As instituições de apoio ao desenvolvimento rural: a natureza económica dos seus serviços e o papel do Estado no seu financiamento1 Américo M. S. Carvalho Mendes Uma integração crescente da economia rural na economia urbana e na economia internacional O desenvolvimento das zonas rurais tem que passar necessariamente pela mobilização da iniciativa empresarial valorizadora dos seus recursos humanos e naturais. No passado esta iniciativa podia contar com factores favoráveis tais como: - uma procura local significativa e pouco exigente em termos de transformação dos produtos primários; - um grau relativamente elevado de protecção contra a concorrência por parte doutras regiões e doutros países; - mão de obra e outros factores de produção a baixo custo. Hoje em dia as zonas rurais já não podem contar com estes factores: - a procura dos produtos onde têm vantagens comparadas já não é fundamentalmente local, situandose antes em zonas urbanas no país e no estrangeiro, muitas vezes bem longe do acesso dos produtores; - muitos dos produtos das zonas rurais são transaccionáveis num mercado internacional cada vez mais competitivo; - as disponibilidades de mão de obra nas zonas rurais vão-se rarefazendo quantitativamente com o êxodo rural e desqualificando-se em termos relativos devido à concentração dos trabalhadores qualificados nas zonas urbanas e à desvalorização social dos ”saberes” rurais; - nos processos de produção rurais as exigências de transformação dos produtos primários são crescentes com redução da parte dos intra-consumos produzidos localmente e o recurso crescente a consumos intermédios adquiridos em mercados exteriores; - fruto da evolução nos mercados trabalho e nos processos de produção rurais as necessidades de investimento em capital fixo também são crescentes colocando a iniciativa empresarial rural na dependência dos mercados financeiros e dos sistemas públicos de incentivo às actividades produtivas. Comunicação apresentada no Seminário Internacional organizado pelo CEDREL-Centro de Estudos para o Desenvolvimento Regional e Local sobre “A Revitalização do Mundo Rural e o Ordenamento do Território”. Lisboa, 15-16 de Maio de 1997. (publicada no Jornal Terras de Cante, Ano IV, 2.ª Série, N.º 32, Maio de 1998, pp. 6-7). 1 Um economia rural terciarizada com base no sector público local Exceptuando o caso das zonas rurais que se situam na proximidade de zonas urbano-industriais dinâmicas e de zonas rurais que podem contar com produtos e estruturas produtivas que garantem competitividade externa sem necessidade de intervenções públicas voluntaristas, o dinamismo de todas as outras está fortemente dependente das instituições e das políticas públicas com incidência no desenvolvimento local. Em muitas destas zonas o maior empregador hoje em dia é o sector público local, principalmente as autarquias, a que se juntam serviços públicos desconcentrados nomeadamente nas áreas da educação, saúde e agricultura. Este sector público local anima a economia urbana das sedes de concelho e de distrito e induz uma série doutros serviços à população (bancos, seguros, cafés, restaurantes, comércio a retalho, etc.) e algumas actividades secundárias orientadas para o mercado local como a construção civil e obras públicas. São, por isso, economias rurais que estão a passar por um processo de terciarização fundado no sector público local, com uma base industrial muito débil ou mesmo inexistente. Quanto à sua tradicional base agrária os recursos humanos que vão ficando estão cada vez mais envelhecidos e a propriedade fundiária vai ficando cada vez sujeita ao absentismo com a emigração dos descendentes dos antigos agricultores. Além disso, a actividade agrária está cada vez mais exposta à concorrência internacional e cada vez mais embrulhada na teia de intervenções administrativas e de mecanismos de subsidiação decorrentes da PAC. O sector público local e regional continuará a ser um motor do desenvolvimento rural Decorre do que dissemos atrás que, tal como tem vindo a acontecer até agora, o sector público local continuará a ser um dos principais motores desse desenvolvimento. O seu dinamismo vai depender muito nos próximos anos da conclusão a que se chegar nos seguintes processos legislativos em curso: - a revisão da legislação sobre a delimitação de competências entre a Administração Central e Local atribuindo mais competências a esta última; - a revisão da Lei das Finanças Locais no sentido do reforço dos meios financeiros dos municípios; - a reforma da fiscalidade sobre o património que tocará dois impostos municipais nomeadamente a sisa e a Contribuição Autárquica. Com a conclusão destes processos legislativos é, pois, de prever uma situação em que o sector público local sairá reforçado em termos de atribuições, competências e meios financeiros e humanos. Também a criação das regiões administrativas contribuirá para reforçar o sector público local: - as futuras regiões administrativas constituirão um travão à centralização dos serviços da Administração Pública na capital; - as regiões administrativas também constituirão um travão a tentativas de destruição de serviços desconcentrados da Administração Pública, sendo provável que venham a absorver alguns deles fixando assim os seus agentes nas regiões; - as administrações regionais serão uma força a contrariar a centralização dos investimentos públicos, sendo mais conhecedoras das necessidades e oportunidades de desenvolvimento local do que os decisores públicos e privados instalados na capital. Uma iniciativa privada local débil Falta agora falar da iniciativa privada local. Caracterizamos já esta iniciativa do seguinte modo: - nas actividades terciárias é geralmente uma iniciativa virada para pequenos serviços à população local (cafés, restaurantes, comércio a retalho, etc.); - na valorização dos recursos naturais locais há muitas vezes absentismo na propriedade fundiária, estando os agentes produtivos que restam numa situação de envelhecimento e dispersos por unidades de pequena dimensão, com muita dificuldade de concentração da oferta e de acesso aos mercados e à informação relevante para o exercício da sua actividade. Muitas vezes até existem volumes de poupança local significativos. No entanto, essa poupança continua ociosamente depositada nas instituições financeiras ou porque os seus detentores estão ausentes (caso dos emigrantes, por exemplo), ou porque são residentes sem horizonte de vida suficiente para investir e que têm nessa poupança uma reserva de segurança para os últimos dias da sua vida. Quando é investida localmente muita dessa poupança vai para a aquisição de património imobiliário ou para os tais pequenos serviços à população, raramente indo para actividades primárias, secundárias e terciárias reforçadoras da base económica local. “Custos de transacção” elevados na valorização das vantagens comparadas das economias rurais Dadas as características atrás referidas, o que fazer para atrair iniciativa para as actividades dinamizadoras da economia local? Para sermos mais concretos vamos referir alguns sectores onde ela se pode exercer com algumas possibilidades de fazer valer vantagens comparadas em mercados cada vez mais alargados e mais competitivos: - uma actividade agropecuária produtora de bens que se possam diferenciar pela qualidade tais como vinhos com denominação de origem, carnes e produtos lácteos com marcas de origem, certas frutas e legumes de variedades locais valorizadas pelos consumidores; - a produção florestal; - a produção cinegética; - o turismo baseado no consumo da paisagem rural e do seu património edificado e cultural; - actividades industriais promovidas por pequenos empresários que adquiriram localmente ou no exterior qualificações em determinados domínios onde se sentem capazes de empreender; - actividades industriais promovidas por empresários exteriores que se propõem explorar determinados recursos naturais locais ou que podem encontrar localmente reservas de mão de obra adequadas para rentabilizar a sua actividade (mão de obra feminina com baixo custo de oportunidade, bolsas de trabalhadores desempregados devido ao declínio de actividades industriais que perderam competitividade, etc.). A mobilização da iniciativa empresarial para estas actividades envolve “custos de transacção” relativamente elevados que dificultam o seu desenvolvimento espontâneo. A natureza destes custos de transacção é diferente conforme as actividades em causa. A agropecuária orientada para produtos que se diferenciem pela qualidade com marcas e denominações de origem exige formação dos agricultores, investimentos nas suas explorações e sobretudo uma disciplina e organização colectivas para definir e fazer respeitar normas de qualidade, criar e sustentar serviços de apoio técnico, assegurar a concentração da oferta e a transformação dos produtos e fazer a sua promoção comercial. Quanto ao sector florestal a propriedade está muitas vezes fragmentada e nas mãos de não residentes, sem comunidades locais activas que façam gratuitamente como no passado a limpeza dos povoamentos. Desta forma a produtividade dos povoamentos diminui e o risco de incêndio aumenta consideravelmente agravando as dificuldades já típicas do investimento florestal que decorrem dos grande diferimento temporal entre os custos e as receitas. Escapam até certo a estes problemas as espécies de crescimento rápido como o eucalipto ou que estão inseridas em explorações de grande dimensão e são capazes de gerar fluxos de rendimento menos espaçados no tempo como o sobreiro. O fomento da produção cinegética debate-se com o problema difícil da redefinição dos direitos de propriedade passando-se dum regime próximo do “livre acesso” como é o regime geral para regimes de propriedade privada como nas zonas de caça turísticas ou de propriedade comum como nas zonas de caça associativa. O turismo baseado no consumo da paisagem rural e do seu património edificado e cultural precisa que estes recursos sejam preservados, ou seja, precisa duma agricultura activa, duma gestão florestal também activa e dum sector público local e central sensíveis e capazes de assegurar a protecção do velho património edificado e a sua harmonização com o de geração mais recente. Finalmente precisa de proprietários de casas rurais que usem os fundos disponíveis para a sua renovação colocando-as depois efectivamente ao serviço da actividade turística e não encapotadamente como residências secundárias para as suas famílias e amigos. A pequena iniciativa industrial local tem muitas vezes dificuldade em aceder aos sistemas de incentivos disponíveis e aos mercados financeiros que não a conhecem e que lhe ligam pouca importância. Além disso, é pequena demais para se dotar de quadros técnicos próprios e para fazer uma promoção comercial adequada dos seus produtos. A iniciativa industrial exterior que surge espontâneamente é muitas vezes do tipo “tenda de beduíno” que se desmonta quando os recursos locais que inicialmente a atrairam se esgotaram ou a suas vantagens comparadas desapareceram. Para captar aquela que possa ter uma permanência e efeitos mais duráveis na economia local são precisas organizações colectivas locais (autarquias, associações de desenvolvimento) capazes de ir ao seu encontro e de tecer as complementaridades necessárias com o tecido económico e social local. O papel das associações na produção dos bens públicos necessários ao desenvolvimento local Apesar das diferenças atrás mencionadas entre as várias actividades onde as nossas zonas rurais podem ter vantagens comparadas, o que há de comum a todas elas no que se refere ao modo de ultrapassar os “custos de transacção” que bloqueiam a respectiva iniciativa empresarial é que isso requer formas de organização colectiva dos empresários e das entidades dispostas a apoiálos: associações de agricultores, associações de proprietários florestais, associações de caçadores, associações de casas de turismo de habitação, associações culturais e de defesa do ambiente e do património, associações empresariais, associações de desenvolvimento local, etc. Os produtos principais destes tipos de organizações são os seguintes: - representam colectivamente os seus associados e defendem os seus interesses comuns; - servem de catalisador da acção colectiva dos agentes económicos e dos cidadãos promovendo a coordenação de esforços entre indivíduos e instituições que doutro modo estariam dispersos, contribuindo para alguma integração de políticas públicas dispersas com incidência no desenvolvimento local; - ajudam a pequena iniciativa local a vencer as dificuldades que inicialmente bloqueiam o seu aparecimento criando, com isso, condições para o florescimento dum meio empresarial local activo; - contribuem para a protecção e valorização dos recursos locais. A característica comum a estes serviços prestados pelas associações é a de que eles constituem aquilo que em Economia se designa por um “bem público” (a não confundir com um bem ou serviço produzido pelo sector público). Com efeito, estes serviços das associações têm as duas propriedades que caracterizam este tipo de bem: - a primeira propriedade é a da não rivalidade, ou seja, o facto dum membro duma associação ou qualquer cidadão ser beneficiado com o trabalho duma associação (melhor defesa dos seus interesses, produtos de melhor qualidade, um meio ambiente e um património mais bem preservado, um meio local mais dinâmico e com melhor qualidade de vida, etc.) não diminui a quantidade desse benefício para os outros membros da associação e para os outros cidadãos; - a segunda propriedade é a da não exclusão, ou seja, é impossível condicionar o acesso aos benefícios acima referidos mediante o pagamento dum preço, ou seja, um meio rural com melhor qualidade de vida e mais desenvolvido em termos económicos e sociais é qualquer coisa que uma vez existindo beneficiará os cidadãos em geral quer tenham contribuído voluntariamente, quer não tenham pago nada para que isso acontecesse. Ora o problema com os bens públicos é que, dadas estas suas duas características, as pessoas agindo individualisticamente não vão contribuir voluntariamente para a sua produção com o valor correspondente aos benefícios que obteriam com esses bens públicos. Se, por exemplo, uma associação de agricultores, de proprietários ou doutros empresários se constituisse e funcionasse bem os seus membros e a sociedade em geral ganhariam com isso. No entanto, se na altura da sua constituição e mesmo depois se perguntasse aos empresários em questão e aos outros cidadãos quanto é que estariam dispostos a dar do seu dinheiro e do seu tempo para pôr de pé a associação a resposta mais provável era muito pouco ou mesmo nada. Daí que tal tipo de organizações só surja e funcione razoavelmente nas seguintes situações: - em comunidades locais e com indivíduos orientados por valores morais, ideológicos e culturais que dão importância ao interesse colectivo; - quando existem formas de financiamento público dos custos das associações, por exemplo, com base em recursos financeiros que lhes são atribuídos pelos orçamentos municipais, pelo Orçamento do Estado, por programas de incentivos cofinanciados pela União Europeia ou por contratos programa com a Administração Pública. Note-se que estes financiamentos são formas variadas dos cidadãos contribuirem compulsivamente para o funcionamento das associações uma vez que, sendo fundos públicos, eles provêm, em última análise, dos impostos que são prestações pecuniárias compulsivas dos cidadãos contribuintes. E a comprovar que assim é aí está à vista de todos o facto de que a grande maioria das associações de produtores agrícolas, de proprietários florestais e doutros empresários, bem como as associações de desenvolvimento local actualmente existentes no nosso meio rural surgiram ou desenvolveram-se depois de 1986, quando passaram a existir no nosso país, graças ao apoio dos fundos estruturais da Comunidade Europeia, mecanismos de financiamento público capazes de sustentar os seus custos de investimento e de funcionamento. Será possível a auto-sustentação das associações de produtores e das associações de desenvolvimento local? Fala-se hoje cada vez mais da necessidade das associações de produtores e das associações desenvolvimento local irem aumentando as suas receitas próprias de modo a que o seu funcionamento seja auto-sustentado, sem necessidade de recorrerem a subsídios públicos. Há nesta orientação alguns equívocos que é necessário esclarecer. Como já vimos atrás, muito do trabalho destas associações tem a natureza económica dum bem público. Assim sendo, a “militância” dos seus membros e o sentido do interesse público das comunidades locais não serão suficientes para mobilizar a totalidade dos recursos necessários ao funcionamento destas organizações. Por isso, se a sociedade portuguesa entender que o seu trabalho é socialmente útil terá que pagar para isso de formas que podem ser variadas: transferências do Orçamento de Estado ou dos orçamentos das autarquias locais, sistemas de incentivos ao desenvolvimento rural, contratos programa, etc. Isto não significa que estas associações não possam, não devam ou não estejam já a produzir serviços sem a natureza de bens públicos e pelos quais pode, por isso, ser cobrado um preço gerador de receitas próprias. Com efeito, para além dos serviços atrás referidos que beneficiam genericamente todos os associados e os cidadãos em geral, as associações também prestam serviços individualizados aos seus associados e a outras organizações: elaboração de projectos, aconselhamento técnico, apoio comercial, etc. Estes serviços individualizados já não são bens públicos, mas sim serviços privados, ou seja, serviços caracterizados pelas propriedades de rivalidade e de exclusão. Pelo desenvolvimento deste tipo de produto as associações poderão, pois, ir diminuindo a sua dependência relativamente aos financiamentos públicos, mas não será fácil prescindirem totalmente deles por várias razões: - se a sua actividade principal continuar a ser a de catalisador da acção colectiva dos associados continuarão por aí a produzir um bem público que o mercado não valoriza; - na fase inicial da sua vida e em zonas desfavorecidas com uma iniciativa empresarial privada muito frágil e de pequena dimensão será muito difícil às associações cobrarem um preço pelos serviços individualizados prestados aos associados que seja capaz de cobrir o respectivo custo. As associações que forem capazes de evoluir para uma situação de auto-sustentação com base na prestação de serviços privados serão então verdadeiras empresas privadas de consultoria a trabalhar em meios locais dotados já dum bom dinamismo económico social. No entanto, não são estas as associações que temos e de que precisamos neste momento pois os nossos meios rurais não têm o dinamismo económico e social capaz de gerar procura solvável suficiente para as auto-sustentar com a prestação de serviços privados. Se isso acontecesse o desenvolvimento rural já não seria problema pois estaria em marcha com toda a força. Uma proposta para o financiamento público estável e descentralizado das associações de produtores e das associações de desenvolvimento local Estando actualmente as nossas associações de produtores e de desenvolvimento local muito dependentes de programas cofinanciados pelos fundos estruturais de União Europeia e perspectivando-se uma redução dessas transferências a médio e longo prazo, tememos que o discurso da “auto-sustentação” possa vir a desembocar numa diminuição substancial dos financiamentos públicos que directa ou indirectamente apoiam estas organizações. Dado o fraco poder de “lobby” dos agentes e dos espaços onde estas organizações intervêm tememos que, numa situação de aperto da restrição orçamental pública, esta seja uma das áreas mais susceptíveis de cortes orçamentais. Estamos entre os que defendem que, para que haja um desenvolvimento equilibrado e sustentável do nosso país, são indispensáveis associações de produtores e associações de desenvolvimento local activas e eficientes na produção dos bens públicos para que estão vocacionadas, devendo a sociedade pagar-lhes para isso através dos impostos. Também somos dos que defendemos que esta é uma das áreas que exige um empenhamento a longo prazo da sociedade portuguesa que não pode, por isso, ficar demasiado dependente de fontes de financiamento externas ditadas por vontades políticas que não são nossas e sujeitas a factores que não controlamos. É também uma área que não pode ficar demasiado dependente das flutuações nos equilíbrios políticos internos onde facilmente perderá face a “lobbies” muito mais poderosos e muito mais ávidos e eficazes na obtenção de dinheiros públicos. Defendemos, por isso, compromissos legislativos estáveis criadores de mecanismos que assegurem transferências do Orçamento do Estado para as associações locais de forma regular, oportuna e em volume suficiente para financiar os seus custos de funcionamento e de investimento no que diz respeito às suas actividades com a natureza de “bem público”. Um mecanismo desse tipo poderia ser, por exemplo, uma coisa do tipo do Fundo de Equilíbrio Financeiro a incluir na futura Lei das Finanças Regionais. Tratar-se-ia assim de transferências regulares do Orçamento de Estado para os orçamentos das regiões administrativas determinados por critérios de solidariedade inter-regional que estas futuras autarquias deveriam consignar ao financiamento dos custos de funcionamento e de investimento das actividades das associações de produtores e das associações de desenvolvimento local com a natureza de bens públicos. Estes financiamentos públicos às associações deveriam ser acompanhados das seguintes medidas: - acções regulares de formação dos seus quadros técnicos e dos seus dirigentes; - mecanismos de inspecção e de auditoria às associações. Enquanto a regionalização não acontece as associações vão podendo contar com os programas cofinanciados pela União Europeia com verbas ainda suficientes para responder às necessidades neste domínio. Os receios que manifestamos e a proposta que fizemos têm mais que ver com o futuro depois do actual Quadro Comunitário de Apoio. É esse futuro que temos que começar a discutir e a preparar desde já para depois não termos que improvisar ou para não nos vermos confrontados com decisões que coloquem em risco a continuidade do bom trabalho já feito por estas associações.