Celso Edson Lourenço Sitoe A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DO BALCÃO DE ATENDIMENTO ÚNICO DA CIDADE DE MAPUTO COMO UM INDICADOR DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS Universidade Politécnica A POLITÉCNICA Maputo 2008 Celso Edson Lourenço Sitoe A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DO BALCÃO DE ATENDIMENTO ÚNICO DA CIDADE DE MAPUTO COMO UM INDICADOR DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS Monografia apresentada à Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias da Universidade Politécnica, como parte dos requisitos parciais para a obtenção do grau de Licenciado em Assessoria de Direcção. Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra Maputo 2008 Parecer do Tutor: Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura do estudante Celso Edson Lourenço Sitoe, intitulada “A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável. Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura do candidato, apto para ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito. Maputo, 25 de Fevereiro de 2008 _________________________ Andrea Folgado Serra Aos meus pais, Pedro Sitoe e Maria Cristina José Marra Sitoe (já falecidos), pelo carinho, amor e valores ensinados e vividos. Às minhas irmãs, Célia Abreu, Cláudia Luísa (já falecida), Mércia Cristina, Eunice Maria e Neusa Vanessa, pelo apoio e incentivo constantes. Às minhas sobrinhas, Lourena, Luana e Karen, pela alegria sempre transmitida. À minha namorada, Aida Munguambe, pelo amor, auxílio e paciência durante estes anos da nossa convivência. Ao meu cunhado, Mariano do Rosário a quem devo tudo o que hoje sou. À Professora Doutora Maria Inês Nogueira da Costa, pelo carinho, incentivo, pelos ensinamentos, por acreditar no potencial deste trabalho e pelas longas conversas com ela mantidas durante a minha formação. O MEU AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL À Dra Andrea Folgado Serra, pelo carinho, incentivo, imensa contribuição, pelo entusiasmo, apoio e orientação durante a elaboração deste estudo. AGRADECIMENTOS A Deus, sob todas as coisas, por tudo.... À minha família, em especial aos meus pais Pedro Sitoe e Cristina Marra, pelos valores ensinados e vividos. Ás minhas irmãs Célia, Claúdia, Mércia, Eunice e Neusa pelas palavras de apoio e incentivo. Ao Dr. Armindo Barradas, Coordenador do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo por todo o apoio prestado no decurso desta investigação. Aos Senhores Titos Mutola, responsável pela Área de Administração do BAU e Aduzinda Tembe, responsável pela Área do Licenciamento Comercial do BAU, pelo seu profissionalismo, optimismo e responsabilidade. Ao Prof. Doutor Hachimo Cassamo Chagane pelo imprescindível apoio na elaboração dos dados estatísticos. A todos que directa ou indirectamente contribuíram para a conclusão deste estudo. RESUMO Esta investigação teve como principal objectivo analisar a satisfação dos clientes-cidadãos do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo em relação a vários indicadores de qualidade dos serviços. Para o efeito, foi inquirida uma amostra constituída por 100 clientes do BAU. Os resultados do estudo apontaram, em termos gerais, que os clientes revelaram um elevado nível de satisfação com a qualidade dos serviços prestados. Por outro lado, o estudo concluiu que apesar deste elevado nível de satisfação, o BAU deve prestar atenção a alguns aspectos críticos de insatisfação dos seus clientes. Palavras Chave: Qualidade, Serviços, Atendimento ao Público, Balcões de Atendimento Único, Moçambique. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Componentes da melhoria da qualidade ........................................................................... 9 Figura 2: Melhoria do Humanware ............................................................................................... 10 Figura 3: A Equação da Capacitação ............................................................................................ 12 Figura 4: Interacção nos Momentos da Verdade ........................................................................... 27 Figura 5: A percepção da qualidade de serviço pelo consumidor ................................................... 43 Figura 6: Modelo SERVQUAL .................................................................................................... 43 LISTA DE QUADROS Quadro 1: As duas espécies de Qualidade de Serviços .................................................................... 7 Quadro 2: Principais contributos dos gurus da qualidade .............................................................. 15 Quadro 3: Apresentação do método CEM..................................................................................... 33 Quadro 4: Obstáculos no Acesso aos Serviços Públicos ................................................................ 40 Quadro 5: Os critérios de apreciação da qualidade dos produtos e dos serviços ............................. 42 Quadro 6: Médias do Nível de Satisfação da Amostra .................................................................. 61 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Distribuição da Amostra por Sexo ............................................................................... 57 Gráfico 2: Distribuição da Amostra por Faixa Etária .................................................................... 58 Gráfico 3: Distribuição da Amostra por Nível de Habilitações Literárias ...................................... 58 Gráfico 4: Distribuição da Amostra por Profissão ......................................................................... 59 ABREVIATURAS ALD Aluguer de Longa Duração BAUS Balcões de Atendimento Único BIM Banco Internacional de Moçambique CAF Common Assessment Framework CCQ Círculo de Controle de Qualidade CEM Concepção à Escuta do Mercado CP Companhia de Passageiros CRP Constituição da República Portuguesa DIRE Délégation Interministerielle à Reforme de l´État EFQM Foundation of Quality Management GQT Gestão da Qualidade Total HGJM Hospital Geral José Macamo IDS Índice de Qualidade de Serviços INFOCID Sistema Interdepartamental de Informação ao Cidadão IPPS Instrumento Padrão de Pesquisa de Satisfação ISO International Organization for Standardization MV Momento da Verdade PAAQ Plano Anual de Acompanhamento de Qualidade SERVQUAL Serviços de Qualidade SMQ Stakeholder Model of Quality SPSS Statistical Pachage for Social Science STQM Strategic Quality Management TDM Telecomunicações de Moçambique TIC Tecnologias de Informação e Comunicação UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UTRESP Unidade Técnica da Reforma do Sector Público SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1 1.2 1.3 2 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................... 1 OBJECTIVOS....................................................................................................... 3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 7 2.1 QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ......................................................... 7 2.2 QUALIDADE NOS SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................. 18 2.3 O CONTACTO E O ATENDIMENTO AO CLIENTE ................................................ 25 2.4 ORIENTAÇÃO PARA O CIDADÃO-CLIENTE......................................................... 29 2.4.1 Fornecer Informação Apropriada e Confiável aos Cidadãos-Clientes ....... 37 2.4.2 Acessibilidade à Organização ................................................................... 39 2.4.3 Qualidade dos Serviços e Satisfação dos Clientes ..................................... 41 2.5 ESTUDOS E INVESTIGAÇÕES SOBRE QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 45 2.5.1 A Nível Internacional ................................................................................ 45 2.5.2 Em Moçambique ....................................................................................... 48 3. METODOLOGIA .................................................................................................. 51 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4. MÉTODO, ESTRATÉGIA E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO .................................. 51 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................. 52 INSTRUMENTO DE PESQUISA ............................................................................ 53 PROCEDIMENTOS ............................................................................................. 54 RESULTADOS....................................................................................................... 56 4.1. 4.2. 4.3. CARACTERIZAÇÃO DO BALCÃO DE ATENDIMENTO ÚNICO .............................. 56 PERFIL DA AMOSTRA PESQUISADA .................................................................. 57 SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DO BALCÃO DE ATENDIMENTO ÚNICO ................ 59 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ....................................................................... 62 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................... 70 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 73 ANEXO 1 – INSTRUMENTO DE PESQUISA ............................................................ 77 ANEXO 2 – CREDENCIAL .......................................................................................... 81 Celso Edson Lourenço Sitoe 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problema de Investigação A qualidade em serviços é um assunto complexo. O ponto crítico está em operacionalizá-la no quotidiano da empresa, conjugando os objectivos organizacionais e as necessidades e expectativas dos clientes, simultaneamente com o esforço de cada colaborador, num ambiente que se caracteriza pela constante mutação. Diante disso, os especialistas no assunto consideram um grande desafio implantar o conceito de qualidade nas organizações que pertencem ao segmento de serviços, porque estimular processos de melhoria contínua em serviços tem as suas diferenças em relação aos processos nas organizações industriais. As diferenças começam na própria missão das organizações de serviços, no que concerne ao atendimento ao cliente, e passam pelo alto grau de envolvimento do património humano, tornando a qualidade desse atendimento um factor de competitividade para essas organizações, determinando a preferência do cliente, a sua fidelidade e, principalmente a indicação deste, para outros clientes em potencial. Como referência exclusiva aos aspectos de atendimento Lobos (1996) define três formas do cliente ser atendido: deficientemente, profissionalmente ou encantadoramente. Embora cause impacto, a primeira forma de atendimento – atendimento deficiente - pode ser exemplificada com o pouco cuidado com o cliente, falta de preparação do atendedor, informações incompletas ou erradas, entre outras praticadas no mercado. Quanto ao atendimento profissional ou encantador lembra que “um profissional age friamente. Quem pressupõe encantar é obrigado a dar algo de si: um sorriso sincero, uma palavra afectuosa, um carinho qualquer. Contribuições pessoais, enfim, A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 2 que nenhum contrato de trabalho, nem profissão exigem”. (Lobos, 1996:213). Uma grande contribuição neste contexto foi dada por Jan Carlzon, um sueco, que desenvolveu a sua experiência na SAS 1. Segundo Carlzon (1994), a companhia atribui à satisfação dos clientes o factor imprescindível para a sua continuidade, na medida em que reconhece-os como o seu maior património. Carlzon (1994) comenta que quando os seus clientes se referem à Companhia, não falam, sobre as aeronaves, modernidade, segurança, escritórios, e sim das suas experiências com o pessoal da SAS. Segundo ele, quando um cliente entra em contacto com a empresa, que dura em média 15 segundos, em cada contacto estabelece-se o que denomina “momentos da verdade”. Os resultados positivos obtidos por Carlzon, fizeram com que o seu estilo de gestão passasse a ter vários seguidores, dentre eles, o seu próprio companheiro de estudos, o dinamarquês Moller (1997), que acredita estar na qualidade subjectiva a sobrevivência de uma empresa de serviços. No seu entender, a qualidade subjectiva é expressa directamente pelo provedor de serviços e pode ser representada pela atitude, comprometimento, flexibilidade, rapidez, e o mais importante, a atenção demonstrada ao cliente (Cwikla, 2001). Em Moçambique, a qualidade dos serviços públicos ainda deixa muito a desejar. No entanto, há um esforço do Governo no sentido de melhorar a qualidade nos serviços públicos. Neste sentido, podemos citar como exemplo a Reforma no Sector Público que foi lançada em Junho de 2001 pela Unidade Técnica de Reforma do Sector Público (UTRESP), que é um processo abrangente e integrado que visa transformar o conjunto de organizações do sector público para fazer face aos diversos desafios que se colocam ao Estado moçambicano, tornando-o mais moderno, eficiente e mais 1 Scandinavian Airlines System, consórcio formado por companhias aéreas, das quais participam: Dinamarca Noruega e Suécia. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 3 voltado para o cidadão. Esta reforma vai para além das simples mudanças nas estruturas do aparelho do Estado e no fluxo de papéis. Fundamenta-se sobretudo num conjunto de acções de natureza sectorial e transversal e implica processos de mudança que produzem qualidade e eficiência dos serviços públicos e reforçam a capacidade para o desenvolvimento de políticas relevantes para o desenvolvimento do país. Como uma das estratégias do Governo para melhorar a qualidade dos serviços públicos, foram criados, em 2006, os Balcões de Atendimento Único (BAUs) que são espaços públicos de acesso fácil, onde os cidadãos em geral, se beneficiam de vários serviços públicos, obtendo respostas às suas preocupações, dentro dos prazos estabelecidos. Deste modo, sendo o Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo uma unidade de prestação de serviços públicos e preocupado com a satisfação dos seus clientes, a questão que se coloca e que norteará a presente investigação é: Qual o grau de satisfação dos clientes do Balcão de Atendimento Único com a qualidade dos serviços? 1.2 Objectivos Objectivo Geral: Analisar a satisfação dos clientes com a qualidade dos serviços prestados pelo Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo. Objectivos Específicos: Identificar o grau de satisfação dos clientes com a qualidade dos serviços prestados pelo BAU; Descrever o grau de satisfação dos clientes com a qualidade dos serviços prestados pelo BAU. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 1.3 4 Justificativa Ultimamente, as organizações para se manterem competitivas têm feito investimentos significativos na qualidade dos seus serviços, porém muitas delas não conseguem obter o retorno esperado. Uma das maiores dificuldades que envolve a qualidade dos serviços de atendimento ao cliente, está ligada à alta dose de subjectividade por parte de quem julga o serviço recebido, porque o julgamento centra-se em percepções, desejos e expectativas pessoais, que diferem de uma pessoa para outra, fazendo com que um determinado factor seja mais importante para um cliente e nada importante para outro. (Cwikla, 2001) Tomando como ponto de partida esta simples observação, percebe-se de imediato a problemática que envolve este segmento, em se ajustar de forma a atender o maior número possível de desejos e expectativas dos seus diversos clientes. Considerando o exposto, as diferenças individuais podem dificultar o trabalho voltado para o atendimento das necessidades de cada cliente. Por isso, torna-se necessário que as instituições conheçam esse cliente, investiguem-no de forma sistematizada e científica e, com base nos resultados, ofereçam opções para direccionarem ou redireccionarem as suas acções, de maneira a obterem maiores retornos nos seus investimentos, tomando como base a satisfação dos seus diversos clientes. Por conseguinte, deve-se considerar que os momentos de contacto decorrentes da prestação de serviços envolvem, essencialmente, pessoas numa relação directa entre os clientes externo e interno, não esquecendo que este último também tem desejos, expectativas e referenciais, que necessitam de atenção para que possa ocorrer uma interacção positiva, num processo de negociação almejado por toda a empresa: o do ganha-ganha. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 5 Diante deste contexto, a relevância deste tema justifica-se por um lado pelo fraco número de investigações científicas a área da Qualidade na Prestação de Serviços no país, o que não permite que o assunto seja debatido e difundido junto das diversas instituições. Por outro lado, acredita-se que este estudo trará benefícios para o BAU, bem como para outras instituições inseridas neste contexto, no sentido da busca de melhoria contínua no que se refere à qualidade nos serviços públicos. Em tempos de concorrência crescente, serviços e produtos cada vez mais diversificados, parece haver um entendimento comum de que apenas as empresas preocupadas em manter a fidelidade dos clientes tem hipóteses de manter o seu lugar no futuro. Neste cenário, escutar o cidadão-cliente por meio de instrumentos adequados tem se firmado como uma estratégia eficiente, ganhando cada vez mais espaços nas organizações. O cidadão-cliente esta cada vez mais exigente em relação a factores como preço, atendimento, qualidade dos produtos e serviços. Desta forma, ouvir a sua opinião é fundamental para mensurar o seu nível de satisfação e identificar eventuais dificuldades no relacionamento e atendimento oferecidos. É muito importante encontrar uma sintonia entre a organização e o cidadao-cliente, estabelecendo um canal aberto de escuta. Desta forma a organização consegue identificar o potencial não atendido e também as novas necessidades do cidadão-cliente, corrigindo ou adequando “em tempo” os problemas. Na maioria dos casos é o próprio cidadão-cliente que define o tempo e a condição dele permanecer como cliente. À organização, cabe monitorar a sua satisfação, utilizando a sua opinião como um factor indutor de mudanças e melhorias. Ninguém melhor para julgar a qualidade de um atendimento, produto ou serviço do que o próprio cidadão-cliente. A escuta cuidadosa e sistemática pode impulsionar a inovação e o aperfeiçoamento na relação produto, serviço, atendimento e relacionamento da organização com o seu mercado. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 6 Escutar o cidadão-cliente pode não só antecipar a resolução de problemas como, em muitos casos, reverter uma experiência negativa. Estimular o cidadão-cliente a falar pode fazer a diferença entre um ex-cliente e um cliente reconquistado. É sempre melhor ouvir opiniões, ainda que desagradáveis, do que perder um cliente. O presente trabalho está dividido em 6 capítulos nomeadamente: No capítulo 1, apresenta-se a contextualização do problema de investigação, os objectivos e os argumentos para justificar a relevância de se realizar o estudo. No capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica incluindo os aspectos históricos, principais conceitos, a qualidade na prestação de serviços, a qualidade na prestação de serviços públicos, o contacto e o atendimento ao cliente e a orientação para o cidadao-cliente. No capítulo 3, apresenta-se a metodologia usada para a condução do estudo, caracterizando-se o tipo de pesquisa, a estratégia e o método adoptado, o instrumento de pesquisa para a colecta de dados e uma breve explicação sobre os procedimentos para a colecta e tratamento dos dados. No capítulo 4, procede-se à apresentação dos principais resultados do estudo, em função dos objectivos previamente definidos. No capítulo 5, faz-se a discussão dos resultados, confrontando os principais achados do estudo com as teorias, modelos e outros estudos apresentados no referencial teórico do trabalho. Por último, no capítulo 6, tecem-se as principais conclusões da pesquisa, deixandose algumas sugestões à instituição estudada e para futuras investigações. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 2 7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Qualidade na Prestação de Serviços É importante enfatizar, no contexto do trabalho, o que Moller (1997:156) evidencia nos seus estudos: “a percepção do receptor de um determinado serviço é afectada por duas espécies de qualidades desse serviço: a qualidade técnica ou objectiva e a qualidade humana ou subjectiva”. O autor considera que a qualidade objectiva exprime o conteúdo tangível do serviço, e a qualidade subjectiva o conteúdo emocional do serviço, e identifica que embora os padrões de qualidade existam há muitos anos para os produtos físicos, eles são relativamente novos na indústria de serviços, e afirma: “Normalmente, quando uma indústria de serviços fixa padrões de qualidade, eles são quase sempre, para a qualidade “objectiva” do serviço. Para melhorar a qualidade de um serviço, é necessário especificar requisitos tanto para a qualidade “objectiva” como para a “subjectiva”, além de tornar possível a medição desses requisitos”. (Moller, 1997:156) O quadro 1 exemplifica o que compõe as duas espécies de Qualidade definidas por Moller: Quadro 1: As duas espécies de Qualidade de Serviços Qualidade Objectiva Cardápio de Vinhos Conforto da poltrona do avião Local para estacionar Instruções para o Uso Condições de Pagamento Horas de Funcionamento Apólice de Seguros Fonte: Moller (1997:156) Qualidade Subjectiva Comprometimento Atitude Amabilidade Flexibilidade Atenção Solução das Reclamações Cumprimento dos Compromissos Para melhor entender estas espécies de qualidade, convém que a expressão “serviços” tenha muitos significados. As diversas abordagens sobre serviços têm no seu teor definições próprias, onde cada autor inclui características importantes e relevantes. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 8 Por apresentar características abrangentes, neste trabalho optou-se pela definição de Gronroos (1995:34): “Serviço é uma actividade ou uma série de actividades de natureza mais ou menos intangível que normalmente, mas não necessariamente, acontece durante as interacções entre clientes e trabalhadores de serviços e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de serviços que é fornecida como uma solução aos problemas dos clientes”. Assim, pode-se perceber o alto grau de envolvimento humano que a prestação de serviços engloba. O cliente é dependente do desempenho de cada colaborador no contexto da organização. São as pessoas que fazem a diferença, pela atenção que propiciam, pelo atendimento cortês e eficaz, pelo esforço em atender para além das expectativas, à medida em que trabalham no sentido de superá-las. Alguns autores da área reconhecem neste esforço dos colaboradores o que chamam de “encantar o cliente”. Convém no entanto, lembrar que a administração de serviços requer um alto grau de percepção e adaptação às mudanças. Actualmente, para além de encantar, é necessário garantir a satisfação do cliente. Neste sentido, faz praticamente uma década que Trigo (1991:6) defende que “(...) a massificação atinge uma faixa cada vez mais delimitada e restrita, porque a partir do momento em que as pessoas começam a preocupar-se com a qualidade e a exigir um atendimento personalizado, acontece um afastamento de tudo o que representa um produto ou serviço indiferenciado, pré-montado, um pacote”. Freitas (1995:5) concorda ao dizer que “actualmente as tendências mais marcantes têm sido os esforços em prestar serviços cada vez mais individualizados que, fugindo a um padrão único, procurem satisfazer as necessidades particulares dos clientes. Trata-se da chamada customização, que só se torna possível com a participação massiva dos clientes”. Em Moçambique, em especial, o sector de serviços tem ficado à margem das mudanças ocorridas no cenário mundial. Na visão de Castelli (2000:29) “as empresas prestadoras de serviço devem apostar fundamentalmente na qualidade do elemento humano, uma vez que a excelência do serviço, condição da competitividade e a A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 9 sobrevivência da empresa depende de como esse elemento humano interage com os clientes”. Com esta afirmação, o autor prossegue enfatizando que a qualidade no sector de serviços é obtida através da educação e do treinamento, e diz que existe uma estreita correlação entre o nível de educação e o treinamento dado aos colaboradores e a competitividade e sobrevivência da empresa. De acordo com Castelli (2000:34), a qualidade pode ser melhorada através de investimentos em: Hardware, Software e Humanware, conforme definido a seguir e demonstrado na figura 1. Segundo o autor, esses itens representam a melhoria de qualidade. Figura 1: Componentes da melhoria da qualidade “Hardware” “Software” “Humanware” = Equipamento = Procedimentos = Elemento Humano QUALIDADE = PRODUTIVIDADE CUSTO Preços Menores Retorno do Investimento Aumento de Mercado Geração de Empregos Permanência nos Negócios COMPETITIVIDADE SOBREVIVÊNCIA Fonte: Castelli (2000:35) Hardware (activo imobilizado): representa os equipamentos, máquinas, veículos, etc,. O foco do Hardware está na produção em massa e na estrutura organizacional. Este componente pode ser melhorado se a organização modernizar, automatizar, etc,. A exigência para a melhoria exige investimento, ou seja, existência de capital. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 10 Software (maneira de se fazer bem as coisas): representa procedimentos, métodos, rotinas, etc,. Neste contexto, são as pessoas que podem desenvolver ou melhorar os métodos, procedimentos e rotinas de uma organização. Para a melhoria do software é necessário o desenvolvimento dos seres humanos. Humanware (capital humano): representa os colaboradores da organização, cujo foco está no melhoramento profissional de forma integral para a solução das demandas do mercado. Em especial, o Humanware pode ser melhorado através da educação e do treinamento, ou seja, através do uso do conhecimento, do desenvolvimento das habilidades, da formação de bons hábitos (atitudes) e da indicação das perspectivas para o seu crescimento profissional, como ilustra a figura 2. Figura 2: Melhoria do Humanware “Humanware” = Elemento Humano Conhecimentos Habilidades Atitudes Perspectivas EDUCAÇÃO E TREINAMENTO QUALIDADE = PRODUTIVIDADE CUSTOS Preços Menores Retorno do Investimento Aumento de Mercado Geração de Empregos Permanência nos Negócios COMPETITIVIDADE SOBREVIVÊNCIA Fonte: Castelli (2000:35) É importante observar que no momento em que procuramos uma maior aproximação da visão humanware, onde o ser humano se evidencia com um referencial para os resultados empresariais, as organizações já despontam para actuar de uma maneira ainda mais inovadora, isto é, utilizando-se o knowledgeware, procurando na realidade o A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 11 desenvolvimento das informações e conhecimentos de que dispõem. Sobre este prisma as empresas vêm na qualidade uma saída para a competitividade, à medida em que reconhecem que o ser humano deve ser visto como um todo, isto é, de uma forma holística. Teixeira (1999:83) complementa com a visão de que: “(...) o equacionamento dos processos produtivos, decorrente da maior disponibilidade global do conhecimento, que leva as empresas concorrentes a atingirem padrões técnicos semelhantes, amplia esse conceito interno de qualidade, introduzindo o que se pode chamar de conceito externo de qualidade e que diz respeito à interacção entre o cliente e a empresa na satisfação das necessidades daquele (...)”. Como se percebe, a sua análise centra-se na qualidade decorrente da percepção do cliente, não aquela definida pela óptica de quem produz, e, nesta direcção, o autor (1999:84) explica que “(...) diferenciais de atendimento precisam de ser criados, no sentido de influenciar o comportamento da clientela na escolha do fornecedor dos bens ou serviços que necessita de adquirir”. Seguindo o raciocínio, percebe-se que educar as pessoas deverá ser um processo contínuo e vitalício no desenvolvimento do colaborador para a já anunciada: a “Era do Conhecimento”, que, quando referenciada, lembra um conhecido Guru, Peter Drucker, hoje reconhecido como o principal pensador da sociedade norte-americana, consagrado como fundador da administração moderna e como o maior estudioso sobre a gestão dos nossos tempos. Segundo Drucker (1996:65): “o aumento da produtividade no trabalho com conhecimentos e serviços, implica algo a mais a definir na tarefa, concentrar-se nela e definir o desempenho. Ainda não sabemos como analisar o processo, em funções onde o desempenho significa predominantemente qualidade. Ao invés disso, precisamos de perguntar “Que trabalhos?”. Para as funções nas quais o desempenho significa tanto a qualidade como a quantidade, temos de fazer ambas as coisas: perguntar “que trabalhos” e analisar o processo passo a passo e operação por operação”. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe Complementando, Conway (1996:307) refere-se 12 ao conhecimento como imprescindível a qualquer organização que pretenda competir, e acrescenta que “a missão básica de qualquer organização viável deve ser agradar os clientes. Agradar os clientes exige comunicação para que se possam entender os seus desejos e necessidades. Muitas organizações de sucesso, também antecipam o que os seus clientes vão desejar no futuro e fazem melhorias contínuas, tendo em mente o cliente”. Green (1995:132), contribui ao afirmar que “numa empresa de serviços, o conhecimento e a informação são as matérias-primas e o activo são os clientes e funcionários leais”. Wellington (1998) sugere a “Equação de Capacitação” que se encontra demonstrada na figura 4. Segundo este autor (1998:94): “funcionários, principalmente os que estão em posições mais próximas da linha de frente, ou em posições de contacto directo com os clientes, geralmente não “pensam no cliente” intuitivamente. Invariavelmente será necessário um processo de desenvolvimento para ajudar a transformar os comportamentos. A equação de capacitação é o coração desse tipo de processo”. Figura 3: A Equação da Capacitação 1/ Quando um funcionário não sabe o que fazer: 2/ Quando um funcionário não sabe como fazer: Comunique Treine CAPACITAÇÃO 3/ Quando um funcionário está enérgico e 4/ Quando um funcionário não quer fazer: deseja participar: Dê Autonomia Motive Comunicação + Treinamento + Motivação + Autonomia = Desempenho Eficaz Fonte: Wellington (1998:94) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 13 Para um melhor entendimento, a autora (1998:114) explica que: “(...) a equação de capacitação: Comunicação + Treinamento + Motivação + Autonomia (Empowerment), produz funcionários capazes de pensar, decidir e agir com discernimento. Capacitação neste contexto, significa criar um espírito onde é normal responder positivamente às necessidades do atendimento ao cliente, independentemente das tarefas e funções. Poderá para isso ser necessário desmantelar velhas atitudes e comportamentos, para criar o contexto correcto e aberto para uma nova cultura, antes de embarcar num programa maior e mais abrangente de desenvolvimento e autonomia”. Madu (1998), afirma que, no conceito de Gestão da Qualidade Total (GQT), a definição da qualidade fica a cargo do cliente e obtém-se através de um sistema de gestão global da organização que afecta a natureza do output (produto ou serviço) de forma a que este exceda as expectativas do cliente, em todas as dimensões de produtos e serviços, que são importantes para aquele. Por isso, a GQT significa a mudança da antiga gestão taylorista (voltada para os produtos, com objectivos departamentais, com poucos a pensarem por todos, assente no trabalho individual e ênfase nos meios físicos e no trabalho como mercadoria) para uma gestão centrada nas pessoas e voltada para a satisfação do cliente, orientada por objectivos estratégicos ligados a processos, em que todos pensam e trabalham em equipa, uma gestão que integra os trabalhadores na organização, aposta na formação, na cooperação e na melhoria contínua. É um conceito holístico que considera a melhoria de todas as actividades e processos organizacionais com o envolvimento de todos. Dale e Bunney (1999) afirmam que a gestão da qualidade total é, ao mesmo tempo, uma filosofia e um sistema de gestão, ou seja, um conjunto de princípios e um conjunto de métodos e instrumentos para gerir a organização na sua globalidade. Bank (1998) considera que a perspectiva da qualidade total é, assim, diferente da perspectiva da qualidade “tradicional”, que suportava a sua filosofia nos chamados “níveis de qualidade aceitáveis”, surgidos na indústria após a 2ª Guerra Mundial. Já a perspectiva da qualidade total é a de “zero defeitos”, ou seja, fazer bem logo a primeira. Esta diferença de perspectiva tem um evidente impacto em termos de custos da qualidade. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 14 No caso da qualidade tradicional, os defeitos só são reduzidos com o tempo, provocando o aumento dos custos, resultantes das actividades de inspecção e acompanhamento do progresso. No caso da qualidade total, a ausência de defeitos implica a diminuição dos custos. Desta forma o enfoque foi deslocado da detecção (abordagem reactiva), em que as actividades chave são as inspecções e os testes, para a prevenção (abordagem pró-activa), que assenta no investimento em actividades criativas de planeamento e melhoria. Por isso, requer uma mudança no estilo de gestão e na forma de pensar, desde logo da gestão de topo. Dale e Bunney (1999) afirmam ainda que a evolução do conceito de qualidade desde a característica de um produto até a uma característica do sistema de gestão que é responsável pelo produto final, está também ligada à extensão do conceito qualidade de serviços, mais difícil de avaliar do que a qualidade dos produtos, pois os clientes também consideram como parte da qualidade o processo de prestação do serviço e as interacções pessoais para além do outcome. A aglutinação dos vários aspectos que hoje compõem a GQT se deu ao longo do tempo e por intermédio dos contributos dos vários autores que se debruçaram sobre o tema. Se quisermos enumerar, de forma necessariamente breve, os contributos dos principais “gurus da qualidade” vejamos o Quadro 2. Apesar de existir uma grande diversidade de definições da GQT, os autores são unânimes em identificar um conjunto de princípios básicos que lhe subjazem. Estão presentes nas obras de conhecidos “gurus” contemporâneos como Tom Peters (que divulgou o conceito de excelência) e Peter Drucker, um dos maiores autores de referência da gestão. Podemos esquematizá-los da forma que se segue. (Drucker, 2001) Empenho e Liderança da Gestão de Topo – os gestores de topo devem empenhar-se pessoalmente na mudança, desenvolver e comunicar uma direcção e exercer uma liderança firme. Mudar as atitudes e comportamentos das pessoas é uma das tarefas mais difíceis da gestão, requerendo bons poderes de motivação e persuasão. Além disso, a gestão da qualidade total não é uma solução rápida e universal e os líderes A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 15 devem ajudar a construir um sistema de gestão próprio para a sua organização, de acordo com os princípios da gestão da qualidade. Quadro 2: Principais contributos dos gurus da qualidade Autor Armand Feigenbaum Principal Contributo A Qualidade como Cultura e Custo de Qualidade – Incorporação da qualidade no processo de produção para evitar correcção posterior. Criou a expressão “Total Quality Control”. A qualidade é uma forma de gestão da organização, com a participação de todos e orientada para o cliente. Genichi Taguchi Engenharia da Qualidade – Métodos para o desenho e desenvolvimento dos processos de industrialização com o máximo de eficiência. O objectivo é minimizar a não qualidade (perdas de qualidade que se reflectem em prejuízos para a organização). Joseph Juran Trilogia de Juran – Planeamento, controlo e melhoria da qualidade. Defende que a TQM é flexível e dá ênfase ao “custo da não qualidade” e ao papel da gestão de topo. Define qualidade como a aptidão para o uso. Enfatiza o papel dos profissionais da qualidade, que desenvolvem os programas de qualidade. Define “espiral da qualidade” como uma acção contínua, centrada na satisfação das necessidades dos clientes, internos e externos, e na melhoria dos produtos e processos. Kaoru Ishikawa 7 Ferramentas da Qualidade – Métodos simples, utilizáveis por todas as pessoas para resolver problemas. Círculos de Qualidade – Grupos de voluntários, estáveis no tempo, que têm como objectivo principal melhorar a qualidade dos processos e o ambiente de trabalho. Os círculos aumentam o envolvimento das pessoas na organização e são um canal de comunicação ascendente e descendente. Masaaki Imai Kaizen – A expressão que no Japão é utilizada para designar a melhoria contínua. É um processo incremental, sistemático e contínuo de melhoria que utiliza as melhores ferramentas, técnicas e conceitos (just-in-time, PDCA, círculos de qualidade, etc.). É uma estratégia orientada para as pessoas e assente na informação aberta e partilhada e na utilização da tecnologia existente, que, partindo do princípio de que tudo é melhorável, se traduz em pequenas melhorias graduais possibilitadas pelo envolvimento criativo de todas as pessoas. Shigeo Shingo “Zero Defeitos” – estratégia para identificar os erros e resolve-los antes de se tornarem defeitos que contaminem a qualidade. É aplicada através da monitorização das potenciais fontes de erro. Desenvolveu o teste “Poka-Yoke”. Taiichi Ohno Just-in-Time – Sistema de gestão de produção que permite entregar ao cliente o produto com a qualidade exigida, na quantidade necessária e no momento exacto. Melhora os resultados da organização com a participação dos trabalhadores através da eliminação de todas as tarefas ou actividades que não tragam valor acrescentado. W, Edward 14 Passos para a Gestão – Devem guiar a direcção da organização; divulgou o ciclo PDCA, que Deming passou a ser conhecido por Ciclo de Deming. A sua abordagem é altamente estatística: mede a qualidade de forma estatística confrontando a performance com as especificações. A qualidade é responsabilidade de todos. Walter Shewhart Ciclo de Shewhart (PDCA) – processo metodológico básico para assegurar as actividades fundamentais de melhoria e manutenção daquilo que é melhorado (PDCA E Processos de Controlo Estatístico). Fonte: Carapeto e Fonseca (2006) Investir na estratégia e no sistema de gestão – a organização deve desenvolver uma estratégia de longo prazo para a qualidade, integrando-a com outras estratégias da organização, tais como as TIC e a gestão de recursos humanos. Deve, ainda, integrar a qualidade nos processos, fazendo uma gestão por processos e desenvolvendo A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 16 actividades preventivas, desenvolver a organização e a infra-estrutura para apoiar as actividades de melhoria e utilizar ferramentas e técnicas da qualidade para resolver problemas, integrando-as na rotinas de trabalho, para que os trabalhadores se sintam envolvidos, aumentando a sua consciência da qualidade e mudando, assim, os seus comportamentos e atitudes. Orientar a organização para o cliente – o objectivo da organização deve ser o de dar ao cliente aquilo que ele espera. Por isso, a organização deve despender tempo e antecipar as expectativas dos clientes e, com esse propósito, trabalhar em conjunto com os mesmos, estabelecendo mecanismos de troca de informações permanentes. A elaboração de referenciais de desempenho e de sistemas de medidas de progresso é fundamental para a melhoria contínua. A medição deve ser feita periodicamente com referência a indicadores de desempenho internos e externos, desenvolvidos a partir de bench-marking, interno e externo, ou de inquéritos a clientes. Os indicadores externos são particularmente importantes porque se referem às percepções dos clientes. Esta actividade permite obter o feedback para ser avaliado contra o plano estabelecido e que serve de base a novos planos de acção; é uma aposta na aprendizagem e na inovação. Criar um sistema de gestão de recursos humanos (GRH) – O sistema de GRH deve incluir o envolvimento dos trabalhadores, para despertar o seu interesse, participação e contribuição para o processo de melhoria. Para isso, a gestão deve preparar-se para delegar algum do seu poder: as pessoas devem ser encorajadas a controlar, gerir e melhorar os processos que estão sob a sua responsabilidade (empowerment). Com o mesmo objectivo, a organização deve, também apostar na formação dos trabalhadores para que possam trabalhar de acordo com a filosofia da qualidade, desenvolvendo e renovando as suas capacidades. Um outro aspecto a desenvolver é o trabalho em equipa. Devem ser definidas as suas características, os papéis de cada pessoa, a forma como se integra na estrutura organizacional, os papéis de liderança e a forma de recompensar e reconhecer o seu desempenho; deve ser constantemente encorajado através de uma comunicação activa, incluindo mecanismos de recolha de sugestões e de outras formas de feedback. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 17 Verificamos, pois, que a qualidade não se esgota na conformidade com requisitos predefinidos de um produto ou serviço, pelo que as organizações que queiram orientar a sua actividade por padrões conducentes à qualidade total não devem satisfazer-se com a certificação, ou seja, com a obtenção de um certificado de conformidade com os requisitos impostos por normas ou padrões e qualidade (parâmetros formais que quantificam a qualidade), as mais conhecidas das quais são as da família ISO – International Organization for Stardization. (Carapeto e Fonseca, 2006) O cumprimento destas normas é um mínimo que basta à certificação mas que não garante necessariamente a excelência nos resultados da actividade. Importa, por isso, manter um espírito de melhoria contínua, adoptando os controlos de qualidade como instrumentos de gestão correntes, nomeadamente os controlos a priori, a fim de prevenir erros, através de processos de autoavaliação, que envolvem uma apreciação regular das actividades e resultados da organização, permitindo distinguir quais os pontos fortes e os pontos a melhorar para avaliar, assim, o progresso da organização rumo à excelência. (Carapeto e Fonseca, 2006) A forma dispersa como a gestão da qualidade total tem sido implementada, faz esta gestão parecer um conjunto de mini-teorias, ferramentas e técnicas com uma coerência por vezes difícil de identificar. Todavia, sendo certo que os princípios e as técnicas da qualidade não são fins em si mesmos, visando a melhoria contínua da organização, as pesquisas mais recentes identificam um elemento aglutinador; as partes interessadas (stakeholders). Ou seja, salientam a ideia de que a sobrevivência da organização depende das suas relações multilaterais com o mundo exterior, pelo que a gestão da qualidade deve dar atenção a algo a mais do que as operações internas. (Carapeto e Fonseca, 2006) Desta forma, há autores que defendem que estamos a chegar a uma nova geração de teorias da qualidade, centrada nas relações da organização com o mundo exterior e os stakeholders que aí existem (clientes, gestores, pessoal, fornecedores, accionistas, grupos de interesse, comunidade em geral, em suma todos os que têm impacto ou sofrem impacto da organização). Estas novas abordagens diferem no nome. Por exemplo, Foster e Jonker (2002) falam em Stakeholder Model of Quality (SMQ), enquanto Madu e Kwei (1998) se A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 18 referem ao Strategic Total Quality Management (STQM). Mas a perspectiva é a mesma, ou seja, todos encaram a qualidade de uma forma integrada, olhando para o desempenho global da organização e para a sua relação com os stakeholders que para ela contribuam, assentando no fornecimento de informação a grupos cada vez mais diversos e em diferentes tipos de processos que incorporam os stakeholders na vida da organização. 2.2 Qualidade nos Serviços Públicos Toonen e Raadshelders (1997) argumentam que nos vários países, as reformas nas administrações públicas apresentaram, simultaneamente, uma convergência de princípios (convergência que está presente na própria linguagem utilizada na reforma – todos descentralizam, todos empregam os modelos da teoria da gestão, todos parecem abraçar as virtudes da sociedade civil, todos empregam princípios como os da produtividade, da eficiência, da eficácia, do controlo da despesa pública, da transparência, do aumento do controlo político democrático e do aumento da participação dos cidadãos) e uma variedade de soluções, diferenças que se devem, sobretudo, ao facto de a reforma ter lugar em estruturas institucionais existentes, coexistir com tradições sedimentadas e ocorrer sob pressão interna e externa. De acordo com Kernaghan (2000), em qualquer caso, o facto é que as burocracias públicas, organizações tradicionalmente piramidais de gestão fortemente regulada, estão, actualmente, a sofrer profundos reajustamentos face às novas exigências sociais, num processo de mudança com uma forte componente tecnológica. Embora com limitações decorrentes dos constrangimentos jurídicos, das dificuldades em agir sobre a organização e de formas de gestão que diferem em muito das do sector privado, o processo de modernização administrativa tem assentado, em grande medida, na implementação da TIC, tendo a administração vindo a desenvolver projectos como, por exemplo, serviços virtuais em linha dirigidos à disponibilização de informação e à prestação de alguns serviços. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 19 Isto abre espaço para se questionar as formas de organização do trabalho que durante muito tempo legitimaram o paradigma burocrático e leva alguns autores a descortinar a emergência de um novo paradigma organizacional “pós-burocrático” adaptado à sociedade que Toffler (1999) designa por sociedade de “terceira vaga”, em que o que é importante é a flexibilidade e a capacidade de manobra. A qualidade desempenhou sempre um papel importante no sector público. O seu significado, contudo, sofreu algumas mudanças com o decurso do tempo. Podemos distinguir três fases na evolução da qualidade no sector público. (Carapeto e Fonseca, 2006) A primeira fase corresponde à qualidade no sentido de respeito pelas normas e pelos procedimentos, significando a ausência de arbitrariedade ou correcção formal (o que de certa forma corresponde à conformidade com as especificações técnicas na indústria). A segunda fase, a partir dos anos 60 do século passado, com a divulgação da gestão por objectivos, equipara a qualidade ao conceito de eficácia, significando a ausência de erros mas também a ligação ao objectivo do serviço (o que será o equivalente à noção de Juran de aptidão para o uso). Por fim, uma terceira fase, a partir da década de 80, faz corresponder a qualidade à satisfação do cliente, assimilando a noção de gestão da qualidade total. Nos países da Europa Continental com tradições de Direito Administrativo, só muito tardiamente o conceito de GQT começou a ser adoptado, reduzindo-se a qualidade, até a pouco tempo, à mera conformidade com a lei. Todavia, nas últimas décadas, os programas de modernização das administrações públicas lançados pelos diversos governos europeus têm assentado, em grande medida, na implementação das teorias da qualidade. (Carapeto e Fonseca, 2006) Existiu um longo debate sobre a possibilidade de adoptar os conceitos de qualidade no sector público importando-os do sector privado, pois os dois sectores operavam em condições ambientais substancialmente diferentes. E apesar de a dicotomia público-privado A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 20 se ter esbatido na maioria dos países ocidentais, através dos programas de modernização da linha do new public management, como já vimos, isto não significa que a introdução do conceito de qualidade no sector público tenha deixado de suscitar dificuldades. (Carapeto e Fonseca, 2006) Por isso, não constitui surpresa que a análise dos processos de modernização têm vindo a ser implementados em alguns países revele que muitas experiências de insucesso ficaram a dever-se à não consideração das especificidades do sector público na aplicação das metodologias da qualidade. Em termos gerais, podemos reconduzir essas especificidades a dois grandes blocos de aspectos. Em primeiro lugar, os valores pelos quais se rege o funcionamento do sector público. Com efeito, apesar de tanto na esfera pública como na esfera privada a qualidade ser um instrumento para tratar as questões do desempenho da organização e da receptividade aos clientes e cidadãos, o facto é que estas esferas servem objectivos diferentes e seguem lógicas diferentes: as empresas procuram o lucro, a administração pública serve o cidadão. Isto implica que persistam algumas limitações à aplicação directa e linear de métodos do sector privado, que decorrem nomeadamente de valores como o da legalidade, proporcionalidade, legitimidade, equidade e igualdade, que norteiam a acção no sector público e que justificam a existência de algumas características do modelo de gestão pública que, numa óptica estritamente gestionária, seriam obstáculos a eliminar, como, por exemplo, os gastos irrecuperáveis com “clientes” que não pagam os serviços de que beneficiam. O que significa que a visão que se tem da qualidade é muito diferente consoante os valores prevalecentes sejam a equidade, a eficiência, a igualdade, a democracia e as parcerias ou sejam a concorrência, a não intervenção, a economia e o consumo. (Carapeto e Fonseca, 2006) Esta lógica tem várias decorrências. Por um lado, a qualidade não é apenas uma preocupação dos gestores: necessita do empenho e apoio dos políticos, tal como necessita do envolvimento dos funcionários e do público em geral, através da consulta e da A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 21 participação. Por outro lado, a qualidade deve dar uma especial atenção aos utentes: os serviços públicos são diferentes dos privados porque muitas vezes são universais e obrigatórios, têm de considerar o impacto na sociedade e os cidadãos têm direitos sobre os serviços públicos que não têm sobre os privados. A qualidade é, também, difícil de definir neste caso: deve resultar de um processo de negociação entre os diferentes interesses, baseado nos valores adoptados. (Carapeto e Fonseca, 2006) A medição da qualidade dos serviços deve ser efectuada de forma a diagnosticar áreas para intervenções de melhoria, pelo que se deve adoptar a avaliação periódica e processos de planeamento que envolvam os stakeholders. Estes ajudam a definir as características dos serviços prestados aos cidadãos que permitam satisfazer as suas necessidades e expectativas, bem como redireccionar os programas e os projectos da organização à luz de novas necessidades e prioridades. (Carapeto e Fonseca, 2006) Em segundo lugar, e como já foi aflorado, é necessário não esquecer que as organizações públicas estão inseridas em ambientes hierárquicos (e, na maioria dos casos, rígidos) e obedecem a uma lógica de cumprimento de programas político-partidários. Não dispõem, assim, da mesma autonomia que dispõem as organizações privadas em termos de definição das suas estratégias de gestão, estando vinculadas ao cumprimento de objectivos que são definidos exteriormente e à obediência a disposições legais específicas. (Carapeto e Fonseca, 2006) Efectivamente, parte dos centros de decisão de uma organização pública são exteriores à própria organização. Aspectos importantes como o orçamento, a estrutura orgânica, o estatuto dos funcionários, as carreiras, as remunerações, a avaliação, as normas de contratação ou a promoção, são, em regra, definidos pelo governo. Também por isso, enfrentam mais dificuldades do que o sector privado na implementação de alterações nos seus processos de funcionamento e na própria mudança da sua cultura organizacional. (Carapeto e Fonseca, 2006) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 22 Em suma, para além de ser difícil de definir enquanto conceito, é difícil transformar a qualidade numa política coerente, na medida em que os sistemas de qualidade para o sector público devem ter em conta, de acordo com Gaster (1995): os valores do sector público; a accountability (Prestação de contas) democracia (perante os eleitores), profissional (perante os superiores) e de gestão (perante os responsáveis políticos); as relações com o público (clientes e cidadãos); as cadeias de serviço longas e complexas; e os constrangimentos legais, financeiros e políticos. O reconhecimento destas especificidades conduziu à criação de modelos de qualidade específicos para o sector público, como a vertente do modelo da European Foundation for Quality Management (EFQM) para o sector público e o próprio modelo da Common Assessment Framework (CAF). Este conjunto de especificidades torna, uma vez mais, claro que no núcleo das preocupações com a qualidade está o cidadão. (Carapeto e Fonseca, 2006) A centralidade da satisfação dos cidadãos está subjacente no programa de reforma da Administração Pública em Moçambique, que concebe uma administração próxima dos cidadãos e que assegure uma elevada qualidade na prestação de serviços. Nesta óptica, a procura de qualidade depende da concretização deste programa de reforma possibilitando a evolução das rígidas estruturas burocráticas disfuncionais para modelos organizacionais adaptáveis e flexíveis, em que a lógica hierárquica pura é substituída por estruturas orgânicas mais planas e com novos métodos de trabalho. Depende, ainda, do envolvimento de todos os membros da organização na busca da qualidade e, nessa decorrência, da introdução de modificações nos sistemas de gestão das organizações públicas, orientando-as para resultados, como defendem Carapeto e Fonseca (2006). Torna-se, assim, fundamental não só o papel dos dirigentes na condução da mudança, mas também e de forma decisiva, o papel dos funcionários públicos que, através do desenvolvimento das suas competências, motivação e da mobilização da sua capacidade de acção (empowerment), criam uma cultura de serviço orientada para a melhoria contínua A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 23 e para a busca permanente da excelência, através da adopção de práticas inovadoras. (Carapeto e Fonseca, 2006) É também necessário não esquecer que melhorar a qualidade dos serviços públicos pode aumentar a satisfação dos cidadãos-clientes mas não necessariamente a confiança no governo e na administração pública em geral. Para melhorar a confiança das pessoas na sua administração, é necessário um conceito muito mais amplo de qualidade, que avalie a qualidade da interacção das redes de organizações públicas, privada e do sector não governamental que fornecem serviços públicos. (Carapeto e Fonseca, 2006) Uma administração pública de elevada qualidade deve ser capaz, não apenas de aumentar a satisfação dos cidadãos-clientes com os serviços públicos, mas também construir a confiança nas suas organizações através de processos transparentes e da accountability e do diálogo democrático. Para tal, os conceitos convencionais de qualidade do sector privado que consideram as organizações públicas como fornecedoras de serviços e os cidadãos como meros clientes devem ser enriquecidos como um conceito democrático de qualidade que considera a administração pública como catalizadora da sociedade e os cidadãos como parte de uma sociedade civil activa. (Carapeto e Fonseca, 2006) Gopalakrishna e Chandra (1998) afirmam que um estudo nos EUA revelou que a aplicação da gestão da GQT nas empresas conduziu à melhoria global do desempenho destas, revelada no aumento da produtividade, em melhores relações com os trabalhadores, na maior satisfação dos clientes e no aumento da quota de mercado e do lucro. É este tipo de resultados que se pretendem para as organizações públicas. Contudo, Salagna e Fazel (2000) consideram que apesar das vantagens associadas à implementação dos programas de qualidade, o facto é que existem numerosos obstáculos a dificultar o sucesso deste tipo de iniciativas. Os mais frequentes são a falta de uma definição ampla do significado da qualidade para a organização, a falta de planeamento estratégico dirigido à mudança, a ausência de liderança, a falta de motivação e formação dos funcionários, a procura de resultados financeiros a curto prazo, a falta de consciência do tempo necessário à melhoria, a cultura organizacional obsoleta (falta de valores comuns, A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 24 falta de confiança, falta de empowerment), a dificuldade de orientação para o cliente, a dificuldade em atribuir recompensas a resultados e da falta de recursos. Como introduzir, então, a GQT? As abordagens possíveis são várias, desde a elaboração de um plano de acção genérico com um conjunto de linhas de orientação, princípios e práticas de gestão da qualidade total até às abordagens prescritivas, passo a passo, passando pelos métodos que sublinham as teorias de autores consagrados, os métodos não prescritivos, como um quadro ou modelo, e a auto-avaliação utilizando modelos de excelência. Cabe à Direcção da organização identificar a abordagem mais adequada no caso concreto. Nas organizações públicas, dadas as suas especificações, os autores defendem que existem basicamente três pontos críticos para o sucesso dos programas de qualidade: Seleccionar indicadores de qualidade adequados, presentes, por exemplo, nas ISO 9000 e nos modelos de excelência (EFQM, CAF); Utilizar a ferramenta de avaliação indicada, para avaliar o progresso da organização rumo à qualidade; Envolver os stakeholders mais relevantes: políticos, dirigentes de topo, dirigentes intermédios, funcionários (“clientes internos”, na terminologia da qualidade) e cidadãos (“clientes externos”). Por fim, é necessário que todos os envolvidos interiorizem que a qualidade, implementada com o recurso a vários instrumentos e ferramentas, é uma estratégia de longo prazo. Por isso, o segredo para o sucesso das intervenções parece ser, segundo a generalidade dos autores, um adequado investimento em termos de tempo, uma vez que se tem constatado que as organizações que gastam mais tempo a mudar a sua cultura organizacional obtêm melhores resultados na implementação de programas de gestão da qualidade total. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 2.3 25 O Contacto e o Atendimento ao Cliente Susumu (1997:40) afirma que “entre os itens de qualidade de uma indústria de serviços está o atendimento aos clientes”. Nota-se nos tempos actuais que ainda se tenta melhorar uma das mais remotas acções que movimentam a relação com o cliente – o atendimento. Apesar deste assunto ser discutido e avaliado com maior ênfase ultimamente, não se deve esquecer que a sua origem é antiga, porque a “maioria das leis actualmente conhecidas, assim como o código de defesa do consumidor, tiveram as suas origens na civilização antiga”. (Poli e Alberton, 2000:91) Um dos primeiros adeptos do atendimento ao cliente foi John Spedan Lewis, fundador da loja de departamentos e da cadeia de supermercados John Lewis Partnership, tendo escrito em 1917: “se confiarmos apenas nos nossos preços, alcançaremos considerável sucesso. Se aos nossos preços acrescentarmos o constante e cuidadoso cultivo de todas as outras práticas para construir e conservar uma boa reputação, seremos muito mais formidáveis aos olhos dos nossos concorrentes e conseguiremos um resultado muito melhor” (Frances e Bee, 2000:11). Segundo Filho (2000: 64) entende-se por atendimento “(...) o processo mercadológico em que as actividades humanas são empreendidas com o objectivo de satisfazer os clientes. Tais actividades, susceptíveis ao comportamento das pessoas envolvidas na relação comercial, estão directamente relacionadas com a prestação de serviços, necessariamente conduzidas pelos recursos humanos ligados à organização. A configuração actual do atendimento é incrementada em função de três factores: mercados competitivos; comercialização dependente do relacionamento com o cliente, envolvendo recursos humanos; e baixos índices de automação”. Robbins (2000:23) acrescenta a tecnologia como parceira para revitalizar o atendimento ao cliente. Segundo este autor, “(...) os gestores utilizam a tecnologia para melhorar as suas estratégias de atendimento ao cliente (...)”. Este autor explica que isso pode ocorrer de três modos: A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 26 1º A tecnologia pode personalizar o atendimento, que anteriormente era padronizado. Ela pode permitir à administração individualizar o atendimento conforme as necessidades exclusivas de cada cliente; 2º A tecnologia pode ampliar o atendimento, proporcionando ao cliente apoio adicional, relacionado com a aquisição ou a utilização do produto; 3º A tecnologia pode transformar o negócio, ou seja, ela pode permitir a uma organização desenvolver novas práticas empresariais e a renovar-se. Almeida (1995), citado por Normann (1995:23) explica que “a maioria dos serviços é resultado de acções sociais que ocorrem no contacto entre o cliente e os representantes da empresa de serviços. Tomando uma metáfora das touradas, podemos dizer que a qualidade percebida é realizada no “momento da verdade”, quando o prestador de serviço e o cliente se enfrentam”. Conforme Albrecht (1998), o termo “momento da verdade” foi criado por Richard Norman para designar qualquer episódio no qual o cliente entra em contacto com algum aspecto da organização e obtém uma impressão da qualidade do seu serviço. Wing (1998:149) é mais abrangente ao dizer que a hora da verdade é “todo o ponto de contacto de um cliente com uma empresa – quer por telefone, pessoalmente ou por correspondência – é um ponto de prestação de serviço. É a hora em que o cliente forma mais uma ideia e faz um julgamento sobre a empresa”. Para Gerson (1997:49), “cada instante de interacção com um cliente é um momento da verdade. É o momento para nós e os nossos funcionários representarem a empresa positivamente e para satisfazer o cliente. Essas interacções terão sucesso ou falharão, dependendo do entrosamento estabelecido e de quão eficiente nós nos comuniquemos com o cliente”. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 27 Complementando, Castelli (1994:132) aborda que “o momento da verdade” se caracteriza pela interacção que ocorre entre os funcionários e o cliente durante o acto de consumo de produtos ou serviços, momento em que o cliente vai examinar se: 1) está a receber o prometido com tudo o que ele tem direito; 2) os seus desejos, as suas necessidades e as suas expectativas foram atendidas e foi compensado por aquilo que pagou”. Segundo este autor, é importante não esquecer que nestes momentos não são observados somente os procedimentos técnicos para a execução dos serviços, mas é incluída também a emoção com que as pessoas os executam. Castelli (1994) refere ainda que ao longo do processo de prestação de serviços muitos momentos da verdade são vividos marcando os clientes e originando efeitos multiplicadores positivos ou negativos. “Para isso, todos os funcionários deverão fazer de tudo para que tais momentos da verdade encantem o cliente. Pelo contrário ele levará no bolso uma factura e a decisão de numa mais voltar. Ninguém é fiel a quem não confia. Pelo contrário, dele se afasta”. (Castelli, 1994:133) O autor conclui que neste momento da verdade “efectua-se a interacção entre funcionários e clientes. Nela conectam-se desejos, necessidades e expectativas com os respectivos referenciais, tanto dos funcionários como dos clientes”, conforme se pode visualizar na figura 5. Figura 4: Interacção nos Momentos da Verdade Referenciais Culturais Sociais Económicos Políticos Religiosos C Desejos L + I NecessidaE des N T E + S Expectativas I Desejos N + T E NecessidaR des A C + Ç Ã Expectativas O F U N C I O N Á R I O S Referenciais Culturais Sociais Económicos Políticos Religiosos Fonte: Castelli (1994:133) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 28 Para descobrir esses desejos e referenciais o autor sugere a adopção de pesquisas quantitativas e qualitativas. Segundo este autor, só fazendo uso dessas ferramentas é possível definir quem são os clientes, quem são os funcionários, e como se comportam. Almeida (1995:24), ao analisar o contexto, afirma que na realidade “(...) o Momento da Verdade (MV) é o ponto de partida da teoria da qualidade em serviços”. É o momento, segundo este autor, onde tudo começa ou tudo termina, é a oportunidade que a empresa tem de conquistar o cliente ou perdê-lo para sempre. Conclui que se a empresa souber aproveitar e praticar este conceito, consegue resultados extraordinários na prestação dos seus serviços. Almeida (1995:24) sugere uma classificação para os momentos da verdade, considerando como o cliente é tratado quando se relaciona com uma organização prestadora de serviços: No Momento da Verdade Trágico (MVT): o cliente é visto e tratado como uma pessoa chata, dispensável, onde se usam estratégias planeadas para expulsar o cliente, para que este nunca mais procure a empresa para efectivar negócios. O Momento da Verdade Apático (MVA): é aquele traduzido pela frieza, pelo trabalho desprovido de “alma”, onde não se faz questão de conquistar o cliente, ele passa despercebido na organização, sem querer conquistá-lo. No Momento da Verdade Encantado (MVE): a organização demonstra o seu diferencial a ponto de o cliente perceber que “ali não é uma lugar comum”. Almeida (1995:27) comenta que “são momentos que ficarão gravados na memória do cliente, porque o cativaram e definitivamente o conquistaram”. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 2.4 29 Orientação para o Cidadão-Cliente Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que a finalidade última de qualquer processo de mudança numa organização pública é aumentar a satisfação dos cidadãos clientes, o que é conseguido através de uma melhoria dos serviços que lhes são prestados. Na terminologia da qualidade, cliente é todo aquele (pessoa ou entidade) que recebe produtos ou serviços de uma determinada organização. A orientação para o cidadão-cliente é o aspecto nuclear da qualidade. O cidadão é o princípio e o fim da actividade da administração pública. Deve ser considerado, cliente porque é destinatário de serviços, quer porque é o seu financiador, enquanto contribuinte. A utilização do termo “cliente” no sector público convida a que se trate o cidadão como tal, satisfazendo as suas necessidades. A qualidade é ajuizada por todos os cidadãos e requer uma atitude diferente por parte dos serviços públicos, uma nova cultura de gestão que envolva as pessoas na melhoria dos serviços prestados – quer o cliente interno (está dentro da organização: são os outros departamentos da organização e os funcionários), quer o cliente externo (está fora da organização: são as pessoas ou as organizações que adquirem ou recebem o produto final, como, por exemplo, o cidadão). (Carapeto e Fonseca, 2006) Dada a sua preponderância na actividade da organização, esta deve orientar-se para o cidadão, antecipar as suas expectativas e, com esse propósito, trabalhar em conjunto com ele, estabelecendo mecanismos de troca de informação permanente. Isto, para satisfazer as expectativas dos cidadãos-clientes e, de preferência, oferecer-lhes mais do que eles esperam. (Carapeto e Fonseca, 2006) Uma das primeiras tarefas da organização é identificar e segmentar os seus clientes, em função dos diferentes serviços que presta e das necessidades e expectativas daqueles. Depois, deve procurar conhecer as suas opiniões, um precioso ponto de apoio para definir a qualidade e traçar o rumo da organização. O envolvimento dos cidadãos-clientes na concepção e melhoria dos serviços da organização implica uma recolha de informações sobre as suas necessidades e expectativas. Existem diversas técnicas para recolher, a partir A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 30 dos clientes externos, as informações necessárias para modificar o que for necessário. (Carapeto e Fonseca, 2006) Em regra, o que sucede nas organizações é estas utilizarem com um cariz mais quantitativo, como os inquéritos, as sondagens, os questionários distribuídos nos locais de atendimento ou os observatórios. A sondagem aos cidadãos-clientes é concebida para fornecer à organização os comentários destes e garantir que todas as características do serviço prestado sejam abordadas: as exigências dos cidadãos-clientes, as percepções do serviço recebido, os níveis de satisfação, os níveis de importância e as prioridades em matéria de melhoria do serviço. (Carapeto e Fonseca, 2006) Contudo, para permitir uma verdadeira “escuta” dos cidadãos-clientes no seio de uma organização pública, é conveniente privilegiar dispositivos mais qualitativos (e também menos dispendiosos), como são, por exemplo, as entrevistas de grupo com os cidadãos-clientes (grupos de discussão) ou os questionários de preenchimento rápido (fichas de comentário), que fornecem percepções mais precisas e mais compreensíveis das suas preocupações. (Carapeto e Fonseca, 2006) Os resultados proporcionados por estes instrumentos, dotam a organização de uma estrutura sólida para fundamentar a tomada de decisões no plano dos esforços de melhoria dos serviços prestados e na distribuição dos recursos disponíveis. Para além disso, ficam em condições de gerir as expectativas dos cidadãos-clientes, quando estas não são realistas ou realizáveis, graças a uma melhor comunicação com os mesmos. Vejamos as principais características de alguns instrumentos que podem ser utilizados como forma de obtenção de feedback dos cidadãos-clientes, sugeridos por Carapeto e Fonseca (2006): A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 31 GRUPOS DE DISCUSSÃO Constituem um instrumento de feedback dos clientes, que permite à organização conhecer as suas necessidades e exigências. Um grupo de discussão é constituído por um pequeno grupo de pessoas que se reúne para dar a conhecer as suas impressões sobre determinados serviços, no quadro de uma discussão. Embora os resultados possam não ser estatisticamente válidos, esta é uma forma de obter informações qualitativas muito específicas e detalhadas de uma gama de clientes com diferentes pontos de vista. Os grupos de discussão podem ser utilizados para definir aquilo que o cliente considera um bom serviço. Podem também ser utilizados para encontrar soluções ou medidas a tomar para melhorar o serviço. E podem ainda ajudar a compreender o significado de certos comentários feitos pelos clientes no âmbito de uma sondagem ou num questionário. O êxito da utilização deste método de análise dos clientes depende de um conjunto de regras. Um grupo pequeno (6 a 12 pessoas, incluindo o moderador) tem mais hipóteses de ser bem sucedido do que um grupo grande; O processo de recrutamento das pessoas deve assegurar a representatividade do grupo relativamente ao conjunto de clientes visado; O fim é chegar a um consenso entre os membros do grupo (a razão de ser da discussão); O moderador deve animar o grupo e zelar para que todos os assuntos pertinentes sejam abordados, para que todos os membros tenham oportunidade de fornecer as suas impressões e para que os resultados dos trabalhos sejam úteis; Todos os participantes são informados da finalidade e das grandes linhas de abordagem da discussão no início do encontro; Cada pessoa é encorajada a participar activamente na discussão e a dar a conhecer as suas opiniões; A apresentação de certos assuntos pode ser apresentada por gráficos, vídeos ou outros suportes de informação. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 32 SONDAGENS A sondagem coloca questões sobre a prestação de serviços e procura obter informações precisas em matéria da experiência com o serviço, como o tempo necessário para a sua obtenção, a cortesia dos funcionários ou a acessibilidade ao mesmo. Dada a sua natureza, as sondagens devem ser dirigidas aos cidadãos-clientes que constituem o grupoalvo da organização e não a todos os cidadãos. A sondagem é concebida para fornecer à organização os comentários dos cidadãos e para velar para que todas as características do serviço prestado sejam abordadas. Deste modo, devem estar presentes, pelo menos, cinco elementos: As exigências dos cidadãos-clientes; As percepções do serviço recebido; Os níveis de satisfação; Os níveis de importância; e As prioridades em matéria de melhoria do serviço. Ao colocar a tónica sobre estes cinco elementos, a organização pode conhecer o grau de satisfação dos seus cidadãos-clientes na perspectiva dos traços característicos da prestação de serviços. FICHAS DE COMENTÁRIOS As fichas de comentários podem ser utilizadas em aditamento às sondagens como método de obtenção do feedback dos cidadãos-clientes. Os dois instrumentos fornecem o mesmo tipo de informações, mas cada um é destinado a um fim particular. As sondagens servem para recolher dados que podem ser analisados e os resultados podem ser objecto de análises comparativas no tempo. A organização pode, assim saber com um certo grau de certeza em que medida os esforços de melhoria dos serviços têm tido influência sobre a satisfação dos cidadãosclientes e tomar decisões estratégicas a partir dessa informação. Por seu turno, as fichas de comentários, não oferecem mais que opiniões gerais. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 33 Embora sejam válidos, em muitos casos, estes comentários não servem para o acompanhamento das mudanças, uma vez que não respeitam uma metodologia rigorosa. Muitas vezes reflectem apenas uma experiência negativa, razão pela qual são também chamadas por “fichas de queixas”. O objecto principal das fichas de comentários é fornecer rapidamente a informação aos funcionários para que eles possam corrigir os problemas operacionais no mais breve espaço de tempo, sobretudo no que se refere às principais características do serviço (por exemplo, rapidez, cortesia do funcionário, competência do pessoal, qualidade da informação, equidade e resultado do serviço). Por estes motivos, as fichas servem sobretudo para complementar uma sondagem sobre a satisfação dos cidadãos-clientes e não para a substituir. CONCEPÇÃO À ESCUTA DO MERCADO (CEM) O quadro abaixo, resume os princípios, fases e técnicas inerentes ao método CEM, como forma de obter retorno do cliente relativamente a vários aspectos da prestação de serviços. Quadro 3: Apresentação do método CEM FASES 1. Captar a Voz dos Clientes 2. Transformar a voz dos clientes em expectativas dos clientes 3. Analisar qualitativamente as expectativas dos clientes SIGNIFICADO Centrar-se nos clientes, adoptando uma atitude de escuta a fim de os compreender bem. Organizar entrevistas, visitas, observações para captar e compreender a voz do cliente e observar o seu meio envolvente. Seleccionar as ideias importantes e organizá-las através de um grupo de trabalho. O resultado é o ordenamento das exigências da qualidade dos clientes e a emergência de necessidades. Transformar a voz dos clientes em expectativas precisas. Seleccionar as expectativas mais importantes. O resultado é a apresentação estruturada das expectativas essenciais, através de um trabalho de criatividade realizado por um grupo, que permite comunicar as expectativas de qualidade dos clientes. Caracterizar as expectativas dos clientes. Não colocar todas as expectativas ao mesmo nível, sendo conveniente distinguir funções atractivas, funções obrigatórias e funções proporcionais, segundo a técnica de Kano. O resultado é a apresentação das características das exigências e a sua hierarquização, devendo ser definidos indicadores para as exigências dos A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 4. Definir a estratégia do produto/serviço 5. Definir precisamente o conceito produto/serviço 34 clientes. Definir uma estratégia para o produto/serviço. Formular o objectivo do novo produto. O resultado aparece sob forma de uma frase que exprime sinteticamente a estratégia, a orientação a adoptar. Aperfeiçoar a definição ou redefinir o produto/serviço. Requer-se criatividade, para produzir conceitos, criar e combinar ideias novas. Seleccionam-se as ideias de soluções para obter a melhor solução. A solução escolhida deve ser justificada em função da estratégia e das exigências da qualidade evidenciadas. Fonte: Adaptado de Shiba (2001) MEDIÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS CIDADÃOS-CLIENTES A satisfação do cliente com os serviços públicos é uma prova de governalidade melhorada (Declaração da Cidade do México do Quinto Foro Global sobre Reinvenção do Governo: Inovação e Qualidade no Governo do Século XXI, 2003). O princípio da orientação para o cliente é um dos princípios da gestão da qualidade total, o que significa, basicamente, colocar o cliente no centro da atenção da organização, uma vez que a principal razão da existência da organização é a satisfação das necessidades dos clientes. (Carapeto e Fonseca, 2006). Para as organizações públicas se assegurarem que a sua actuação não se desvia desse princípio, é necessário que implementem mecanismos de medição da satisfação dos cidadãos-clientes. Os resultados obtidos com essa medição irão permitir a introdução de medidas concretas nos projectos de melhoria dos serviços prestados pela organização. Carr e Littman (1992:38) afirmam que a satisfação existe quando o cliente considera que a qualidade do serviço que lhe foi prestado iguala ou supera as suas expectativas. Dito de outro modo, a satisfação do cliente surge quando as características ou os atributos específicos que este espera que existam num determinado serviço estão efectivamente presentes. Se essas expectativas forem superadas, isto é, se o serviço incluir também características ou atributos que este não esperava (acrescentando “valor”), o efeito no cliente vai para além da satisfação. A este efeito os autores chamam o “deslumbramento do A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 35 cliente”. Trata-se de uma das principais metas dos programas de melhoria contínua: a descoberta de novas formas de agradar ao cliente. A satisfação do cliente pode ser obtida através da melhoria dos serviços prestados mas também criando nele expectativas mais realistas. Por outro lado, a satisfação é dinâmica, evolui com o tempo, o que torna importante que a organização recolha informações sobre os cidadãos-clientes em dois momentos diferentes: a priori, sobre as suas necessidades; e a posteriori, sobre o seu grau de satisfação. (Carapeto e Fonseca, 2006) A satisfação do cliente pode ser também um barómetro útil na medição da adequação da oferta de serviços face à procura. No sector público, essa adequação é mais difícil de apreciar, devido ao elevado grau de exigência dos cidadãos perante os serviços públicos. A sua análise e medição não se confundem com a definição de indicadores de qualidade, embora qualidade e satisfação sejam complementares: a definição de indicadores de qualidade é um trabalho ex ante que visa definir os critérios de sucesso dos serviços que a administração presta; a análise da satisfação permite verificar ex post se as prioridades retidas têm sido percebidas como tais compreendidas pelos clientes. (Carapeto e Fonseca, 2006) No sector privado, a análise da satisfação do cliente é um meio de testar se os produtos e serviços que uma empresa propõe encontram ou não alguma adesão. Tratandose de organizações do sector público, não deverá entender-se em todos os casos que a qualidade dos serviços prestados se deduz da satisfação dos clientes. Por exemplo, no sector da educação, é discutível que se possa afirmar que a qualidade da escola se deduz exclusivamente da satisfação dos alunos ou dos seus familiares, uma vez que a actuação desta está estreitamente ligada aos objectivos definidos pelas autoridades públicas governamentais, que antecipam as evoluções necessárias para o futuro, com a legitimidade que lhes advém da sua própria existência. (Carapeto e Fonseca, 2006) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 36 Não existe de facto uma solução universal, coexistindo sectores onde a autodefinição dos serviços pela administração pública vê a sua legitimidade cada vez mais contestada, com outros sectores onde a hierarquia deve ajudar os agentes a resistir às pressões, ou pelo menos gerir as tensões, designadamente nas relações de guichet. (Carapeto e Fonseca) Por estes motivos, a relação com o Estado e a Administração Pública nem sempre pode ser compreendida somente através de sondagem ou de interrogação sobre a satisfação global face à imagem da instituição. No entanto, numa administração pública orientada para o cidadão-cliente é importante que as organizações públicas conheçam e saibam utilizar algumas metodologias de recolha de informação sobre a avaliação que os cidadãos fazem dos serviços públicos. São elas que permitem, por um lado conhecer a percepção dos cidadãos-clientes sobre a qualidade dos serviços e saber se estes avaliam de forma positiva ou negativa, e, por outro lado, identificar as suas expectativas sobre esses mesmos serviços, permitindo redefinir estratégias de melhoria. (Carapeto e Fonseca, 2006) DESENVOLVIMENTO DE PADRÕES DE QUALIDADE Os parâmetros ou padrões de qualidade podem definir-se como compromissos públicos assumidos voluntariamente por uma organização para com os seus cidadãosclientes. São estes compromissos que devem constar, por exemplo, na carta da qualidade da organização. (Carapeto e Fonseca, 2006) Tais parâmetros devem especificar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, na perspectiva da versatilidade do atendimento, do seu prazo de fornecimento, do modo como os cidadãos são atendidos e em que condições, dos meios que a organização se compromete a disponibilizar para que os cidadãos possam manter-se informados sobre as suas actividades e para que possam ser ouvidos. (Carapeto e Fonseca, 2006) Em qualquer caso, é fundamental que os parâmetros que venham a ser definidos sejam realistas, isto é, não criem expectativas irrealizáveis sobre os serviços. Devem, por isso, manter-se dentro das possibilidades que a organização tem de cumprir esse A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 37 compromisso. Contudo, não deverão ser parâmetros que a organização possa cumprir com demasiada facilidade, mas que não resultem em benefícios reais (em “valor”) para os cidadãos-clientes. O desafio reside em conseguir alcançar este equilíbrio e cumpri-lo, uma vez que do cumprimento dos parâmetros de qualidade estabelecidos depende a boa imagem da organização. (Carapeto e Fonseca, 2006) O desenvolvimento de parâmetros de qualidade deve contar, entre outros aspectos (como o empenho da liderança e a condução do processo através de uma equipa de projecto, por exemplo), com o envolvimento dos cidadãos-clientes, sendo “negociados” com eles. As informações obtidas junto destes (através dos métodos que já foram referidos), irão permitir que os parâmetros de qualidade sejam definidos a partir das características dos serviços considerados importantes ou prioritários pelos cidadãosclientes. Isto porque, a organização deve construir as suas relações com o exterior partindo de uma posição na qual escuta os cidadãos-clientes. Por outro lado, a organização deve também criar sistemas eficazes de acesso à informação por parte dos interessados. Em qualquer dos sentidos (cidadão-organização; organização-cidadão) é necessário que a organização envolva os cidadãos-clientes no desenvolvimento de fontes e canais de informação. Albrecht e Zemke (2002:103), enfatizam que a qualidade não é a observância das especificações da organização, mas sim a conformidade com as especificações dos clientes. Daí a importância de integrar nas práticas quotidianas dos funcionários, uma cultura de “escuta”, que se traduza na recolha de dados sobre as expectativas dos cidadãos-clientes. 2.4.1 Fornecer Informação Apropriada e Confiável aos Cidadãos-Clientes Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que a informação pode modificar consideravelmente a percepção da qualidade por parte dos cidadãos. Por isso as organizações públicas devem produzir e fornecer informação adequada e confiável aos seus cidadãos-clientes, utilizando os canais apropriados. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 38 Actualmente, revestem particular importância as comunicações por via electrónica. A boa utilização das tecnologias de informação e comunicação pela organização pública deve servir não apenas a informatização dos processos internos, mas também a acessibilidade e a transparência para os cidadãos, sempre que estes necessitam de encontrar informação, de dialogar com alguém na organização ou de desencadear algum procedimento administrativo. Para que isto suceda, é fundamental que a organização disponha de um website e que nele sejam disponibilizados mecanismos que permitam e promovam a interacção com o cidadão. De facto, como se refere no Guia de Boas Práticas na Construção de Web Sites da Administração Directa e Indirecta do Estado, elaborado na Universidade do Minho e divulgado pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (Oliveira, Santos e Amaral, 2003), “o poder da Internet está, a par da publicação de conteúdos, na facilidade com que é possível estabelecer comunicação ou interacção entre as pessoas”. O Guia recomenda que qualquer organização pública que utilize a Internet e o seu website, “como porta de entrada ou como veículo de informação, para que os cidadãos possam consultar conteúdos, mas também como ferramenta de interacção entre o cidadão e os seus serviços”. Nesta medida, o Guia recomenda que vários serviços deverão existir, incluídos ou referenciados no website: Serviço de Newslwtter; Correio electrónico; Fórum; Chato on-line; Linhas telefónicas e fax dedicados ao apoio aos utilizadores; Livros de sugestões e reclamações. Nesta orientação para o cidadão-cliente que as tecnologias também permitem, numa linha de modernização (que vai além da mera informatização), o correio electrónico desempenha um papel fundamental. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 39 A utilização do correio electrónico na organização, pode efectivamente servir dois objectivos de modernização: tornar os serviços públicos mais acessíveis e transparentes para os cidadãos; e, em consequência, melhorar o seu funcionamento interno. Todavia, é necessário entender que a sua implementação como meio privilegiado de comunicação com os cidadãos, requer uma completa integração no funcionamento administrativo da organização e isso pode, inclusivamente, implicar modificações nos processos. Na França, a Délégation Interministerielle à Réforme de l´État (DIRE), elaborou um guia do correio electrónico”, sob a designação “Responder bem ao correio electrónico do cidadão: Uma aposta para a administração Moderna”. Este guia, para além de constituir uma prova da importância que revestem este “pequenos” aspectos na modernização da administração pública (e também da importância da existência de organizações especificamente criadas para a promoção da modernização), fornece um esquema bastante detalhado de um projecto de implementação do correio electrónico. 2.4.2 Acessibilidade à Organização Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que a acessibilidade à organização pode ser analisada, simultaneamente, sob duas perspectivas: a acessibilidade ao funcionamento da organização, que compreende tanto o acesso físico (presencial ou por telefone), como o acesso virtual; e a acessibilidade aos conteúdos da organização, em regra necessários para a obtenção dos serviços, que pode ser um acesso através do suporte de papel, electrónico ou multimédia. A obtenção de um serviço público é quase sempre uma tarefa árdua. As dificuldades não começam apenas nos formulários que é necessário preencher. Em primeiro lugar, é preciso descobrir onde está a organização prestadora do serviço. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 40 Apesar da experiência recente, inovadora e feliz, por exemplo, das “lojas do cidadão”, nem sempre é possível aceder a um serviço prestado por uma organização pública como se acede a um serviço prestado por uma organização privada. Saber onde começar a procurar é a primeira barreira no acesso a um serviço público. Em muitos países, têm sido criados os chamados “portais do cidadão”, concebidos em função das necessidades dos cidadãos e não da orgânica da administração pública. (Carapeto e Fonseca, 2006) Em Portugal, depois do INFOCID, que constituiu uma primeira abordagem ao conceito, foi criado em 2004 o Portal do Cidadão, que agrupa uma série de entidades prestadoras de serviço público em função das necessidades mais relevantes dos cidadãos. Mas não basta. Nem tão-pouco os anuários, extensos e minuciosos, que a simples mudança da orgânica do Governo, ou de um ministério, torna desactualizados. Saber onde obter um serviço é, para o cidadão, uma necessidade concreta, e prestar essa informação é a primeira medida para promover a acessibilidade às organizações públicas. Uma sondagem nacional realizada no Canadá pela Rede de Serviços Centrados nos Cidadãos (constituída em Julho de 1997 pelo Centro Canadiano de Gestão), enumerou dez problemas correntes de acesso, a partir das experiências das pessoas entrevistadas. “As linhas telefónicas estavam ocupadas” foi a principal dificuldade apontada. Este, tal como os restantes obstáculos poderiam ilustrar perfeitamente as experiências vividas por muitos cidadãos no seu relacionamento com a administração pública. Quadro 4: Obstáculos no Acesso aos Serviços Públicos OBSTÁCULO DE ACESSO As linhas telefónicas estavam ocupadas Fui transferido de uma pessoa para outra Recebi informações contraditórias Problemas de respondedores automáticos ou de mensagens vocais Forneceram-me informações inexactas A pessoa não teve tempo de me explicar Era difícil estacionar Não encontrei no anuário Não sabia onde procurar Tive de me deslocar uma grande distância Outra PERCENTAGENS DE RESPOSTAS SABIA ONDE NÃO SABIA OBTER O SERVIÇO ONDE OBTER TOTAL O SERVIÇO 24% 17% 15% 15% 43% 46% 39% 39% 28% 25% 21% 21% 10% 9% 12% 4% 3% 6% 12% 26% 24% 14% 24% 28% 9% 16% 14% 13% 13% 9% 9% 7% 13% Fonte: Carapeto e Fonseca (2006) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 41 Uma outra forma de melhorar a acessibilidade e, em simultâneo, a transparência e a comunicação com a organização é a criação da figura do “provedor do cliente” (Declaração da Cidade do México do Quinto Foro Global sobre Reivindicação do Governo: Inovação e Qualidade no Governo do Século XXI, 2003), que também permite aos cidadãos ter voz na construção dos indicadores de qualidade da organização, quer através de queixas, quer através de sugestões. 2.4.3 Qualidade dos Serviços e Satisfação dos Clientes Segundo Lendrevie et al (1999) a importância de uma imagem de qualidade no desenvolvimento das empresas face à sua concorrência foi bem evidenciada num estudo realizado por David Aaker em cerca de 248 empresas americanas. Foi perguntado aos seus dirigentes quais as vantagens concorrenciais decisivas para o êxito no mercado. A resposta mais frequente, cerca de 40% foi ter uma reputação de boa qualidade. A vantagem concorrencial evidenciada em segundo lugar, com 31%, foi o serviço ao consumidor. Em terceiro lugar, surgiu a existência de forte notoriedade. Este estudo, que incidiu sobre 113 empresas de serviços, 68 de alta tecnologia e 67 fabricantes de produtos industriais e de grande consumo demonstra que os gestores das empresas têm a consciência clara que a qualidade percebida pelos clientes é um factor chave de sucesso das suas empresas, a longo prazo. Assim, é fundamental para o gestor de marketing, obter resposta a questões do tipo: Porque é que os consumidores consideram que uma marca tem ou não uma boa qualidade? Como se pode melhorar a imagem e qualidade? Quais os contributos mais importantes que influenciam a avaliação global dos consumidores? Ainda segundo este autor, as dimensões da qualidade percebida pelos consumidores são diferentes, consoante se trate de produtos ou serviços como se pode verificar no quadro abaixo. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 42 Quadro 5: Os critérios de apreciação da qualidade dos produtos e dos serviços PRODUTOS SERVIÇOS 1. Performances 1. Dimensões 2. Características Secundárias 2. Fiabilidade 3. Conformidade com as especificações 3. Competência 4. Fiabilidade 4. Implicação 5. Duração 5. Empatia 6. Serviços associados ao produto 7. Aparência Fonte: David Aaker e Jacques Lendrevie (1999) Nos serviços há critérios que são semelhantes aos dos produtos mas assumem, todavia, algumas particularidades. A competência do pessoal em contacto correspondente, grosso modo, às performances dos produtos. As dimensões tangíveis são semelhantes à aparência do produto. A fiabilidade assume um sentido particular para os serviços uma vez que são as pessoas que fazem o serviço. É nelas que assenta a fiabilidade ou seja, a regularidade na qualidade do serviço. A normalização é muito mais difícil num serviço do que num produto, pelo que tem sido aquela a via escolhida pelas empresas mais bem sucedidas neste domínio; há excelentes exemplos nos sectores da restauração rápida e da hotelaria. Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) identificaram dez critérios que servem de base à avaliação da qualidade dos serviços: tangibilidade, fiabilidade, rapidez, competência, cortesia, credibilidade, acessibilidade, comunicação e conhecimento do consumidor. Estes autores concluíram, a partir dos estudos que efectuaram, que a qualidade do serviço pode ser avaliada pela discrepância entre as expectativas dos consumidores e as suas percepções e sugeriram quatro factores-chave que influenciam as expectativas dos consumidores: passa-palavra, necessidades pessoais, experiência anterior e comunicação externa como se pode verificar na figura que se segue. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 43 Figura 5: A percepção da qualidade de serviço pelo consumidor DIMENSÕES DA QUALIDADE DE SERVIÇO PASSA A PALAVRA NECESSIDADES PESSOAIS TANGIBILIDADE FIABILIDADE RAPIDEZ COMPETÊNCIA CORTESIA CREDIBILIDADE SEGURANÇA ACESSIBILIDADE COMUNICAÇÃO CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR EXPERIÊNCIA ANTERIOR COMUNICAÇÃO EXTERNA SERVIÇO ESPERADO QUALIDADE DE SERVIÇO PERCEBIDA SERVIÇO PERCEPCIONADO Fonte: Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) O modelo SERVQUAL (figura 9), desenvolvido pelos mesmos autores, foi constituído para permitir medir a satisfação dos clientes numa empresa de serviços. PASSA PALAVRA NECESSIDADES PESSOAIS EXPERIÊNCIA ANTERIOR SERVIÇO ESPERADO SERVIÇO PERCEBIDO SERVIÇO PRESTADO COMUNICAÇÃO EXTERNA NORMAS DO SERVIÇO PERCEPÇÃO QUE OS GESTORES TÊM DAS EXPECTATIVAS DOS CLIENTES Figura 6: Modelo SERVQUAL Fonte: Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 44 O modelo SERVQUAL permite identificar quatro situações típicas em que se verifica a insatisfação dos consumidores perante a empresa que lhes presta serviços: Deficiente conhecimento das expectativas e necessidades dos clientes (gap 1). Ausência de normas que regulem a prestação dos serviços, como por exemplo: tempo de espera, prazos de entrega, rapidez na prestação do serviço (gap 2). Não conformidade entre o serviço prestado e as normas existentes por deficiência dos meios ou do pessoal (gap 3). Diferenças entre o serviço prestado e a promessa de comunicação (gap 4). O gap 5, que traduz a insatisfação de um consumidor face ao serviço esperado, pode resultar de qualquer um dos gap anteriormente referidos ou de vários deles. A medida da satisfação nos serviços deve ser constante e pode considerara-se simultaneamente como um ponto de chegada e um ponto de partida. Ao avaliar a satisfação das necessidades e expectativas dos consumidores as empresas de serviços estão a identificar os aspectos-chave da sua estratégia de marketing e a aferir até que ponto as suas performances, na prestação do serviço, estão a ser bem recebidas pelos consumidores. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 2.5 45 Estudos e Investigações sobre Qualidade na Prestação de Serviços 2.5.1 A Nível Internacional Nas últimas décadas, vários estudos foram desenvolvidos por vários autores e pesquisadores sobre a Qualidade na Prestação de Serviços, procurando enfatizar a sua importância no seio das organizações. Ferreira (2000), no seu estudo intitulado: “Serviço de Atendimento ao Público: O que é? Como Analisá-lo? Esboço de uma Abordagem Teórico-Metodológica em Ergonomia”, obteve como resultados que, o uso combinado do modelo teórico com o instrumental metodológico oferece um quadro de referência em ergonomia para o estudo e intervenção na temática do serviço de atendimento ao público. Partindo-se da situaçãoproblema (cenários de referências com os seus indicadores críticos), o modelo teóricometodológico possibilita: a) Elaborar um diagnóstico da lógica de funcionamento da instituição, procurando identificar, analisar e sistematizar os factores sóciotécnicos e organizacionais que estão na origem dos problemas constatados; b) Analisar o trabalho de atendimento dos funcionários, visando caracterizar as condições objectivas (organizacionais, instrumentais e materiais) que determinam a realização do serviço e as estratégias operatórias típicas de regulação das tarefas prescritas, bem como, construir o perfil dos funcionários (por exemplo, formação e experiência); e c) Identificar o perfil dos usuários que utilizam os serviços de atendimento da instituição, procurando colocar em evidência as variáveis principais (por exemplo, expectativas, preferências) que estruturam e orientam os seus comportamentos em situações de atendimento. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 46 Gonçalves (2002), no seu estudo sobre: “Serviço de atendimento ao cidadão: modelo organizacional para melhoria na prestação do serviço público”, obteve como resultados que, o desempenho quantitativo dos postos é registado diariamente pelas unidades de serviços em formulário específico ou sistema informatizado. Esses dados são agrupados pela gerência do posto e encaminhados semanalmente à Directoria Operacional para consolidação. Este sistema permite o acompanhamento de cada unidade e do posto como um todo; entretanto, os que usam o SAC Fácil (Serviço de atendimento ao cidadão) são consolidados em tempo real. Angelim (2002), no seu estudo intitulado: “Sistema nacional de avaliação da satisfação do usuário do serviço público”, que não só tinha como objectivo a avaliação da satisfação do usuário como um mecanismo de priorização de acções de gestão para a melhoria do atendimento, tendo em vista o enfoque no usuário, como também uma forma de promover o controle social. A partir deste estudo, obteve como conclusão que o objectivo básico que orientou o desenvolvimento do Instrumento Padrão de Pesquisa de Satisfação (IPPS) foi o de prover, às organizações que o utilizarão, um instrumento capaz de produzir informação útil aos gestores para a melhoria da sua gestão. Este objectivo embasa também o foco do IPPS de avaliar a satisfação e prover informação aos gestores directamente em cada unidade, ao invés de um enfoque em diagnosticar e melhorar o atendimento de uma organização como um todo, ou mesmo, prover apenas subsídios para a formulação de políticas públicas. Este enfoque justifica-se pela própria natureza da satisfação dos usuários. Com IPPS espera-se consolidar uma rede de organizações que realizam pesquisa de satisfação, a partir de uma metodologia uniforme. Neste sentido, promove-se a construção de um histórico nacional de satisfação dos usuários dos serviços públicos, uma vez que se permite, não só uma comparação ao longo do tempo, mas também, entre organizações públicas diferentes. Ressalta que a premissa que embasa todo este trabalho é a do aprendizado para a melhoria da qualidade do serviço, e não, a avaliação com enfoque de hierarquização das organizações pelas suas notas de satisfação. Desta forma, permite-se que A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 47 a informação gerada pela pesquisa seja efectivamente tratada e incorporada na organização, ou seja, se transforme em conhecimento para a tomada de decisão. Farah e Miguel (2007) no seu estudo intitulado: “Avaliação Inicial da Qualidade em Serviços – Análise das Dimensões da Qualidade num Curso de Mestrado em Engenharia de Produção”, concluíram que foi possível ter uma noção de como o Curso de Mestrado em Engenharia de Produção se vem comportando em relação às expectativas dos alunos. Este estudo destaca-se também, pelo facto do questionário ter-se revelado como um bom instrumento para a recolha de dados, possibilitando a oportunidade de implantação de melhorias no curso, identificadas nas avaliações dos próprios discentes. Observou-se que a dimensão que mais se destacou no questionário foi a de “aspectos tangíveis”, com quase 20% de frequência nos itens avaliados e, com pouco mais de 5% cada, as dimensões que menos se relacionaram foram as de “credibilidade” e “segurança”. Outro facto que mereceu destaque foi a avaliação obtida para cada eixo da universidade. Esses resultados podem auxiliar numa possível avaliação e revisão de alguns pontos do curso, possibilitando a inserção de ajustes que beneficiem os discentes. Foi possível ainda perceber o crescimento da importância da qualidade em serviços e conhecer com maior profundidade os conceitos das dimensões da qualidade para o sector, facto este possibilitado pelo propósito da pesquisa realizada. Machado Jr. e Rotondaro (2003), no seu estudo intitulado: “Mensuração da Qualidade de Serviços: Um estudo de Caso na Indústria de Serviços Bancários”, concluíram que o desenvolvimento e a implementação de um modelo de indicadores do desempenho da qualidade contribui para o aperfeiçoamento desta, proporcionando foco para o investimento de recursos nas organizações de serviços. Concluíram ainda que, o Plano Anual de Acompanhamento da Qualidade (PAAQ), estabelecido pela vicepresidência do banco comercial, centralizou no IQS (Índice de Qualidade de Serviços) a avaliação do desempenho em qualidade, possibilitando a implementação de melhorias concretas nos processos-chave representados pelo IQS. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 48 Amboni (2002), estudou a “Qualidade de Atendimento em Serviços – Dimensões para orientação e avaliação das bibliotecas universitárias federais brasileiras”, que tinha como objectivo o estabelecimento de dimensões internas e externas para orientar e subsidiar a avaliação da qualidade de serviços prestados pelas bibliotecas universitárias federais brasileiras a partir da experiência e vivência da autora junto da biblioteca da UFSC e dos fundamentos teóricos e práticos discutidos pelos estudiosos da área considerados neste estudo. O estudo concluiu que, as dimensões internas consideradas como liderança, propósitos, processos, pessoal, tecnologia, acervo, instalações físicas, orçamento e finanças, bem como as externas usuários, fornecedores, concorrentes, grupos regulamentadores e as dimensões tecnológicas, legais, políticas, económicas, sociais e demográficas, podem proporcionar diferentes níveis de qualidade dos serviços prestados pelas bibliotecas universitárias federais brasileiras. Cwikla (2001) no seu estudo intitulado: “Qualidade de Atendimento: Estudo de Multicasos em Hotéis Luxo da Foz do Iguaçu”, obteve como resultados que, os clientes de uma forma geral tiveram uma boa impressão quanto ao atendimento que lhes foi prestado, cuja interacção se revelou “fortemente positiva”, e que voltarão a hospedar-se, inclusive indicando os Hotéis para outros clientes em potencial. 2.5.2 Em Moçambique Carlos (2006), no seu estudo intitulado: “Filas de Espera no Atendimento Público – Um Dilema na Prestação de Serviços de Saúde: Caso do Banco de Socorros e Cirurgia do Hospital Geral José Macamo – HGJM”, concluiu que, o atendimento em maior escala de casos que não correspondem a uma emergência para serem observados no banco de socorros do HGJM, estimado em cerca de 80% segundo as opiniões dos entrevistados, merece uma profunda reflexão e tomada de acções concretas de modo a que o hospital possa servir apenas de referência de casos em que o paciente não tenha encontrado a solução na rede de saúde primária; os serviços auxiliares de diagnósticos despertam maior A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 49 atenção na fila de espera para atendimento, tornando-se necessária a adequação de equipamentos específicos, de modo a responder eficientemente às solicitações específicas dos serviços de urgência e da cirurgia geral do Hospital; e a disponibilidade de recursos humanos e materiais, embora não dependa apenas das capacidades e vontades do Hospital, e/ou do sector de saúde, mas sim multisectorial, estes merecem uma análise aprofundada de modo a que estes serviços funcionem com uma equipe ideal que permita uma maior flexibilidade na prestação de serviços, tomando em consideração os fluxos temporais dos pacientes. Bié (2006), estudou a “Implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade para a Melhoria do Atendimento em Serviços”, e concluiu que existe falta de cultura de qualidade por parte dos operadores (turísticos) bem como dos trabalhadores do ramo; o pessoal administrativo, de apoio, assim como os serventes devem passar por um treinamento sistemático em matéria de atendimento, acolhimento de clientes, línguas bem como outros aspectos relacionados com relações públicas, marketing, vendas e comunicação elementar, intermediária e avançada seguindo os níveis de aprendizagem e assimilação. Zandamela (2005), estudou o “Papel do Atendimento na Promoção da Imagem Institucional da Empresa Telecomunicações de Moçambique – TDM”, com objectivo de melhorar o serviço de atendimento ao cliente por forma a servir de multiplicador na promoção da imagem institucional das TDM. Concluiu que a promoção de um ambiente saudável nas TDM passa necessariamente e sobretudo, pelo reconhecimento do cliente interno – o colaborador, em especial da linha de frente como a peça fundamental na capitalização da empresa. Adam (2003), no seu estudo sobre o “Atendimento ao Público – A Realidade do Banco Internacional de Moçambique – BIM”, que tinha como objectivo a compreensão de como são geridas as relações entre os trabalhadores do BIM e os seus clientes, com base na análise dos mecanismos de coordenação de actividades dentro da instituição, e do contacto directo entre os trabalhadores nos balcões e os clientes, onde os resultados mostram que o nível de atendimento ao cliente é preocupante, não existindo participação dos trabalhadores na tomada de decisões em assuntos que os afectam. Ocorrem com frequência a A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 50 indisponibilidade e a falta de atenção e simpatia dos trabalhadores para com os clientes, os mecanismos de comunicação em todos os sentidos são ineficientes. Para além disso, o acesso à informação útil por parte dos clientes é muito limitado e insuficiente, o que contribui significativamente para a ineficácia na resolução dos assuntos e interesses. Cone (2006), no seu estudo sobre o “Trabalho em Equipe e o Atendimento Médico: Caso do Banco de Socorros do Hospital Geral José Macamo”, concluiu que o trabalho em equipe e o atendimento médico é importante para o sector do Banco de Socorros do Hospital Geral José Macamo para fazer face à demanda e às exigências de qualidade na prestação de cuidados de saúde aos doentes. Concluiu ainda que, de uma maneira geral é notável a ausência de programas de trabalho em equipe no atendimento médico aos doentes não só no Banco de Socorros do Hospital Geral José Macamo, mas também em todas as unidades sanitárias do país. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 3. 51 METODOLOGIA 4.1. Método, Estratégia e Técnicas de Investigação Para caracterizar a pesquisa, recorreu-se à classificação de Vergara (2000) que considera que quanto ao método, as pesquisas podem ser qualificadas quanto aos fins e aos meios. Deste modo, quanto aos fins, a presente pesquisa pode ser classificada como descritiva e aplicada e, quanto aos meios, como um estudo de caso realizado em campo. Conforme Gil (1996), as pesquisas descritivas constituem uma forma de descrever as características de determinada população ou fenómeno, e também para estabelecer relações entre variáveis. Estas pesquisas possibilitam ao investigador entender de uma forma mais detalhada o comportamento e os elementos influenciadores de uma população previamente determinada. (Oliveira, 2001) Quanto à estratégia, foi adoptada, para esta pesquisa, uma abordagem quantitativa que, segundo Oliveira (2001) caracteriza-se pelo uso de dados estatísticos como centro do processo de análise de um problema e, é frequentemente usada no desenvolvimento de pesquisas descritivas. Como técnicas de investigação recorreu-se ao uso da pesquisa bibliográfica que, de acordo com Oliveira (2001), tem por finalidade conhecer as diferentes contribuições científicas que se realizam sobre determinado assunto. Deste modo, a pesquisa bibliográfica, possibilitou a recolha de informação sobre o estado da pesquisa na área da Qualidade na Prestação de Serviços através da consulta de artigos científicos, livros, revistas científicas, monografias, teses e dissertações académicas. Estas fontes foram consultadas através de meios como a Internet, bibliotecas públicas e acervos pessoais. O questionário, foi também outra técnica de pesquisa usada para a colecta de dados no campo pois permitiu, com economia de tempo e custos, obter informações sobre a satisfação dos clientes do balcão de atendimento único no que concerne aos serviços por este prestados. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 52 De acordo com Oliveira (2001), o questionário é um instrumento que serve de apoio para qualquer levantamento de campo. McDaniel e Gates (2003) apontam alguns critérios que devem ser obedecidos por um questionário: Deve estar focalizado nos objectivos da investigação; Deve abarcar todas as questões que contribuam com informação útil; Deve ser adequado ao público ao qual se dirige, em linguagem e nível intelectual; Deve ser desenhado de forma a que facilite a parametrização dos dados e análise dos resultados. 4.2. População e Amostra McDaniel e Gates (2003) consideram População e Universo como dois termos que designam o grupo total de elementos do qual se pretende obter informações. Para Cant et al (2005), a população consiste em todos os elementos (pessoas, produtos, organizações, mercados) inseridos num determinado problema ou pesquisa. Destes conceitos, depreendese que a população ou universo é todo aquele conjunto de pessoas, previamente seleccionadas por apresentarem características comuns, e que servem de objecto de análise para uma determinada pesquisa. A população desta pesquisa foi definida como os clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo que correspondem a um total de 98. O recurso à amostragem, do tipo intencional, foi adoptado nesta pesquisa, por considerar-se que constitui uma estratégia que permite reduzir custos de deslocação, permite também, colectar dados num curto espaço de tempo e, ao mesmo tempo, obter-se dados mais abrangentes, conforme defende Ribeiro (1999). A amostra intencional, consiste num tipo de amostra não-probabilística em que a escolha dos elementos amostrais não obedeceu a nenhum critério estatístico, seguindo apenas a conveniência ou julgamento. Este tipo de amostra tem como limitação o facto de A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 53 não garantir a representatividade da população e nem é capaz de calcular os erros de amostragem. (McDaniel e Gates, 2003). 4.3. Instrumento de Pesquisa O instrumento usado para a colecta de dados junto a amostra desta pesquisa consistiu num questionário de auto-preenchimento e de carácter anónimo, retirado da Internet e adaptado ao contexto moçambicano. O questionário contempla questões fechadas estando dividido em duas partes (vide anexo 1). A primeira parte do questionário, visa analisar o grau de satisfação dos inquiridos com a qualidade dos serviços de atendimento ao público, de uma escala de 5 pontos (1 – Muito Insatisfeito a 5 – Muito Satisfeito) das quatro dimensões e respectivos factores, que se podem operacionalizar da seguinte forma: Imagem Global da Organização: apresenta oito factores relacionados com o desempenho da organização; cortesia dos colaboradores que lidam com os clientes no local de atendimento ao público; cortesia dos colaboradores que atendem os clientes por telefone; igualdade de tratamento praticado na organização; flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área do atendimento têm para resolver situações individuais; melhorias implementadas recentemente na organização; impacto da organização na qualidade de vida dos cidadãos/clientes e, por fim, a receptividade. Envolvimento e Participação: apresenta cinco factores relacionados com a possibilidade de sugerir melhorias; a aplicação de inquéritos para conhecer as críticas e sugestões de melhoria dos cidadãos relativamente aos produtos/serviços prestados; a aplicação de inquéritos para conhecer as necessidades e expectativas dos cidadãos/clientes no desenvolvimento de novos produtos/serviços; existência de vários canais para sugestões (presencialmente; por escrito; por telefone e via web) e existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web). A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 54 Acessibilidade: apresenta onze factores que visam analisar a satisfação com a localização do serviço: proximidade de transportes públicos; facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento; nível de acessibilidade para deficientes e carros bebés (rampas de acesso, elevadores); horário de atendimento; informação disponível no local de atendimento; possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente através do Multibanco; sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis, etc); existência de balcões de atendimento em serviços descentralizados; existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas (linha verde); nível de simplificação dos formulários (clareza da linguagem, acessibilidade, facilidade de preenchimento) e possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através de Multibanco. Produtos e Serviços: apresenta oito factores que visam analisar a satisfação global com os serviços prestado; clareza da informação; qualidade dos esclarecimentos prestados por telefone; qualidade dos esclarecimentos prestados presencialmente; qualidade dos produtos/serviços (correspondência com o esperado); tempo de resposta às solicitações; o tempo de resposta às reclamações e a acessibilidade à informação. A segunda parte do questionário, contempla questões que se destinam a colecta de dados sócio-demográficos para a caracterização dos inquiridos. 4.4. Procedimentos Antes do início da colecta de dados, foi solicitada uma credencial à Universidade Politécnica para a recolha de dados junto da instituição a ser pesquisada (vide anexo 2). Seguidamente, foi solicitada autorização à Direcção Provincial da Indústria e Comércio (entidade que tutela o Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo) para a condução da pesquisa na instituição, tendo-se para o efeito, apresentado a proposta do projecto e o instrumento de pesquisa. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 55 Tendo a Direcção Provincial da Indústria e Comércio aceite a referida solicitação, o pesquisador procedeu a impressão dos questionários e, de seguida, à distribuição dos mesmos junto dos clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo. Ao proceder a distribuição dos questionários, o pesquisador, em contacto directo com os inquiridos e, de forma individual, explicava verbalmente o propósito e importância do estudo, bem como fornecia orientações para o seu correcto preenchimento. Para assegurar que os inquiridos preenchiam devidamente os questionários, o pesquisador teve de deslocar-se pessoalmente ao Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo para entrega e posterior preenchimento dos mesmos pelos inquiridos. Inicialmente os clientes demonstraram algum receio em receber os questionários, mas à medida que se fazia a explicação do trabalho passaram a ser mais receptivos e colaboraram, embora 2 clientes não tenham preenchido devidamente os questionários. Portanto, dos 100 questionários distribuídos obteve-se um índice de retorno 98%, considerado extremamente positivo. Terminada a fase de colecta dos dados no campo, procedeu-se ao seu tratamento, tendo-se começado por fazer uma verificação crítica do material, como recomenda Oliveira (2001) por forma a detectar-se possíveis falhas ou erros, evitando informações distorcidas e incompletas que pudessem prejudicar o resultado da pesquisa. Posteriormente, procedeu-se a criação de uma base de dados utilizando-se o programa SPSS (Statistical Pachage for Social Sciences) onde se criou a matriz das variáveis relacionadas com a escala de satisfação com os serviços prestados e dos dados sócio-demográficos. Terminada a criação da matriz na base de dados, fez-se o processamento dos dados e, de seguida, a sua respectiva análise através de tabelas e gráficos de frequências e o cálculo de médias, amplitude e do desvio padrão. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 56 4. RESULTADOS 4.1. Caracterização do Balcão de Atendimento Único A estratégia global da reforma do sector público lançada em 2001, tinha como um dos pressupostos a criação dos Balcões de Atendimento Único, como forma de facilitar o acesso dos cidadãos aos serviços públicos num mesmo local. No âmbito da implementação da Reforma do Sector Público o Governo da Cidade de Maputo, criou o Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo. O BAU da cidade de Maputo localiza-se na Avenida Josina Machel nº 151 R/C. O BAU tem como objetivo melhorar os serviços públicos, através da simplificação, flexibilização e celeridade dos procedimentos administrativos, relativos aos pedidos que lhes são presentes pelos cidadãos. Dentro das atribuições do BAU constam as de licenciamento de actividades económicas e prestação de serviços; cobrança de taxas referentes aos serviços prestados; emissão de documentos de identificação e outros, expedidos pela Administração Pública; fornecimento de orientação técnica, sobre os requisitos e procedimentos administrativos inerentes a prossecução dos serviços prestados e a realização de outros serviços, que pela natureza, não se mostrem contrários aos seus objectivos. O BAU presta serviços relacionados com o licenciamento, registos e notariado migração, viação, cobrança de impostos e taxas, registo e identificação civil e serviços complementares aos licenciamentos. O BAU é a curto e médio prazos o caminho mais adequado para a remoção de barreiras administrativas, burocracia e corrupção rumo ao desenvolvimento empresarial, e, esta inserido nos fins e funções do Estado com vista a proporcionar o bem estar dos cidadãos. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 57 Com a implementação do BAU contribuir-se-á por um lado, para a melhoria da prestação de serviços públicos aos cidadãos e agentes económicos, e o desenvolvimento de um ambiente favorável ao crescimento do sector privado. Contribuíra igualmente para o melhoramento da imagem do sector público no relacionamento com os cidadãos e com os agentes económicos. Por outro, a introdução do BAU permitirá a redução da prestação de serviços públicos; maior racionalização de processos de trabalho; maior qualidade dos serviços públicos; serviços públicos orientados para o cliente, transparência e melhor informação; melhoria do ambiente de trabalho e menos erros de processamento; redução dos níveis de corrupção e redução de pontos de interação e transações directas de dinheiro entre o cliente e o funcionário público. 4.2. Perfil da Amostra Pesquisada Relativamente à distribuição da amostra por sexo (vide gráfico 1), observa-se que 31,96% dos inquiridos são do sexo feminino e 68,04% do sexo masculino. Gráfico 1: Distribuição da Amostra por Sexo Feminino 31,96% 68,04% Masculino Fonte: Dados do Questionário A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 58 No que concerne à distribuição da amostra por faixa etária (vide gráfico 2), verificase que 44,68% dos inquiridos estão na faixa etária situada entre os 20 a 30 anos, 37,23% entre 31 a 40, 7,45% entre 41 a 50 e, por fim, 10,64% tem 50 anos em diante. Gráfico 2: Distribuição da Amostra por Faixa Etária + 50 41 a 50 7,45% 10,64% 44,68% 20 a 30 37,23% 31 a 40 Fonte: Dados do Questionário No que respeita à distribuição da amostra por nível de habilitações literárias (vide gráfico 3), observa-se que 36% dos inquiridos possuem o nível médio, 29% o nível superior, 21% o nível secundário, e 2% o nível primário. Observa-se ainda que 6% dos inquiridos não possuem nenhuma habilitação e finalmente 6% dos inquiridos não respondeu a este aspecto. Gráfico 3: Distribuição da Amostra por Nível de Habilitações Literárias 6,00% N/R Se m Ha bilitaç ões Pr imár io 2,00% 6,00% Se cundár io 21,00% Super ior 29,00% 36,00% Técnic o Mé dio Fonte: Dados do Questionário A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 59 Relativamente à distribuição da amostra por profissão (vide gráfico 4), observa-se que 49% dos inquiridos tem profissões administrativas, 19% profissões técnicas, 10% profissões liberais, 4% são juristas, 5% não responderam a este item e finalmente 13% dos inquiridos tem outras profissões. Gráfico 4: Distribuição da Amostra por Profissão Outras 5,00% N/R Juristas 4,00% 13,00% 49,00% Administrativ as Liberais 10,00% 19,00% Técnicas Fonte: Dados do Questionário 4.3. Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único Para análise da satisfação dos clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo com a qualidade na prestação de serviços, recorreu-se à análise das médias obtidas através da escala de satisfação com a qualidade dos serviços, incluída no questionário, cujos resultados se apresentam no quadro 8. De acordo com os resultados observa-se que, em média, os clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo mostraram-se, em termos globais, satisfeitos com a qualidade dos serviços assim como com todas as dimensões da qualidade dos serviços (Imagem Global da Organização, Envolvimento e Participação, Acessibilidade e Produtos e Serviços). A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 60 Fazendo uma análise dos factores de cada uma das quatro dimensões, observa-se que, quanto à dimensão Imagem Global da Organização, os clientes do BAU, mostraramse em média, satisfeitos com os factores desta dimensão, porém pouco satisfeitos com o factor relacionado com a flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área de atendimento têm para resolver as situações individuais. Em relação à dimensão Envolvimento e Participação, os clientes do BAU, mostraram-se em média, igualmente satisfeitos com factores desta dimensão, embora se mostrem pouco satisfeitos com o factor relacionado com a existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web). Na dimensão Acessibilidade, os clientes do BAU, mostram-se em média, satisfeitos com todos os factores desta dimensão, porém insatisfeitos com o factor facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento. Igualmente se mostraram pouco satisfeitos com os factores relacionados com o nível de acessibilidade para deficientes e carros de bebés (rampas de acesso, elevadores); com a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços presencialmente através de Multibanco; com os sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis on-line, etc); com a existência de balcões de atendimento em serviços descentralizados; com a existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas (linha verde) e por fim com a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através de Multibanco. Finalmente, relativamente à dimensão Produtos e Serviços, os clientes do BAU, mostraram-se satisfeitos com os factores desta dimensão, embora pouco satisfeitos com os factores tempo de resposta às solicitações e tempo de resposta às reclamações. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 61 Quadro 6: Médias do Nível de Satisfação da Amostra DIMENSÕES Imagem Global da Organização Desempenho da Organização Cortesia dos colaboradores que lidam com os clientes no local de atendimento ao público Cortesia dos colaboradores que atendem os clientes os clientes por telefone Igualdade de tratamento praticado na organização Flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área do atendimento tem para resolver as situações individuais Melhorias implementadas recentemente na organização Impacto da organização na qualidade de vida dos cidadãos/clientes Receptividade Envolvimento e Participação Possibilidade de sugerir melhorias Aplicação de inquéritos para conhecer as críticas e sugestões de melhoria dos cidadãos relativamente aos produtos/serviços prestados Aplicação de inquéritos para conhecer as necessidades e expectativas dos cidadãos/clientes no desenvolvimento de novos produtos/serviços Existência de vários canais para sugestões (presencialmente; por escrito; por telefone e via web) Existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web) Acessibilidade Localização do serviço: proximidade de transportes públicos Facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento Nível de acessibilidade para deficientes e carros de bebés (rampas de acesso, elevadores) Horário de atendimento Informação disponível no local de atendimento Possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente através de Multibanco Sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis on-line, etc) Existência de balcões de atendimento em serviços descentralizados Existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas (linha verde) Nível de simplificação dos formulários (clareza da linguagem, acessibilidade, facilidade de preenchimento) Possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através de Multibanco Produtos e Serviços Satisfação global com os serviços prestados Clareza da informação Qualidade dos esclarecimentos prestados por telefone Qualidade dos esclarecimentos prestados presencialmente Qualidade dos produtos/serviços (correspondência com o esperado) Tempo de resposta às solicitações Tempo de resposta às reclamações Acessibilidade a informação Satisfação Global N 98 96 Mínimo 1,50 1 Máximo 5,00 5 Média 3,6018 3,56 Desvio Padrão ,76763 ,982 96 1 5 3,61 1,030 66 1 5 3,67 1,028 93 1 5 3,59 1,076 98 1 5 3,27 1,248 90 95 92 97 86 1 1 1 1,00 1 5 5 5 5,00 5 3,80 3,75 3,64 3,6074 3,63 ,962 ,989 1,023 ,96492 1,006 84 1 5 3,73 1,101 88 1 5 3,72 1,124 90 1 5 3,54 1,308 91 1 5 3,38 1,405 98 91 1,20 1 5,00 5 3,5045 3,90 ,83504 1,116 93 1 5 2,80 1,348 88 1 5 3,25 1,510 94 91 1 1 5 5 4,13 3,86 ,907 1,081 86 1 5 3,44 1,444 85 1 5 3,04 1,322 85 1 5 3,45 1,210 87 1 5 3,45 1,404 94 1 5 4,01 1,032 88 1 5 3,27 1,544 96 95 93 72 94 88 93 82 94 98 1,00 1 1 1 1 1 1 1 1 1,50 5,00 5 5 5 5 5 5 5 5 4,98 3,4937 3,61 3,66 3,64 3,79 3,50 3,17 2,90 3,62 3,5511 ,97957 1,188 1,175 1,154 1,135 1,155 1,411 1,366 1,254 ,70978 Fonte: Análise do Autor A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 62 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os achados do presente estudo apontam, em termos gerais, para um elevado nível de satisfação com qualidade na prestação de serviços ao público da amostra dos clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo em relação a todas as dimensões analisadas. Auger (1998) refere que nas últimas duas décadas do século XX, as administrações públicas evoluíram consideravelmente em matéria de prestação de serviços públicos. Toonen e Raadshelders (1997) argumentam que nos vários países, as reformas nas administrações públicas apresentaram, simultaneamente, uma convergência de princípios (convergência que está presente na própria linguagem utilizada na reforma – todos descentralizam, todos empregam os modelos da teoria da gestão, todos parecem abraçar as virtudes da sociedade civil, todos empregam princípios como os da produtividade, da eficiência, da eficácia, do controlo da despesa pública, da transparência, do aumento do controlo político democrático e do aumento da participação dos cidadãos). Estes resultados são compatíveis com os estudos efectuados por Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) no qual foram identificados critérios que servem de base a avaliação da qualidade dos serviços e a satisfação dos clientes. Carr e Littman (1992) afirmam que a satisfação existe quando o cliente considera que a qualidade do serviço que lhe foi prestado iguala ou supera as suas expectativas. Dito de outro modo, a satisfação do cliente surge quando as características ou os atributos específicos que este espera que existam num determinado serviço estão efectivamente presentes. Os índices de satisfação dos clientes apresentados pela amostra deste estudo podem dever-se ao facto de os clientes perceberem que a qualidade de um serviço pode ser afectada por duas espécies de qualidade desse serviço: a qualidade técnica ou objectiva e a qualidade humana ou subjectiva conforme defende Moller (1997). A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 63 Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que a finalidade última de qualquer processo de mudança numa organização pública é aumentar a satisfação dos cidadãos clientes, o que é conseguido através de uma melhoria dos serviços que lhes são prestados. Na terminologia da qualidade, cliente é todo aquele (pessoa ou entidade) que recebe produtos ou serviços de uma determinada organização. A orientação para o cidadão-cliente é o aspecto nuclear da qualidade. O cidadão é o princípio e o fim da actividade da administração pública. Deve ser considerado, cliente porque é destinatário de serviços, quer porque é o seu financiador, enquanto contribuinte. A utilização do termo “cliente” no sector público convida a que se trate o cidadão como tal, satisfazendo as suas necessidades. Os resultados do presente estudo são ainda compatíveis com o estudo efectuado por Cwikla (2001) onde analisou a Qualidade de Atendimento em Hotéis Luxo da foz do Iguaçu e concluiu que os clientes, de uma forma geral, tiveram uma boa impressão quanto ao atendimento que lhes foi prestado e que voltariam a hospedar-se nestes hotéis. Contrariamente aos resultados acima descritos, Adam (2003) no seu estudo sobre o “Atendimento ao Publico – A Realidade do Banco Internacional de Moçambique apontam para um nível de atendimento preocupante, não existindo participação dos trabalhadores na tomada de decisão em assuntos que os afectam. Os resultados do estudo efectuado por Adam (2003) permitem-nos frisar relativamente ao presente estudo, que é importante o envolvimento de todos os trabalhadores em todos os assuntos inerentes ao bom funcionamento do BAU. É necessário ainda que os níveis de comunicação sejam eficientes em todos os sentidos e que o acesso a informação por parte dos clientes seja suficiente, o que contribuíra para a eficácia e satisfação dos clientes em relação ao atendimento prestado. Os resultados encontrados no presente estudo mostram-se ainda contrários ao estudo efectuado por Bié (2006) relativamente a “Implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade para Melhoria do Atendimento em Serviços” que apontaram para uma falta de cultura de qualidade de atendimento por parte dos operadores turísticos bem como por parte dos trabalhadores do ramo. Estes achados, comparativamente ao presente estudo, permitem-nos verificar que as organizações, em particular o BAU, devem fazer com que os seus colaboradores passem por um treinamento sistemático em matéria de atendimento, A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 64 acolhimento aos clientes, línguas assim como outros aspectos relacionados com relações públicas, marketing como forma de melhorar a qualidade de atendimento prestado por esses colaboradores e, consequentemente, a satisfação dos seus clientes. Apesar de em termos gerais os resultados do presente estudo apontarem para uma tendência de satisfação dos clientes em relação a todas as dimensões analisadas, existem aspectos que se devem tomar em consideração na análise dos resultados encontrados nas referidas dimensões. Relativamente à dimensão sobre a Imagem Global da Organização o factor inerente a flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área do atendimento tem para resolver situações individuais, revelou-se com uma tendência pouco satisfatória, o que pode significar que os colaboradores do BAU apresentam deficiências no que concerne ao factor em análise o que contribui para uma ma imagem do BAU. Para Mintzberg (1999), a tendência é, assim, para o surgimento de novos modelos organizacionais, com estruturas orgânicas, continuamente adaptáveis a novas situações, tecnologicamente inovadoras e receptivas à mudança, com modelos de decisão descentralizados e participativos, apelando a uma maior autonomia e responsabilidade por parte dos seus colaboradores. Zeithaml, Parasuraman e Berry (1990) identificaram dez critérios que servem de base à avaliação da qualidade dos serviços: tangibilidade, fiabilidade, rapidez, competência, cortesia, credibilidade, acessibilidade, comunicação e conhecimento do consumidor, o que significa que a qualidade do serviço pode ser avaliada pela discrepância entre as expectativas dos consumidores e as suas percepções existindo para isso quatro factores-chave que condicionam as expectativas dos consumidores nomeadamente: passapalavra, necessidades pessoais, experiência anterior e a comunicação externa. Castelli (2000) prossegue enfatizando que a qualidade no sector de serviços é obtida através da educação e do treinamento, e realça que existe uma estreita correlação entre o nível de educação, o treinamento dado aos colaboradores e a competitividade e A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 65 sobrevivência da empresa. Esta constatação significa que as empresas prestadoras de serviços devem apostar com mais ênfase na qualidade do elemento humano, uma vez que a excelência do serviço, condição da competitividade e sobrevivência da empresa depende de como esse elemento humano interage com os clientes. Segundo Wellington (1998:94): “funcionários, principalmente os que estão em posições mais próximas da linha de frente, ou em posições de contacto directo com os clientes, geralmente não “pensam no cliente” intuitivamente. Invariavelmente será necessário um processo de desenvolvimento para ajudar a transformar os comportamentos. A equação de capacitação é o coração desse tipo de processo”. Para um melhor entendimento, a autora (1998:114) explica que: “(...) a equação de capacitação: Comunicação + Treinamento + Motivação + Autonomia (Empowerment), produz funcionários capazes de pensar, decidir e agir com discernimento. Capacitação neste contexto, significa criar um espírito onde é normal responder positivamente às necessidades do atendimento ao cliente, independentemente das tarefas e funções. Poderá para isso ser necessário desmantelar velhas atitudes e comportamentos, para criar o contexto correcto e aberto para uma nova cultura, antes de embarcar num programa maior e mais abrangente de desenvolvimento e autonomia”. No que concerne à dimensão relacionada com o Envolvimento e Participação o factor relacionado com a existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web), revelou-se com uma tendência insatisfatória. Esta tendência significa, conforme observações do autor no BAU, que existem escassos canais para reclamações pois o autor verificou que, por exemplo, o canal telefónico é pouco usado para atender reclamações bem como por escrito e via web. A constatação acima é contrária à posição de Kernaghan (2000) de que o processo de modernização administrativa tem assentado, em grande medida, na implementação das TIC, tendo a administração vindo a desenvolver projectos como, por exemplo, serviços virtuais em linha dirigidos à disponibilização de informação e à prestação de alguns serviços. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 66 Oliveira, Santos e Amaral (2003), mencionam alguns serviços que as organizações públicas devem adoptar como suporte para a comunicação e obtenção de feedback dos cidadãos como o correio electrónico; as linhas telefónicas dedicadas ao apoio aos utentes e os livros de sugestões e reclamações. Por outro lado, tal como alertam Carapeto e Fonseca (2006) vários instrumentos podem ser usados pelas instituições públicas para obter feedback dos cidadãos-clientes como entrevistas de grupo, questionários de preenchimento e sondagens. Os resultados proporcionados por estes instrumentos, dotam a organização de uma estrutura sólida para fundamentar a tomada de decisões no plano dos esforços de melhoria dos serviços prestados e na distribuição dos recursos disponíveis. Para além disso, ficam em condições de gerir as expectativas dos cidadãos-clientes, quando estas não são realistas ou realizáveis, graças a uma melhor comunicação com os mesmos. Em relação à dimensão sobre a Acessibilidade, o factor relacionado com a facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento revelou-se com uma tendência insatisfatória. Esta tendência, segundo observações do autor no campo, pode, por um lado, significar que o BAU não tem criadas as condições que permitem o estacionamento dos automóveis para os seus clientes. Por outro, o problema da localização do BAU pode ser um factor que contribui para que não sejam criadas tais condições. Contrariamente, Carapeto e Fonseca (2006) defendem que a acessibilidade à organização é analisada, simultaneamente, sob duas perspectivas: a acessibilidade ao funcionamento da organização, que compreende tanto o acesso físico (presencial ou por telefone), como o acesso virtual; e a acessibilidade aos conteúdos da organização, em regra necessários para a obtenção dos serviços, que pode ser um acesso através do suporte de papel, electrónico ou multimédia. Outro factor que mereceu destaque dentro desta dimensão está relacionado com o nível de acessibilidade para deficientes e carros para bebés (rampas de acesso, elevadores) que se revelou com uma tendência igualmente baixa pois de acordo com as observações do autor, não se verifica no BAU a existência de condições de acessibilidade para deficientes. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 67 Igualmente, o factor relacionado com a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente ou através de Multibanco revelou-se pouco satisfatória pois, embora se possa efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente, verificou-se que não existe a possibilidade de efectuar o pagamento de nenhum serviço através de Multibanco. Ainda dentro desta dimensão, o factor relacionado com a existência de sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis on-line) revelou-se igualmente com uma tendência pouco satisfatória. Esta tendência está directamente relacionada com o facto de não serem divulgadas as actividades ou informações relativas ao BAU através de sistemas interactivos como correio electrónico e formulários disponíveis on-line. A existência de tais informações ou actividades em sistemas interactivos contribuiria sobremaneira para passar uma imagem de qualidade ao BAU e consequentemente a satisfação dos seus clientes. Sobre este assunto, Oliveira, Santos e Amaral (2003), recomendam que as organizações públicas usem a Internet como um canal de excelência para a divulgação de informação mas, essencialmente, como veículo de comunicação, interacção e obtenção de feedback por parte dos cidadãos. Um outro factor que também registou uma tendência insatisfatória, está relacionado com a existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas (linha verde). Esta baixa tendência está relacionada com o facto de, conforme as observações do autor, de não existir no BAU nenhuma linha telefónica para esclarecimento de duvidas. No que concerne a este aspecto, Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que saber onde obter um serviço é, para o cidadão, uma necessidade concreta, e prestar essa informação é a primeira medida para promover a acessibilidade às organizações públicas. Acrescentam ainda que, uma sondagem nacional realizada no Canadá pela Rede de Serviços Centrados nos Cidadãos, evidenciou que “As linhas telefónicas estavam ocupadas” foi a principal dificuldade apontada. Este, tal como os restantes obstáculos A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 68 poderiam ilustrar perfeitamente as experiências vividas por muitos cidadãos no seu relacionamento com a administração pública. Um último factor que igualmente revelou uma tendência insatisfatória, relaciona-se com a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços on-line e através do Multibanco. Esta baixa tendência deve-se ao facto de no BAU não existir a possibilidade de pagamento dos serviços por esta via. Sobre esta questão, Carapeto e Fonseca (2006) afirmam que a informação modifica sobremaneira a percepção da qualidade por parte dos cidadãos e para que isso aconteça as organizações públicas devem produzir e fornecer informação adequada e confiável aos seus cidadãos-clientes, usando para o efeito canais apropriados. Prosseguindo, enfatizam a importância das comunicações por via electrónica, onde referem que a boa utilização das tecnologias de informação e comunicação pelas instituições publicas deve servir não apenas a informatização dos processos internos, mas também a acessibilidade e a transparência para os cidadãos, sempre que estes necessitem de encontrar informação ou de dialogar com algum colaborador da organização. No que concerne à dimensão sobre os Produtos e Serviços o factor relacionado com o tempo de resposta às solicitações revelou-se com uma tendência muito baixa o que pode significar que os colaboradores do BAU são pouco eficazes na resposta às solicitações que lhes são feitas pelos clientes. Segundo Gogan (1998) o tempo de espera de um cliente para ver solucionadas as suas preocupações influencia na sua insatisfação daí ser este um factor importante de ser trabalhado para evitar clientes insatisfeitos e que, consequentemente, se tornam desleais à organização, optando por outros serviços de atendimento ao público. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 69 Ainda nesta dimensão, o factor inerente ao tempo de resposta às reclamações revelou-se também com uma tendência muito baixa, no âmbito deste estudo, o que igualmente pode levar-nos a crer que os colaboradores da área de atendimento do BAU são pouco eficientes no que concerne ao factor em análise. De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2005) uma reclamação de um cliente pode constituir algo mais que um grave problema. Se um cliente que reclama é ignorado ou tratado inadequadamente, pode converter-se numa séria ameaça para a confiança que toda a organização deve desenvolver entre os seus clientes actuais e potenciais. Estes autores sustentam ainda que as acções de muitas organizações tendem a confirmar este pessimismo. Em muitas ocasiões, as organizações e os organismos da administração pública mantêm-se a defensiva e as reclamações são por norma atendidas a um nível hierárquico muito baixo. Ainda segundo estes autores, se as reclamações dos clientes forem tratadas correctamente, este mesmo cliente pode representar uma mais valia para a organização na medida em que fará passar para outros clientes essa informação. A forma como as organizações respondem as reclamações afecta fortemente os níveis de satisfação e a lealdade dos seus clientes. Enfatizam ainda que se as reclamações forem tratadas eficazmente, possibilitam a oportunidade as organizações de reter clientes que, de outra maneira, teriam trocado de organização; eleva os níveis de satisfação dos clientes; aumenta positivamente a informação “boca-a-boca” e obtém uma valiosa informação sobre as causas subjacentes da insatisfação. Por outro lado, as organizações devem encarar adequadamente as reclamações bem como comunicar estreitamente com cliente para aumentar os níveis de satisfação deste. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 70 6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES O propósito deste trabalho de investigação foi o de analisar a qualidade dos serviços prestados pelo Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo. A partir da disponibilidade dos clientes externos e da abertura propiciada pelo BAU, podem-se tirar as seguintes conclusões em relação aos objectivos definidos como norteadores do presente trabalho: Em termos gerais os clientes do Balcão de Atendimento Único mostram-se bastante satisfeitos com a qualidade dos serviços prestados; As dimensões da qualidade dos serviços: Imagem Global da Organização; Envolvimento e Participação; Acessibilidade e Produtos e Serviços, analisadas neste estudo, apontam para um nível de satisfação bastante elevado; Embora em termos gerais os clientes do Balcão de Atendimento Único se mostrem bastante satisfeitos com a qualidade dos serviços por este prestado, existem alguns aspectos críticos que devem merecer consideração por parte do BAU, uma vez que se revelaram insatisfatórios dos quais se citam: a flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área do atendimento têm para resolver as situações individuais; a existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web); a facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento; nível de acessibilidade para deficientes e carros de bebés (rampas de acesso, elevadores); a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente através de Multibanco; a existência de sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis on-line, etc.); a existência de uma linha telefónica para o esclarecimento de dúvidas (linha verde); a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através de Multibanco; o tempo de resposta as solicitações e o tempo de resposta as reclamações. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 71 Por fim, os índices de satisfação constituem uma medida da qualidade dos serviços e o presente estudo revela que o Balcão de Atendimento Único tende a caminhar nesta direcção necessitando, no entanto, de tomar em consideração aos aspectos críticos para melhorar os níveis de qualidade dos serviços. Tendo em conta os resultados alcançados na presente pesquisa, as seguintes sugestões, quer para a instituição pesquisada, quer para futuros estudos, tornam-se pertinentes. Para a instituição pesquisada: Assegurar que os colaboradores BAU tenham maior flexibilidade na resolução de questões individuais apresentadas pelos clientes; Assegurar que existam mecanismos para a introdução de diferentes canais para reclamações (presencialmente, por escrito, por telefone e via web); O BAU deve, em colaboração com outras instituições, a adequar um espaço para o estacionamento dos automóveis dos seus clientes; Garantir que existam níveis de acessibilidade para deficientes e carros de bebés mais adequados tais como rampas de acesso e elevadores (embora não seja este o caso), etc; Encontrar mecanismos para o pagamento dos serviços solicitados presencialmente através de Multibanco; Disponibilizar sistemas interactivos para divulgação de actividades/informações (correio electrónico, formulários disponíveis on-line, etc.); Assegurar a existência de uma linha telefónica permanente para esclarecimento de dúvidas e prestação de informações (linha verde); Garantir que exista a possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através do Multibanco; e Assegurar que o tempo de resposta às solicitações e reclamações seja o mais breve possível e com maior eficácia e eficiência. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 72 Para futuros estudos: Avaliação das falhas, isto e, da distância entre o serviço esperado e o percebido, ou da incapacidade da administração em formular níveis de qualidade de serviços que correspondam as percepções das expectativas do cliente e da inabilidade para traduzi-las em especificações exequíveis; Os serviços foram avaliados no contexto genérico, um estudo mais aprofundado pode ser realizado a partir destes resultados, pormenorizando “atributos” de qualidade para o cliente em serviços cujas avaliações tem alto grau de importância; A possibilidade de estender este estudo a outras instituições do Aparelho de Estado de modo a testar os achados obtidos com esta pesquisa. A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 73 REFERÊNCIAS 1. Adam, M. I. (2003). Atendimento ao Público – A Realidade do Banco Internacional de Moçambique (Monografia de Licenciatura). Maputo: ISPU. 2. Amboni, N. F. (2002). Qualidade em serviços: dimensões para orientação e avaliação das bibliotecas universitárias federais brasileiras (Tese de Doutoramento). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. Recuperado a 18 de Junho, 2007 de http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/2999.pdf. 3. Anderson, K., Zemke, R.. (1995). Fornecendo um super serviço ao cliente. Rio de Janeiro: Campos. 4. Angelim, G. P. (2002). Sistema nacional de avaliação da satisfação do usuário do serviço público. VII Congresso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 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A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 77 ANEXO 1 – Instrumento de Pesquisa Questionário de Satisfação para Cidadãos/Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo Identificação da Organização: Data: _____/_____/______ O presente questionário destina-se à recolha de dados sobre a Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo com a Qualidade dos serviços prestados. Instruções de resposta ao questionário: A procura da melhoria contínua, com vista a uma cada vez melhor prestação do serviço público, é o principal compromisso estabelecido na nossa organização. Por conseguinte, a sua opinião é fundamental para que possamos criar novas alternativas e oferecer um atendimento cada vez mais eficaz. Não há respostas certas ou erradas relativamente a qualquer dos itens, pretendendo-se apenas a sua opinião pessoal e sincera. Este questionário é de natureza confidencial e anónima. A sua colaboração é fundamental para prestação de um Serviço de Atendimento de Qualidade no Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 78 1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito. 1. IMAGEM GLOBAL DA ORGANIZAÇÃO Grau de Satisfação Satisfação com… 1 2 3 4 5 Registe aqui as suas sugestões de melhoria Desempenho da organização Cortesia dos colaboradores que lidam com os clientes no local de atendimento ao público Cortesia dos colaboradores que atendem os clientes por telefone Igualdade de tratamento praticado na organização Flexibilidade e autonomia que os colaboradores da área do atendimento têm para resolver as situações individuais Melhorias implementadas recentemente na organização Impacto da organização na qualidade de vida dos cidadãos/clientes Receptividade 1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito. 2. ENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO Grau de Satisfação Satisfação com… 1 2 3 4 5 Registe aqui as suas sugestões de melhoria Possibilidade de sugerir melhorias Aplicação de inquéritos para conhecer as críticas e sugestões de melhoria dos cidadãos relativamente aos produtos/serviços prestados Aplicação de inquéritos para conhecer as necessidades e expectativas dos cidadãos/clientes no desenvolvimento de novos produtos/serviços Existência de vários canais para sugestões (presencialmente; por escrito; por telefone e via web) Existência de vários canais para reclamações (presencialmente; por escrito; por telefone e via web) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 79 1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito. 3. ACESSIBILIDADE Grau de Satisfação Satisfação com… 1 2 3 4 5 O que falta para que o seu grau de satisfação seja 5? Localização do serviço: proximidade de transportes públicos Facilidade de estacionamento do automóvel perto do local de atendimento Nível de acessibilidade para deficientes e carros de bebés (rampas de acesso, elevadores) Horário de atendimento Informação disponível no local de atendimento Possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados presencialmente através de Multibanco Sistemas interactivos de divulgação das actividades/informações (por exemplo: correio electrónico, formulários disponíveis on-line, etc) Existência de balcões de atendimento em serviços descentralizados Existência de uma linha telefónica para esclarecimento de dúvidas (linha verde) Nível de simplificação dos formulários (clareza da linguagem, acessibilidade, facilidade de preenchimento) Possibilidade de efectuar o pagamento dos serviços solicitados on-line e através de Multibanco 1 = Muito Insatisfeito, 2 = Insatisfeito, 3 = Pouco Satisfeito, 4 = Satisfeito e 5 = Muito Satisfeito. 4. PRODUTOS E SERVIÇOS Grau de Satisfação Indicador 1 Satisfação global com os serviços prestados 2 3 4 5 O que falta para que o seu grau de satisfação seja 5? 2 Clareza da informação Qualidade dos esclarecimentos prestados por telefone Qualidade dos esclarecimentos prestados presencialmente Qualidade dos produtos/serviços (correspondência com o esperado) Tempo de resposta às solicitações Tempo de resposta às reclamações Acessibilidade à Informação 2 (Licenciamento e prestação de serviços; Administração, Finanças e Recursos Humanos; Planeamento, Estatística e Cadastro; Informática) A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 80 Muito obrigado pela sua colaboração. Identificação: Idade: __________________ Profissão: _____________________ Sexo: __________________ Habilitações: _____________________ A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços Celso Edson Lourenço Sitoe 81 ANEXO 2 – Credencial A Satisfação dos Clientes do Balcão de Atendimento Único da Cidade de Maputo como um Indicador de Qualidade dos Serviços