LACTÁRIOS
Os
lactários
eram
instituições
de
protecção à primeira infância, onde era
dispensado o leite adequado ao bebé. Nos
lactários ensinavam a fazer o desmame, a
suprir a falta do leite materno e faziam o
acompanhamento médico da criança, com
a ajuda de assistentes sociais e
visitadoras que iam ao domicílio verificar
a vida e o desenvolvimento de cada
criança.
A expressão lactário foi adoptada para
traduzir o termo francês crêche. O seu
principal fim era combater a mortalidade
infantil provocada por enterites na
primeira infância. O lactário deveria estar junto das maternidades, das creches, dos
hospitais, dos dispensários infantis, dos centros de assistência social materno-infantis, de
forma a assegurar uma alimentação adequada às mães que amamentavam e à primeira
infância. Eram entendidos como escolas de mães ou cantinas maternas.
Associação Protectora da Primeira Infância, Carlos Gil,
[s.d.], Arquivo Municipal de Lisboa, AFML - B089183.
Os lactários em Portugal equivalem às gotas-de-leite francesas. Estas foram concebidas
pelo professor francês Pierre Budin, da Faculdade de Medicina de Paris, em 1892. Fundou
esse professor no Hospital da Caridade em Paris, uma consulta para recém-nascidos, que
funcionava como uma verdadeira escola de mães, que vigiava, dirigia e ajudava as
mesmas. Foi o Dr. Dufour de Fécamp que criou, em 1894, as gotas-de-leite.
Em Portugal a primeira consulta de crianças foi em 1893, no Dispensário de Alcântara,
devendo-se à rainha D. Amélia e ao médico D. António de Lancastre. A consulta era dada
pelo Dr. Silva Carvalho.
Em 1900 o Dr. Alfredo da Costa nas suas lições na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa,
propôs a instituição de consultas para recém-nascidos semelhantes às francesas.
O primeiro lactário foi criado em 1901, no Largo do Museu da Artilharia, pela Associação
Protectora da Primeira Infância criada pelo benfeitor Rodrigo António Aboim de Ascensão.
Este lactário tinha uma vacaria em anexo. O coronel Rodrigo Aboim Ascensão foi ajudado
pelos sócios e pela própria rainha D. Amélia.
De Norte a Sul do país foram fundados lactários por particulares, pelo Estado, pelas
Juntas Gerais de Distrito, pelas Juntas de Província, pelas Câmaras Municipais, pelas
Misericórdias, por industriais, etc., mas mesmo assim eram insuficientes. Vários médicos
contribuíram activamente para a divulgação, fundação e orientação de lactários, entre
eles podemos citar, Alfredo da Costa, Costa Sacadura, Jorge Cid, António de Azevedo,
Lobo Alves, Salazar de Sousa, Sobral Cid, Novais e Sousa, Morais Sarmento, Ricardo
Jorge, José Alberto de Faria, Almeida Garrett, D. Adelaide Cabette, ... .
Bibliografia:
Lactário – Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa: Editorial Enciclopédia,
Limitada. Vol. XIV, p. 523-524.
LACTÁRIOS MUNICIPAIS
O Vereador do Pelouro da Instrução e Assistência, Alexandre Ferreira propôs, em 24 de
Outubro de 1924, a criação de Estábulos Municipais, com o objectivo de disponibilizar
leite aos lactários de Lisboa. Este leite seria dado às crianças e aos adultos doentes,
mediante prescrição médica. Esta proposta foi aprovada em 28 de Novembro de 1924.
Foi organizada uma rede de seis Lactários Municipais, em 1925, com a missão de
fornecer gratuitamente leite às famílias desfavorecidas da cidade.
As mães e crianças das freguesias de Alfama, Mercês, Encarnação, Mártires, Santa
Catarina, Sacramento, Conceição Nova, Estrela, Anjos, Madalena, São Cristovão, São
Nicolau, Sé, São Domingos, Alcântara, Santos-o-Velho, Lapa, Belém e Ajuda foram
auxiliadas por esta rede de lactários.
Para servir as mães trabalhadoras, foi criada uma creche no Lactário Municipal n.º 3.
Recebia as crianças das 9h00m às 18h00m. Neste lactário era dado leite de vaca às
crianças até aos 18 meses. Dava banho, pesava, vacinava, oferecia enxovais, fazia
consultas de pediatria e passava receitas médicas.
Os seus directores clínicos eram o Dr. Carlos Gomes da Silva, a pediatra Dr.ª Palmira
Lindo, a Dr.ª Branca Rumina e o Dr. Octávio Gomes da Silva.
Embora de grande mérito social, a manutenção dos lactários era muito dispendiosa para
a Câmara Municipal de Lisboa.
Em Julho de 1927, a administração dos Lactários transitou para a Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, na qual tem permanecido até aos nossos dias.
A Maternidade Alfredo da Costa também dispõe de um serviço de lactário anexo para os
mais necessitados.
FONTE
Arquivo Municipal de Lisboa
Download

lactários - Revelar LX - Câmara Municipal de Lisboa