EM SANTA CRUZ, QUALIDADE DO AR É EXCELENTE Pelo menos foi o que apontou um estudo feito pela Unisc sobre o nível de poluição do ar no município Fernanda Mallmann Apesar do crescimento e do desenvolvimento industrial que Santa Cruz do Sul alcançou nos seus quase 130 anos de história, a cidade ainda mantém sob controle aspectos que interferem na qualidade de vida da população. Um deles é o nível de poluição do ar. Um estudo feito pela Unisc, envolvendo o Mestrado em Tecnologia Ambiental e os cursos de Química Industrial e de Engenharia Ambiental, revelou que a qualidade do ar que se respira na cidade é excelente, segundo os dois principais parâmetros de medição de poluição. A pesquisa foi desenvolvida a partir do mês de agosto, com a coordenação da professora do mestrado e do Departamento de Química e Física, Rosana Schneider. Durante três meses, o aluno da Química Industrial Thiago Rassier, o acadêmico e bolsista da Engenharia Ambiental Fabrício Weiss e a mestranda em Tecnologia Ambiental, Luciane Ribeiro, fizeram amostragens do ar em seis pontos da área urbana de Santa Cruz do Sul. No total, foram reunidas 16 amostragens, de 24 horas. Para diagnosticar o nível do ar, foi feita a sua determinação de dióxido de enxofre (SO2) e das suas Partículas Totais em Suspensão (PTS). Estes poluentes foram selecionados para análise ambiental em função de serem de fontes antropogênicas e naturais. Como fonte antropogênica de dióxido de enxofre e PTS tem-se os processos industriais que utilizam algum tipo de queima, atividades industriais, entre outros. Uma vez emitido, o dióxido de enxofre pode reagir com vários oxidantes presentes na atmosfera e formar sulfato particulado, na forma de gotas de ácido sulfúrico, contribuindo para a produção da chuva ácida e comprometendo a qualidade das condições ambientais. Já as partículas em suspensão apresentam uma composição bastante complexa. Podem ter compostos orgânicos ou inorgânicos, sendo provável a presença de hidrocarbonetos derivados do carvão a partir de combustão incompleta, cinzas inorgânicas da combustão de combustíveis sólidos, sulfato de amônio da conversão de dióxido de enxofre e, mais localizadamente, por emissões industriais ou poeira de construções e atividades agrícolas. Os resultados obtidos mostram que a concentração de dióxido de enxofre não superou 9 µg/m³ (microgramas por metro cúbico) encontrando-se assim dentro dos limites estabelecidos pela Resolução 003 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que determina para padrão secundário que a concentração de dióxido de enxofre na atmosfera, não deve ultrapassar a média aritmética anual de 40 µg/m³, e com 24 horas de amostragem, não deve superar os 100 µg/m³, mais que uma vez ao ano. Já as concentrações de material particulado, foram de 54,5 ± 16 µg/m³ e também indicam que o ar em Santa Cruz do Sul apresenta, em PTS, valores menores que o padrão secundário definido pelo Conama, que prevê como sendo de 60 µg/m³ a concentração média geométrica anual e a concentração média de 24 horas como 150 µg/m³, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. Caso os índices fossem acima da média, conforme a professora Rosana, os efeitos seriam sentidos pela população, que sofreria com problemas respiratórios. Continuidade A pesquisa terá continuidade em 2007. De acordo com Rosana, a intenção é ter uma amostragem maior, incluindo períodos da safra do fumo, onde a atividade industrial é mais intensa no município. Mesmo assim, a expectativa é de que os padrões não se alterem significativamente. “As indústrias aqui têm equipamentos de controle da poluição. Por isso, os índices se mantém dentro dos níveis”, destaca. Apesar das médias estarem no padrão hoje, segundo a professora, é preciso estar alerta. Um aumento no número de indústrias e da atividade industrial e o não uso de equipamentos controladores de poluição por parte das empresas, aumentará os índices, comprometendo a qualidade do ar.