Aula 2
Movimentos da Terra e Coordenadas
Geográficas II
Noções básicas de Geografia
TEXTO BASE
Lúcia Regina Brocanelo Gentil
Movimentos da Terra e coordenadas Geográficas II
1. Movimento de rotação: introdução
"E, no entanto, se move."
Galileu Galilei1
Você já estudou que a Terra faz o movimento de translação ao redor do Sol.
Além da translação, nosso planeta faz outros movimentos. Nesta aula você estudará sobre o
movimento de rotação e suas consequências. Esse estudo permite, por exemplo, uma resposta
adequada a duas perguntas: (a) Por que todos os dias têm noite? e (b) Que outras consequências
esse movimento de rotação provoca?
Veja a primeira pergunta:
a. Por que todos os dias têm noite?
As crianças - suas perguntas fantásticas! - muitas vezes nos deixam com vontade de apenas
dizer: porque sim! Porém, sabemos que elas não aceitam esse tipo de resposta que nada
explicam. Então, é melhor explicar! Comece pelo movimento de rotação da Terra.
O movimento de rotação é o movimento que a Terra faz em torno de um eixo imaginário, que
passa pelo centro do planeta, e liga o polo norte e o polo sul.
1
Galileu Galilei foi um físico matemático, astrônomo e filósofo. Desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do
movimento uniformemente acelerado, movimento do pêndulo, descobriu a lei dos corpos e desenvolveu vários instrumentos.
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Este movimento tem a duração de aproximadamente 24 horas ou um dia; mais exatamente 23
horas e 56 minutos.
O tempo de rotação é chamado de dia sideral e faz com que a Terra sempre tenha um período
iluminado (que também é chamado de dia) e um período escuro (que é a noite). (Leia mais sobre
o tempo de duração do dia no texto base 1).
Para entender esse movimento, é preciso considerar as convenções determinadas pelo
desenvolvimento da cartográfica europeia após o século XVI. Tomando-se como referência o
ponto cardeal Norte, e o Hemisfério Norte, “na parte de cima” do globo terrestre, o movimento de
rotação ocorre de oeste para leste, ou, da esquerda para a direita.
Se você olhar a Terra a partir do polo norte, a rotação se dá no sentido anti-horário.
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O movimento de rotação se dá na impressionante velocidade de 1.666 quilômetros por hora, no
Equador. Essa velocidade vai diminuindo em direção aos pólos, onde a chega a zero. Esse resultado
é obtido ao se dividir o perímetro da Terra (aproximadamente 40.000 quilômetros) pelo tempo
gasto nesse processo (cerca de 24 horas). Portanto: 40.000 ÷ 24 = 1.666 km/h.
Então, por que você não percebe que está girando?
Existe a força da gravidade que nos mantém “presos” à Terra. Assim acontece também com a
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atmosfera. Ela não se perde no espaço, mas se mantém “presa” à Terra, pela força da gravidade.
Assim, porque giramos junto com a Terra, não se percebe o movimento. A impressão é que o Sol
está girando. (Lembra-se do movimento aparente do Sol tratado na aula1?).
A rotação tem importantes consequências. A mais perceptível é a existência do dia e da noite.
Ao girar, a Terra tem sempre uma face voltada para o Sol – onde é dia - e uma face voltada para o
outro lado – onde é noite.
Há ainda dois momentos: o entardecer, quando se passa do período claro para o período escuro;
e o amanhecer, quando se passa do período escuro para o claro.
Relembrando o que você estudou na aula 1, esses momentos não acontecem ao mesmo tempo
em todos os lugares voltados para o Sol, por isso, o período de iluminação não é igual para todos
os lugares. A latitude e as estações do ano são fatores que influem nisso.
Geocêntrico x Heliocêntrico
Durante muito tempo, se imaginou que a Terra estava parada e que o Sol e os outros
planetas giravam em torno dela. Era o Sistema Geocêntrico (Geo =Terra, e cêntrico = centro,
portanto, a Terra no centro).
Essa teoria, pensada e divulgada no início da era cristã pelo livro “Almagesto” do astrônomo
grego Claudio Ptolomeu, era muito interessante para a igreja católica porque embasava
suas teses de que a Terra e o homem eram o centro do universo. Tão importante que durante
muitos séculos a igreja proibiu outras correntes de pensamento.
Porém 1400 anos depois, um padre polonês chamado Nicolau Copérnico (1473-1543),
retomou a teoria do grego Aristarco de Samos (sec. III a.C.) de que o Sol está fixo no centro
e a Terra, a Lua e os outros planetas giram em torno dele. No livro “Das revoluções das orbes
celestes”, publicado em 1473, Copérnico divulgou o Sistema Heliocêntrico* (Hélio = Sol,
cêntrico = centro, ou seja, o Sol no centro), segundo o qual, o sol está no centro do Universo
e a Terra, a Lua e outros planetas giram em torno dele.
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A teoria Heliocêntrica foi aperfeiçoada e comprovada por Galileu Galilei (1564-1642), Kepler
(1571/1630) e Isaac Newton (1642/ 1727).
A igreja católica só reconheceu que Copérnico tinha razão quanto ao heliocentrismo, 300
anos depois, quando retirou seu livro do index de obras blasfemas da Biblioteca do Vaticano.
Atualmente, a Teoria Heliocêntrica, já considerando o Sol não mais no centro do Universo,
mas do sistema planetário em que a Terra se encontra, é a que vigora na comunidade
científica.
*Heliocêntrico: O Sol é formado por gases, principalmente hidrogênio e hélio. Para os
gregos, Hélio é o nome de um deus que é a representação divina do Sol.
Agora, depois de entender como o movimento de rotação explica a existência dos dias e das
noites, você vai conhecer outras consequências desse movimento.
b. Outras consequências do movimento de rotação: os fusos horários.
Professor imagine que você vai viajar e pega o avião em São Paulo às 18 horas do dia 01 de julho
para passar uns dias de férias na Inglaterra. O voo tem a duração de 8 horas. Quando chega à
Inglaterra, seu relógio está marcando 02 horas do dia 01 de julho. Porém, ao passar pelo corredor
do desembarque, você se depara com um relógio marcando 05 horas do dia 02 de julho.
O que aconteceu? Seu relógio atrasou? O relógio do aeroporto de Londres adiantou?
Nada disso! Você chegou a outro fuso horário.
Em consequência do movimento de rotação, as diferentes áreas do planeta não apresentam a
mesma hora do dia e também nem o mesmo dia.
Isto não era percebido até a segunda metade do século XIX e nem mesmo era um problema.
Afinal, os meios de comunicação e transporte eram precários, não existia telefone, internet, trens
de alta velocidade, avião e televisão via satélite. Levava-se tanto tempo em uma viagem de navio
da Europa ao Brasil que não se percebia a diferença de horário entre as regiões do globo.
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O século XIX foi marcado por saltos tecnológicos. Um dos acontecimentos que marcou esse
período foi o desenvolvimento dos meios de transporte: trens e navios ganharam velocidade.
Também as formas de comunicação se modificaram: em 1858 foi lançado o primeiro cabo
submarino telefônico ligando a América à Europa, dando início às comunicações em tempo real.
Assim, esta questão dos diferentes horários no planeta foi percebida e começou a gerar alguns
problemas em lugares com vasta extensão de territórios: na Europa e, especialmente, nos Estados
Unidos. As ferrovias, que, naquela época, atravessavam aqueles territórios, tinham que respeitar
centenas de horas locais. Para isso, as companhias férreas criaram “os fusos dos caminhos de ferro”,
usados até o final do século XIX.
Na Inglaterra, foi criada uma única hora legal para todo o Reino Unido (Inglaterra, País de
Gales e Escócia). Era a primeira nação mundial a criar uma hora legal. Esta hora era medida
pelo Observatório Real de Greenwich2, desde 1830, em cooperação com outros observatórios
mundiais, e fundamentava-se em eventos astronômicos, em especial da rotação da Terra. Assim
as localidades britânicas passaram a acertar seus relógios acompanhando o Greenwich Mean Time
(GMT) ou Tempo Médio de Greenwich, ou hora de Londres.
A padronização da hora: a hora legal!
Em 1884, os países mais importantes da época se reuniram em uma Conferência Internacional,
em Washington (EUA), com o objetivo de criar um sistema de tempo padrão. Em 1887, foi aceita
e implantada a proposta do senador canadense Sanford Fleming que apresentou o sistema
internacional de fusos horários.
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O observatório real de Greenwich é o escritório central de pesquisas do Meridiano de Greenwich, na Inglaterra. Tem
como objetivo contribuir para o desenvolvimento dos conhecimentos astronômicos.
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Observatório de Cambrigde
O Observatório Real de Greenwich, fundado
em 1675, localizava-se num parque a
sudoeste de Londres até depois da II Guerra
Mundial, quando foi transferido de lugar devido
à poluição, que atrapalhava suas atividades. Em
1990, foi transferido novamente para Cambridge,
passando a funcionar ao lado do departamento
de astronomia. Importantes cientistas trabalharam
em Greenwich, dentre eles, Isaac Newton, Edmond
Halley e John Flamsteed, que ajudou Newton a
elaborar as leis de gravitação universal. Hoje, o
prédio original do observatório, em Londres, é um
museu de Astronomia e Navegação.
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Museu de Londres
Como funciona o sistema de fusos horários?
Para entender disso, você terá que estudar os meridianos e a longitude.
Na aula 1, você estudou os paralelos e a latitude, e sua importância para localizar um
ponto sobre a superfície da Terra.
Entretanto, para se conseguir uma localização perfeita, não basta apenas determinar a
latitude, já que o paralelo é uma linha imaginária que circunda todo o globo. Assim, se o
comandante de um navio pede socorro e informa estar a 30ºS, esse navio pode estar em
qualquer lugar do paralelo 30ºS. Seria necessário dar a volta na Terra para localizá-lo. Por isso,
para localizar com precisão um ponto ao redor do globo, é preciso também ter a longitude.
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Os meridianos e a longitude
Para delimitar a longitude, são necessários os meridianos.
Meridianos são linhas imaginárias traçadas do polo norte geográfico ao polo sul geográfico. Cada
meridiano é uma semicircunferência traçada sobre o globo no sentido de norte a sul.
No Congresso Internacional de Geografia, realizado em Londres em 1895, foi oficializado que o
meridiano de Greenwich:
1. Seria o meridiano 0º e a referência para a delimitação da longitude.
2. Dividiria o globo em dois hemisférios: Oriental, a leste; e Ocidental, a oeste.
Observe a imagem e localize o meridiano de Greenwich:
Legenda: Assim como a linha do Equador, o meridiano de Greenwich tornou-se uma referencia de localização: a leste está o
oriente, a oeste, o ocidente.
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O que é longitude?
Longitude é a distância em graus de qualquer ponto da Terra até o meridiano 0º.
Legenda: A palavra longitude significa comprimento. A longitude é sempre leste ou oeste, a partir de Greenwich.
Veja como se calcula a longitude:
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Você se lembra do navio que pedia socorro informando apenas sua latitude 30ºN e as dificuldades
para encontrá-lo? Pois bem, essas dificuldades seriam eliminadas se o capitão também informasse
que está a 25º de longitude oeste, ou seja, sobre o paralelo 30ºN.
Assim, com os paralelos delimitamos a latitude e, com os meridianos, a longitude. Essas linhas
imaginárias, verticais e horizontais que passam sobre o globo e nos permitem localizar um ponto
sobre a superfície da Terra, são as coordenadas geográficas.
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Coordenadas geográficas via satélite
Enquanto nossos ancestrais tinham que contar apenas com o Sol e estrelas para se localizar, hoje,
com pouco investimento podemos comprar um aparelho ou utilizar smarthphones, com esse
recurso embutido, que informa as coordenadas geográficas de uma pessoa ou objeto, além de
mostrar trajetos de forma precisa. Este aparelho tem que estar conectado a um dos sistemas de
posicionamento e navegação global: o NAVSTAR/GPS - Sistema de Posicionamento Global (GPS),
criado e controlado pelos EUA, ou o sistema russo GLONASS (Global Navigation Satellite System).
GPS (Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global)
O Sistema de Posicionamento Global (GPS) começou a ser desenvolvido pelo exército norteamericano para fins militares na década de 1970 como objetivo de localizar com máxima exatidão
um ponto (local, objeto ou pessoa) sobre a superfície da Terra (latitude/longitude/altitude).
Na década de 1990, o sistema atingiu sua capacidade operacional plena e foi disponibilizado para
uso civil.
Como funciona um sistema de posicionamento global?
O sistema GPS, em pleno funcionamento, é composto por:
1. Aparelhos terrestres, aéreos ou aquáticos do usuário.
2. Antenas de recepção na superfície da Terra.
Uma rede de 30 satélites, sendo 24 em operação e
6 extras, que orbitam ao redor da Terra, a 20 mil km
de altitude, numa rota pré-estabelecida. Eles estão
dispostos de maneira a cobrir toda a superfície
da Terra captando ondas de rádio. Por meio delas
calculam tanto as coordenadas geográficas (latitude
e longitude) em graus, minutos e segundos, como a
altitude.
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O GPS é usado para:
•
Fins militares, pela localização de alvos fixos e móveis.
•
Navegação aérea e marítima, pela definição de rotas.
•
Agricultura de precisão, por permitir estudar a fertilidade do solo, sua profundidade,
orientar a lâmina do trator que ara a terra, distribuir apenas a quantidade exata de
adubo etc.
•
Deslocamento com carros, ajudando os motoristas a localizarem destinos e traçarem
roteiros para chegarem até eles.
•
Diversos outros usos, tais como controle do desmatamento, monitoramento de
rebanhos e pessoas por meio de chips instalados sob a pele e de veículos, coibindo o
roubo de cargas.
E o fuso horário, o que é?
A Terra faz um movimento completo de rotação, ou seja, gira 360º em 24 horas. Assim 360º ÷ 24
horas = 15º. A Terra gira 15º a cada 1 hora.
O globo foi dividido em 24 faixas, ou 24 fusos de 15º ou 1 hora.
•
Um fuso horário é uma faixa traçada no globo e delimitada por meridianos.
•
Cada fuso equivale a 15º ou 1 hora.
•
Todas as localidades que estão dentro do mesmo fuso têm a mesma hora.
O meridiano de Greenwich é o meridiano 0º e meridiano central do fuso inicial. Como cada fuso
tem 15º, e Greenwich está exatamente no meio do fuso inicial, a 7,5º a leste tem início o primeiro
fuso leste. Considerando o acréscimo de 15º de cada fuso, o segundo fuso terá início em 22,5ºL
(7,5ºL +15º = 22,5ºL). O terceiro fuso começará em 37,5ºL, e assim sucessivamente.
Caminhando na direção leste, “o relógio” adianta, a cada fuso, 1 hora.
O mesmo acontece a oeste. De 0º (no meio do fuso) até 7,5º temos a parte ocidental do fuso inicial.
O primeiro fuso oeste se inicia em 22º O e o segundo fuso oeste se estenderá de 22,5º O até 37,5ºO,
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onde se inicia o 3º fuso oeste.
Sempre para oeste a hora atrasa a cada fuso, 1 hora.
A essa altura, você pode estar se perguntando:
Por que a hora adianta para leste e atrasa para oeste?
Não é uma mera convenção. Isso acontece porque o sol nasce a leste e se põe a oeste. Assim, todas
as localidades que estão a leste veem o Sol primeiro, ou seja, têm a hora adiantada em relação às
localidades que estão a oeste.
Ficou convencionado que a hora legal de Greenwich é a hora de referência no sistema de fusos
horários. Assim, todas as localidades que estão a leste do meridiano de Greenwich estão com a
hora adiantada em relação a este meridiano. Todas as que estão a oeste estão com a hora atrasada
em relação a ele.
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Observe o mapa com os fusos horários.
Você se lembra que, no exemplo, quando chegou a Londres seu relógio marcava três horas a
menos que o relógio do aeroporto? Isso aconteceu porque você saiu de São Paulo, localizado no
hemisfério ocidental, três fusos a oeste do fuso de Greenwich e foi para leste, em Londres. Assim
você teve que adiantar seu relógio três horas ou três fusos.
Quando você voltar de Londres para São Paulo, o avião voará no sentido leste-oeste. Quando
chegar a São Paulo, terá que atrasar o relógio três horas porque esta cidade está três fusos a oeste
de Londres.
Praticando
Na cidade de Los Angeles, localizada a 118º O, são 05h00. Que horas são em São Paulo, localizada
a 46º O, e na cidade de Kiev (Ucrânia) localizada a 30º L?
Resposta:
Entre Los Angeles (118º) e o meridiano 0º temos 8 fusos (118º ÷ 15º = 7,8 fusos), ou seja, temos 8
horas (lembrando que cada fuso é 1 hora e todas as localidades dentro do mesmo fuso estão com
o mesmo horário).
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O meridiano 0º está 8 fusos ou 8 horas a leste. Portanto, se em Los Angeles são 05h00, no meridiano
0º serão 13h00 (ou seja, 05h00 + 8 horas ou 8 fusos = 13 horas).
São Paulo está a 46º O (46º ÷ 15º = 3 fusos ou 3 horas atrasadas em relação ao meridiano 0º onde
são 13h00), Portanto, em São Paulo são 10h00 (ou seja, 13h00 – 3 horas ou 3 fusos = 10h00).
Kiev (Ucrânia) localizada a 30º L do meridiano 0º onde são 13h00. Como são 2 fusos de diferença
(30º ÷ 15º = 2 fusos ou 2 horas adiantadas), em Kiev serão 15h00 (13h00 + 2 fusos = 15h00).
O globo foi dividido em 24 fusos. Mas, você sabe por que se chama fuso?
O formato do fuso horário se parece com o fuso da roca, de tecer. O fuso é um
instrumento de fiar, roliço e pontiagudo, no qual se enrola o fio torcido à mão, até
formar uma bola de fios. Faz parte da roca. Na parte pontiaguda, a Bela Adormecida furou o
dedo, o que lhe custou 100 anos de sono, lembra?
A Linha internacional da Data
Diferentemente do paralelo, que é uma circunferência, o meridiano é uma semicircunferência
que liga o polo norte geográfico ao polo sul geográfico, passando por um dos lados do globo.
Atrás de todo meridiano, no lado oposto, isto é, no hemisfério oposto, há outro meridiano: seu
contrameridiano.
O meridiano de Greenwich é o meridiano 0º. Seu contrameridiano é o de número 180º, exatamente
no ponto antípoda, ou seja, do outro lado do globo.
O meridiano 180º é a outra fronteira entre os hemisférios oriental e ocidental. Ele passa no nordeste
da Ásia e na Oceania. Veja a ilustração.
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Assim como foi acordado que Greenwich seria o meridiano 0º e a referência de hora legal, também
foi decidido que o meridiano 180º passaria a ser a LID – Linha Internacional da Data.
O meridiano 180º é o meridiano central do fuso. Se você atravessar de leste para oeste da LID
- linha do meridiano 180º -, não haverá alteração na hora, porque dentro do fuso é sempre o
mesmo horário. Porém, mudará o dia. Se hoje você está no dia 1º de maio no hemisfério ocidental
(aqui onde estamos), ao passar a linha para oeste, mudará para o dia 2 de maio.
Como o Sol nasce a leste, e as localidades no hemisfério oriental veem o sol primeiro e tem a hora
adiantada, lá o dia começa primeiro. Quando os japoneses estão se preparando para jantar e ir
para a cama, nós estamos levantando para ir trabalhar. Quando aqui vamos almoçar, lá já está
começando o dia de amanhã.
Depois de aprender sobre fusos, você pode se perguntar: o mapa da minha agenda está errado?
É verdade que os fusos horários nesses mapas de agenda aparecem entortados. Isto não é um
erro. Apenas, por razões práticas os governos ajustam às fronteiras dos países e estados às linhas
que separam fusos horários. O objetivo é facilitar a vida das pessoas.
Limites práticos dos fusos horários
Um exemplo: o estado de Sergipe, o menor do Brasil, é cortado ao meio por um meridiano que
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separa fusos horários. Imagine a confusão. Um professor pega o carro e viaja 20 minutos. Se ele for
para leste, quando chega à escola é uma hora a menos; se ele for para o oeste, uma hora a mais.
O horário de funcionamento de bancos, instituições públicas, ônibus ficaria diferente a oeste e a
leste do limite do fuso. Para não ficar confuso, este limite é entortado até a fronteira de Sergipe
com o mar e o estado fica, na prática, dentro do mesmo fuso.
E no Brasil como um todo. Como é?
Devido à sua grande extensão leste-oeste, o território brasileiro era, até 2008, cortado por 4 fusos
horários. Veja o mapa.
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Entretanto, apesar de ser cortado por 4 fusos
horários, existe apenas uma hora oficial em
um país, a hora da sua capital. Portanto,
a hora oficial do Brasil é a hora de Brasília.
Olhe no mapa, localize seu estado e veja em
que fuso você está. Observe que os fusos
estão entortados e, na maioria das vezes,
acompanhando as fronteiras entre os estados.
Na prática, apenas o arquipélago de Fernando
de Noronha está no 1º fuso, - 2 horas em relação
a Greenwich, já que o 2º fuso foi entortado no
Nordeste.
Brasília (hora oficial), São Paulo e Rio de
Janeiro, as cidades de maior influência no
Brasil, estão no 2º fuso, a menos 3 horas de Greenwich. Os estados do Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Amazonas, Rondônia, Roraima e parte do Pará, estão no 3º fuso, a menos 4 horas, e o
Acre e uma pequena parte do Amazonas no 4º fuso, a menos 5 horas de Greenwich.
Mudança nos fusos
Se contarmos o horário de verão, que vigora no país durante 180 dias por ano, as localidades
que estão no 4º fuso ficam com menos 3 horas em relação a Brasília e a hora oficial. O senador
Tião Viana (AC) fez um projeto de lei que foi aprovado no Congresso, eliminando o 4º fuso.
Assim, a partir de 2008, o Acre, parte do Amazonas e todo o estado do Pará passaram a fazer
parte do 3º fuso e, oficialmente, o Brasil passou a ter apenas 3 fusos. Os objetivos da mudança
proposta, e sancionada, são permitir maior integração com o sistema financeiro do país e facilitar
as comunicações e o transporte aéreo.
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Tempo Universal (UTC)
Com o advento das novas tecnologias, principalmente do relógio atômico, foi reconhecido
que a definição da hora baseada na rotação da Terra (GMT) era inadequada. Em 1967 houve
uma redefinição da medição do tempo com a precisão de cerca de um nanosegundo,
diferentemente da fórmula feita pelo GMT, que apresentava flutuações de alguns milésimos
de segundos por dia. Por isso foi criada uma nova escala horária e, a partir de janeiro de
1972, foi oficializada uma nova hora universal: Universal Time Coordinated (UTC), ou seja, o
Tempo Universal Coordenado para o qual se usa a abreviação UT.
Neste tópico você aprendeu muito sobre movimentos da Terra e coordenadas geográficas. Antes
de iniciar o novo tópico - Outras consequências do movimento de rotação - você lerá uma
breve reflexão sobre o tempo e a perfeição do funcionamento da natureza.
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Afinal, o que é o tempo?
“Tempo é movimento. O vai-e-vem de um pêndulo, o escorrer de grãos de areia, o derreter de
uma vela. Medir o tempo é criar padrões confiáveis a partir de movimentos, de preferência
cíclicos. Melhor ainda se pudermos observar movimentos que não dependam de nós.
Essa é a deixa perfeita para a entrada da astronomia em nossa história. Onde mais
encontramos movimentos cíclicos, precisos, confiáveis e completamente alheios às nossas
vontades?”
Fonte: CHERMAN, F.; VIEIRA, A. C. O tempo que o tempo tem. Por que o ano tem 12 meses e outras curiosidades sobre
o calendário. p. 25. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
3. Outras consequências do movimento de rotação:
São duas as consequências do movimento de rotação:
a. As correntes marítimas:
De acordo com diversas pesquisas, a formação das correntes marítimas é resultado, dentre outros
fatores, da influência dos ventos. Outro fator determinante na configuração das correntes é o
movimento de rotação da Terra, que faz com que as correntes migrem para direções contrárias: no
Hemisfério Norte elas se movem no sentido horário e no Hemisfério Sul no sentido anti-horário.
b. Os ventos alísios:
O movimento de rotação também é responsável pela mudança na direção dos ventos que saem
do polo em direção ao Equador. Os ventos, ao chegarem à altura dos trópicos, mudam de direção.
No Hemisfério Norte passam a ter direção nordeste-sudoeste e, no Hemisfério sul, direção sudestenoroeste.
Quando chegam ao Equador, voltam para os polos. No hemisfério Norte, no sentido horário, e no
Hemisfério Sul no sentido anti-horário.
Esse efeito do movimento de rotação sobre as correntes marítimas e os ventos alísios é denominada
de Efeito de Coriolis.
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Efeito de Coriolis
É a tendência que qualquer corpo em movimento sobre a superfície terrestre tem de mudar
seu curso devido à direção rotacional e da velocidade da Terra. O efeito ganhou o nome de
seu descobridor Gaspard Coriólis.
4. As Fases da Lua
A Terra tem um satélite natural, a Lua: motivo de prosa e verso para os poetas, referência para
os calendários de vários povos, recurso para os caboclos e os índios marcarem a passagem do
tempo e definirem quando plantar ou colher. Em algumas práticas culturais quando a Lua muda
às parteiras ficam de sobreaviso porque muitas crianças nascem nessas mudanças de lua.
A Lua é um satélite, por isso, não tem luz própria. A luz que vemos da Lua é o reflexo da luz do Sol.
E, se essa luz muda, o reflexo que é visto dessa luz muda também. Cada uma dessas maneiras de
ver a luz da Lua chama-se fase. Mas somente quatro dessas fases da Lua têm nome: Crescente,
Cheia, Minguante e Nova. Cada uma delas tem a duração de 7 dias.
Por que isto acontece?
Como você estudou os dois movimentos mais significativos da Terra são a translação e a rotação. A
Lua também faz dois movimentos importantes ao redor do nosso planeta: a rotação e a revolução.
A rotação é o movimento que a Lua faz ao redor de seu próprio eixo.
A revolução é o movimento que a Lua faz ao redor da Terra.
Esses dois movimentos têm duração aproximada de 29 dias (é o chamado mês sinódico, tempo
entre duas fases iguais) e são síncronos, ou seja, têm o mesmo tempo de duração. Por isso, você
sempre vê a mesma face da Lua.
A Lua é vista em quatro formas, ou fases, diferentes — crescente, cheia, minguante e nova — por
causa do movimento que ela faz ao redor da Terra (revolução).
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Aula 2
Movimentos da Terra e Coordenadas
Geográficas II
Noções básicas de Geografia
Observe a imagem a seguir.
Lua Crescente: Quando a Lua está em quadratura com a Terra e o Sol, isto é, na posição que forma
com eles um ângulo de 90º, a luz do Sol ilumina apenas metade da esfera e nós vemos apenas
“metade” da Lua no céu, entre as 12h e às 24h.
Lua Cheia: Quando a Lua está em conjunção, isto é, formando uma reta com a Terra e o Sol, toda
a face da Lua está iluminada e nós a vemos no céu entre as 18h e às 06h. Além de vermos a esfera
totalmente iluminada, a Lua está no céu durante todo o período de escuridão.
Lua Minguante: Quando a Lua novamente está em quadratura, isto é, na posição que forma com
Terra e o Sol um ângulo de 90º, a luz do Sol ilumina apenas metade da esfera e nós vemos apenas
“metade” da Lua no céu, entre as 24h e às 12h.
Lua Nova: Quando a Lua está em conjunção, exatamente entre a Terra e o Sol, formando uma
reta, como mostra o esquema acima, a face iluminada da Lua está voltada para o Sol e nós vemos
apenas um pequeno círculo no céu entre às 06h e às 18h. São noites sem Lua.
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Movimentos da Terra e Coordenadas
Geográficas II
Noções básicas de Geografia
A Lua e as marés
A Lua (e em menor intensidade, o Sol) exerce força gravitacional sobre as águas dos mares e
oceanos, provocando o fenômeno das marés, movimentos periódicos de elevação e abaixamento
das águas. O ponto da Terra que se posicionar mais próximo da Lua sentirá a atração gravitacional
de forma mais intensa.
A cada 6 horas acontece uma maré alta seguida de uma maré baixa. Daí aquela cena típica, de
alguém que deixou suas coisas na areia, foi passear e de repente, com a “subida” da água, teve que
correr para não deixar o filtro solar ser levado para dentro do mar. A maré subiu e um monte de
gente teve que correr para pegar seus objetos e levá-los para longe da água.
Além disso, existem as marés de sizígia ou marés vivas e as marés de quadratura, ou marés
mortas.
As marés de quadratura são produzidas nas fases da Lua conhecidas como quarto crescente e
quarto minguante. Quando a Lua e o Sol formam com a Terra um ângulo reto (90º), a atração da
Lua é diminuída pela do Sol. Por isso a diferença do nível das águas na maré alta e a maré baixa é
menos acentuada.
As marés de sizígia são produzidas nas fases da Lua conhecidas como cheia e nova, quando Lua,
Terra e Sol estão em conjunção (em uma mesma linha). A ação gravitacional da Lua e do Sol se
somam e as marés ficam mais acentuadas. É o momento em que ocorrem as maiores amplitudes,
ou seja, a maior diferença entre a maré alta e a maré baixa (sizígia significa “opostos”).
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O Espaço geográfico. Ensino e representação. 15ª edição. São Paulo:
Contexto, 2008.
BENITEZ, A. G.; FUENTES, J. M. G. Quatro viagens de Colombo. Adaptação de Carlos Guilherme
Mota. São Paulo: Scipione, 1998.
CHERMAN, A.; VIEIRA, F. O tempo que o tempo tem. Porque o ano tem 12 meses e outras
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Aula 2
Movimentos da Terra e Coordenadas
Geográficas II
Noções básicas de Geografia
curiosidades sobre o calendário. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
DASH, J. O premio da longitude. São Paulo: Cia das letras, 2002.
PARKER, S. Galileu e o universo. Caminhos para a ciência. São Paulo: Scipione, 1996.
__________. Newton e a gravidade. Caminhos para a ciência. São Paulo: Scipione, 1996.
SÉRIE ATLAS VISUAIS. A Terra. São Paulo: Ática, 1995. Trad. Lylian Coltrinari.Orientação e mapas.
Guia de campo. São Paulo: Escala Educacional, 2006.
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