MEMORIAL Em quase toda a minha trajetória como aluna, erroneamente, percebia o homem como ser natural: para compreendê-lo bastaria olhar para o seu “interior”. Acreditava na dicotomia entre indivíduo e sociedade. Não percebia que nós desenvolvíamos um “eu” referente a nossa sociedade. Estava sendo alvo – através do ensino – de uma psicologia ideológica. Ana M. Bahia Bock, no livro Psicologia Sócio-Histórica: uma perspectiva crítica em psicologia (2007), explica muito bem como essa “descolagem” do individua de sua realidade social e cultural constitui o processo ideológico da psicologia. A escolha do tema Indivíduo, Cultura e Sociedade Contemporânea está relacionada ao fato da minha tomada de consciência crítica, a partir do oitavo período, da existência dessa psicologia individualista. Já o nosso material empírico – o filme The Simpsons Movie (2007) – foi escolhido pelo fato dele ser tão crítico quanto a abordagem Sócio-Histórica. RELATO DO TRABALHO INDIVÍDUO, CULTURA E SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: identificando o personagem Homer Simpson do filme The Simpsons Movie (2007) RESUMO O filme dos Simpsons (2007) que é baseado na série homônima, é uma comédia em desenho animado muito inteligente que aborda, criticamente, questões importantes da sociedade contemporânea. Homer, um dos personagens, se destaca pelo modo como se comporta. É um sujeito que apresenta atitudes bastante sintomáticas e questionáveis. Ele é, de acordo com a Psicologia Social Crítica, um produto-produtor da sociedade estadunidense atual. Essa abordagem crítica diz que para compreender um indivíduo não podemos desconectá-lo de seu contexto sócio-histórico particular, pois a compreensão do mundo interno exige a compreensão do mundo externo. Quando se conhece o mundo psicológico estamos conhecendo o mundo social e vice-versa. Tendo em vista esse embasamento teóricoepistemológico, esta pesquisa buscou analisar no filme The Simpsons Movie (2007) as facetas identitárias de Homer Simpson para responder quem é ele . Por isso, houve a necessidade de entender o mundo social em que o personagem está inserido, ou seja, conhecer a história e cultura da sociedade estadunidense atual. Com base nos resultados desta pesquisa, algumas características da cultura estadunidense foram representadas pelo personagem no filme, proporcionando-lhe uma identidade cultural estadunidense, como: pensar só em si; valorizar mais os motivos pessoais que as obrigações sociais; sobressair-se, ser notado, ser o melhor, mesmo que cause dificuldade em relação aos outros; valorizar mais a realização individual que salvar e proteger outras pessoas; preconceito contra homossexuais; valorizar a célula familiar apenas no nível pais e filho; descrever pessoas de forma abstrata e fora de contexto; poluidor do meio ambiente; otimismo; flexibilidade social; passar horas assistindo televisão. Palavras-chave: Homer. Cultura. EUA. INDIVÍDUO, CULTURA E SOCIEDADE personagem Homer do filme Os Simpsons (2007) Autora: Marciele Araújo dos Santos Orientador: Prof. Ms. Ricardo Ferreira de Souza Maia Banca Examinadora: Prof. Esp. José Batista da Rocha Prof. Esp. Kátia Regina dos Santos Silva CONTEMPORÂNEA: identificando o “A compreensão do ‘mundo interno’ exige a compreensão do ‘mundo externo’, pois são dois aspectos de um mesmo movimento, de um processo no qual o homem atua e constrói/modifica o mundo e este, por sua vez, propicia os elementos para a constituição psicológica do homem.” (Ana Mercês Bahia Bock, 2001) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................5 1.1 Os Simpsons: breve histórico de um desenho animado 1.2 Indivíduo, cultura e sociedade na perspectiva da Psicologia Social Crítica conectada aos Estudos Culturais. 1.3 A sociedade estadunidense contemporânea 1.4 Homer Simpson como ator social: as representações de “eu” no cotidiano estadunidense atual 2 PROBLEMAS E OBJETIVOS .......................................................................................13 2.1 Problema 2.2 Objetivos 2.2.1 Geral: 2.2.2 Específicos: 3 PROCEDIMENTOS ........................................................................................................14 3.1 Material 3.2 Análise do filme 3.2.1 Análise da estrutura da narrativa 3.2.2 Análise da narrativa do filme 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................16 4.1 Análise da estrutura da narrativa 4.1.1 The Simpsons Movie (2007): à guisa de sinopse 4.1.2 Resultado e discussão da análise da estrutura da narrativa do filme The Simpsons Movie (2007) 4.2 Análise da narrativa legendada 4.2.1 O “eu” independente de Homer Simpson 4.2.2 Homer e os Estados Unidos 4.2.3 A transformação de Homer Simpson 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................26 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................29 5 1 INTRODUÇÃO A identidade cultural do personagem Homer Simpson, no filme The Simpsons Movie (2007), afigura-se como temática particular deste trabalho acadêmico. Escolhemos, para embasamento teórico-epistemológico desta pesquisa, o olhar crítico da Psicologia SócioHistórica conectada aos Estudos Culturais. A escolha se deve ao fato dos Estudos Culturais abrirem caminhos para as pesquisas em Psicologia Social contemporânea, pois a recente abertura desta psicologia a esta perspectiva, representa uma nova forma para quem se interessa em compreender questões relativas à subjetividade e às identidades no mundo contemporâneo. O nosso material empírico, o filme The Simpsons Movie (2007), é um caso a parte quando se trata de filme em desenho animado, pois é uma das comédias mais inteligentes e controvertidas produzidas hoje em dia. Homer Jay Simpson, um dos personagens, se destaca pelo modo como se comporta. É um sujeito que apresenta atitudes bastante sintomáticas e questionáveis que, a nosso ver, merecem ser estudadas de forma crítica. Isto é, aquela crítica produzida pela Psicologia Social Contemporânea vinculada aos Estudos Culturais. O personagem é, também, muito engraçado e bastante popularizado pela mídia televisiva e, ultimamente, pelo cinema, o que vem despertando o interesse por ele na nossa sociedade globalizada. Portanto, a nosso ver, a análise psicossocial do personagem Homer nos ajudará a refletir sobre certas características da sociedade contemporânea, principalmente tendo-se em vista que Homer Simpson é, na perspectiva teórico-epistemológica da Psicologia Social Crítica, um produto-produtor da atual sociedade estadunidense. Através dessa perspectiva, nós analisamos, de uma forma geral, as facetas identitárias do personagem Homer Simpson ao longo do filme The Simpsons Movie (2007). Mais especificamente, nós observamos, criticamente: o contexto sócio-histórico em que se encontra inserido o personagem; identificamos e descrevemos analiticamente as características psicossociais de Homer; e por fim, identificamos, também, o processo da construção social do personagem. Então, sabendo que Homer Simpson é um produto-produtor da sociedade estadunidense contemporânea e que isso o torna, para a perspectiva da Psicologia Social Crítica, um autêntico representante dela, buscamos saber aqui, diante desse pressuposto teórico-epistemológico quem é o personagem Homer do filme The Simpsons Movie (2007). 6 Para analisá-lo tivemos que percorrer alguns caminhos. Primeiramente conhecemos a história e as características do desenho dos Simpsons, pois nosso material empírico, o filme The Simpsons Movie (2007), provem dele; depois passamos a entender a teoria a qual nos fundamentou, sem ela nosso trabalho perderia a cientificidade e, por fim, tivemos que entender um pouco do universo sócio-cultural estadunidense, o qual o personagem Homer Simpson faz parte. Só assim, obtivemos subsídio suficiente para fazer a análise psicossocial de Homer. 1.1 Os Simpsons: breve histórico de um desenho animado “Essa é uma das grandes coisas em Os Simpsons - se você lê alguns livros, entende melhor as piadas.” Matt Groening “Escrevemos para adultos inteligentes.” David Mirkin Os Simpsons está no ar há mais de 18 anos, tudo começou em 1985 quando Matt Groening desenhou a Família Simpson a pedido do produtor de TV James L. Brooks que queria a criação de uma família maluca e engraçada para a televisão. Os rascunhos dos personagens Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie foram construídos em aproximadamente 15 minutos enquanto Groening aguardava a conversa com Brooks. Dois anos depois (1987), o criador dos Simpsons emplacou sua criação no programa de humor de Tracey Ullman como uma série de curtas de 30 segundos. A reação dos telespectadores foi tão positiva que o desenho evoluiu para um programa, estreando como um especial de Natal de meia hora em 17 de dezembro de 1989 – O Prêmio de Natal, 1989. No ano de 1990, Os Simpsons se regulariza como série. Esse desenho finalmente chegou ao cinema em julho e agosto de 2007 depois de 20 anos e 400 episódios. Os Simpsons é, na verdade, um seriado de desenho animado norte-americano dos mais inteligentes hoje em dia. Keslowitz (2007, p. 5) diz que “nenhum desenho animado aborda questões importantes da sociedade contemporânea com o enfoque crítico singular que Os Simpsons utiliza numa base semanal”. De acordo com Santos (2004, Internet), assuntos polêmicos que envolvem a cultura e o estilo de vida dos nortes-americanos são tratados e posicionados nessa série, 7 refletindo, assim, a realidade estadunidense e uma grande parte da cultura ocidental, principalmente dos países cuja influência cultural dos EUA é mais perceptível, como, por exemplo, o Brasil. Muitas questões sérias foram abordadas no programa como, por exemplo, a segurança envolvendo a energia nuclear, o ambientalismo, a imigração, os direitos dos homossexuais, as mulheres nas forças armadas e assim por diante (CANTOR, 2005, p. 153154). Os Simpsons pode ser considerado, para alguns que desprezam a série, apenas um desenho sobre um bobão e sua família ou, até mesmo, uma diversão inconseqüente. Mas, na verdade, se ele for assistido com atenção revelará uma sofisticada crítica social. Keslowitz (2007) diz que muitas universidades dos Estados Unidos estão, hoje em dia, oferecendo cursos baseados nessa série com a finalidade de destacar as questões discutidas nela. Por exemplo, a Tufts University que ministrou um curso chamado “Os Simpsons e a Sociedade” explorando a forma como Os Simpsons reflete e influencia vários aspectos da vida na sociedade contemporânea. Homer, o pai da família Simpson, leva o nome do pai do criador do desenho, como também os outros Simpsons têm o nome de alguém da família Groening (Matt Groening é o criador do desenho Os Simpsons) (IRWIN; LOMBARDO, 2005, p. 85, Internet). A participação de personalidades, atores ou cantores dublando sua própria voz é comum nesse desenho animado. Keslowitz (2007, p. 8) diz que “Os Simpsons teve convidados especiais mais do que qualquer outra série” e que o motivo dele atrair tantos convidados está na sua natureza satírica. Segundo ele, um convidado supõe que será ridicularizado, mas, mesmo assim, aparecem várias vezes ao programa por compreender que a atração é extremamente bem escrita. Os episódios da série Os Simpsons levam em média seis meses para serem animados. Segundo Keslowitz (2007), cada episódio merece ser consumido repetidamente porque os roteiristas montam o programa com uma quantidade espantosa de detalhes intrincados. Além disso, essa série é rica em diversos aspectos tais como alusões, sátiras, referências, ironia e paródia. 8 1.2 Indivíduo, cultura e sociedade na perspectiva da Psicologia Social Crítica conectada aos Estudos Culturais. “Nada pode ser compreendido fora da ação social.” D. Harvey “Toda a ação social é cultural.” S. Hall A Psicologia Social Crítica recebe outras qualificações como: Psicologia Social Histórico-Crítica e Psicologia Sócio-Histórica. Ela surgiu através de críticas à psicologia social “tradicional”. Denunciou o individualismo da Psicologia como sendo um desses mecanismos perpetuadores da ideologia dominante e acusou a centralidade do conceito de indivíduo na Psicologia Social tradicional, onde se toma o indivíduo como a realidade primária, a partir da qual se desenvolve a interação social e a sociedade. Para a Psicologia Social Crítica não se pode desconectar o indivíduo de seu contexto sócio-histórico particular (LANE, 2001). Os estudos culturais é um campo de estudos de aspectos culturais da sociedade contemporânea, onde diversas disciplinas se interseccionam, sendo assim, um campo interdisciplinar (ESCOSTEGUY, 1998). Segundo Guareschi; Medeiros; Bruschi (2003), os Estudos Culturais devem ser vistos sob dois pontos de vista: o político (tentativa de constituição de um projeto político) e o teórico (com a intenção de construir um novo campo de estudos). A junção da Psicologia Social Crítica aos estudos culturais é uma transição para a pluralidade, pois passa de uma única disciplina para uma visão interdisciplinar. Diante dessa pluralidade, Bonin (2003) faz a relação entre indivíduo, cultura e sociedade. O autor diz que estudar a filogênese dos processos psicológicos não é suficiente para compreender o ser humano. Para isso, também é necessário - e de suma importância pesquisar como o indivíduo se constitui em um contexto sociocultural. Os comportamentos inatos do homem, aqueles que estão ligados à estrutura biológica, são moldados pela atividade cultural das outras pessoas com quem ele se relaciona, pois quando o ser humano nasce ele vai assimilar um sistema social criado pelas gerações já existentes através das inter-relações sociais, permitindo a ele desenvolver um “eu” ou pessoa (self). O indivíduo se controla pela auto-instrução falada, de acordo com sua auto-imagem ou imagem de si próprio. O controle 9 da fala sobre o comportamento se desenvolve a partir dos comandos da mãe sobre a criança (relação interpessoal) depois ela passa a se auto-instruir como deve se comportar (controle intrapessoal). O homem sai de uma relação interpessoal para um controle e planejamento intrapessoal da sua própria atividade. Assim, o homem é um produto-produtor da sociedade. É uma ilusão acreditarmos que o indivíduo é um estranho à sociedade, o seu verdadeiro eu não se isola, nem se enclausura dela. O indivíduo é concebido como produto da história, sociedade e cultura de seu meio e é também um ser intencional e criativo que está sempre mudando, capaz de mudar, coletivamente, o próprio processo cultural que o constituiu. 1.3 A sociedade estadunidense contemporânea “Se nós temos que usar a força, é porque somos a América. Somos a nação indispensável. Nós temos estrutura. Nós enxergamos mais longe em direção ao futuro.” Abright, 1997 “O que importa é o que nós queremos.” Bush, 2002 Fichou (1990), em sua obra “A Civilização Americana” fala de alguns traços característicos do povo estadunidense: a) Individualismo: tem o desejo de agir por si próprios, sem a tutela daqueles cujo ofício é ser responsável pelos outros. Esse traço supõe uma grande confiança em si, uma necessidade constante de agir correndo risco. O autor diz que esse é um dos traços mais constantes da civilização estadunidense. b) Abundância e esbanjamento: são traços tradicionais dos estadunidenses. c) Encantamento pelo futuro: esse povo é sempre nascente. A prospectiva, a antecipação, a fixação científica, que são histórias do futuro, são gostos deles. d) Otimismo: os adultos encorajam, hoje em dia, um otimismo razoável. Eles têm uma grande vontade de realização para resistir às crises conjunturais, por mais duras que sejam. e) Flexibilidade social: para melhorar de condição, eles não hesitam em mudar de profissão de residência ou de religião e isto em todas as classes, em graus mais ou menos diversos, de acordo com os períodos. 10 O autor atribui como virtudes dos estadunidenses os seguintes traços: adaptabilidade, flexibilidade, inventividade, otimismo, coragem, abertura para o mundo, individualismo. E como defeitos: violência, materialismo, superficialidade, agitação, aventurismo e ingenuidade. Maximiliano (2006), comenta como os estadunidenses de classe média vivem, se alimentam, fazem compras e sexo: Televisão - eles têm pelo menos três aparelhos em casa. Por dia, sua TV fica ligada durante 7 horas e 13 minutos. Cerca de 70% das creches têm salas de TV; carro - todos os estadunidenses de classe média têm um carro grande e mais de 85% deles têm mais de um carro na garagem; sexo – o lugar preferido deles para fazer sexo é no banco de trás do automóvel; esporte - Futebol é esporte de mulher, os homens preferem futebol americano, hóquei, beisebol e basquete. Para eles quanto mais violento for o jogo e comida na arquibancada, maior é a diversão; drogas - um em cada dois americanos já fumou pelo menos um cigarro de maconha. Eles são os maiores consumidores de cocaína e heroína além de serem os maiores produtores de metanfetaminas; shopping – existe cerca de 50 mil shoppings nos Estados Unidos. O estadunidense médio passa 6 horas por semana vendo lojas, atende cerca de 300 ligações de telemarketing por ano. Ele compra tanto que faz um garage sale (um feirão particular) para vender tudo o que comprou no mês passado e abrir espaço para novas aquisições; comida - 60 milhões deles são obesos. O McDonald's, depois do Papai Noel, é o personagem mais famoso do mundo infantil. Eles consomem três hambúrgueres e quatro pacotes de batata frita por semana; religião – eles são bastante religiosos. A população se divide em protestantes (52%), católicos (24%), mórmons (2%), judeus (1%), muçulmanos (1%), outros (10%) e ateus (10%); crime – eles têm a maior população carcerária do mundo, com 2 milhões de presos, e são o quarto país que mais condenou prisioneiros à pena de morte; lixo - Os americanos são apenas 5% da população mundial, mas geram 30% de todo o lixo do planeta. Em se tratando de lixo, os cidadãos dos países desenvolvidos produzem mais da metade da produção mundial do lixo urbano. A quantidade de lixo produzida em um país está diretamente associada ao grau de desenvolvimento econômico dele. Por isso os Estados Unidos, país mais rico do mundo, lidera o ranking dos maiores geradores de lixo per capita do mundo, ostentando a média de quase meia tonelada de rejeitos por habitante a cada ano (REYNOL, 2008, Internet). Fichou (1990) trata de outras características do estilo de vida estadunidense: nos Estados Unidos tudo se baseia na aquisição de bens, no sucesso individual e no lado material 11 da vida. Para eles a família e a herança no plano ideal contam menos que o sucesso pessoal, quando viajam para o exterior ficam surpresos pelos interesses que se dá ao passado: “os laços que ainda unem os três níveis de nossas famílias (avós, pais e filhos) lhes são estranhos, e a célula familiar só funciona em dois níveis: os avós [...], vivem alhures, frequentemente muito longe”. (p. 42); a casa não é feita para durar, o material é perecível que logo será ultrapassado e o teto é apenas um abrigo momentâneo; a cidade não é o resultado de superposições sucessivas; a língua estadunidense é agitada, apressada, modifica-se a ortografia para ganhar tempo. 1.4 Homer Simpson como ator social: as representações de “eu” no cotidiano estadunidense atual “O pai barrigudo e egocêntrico do desenho Os Simpsons é o retrato mais fiel do americano médio que o mundo já viu.” Adriana Maximiliano, 2006 “Homer representa tudo que há de certo e errado na América.” Steven Keslowitz, 2007 O cinema é um campo altamente rico para a pesquisa em ciências humanas, especialmente na área da Psicologia Social, pois através dele podemos compreender as complexidades do mundo contemporâneo. É uma ferramenta importante para conhecermos a sociedade, inclusive para analisamos a cultura (SILVA, 2008, Internet). Infelizmente, a utilização da obra cinematográfica como objeto de estudo para as ciências humanas é muito pouco investigado, apesar de não ser uma novidade (PASSARELLI, 2000). É uma pena, pois encontramos trabalhos excelentes que utilizaram esse material empírico para tratar de assuntos especialmente do campo da Psicologia Social, como, por exemplo, o trabalho de Michel Bruschi e Patrícia Medeiros encontrado no livro Psicologia Social nos Estudos Culturais (2003). Os autores utilizaram o longa-metragem escrito e dirigido por Kevin Smith – Procura-se Amy – para questionar as identidades de gêneros e sexuais dentro do campo dos Estudos Culturais e Estudos Feministas, na perspectiva pós-estruturalista, problematizando, assim, o discurso hegemônico acerca de uma identidade masculina e feminina. 12 Aqui, o filme The Simpsons Movie (2007) foi utilizado como material empírico para estudarmos as representações de “eu” manifestadas pelo personagem Homer Simpson e isso favoreceu uma reflexão sobre certas características da nossa sociedade contemporânea, mais especificamente a sociedade estadunidense atual. Embasado teórico-epistemologicamente na Psicologia Sócio Histórica, Homer, no filme The Simpsons Movie (2007), representa a sociedade estadunidense atual. Ele, como produto dessa sociedade, apresenta um “eu” referente a ela – o “eu” independente – e por isso tem suas atividades afetadas por este tipo de “eu” e que se compatibilizam com a cultura estadunidense. E como produtor de sua sociedade, o personagem muda a si e/ou o mundo ao seu redor. 13 2 PROBLEMAS E OBJETIVOS 2.1 Problema Homer Simpson é um produto-produtor da sociedade estadunidense contemporânea. O que o torna, na perspectiva da Psicologia Social Crítica, um autêntico representante dele. Diante desse pressuposto teórico-epistemológico, nos perguntamos aqui: quem é o personagem Homer do filme The Simpsons Movie (2007)? 2.2 Objetivos 2.2.1 Geral: Analisar, na perspectiva da Psicologia Social Crítica conectada aos Estudos Culturais, as facetas identitárias do personagem de desenho animado Homer Simpson no filme The Simpson Movie (2007). 2.2.2 Específicos: a) Observar as características psicossociais de personagem Homer Simpson, com vistas a identificá-las e descrevê-las analiticamente ao longo do filme The Simpsons Movie (2007); b) Analisar, criticamente, o contexto sócio-histórico em que se encontra inserido o personagem de desenho animado Homer Simpson no filme The Simpsons Movie (2007). c) Identificar, na perspectiva da Psicologia Social Crítica conectada aos Estudos Culturais, o processo da construção social do personagem de desenho animado Homer Simpson no filme The Simpsons Movie (2007). 14 3 PROCEDIMENTOS 3.1 Material Para esta pesquisa, foi utilizado o DVD original do filme The Simpsons Movie (2007) como material empírico. Isso possibilitou a elaboração da história do filme para a análise da estrutura da narrativa como, também, retirar os diálogos do personagem (legendado) para a análise do mesmo. 3.2 Análise do filme Para a análise do filme The Simpsons Movie (2007) seguimos a proposta de Graeme Turner, dentro do campo dos Estudos Culturais encontrado no livro Cinema Como Prática Social (1997). Primeiramente fizemos uma análise da estrutura da narrativa (não é muito vantajosa para examinar os detalhes de um texto) e posteriormente uma análise da narrativa legendada em português. 3.2.1 Análise da estrutura da narrativa Ao analisar a estrutura da narrativa deve-se levar em consideração que ela é um processo que passa por três etapas – a primeira é o ponto de equilíbrio estável ou estado de plenitude, essa é a etapa a qual as coisas estão calmas, tranqüilas, satisfatórias ou reconhecidamente normais; a segunda etapa é o estado de desequilíbrio que acontece quando o estado inicial, ou seja, o estado de equilíbrio ou plenitude é rompido por alguma força ou poder. O desequilíbrio só pode ser resolvido pela ação de uma força contrária à força que causou o desequilíbrio; a terceira e última etapa é justamente quando ocorre a restauração do equilíbrio ou plenitude. (TUNER;1997 apud BRUSCHI; MEDEIROS; 2003). 3.2.2 Análise da narrativa do filme Ao analisar a narrativa de um filme deve-se levar em consideração que o cinema é um sistema de significação. Os significados da narrativa de um filme não é uma propriedade essencial do texto cinematográfico em si, mas produto da leitura de um público. É ele quem 15 vai dar sentido aos filmes. “O filme não é nem mesmo o alvo final da pesquisa, mas parte de um argumento mais amplo sobre a representação (o processo social de fazer com que sons, imagens e signos signifiquem algo) no cinema e na televisão”. (TUNER;1997 apud BRUSCHI; MEDEIROS; 2003, p.223). 16 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Análise da estrutura da narrativa 4.1.1 The Simpsons Movie (2007): à guisa de sinopse O filme The Simpsons Movie (2007) inicia-se com a banda Green Day tentando falar para as pessoas de Springfield sobre a importância do meio-ambiente, mas falha, e seus intérpretes são mortos quando um lago poluído afunda o lugar onde eles se apresentavam. No funeral, Abe (o vovô, pai de Homer) tem uma visão de que algo terrível vai acontecer, mas só Marge o escuta. Lisa e um garoto irlandês chamado Colin decidem organizar um seminário para convencer as pessoas a limparem o lago, e conseguem. Enquanto isso, Homer desafia Bart a ir de skate nu até o Krusty Burger, mas Bart é pego pelo Chefe Wiggum. Depois disso, Ned Flanders conforta Bart depois da humilhação, enquanto Homer resolve adotar um porco do comercial do Krusty Burger. Homer deixa as fezes do porco num silo, e Marge o obriga a jogar fora. Atendendo o pedido de Marge, Homer vai até o Centro de Tratamento para Lixo Tóxico enfrenta uma longa fila, nessa hora ele recebe um telefonema de seu amigo que ligou para ele ir, o mais rápido possível, até a Loja de Rosquinhas, pois a vigilância sanitária fechou a loja e estavam distribuindo rosquinhas de graça, Homer fica impaciente e joga o silo no lago, deixando-o poluído. No lago, Flanders e Bart descobrem um esquilo mutante, que ficou assim graças ao lago poluído, e o esquilo é levado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (APA), cujo chefe, Russ Cargill diz ao presidente que Springfield é a cidade mais poluída dos EUA, então, o presidente, persuadido pelo chefe da APA, autoriza sem pensar a colocação de um domo de vidro em volta de Springfield. A população de Springfield descobre que Homer poluiu o lago que causou a confusão. Enfurecida, ela resolve matá-lo. A família Simpsons escapa por um buraco formado na casa deles e então, resolvem se mudar para o Alasca, onde vivem felizes. Russ Cargill vê que a população de Springfield está enlouquecendo e manipula o presidente, fazendo ele querer destruir a cidade. No Alasca, Homer e sua família vivem felizes, mas descobrem na TV que querem transformar Springfield no novo Grand Canyon e resolvem voltar para lá. Homer não aceita, pois estava muito feliz no Alasca, além das pessoas de lá quererem matá-lo na hora do ‘Access Hollywood’. Homer vai para um bar e quando volta para casa descobre que a família foi embora para Springfield com o propósito de salvar a cidade. Homer se 17 desespera e adormece no gelo. Em seguida ele recebe a ajuda uma Xamã e descobre numa visão que não pode viver sem amigos e família, e decide salvar Springfield. Em Springfield, Russ Cargill diz à população que a cidade será destruída, e abre um buraco no domo para jogar uma bomba lá dentro. Homer entra na cidade, pega Bart e uma motocicleta. Homer e Bart jogam a bomba no buraco do domo e salva a cidade. No final do filme, todos reconstroem Springfield. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). 4.1.2 Resultado e discussão da análise da estrutura da narrativa do filme The Simpsons Movie (2007) Primeira etapa (ponto de equilíbrio ou plenitude) – a população de Springfield tem uma vida reconhecidamente normal. Aqui aparecem duas forças contrárias, uma em direção ao desequilíbrio e outra em direção oposta. A força em direção ao desequilíbrio está no comportamento do personagem Homer Simpson e a força contrária está no comportamento de sua esposa Marge Simpson. Ela se preocupa com as visões do vovô, procura alertar Homer sobre o porco e pede para ele jogar o silo contendo os excrementos do porco dele em um lugar apropriado, já Homer, não liga para a alerta do vovô, adota um porco e joga o silo em um lugar desapropriado, no lago de Springfield. Segunda etapa (estado de desequilíbrio) – um domo é colocado em volta da cidade de Springfield para isolá-la do resto do mundo. Este fato causou uma grande mudança na vida dos moradores da cidade. O causador da ruptura do equilíbrio estável do início do filme foi o personagem Homer Simpson. A sua atitude de jogar um silo contendo excrementos de seu porco no lago de Springfield poluindo-o completamente fez com que o presidente dos Estados Unidos, Arnold Schwarzenegger, persuadido pelo chefe da Agência de Proteção Ambiental (APA), Russ Cargill, autorizasse, sem pensar, a colocação de um domo em volta de Springfield que ocasionaram alguns fatos significativos - fez com que a família Simpson fugisse para o Alasca devido Homer e sua família serem perseguidos pela população revoltada de Springfield; causou a destruição da cidade devido o isolamento e “enloqueceu” a população de Springfield, fato este, que posteriormente fez com que o presidente dos Estados Unidos, novamente persuadido por Russ Cargill, autorizasse novas medidas sem pensar. Desta vez foi a colocação de uma bomba dentro do domo para destruir completamente a cidade de Springfield e seus habitantes. A força unificadora é quando Marge decide ir embora do Alasca 18 para salvar Springfield e a força para manter a ruptura é quando Homer diz que não vai voltar para Springfield para salvar a cidade porque estava muito feliz no Alasca e que se danasse Springfield, além do que, as pessoas de lá queriam matá-los na hora do ‘Access Hollywood’. Terceira etapa (restauração do equilíbrio ou plenitude) – o novo equilíbrio ocorre quando Homer salva Springfield. Isso só aconteceu pelo fato dele ter tido uma epifania (percepção repentina de uma grande verdade) e descoberto que os outros são tão importantes quanto ele, decidindo, assim, voltar para Springfield com o propósito de salvá-la. Homer (com a ajuda de seu filho Bart) salvou a cidade jogando a bomba fora do domo e conseqüentemente quebrando-o em pedaços. Com esta atitude a cidade passa ser livre novamente, ele passa a ser novamente aceito pela população e a cidade é reconstruída. O processo da narrativa é circular, pois o segundo ponto de estabilização é igual ao primeiro. Note que a cidade deixou de ser isolada, a população de Springfield passou a ser livre, a família Simpson voltou a morar em Springfield e a cidade é reconstruída, ou seja, tudo volta a ser como era antes. Essa análise da estrutura da narrativa nos ajudou a encontrar, de uma forma geral, a construção de “eu” do personagem Homer Simpson. Mas Bruschi; Medeiros (2003 apud TUNER, 2003) adverte que essa abordagem estruturalista não é vantajosa para examinar os detalhes de um texto, pois o seu principal interesse é nas características que as narrativas têm em comum. Assim, posteriormente analisaremos os detalhes do texto do filme, pois são eles que nos possibilitaram a identificar e discutir analiticamente as representações de “eu” no personagem Homer Simpson. 4.2 Análise da narrativa legendada 4.2.1 O “eu” independente de Homer Simpson Bonin (2003) diz que o indivíduo constrói um “eu” referente à sua sociedade. Os Estadunidenses e os Japoneses, por exemplo, apresentam, atualmente, um “eu” diferente. Segundo o autor, as pessoas que se vêem autônomas e independentes, agem segundo atributos internos e tem habilidades e valores únicos, tem o “eu” mais enfatizado do que o “nós”. Ele denominou essa concepção de “eu” independente. Já as pessoas que agem de acordo com o que é esperado pelos outros, não se colocando em primeiro lugar e procurando harmonizar seus desejos e atributos pessoais com o de outrem, tem um “eu” que faz parte do grupo ou família. E a essa concepção Bonin denominou de “eu” interdependente. 19 Segundo o autor citado acima, atualmente, a cultura dos Estados Unidos tem característica de “eu” independente e a cultura japonesa apresenta características de um “eu” interdependente. É bom ressaltar que apesar da maioria dos países apresentarem uma pluralidade cultural, isto não quer dizer que eles não possuam características gerais, em que predominem certos valores devido a correlação de forças internas. Observando as oposições binárias do filme que significa, segundo Tuner (1997 apud BRUSCHI; MEDEIROS, 2003, p. 225) “um par de forças mutuamente excludente que geralmente estão presentes no conflito principal da estrutura da narrativa do filme”, podemos dizer que Homer Simpson está mais para um “eu” independente do que para um “eu” interdependente. Observe que as oposições binárias do filme estão construídas em relação às diferenças entre o “eu” de Marge e o “eu” de Homer. Marge se preocupa com o bem estar da população de Springfield, não se colocando em primeiro lugar, diferentemente de Homer que não está nem aí, na maior parte do tempo do filme, para os outros, só pensa em si, fato este que causou o estado de desequilíbrio do filme, tanto que a restauração do novo equilíbrio aconteceu quando ele teve uma epifania (percepção repentina de uma grande verdade) e percebeu que os outros são tão importantes quanto ele. Homer, assim como os estadunidenses, tem o “eu” mais enfatizado do que o “nós”, diferentemente de Marge. Segundo Bonin (2003), o tipo de “eu” afeta nas atividades dos indivíduos. Vejam a seguir três diálogos do filme The Simpson Movie (2007) em que as atividades do personagem Homer Simpson foram afetadas pelo seu tipo de “eu” (“eu” independente). (A família Simpson chega atrasada na igreja.) Marge: Detesto Chegar atrasada. Homer: E eu detesto vir. Por que não posso louvar ao Senhor do meu jeito rezando em desespero no meu leito de morte? Marge: Homer, eles podem ouví-lo lá de dentro. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). As pessoas de “eu” independente (característica da cultura estadunidense) valorizam mais seus motivos privados de coerência do que os papéis e obrigações sociais, diferentemente das pessoas de “eu” interdependente. (BONIN, 2003). No diálogo acima, nota-se que Homer valoriza mais os seus motivos pessoais que as obrigações sociais. Para ele é muito mais coerente ficar em casa e só rezar no leito de morte (motivo privado de coerência) do que ter que ir para a igreja fazer isso (obrigação social). Bart: Estamos no telhado. Poderíamos nos divertir. Homer: Divertir como? Bart: Que tal brincar de desafio? 20 Homer: Boa idéia. Eu o desafio... a subir na antena da TV. Bart sobe, e diz: Moleza. [...] Homer (carregando tijolos nas costa e levando tiros de Bart): Por que sugeriu isso? Muito bem. Passemos à prova de jogo. Eu desafio que você vá até o Krusty Burger e volte, de skate pelado. Bart: Quão pelado? Homer: Total.(THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Ser notado, se destacar, se firmar são outras características daqueles que tem o “eu” independente, se isso não acontece é um pesadelo. Para quem apresenta esse tipo de “eu”, sobressair-se, ser único elevando sua auto-estima é muito importante, mesmo que isto cause dificuldades em relação aos outros. Essas pessoas têm o desejo de ser o melhor do grupo, de ser tratado de maneira especial (BONIN, 2003). Percebe-se claramente no diálogo acima, uma competição entre Bart e Homer. Cada um, para sobressair-se topa o desafio do outro. Homer carrega tijolos nas costas, levando tiros de espingarda de seu filho e Bart, além de subir na antena da casa, vai até o Krusty Burger de skate pelado. Marge: É, eles vão destruir Springfield, mas nós vamos impedi-los. Homie, ponha a roupa. Homie? Homer: Estou feliz aqui (Alasca). Que se dane Springfield! Marge: Não acredito que possa ser tão egoísta. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Outro ponto tocado por Bonin (2003) é que as motivações das pessoas que apresentam o “eu” independente estão ligadas à necessidade de expressar realização individual. Eles procuram ser bem sucedido, realçar sua auto-estima e aumentar sua autorealização. Para eles não é muito importante demonstrar e desenvolver motivações sociais como por exemplo, “socorrer, proteger os outros, afiliar-se, procurar ser modesto e agir segundo expectativa de seus pares” (p. 69). Para Homer, assim como para as pessoas de “eu” independente a realização individual é muito importante. Note-se no diálogo acima que a felicidade de Homer no Alasca (realização individual) é muito mais importante que salvar a população de Springfield. Vimos através dos diálogos acima como a construção de “eu” do personagem Homer Simpson afetou em suas atividades e que esse “eu” (independente) é uma característica da cultura estadunidense. A seguir identificaremos outros pontos de identificação do personagem com a cultura dos Estados Unidos. 4.2.2 Homer e os Estados Unidos 21 O filme The Simpsons Movie (2007) se baseia na cultura dos Estados Unidos, visto que foi nesse país onde o filme foi criado, e é lá em que vivem Matt Groening - o criador do personagem Homer Simpson como também de todos os outros Simpsons - e os roteiristas do filme. Springfiled , onde se passa a maior parte da história do filme e onde mora a família Simpsons, representa uma cidade dos Estados Unidos. Veja abaixo alguns exemplos da cultura dos Estados Unidos que caracterizam a sociedade de Springfield: Música - o rock'n'roll faz parte da cultura dos Estados Unidos. Foi aí onde esse movimento musical surgiu, cresceu nos anos 1950 e avançou vertiginosamente até a atualidade. No filme dos Simpsons o rock'n'roll está presente. A banda de rock'n'roll, Green Day, dos Estados Unidos faz uma participação especial no filme e dublam sua própria voz (isso é comum no desenho dos Simpsons). Igreja – uma das primeiras cenas do filme se passa na igreja. Segundo Maximiliano (2006), nos Estados Unidos ir a igreja é uma obrigação. As pessoas de lá são bastante religiosas. A população se divide em protestantes (52%), católicos (24%), mórmons (2%), judeus (1%), muçulmanos (1%), outros (10%) e ateus (10%). A maioria é protestante, visto que muitos colonizadores da colônia da América do Norte (onde hoje se encontra os Estados Unidos) vieram da Inglaterra devido às perseguições da igreja Anglicana. Eram os puritanos, adeptos de uma seita religiosa radical para a época e descontentes com o Anglicanismo (religião oficial dos ingleses e do Rei Carlos I) (FUSER, 2006). Fast food – os estadunidenses consomem três hambúrgueres e quatro pacotes de batata frita por semana (MAXIMILIANO, 2006) a comida Fast Food também está presente no filme. Note como o Krusty Burger do filme se assemelha com o McDonald’s (restaurante de comida fast-food, construído na década de 1930 na Califórnia). Em algumas cenas encontramos a família Flander comendo batata frita ou Homer comendo sanduíches no Krusty Burger Homer é um cidadão de Springfield e como todo indivíduo ele é um produtoprodutor dela. Sendo Springfield uma cidade que representa os Estados Unidos, Homer é um autêntico representante da sociedade estadunidense. Vejam a seguir as representações de “eu” tipicamente dos Estados Unidos encontrada no personagem Homer Simpson (No decorrer do filme The Simpsons Movie (2007), analisando os detalhes do texto, encontramos muitas representações de “eu” tipicamente da cultura estadunidense. Falaremos aqui somente as mais significativas). 22 Reverendo Lovejoy: Hoje, gostaria de tentar algo diferente. Vou chamar um de vocês! (Todos que estavam no culto se abaixam assustados, tentando se esconder). Reverendo Lovejoy: A palavra de Deus mora em cada um de vocês. E quero que essa palavra saia. Deixem seu espírito... (Ned Flanders levanta a mão). Reverendo Lovejoy: o que foi Ned?. Ned Flanders: O Senhor está me dizendo para confessar algo. Homer: Gay, gay, gay. (cruzando os dedos e falando em voz baixa). (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). O preconceito homossexual existe nos Estados Unidos como também na maior parte do mundo, pois, culturalmente, a heterossexualidade é considerada a única identidade sexual natural, assim, para estas sociedades, todo mundo é ou deveria ser heterossexual (BRUSCHI; MEDEIROS, 2003). Quando Ned Flanders fala que o senhor diz para ele confessar algo, Homer cruza os dedos e deseja que seu inimigo vizinho diga que é gay, afinal se ele fosse gay seria diferente do normal (para sua cultura) e conseqüentemente ridicularizado. Vovô: Quero bananas nos meus Waffles. Homer: Não precisa dizer mais nada. Marge: Não vou deixar isso barato. (Todos saêm do carro, exceto Vovô, que ainda está enrolado no tapete). Vovô: Espere aí! Ainda estou no carro! Homer: Ah, é! (Abre a porta do carro e abaixa um pouco o vidro.). (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Nos Estados Unidos a célula familiar só funciona em dois níveis pais e filhos, os avós vivem alhures. Eles acham estranho o interesse que se dá ao passado dos outros países, é estranho, para eles, os laços de união entre avós, pais e filhos de outros países (FICHOU, 1990). Quando Homer desce do carro com sua esposa e filhos para comer Waffles esquecendo seu pai dentro do carro, faz o vovô reivindicar “Espere aí! Ainda estou no carro!” Essa atitude do vovô era para Homer voltar e desenrolá-lo do tapete para ir com eles comer Waffes, no entanto, Homer volta e abaixa um pouco o vidro e vai comer waffles com sua esposa e filhos. Isso representa claramente uma ruptura no laço avós, pais e filhos, sendo a cédula familiar apenas a nível de pais e filhos. Bart: As meninas podem ver meu bilau. Homer: Entendi. Então posso declará-lo frangote. No seu casamento eu vou cantar “Pó, Pó, Pó”. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). 23 Nos Estados Unidos é freqüente descrever outros indivíduos de maneira abstrata e fora de contexto como, por exemplo, chamar uma pessoa de mão de vaca em vez de pessoa que não gosta de contribuir (BONIN, 2003). Quando Bart se queixa do desafio proposto por Homer de ir pelado até o Krusty Burger. Homer o chama de frangote e imita uma galinha, essa é outra característica estadunidense encontrada em Homer, de descrever o outro de forma abstrata e fora do contexto. Uma outra cena em que Homer representa a cultura estadunidense é quando ele chega com o porco no Centro de Tratamento para Lixo Tóxico para dá um fim no silo. Nessa cena, Homer fica esperando em uma fila longa. Seu celular toca, ele procura e acha quando aperta a barriga do porco fazendo-o cuspir o aparelho celular: Homer: Alô. Lenny: Homer, você tem que vir para cá. A vigilância sanitária fechou a loja de rosquinha. Estão distribuindo rosquinha de graça! Homer: Meu Deus, meu Deus! Preciso fazer uma coisa primeiro. Lenny: É melhor se apressar. Está acabando. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Essa coisa que Homer precisa fazer é se livrar do silo. Então, depois dessa ligação, ele, em vez de esperar na longa fila, dirige até o Lago de Springfield, onde há diversos cartazes informando para não jogar lixo lá e joga o silo lá dentro poluindo-o completamente e vai embora. Logo em seguida um esquilo ameaçado por uma raposa entra no lago e sai um monstro com vários olhos. Os cidadãos dos países desenvolvidos produzem mais da metade da produção mundial do lixo urbano. A quantidade de lixo produzida em um país está diretamente associada ao grau de desenvolvimento econômico dele. Por isso os Estados Unidos, país mais rico do mundo, lidera o ranking dos maiores geradores de lixo per capita do mundo, ostentando a média de quase meia tonelada de rejeitos por habitante a cada ano (REYNOL, 2008, Internet). Segundo Maximiliano (2006), os estadunidenses são apenas 5% da população mundial, mas gera 30% de todo o lixo do planeta. Homer representa um desses cidadãos estadunidense, produziu uma grande quantidade lixo. E pensando só em si (“eu” independente), ele não pensa duas vezes e joga o lixo (silo) no Lago onde aos redores apresentavam cartazes informando que é proibido jogar lixo, essa era a solução mais fácil que ele encontrou para poder chegar mais rápido na loja de rosquinhas para se beneficiar comendo de graça. Homer: Eu sei que errei. Errei feio. 24 Marge: Muito feio! Estamos sem teto! Nossos amigos querem nos matar! Antes que possamos dividir o mesmo espaço com você preciso saber o que passou na sua cabeça quando não quis me ouvir e jogou o silo no lago. (Homer faz uma exprssão de não saber). Marge: Homer! Homer: Não sei o que dizer, Marge. Eu não penso nas coisas. Respeito quem faz isso, mas tento evitar o sofrimento diurno até poder entrar na cama ao seu lado. (Marge se emociona, mas tenta disfarçar). Homer: Sinto muito. Mas além de sentir muito eu tenho uma solução. Meu medo de entregar nossas vidas era tão grande que sempre tive um plano B. E este plano está bem aqui! (Homer mostra um cartaz com a imagem do Alasca e a seguinte frase “Alasca. Um novo começo.”). (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Fichou (1990) fala que o otimismo e a flexibilidade social são uma das características das pessoas dos Estados Unidos. Eles têm uma grande vontade de realização para resistir às crises conjunturais, por mais duras que sejam e para mudar de condição, eles não hesitam em mudar de profissão, de residência ou religião, são sempre nascente. Homer apresenta essas duas características. Em vez de ficar se lamentando por estar sem teto, não podendo voltar para Springfield porque seus amigos querem matar ele e a sua família, tem um plano, que é ir para o Alasca para começar de novo a vida. Isso revela uma grande vontade de realizar para superar os seus problemas, além de uma flexibilidade social, pois para mudar de vida ele não hesitou em mudar de residência. Homer: Marge, aquelas pessoas nos perseguiram com forcados e tocha. Tochas! Às 16h! Marge: Eram 19h. Homer: Foi durante ’Access Hollywood’ Marge: Que passa às 16h e às 19h. (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). A televisão é muito importante para os estadunidenses. Nos Estados Unidos os habitantes tem no mínimo três televisões em casa e ela fica ligada mais de 7 horas por dia (MAXIMILIANO, 2006). Aqui nos percebemos a importância da TV para Homer, assim como para os estadunidenses. Homer se queixa porque a população de Springfield perseguiu ele e sua família na hora do Access Hollywood, mesmo, passando na TV duas vezes ao dia. Além disso, no filme, Homer aparecer assistindo TV é um fato costumeiro. 4.2.3 A transformação de Homer Simpson O indivíduo é um produto de sua sociedade, mas é também um ser intencional e criativo que estar sempre mudando a si e/ou o mundo ao seu redor. O sujeito, em um diálogo 25 contínuo com os mundos culturais exteriores e com as identidades que os mundos oferecem, é formado e modificado. A identidade do indivíduo é na verdade uma identificação com as identidades oferecidas pelo seu meio, a qual o indivíduo entra e sai constantemente. Assim é Homer Simpson, o personagem aparece em quase todo o filme com características de um “eu” independente, mas no final do filme ele se transforma depois de ter tido um epifania (percepção repentina de uma grande verdade) e passa a ter características de um “eu” interdependente: Homer: Façam o que quiser comigo. Não estou mais nem aí para mim. Voz: Por que... Homer: Porque os outros são tão importantes quanto eu. Sem eles, não sou nada. Para me salvar tenho que salvar Springfield! É isso! Não é? (THE SIMPSONS MOVIE, 2007). Nesse diálogo, Homer passa a pensar mais nos outros. O seu “eu” deixa de ser mais enfatizado e passa a fazer parte do grupo ou família, além disso, a sua realização individual (felicidade no Alasca) passa a ser menos importante que socorrer os outros. Estas são características do “eu” interdependente. (BONIN, 2003). Somente essa mudança no “eu” do personagem possibilitou o novo equilíbrio do filme, fazendo tudo voltar a ser como era antes. Isso revela que no filme The Simpsons Movie (2007) o que é representado como bom (“eu” interdependente) é o oposto das características da própria cultura dos Estados Unidos (“eu” independente), assim, como no desenho dos Simpsons, o filme faz uma crítica à sociedade estadunidense. (O desenho Os Simpsons, se for assistido com atenção, revelará uma sofisticada crítica social aos Estados Unidos). E essa crítica, no filme, se faz através do “eu” do personagem Homer Simpsons. 26 5 CONCLUSÃO No filme The Simpsons Movie (2007), Homer Simpson, de uma forma geral, manifesta características sócio-culturais típicas da sociedade estadunidense atual. Springfield, cidade onde se passa a maior parte da história do filme e local onde reside o personagem Homer, representa uma típica cidade estadunidense. Nos Estados Unidos atual, o rock and roll faz parte da cultura de seus habitantes e a música ouvida e adorada em Springfield é justamente desse estilo. Além da música, outras características da sociedade estadunidense são encontradas em Springfield como, por exemplo, o hábito de ir à igreja e comer Fast Food. Ir para a igreja é uma obrigação nos Estados Unidos, as pessoas desse país são bastante religiosas, a maioria delas são protestantes. Os habitantes de Springfield também vão à igreja e alguns personagens são cristãos devotos, principalmente Ned Flanders. O Krusty Burger de Springfield é uma cópia do McDonald’s (lanchonete de comida fast-food que surgiu nos Estados Unidos). Batata frita, hambúrgueres, que são comidas encontradas nessa lanchonete estadunidense, fazem parte do cardápio do Krusty Burger. Além disso, ambos apresentam um sujeito vestido de palhaço como símbolo da lanchonete (referência aos palhaços Krusty do Krusty Burge e Ronald da McDonald’s). Homer como morador da cidade de Springfield (lugar que representa uma cidade dos Estados Unidos), é um produto-produtor da sociedade estadunidense, pois, para a Psicologia Social Crítica, o indivíduo é formado através de um sistema cultural dado previamente pela sua sociedade e, ao mesmo tempo é um sujeito ativo, podendo mudar a si e/ou o mundo ao seu redor. Homer Simpson como produto da sociedade dos Estados Unidos atual, representa algumas características psicossociais dos estadunidenses: a) Pensar só em si; b) Valorizar mais os motivos pessoais que as obrigações sociais; c) Sobressair-se, ser notado, ser o melhor, mesmo que cause dificuldade em relação aos outros; d) Valorizar mais a realização individual que salvar e proteger outras pessoas. e) Preconceito contra homossexuais; f) Valorizar a célula familiar apenas no nível pais e filho; g) Descrever pessoas de forma abstrata e fora de contexto; h) Poluidor do meio ambiente; 27 i) Otimismo; j) Flexibilidade social; k) Passar horas assistindo televisão. Na maior parte do filme, Homer se apresenta como produto da sociedade estadunidense, mas no final do filme ele se transforma, deixa de ser sujeito passivo de seu meio e torna-se ativo. Essa mudança no personagem faz dele um produtor, capaz de mudar a si e/ou o mundo ao seu redor. As novas características psicossociais apresentadas no personagem são: a) Pensar mais nos outros que em si. b) Salvar, proteger outras pessoas passa a ser mais importante que a realização individual. O “eu” de um indivíduo é construído na vida social e esta constitui as habilidades e atividades dos sujeitos. O processo da construção de “eu” do personagem é o seguinte: Primeiramente Homer apresenta comportamentos típicos daqueles que apresentam um “eu” independente, o qual as pessoas que se vêem autônomas, independentes, agem segundo atributos internos, tem habilidades e valores únicos e apresentam o “eu” mais enfatizado do que o “nós”. Esse “eu” independente também é uma característica da cultura dos Estados Unidos. Posteriormente, o personagem apresenta características de um “eu” interdependente que são de pessoas que agem de acordo com o que é esperado pelos outros, não se colocam em primeiro lugar, procuram harmonizar seus desejos e atributos pessoais com o de outrem e apresentam um “eu” que faz parte do grupo ou família. Essa mudança no “eu” do personagem foi o que possibilitou o novo equilíbrio do filme. O “eu” independente do personagem causou todo o conflito do filme, somente com a mudança em algumas características do seu “eu” para outras do “eu” interdependente tornou possível resolver o conflito gerado no filme. Isso mostra que no filme The Simpsons Movie (2007) o que é representado como bom, são as características do “eu” interdependente, a qual é o oposto do “eu” independente que é, inclusive, característica da própria cultura dos Estados Unidos. Através dessa análise, além de conhecermos as facetas identitárias do personagem Homer Simpson, no filme The Simpson Movie (2007), percebemos, também, a impossibilidade de estudar o indivíduo, numa perspectiva complexa, isolando-o de seu meio sócio-cultural e isso vem creditar ainda mais os pressupostos teórico-epistemológico da Psicologia Social Crítica (que, aliás, surgiu com a “crise” da psicologia social norte- 28 americana) que procura dar conta da nossa realidade psicossocial que vem se tornado cada vez mais dinâmica e complexa. 29 REFERÊNCIAS AMERENO, D.S. O descaminho do feminismo nos Simpsons. Cenários da Comunicação. 2006. Disponível em: <http://uninove.br/ojs/index.php/cenarios/article/viewFile/124/124>. Acesso em: 07 abr. 2008. AQUINO, et al. Das Sociedades Modernas às Atuais. 42. ed., Rio de Janeiro; Editora ao Livro Técnico, 2003. ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História. 9. ed., São Paulo, editora Ática, 1999. BAHIA, Márcio de Oliveira. 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