XIII Coloquio de Gestión Universitaria
en Américas
Rendimientos académicos y eficacia social de la
Universidad
EXPERIÊNCIAS DE “VIRTUALIZAÇÃO” EM DISCIPLINA
SEMIPRESENCIAL: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE ESSE NOVO
PARADIGMA CULTURAL PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR
Rogério Patrício Chagas do Nascimento - UFAM
Juan José Marti Noguera - UAN
Resumo. Este artigo descreve duas experiências com a oferta na modalidade
semi-presencial de uma disciplina de graduação comum a vários cursos de
graduação na Instituição X (assim identificada para efeitos da revisão cega
dos artigos). São apresentados alguns conceitos que refletem este novo
paradigma de ensino, bem como os elementos centrais das experiências, que
são então analisadas a partir do resultado de questionários de avaliação e
dos registros das interações realizadas no Ambiente Virtual de Aprendizagem
utilizado. Os resultados evidenciam erros e acertos da proposta e orientam a
discussão sobre melhorias e ampliação da mesma.
Palavras-chave: educação semipresencial; ensino de graduação; AVA
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1. Introdução
Freire e Schuch [2010] indicam que o uso crescente e a apropriação das tecnologias da
informação e comunicação (TIC) em geral e da Internet, em particular, por amplos
setores da população têm provocado mudanças sociais significativas nos últimos anos
definindo-se o que se pode destacar como um novo paradigma cultural para a educação
superior. Assim, o crescente interesse na aplicação de TIC nas atividades relacionadas
ao ensino e aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior (IES) tem induzido ao
rompimento com métodos e metodologias tradicionais cristalizadas com o tempo.
Inovar o ensino é abrir-se para um mundo de possibilidades oferecidas pelas novas
tecnologias [Molin, 2010].
Desde a década de 90, a propagação da Internet nas IES e a popularização de
tecnologias para apoiar a educação facilitaram a expansão e estruturação de ações para
Educação a Distância. Dentre os suportes trazidos pelos novos recursos tecnológicos
para o cenário educativo, destacam-se os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA),
que incorporam um conjunto de ferramentas de software para comunicação, interação,
organização de conteúdos, gerenciamento de processos e várias outras atividades típicas
do desenvolvimento de cursos como os ministrados nas IES.
Nesse contexto, o presente artigo relata uma experiência de transposição da
modalidade presencial para semipresencial, da disciplina Informática Instrumental
desenvolvida no ensino de graduação de diversos cursos da Instituição X. Na Seção 2
caracteriza-se o processo de “virtualização”. Na Seção 3 são apresentados os resultados
do acompanhamento das disciplinas nas duas experiências analisadas. Na Seção 4 são
evidenciadas as perspectivas de prosseguimento deste trabalho.
2. Virtualização - Um Novo Paradigma Cultural para a Educação Superior
O conectivismo como proposta teórica na educação mediada pela tecnologia [Siemens,
2004] implica uma aprendizagem desde a ótica dos meios em espaços virtuais
interativos, a qual supõe uma construção de conhecimento atípica versus outros
modelos pedagógicos. Rochefort y Richmond [2011] referem-se à exigência social para
que as universidades se responsabilizem pela criação de ambientes virtuais que não
somente prepare estudantes para entrar no mercado de trabalho atual, mas que também
garanta um acesso contínuo e à sua própria atualização, tanto de conhecimentos como
de competências em interrelacionar conceitos e aplicá-los na prática.
Com o modelo conectivista, possivelmente o aluno aprende a ter controle de sua
própria aprendizagem, a compartilhar o que vai aprendendo, a sintetizar o que foi
encontrado e a atualizar seus conhecimentos, modificando tantos os seus esquemas
mentais, como os mapas cognitivos que possuem sobre o ambiente virtual,
desenvolvendo o raciocínio dedutivo, o indutivo e o cotidiano pelo tipo de conteúdos e
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pelo ambiente digital com os que estudam. Assim como a criatividade, dada a grande
variedade de formatos manipulados, a novidade dos mesmos e às novas configurações
que são geradas no espaço compartilhado entre uns e outros e construído coletivamente
para ser participativo [Rozo Peña, Prada,Cárdenas y Sáenz, 2010].
Desde a perspectiva legal, a oferta de cursos e disciplinas com carga horária total
ou parcial desenvolvida de forma não presencial – processo informalmente referido
como “virtualização”1 – tem ocorrido desde que a EAD foi regulamentada no Brasil.
Segundo o Ministério da Educação e Cultura [MEC, 2011], as bases legais para a
modalidade “a distância” foram estabelecidas pela Lei 9.394 de 20/12/1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB).
Desde o final dos anos 90, várias IES brasileiras começaram a utilizar AVA
baseados na Web em seus cursos de graduação presenciais, semipresenciais e a
distância. A Portaria MEC nº 2.253 de 18/10/2001 regulou parte dessa situação,
dispondo que as IES poderiam ofertar disciplinas dos cursos de graduação que
utilizassem em seu todo ou em parte, método presencial e que não excedessem 20% do
tempo previsto para integralização do respectivo currículo. Aquele objeto legal
possibilitou que muitas IES passassem a buscar formas de ampliar as fronteiras do
ensino presencial, embora não fosse suficientemente precisa em alguns elementos.
Em 10 de dezembro de 2004, passou a vigorar a Portaria MEC nº 4.059, que
revogou a 2.253. Nela, a modalidade passou a ser chamada explicitamente de
“semipresencial”, caracterizando as atividades que podem ser feitas a distância e
especificando que os 20% se referem à carga horária máxima total do curso. No Artigo
2º, a portaria prevê que a oferta das disciplinas deva incluir métodos e práticas de
ensino-aprendizagem, uso de tecnologias de informação e comunicação e incluir
encontros presenciais e tutoria. No parágrafo único do Artigo 2º fica ainda explícita a
necessidade de qualificação para os que vão exercer a tutoria à distância.
Em tal contexto, a virtualização é uma ação estratégica que vem ocorrendo em
várias IES brasileiras e se caracteriza pela oferta, na modalidade a distância (total ou
parcialmente), de disciplinas de cursos presenciais, utilizando a Web como plataforma
de comunicação e espaço de articulação de conteúdos e materiais didáticos. O chamado
sistema bimodal, ou semipresencial, vem sendo defendido por alguns autores,
especialmente Moran, Araújo Filho e Sidericoudes [Moran, 2005], como uma
flexibilização dos currículos, integrando atividades presenciais e a distância.
A edição Ibero-americana de Horizon 2010 mostrou a importância de que
“desde a perspectiva da docência e da pesquisa, estes meios permitem compartilhar
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A expressão refere-se ao uso de ambientes baseados na Web como plataforma para tais ações.
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informação acadêmica e profissional em diferentes formatos, abrindo a porta a
inumeráveis oportunidades de pesquisa social e educativa, assim como à
experimentação na criação de novos serviços a serem disponibilizados para a educação
superior” (García, Peña-López, Johnson, Smith, Levine y Haywood, 2010)
2.1 Virtualização da Disciplina Informática Instrumental
A IES onde a experiência ocorreu é credenciada para a oferta de cursos a distância e
participa de vários programas e ações do MEC no tema. Além disso, há pesquisadores
de várias unidades acadêmicas, especialmente no Instituto de Computação e na
Faculdade de Educação daquela instituição, que desenvolvem há muitos anos, pesquisa
no tema. A oferta de disciplina na modalidade semipresencial também já ocorreu em
diversas situações, mas sempre ficou restrita a cursos e unidades acadêmicas
específicas.
A disciplina “Informática Instrumental”, objeto da experiência aqui relatada,
diferencia-se por ser ofertada pelo Instituto de Computação a vários cursos de
graduação. Ela corresponde a um componente curricular comum a cursos nas áreas das
Ciências Exatas, Humanas e Biológicas.
Foi utilizado um AVA baseado no ambiente open-source Moodle [Moodle,
2011], que incorpora melhoras importantes, especialmente no que se refere ao trabalho e
gerenciamento de grupos e percepção no ambiente (awareness). Esse ambiente já é
utilizado no suporte a ações semipresenciais e a distância desenvolvidas em várias
unidades da Instituição X [Santos et al, 2007],[Sposito et al, 2008].
Durante a elaboração do conteúdo programático da disciplina, os professores
regentes definiram que todos os cursos seguiriam um conteúdo único. No entanto, este
conteúdo foi contextualizado para o curso ao qual a disciplina foi ofertada. A ementa
ficou dividida em sete tópicos genéricos: (i) A Internet e o poder das novas mídias
sociais; (ii) O computador e o mundo atual; (iii) Ambientes operacionais e computação
em nuvem; (iv) Edição de texto e trabalho colaborativo; (v) Editores de apresentação;
(vi) Planilhas eletrônicas; e (vii) Noções de bancos de dados.
Os conteúdos e atividades referentes a cada um dos tópicos foram modelados e
ajustados para o ambiente virtual, sendo que a cada tópico abordado o aluno tinha
contato com no mínimo um vídeo, uma apresentação, uma atividade avaliativa e um
fórum para interação entre professor, aluno e tutor. No projeto pedagógico de cada
curso, a ementa e demais informações referentes à disciplina foram modificadas,
destacando-se o objetivo de tornar o aluno autônomo na utilização das ferramentas da
informática em seu curso e na resolução de problemas em geral, além de encorajar o
trabalho colaborativo. A Figura 1 ilustra a estruturação dos conteúdos e atividades no
AVA utilizado.
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A equipe para o planejamento das atividades foi composta por três professores
do corpo docente do IComp e nove tutores que cumpriam Estágio em Docência no
mestrado do Instituto – garantindo a motivação dos mesmos nas atividades de tutoria.
Dentre os tutores, sete trabalharam exclusivamente com os alunos, um atuou como
administrador do AVA e o outro foi responsável pela análise dos registros no AVA para
o acompanhamento da experiência. Todos os envolvidos participaram de uma
capacitação com duração de 30h, oferecida pelo Centro de EAD da Instituição X..
2.2. Encontros Presenciais
Ao longo da disciplina, foram realizados sete encontros presenciais, correspondendo a
23,3% da carga horária total da disciplina. Nos horários de aula não presenciais, cada
tutor da turma estava presente no Laboratório de Virtualização, que dispunha de 30
computadores com acesso à Internet. Os tutores permaneciam disponíveis para atender
às dúvidas ou dificuldades que os alunos apresentavam ou discutir sobre o
desenvolvimento das atividades exigidas no AVA.
Figura 1. Fragmentos da estruturação da disciplina no AVA.
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No primeiro encontro presencial de cada turma houve a aula inaugural de
apresentação dos professores e tutores da disciplina, quando foram descritos a
metodologia, carga horária, cronograma, sistema de avaliação e apresentada uma
introdução sobre a Internet e seus componentes. No segundo encontro, realizado no
laboratório de virtualização, foi apresentado o ambiente utilizado para as aulas
semipresenciais, onde todos os alunos já haviam sido previamente cadastrados, e era
solicitado que cada aluno atualizasse o seu perfil.
No terceiro encontro, também no laboratório, foram exploradas buscas
avançadas na Web utilizando ferramentas e filtros do Google. O quarto encontro tratou
especificamente do recurso ‘Google Docs’ [GOOGLE DOCS, 2011] e o
compartilhamento dos documentos, abordando aplicações que utilizam computação em
nuvem. No quinto e sexto encontro presencial, mais próximo do final do curso, os
alunos apresentaram os resultados de um trabalho sobre a importância da informática
aplicada aos seus cursos. Nesses encontros houve a oportunidade dos alunos discutirem
todos os assuntos vistos até aquele momento, contextualizando a aplicação dos tópicos
de informática em cada curso.
Ao final das atividades no AVA, houve uma prova final teórica presencial
abrangendo todo o conteúdo tratado na disciplina. A prova correspondeu a 60% da nota,
sendo os outros 40% resultante das atividades desenvolvidas no AVA. A prova
presencial foi elaborada conforme os tópicos apresentados nos encontros presenciais os
quais também estavam disponíveis no ambiente.
Por ocasião da prova final, também foi utilizado um questionário não
identificado para investigar como os alunos avaliaram a proposta (disciplina ofertada na
modalidade semipresencial), bem como a metodologia, conteúdos e materiais utilizados.
Esses dados são mostrados a seguir.
3. Análise das Experiências Realizadas na Modalidade Semipresencial
Para uma melhor caracterização desse trabalho, somente foram consideradas as edições
da disciplina realizadas com mais de 300 alunos inscritos. Assim, este trabalho relata
duas experiências realizadas nos anos de 2011 e 2012.
Na verdade, temporalmente, essas experiências foram a segunda e a quarta
edição da disciplina de Informática Instrumental. A primeira experiência foi ofertada
para sete turmas, totalizando cerca de 350 alunos do ensino de graduação dos cursos de
Agronomia, Biotecnologia, Ciências Contábeis, Engenharia Civil, Odontologia,
Química Diurno e Química Noturno. Já na segunda experiência (ou quarta edição da
disciplina), foram inscritos cerca de 300 alunos e ofertadas seis turmas para os cursos
de Agronomia, Biotecnologia, Engenharia Civil, Química Diurno, Ciências Contábeis
Diurno e Noturno.
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As tabelas e gráficos a seguir, têm por objetivo mostrar os resultados dessas
experiências e, a partir dos mesmos, identificar pontos positivos e negativos, bem como
suas causas e possibilidades de correção.
3.1 Análise da Primeira Experiência Realizada em 2011
Na questão referente à maior dificuldade do aluno para cursar a disciplina na
modalidade semipresencial, todos os cursos apontaram o item “Necessidade de
Organização Pessoal”, como está ilustrado na Figura 2. Isso se deve ao fato de que a
gerência de tempo e prioridades na disciplina é de responsabilidade do aluno. O acesso
periódico, a verificação das tarefas, o cumprimento dos prazos estabelecidos, a
participação crítica nos fóruns, a análise das contribuições dos colegas e a atenção às
orientações do professor, demandam tempo e organização.
Outro aspecto importante ilustrado na Figura 3 é a expectativa de alguns alunos
no que diz respeito ao contato com o professor. Ao serem questionados sobre os
critérios de avaliação dos tutores e professores, somente 15% de todos os alunos indicou
discordância. Alguns alunos reclamaram que notas diferentes eram dadas para membros
de um mesmo grupo nas atividades solicitadas ao grupo. As situações que poderiam
gerar tais diferenças estavam, contudo, descritas nos critérios apresentados pelos
professores, o que evidencia a dificuldade de alguns alunos na compreensão do que era
esperado na atividade. Por exemplo, uma atividade que solicitava citar (apenas
mencionar) um exemplo de banco de dados na área do curso não foi diretamente
entendida por alguns alunos. E, em outro caso, o desenvolvimento de uma atividade que
requeria colaboração foi classificada como de “alta dificuldade”, uma vez que requeria
mais do que a simples divisão de tarefas.
Dentre a maioria que concordou com os critérios adotados para a composição
da nota, há depoimentos (espontâneos) que evidenciam a necessidade de adequação a
esse novo paradigma de ensino-aprendizagem, como expõe X et al (2011) quando cita
um aluno da turma de Ciências Contábeis: “No começo foi um pouco estranho, afinal
foi uma experiência nova uma matéria semipresencial. Para quem está acostumado a
frequentar as aulas regularmente gera um pouco de acomodação as aulas virtuais, daí
o porquê de alguns alunos assim como eu não cumprirem todos os prazos de envio das
atividades (...)”. Na mesma atividade, outro aluno comenta: “a praticidade com que se
aprende é excepcional, pois no ritmo de vida cada vez mais corrido estudar entre um
intervalo e outro é uma excelente oportunidade. (...)”.
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Figura 2. Maiores dificuldades dos alunos em 2011.
Figura 3. Análise dos alunos sobre os Critérios de Avaliação em 2011.
3.2. Algumas Reflexões sobre a Primeira Experiência que foram incrementadas ou
melhoradas para a Segunda Experiência
O grupo que conduziu essas experiências de virtualização concorda que, do ponto de
vista das estratégias e procedimentos possíveis, a prática semipresencial é bastante
promissora nas IES. Melhorias e ajustes precisam ser feitos para tornar o aprendizado
do aluno mais autônomo e proativo. Um aspecto muito positivo é a característica
própria da disciplina em estudar novas tendências e tecnologias aliadas à área do
conhecimento em cada curso. Embora não esteja expresso nas tabelas e gráficos da
seção anterior, a existência de infraestrutura adequada, com apoio presencial e virtual
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(no AVA) do tutor no laboratório foi frequentemente citada como elemento importante
para o sucesso das atividades desenvolvidas na disciplina.
Durante a primeira experiência, os encontros presenciais acabaram por ficar
muito concentrados no início da disciplina, o que pode ter ocasionado desmotivação por
parte de alguns alunos. Uma alternativa pensada foi distribuir mais equilibradamente as
aulas durante o semestre e aumentar a carga horária dos encontros presenciais. Por
exemplo, durante a segunda experência foi distribuído um encontro a cada unidade (da
disciplina). E as dúvidas sobre as atividades planejadas em cada unidade foram
esclarecidas presencialmente ao final de cada encontro. O conteúdo restante da
disciplina foi acompanhado “virtualmente” pelo tutor.
Tratando-se do acompanhamento e avaliação da primeira experiência, a equipe
de tutores e professores observou que houve muitas atividades com a correspondente
geração de várias notas parciais. Em alguns casos, alunos que fizeram as primeiras
atividades obtendo 100% de aproveitamento, depois abandonaram as outras atividades
parciais, evadindo-se do AVA, possivelmente pensando que já tivessem notas
suficientes para aprovação no “componente virtual” da nota, e somente comparecendo
para a prova presencial. Já na segunda experiência, considerou-se tal fato e criaram-se
espaços destinados exclusivamente à informação do desempenho individual e coletivo a
cada estágio da disciplina. E a cada encontro presencial, procurou-se dar uma
explicação verbal de como a nota estava sendo construída.
Durante a primeira experiência também foi detectado que o enunciado de
algumas atividades precisava ficar mais claro, especialmente para os alunos calouros ou
os alunos ainda pouco habituados com os termos mais específicos das tecnologias.
Portanto, antes do início da segunda experiência foram corrigidas as sintaxes e
semânticas de todas as atividades programadas no sistema.
A falta de prática na colaboração foi um aspecto previsível. Entretanto, a
amplitude com que isso se manifestou e as consequentes dificuldades provocadas
mesmo em tarefas simples, como a construção de um documento sequencialmente
ordenado, sugeriu que na segunda esperiência deveria haver uma abordagem
colaborativa ao longo de toda a disciplina. E que algumas abordagens colaborativas
poderiam ser de grande valia aos estudantes. Destre essas, por exemplo, as estratégias
de colaboração no Wikis do Moodle adotadas no trabalho de Abegg et al [Abegg et al,
2009]. No entanto, devido à dificuldade de implementação do Wiki no Moodle, optouse por não se implementar essa abordagem na segunda experiênca. Quiçá, num futuro
próximo, seja mais fácil e factível.
Ainda na primeira experiência, também percebeu-se o quanto foi importante
atualizar, reavaliar e reestruturar os conteúdos da disciplina. Uma das motivações que os
alunos apontaram foram as novidades apresentadas, como o uso de redes sociais de
forma profissional e acadêmica, ou a construção de blogs para compilação de
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informações na área de interesse de cada curso. Assim, durante a segunda experiência,
buscou-se construir conhecimento sobre a importância da informática para cada curso
em questão. Inclusive, a construção dos blogues foi a principal abordagem colaborativa
utilizada pelos grupos de alunos fora do ambiente de aprendizagem.
3.3 Comparação Entre as Duas Experiências Realizadas
Segundo a Tabela 1, pode-se verificar que algumas das ações citadas na seção anterior
surtiram efeito. Principalmente, na dificuldade descrita como “falta de contato com
professor” houve uma redução em 11 pontos percentuais. Não é o ideal, mas a simples
comprovação desse fato em 2011 já fez com que os professores ministrantes da
disciplina se preocupassem e dessem mais atenção a este item.
A segunda maior redução de dificuldade, em termos percentuais, deu-se devido
a um fator externo. Na verdade, uma questão técnica relativa à região onde foi realizada
a pesquisa. De maneira geral, a infraestrutura de conexão das operadoras de
telecomunicação com a Internet melhorou de um ano para o outro. E, portanto, as
queixas quanto ao acesso à Internet caíram de 27% para 18%.
Também se destaca o sentimento dos alunos relativos à sua própria organização
pessoal. Na segudna experiência, ao longo da disciplina, os tutores preocuparam-se em
sempre intervir e lembrar sobre a observância na qualidade das contribuições. Nesse
aspecto, o acompanhamento dos tutores ajudou o aluno a perceber a necessidade de
melhorar a gerência de seu tempo de modo a acompanhar as atividades propostas. Essa
pode ter sido a razão da dificuldade citada como “organização pessoal” cair de 45%
para 39%.
Maiores Dificuldades
2011
2012
Necessita de bastante organização pessoal
45%
39%
Falta de contato com o professor
38%
27%
Problemas na utilização do ambiente AVA
4%
5%
Problemas com o acesso à Internet
27%
18%
Outros fatores
11%
39%
Tabela 1. Maiores dificuldades dos alunos em 2011 e 2012.
Em “Outros fatores” foram citados novos aspectos como: “fazer as atividades
em casa”, “manter o foco e entregar as atividades no prazo” e “ter força de vontade
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para acessar o ambiente sozinho”. No fundo, de uma maneira geral, estas dificuldades
também podem ser considerados no item “organização pessoal”. E certamente serão
consideradas nas edições futuras da disciplina.
Outro dado importante que foi detectado diz respeito à pergunta direta sobre se o
estudante gostaria de repetir a experiência no formato semipresencial ou presencial. Em
2011, 72% responderam que escolheriam o paradigma semipresencial. E, em 2012, esse
número manteve-se praticamente constante aumentando para 73% dos entrevistados.
3.4 Novas Sugestões Advindas da Segunda Experiência Realizada em 2012
As informações das tabelas apresentadas a seguir foram coletadas após o final da
segunda experiência aqui relatada. Assim como os dados relatados na Tabela 1, nas
Tabelas 2 e 3 os alunos podiam escolher mais de uma opção, por isso o somatório
das percentagens podem ultrapassar os 100%.
Na Tabela 2 são descritas quais foram os temas estudados que os alunos
consideravam mais importantes para a continuação das suas vidas acadêmicas e
profissionais.
Ambiente AVEA (seja usando o ColabWeb ou outra versão customizada do
Moodle)
15%
Blogues (seja usando o Blogger ou outra aplicação Web)
25%
Computação nas Nuvens (seja usando o Dropbox ou outra aplicação na nuvem)
18%
Edição Colaborativa de Documentos (usando o Google Docs ou outro pacote
pago)
35%
LibreOffice (antigo BrOffice)
23%
Bancos de Dados
25%
Planilhas Eletrônicas
53%
Editores de Apresentação (seja usando o MS PowerPoint ou outro aplicativo)
47%
Pesquisa Avançada do Google
20%
Outros
22%
Tabela 2. Temas considerados mais importantes
Destacam-se como respostas as “Planilhas Eletrônicas” (53%), os “Editores
de Apresentação” (47%) e a “Edição Colaborativa de Documentos” (35%).
Seguidos pelos “Blogues” e “Bancos de Dados”, ambos com interesse de 25% dos
entrevistados.
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Ainda na Tabela 2, um número que chamou a atença foi o interesse da
“Computação em Nuvem”. Apenas 18% achou importante para o seu futuro. Isso
nos mostra que talvez a importância desse tema não tenha sido adequadamente
trabalhada.
Na tabela 3 são descritas quais outros conceitos, aplicações ou ferramentas
de software os alunos gostariam de aprender na disciplina Informática
Instrumental. O item que os alunos demontraram mais iteresse foi o “como usar as
redes sociais profissionais” (37% dos respondentes). Essa procura já era prevista,
principalmente pelos registros no ambiente sobre questões relativas à segurança e
privacidade das das suas informações nessas redes.
Para a grata satisfação dos pesquisasores, os outros itens mais solicitados
foram “bases de dados acadêmicas” (30%) e “como entcontrar bons artigos
científicos” (32%). O que reflete o interesse do aluno em descobrir como enocntrar
informações fidedignas sobre a sua área e o seu curso. Inclusive, esta percentagem
destoa um pouco dos 20% de importância dada à “pesquisa avançada do Google”
relatados na Tabela 2. Ou seja, os alunos estão dando mais valor às fontes das
informações do que propriamente ao aprender a como filtrar informações avulsas.
Ainda na Tabela 3, no item “outras sugestões” foram listados como sugestão o
“Linux” e a “Lógica de Programação”. E a maioria que indicou este item não listou
nenhum novo tema.
Formas de acesso à Internet
17%
Benefícios do Twitter e seu uso profissional
17%
Como usar Redes Sociais Profissionais (LinkedIn, CV Lattes, etc.)
37%
Noções de Segurança e Privacidade em Redes Socias
31%
Bases de Dados Acadêmicas (Google Scholar, MS Academic Research, etc.)
30%
Como encontrar bons artigos científicos (Portal Periódicos da CAPES, Web of
Science, JCR, SCOPUS, etc.)
32%
Outras Sugestões
35%
Tabela 3. Sugestões de Temas que os Alunos Gostariam de Aprender
4. Considerações Finais
Neste artigo foram apresentadas duas experiências com abordagem semipresencial
utilizada na Instituição X. Ambas tiveram como objeto de investigação uma disciplina
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de graduação ofertada a distintos cursos daquela instituição. Tendo por base os
registros das interações realizadas no ambiente virtual utilizado e os questionários
respondidos pelos alunos ao final da disciplina, foram apresentados alguns aspectos
positivos e negativos encontrados, bem como algumas heurísticas para a melhoria da
segunda experiência.
As reflexões apresentadas na Seção 3 já sugerem alguns dos refinamentos
possíveis: a adoção de métodos e arquiteturas pedagógicas, que pressupõe equilibrar
componentes fundamentais: concepção pedagógica forte, sistematização metodológica e
suporte telemático [Carvalho et al, 2005] que favoreçam a aprendizagem colaborativa,
irá favorecer a redução do impacto das diferenças intra-cursos e a construção de
habilidades para o trabalho coletivo, possivelmente integrado a abordagens onde a
colaboração é “induzida” num esquema progressivo.
A análise exposta na Seção 3 vai continuar orientando as próximas edições da
disciplina Informática Instrumental, bem como a discussão sobre a sua adequação a
contextos e a outras disciplinas ofertadas pelo Instituto de Computação. Em expecial, os
novos aspectos relatados em 3.4 já foram contextualizados para a edição atual da
disciplina, agora no início de 2013.
É necessário também analisar estratégias para reduzir o impacto que a
heterogeneidade das turmas provoca no aproveitamento pelos alunos. Se por um lado é
inevitável que fatores como possuir computador doméstico com acesso à Internet
auxiliem no desenvolvimento de atividades, por outro é necessário que as atividades
sejam propostas prevendo um amplo espectro de possibilidades de participação e
aproveitamento.
É importante que haja em cada disciplina, um espaço para avaliação formativa
da mesma, para que o aluno coloque sua impressão sobre os trabalhos realizados, sobre
a metodologia e forma de avaliação, auxiliando tanto o acompanhamento das turmas
correntes quanto o contínuo planejamento das próximas edições da disciplina.
É possível concluir que a implementação das TIC traz grandes mudanças para os
alunos e professores em seu ensino e aprendizagem. A este respeito, Ito et al. (2010)
comentam que a experiência virtual de aprendizagem cria uma cultura compartilhada.
Assim, no contexto atual, apoiado por teorias e paradigmas em construção, um novo
modelo cultural vem se estabelecendo em sintonia com os processos de globalização
econômica e social. E embora tendo em conta Freire e Schuch (2010), o aumento do uso
e da apropriação da tecnologia digital e dos serviços da Internet em geral, tem
provocado mudanças sociais significativas, ainda que não esteja totalmente adaptado,
mas em um processo contínuo de evolução no qual é preciso avaliar resultados - como
indicado neste trabalho.
Referências
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Abegg, I.; Bastos, F. P.; Müller, F. M.; Franco, S. K. (2009) “Aprendizagem
Colaborativa Mediada pelo Wiki do Moodle”. Anais do XV Workshop de
Informática na Escola (WIE), Bento Gonçalves, RS.
Brasil, Ministério da Educação e Cultura. (2011) Decreto n. 2.494 de 10 de fevereiro de
1998. Regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei no. 9.394/96). Disponível em:
<http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/busca?q=Regulamenta+o+artigo+80+LDB
&s=legislacao>.
Carvalho, M. J. S., Nevado, R. A. e Menezes, C. S. (2005). Arquiteturas pedagógicas
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<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12778%
3Alegislacao-de-educacao-a-distancia&catid=193%3Aseed-educacao-adistancia&Itemid=865 >.
Freire, J. y Schuch, K. (2010), “Políticas y prácticas para la construcción de una
Universidad digital”, en La cuestión universitaria, nº 6, pp. 85-94. [Fecha de
consulta:
15/04/13]
Disponível
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García, I.; Peña-López, I.; Johnson, L.; Smith, R.; Levine, A. y Haywood, K. (2010).
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