CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Roteiro 01:
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
 UNIDADE 1: Antecedentes da Doutrina Espírita
Roteiro 02:
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
 UNIDADE 1: Antecedentes da Doutrina Espírita
Roteiro 3:
Biografia de Allan Kardec - Extraída de Obras Póstumas

Roteiro 4:
 As obras básicas do Espiritismo 
Roteiro 5:
 Tríplice aspecto: filosófico, cientifico e religioso 
Roteiro 6:
 Doutrina Espírita 
Roteiro 7:
 O Espiritismo - De Kardec aos dias de hoje 
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Roteiro 01:
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
UNIDADE 1: Antecedentes da Doutrina Espírita
1.1.Os precursores da Doutrina Espírita
A comunicação dos espíritos com o mundo material remontam à mais recuada
antigüidade e, desde então, vêm ocorrendo em todos os tempos e entre todos os
povos. A História está pontilhada desses fenômenos. Segundo Gabriel Delanne, já
se encontravam relatos de evocações de espíritos no Código dos Vedas1 (Gabriel
DELLANE. O fenômeno espírita), datado de 1000 a.C. Na Bíblia, existem várias
referências à comunicação dos espíritos com os encarnados, dentre as quais esta
recomendação do apóstolo João: “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas
examinai se os espíritos são de Deus” (A Bíblia Sagrada. I João 4:1). A este
propósito, também Paulo de Tarso nos alerta: “Empenhai-vos em procurar a
caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais, sobretudo ao de profecia” (A
Bíblia Sagrada. I Coríntios 14:1) e “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as
profecias. Examinai tudo, abraçai o que é bom” (I Tessalonicenses 5:19-21).
Na Idade Média, destacou-se a figura admirável de Joana D’Arc, que jamais
renegou as vozes espirituais (Gabriel DELLANE. Op. cit.).
Entretanto, somente a partir dos séculos XVIII e XIX é que podemos
considerar os fenômenos mediúnicos como precursores do Espiritismo. Conforme
indica Arthur Conan Doyle, na fase anterior a essa época, os episódios de
comunicação de espíritos eram esporádicos. A partir do século XVIII, porém,
passam a ocorrer em uma seqüência metódica, com “a característica de uma
invasão organizada” (Arthur C. DOYLE. História do Espiritismo).
É nessa época mais moderna que vamos encontrar alguns notáveis
antecessores dos médiuns espíritas, como o famoso vidente sueco Emmanuel
Swedenborg, engenheiro militar, insigne teólogo, muito culto e dotado de grande
potencial de forças psíquicas (cf. A. C. DOYLE. Op. cit.). Já na sua infância,
tiveram início as suas visões, numa continuidade que se prolonga até a sua
desencarnação. Suas forças latentes eclodiram, porém, com mais intensidade a a
partir de abril de 1744, em Londres. Desde então, afirma Swedenborg, “(...) o
Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se
passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e
Espíritos” (A. C. DOYLE. Op. cit.).
Um outro precursor digno de menção foi Franz Anton Mesmer, médico,
descobridor do magnetismo curador. Em 1775, Mesmer reconhece o poder da cura
mediante a aplicação das mãos, ou seja, através da fluidoterapia. Acreditava que,
por nossos corpos, transitam fluidos curadores. Pela manipulação desses fluidos,
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Os Vedas são os mais antigos livros da literatura sagrada do hinduísmo.
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Mesmer preparava o caminho para o hipnotismo do Marquês de Puységur (Arthur
C. DOYLE. Op. cit.).
Fatos também dignos de registro são os ocorridos com Andrew Jackson
Davis (1826-1910), sensitivo considerado por Arthur C. Doyle como o profeta da
Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis começaram a se manifestar nos
últimos anos de sua infância: ouvia vozes de Espíritos, que lhe davam conselhos.
À clarividência seguiu-se a clariaudiência. Na tarde de 6 de março de 1844, Davis
foi tomado por uma força que o fez voar, em Espírito, da pequena cidade onde
residia até as Montanhas de Catskill, a cerca de 40 milhas de sua casa.
Swedenborg foi um dos mentores espirituais de Davis (A. C. DOYLE. Op. cit.).
O surgimento do Espiritismo foi predito por Davis no livro Princípio da
Natureza. “Para nós”, comenta Doyle, “o que é importante é o papel representado
por Davis no começo da revelação espírita. Ele começou a preparar o terreno,
antes que se iniciasse a revelação. Estava claramente fadado a associar-se
intimamente com ela, uma vez que conhecia a demonstração de Hydesville (...)”
(A. C. DOYLE. Op. cit.).
*
*
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Na Obra da Salvação
“(...) Se tens notícia do Evangelho no mundo de tua alma, prepara-te para
ajudar, infinitamente....
A Terra é a nossa escola e a nossa oficina.
A humanidade é a nossa família.
Cada dia é o ensejo bendito de aprender e auxiliar.
Por mais aflitiva que seja a tua situação, ampara sempre, e estarás ajudando
no abençoado serviço de salvação a que o Senhor nos chamou”.
( Francisco Cândido XAVIER. Fonte viva. Ditado pelo Espírito Emmanuel.)
Fontes de Consulta
1. DELANNE, Gabriel. O Fenômeno Espírita. FEB, 1988, pág. 17-19, 22.
2. DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. A história do espiritismo. A
história de Swedenborg. Pensamento. Pág. 33, 34, 37. O profeta da Nova
Revelação. Pág. 59-61; 67, 69.
3. A Bíblia Sagrada. Epístola de Paulo. Tradução de João Ferreira de Almeida.
Imprensa Bíblica Brasileira, 1980, pág. 202. I Coríntios, 14:1. I Tessalonicenses,
5:19 a 21,pág. 238. I João, 4:1 a 12, pág. 274.
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Roteiro 02:
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA
UNIDADE 1: Antecedentes da Doutrina Espírita
1.2. Hydesville e as mesas girantes
Os acontecimentos que mais diretamente determinaram o nascimento do
Espiritismo foram os fenômenos mediúnicos ocorridos no ano de 1848, na aldeia
de Hydesville (condado de Wayne, estado de Nova Iorque), nos Estados Unidos da
América.
Há algum tempo, na cabana da família Fox, ouviam-se pancadas e ruídos
incomuns, que pareciam estar mais diretamente relacionados às meninas
Margareth e Katherine, filhas do casal Fox. Em 31 de março de 1848, ocorreu o
primeiro diálogo das jovens com o Espírito que provocava os ruídos. Tal fenômeno,
que se repetiu diversas vezes, atraiu a atenção pública, inclusive da imprensa, e foi
constatado por numerosos observadores, a ponto de marcar, na América do Norte,
a data do nascimento do que intitularam de Moderno Espiritualismo.
Descobriu-se que as revelações ruidosas partiam do Espírito de um
mascate, de nome Charles Rosma, que fora assassinado e sepultado no porão da
casa da família Fox. A família seguia a religião Metodista e Margareth e Katherine
eram potentes médiuns. Na noite de 31 de março, para viabilizar a comunicação
entre as médiuns e o Espírito do vendedor ambulante, um dos presentes, o Sr.
Isaac Post, usou, pela primeira vez, letras do alfabeto para formação de palavras,
mediante a convenção de que a cada letra corresponderia determinado número de
pancadas. Estava, pois, descoberta a telegrafia espiritual, que foi o processo
adotado na comunicação por mesas girantes.
Em 1850, já era tamanha a repercussão dos fenômenos de Hydesville e tal
a afluência dos curiosos, que a família Fox se mudou para a cidade de Nova
Iorque, continuando as sessões públicas no Hotel Barnum. Nessa época, já
somava vários milhares o número dos espiritualistas norte-americanos. Apesar
disso, a imprensa continuava a condenar os fenômenos.
A relevância desses acontecimentos pode ser assinalada ainda pela sua
ressonância na esfera científica, motivando várias investigações por diversos
pesquisadores, como Dale Owen, William Crookes, o Juiz Edmonds etc.
O acontecimento de Hydesville repercutiu na Europa, despertando as
consciências e, ao lado dos fenômenos das mesas girantes, preparou o advento
do Espiritismo.
A princípio, nas sessões de mesas girantes, o móvel apenas erguia-se, sob
a imposição das mãos dos médiuns reunidos à sua volta. Com o desenvolvimento
desse método, as mesas passaram a levantar-se sobre um pé e, por telegrafia
espiritual, responder as perguntas feitas. Mais adiante, começaram também a
mover-se em todos os sentidos, girando sob os dedos dos pesquisadores. As
mesas eram escolhidas para esses estudos devido a sua comodidade, pois o
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efeito observado com elas poderia, segundo Kardec, ser conseguido com qualquer
outro objeto (Allan KARDEC. O livro dos médiuns). Entre os anos de 1853 e 1855,
os fenômenos das mesas girantes constituíam verdadeiro passatempo, sendo
diversão obrigatória nas reuniões sociais. Por outro lado, eram também objeto de
estudo de vários cientistas.
A divulgação dessas experiências e, a seguir, a conversão do Juiz
Edmonds, materialista que rira da crença nos Espíritos, pasmaram todos os norteamericanos, aumentando ainda mais o interesse pelas manifestações inteligentes.
Em Paris, as pessoas assistiam atônitas a esse turbilhão de fenômenos
imprevistos que, para a maioria, só alucinadas imaginações poderiam criar, mas
que a realidade impunha aos mais céticos.
O posicionamento de Kardec diante desses fatos determinou o advento da
Doutrina Espírita. A partir do momento que deixou de contestar os fenômenos
mediúnicos e passou a estudá-los, abriu o caminho para que os Espíritos
Superiores o guiassem na edificação da Doutrina Consoladora. No entanto, Kardec
entendeu que as manifestações físicas fariam parte de uma fase inicial. Refere-se
a esses fenômenos como manifestações de forças inteligentes que utilizaram, de
início, as mesas segundo sinais convencionados, mas proclama que este meio
ainda grosseiro era demorado e incômodo.
Por isso, sob a instrução dos próprios Espíritos, amarrou-se um lápis no
fundo de uma cesta, que era colocada sobre uma prancheta. O médium impunha
seus dedos às bordas da cesta, sem tocá-las e a cesta escrevia diretamente as
respostas dadas pelos Espíritos. Mais tarde, reconheceu-se que a cesta e a
prancheta eram simplesmente um apêndice da mão do médium. Dessa maneira,
colocou-se o lápis diretamente em sua mão, o que tornou as comunicações mais
rápidas, fáceis e completas.
Mesmo com a evolução das manifestações mediúnicas, as mesas girantes
sempre representarão o ponto de partida da Doutrina Espírita. Mostrando esses
fenômenos na sua maior simplicidade, elas facilitam o estudo das causas que os
produzem, fornecendo a chave para a decifração dos efeitos mais complexos.
QUESTÕES PARA ESTUDO EM GRUPO
1. Qual a importância dos fenômeno de Hydesville no surgimento do Espiritismo?
2. Qual a posição de Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) perante o
fenômeno das mesas girantes?
Fontes de consulta
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Introdução ao estudo da Doutrina
Espírita. FEB, 1994. item 4, pág.19-21; item 5, pág 21.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Das Manifestações físicas. FEB,
1995. item 60, pág. 83.
3. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Minha primeira iniciação no Espiritismo.
FEB, 1993. pág.265-271.
4. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. Falsas explicações dos
fenômenos. FEB, 1990, pág. 82-86.
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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
5. DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. O Episódio de Hydesville.
Pensamento. Pág. 73-92.
6. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Básico. Primórdios do Espiritismo.
FEB, 1987, pág. 42-49.
7. GIBIER, Paul. O Espiritismo (O Faquirismo Ocidental). Origens do
Espiritismo. FEB, 1980, Primeira parte. Cap. III, pág. 34-43.
8. WANTUIL, Z. & Thiesen, F. Allan Kardec. Os acontecimentos de
Hydesville. FEB, 1980, v.2, pág.54. As mesas girantes e dançantes. FEB,
1980, pág. 56.
9. WANTUIL, Zeus. As Mesas Girantes e o Espiritismo. Item 2, pág. 9, 21,
41, 45, 46, 47 e 75.
Roteiro 3:
Biografia de Allan Kardec - Extraída de Obras Póstumas
Hipolyte Léon Denizard Rivail
1804-1869
Nascido em Lyon, a 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se
distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard
Rivail) não seguiu essas carreiras. Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado
ao estudo das ciências e da filosofia.
Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos
mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos
propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu
sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.
Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino, pelo seu caráter e
pelas suas aptidões especiais, já aos catorze anos ensinava o que sabia àqueles
dos seus condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele. Foi nessa escola
que lhe desabrocharam as idéias que mais tarde o colocariam na classe dos
homens progressistas e dos livre-pensadores.
Nascido sob a religião católica, mas educado num país protestante, os atos
de intolerância que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo
o levaram a conceber a idéia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em
silêncio durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças.
Faltava-lhe, porém, o elemento indispensável à solução desse grande problema.
O Espiritismo veio, a seu tempo, imprimir-lhe especial direção aos trabalhos.
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Concluídos seus estudos, voltou para a França. Conhecendo a fundo a
língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral
e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de
modo particular.
Era membro de várias sociedades sábias, entre outras, da Academia Real
de Arras, que, em o concurso de 1831, lhe premiou uma notável memória sobre a
seguinte questão: Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as
necessidades da época?
De 1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de
Química, Física, Anatomia comparada, Astronomia, etc., empresa digna de
encômios em todos os tempos, mas, sobretudo, numa época em que só um
número muito reduzido de inteligências ousava enveredar por esse caminho.
Preocupado sempre com o tornar atraentes e interessantes os sistemas de
educação, inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso de ensinar a contar
e um quadro mnemônico da História de França, tendo por objetivo fixar na
memória as datas dos acontecimentos de maior relevo e as descobertas que
iluminaram cada reinado.
Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes: Plano
proposto para melhoramento da Instrução pública (1828); Curso prático e teórico
de Aritmética, segundo o método Pestalozzi, para uso dos professores e das mães
de família (1824); Gramática francesa clássica (1831); Manual dos exames para os
títulos de capacidade; Soluções racionais das questões e problemas de Aritmética
e de Geometria (1846); Catecismo gramatical da língua francesa (1848); Programa
dos cursos usuais de Química, Física, Astronomia, Fisiologia, que ele professava
no Liceu Polimático; Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona,
seguidos de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849), obra
muito apreciada na época do seu aparecimento e da qual ainda recentemente
eram tiradas novas edições.
Antes que o Espiritismo lhe popularizasse o pseudônimo de Allan Kardec, já
ele se ilustrara, como se vê, por meio de trabalhos de natureza muito diferente,
porém tendo todos, como objetivo, esclarecer as massas e prendê-las melhor às
respectivas famílias e países.
Pelo ano de 1855, posta em foco a questão das manifestações dos
Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse
fenômeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as conseqüências filosóficas.
Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações
entre o mundo visível e o mundo invisível. Reconheceu, na ação deste último, uma
das forças da Natureza, cujo conhecimento haveria de lançar luz sobre uma
imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do
ponto de vista religioso.
Suas obras principais sobre esta matéria são: O Livro dos Espíritos,
referente à parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857;
O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861); O
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Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864); O
Céu e o Inferno, ou A justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A
Gênese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868); A Revista Espírita, jornal de
estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1º de janeiro de 1858. Fundou
em Paris, a 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente
constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da
nova ciência. Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma
haver escrito debaixo da influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas.
Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas observações deduziu
as leis que os regem. Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais fatos e a
formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.
Demonstrando que os fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se
acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza,
destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da
superstição.
Durante os primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, estes
constituíram antes objeto de curiosidade, do que de meditações sérias. O Livro dos
Espíritos dez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso.
Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e
começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse
para a Humanidade.
Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação de Espiritismo
que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo
alcance nem toda gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina
prendeu a atenção de homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos
anos, aquelas idéias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas
sociais e em todos os países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da
simpatia que tais idéias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à
clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de
Allan Kardec.
Evitando as fórmulas abstratas da Metafísica, ele soube fazer que todos o
lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma idéia. Sobre todos
os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas
oferece à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo
apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as idéias
materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que
deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma
multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por João
Reynaud, Carlos Fourier, Eugênio Sue e outros. Conservara-se, todavia, em
estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstrara a
realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da
Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida
humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao
homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que
aí sofre.
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As idéias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas
anteriores; a marcha dos povos e da Humanidade, pela ação dos homens dos
tempos idos e que revivem, depois de terem progredido; as simpatias e antipatias,
pela natureza das relações anteriores. Essas relações, que religam a grande
família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de
fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias
leis da Natureza e não mais uma simples teoria.
Em vez do postulado: Fora da Igreja não há salvação, que alimenta a
separação e a animosidade entre as diferentes seitas religiosas e que há feito
correr tanto sangue, o Espiritismo tem como divisa: Fora da Caridade não há
salvação, isto é, a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a
liberdade de consciência e a benevolência mútua.
Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé
inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da
Humanidade. A fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência
perfeita daquilo em que se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso,
sobretudo, compreender. A fé cega já não é para este século. É precisamente ao
dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos,
porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas
faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.
Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a
deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava
para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas
ocupações. Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam
oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o
poder das suas concepções.
Morreu conforme viveu: trabalhando. Sofria, desde longos anos, de uma
enfermidade do coração, que só podia ser combatida por meio do repouso
intelectual e pequena atividade material. Consagrado, porém, todo inteiro à sua
obra, recusava-se a tudo o que pudesse absorver um só que fosse de seus
instantes, à custa das suas ocupações prediletas. Deu-se com ele o que se dá com
todas as almas de forte têmpera: a lâmina gastou a bainha.
O corpo se lhe entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe
reclamava, enquanto este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo,
ia sempre alargando o círculo de sua atividade.
Nessa luta desigual não podia a matéria resistir eternamente. Acabou sendo
vencida: rompeu-se o aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado. Um homem houve
de menos na Terra; mas, um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram
este século; um grande Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde todos os que
ele consolara e esclarecera lhe aguardavam impacientemente a volta!
A morte, dizia, faz pouco tempo, redobra os seus golpes nas fileiras
ilustres!... A quem virá ela agora libertar?
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Ele foi, como tantos outros, recobrar-se no Espaço, procurar elementos
novos para restaurar o seu organismo gasto por um vida de incessantes labores.
Partiu com os que serão os fanais da nova geração, para voltar em breve com eles
a continuar e acabar a obra deixada em dedicadas mãos.
O homem já aqui não está; a alma, porém, permanecerá entre nós. Será um
protetor seguro, uma luz a mais, um trabalhador incansável que as falanges do
Espaço conquistaram. Como na Terra, sem ferir a quem quer que seja, ele fará
que cada um lhe ouça os conselhos oportunos; abrandará o zelo prematuro dos
ardorosos, amparará os sinceros e os desinteressados e estimulará os mornos. Vê
agora e sabe tudo o que ainda há pouco previa! Já não está sujeito às incertezas,
nem aos desfalecimentos e nos fará partilhar da sua convicção, fazendo-nos tocar
com o dedo a meta, apontando-nos o caminho, naquela linguagem clara, precisa,
que o tornou aureolado nos anais literários.
Já não existe o homem, repetimo-lo. Entretanto, Allan Kardec é imortal e a
sua memória, seus trabalhos, seu Espírito estarão sempre com os que
empunharem forte e vigorosamente o estandarte que ele soube sempre fazer
respeitado.
Uma individualidade pujante constituiu a obra. Era o guia e o fanal de todos.
Na Terra, a obra subsistirá o obreiro. Os crentes não se congregarão em torno de
Allan Kardec; congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e,
com os seus conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as
fases ditosas prometidas à Humanidade regenerada.
Fontes de consulta:
1. Biografia do Sr. Allan Kardec. Revista Espírita. Jornal de estudos
psicológicos. São Paulo, v5, pág. 128, 131-132, 1869.
2. KARDEC, Allan. A Gênese. Caráter da Revelação. FEB, 1995. item 14,
pág. 20.
3. SAUSSE, Henru. O que é o Espiritismo. Biografia de Allan Kardec. FEB,
1990, pág. 10, 11-13, 14-16, 18-19, 22, 25.
4. FLAMMARION, Camile. Obras Póstumas. Discurso pronunciado junto ao
túmulo de Allan Kardec. FEB, 1993, pág. 24.Biografia de Allan Kardec, pág.
13.
5. WANTUIL, Zeus & THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Missão de Allan
Kardec. FEB, 1982, v. II, pág. 120. H. L. D. Rivail, educador, estuda os
fatos. v. II. Pág. 63. Princípios enunciados e seguidos pelo discípulo. v. I.
pág. 99. Esboço do sistema pestalozziano. v. I. pág. 97.
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
Roteiro 4:
 As obras básicas do Espiritismo 
O Livro dos Espíritos
Publicado em 18 de abril de 1857
Este é o livro básico da Filosofia Espírita.
Nele estão contidos os princípios básicos do Espiritismo, tal como foram
transmitidos pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, com o concurso de
diversos médiuns.
Seu conteúdo é apresentado em quatro partes: Das causas primárias, Do
mundo espírita ou dos espíritos, Das leis morais e Das esperanças e consolações.
Eis alguns assuntos de que trata: provas da existência de Deus, Espírito e
matéria, a formação dos mundos e dos seres vivos, povoamento da Terra,
pluralidade dos mundos, origem e natureza dos Espíritos, perispíritos, objetivos da
encarnação, sexo nos Espíritos, percepções, sensações e sofrimentos dos
Espíritos, aborto, sono e sonhos, influência dos Espíritos nos acontecimentos da
vida, pressentimentos, Espíritos protetores e outros temas de real interesse para o
homem atual.
Na parte relativa às Leis Morais, os temas versam sobre o bem e o mal, a
prece, a necessidade do trabalho, o casamento, o celibato, o necessário e o
supérfluo, a pena de morte, a influência do Espiritismo no progresso da
Humanidade, as desigualdades sociais, a igualdade dos direitos do homem e da
mulher, o livre-arbítrio e o conhecimento de si mesmo.
Na última parte, refere-se aos temas: perdas de entes queridos, temor da
morte, suicídio, natureza das penas e gozos futuros, Paraíso, Inferno e Purgatório.
É um livro que abre novas perspectivas ao homem, pela interpretação que dá
aos diversos aspectos da vida, sob o prisma das Leis Divinas, da existência e
sobrevivência do espírito e sua evolução natural e permanente, através das
encarnações sucessivas.
Seus ensinamentos conduzem o homem atual à redescoberta de si mesmo,
no campo do espírito, fornecendo-lhe recursos para que compreenda, sem
mistério, quem é, de onde veio e para onde vai.
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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
O Livro dos Médiuns
Publicado em janeiro de 1861
Este livro reúne o ensino especial dos Espíritos Superiores sobre a
explicação de todos os gêneros de manifestações dos Espíritos, os meios de
comunicação usados por eles, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades
e os tropeços que eventualmente possam surgir na prática mediúnica.
É constituído de duas partes: Noções preliminares e Das manifestações
espíritas.
Dentre os vários assuntos que aborda, destacam-se: provas da existência
dos espíritos, o maravilhoso e o sobrenatural, modos de se proceder com os
materialistas, três classes de espíritas, ordem a que devem obedecer os estudos
espíritas, ação dos espíritos sobre a matéria, manifestações inteligentes, as mesas
girantes, manifestações físicas, manifestações visuais, bi-corporeidade,
psicografia, laboratório do mundo invisível, ação curadora, lugares assombrados
(com comentários sobre o exorcismo), tipos de médiuns e sua formação, perda e
suspensão da mediunidade, influência do meio moral do médium nas
comunicações espíritas, mediunidade nos animais, obsessão e meios de combatêla. Trata também de assuntos referentes à identidade dos Espíritos, às evocações
de pessoas vivas, à telegrafia humana, além de vários temas intimamente
relacionados com o Espiritismo experimental.
Não menos importantes são os capítulos dedicados às reuniões nas
sociedades espíritas, ao regulamento oficial da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas e ao vocabulário espírita.
Como se observa, O Livro dos Médiuns é a obra básica da Ciência Espírita.
Graças a ele, o Espiritismo firmou-se como ciência experimental.
Embora publicado há mais de 130 anos, seu conteúdo é atual. Seus
ensinamentos permitem ao leitor estabelecer relações evidentes da Ciência
Espírita com várias conquistas científicas da atualidade.
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Publicado em abril de 1864
Enquanto O Livro dos Espíritos apresenta a Filosofia Espírita e O Livro dos
Médiuns, a Ciência Espírita, O Evangelho Segundo o Espiritismo oferece a base
do roteiro da Religião Espírita.
Logo na introdução desse livro, o leitor encontrará as explicações de Kardec
sobre o objetivo da obra, bem como esclarecimentos sobre a autoridade da
Doutrina Espírita. Encontrará também a significação de muitas palavras
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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
freqüentemente empregadas nos Evangelhos, a fim de facilitar a compreensão do
leitor para o verdadeiro sentido de certas máximas do Cristo, que à primeira vista
podem parecer estranhas.
Ainda na introdução, refere-se a Sócrates e a Platão como precursores da
Doutrina Cristã e do Espiritismo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo é composto por 28 capítulos, vinte e sete
dos quais são dedicados à explicação das máximas de Jesus, sua concordância
com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida.
O último capítulo apresenta uma coletânea de preces espíritas, sem
entretanto constituir um formulário absoluto. São apenas sugestões para quer
deseja elevar seu pensamento a Deus com humildade e responsabilidade.
Os ensinamentos que o livro contém são adaptáveis a todas as pátrias,
comunidades e raças. É o Código de princípios morais do Universo, que
restabelece o ensino do Evangelho de Jesus, no seu verdadeiro sentido, isto é, em
Espírito e Verdade. Sua leitura e estudo são imprescindíveis aos espíritas e a
todos que se preocupam com a formação moral das criaturas, independentemente
de crença religiosa.
Além disso, O Evangelho Segundo o Espiritismo é fonte inesgotável de
sugestões para a construção de um mundo de Paz e Fraternidade.
O Céu e o Inferno
Publicado em agosto de 1865
Denominado também “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo”, este livro
oferece o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à
vida espiritual.
Na primeira parte, são expostos diversos temas sobre o significado do céu e
do inferno, dentre os quais: causas do temor da morte, o céu, o inferno, o inferno
cristão imitado do pagão, os limbos, quadro do inferno pagão, esboço do inferno
cristão, purgatório, doutrina das penas eternas, código penal da vida futura, os
anjos segundo a igreja e segundo o Espiritismo. São abordados também vários
pontos relacionados à origem da crença nos demônios segundo a igreja e o
Espiritismo, à intervenção dos demônios nas modernas manifestações e à
proibição de evocar os mortos.
A segunda parte deste livro é dedicada ao passamento (momento em que há
o desencarne). Kardec reuniu várias dissertações de casos reais, a fim de
demonstrar a situação da alma durante e após a morte física, proporcionando ao
leitor amplas condições de compreender a ação da Lei de Causa e Efeito, em
perfeito equilíbrio com as Leis Divinas. Assim, constam desta parte narrações de
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GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
espíritos infelizes, espíritos em condições medianas, sofredores, suicidas,
criminosos e espíritos endurecidos.
O Céu e o Inferno coloca ao alcance de todos o conhecimento do mecanismo
pelo qual se processa a Justiça Divina, em concordância com o princípio
evangélico: “A cada um, segundo suas obras”.
A Gênese
Publicado em janeiro de 1868
“Esta nova obra”, esclarece Kardec, “é mais um passo no terreno das
conseqüências e das aplicações do Espiritismo. Conforme seu título indica, ela tem
por objeto o estudo dos três pontos até agora diversamente interpretados e
comentados: a Gênese, os Milagres e as Predições, em suas relações com as
novas leis decorrentes da observação dos fenômenos espíritas”.
Assim, em seus 18 capítulos, destacam-se os temas: caráter da Revelação
Espírita, existência de Deus, origem do bem e do mal, destruição dos seres vivos
uns pelos outros. Refere-se à astronomia, com várias explicações sobre leis
naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, o dilúvio bíblico e os
cataclismos futuros. Em seguida, apresenta um estudo sobre a formação primária
dos seres vivos, o princípio vital, a geração espontânea, o homem corpóreo e a
união espiritual à matéria.
No tocante aos Milagres, expõe amplo estudo, no sentido teológico e na
interpretação espírita. Além disso, comenta os fluidos, sua natureza e suas
propriedades, relacionando-os com a formação do perispírito e, ao mesmo tempo,
com a causa de alguns fatos tidos como sobrenaturais.
Desta forma, a obra explica vários “milagres” contidos nos Evangelhos, entre
eles, o cego de Betsaida, os dez leprosos, o cego de nascença, o paralítico da
piscina, Lázaro, Jesus caminhando sobre as águas, a multiplicação dos pães e
outros.
Posteriormente, expõe a Teoria da Presciência (das previsões) e as
predições dos Evangelhos, esclarecendo suas causas, à luz da Doutrina Espírita.
Finalmente, este livro apresenta um capítulo entitulado “São chegados os
tempos”, no qual aborda a marcha progressiva do Globo, no campo físico e moral,
impulsionada pela Lei do Progresso.
Com este livro completa-se o conjunto das Obras Básicas da Codificação
Espírita, também denominado “Pentateuco Kardequiano”.
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Obras Póstumas
Publicado em 1890
Este livro foi publicado somente 21 anos após a desencarnação de Kardec.
Constam dele a biografia do codificador (transcrita da Revista Espírita de maio de
1869) e o discurso de Camille Flammarion, pronunciado junto ao túmulo de Allan
Kardec.
Ao lado das obras da Codificação Espírita, Obras Póstumas constituem
valiosa contribuição ao esclarecimento de vários temas fundamentais do
Espiritismo, como: Deus, a alma, a criação, caracteres e conseqüências religiosas
das manifestações dos espíritos, o perispírito como princípio das manifestações,
manifestações visuais, transfiguração, emancipação da alma, aparição de pessoas
vivas, bi-corporeidade, obsessão e possessão, segunda vista, conhecimento do
futuro, introdução ao estudo da fotografia e da telegrafia do pensamento.
Allan Kardec apresenta vasto estudo sobre a natureza do Cristo, sob vários
ângulos e incorpora a este estudo a opinião dos apóstolos e a predição dos
profetas em relação a Jesus. Paralelamente, trata da teoria da beleza, estendendo
os comentários à música celeste, à música espírita e encerra a primeira parte
deste livro com a exposição do tema “As alternativas da Humanidade”.
Na segunda parte, relata com detalhes sua iniciação no Espiritismo, a
revelação de sua missão, a identificação de seu Guia Espiritual, além de outros
fatos relacionados a acontecimentos pessoais.
Complementando, faz a apresentação da “Constituição do Espiritismo”,
destacando a necessidade de se estabelecer uma Comissão Central para orientar
o desenvolvimento doutrinário. É oportuno salientar que desta Constituição nasceu
o Movimento de Unificação dos Espíritas do Estado de São Paulo, que vem sendo
coordenado pela U.S.E. (União das Sociedades Espíritas do Estado de São
Paulo), desde sua fundação, em 1947.
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Roteiro 5:
 Tríplice aspecto: filosófico, cientifico e religioso 
“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma
doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se
estabelecem entre nós e os Espíritos, como filosofia, compreende todas as
conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações.
Podemos defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos
Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. (02) Em vista disto,
constituindo a Doutrina Espírita um sistema de princípios filosóficos e éticos, de
comprovação científica, apresenta três notórios aspectos: o filosófico e o religioso.
“(...) Quando o homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o “como” e o
“porquê” das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que
mostra o que são as coisas e porque são as coisas o que são.(...)
O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que faz do
homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação.
Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos homens, que
vivem na Terra, com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela
morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a
existência, inquestionável, de algo que tudo cria e tudo comanda, inteligentemente
– DEUS.
Definido as responsabilidade do Espírito – quando encarnado (Alma) e
também do desencarnado, o Espiritismo é Filosofia, uma regra moral de vida e
comportamento para os seres da Criação, dotados de sentimentos, razão e
consciência. (...)” (03).
O Espiritismo não se constitui em uma religião a mais, visto que não tem
cultos instituídos, nem igrejas, nem imagens, nem rituais, nem dogmas, mitos ou
crendices, nem tão pouco hierarquia sacerdotal. Podemos, porém, considerá-lo em
seu aspecto religioso, quando estabelece um laço moral entre os homens,
conduzindo-os em direção ao Criador, através da vivência dos ensinamentos
morais do Cristo. É no seu aspecto religioso que” (...) repousa a sua grandeza
divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a
renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.
(...)” (04).
“(...) Espiritismo passa de Filosofia à Ciência, quando confirma, pela
experimentação, os conhecimentos filosóficos que prega e dissemina. (...)
Como filosofia, trata do conhecimento frente à razão, indaga dos princípios,
das causas, perscruta o Espírito, enfim, interpreta os fenômenos; como ciência,
prova-os.
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Os fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos
desencarnados, são a substância mesma da Ciência Espírita, cujo objeto é o
estudo e conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem.
(...)” (03)
“(...) No seu aspecto científico e filosófico, a doutrina será sempre um campo
nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza
intelectual, que visam o aperfeiçoamento da Humanidade. (...)” (04).
FICHA DE NOÇÕES
A Doutrina Espírita apresenta três aspectos: o filosófico, o científico e o
religioso.
No aspecto filosófico do Espiritismo, enquadra-se o estudo dos problemas
da origem e da destinação do homem, bem como o da existência de uma
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
No aspecto científico, demonstra experimentalmente a existência da alma e
sua imortalidade, principalmente através do intercâmbio mediúnico entre os
encarnados e os desencarnados.
O Espiritismo não se constitui em uma religião a mais, visto que não tem
cultos, nem ritos, nem cerimoniais e que entre seus adeptos nenhum tomou ou
recebeu o título de sacerdote. Podemos, porém, considerá-lo em seu aspecto
religioso, quando estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os a
uma ascensão espiritual em direção ao Criador, através da vivência das máximas
morais do Cristo.
O Espiritismo é, pois, “(...) a ciência nova que vem revelar aos homens, por
meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as
relações com o mundo corpóreo, (...)” (01) “(...) É, ao mesmo tempo, uma ciência
de observação e uma doutrina filosófica (...)”, compreendendo “todas as
conseqüências morais que dimanam dessas mesmas relações “. (02)
Através dos ensinamentos espíritas, pode-se fazer uma diferença entre
Religião, propriamente dita, e religiões no sentido de seitas humanas. “Religião,
para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que
clarifica o caminho das almas e que cada espírito apreenderá na pauta do seu
nível evolutivo.
Neste sentido, a Religião é sempre a face augusta e soberana da Verdade;
porém, na inquietação que lhes caracteriza a existência na Terra, os homens se
dividiram em numerosas religiões como se a fé também pudesse ter fronteiras.
(...)” (04)
“(...) A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As
religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios:
dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir,
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que
caíram. (...)” (05)
Fontes de consulta
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Não vim destruir a
Lei. FEB, 1995. Item 5, pág. 56
2. KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. Preâmbulo. FEB, 1990, pág. 50
3. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Básico. A Doutrina Espírita. FEB,
1987, Segunda parte, pág. 101, 103.
4. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Definição. Ditado pelo Espírito
Emmanuel. FEB, 1995, pág. 19-20; perg. 292, pág. 171-172
5. XAVIER, Francisco Cândido. Palavras de Emmanuel. Ditado pelo Espírito
Emmanuel. FEB, 1987, pág 164.
Roteiro 6:
 Doutrina Espírita 
Consolador prometido
3. Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e
ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O
Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e
absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará
convosco e estará em vós. - Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que
meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar
tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)
4. Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo
ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o
Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito.
Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas,
é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o
que este disse foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside
ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei;
ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas.
Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir." O Espiritismo vem abrir
os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu
intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a
consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo
causa justa e fim útil a todas as dores.
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Disse o Cristo: "Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados."
Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O
Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na
destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos
sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como
meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem
compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe
auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho
que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a
dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as
coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido
horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe
dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido:
conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai
e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e
consola pela fé e pela esperança.
Anunciação do Consolador
35 - Se me amais, guardai os meus mandamentos - e eu pedirei a meu Pai
e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O
Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê; vós, porém,
o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. - Mas o
Consolador, que é o Espírito Santo, que meu Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas e fará vos lembreis de tudo o que vos tenho dito. (S.
João, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26. - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI.)
36. - Entretanto, digo-vos a verdade: Convém que eu me vá, porquanto, se eu não
me for, o Consolador não vos virá; eu, porém, me vou e vo-lo enviarei. - E, quando
ele vier, convencerá o mundo no que respeita ao pecado, à justiça e ao juízo: - no
que respeita ao pecado, por não terem acreditado em mim; - no que respeita à
justiça, porque me vou para meu Pai e não mais me vereis; no que respeita ao
juízo, porque já está julgado o príncipe deste mundo.
Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas presentemente não as podeis
suportar. Quando vier esse Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade,
porquanto não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tenha escutado e vos
anunciará as coisas porvindouras. Ele me glorificará, porque receberá do que está
em mim e vo-lo anunciará. (S. João, cap. XVI, vv. 7 a 14.)
37 - Esta predição, não há contestar, é uma das mais importantes, do ponto
de vista religioso, porquanto comprova, sem a possibilidade do menor equívoco,
que Jesus não disse o que tinha a dizer, pela razão de que não o teriam
compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto que a eles é que o Mestre se
dirigia. Se lhes houvesse dado instruções secretas, os Evangelhos fariam
referência a tais instruções, Ora, desde que ele não disse tudo a seus apóstolos,
os sucessores destes não terão podido saber mais do que eles, com relação ao
que foi dito; ter-se-ão possivelmente enganado, quanto ao sentido das palavras do
Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos, muitas vezes velados
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
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sob a forma parabólica. As religiões que se fundaram no Evangelho não podem,
pois, dizer-se possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, reservou para
si a completação ulterior de seus ensinamentos. O princípio da imutabilidade, em
que elas se firmam, constitui um desmentido às próprias palavras do Cristo.
Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a
vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera.
Logo, não estava completo o seu ensino. E, ao demais, prevê não só que ficaria
esquecido, como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o
Espírito de Verdade viria tudo lembrar e, de combinação com Elias, restabelecer
todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus
ensinos.
38 - Quando terá de vir esse novo revelador? É evidente que se, na época
em que Jesus falava, os homens não se achavam em estado de compreender as
coisas que lhe restavam a dizer, não seria em alguns anos apenas que poderiam
adquirir as luzes necessárias a entendê-las. Para a inteligência de certas partes do
Evangelho, excluídos os preceitos morais, faziam-se mister conhecimentos que só
o progresso das ciências facultaria e que tinham de ser obra do tempo e de muitas
gerações. Se, portanto, o novo Messias tivesse vindo pouco tempo depois do
Cristo, houvera encontrado o terreno ainda nas mesmas condições e não teria feito
mais do que o mesmo Cristo. Ora, desde aquela época até os nossos dias,
nenhuma grande revelação se produziu que haja completado o Evangelho e
elucidado suas partes obscuras, indicio seguro de que o Enviado ainda não
aparecera.
39 - Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: «Pedirei a meu Pai e ele vos
enviará outro Consolador», Jesus claramente indica que esse Consolador não
seria ele, pois, do contrário, dissera: «Voltarei a completar o que vos tenho
ensinado.» Não só tal não disse, como acrescentou: A fim de que fique
eternamente convosco e ele estará em vós. Esta proposição não poderia referir-se
a uma individualidade encarnada, visto que não poderia ficar eternamente
conosco, nem, ainda menos, estar em nós; compreendemo-la, porém, muito bem
com referência a uma doutrina, a qual, com efeito, quando a tenhamos assimilado,
poderá estar eternamente em nós. O Consolador é, pois, segundo o pensamento
de Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora, cujo
inspirador há de ser o Espírito do Verdade.
40 - O Espiritismo realiza, como ficou demonstrado (cap. 1, nº 30), todas as
condições do Consolador que Jesus prometeu. Não é uma doutrina individual, nem
de concepção humana; ninguém pode dizer-se seu criador. É fruto do ensino
coletivo dos Espíritos, ensino a que preside o Espírito de Verdade. Nada suprime
do Evangelho: antes o completa e elucida. Com o auxílio das novas leis que
revela, conjugadas essas leis às que a Ciência já descobrira, faz se compreenda o
que era ininteligível e se admita a possibilidade daquilo que a incredulidade
considerava inadmissível. Teve precursores e profetas, que lhe pressentiram a
vinda. Pela sua força moralizadora, ele prepara o reinado do bem na Terra.
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A doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu; a de
Jesus, mais completa, se espalhou por toda a Terra, mediante o Cristianismo, mas
não converteu a todos; o Espiritismo, ainda mais completo, com raízes em todas as
crenças, converterá a Humanidade2.
41 - Dizendo a seus apóstolos: «Outro virá mais tarde, que vos ensinará o
que agora não posso ensinar», proclamava Jesus a necessidade da reencarnação.
Como poderiam aqueles homens aproveitar do ensino mais completo que
ulteriormente seria ministrado; como estariam aptos a compreendê-lo, se não
tivessem de viver novamente? Jesus houvera proferido uma coisa inconseqüente
te se, de acordo com a doutrina vulgar, os homens futuros houvessem de ser
homens novos, almas saídas do nada por ocasião do nascimento. Admita-se, ao
contrário, que os apóstolos e os homens do tempo deles tenham vivido depois; que
ainda hoje revivem, e plenamente justificada estará a promessa de Jesus. Tendose desenvolvido ao contacto do progresso social, a inteligência deles pode
presentemente comportar o que então não podia. Sem a reencarnação a promessa
de Jesus fora ilusória.
42 - Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por
meio da descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito Santo os
inspirou, que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as aptidões
mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão, porém que nada lhes ensinou
além daquilo que Jesus já ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio
se encontra de um ensinamento especial. o Espírito Santo, pois, não realizou o
que Jesus anunciara relativamente ao Consolador; a não ser assim, os apóstolos
teriam elucidado o que, no Evangelho, permaneceu obscuro até ao dia de hoje e
cuja interpretação contraditória deu origem às inúmeras seitas que dividiram o
Cristianismo desde os primeiros séculos.
Segundo advento do Cristo
43 - Disse então Jesus a seus discípulos: Se algum quiser vir nas minhas
pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me; - porquanto, aquele
que quiser salvar a vida a perderá e aquele que perder a vida por amor de mim a
encontrará de novo.
De que serviria a um homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma? Ou
por que preço poderá o homem comprar sua alma, depois de a ter perdido? Porque, o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com seus anjos, e então
dará a cada um segundo as suas obras.
Digo-vos, em verdade, que alguns daqueles que aqui se encontram não
sofrerão a morte, sem que tenham visto vir o Filho do homem no seu reino. (S.
Mateus, cap. XVI, vv. 24 a 28.)
Todas as doutrinas filosóficas e religiosas trazem o nome do seu fundador. Diz-se: o
Moisaísmo, o Cristianismo, o Maometismo, O Budismo, o Cartesianismo, o Furrierismo, o
São- Simonismo, etc. A palavra Espiritismo, ao contrário, não lembra nenhuma
personalidade; encerra uma idéia geral, que ao mesmo tempo indica o caráter e o tronco
multíplice da doutrina.
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44 - Então, levantando-se do meio da assembléia, o sumo-sacerdote
interrogou a Jesus desta forma: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Mas Jesus se conservava em silêncio e não respondeu. Interrogou-o de novo o
sumo-sacerdote: És o Cristo, o Filho de Deus para sempre Bendito? - Jesus lhe
respondeu: Eu o sou e vereis um dia o Filho do homem assentado à direita da
majestade de Deus e vindo sobre as nuvens do céu.
Logo o sumo-sacerdote, rasgando as vestes, lhe diz: Que necessidade
temos de mais testemunhos? (S. Marcos, cap. XIV, vv. 60 a 63.)
45 - Jesus anuncia o seu segundo advento, mas não diz que voltará à Terra
com um corpo carnal, nem que personificará o Consolador. Apresenta-se como
tendo de vir em Espírito, na glória de seu Pai, a julgar o mérito e o demérito e dar a
cada um segundo as suas obras, quando os tempos forem chegados.
Estas palavras: «Alguns há dos que aqui estão que não sofrerão a morte
sem terem visto vir o Filho do homem no seu reinado» parecem encerrar uma
contradição, pois é incontestável que ele não veio em vida de nenhum daqueles
que estavam presentes. Jesus, entretanto, não podia enganar-se numa previsão
daquela natureza e, sobretudo, com relação a uma coisa contemporânea e que lhe
dizia pessoalmente respeito. Há, primeiro, que indagar se suas palavras foram
sempre reproduzidas fielmente. É de duvidar-se, desde que se considere que ele
nada escreveu; que elas só foram registradas depois de sua morte; que o mesmo
discurso cada evangelista o exarou em termos diferentes, o que constitui prova
evidente de que as expressões de que eles se serviram não são textualmente as
de que se serviu Jesus. Além disso, é provável que o sentido tenha sofrido
alterações ao passar pelas traduções sucessivas.
Por outro lado, é indubitável que, se Jesus houvesse dito tudo o que pudera
dizer, ele se teria expressado sobre todas as coisas de modo claro e preciso, sem
dar lugar a qualquer equívoco, conforme o fez com relação aos princípios de
moral, ao passo que foi obrigado a velar o seu pensamento acerca dos assuntos
que não julgou conveniente aprofundar. Persuadidos de que a geração de que
faziam parte testemunharia o que ele anunciava, os discípulos foram levados a
interpretar o pensamento de Jesus de acordo com aquela idéia.
Assim é que redigiram do ponto de vista do presente o que o Mestre
dissera, fazendo-o de maneira mais absoluta do que ele próprio o teria feito. Seja
como for, o fato é que as coisas não se passaram como eles o supuseram.
46 - A grande e importante lei da reencarnação foi um dos pontos capitais
que Jesus não pode desenvolver, porque os homens do seu tempo não se
achavam suficientemente preparados para idéias dessa ordem e para as suas
conseqüências. Contudo, assentou o princípio da referida lei, como o fez
relativamente a tudo mais. Estudada e posta em evidência nos dias atuais pelo
Espiritismo, a lei da reencarnação constitui a chave para o entendimento de muitas
passagens do Evangelho que, sem ela, parecem verdadeiros contrasensos.
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CENTRO ESPÍRITA “CASA DO CAMINHO”
GRUPO DE ESTUDOS ESPÍRITAS “RODOLPHO DOS SANTOS FERREIRA”
É por meio dessa lei que se encontra a explicação racional das palavras
acima, admitidas que sejam como textuais. Uma vez que elas não podem ser
aplicadas às pessoas dos apóstolos, é evidente que se referem ao futuro reinado
do Cristo, isto é, ao tempo em que a sua doutrina, mais bem compreendida, for lei
universal. Dizendo que alguns dos ali presentes na ocasião veriam o seu advento,
ele forçosamente se referia aos que estarão vivos de novo nessa época. Os
judeus, porém, imaginavam que lhes seria dado ver tudo o que Jesus anunciava e
tomavam ao pé da letra suas frases alegóricas.
Aliás, algumas de suas predições se realizaram no devido tempo, tais como
a ruma de Jerusalém, as desgraças que se lhe seguiram e a dispersão dos judeus.
Sua visão, porém, se projetava muito mais longe, de sorte que, quando falava do
presente, sempre aludia ao futuro.
Fontes de consulta
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Cristo
Consolador. FEB, 1995, item 3 e 4, pág. 128
2. KARDEC, Allan. A Gênese. Predições do Evangelho. FEB, 1995. item 37,
pág. 386. item 40, pág. 387.
3. PIRES, J. Herculano. O Espírito e o Tempo. A falange do Consolador.
EDICEL, 1979. Item 4, pág. 137-138.
Roteiro 7:
 O Espiritismo - De Kardec aos dias de hoje 
DVD – Com a produção da Federação Espírita Brasileira (FEB), “O
Espiritismo – De Kardec aos Dias de Hoje” traz uma visão geral sobre a Doutrina
Espírita e sua contribuição para o progresso e a felicidade do ser humano.
O ator Ednei Giovenazzi interpreta o filósofo, educador e pedagogo
Hippolyte Leon Denizard Rivail (1804 – 1869), mais conhecido com “Allan Kardec”,
o Codificador do Espiritismo. A narração é da atriz Aracy Balabanian.
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Módulo I: Introdução ao Estudo da doutrina Espírita