REGULARIDADES SOCIAIS E RENOVAÇÃO URBANAS NO CENTRO HISTÓRICO DE BARCELONA (ESPANHA): O CASO DO BAIRRO GÓTICO Fernando Cruz [email protected] UFRN/CCHLA/PPGCS/Bolsista CAPES-DS A gentrificação ou enobrecimento urbano, a que as cidades europeias estão sujeitas, muitas delas em virtude da criação de vazios urbanos em consequência do fenómeno da desindustrialização, levaram nas últimas décadas à reestruturação e requalificação dos espaços e seus edifícios por forma a receber contingentes cada vez maiores de turistas. Constituindo-se Barcelona (Espanha) e, nomeadamente, o seu centro histórico, destino de milhares de turistas ao nível internacional, propomo-nos apresentar as suas principais variáveis demográficas e regularidades sociais, a partir do bairro Gótico, no distrito de Ciutat Vella, por forma a conhecer se se trata de um espaço urbano em que a melhoria das condições urbanísticas se constituem também numa melhoria das condições de vida dos seus habitantes. Palavras-chave: gentrificação, renovação urbana, centro histórico. 1. Renovação urbana e gentrificação No decorrer da década de 1970, o turismo cultural foi identificado com o fenómeno da gentrificação ou enobrecimento das cidades. A renovação urbana através da preservação histórica rompeu com estratégias anteriores de demolição para voltar a construir, permitindo a manutenção da identidade e do orgulho da comunidade. Tratouse de conceber uma alternativa à criação de museus, cada vez maiores, para satisfazer as necessidades culturais locais e compreender as implicações do desenvolvimento da cidade pós-industrial, em torno de uma economia simbólica. A produção de objetos, sobretudo de arte, exige a produção de mais espaço e quanto maior é este, maior será o público das instituições culturais. O crescimento do público envolve por seu lado, o aparecimento de novos interesses e demandas ao nível da economia simbólica. Por um lado, os grupos sociais incentivam as instituições culturais a representarem e exibirem a sua cultura através da arte, da música ou teatro. Por outro, o aumento do público das instituições culturais incentiva estas, a procurar aumentar os seus espaços para o desenvolvimento das suas atividades. (ZUKIN, 2006: 81-120) Todavia, a designação de património histórico faz aumentar o valor das rendas e dos preços dos edifícios que os baixos rendimentos dos seus residentes podem não suportar. Por outro lado, o tempo, o processo e os custos da aprovação da designação de património histórico influenciam alguns proprietários a reduzir a manutenção das suas propriedades. Daí que, as condições de vida dos inquilinos piorem. Contudo, alguns proprietários procuram a atribuição da designação de património histórico para privilegiar o “olhar” sobre um lugar para que este marque a estabilidade residencial e a identidade comunitária de uma dada classe social ou grupo étnico. Outra consequência da atribuição desta designação, é a de impedir a demolição dos edifícios e desencorajar os construtores de se manterem na área. Assim, a preservação histórica não é somente uma categoria cultural, uma vez que a mediação das qualidades estéticas pelos mercados imobiliários provoca um forte impacto nas comunidades sociais. (ZUKIN, 2006: 124-125) Nos Estados Unidos, a gentrificação, a preservação histórica e outras estratégias para melhorar os recursos visuais dos espaços urbanos foram as grandes tendências dos anos 60 e início dos anos 70. Paralelamente, nesse mesmo período, renovou-se a institucionalização do medo urbano, com a classe média norte-americana a investir na compra de proteção, fomentando deste modo, o crescimento da indústria da segurança privada. (ZUKIN, 2006: 39) A gentrificação é uma resposta à conjuntura histórica marcada pela desindustrialização, falta de investimento em áreas urbanas associadas ao desenvolvimento urbano e ao crescimento da terciarização das cidades, precarização do trabalho e presença indesejada de classes baixas sem trabalho (ARANTES, 2007: 31) Trata-se de um movimento centrípeto das classes abastadas para o centro da cidade, provocando um recentramento de áreas da cidade anteriormente consideradas marginais. Este conceito implica um processo de reestruturação urbana de atividades e grupos considerados anteriormente periféricos. Deste modo, o fomento do regresso das classes médias, sobretudo da fração em ascensão, envolve em sentido contrário, o deslocamento de grupos sociais de baixo rendimento para fora do centro urbano. (O’CONNOR, 2001: 189-190) Em França, o processo de enobrecimento urbano ou gentrificação concentrou as categorias profissionais de maior rendimento em alguns bairros das comunas (centro) com a consequente exclusão das categorias sociais mais baixas, através de uma política de preços fundiários e imobiliários, transformação do parque habitacional e da estrutura comercial ou mesmo, dos equipamentos públicos. A segregação praticada verificou-se igualmente através da concentração de populações com menores rendimentos em bairros de habitação social. Relativamente aos empregados em ocupações técnicas assistiu-se a uma periferização e a uma homogeneização dos bairros intermédios. Os centros das grandes cidades passaram também a contar com uma população crescente de celibatários de classe média e estudantil. (ASCHER, 1998: 6) Em Portugal e no Brasil, os projetos de enobrecimento urbano, têm implícito a “reativação do espaço urbano”, proporcionando, deste modo, um retorno ao centro das cidades. Estes processos têm subjacente o fomento da segurança e do comércio no espaço público, “quase numa espécie de nostalgia de uma belle époque perdida”. O princípio de higienização social de Haussmann é adaptado à cidade pós-moderna, afastando pobres, mendigos e sem-abrigos. Contudo, a espetacularização destes espaços é confrontada amiúde com a prática de “contra-usos”. (LEITE, 2009: 196) Com a gentrificação, a cultura passa não só, a ser o principal negócio das cidades, como também um dos mais poderosos meios de controlo social, exponenciado pelo fenómeno da globalização. Desse modo, segundo Arantes (2007: 33-34), as estratégias culturais de redesenvolvimento urbano distinguem-se em três tipos de trocas desiguais e “simbólicas”: • manipulação de linguagens simbólicas de exclusão e habilitação que implicam uma estetização do poder, onde o desenho arquitetónico é um dos principais instrumentos; • ligação da economia simbólica urbana ao crescimento dos símbolos, mas também dos negócios e empregos; • aliança entre os defensores da cidade e os negócios do domínio cultural. O efeito “donut” provocado pela desertificação das cidades históricas europeias teve como consequência a perda de centralidade dos espaços públicos tradicionais, dada a extensão das metrópoles e o fenómeno da suburbanização. (LOPES, 2002: 47-48) A convivialidade e a centralidade são princípios de regulação do espaço quer do campo das relações funcionais, quer do da reunião social e simbólica. A terceriarização do centro histórico leva-nos, por isso, a deparar com dois modelos teóricos. O primeiro inscrito na perspetiva culturalista, pretende redescobrir a cultura local e conservar a memória social, através de uma política que se baseia em restaurar e renovar sem alterar os valores, os costumes e as práticas sociais. A função residencial é, por conseguinte, mantida e o património cultural e arquitetónico valorizado, bem como a sua especificidade num continuum de realojamento. O segundo modelo, fundando-se num materialismo determinista, procura a rutura com o passado, para relevar o futuro e o poder político e económico que aí se afirma. Esta perspetiva inscreve-se no processo de revitalização económica do centro comercial e turístico da cidade, bem como, no zonamento social, onde o realojamento se faz em bairros sociais situados na periferia. (GONÇALVES, 2006: 124-125) Na verdade, a proeminência que a cultura tem vindo a ocupar na organização da vida e do espaço urbanos, seja pela via das políticas de planeamento e de intervenção urbanística, seja pela via da extensão da oferta cultural e do seu papel na modelação dos estilos de vida das populações, reflete, ao mesmo tempo que potencia, transformações sensíveis nos modos de estruturação e de representação da vida urbana e do espaço público das cidades. (FERREIRA, 2009: 319) O espaço urbano divide-se assim, em áreas de “felicidade controlada” e em áreas de “perigo”. A segurança torna-se visível através da existência de controlos, tais como, seguranças privados, câmaras de videovigilância e barreiras, com a criação de um espaço artificialmente controlado e mantido. Por outro lado, a idealização e a imagem da vida urbana impedem a convivência e a partilha dos espaços públicos com o “outro”, onde as barreiras de caráter social, cultural e económico entre as pessoas se alicerçam em barreiras materiais entre elas. (MUXÍ, 2004: 67-68) As cidades entraram, em vários domínios, numa lógica de empresarialização, onde o património se tornou um produto a escoar, constituindo-se como uma “marca” com valor concorrencial e comunicacional. O processo de estetização, nos espaços urbanos, revela-se num tipo de “urbanismo intensivo, visível no embelezamento das fachadas, no ordenamento das cidades, ou através da criação de eventos atrativos que combinam o tradicional com o festivo.” O processo de estetização insinua-se também através de um léxico e de uma iconografia de natureza publicitária que lançam as cidades para o palco da encenação e da exibição. Outro efeito reside em tornar o campo patrimonializável infinito, ao registar todos os domínios da “memória” e da “cultura”, em virtude dos estímulos recolhidos da economia turística. (PEIXOTO, 2003: 215-219) Por último, não devemos esquecer que a publicidade é responsável quer por mitificar na cidade os espaços dos condomínios fechados, quer por convertê-los nos sonhos das classes média e alta. A cidade desaparece daquela, uma vez que esta inventa mundos inexistentes, transformando os espaços em redutos familiares e de lazer, através da eliminação de qualquer referência ao lugar. (MUXÍ, 2004: 83) 2) Bairro Gótico A província de Barcelona situa-se no nordeste de Espanha, na Comunidade Autónoma da Catalunha. Faz fronteira com a província de Tarragona a sudoeste, Lérida a noroeste, Girona a nordeste e com o mar Mediterrâneo a sudeste. A capital da província é Barcelona, a qual se encontra, desde 1984, dividida administrativamente em dez distritos. O distrito de Ciutat Vella encontra-se ainda dividido em Bairros: La Barceloneta, Sant Pere, Santa Caterina i La Ribera, El Raval e El Gotic. Neste artigo iremos ter em atenção este último bairro: Gótico. O Bairro Gótico (ver Mapa 1) é o núcleo mais antigo da cidade e, por conseguinte, o seu centro histórico. É composto por diferentes bairros históricos que conservam a sua própria personalidade como, o Call, Sant Just i Pastor, Santa Maria del Pi, la Catedral, Santa Anna, La Mercè e o Palau. A estrutura do bairro manteve-se intacta até ao final do século XIX, se bem que a morfologia interna se tivesse alterado drasticamente, durante o século XVIII, devido à grande densidade a que fora submetida. O século XIX será contudo responsável pela grande alteração da estrutura e morfologia do Bairro Gótico. A transformação dos cemitérios paroquiais em praças públicas, a construção de grandes edifícios com a consequente mudança de uso, a demolição das muralhas e outras atuações urbanísticas vão Mapa 1 – Bairro Gótico. permitir que o Gótico comece a ter um património coletivo de prestígio e com valor de uso pela sua centralidade territorial e histórica, que se inicia a preservar. Daí que o valor patrimonial representado pelo Bairro, a variedade e a diferença relativamente aos outros Bairros permitissem a sua especialização no setor terciário convertendo-se no centro de comércio mais importante de Barcelona e da Catalunha. (AJUNTAMENT DE BARCELONA, 2011) 2.1) População residente Em 2010, a população de Barcelona era constituída por 1.619.337 habitantes e o município de Barcelona representava, em termos populacionais, 50,21% da Área Metropolitana. Por outro lado, o distrito da Ciutat Vella representava em termos populacionais 6,45% da cidade de Barcelona (ver Quadros 1 e 2). Quadro 1 – População total e por sexo de Barcelona, Área e Região Metropolitana Dados oficiais da população. 1 Janeiro 2010 Comparação por âmbitos territoriais Barcelona Homens Mulheres TOTAL 770.044 849.293 1.619.337 Consorcio Área Metropolitana 1.567.190 1.657.868 3.225.058 Região Metropolitana 2.460.833 2.552.128 5.012.961 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. Quadro 2 – População de Barcelona e distrito de Ciutat Vella e por sexo de 2010 (e total 2007) Dados oficiais da população. 1 Janeiro 2010 Distritos Homens Mulheres Total (2010) Total (2007) BARCELONA 770.044 849.293 1.619.337 1.603.178 1. Ciutat Vella 54.727 49.780 104.507 113.082 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. A população no bairro Gótico representa 17,73% do Distrito de Ciutat Vella (ver Quadro 3). Quadro 3 – População do Bairro Gótico, por sexo Dados oficiais da população. 1 Janeiro 2010 Bairros Dto. Bairros Barri Gòtic Homens Mulheres Total (2010) Total (2007) 10.112 8.418 18.530 27.946 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. 2.2) Indicadores e variáveis considerados 2.2.1) Sexo Em 2010, a população feminina de Barcelona era maioritária com 52,45%, tal como, na Área Metropolitana com 51,41% (ver Quadro 1). No distrito da Ciutat Vella representava apenas 47,63% (ver Quadro 2). No bairro Gótico, a população masculina é maioritária, ao contrário dos demais bairros da Ciutat Vella e Eixample. Assim, no Bairro Gótico é de 45,43% (ver Quadro 3). 2.2.2) Idade A estrutura da pirâmide etária indica-nos uma população envelhecida em virtude do seu formato em “urna”. As classes etárias inferiores a 30-34 anos indicam um número de pessoas inferior ao da classe seguinte, à exceção das classes dos 0-4 anos e 5-9 anos. As mulheres são o grupo maioritário em termos dos grandes grupos etários, a partir dos 25 anos (ver Quadro 4 e Gráfico 1). O distrito de Ciutat Vella reflete a tendência da cidade de Barcelona com uma população jovem diminuta que não garante a renovação geracional. Por outro lado, a população adulta masculina é superior à população feminina no distrito de Ciutat Vella ao contrário da própria cidade de Barcelona (ver Quadro 5 e 6 e Gráfico 2). O bairro Gótico reflete o distrito onde estão inseridos quer quanto à diminuta população jovem, quer quanto ao predomínio da população adulta masculina no Bairro Gótico (ver Quadros 7 e 8 e Gráfico3). Quadro 4 – População de Barcelona por grandes grupos de idade e sexo, 2010 Idade por grandes grupos de idade. 1 Janeiro 2010 População de Barcelona por sexo Idades Homens Mulheres TOTAL Total 770.044 849.293 1.619.337 0-14 anos 100.063 95.112 195.175 15-24 anos 75.477 72.563 148.040 25-64 anos 463.815 479.256 943.071 65 anos e mais 130.689 202.362 333.051 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. Gráfico 1 – Pirâmide etária de Barcelona, 2010 Elaboração própria. Quadro 5 – População de Barcelona e distrito de Ciutat Vella e por grandes grupos de idade, 2010 Idade por grandes grupos de idade. 1 Janeiro 2010 População por distritos Distritos 0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 anos e mais TOTAL BARCELONA 195.175 148.040 943.071 333.051 1.619.337 1. Ciutat Vella 10.704 9.951 67.406 16.446 104.507 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. Gráfico 2 – Pirâmide etária do Distrito Ciutat Vella, 2010 Elaboração própria. Quadro 6 – População feminina de Barcelona e Ciutat Vella e grandes grupos de idade, 2010 Idade por grandes grupos de idade. 1 Janeiro 2010 População feminina por distritos Distritos 0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 anos e mais TOTAL BARCELONA 95.112 72.563 479.256 202.362 849.293 1. Ciutat Vella 5.177 4.464 30.108 10.031 49.780 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. Quadro 7 – População dos Bairros do Raval, Gótico e Dreta de l’Eixample por grandes grupos de idade, 2010 Idade por grandes grupos de idade. 1 Janeiro 2010 População por bairros Dto. Barrios BARCELONA 1 1. el Barri Gòtic 0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 anos e mais TOTAL 195.175 148.040 943.071 333.051 1.619.337 1.493 1.731 12.576 2.730 18.530 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. Gráfico 3 – Pirâmide etária do Bairro Gótico, 2010 Elaboração própria. Quadro 8 – População feminina dos Bairros do Raval, Gótico e Dreta de l’Eixample por grandes grupos de idade, 2010 Idade por grandes grupos de idade. 1 Janeiro 2010 População feminina por bairros Dto. Bairros BARCELONA 1 2. el Barri Gòtic 0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 anos e mais TOTAL 95.112 72.563 479.256 202.362 849.293 712 792 5.313 1.601 8.418 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Instituto de Estatística da Catalunha. Instituto Nacional de Estatística. INE. 2.2.3) Grau de instrução Entre 1996 e 2001, o analfabetismo baixou em Barcelona de 15,8% para 11,5% enquanto a frequência universitária e a conclusão de um curso superior subiram no seu conjunto de 15,7% para 21,3% (ver Quadro 9). Relativamente ao género, é a população feminina que tem uma percentagem superior à dos homens relativamente à taxa de analfabetismo e a menor em termos de conclusão de um curso de ensino superior (ver Quadro 10). No distrito de Ciutat Vella, a taxa de analfabetismo é de 12,1%. Os bairros que o integram refletem contudo valores dissemelhantes, sobretudo o Bairro Gótico com uma taxa de 18,2%. Quanto à conclusão de um curso do ensino superior o valor do Ciutat Vella é de 21,5%. O Bairro Gótico apresenta 25,8% de população com um curso de ensino superior (ver Quadros 11). Quadro 9 – Nível de estudos em Barcelona, 1996-2001 Nível de estudos em Barcelona Evolução do nível de estudos da população. 1996-2001 Nível de estudos 1996 % 2001 % 1.312.802 100,0 1.306.901 100,0 Sem estudos 207.500 15,8 151.473 11,6 Primaria incompleto 362.178 27,6 254.487 19,5 21,5 TOTAL ESO, EGB, Bacharelato elementar 179.805 13,7 280.938 Bacharelato superior 214.857 16,4 198.263 15,2 Formação Profissional (FP1+FP2) 130.443 9,9 144.052 11,0 Universitário médio 76.528 5,8 115.683 8,9 Universitário superior 130.151 9,9 162.005 12,4 Não consta 11.340 0,9 - - Nota: De 1996, população classificada de 16 e mais anos. De 2001, população classificada de 16 e mais anoss residente em habitações familiares. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Padrão Municipal de Habitantes 1996. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Censos da população e habitação 2001. Instituto Nacional de Estatística. Instituto de Estatística da Catalunha. Quadro 10 – Nível de estudos em Barcelona por sexo, 2001 Nivel de estudos em Barcelona Nivel de estudos da população por sexo. 2001 Nivel de estudos TOTAL % Homens % Mulheres % TOTAL 100,0 1.306.901 100,0 605.464 100,0 701.437 Sem estudos 151.473 11,6 54.296 9,0 97.177 13,9 Primaria incompleto 254.487 19,5 104.788 17,3 149.699 21,3 ESO, EGB, Bacharelato elementar 280.938 21,5 132.764 21,9 148.174 21,1 Bachalerato superior 198.263 15,2 99.690 16,5 98.573 14,1 Formação Profissional grau médio 67.218 5,1 34.377 5,7 32.841 4,7 Formação Profissional grau superior 76.834 5,9 43.424 7,2 33.410 4,8 Universitario médio 115.683 8,9 51.856 8,6 63.827 9,1 Universitario superior 162.005 12,4 84.269 13,9 77.736 11,1 Nota: população classificada de 16 e mais anos residente em habitações familiares. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Censos da população e habitação 2001. Instituto Nacional de Estatística. Instituto de Estatística da Catalunha. Quadro 11 – Nível de estudos por bairro do Distrito de Ciutat Vella, 2009 População da Ciutat Vella Por bairros segundo o nivel académico. Absolutos. 2009 Bairros do distrito TOTAL Sem estudos Estudos primarios / certificado de escolaridade / EGB Bcharelato elementar / graduação escolar / ESO / FPI Bacharelato superior / BUP / COU / FPII / CFGM grau médio Estudos universitarios / CFGS grau superior Não consta BARCEL ONA CIUTAT VELLA 1. el Raval 2. el Gótico 3. la Barcelon eta 1.430.131 173.680 98.279 10.600 43.403 4.553 19.461 1.599 14.635 2.263 4. Sant Pere, Santa Caterina i la Ribera 20.733 2.182 331.340 30.560 15.720 5.370 4.349 5.104 17 264.572 17.292 7.993 3.222 2.869 3.197 11 335.299 18.660 7.405 4.232 2.627 4.390 6 323.642 21.090 7.700 5.022 2.514 5.844 10 1.598 77 32 16 13 16 0 NC bair r 47 3 Nota: população classificada de 16 e mais anos. Font: Contagem do Padrão Municipal de Habitantes a 30.06.2009. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. 2.2.4) Emprego versus desemprego O distrito de Ciutat Vella possui mais homens do que mulheres em situação de desemprego e tem 9,10% do número total de desempregados de Barcelona (ver Quadro 12). Quadro 12 – População à procura de emprego e desempregada, por sexo, Julho 2011 Por sexo. Julho 2011 Procura de emprego Desemprego registado TOTAL Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Barcelona 69.195 67.415 136.610 53.468 51.461 104.929 1. Ciutat Vella 7.239 4.705 11.944 5.817 3.736 9.553 Nota: Estimativa por distritos a partir de dados facilitados por códigos postales. Fonte: Departamento de Empresa e Ocupação. Generalitat de Catalunya. Elaboração do Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. 2.2.5) Atividade económica O setor de atividade predominante em Barcelona é o dos serviços que no ano de 2010 teve uma variação entre 81,2% e 81,8% (ver Quadro 13). Quadro 13 – População ocupada por setores económicos em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População ocupada por setores económicos em Barcelona. 2010 Industria Construção Serviços Total Agricultura Industria Construção Serviços Total Percentagens Agricultura Absolutos (milhares) 1er trimestre 0,5 87,8 36,7 547,2 672,2 0,1 13,1 5,5 81,4 100,0 2º trimestre 0,4 85,6 34,1 538,6 658,7 0,1 13,0 5,2 81,8 100,0 3er trimestre 0,4 83,0 33,9 539,9 657,2 0,1 12,6 5,2 82,2 100,0 4º trimestre 1,1 90,1 31,8 545,6 668,6 0,2 13,5 4,8 81,6 100,0 Nota: No ano 2009 mudou a Classificação de atividades económicas. Os dados de 2008 foram revistos com a nova classificação, para poder estabelecer comparações. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. 2.2.6) Condição perante o trabalho A taxa de atividade de Barcelona em relação à Catalunha, no ano 2010, teve uma variação entre 21,0% e 21,7% e em relação à província de Barcelona uma variação entre os 72,7% e os 73,5% (ver Quadro 14). Quadro 14 – População ocupada em Barcelona e âmbitos territoriais, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População ocupada em Barcelona e âmbitos territoriais Absolutos (milhares) 1º trimestre 672,2 2º trimestre 658,7 2.291,7 3.141,6 18.476,9 21,0 72,9 100,0 3º trimestre 657,2 2.310,3 3.176,1 18.546,8 20,7 72,7 100,0 4º trimestre 668,6 2.296,3 3.133,5 18.408,2 21,3 73,3 100,0 Barcelona Catalunh a 3.098,9 % de ocupação na Catalunha Provincia Barcelona 2.276,4 21,7 Provincia Barcelona 73,5 Catalunh a 100,0 Espanha Barcelona 18.394,2 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. A taxa da população ativa, em Barcelona, é superior nos homens (54,8% a 56,8%) em relação à população feminina (44,5% a 47,6%), conforme dados de 2010 (ver Quadro 15). Quadro 15 – População ocupada por sexo em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População ocupada por sexo em Barcelona Absolutos (milhares) Taxas globais (%) Homens Mulheres Total Homens Mulheres Diferencia l Total 1º trimestre 350,0 322,2 672,2 56,8 46,6 10,2 51,4 2º trimestre 352,2 306,5 658,7 56,3 44,5 11,8 50,1 3º trimestre 343,4 313,8 657,2 55,0 46,1 8,9 50,4 4º trimestre 343,4 325,2 668,6 54,8 47,6 7,2 51,0 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Em termos etários, é a população entre os 20 e os 54 anos e com curso superior que predomina em termos de população ativa (ver Quadros 16 e 17). Quadro 16 – População ocupada por idades em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População ocupada por idades em Barcelona Absolutos (milhares) 1º trimestre de 16 a 19 anos 3,4 de 20 a 24 anos 39,2 de 25 a 54 anos 520,8 55 anos e mais 108,8 2º trimestre 4,2 36,7 515,2 3º trimestre 2,9 39,3 514,8 4º trimestre 3,7 34,7 526,2 Taxas globais (%) 672,2 de 16 a 19 anos 7,6 de 20 a 24 anos 46,7 de 25 a 54 anos 78,2 55 anos e mais 21,3 102,6 658,7 8,4 47,4 75,8 20,3 50,1 100,2 657,2 6,3 51,0 76,1 19,9 50,4 104,0 668,6 8,1 47,1 77,3 20,4 51,0 Total Total 51,4 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Quadro 17 – População ocupada por nível de formação em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População ocupada por nivel de formação em Barcelona. 2008-2010 TOTAL Analfabetos e Ed. Primaria Ed. Secundaria 1a. Etapa Ed. Secundaria 2a. Etapa Educação Superior 1º trimestre 672,2 105,3 94,9 145,7 326,3 2º trimestre 658,7 92,5 104,9 143,3 318,0 3º trimestre 657,2 82,3 104,3 141,1 329,5 4º trimestre 668,6 80,4 107,4 137,2 343,6 Nota: Dados em milhares. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Dados cedidos por IDESCAT Se a população ativa se situou em 50%, no ano de 2010, em Barcelona, a população ocupada variou entre 41,53 e os 42,49% enquanto a população sem emprego esteve situada entre os 7,51% e os 8,47% (ver Quadro 18). O setor dos serviços foi aquele que registou valores mais elevados em relação à população desempregada (31,5%-46,7%). Os desempregados há menos de um ano registaram valores entre os 32,4% e os 47,7% enquanto a taxa daqueles à procura do primeiro emprego se situou entre os 9,8% e os 13,3%, em 2010 (ver Quadro 19). Quadro 18 – População ativa, ocupada e desocupada em Barcelona, 2010 População ativa, ocupada e desocupada em Barcelona (2010) População ativa População ocupada População desocupada 1º trimestre 791,1 672,2 118,9 2º trimestre 793,1 658,7 134,4 3º trimestre 791,2 657,2 134,0 4º trimestre 795,7 668,6 127,1 Nota: dados em milhares. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Quadro 19 – População desocupada por setores económicos em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População desocupada por setores económicos em Barcelona. 2010. Percentagens Agricultura Industria Construção Serviços Desempregado > 1 ano Desempregado procura 1º emprego TOTAL 1º trimestre 0,0 3,8 7,0 46,7 32,8 9,8 100,0 2º trimestre 0,4 3,9 8,0 42,0 32,4 13,3 100,0 3º trimestre 0,4 3,7 5,1 40,8 39,8 10,3 100,0 4º trimestre 0,0 5,5 4,8 31,5 47,7 10,5 100,0 Nota: No ano 2009 mudou a Classificação de atividades económicas. Os dados de 2008 foram revistos con a nova classificação, para poder estabelecer comparações. Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Relativamente à população sem emprego, e com exceção do segundo trimestre de 2010, foi a população masculina que obteve os valores mais elevados relativamente à privação de emprego enquanto em termos etários e absolutos é o grupo dos 25 aos 54 anos que registaram os valores mais elevados (ver Quadros 20 e 21). Quadro 20 – População desocupada por sexo em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População desocupada por sexo em Barcelona Absolutos (milhares) Taxas globais por sexo (%) Diferencial entre sexos Total 14,1 1,8 15,0 18,1 -2,2 16,9 18,7 14,9 3,8 16,9 18,8 12,8 6,0 16,0 Homens Mulheres Total Homens Mulheres 1º trimestre 66,0 52,9 118,9 15,9 2º trimestre 66,6 67,8 134,4 15,9 3º trimestre 79,1 54,9 134,0 4º trimestre 79,5 47,6 127,1 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. Quadro 21 – População desocupada por idades em Barcelona, 2010 Inquérito da População Ativa. 2010 População desocupada por idades em Barcelona Absolutos (milhares) 1er trimestre De 16 a 19 anos 6,9 De 20 a 24 anos 18,7 De 25 a 54 anos 85,8 55 anos e mais 7,5 2º trimestre 7,7 14,9 98,7 3er trimestre 5,6 18,3 4º trimestre 5,7 17,8 Taxas globais (%) 118,9 De 16 a 19 anos 66,8 De 20 a 24 anos 32,2 De 5 a 54 anos 14,1 55 anos e mais 6,5 13,1 134,4 64,8 28,9 16,1 11,3 96,3 13,8 134,0 65,5 31,8 15,8 12,1 16,9 88,2 15,4 127,1 60,9 33,9 14,4 12,9 16,0 Total Total 15,0 16,9 Departamento de Estatística. Ajuntament de Barcelona. Fonte: Inquérito da População Ativa. INE. 2.2.7) Setor de atividade As atividades económicas empresariais que se localizam nos Distritos em estudo em Barcelona com maior significado são na Ciutat Vella, o comércio a retalho (10,1%), as indústrias extrativas (13,0%) e os restaurantes, bares e hotéis (15,3%). 2.2.8) Densidade demográfica A cidade de Barcelona apresenta uma densidade de 15.969,79 hab/Km2 enquanto o distrito de Ciutat Vella possui uma densidade de 23.275,5 hab/Km2. 3) Regularidades sociais Face aos dados demonstrados no presente capítulo, é possível encontrarmos algumas regularidades sociais relativamente ao bairro Gótico. Assim, quanto à população residente é possível verificar que o bairro Gótico se encontra a perder população, integrando este o centro histórico do seu município. Ao nível municipal, Ciutat Vella perde igualmente população. Relativamente ao peso populacional dos bairros no âmbito municipal, o Bairro Gótico com 17,73% tem um valor que se pode considerar elevado. Nestes bairros, o género feminino é predominante à exceção dos Bairros do Raval e Gótico. Por outro lado, a população adulta é predominante em todas as freguesias e bairros. Relativamente à escolaridade, predomina o 1º ciclo (ensino fundamental), mas é interessante notar que relativamente à população com habilitações superiores, os bairros de Barcelona em estudo têm valores percentuais elevados, com valores entre os 17,7% e 40,4%. As atividades predominantes nestes bairros pertencem ao setor terciário. E, finalmente, há ainda a salientar a elevada densidade populacional dos distritos de Barcelona em estudo (quadro 22). Referências bibliográficas AJUNTAMENT DE BARCELONA (2011), Historia de la Mercè. In: La Mercè 2011. 2011. Disponível em: <http://www.bcn.cat/merce/es/historia.shtml>. Acesso em: 8 ago 2011. ARANTES, O. Uma estratégia fatal – A cultura nas novas gestões urbanas. In: OTÍLIA A., VAINER C. e MARICATO E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos (4ª ed.). 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