 03________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica digitalizada. Fachada A representação gráfica digitalizada, apenas em projetos de arquitetura. Corte A representação gráfica digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é elaborada. Irá depender da disponibilização de tempo e necessidade do projeto. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? Não soube informar. A perspectiva é colorida. É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Contrata outra empresa para confeccionar. Comentários: os desenhos arquitetônicos são feitos por estagiários e pelo próprio arquiteto, o software utilizado na empresa é o AutoCAD versão 14. 109 (AA/03) – Arquiteto Autônomo de Arquitetura___________________________ Nº de projetos analisados: 03________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. O desenho possui figuras humanas, automóveis e vegetação. Corte A representação gráfica é digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é apresentado, depende do tempo e da necessidade do projeto. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? AutoCAD versão 14. Imprimi para apresentar ao cliente. É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários:_____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 110 (EPU/04) - Empresa Pública de Arquitetura e Paisagismo_________________ Nº de projetos analisados: 06________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. Não é confeccionada para projetos paisagísticos. Corte A representação gráfica é digitalizada. Não é confeccionada para projetos paisagísticos. Perspectiva PERSPECTIVA Qual o tipo? SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? É o próprio arquiteto que elabora Não sabem confeccionar. Outro profissional elabora Não sabem confeccionar. Comentários: os trabalhos são confeccionados no software AutoCAD versão 14. Mas quando indagados sobre se não desenhavam a representação perspectiva por achar desnecessário ou por quem confecciona os desenhos não domina sua elaboração, foi respondido que não há necessidade. Porém, em visita ao arquivo, foram encontrados quatro projetos com representações perspectivas. 111 (EP/05) – Empresa Particular de Arquitetura, Arquitetura de Interiores e Engenharia. Nº de projetos analisados: 02________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. Corte A representação gráfica é digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Depende do prazo de entrega e necessidade do projeto. PERSPECTIVA Elaborada à mão livre SIM NÃO COMENTÁRIOS Quando se faz necessário no momento da apresentação ao cliente, e em projetos de interiores é confeccionado co antecedência. Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? AutoCAD versão 14. Apresenta figuras humanas, automóveis e vegetação inserindo em uma fotografia do local. É o próprio arquiteto que elabora Quando é um projeto convencional. Outro profissional elabora Quando há necessidade de inserir em fotografia. Comentários:_____________________________________________________ _______________________________________________________________ 112 (EP/06) – Empresa Particular de Arquitetura e Arquitetura de Interiores_______ Nº de projetos analisados: 02________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. Corte A representação gráfica é digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é confeccionada depende do prazo de entrega e necessidade do projeto. PERSPECTIVA Elaborada à mão livre SIM NÃO COMENTÁRIOS Perspectiva confeccionada para projetos de ambiente internos. Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários: em projetos de arquitetura não é confeccionada a perspectiva por não possuir o software adequado para construção e inserção em fotografia. Apresentando ao cliente apenas os desenhos como planta baixa, corte e fachada confeccionadas no software AutoCAD versão 14. 113 (AA/07) – Arquiteta autônoma de Arquitetura de interiores._________________ Nº de projetos analisados: 02________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é confeccionada com instrumentos de desenho. Fachada A representação gráfica é confeccionada com instrumentos de desenho. Corte A representação gráfica é confeccionada com instrumentos de desenho. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é confeccionada, depende do prazo de entrega e da necessidade do projeto. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários: a arquiteta não sabe desenhar em software, apesar de tê-lo em sua residência. 114 (EPC/08) – Empresa particular de Arquitetura, Arquitetura de Interiores e Consultória. Nº de projetos analisados: 03________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. Corte A representação gráfica é digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Axonométrica (isometria), cônica. PERSPECTIVA SIM NÃO Elaborada à mão livre COMENTÁRIOS Elabora perspectiva cônica para esclarecimento no exato momento. Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? AutoCAD versão 14. Elabora axonométrica, depois a imprimi e pinta a mão livre. É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários: a empresa realiza projetos de arquitetura para a Texaco, não necessitando confeccionar a representação perspectiva, uma vez que a mãode-obra empregada é especializada. A representação perspectiva é confeccionada para projetos paralelos, geralmente de Arquitetura de Interiores. 115 (AA/09) – Arquiteto Autônomo de Arquitetura___________________________ Nº de projetos analisados: 02________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada A representação gráfica é digitalizada. Corte A representação gráfica é digitalizada. Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Nem sempre é confeccionada, depende do prazo de entrega e da necessidade do projeto e se o seu cliente é iniciado ou não na linguagem arquitetônica. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? Não soube informar. Apresenta com figuras humanas, vegetação e automóveis inseridos em uma fotografia. É o próprio arquiteto que elabora Apenas quando elaboradas à mão livre. Outro profissional elabora Quando são elaboradas em softwares. Comentários:_____________________________________________________ 116 EP/10 – Empresa particular de Arquitetura e Arquitetura de Interiores.________ Nº de projetos analisados: 02________________________________________ DESENHOS APRESENTADOS SIM NÃO COMENTÁRIOS AOS CLIENTES Planta baixa A representação gráfica é digitalizada. Fachada Corte Perspectiva Qual o tipo? Cônica. Depende do prazo de entrega e da necessidade do projeto. PERSPECTIVA SIM NÃO COMENTÁRIOS Elaborada à mão livre Elaborada com instrumentos de desenhos Elaborada por software CAD Qual o software? Não soube informar. Apresenta com figuras humanas, vegetação e automóveis inseridos em uma fotografia. É o próprio arquiteto que elabora Outro profissional elabora Comentários:_____________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 117