1 BRUNA LUIZA P. N. VICENTI JULIANA OCY SCHMITT VERIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI QUE UTILIZARAM E NÃO UTILIZARAM DISPOSITIVO ORTODÔNTICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião–dentista do curso de Odontologia da Universidade do Vale de Itajaí. Orientadora: Prof. Dra. Denise A. A. Camargo Itajaí (SC) 2006 2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA BRUNA LUIZA P. N. VICENTI JULIANA OCY SCHMITT VERIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI QUE UTILIZARAM E NÃO UTILIZARAM DISPOSITIVO ORTODÔNTICO Itajaí, (SC) 2006 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos inicialmente a Deus que foi nosso alicerce durante esta árdua caminhada, nos ajudando e sustentando em todos os momentos. Agradecemos aos nossos pais pelo apoio e suporte durante todo este tempo de trabalho. Agradecemos a nossas queridas amigas Ana Paula, Elaine, Eliandra e Karen pelo companheirismo, amizade e pelos inesquecíveis momentos vividos durante este período de formação. Agradecemos a nossa orientadora, profª. Denise A. A. Camargo, pela paciência, pela sabedoria em orientar e pelos conhecimentos transmitidos. Agradecemos ao Setor de Apoio à Pesquisa pela orientação e ajuda na execução deste trabalho. 4 VERIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA EM ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA DA UNIVALI QUE UTILIZARAM E NÃO UTILIZARAM DISPOSITIVO ORTODÔNTICO Bruna Luiza Paiva Nascimento VICENTI e Juliana Ocy SCHMITT Orientadora: Profª Denise Arliane Amarante CAMARGO Data de defesa: abril de 2006 Resumo: O conceito inicial da beleza foi atribuído à harmonia das proporções. O objetivo deste trabalho foi verificar a presença de proporção áurea em adultos jovens que utilizaram e não utilizaram dispositivo ortodôntico. Foram avaliados 40 modelos em gesso de estudantes do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, sendo 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, com a idade variando entre 18 a 24 anos, os quais foram divididos em 4 grupos. Para a verificação da proporção áurea, os modelos de gesso foram posicionados sobre as grades de Levin, para aplicação bilateral. Os resultados obtidos foram: sem o uso de dispositivo ortodôntico houve maior percentagem (60%) de indivíduos que não apresentaram proporção áurea na análise em bloco no sexo masculino. Nos que utilizaram dispositivo ortodôntico fixo, a maior percentagem (60%) foi de indivíduos apresentando proporção unilateral, demonstrando que o tratamento ortodôntico aumentou a proporcionalidade entre os dentes. O grupo feminino que não utilizou dispositivo ortodôntico obteve maior percentagem (70%) de proporção áurea unilateral. No grupo que utilizou dispositivo ortodôntico, a maior percentagem (70%) foi de indivíduos sem proporção, demonstrando que o tratamento ortodôntico diminuiu a proporcionalidade entre os dentes neste sexo. Concluiu-se que o grupo do sexo masculino que fez tratamento ortodôntico apresentou maior percentagem de indivíduos em proporção do que o grupo sem tratamento. Diferentemente do sexo feminino, que apresentou menor percentagem da proporção no grupo que utilizou dispositivo ortodôntico, em relação ao grupo que não utilizou dispositivo. Palavras-chave: estética dentária; proporção; ortodontia. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 06 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 09 3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................. 22 4 RESULTADOS.................................................................................................... 26 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................................... 31 6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 36 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 37 APÊNDICE A.......................................................................................................... 39 APÊNDICE B.......................................................................................................... 40 6 1 INTRODUÇÃO O conceito de estética e beleza pode ser considerado abstrato e está diretamente relacionado com os anseios individuais de cada um, sofrendo influência da sociedade a qual o indivíduo pertence (COELHO et al., 2005). Para a Odontologia, o conceito de estética inclui os aspectos morfofisiológicos harmônicos. Embora a estética concentre a idéia de beleza e harmonia, muitas vezes ocorrem contradições, tendo em vista que aspectos culturais a tornam um caráter estritamente pessoal. A estética está intimamente relacionada à necessidade do paciente e é regida pela forma e função (MONDELLI, 2003). A Odontologia Estética vem merecendo cada vez mais destaque dentro do contexto geral da odontologia. A forma, a posição e a proporção dos dentes, de acordo com as características do paciente, têm sido alvo de muitos estudos, sendo que a proporção dentária foi abordada de várias maneiras. Um método bastante citado pelos autores e aplicado por muitos clínicos para realizar trabalhos satisfatórios é baseado na teoria da “proporção áurea”, teoria esta que tem encantado artistas, arquitetos, matemáticos e outros estudiosos desde a antigüidade (FARIA et al., 2003). A estética dental tem demonstrado alguma relação com o comportamento do indivíduo. Uma estética dental insatisfatória poderá levar à falta de autoconfiança, ocasionando desvantagem na vida social, cultural e educacional. O sorriso é uma das expressões faciais mais importantes e é essencial para expressar sentimentos de apreciação, amizade e concordância. Um sorriso atraente aumenta a aceitação do indivíduo na sociedade, uma vez que melhora a impressão inicial no relacionamento interpessoal (PAGANI; BOTINO, 2003). 7 Tanto a estética quanto o sorriso estão intimamente relacionados e, de todas as espécies animais, a humana é a única que pode sorrir. No corpo humano, as várias partes de sua composição normalmente encontram-se proporcionais entre si, o que contribui para a sua estética como um todo. Essa proporcionalidade é um fator importante entre os dentes, favorecendo a aparência do sorriso. A proporcionalidade entre os dentes depende de suas dimensões e posição no arco, da forma do arco e da configuração do sorriso. Estas proporções são baseadas nos tamanhos aparentes dos dentes, quando vistos frontalmente, não individualmente (BARATIERI et al., 1998). Um teorema aceito sobre a proporcionalidade dos dentes visíveis num sorriso envolvendo o conceito da “proporção dourada” foi originalmente formulado com elementos de Euclides. Este conceito tem sido usado como uma base geométrica para a proporcionalidade na arte e na natureza. Usando esta fórmula, o sorriso é considerado esteticamente mais agradável quando visto frontalmente, tendo cada dente 60% do tamanho do dente imediatamente anterior a ele. Seguindo esta fórmula, a proporção exata do canino para o incisivo lateral é de 0,618 para 1. Outro conceito é a largura do incisivo central não exceder 80% do seu comprimento. Estudiosos constataram que as pessoas preferem linhas e áreas que possam ser divididas na proporção de 1 para 0,618 ou próximo de 5 para 3 (BARATIERI et al., 1998). A Odontologia é a ciência com ligação mais estreita com a recuperação do sorriso e uma das especialidades que se empenha nisso é a Ortodontia, que tem sido amplamente procurada pelos pacientes para este fim, além da Dentística Restauradora. (FERREIRA, 2005). 8 No que diz respeito à estética dental, a obtenção de melhores resultados justifica a interação entre estas duas áreas (Ortodontia e a Odontologia Restauradora), assim, a obtenção da estética e sua correlação com problemas psicossociais tornam-se importantes, do ponto de vista das exigências da sociedade moderna, cada vez mais influenciada pelos aspectos da valorização da beleza individual (COELHO et al., 2005). Baseados neste quadro, este trabalho tem por objetivo verificar a presença de proporção áurea em adultos jovens que utilizaram e não utilizaram dispositivo ortodôntico. 9 2 REVISÃO DE LITERATURA A idéia da beleza acompanha o pensamento humano desde os primeiros registros de sua existência. Na busca de uma explicação racional para o belo ou para a lógica da natureza, os gregos descobriram e estabeleceram os conceitos de simetria, equilíbrio e harmonia como pontos-chave da beleza de um conjunto (MONDELLI, 2003). O conceito inicial da beleza foi atribuído à harmonia das proporções. Para estabelecê-la, a matemática constituiu uma fonte inspiradora a filósofos que desejavam provar a hipótese de que a beleza poderia ser expressa matematicamente (MARGRAF, s.d.). O termo belo deve ser considerado como um conceito filosófico, sendo assim, é passível de várias definições e interpretações. Corresponde a uma reação sensível do homem, que pode se manifestar de maneira imediata e espontânea. A doutrina do belo como manifestação da verdade é própria do Romantismo, enquanto a simetria foi apresentada pela primeira vez por Aristóteles, que afirma ser o belo constituído pela ordem, pela simetria e por uma grandeza capaz de ser envolvida por um só olhar (BERTOLLO et al., 2004). O primeiro filósofo a se ocupar com a beleza foi Platão. Para ele, belo era tudo aquilo em que as partes se agrupavam de um modo coerente para compor a harmonia do conjunto. Aristóteles introduziu uma idéia-chave que é a simetria. Ela pode ser entendida tanto de uma forma restrita, quando lados opostos de uma figura dividida por um eixo central são exatamente iguais, quanto num sentido amplo, de proporção e equilíbrio entre as partes. Plotino, um filósofo romano, acreditava que 10 para algo ser realmente belo, não bastava sua aparência geral, a harmonia precisava estar presente em cada detalhe (MONDELLI, 2003). A forma humana tem sido mensurada devido a inúmeras razões, dentre elas, descrevê-las por meio de esboços e desenhos. Desde que o homem tentou definir os diferentes componentes da beleza, ele tem procurado suas fórmulas de mensuração e de apreciação, porém, seria incorreto acreditar que todos os indivíduos deveriam ser tratados de acordo com uma média para se alcançar uma boa estética. A harmonia, o equilíbrio e a beleza não estão relacionados com medidas absolutas, mas sim com a proporcionalidade entre as estruturas (BERTOLLO et al., 2004). Pitágoras determinou uma proporção numérica na qual a relação de 1/ 1,618 = 0,618 era reconhecida como bela. Tal relação ficou conhecida como proporção áurea, dourada ou divina. Os primeiros relatos do emprego da proporção áurea advêm de 1509 com o livro Divine Proportione, com ilustrações de Leonardo da Vinci, escrito por Luca Pacioli (RUFENACHT, 1998). Para Leonardo da Vinci, a perfeita harmonia do corpo humano deveria ser atribuída à existência da proporção divina, tendo ilustrado essa idéia a partir dos estudos de Marcus Vitruvius Pollo, com seu famoso desenho do diagrama do corpo. O termo proporção divina ou proporção áurea refere-se a uma relação ordenada de partes especialmente observadas na natureza que são, instintivamente, apreciadas e definidas como belas. Apesar de ser documentada por meio de medidas matemáticas ou teoremas geométricos, a proporção áurea é mais evidente no senso natural que se possui sobre aquilo que se caracteriza como belo (BERTOLLO et al., 2004). 11 Goldstein (2000) entende que a proporção áurea foi traduzida em termos matemáticos por Fillius Bonacci. Esta relação numérica divina ficou conhecida como a série de Fibonacci, que não é uma progressão aritmética simples, mas segue uma lei exponencial que pode ser aplicada a Odontologia Estética. Dessa forma, tomando-se o incisivo central inferior como referência inicial, convém salientar que o incisivo central superior tem uma proporção perfeita – de Phi ou de 1,618 – com o incisivo inferior, e a largura total de ambos os incisivos inferiores é perfeita em relação à dos incisivos superiores. A utilização desta proporção na Odontologia foi primeiramente mencionada por Lombardi (1973). Ele afirma que na discussão sobre o tamanho do dente, é sempre necessário considerar o elemento da proporção. O valor real da proporção da dentadura estética, é que ela é utilizada como ferramenta no suprimento do quociente uniformidade-com-variação para a composição dental. Estudos adicionais foram indicados para determinar a presença ou ausência de uma largura específica da razão dental que é agradável. Para agora, tudo que pode ser feito é usar a razão determinada entre a largura do incisivo central e lateral e continuar essa razão entre os dentes e espaços restantes (LOMBARDI, 1973). A proporção na Odontologia foi desenvolvida por Levin (1978), que observou nas dentições esteticamente agradáveis, vistas de frente, a largura do incisivo central em proporção áurea com a largura do incisivo lateral, que por sua vez está em proporção dourada com a parte anterior visível do canino (MARGRAF, s.d.). Levin (1978) demonstrou que a largura do incisivo central está em proporção áurea com a largura do incisivo lateral. A largura do incisivo lateral com a largura do canino está também em proporção áurea, assim como a largura do canino com o primeiro pré-molar. As larguras dos incisivos estão em proporção áurea com cada 12 um vistos frontalmente. A fundamentação deste relato pode ser testada colocando o modelo da dentição natural esteticamente agradável nas grades ou por tentativas delas na boca. Isto será encontrado em todos os dentes do segmento anterior estético de pré-molar a pré-molar ajustando estas grades com notável precisão. O número preciso refere-se à largura do espaço ocupado pelo incisivo central, na qual podem ser diferentes em ambos os lados. Usando a grade apropriada para os dentes, pode-se observar que o canto do sorriso aproxima-se à linha da beirada da grade. A escolha da grade pode ser predeterminada pela mensuração da largura do sorriso e dividida ao meio. Conclui-se que a proporção é o estudo da harmonia das estruturas no espaço. A aplicação deste sistema na estética dental é facilitada pela descrição e inclusão de uma grade dental para o segmento anterior estético. Estas afirmações são reforçadas por Mondelli (2003), citando ainda que nestas grades, os incisivos centrais são apresentados em uma ampla faixa de largura (entre 7 e 10 mm) e os limites posteriores dos segmentos dentários esquerdo e direito são fixados de acordo com o dente mais proeminente que contorna o canto da boca, seja o canino ou o primeiro pré-molar. As grades de Levin são traçadas com três ou quatro dentes, de acordo com o dente mais proeminente do segmento dentário ântero-superior, que estabelece o limite posterior desse segmento e a dimensão do corredor bucal, ambos em proporção áurea com a metade do sorriso. O uso dessa grade auxilia o dentista no que pode estar esteticamente “errado” na relação proporcional do segmento anterior e serve como um meio auxiliar durante as fases de planejamento, restauração, acabamento e para apreciação visual do resultado do tratamento. Levin também desenvolveu um gráfico para auxiliar o dentista no momento de reconstruções estéticas nos dentes anteriores. Posteriormente, compassos com 13 divisores dourados ou ditos perfeitos foram desenvolvidos e puderam ser empregados na Odontologia. Atualmente recebem o nome de “Régua de Proporção Áurea” (GOLDSTEIN, 2000). Dentre suas aplicações, destaca-se o estabelecimento das dimensões proporcionais entre os dentes anteriores no momento de procedimentos de reanatomização, como na transformação de incisivos conóides (PAGANI; BOTINO, 2003). Ricketts (1982) mostrou a aplicação da matemática básica e princípios da geometria para a morfologia normal das estruturas regularmente envolvidas na ortodontia e dentística. Para a apreciação da beleza tem se falado que a mente humana opera no seu nível límbico em atração às proporções em harmonia à seção áurea. Esta é uma proporção de 1,618 e é recíproca em 0,618 na geometria. Números de Fibonacci expressam precisamente a mesma relação. São matematicamente únicos e misteriosos. Questões emergem com respeito a estas relações matemáticas e geométricas em pacientes vivos. Estudos foram conduzidos em medidas de modelos de dentes com oclusão normal, com fotografias de rostos de modelos e condições encontradas em radiografias cefalométricas laterais e frontais. Variações de lindos modelos fotográficos foram analisadas junto com composições computadorizadas de pacientes com oclusões ideais. Diversas relações-chave foram encontradas. A investigação produziu relações úteis para todos os aspectos da dentística e particularmente ortodontia e cirurgia ortognática. A face normal e a oclusão dos dentes têm uma majestosa beleza. O estudo sugere fortemente que a estética pode de fato ser feita cientificamente, do que apoiada em percepções subjetivas como no passado. 14 Mavroskoufis e Ritchie (1980) investigaram as variações no tamanho e na forma dos incisivos centrais superiores direito e esquerdo e as diferenças entre os dentes de homens e mulheres. As amostras consistem de 70 estudantes de odontologia (41 homens e 29 mulheres) os quais cumpriram os seguintes critérios em suas dentições naturais: 1) ambos os incisivos centrais superiores estavam presentes razoavelmente bem alinhados; 2) ambos os incisivos não apresentavam abrasão, restaurações, cáries ou deformações óbvias; 3) não apresentavam inflamação gengival ou hipertrofia que pudesse impedir a medida exata do comprimento da coroa e a largura cervical do incisivo central. Foram obtidos modelos de gesso nos quais foi medido o diâmetro mesiodistal (DMD) usando como referência o ponto de contato; máximo comprimento do dente (MCD) e o diâmetro cervical (DC). Para comparar o tamanho e a forma dos dentes foram feitas fotografias perpendiculares à face de cada dente. Sobre a fotografia foi colocado papel transparente e feito o traçado do dente para possibilitar a comparação através da superposição. Os resultados foram, respectivamente para o sexo masculino e feminino e incisivo esquerdo e direito: DMD – 8,95 – 8,99 – 8,75 e 8,78 – médias 8,868 e 8,907; MCD – 8,31- 8,41 – 8,22 e 8,29 – médias - 8,27 e 8,36; DC – 10,63 – 10,57 – 10,27 e 10,07 – médias 10,48 e 10,36. A avaliação dos resultados demonstrou que 86% e 90% do material examinado não possuem dimensões ou forma idênticas entre os incisivos centrais superiores direito e esquerdo. Em menos de 60% as diferenças são bastante substanciais. Segundo Snow (1999), com o crescimento da aplicação do tratamento dental cosmético surge a necessidade de um melhor entendimento de princípios estéticos. Análises científicas de um sorriso bonito têm revelado repetidamente, princípios que podem ser sistematicamente aplicados para avaliar e melhorar a estética dental de 15 diversas maneiras. Simetria dada pela linha média, dentes anteriores ou centrais dominantes e proporção áurea são três elementos necessários para proporcionar função e estética em um sorriso. A proporção áurea tem sido sugerida como um dos possíveis instrumentos para análise matemática por assegurar dominância e proporção em uma vista frontal de um conjunto de dentes superiores. Isto tem sido discutível no desenvolvimento de um sorriso esteticamente bonito e dificultoso para avaliações simétricas. Este artigo considera uma análise bilateral da aparente largura do segmento anterior e propõe o conceito da proporção áurea como a aplicação usual em diagnóstico e desenvolvimento simétrico, dominância e proporção para um sorriso estético e agradável. De acordo com Morley e Eubank (2001), a macroestética tenta identificar e analisar a relação e a proporção entre os dentes anteriores e os limites dos tecidos adjacentes. Os elementos de design da macroestética são: Ameias Incisais – o padrão da silhueta criado pelas beiras e separações entre os dentes anteriores superiores contra o fundo mais escuro da boca ajuda a definir um sorriso bonito. Estes espaços entre as beiras dos dentes seguem um padrão que se desenvolve entre o incisivo central e depois progride lateralmente. O espaço da ameia incisal entre o incisivo lateral e o central deve ser mais largo que a ameia incisiva entre os incisivos centrais. A ameia entre o canino e incisivo lateral deve ser mais larga que a ameia entre o incisivo central e lateral. Área de contato – os lugares nos quais os dentes anteriores parecem se tocar têm sido chamados de área de contato. Há uma distinção entre a área e ponto de contato. Os pontos de contato entre os dentes anteriores geralmente são áreas menores e podem ser marcados passando um anel articulado entre os dentes. A área de contato é mais larga e ampla, e pode ser definida como uma zona na qual dois dentes adjacentes parecem se tocar. Espaço 16 Vestibular – em um sorriso largo a superfície a ser revelada dos dentes súperoposteriores também pode se tornar uma consideração estética. Em pacientes com um arco estreito e lábios compridos a visão dos dentes atrás dos caninos pode estar obscurecida ou desaparecer completamente. Esta condição pode ter conseqüências estéticas negativas em certos pacientes. Linha do sorriso – o plano das bordas incisais dos dentes súpero-anteriores também pode ser relacionado a dois critérios fundamentais. A linha de orientação tradicional do sorriso é paralela com uma linha traçada entre as pupilas dos olhos. A criação de um plano incisivo que é perpendicular à linha média facial produz uma confiável e reproduzível posição que não depende da linha interpupilar. Uma vez determinada a orientação da linha do sorriso pelo clínico pode-se desenhar sua curva ou forma. Quando as bordas dos incisivos centrais superiores parecem estar abaixo das pontas dos caninos a linha do sorriso tem uma aparência convexa que pode se aproximar e harmonizar com a linha do lábio inferior. A chamada linha reversa do sorriso acontece quando as pontas dos caninos ou pré-molares são mais longas que as bordas dos incisivos centrais. Os autores concluem que o impacto visual total de um sorriso não pode ser associado exclusivamente à beleza individual dos dentes. O desenho do sorriso é uma nova disciplina na área da cosmética e envolve várias áreas de avaliação e planejamento de tratamento. Os princípios macroestéticos são apenas uma parte deste quadro: estética gengival, facial e microestética são outros três componentes essenciais de um formato de sorriso perfeito. Além disso, problemas oclusais e mecânicos também podem alterar o desenho do sorriso em dentições naturais e restauradas e podem influenciar a longevidade do tratamento cosmético. Reges et al. (2002) realizaram um caso clínico, enfocando a proporção dos dentes anteriores, baseando-se na teoria da Proporção Áurea, associada às grades 17 de Levin como um guia para obtenção da estética odontológica. Foi proposto como plano de tratamento estético a seguinte seqüência clínica: profilaxia com pedrapomes e água e seleção da cor dos dentes anteriores superiores. Foi selecionada a grade de Levin, na qual a relação entre as larguras do incisivo central, lateral e canino estivesse dentro da área da grade, com objetivo de promover o fechamento de diastemas, obtendo o total preenchimento da largura, levando à proporcionalidade dos dentes anteriores. Após isolamento absoluto, foi empregado um sistema de união úmido, seguido da inserção do compósito restaurador promovendo o aumento do diâmetro mesiodistal, seguido de acabamento e polimento. Concluiu-se que a utilização da proporção áurea, por meio das grades de Levin, serviu como guia do tratamento estético odontológico, atingindo o sucesso clínico estético. Chavez et al. (2002), analisaram e planejaram a realização de um caso clínico envolvendo um lateral conóide (22) e um canino girovertido (23), que comprometiam o sorriso como um todo. Com a anuência da paciente, foi decidido empregar apenas o tratamento restaurador. Foram confeccionados modelos de gesso para planejamento estético, nos quais foi verificado, através da utilização de um compasso de ponta seca, o espaço disponível para a realização da transformação do lateral conóide baseado no tamanho mesiodistal do dente homólogo (12), seguido de enceramento de diagnóstico. Foi realizado desgaste da face distal do canino, com o intuito de harmonizá-lo com os demais dentes. A medida do incisivo central (aproximadamente 8 mm) serviu como parâmetro para a proporcionalidade dos outros dentes, os quais devem ter aproximadamente 60% do tamanho do seu antecessor. A largura do incisivo lateral deveria ser de aproximadamente 4,8 mm. O mesmo procedimento é feito no canino, obtendo-se a medida de 2,9 mm, ou seja, 18 60% da largura do incisivo lateral. Após a escolha de cor e isolamento absoluto foi realizado o recontorno cosmético na distal do canino para posterior reanatomização do incisivo lateral. Os autores concluíram que a proporção áurea é um elemento auxiliar importante na busca pela excelência estética, juntamente com outros fatores relacionados ao dente e à técnica restauradora empregada. Segundo Pagani e Botino (2003), em busca do tratamento cosmético, faz-se necessário um melhor entendimento dos princípios estéticos. O posicionamento da linha do sorriso e da linha média, posicionamento da borda incisal de cada dente, o contorno gengival, o ponto mais alto da gengiva marginal, o triângulo papilar, o contato interdental, a textura de superfície do dente, a forma e o contorno dos dentes e a forma dos espaços interdentais são alguns dos princípios considerados no desenho do sorriso. É a composição estética, ou seja, o posicionamento, o ordenamento e as dimensões dos dentes anteriores, que afeta as características da personalidade, sexo e idade. A partir da década de 70, a utilização da proporção áurea ultrapassou os limites da arte e da arquitetura, tendo aplicação em diversas áreas do conhecimento, inclusive na odontologia estética. A porcentagem dourada, claramente, é mais útil na análise das propriedades do sorriso, uma vez que esta não depende da largura dos incisivos laterais apenas para sua análise. Pelo contrário, ela avalia a largura de cada dente e contribui para simetria, dominância e proporção do segmento anterior. Além disso, dentes com larguras idênticas geram proporção idêntica nesta análise, enquanto a assimetria é claramente identificável e quantificável. Classicamente, a aplicação da proporção áurea baseia-se na largura mesiodistal aparente dos dentes anteriores quando vista frontalmente. Infelizmente, a análise da proporção áurea tem sido aplicada de forma unilateral, correlacionando as larguras do canino e do incisivo central à largura do incisivo lateral do mesmo 19 lado. Uma dificuldade final na aplicação da análise da proporção áurea é que esta requer um compasso e cálculos. Obviamente, para a proporção dourada ser mais útil para a odontologia cosmética, esta deve ser adaptada para facilitar a análise bilateral dos dentes. Faria et al. (2003), selecionaram 120 estudantes de odontologia, 58 do sexo feminino e 62 do sexo masculino de 18 a 22 anos de idade, com arcada dentária completa, ausência de próteses, problemas ou aparelhos ortodônticos. Elaboraram uma ficha para identificação, sendo anotada a medida do incisivo central, tomadas como base para selecionar as grades de Levin. O objetivo da utilização das grades é facilitar a aplicação das regras da proporção dourada nos segmentos estéticos anteriores. A grade correspondente era colocada diretamente sob os dentes anteriores, em vista frontal e através da comparação da dimensão mesiodistal do incisivo lateral e canino com as respectivas demarcações no cartão, sendo anotados os casos que estavam ou não de acordo com a referida proporção. Entre os 120 indivíduos avaliados, 91 apresentavam medidas proporcionais, correspondendo a 75,8% do total. Essa afirmação foi fortemente confirmada para a população feminina, uma vez que 96,55% das mulheres analisadas tinham seus dentes anteriores em proporção áurea. Considerando os fatos acima e as amostras analisadas neste estudo, está comprovado que a proporção dourada é um princípio interessante e aplicável que auxilia na realização de trabalhos clínicos esteticamente agradáveis, particularmente na reabilitação de pacientes do sexo feminino. Margraf (s.d.) relatou um caso clínico de uma paciente de 12 anos, que apresentou-se com retenção dos incisivos laterais superiores. Após diagnóstico, constatou-se que eram conóides, sendo estabelecido para o tratamento a integração de procedimentos clínicos. Para a realização dos procedimentos restauradores, 20 necessitaram ser considerados: o estabelecimento do valor da largura mesiodistal dos laterais conóides numa relação de proporção áurea com os demais elementos anteriores, a presença de desarmonia no contorno gengival e a existência do espaço negativo ou negro na região das papilas gengivais. A aplicação da régua de proporção áurea torna-se um auxiliar importante na determinação dos espaços interproximais, de tal forma que a proporção áurea no momento da reanatomização esteja garantida de forma objetiva e segura. Concluiu-se que a aplicação dos princípios estéticos na odontologia pode conferir resultados extremamente contempladores ao paciente e para a equipe de profissionais envolvidos na terapia. No que diz respeito à estética dental, a obtenção de melhores resultados justifica a interação entre a ortodontia e a odontologia restauradora. Um exemplo disso é o trabalho realizado por Coelho et al. (2005) realizaram um caso clínico com paciente de 20 anos de idade, sexo masculino, que apresentou queixa da aparência dos seus dentes pela presença de laterais conóides e retenção de um dente decíduo 53. Devido às várias alterações estéticas, oclusais e funcionais executou-se um planejamento interdisciplinar. Primeiramente foi indicado o tratamento ortodôntico fixo completo, com tracionamento do dente 13. Concluído o tratamento ortodôntico, o paciente foi submetido a um tratamento restaurador para lhe proporcionar uma estética e função mais satisfatória. Após clareamento dental, foram realizadas moldagens superior e inferior com alginato para obtenção de modelos em gesso para o planejamento restaurador e enceramento de diagnóstico em articulador semiajustável, para então a realizar o tratamento restaurador com nos dentes 12, 22, 13 e 23. Concluído o tratamento interdisciplinar, foi solicitada uma documentação ortodôntica final, onde se constatou o correto posicionamento ortodôntico e um resultado restaurador estético favorável. A odontologia contemporânea exige que os 21 procedimentos clínicos sejam realizados para a obtenção de uma odontologia integral ao paciente. Para conseguirmos esta integração há necessidade do desenvolvimento de uma filosofia interdisciplinar que envolva as diversas especialidades, de acordo com as necessidades de cada individuo. Conclui-se que conseguir adequar um sorriso e um perfil facial equilibrado, associado na obtenção da oclusão funcional é atingir uma qualidade ideal de tratamento. 22 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização deste trabalho, foram avaliados 40 modelos em gesso de estudantes do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí, sendo 20 do sexo masculino e 20 do sexo feminino, com a idade variando entre 18 a 24 anos, os quais foram divididos em 4 grupos, sendo n=10: * Grupo 1: homens que não utilizaram dispositivo ortodôntico; *Grupo 2: homens que utilizaram dispositivo ortodôntico; * Grupo 3: mulheres que não utilizaram dispositivo ortodôntico; * Grupo 4: mulheres que utilizaram dispositivo ortodôntico. Após entrevista para leitura e esclarecimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram realizadas moldagens com alginato, do arco superior de cada indivíduo (Fotografia 01). A partir disso foram obtidos modelos de gesso pedra, os quais passaram a constituir a amostra da pesquisa (Fotografia 02). Fotografia 01 – Moldagem com alginato 23 Fotografia 02 - Modelo de gesso pedra Inicialmente foram confeccionadas grades com medidas pré-definidas, chamadas grades de Levin, tendo como referência as medidas para incisivo central superior de 7,0; 7,5; 8,0; 8,5; 9,0; 9,5 e 10 milímetros. Os materiais utilizados para confecção destas grades foram: cartolina branca, papel transparente, régua milimetrada, lápis e caneta preta (Fotografia 03). Fotografia 03 - Grade de Levin com 9,5mm para IC 24 Para a verificação da proporção áurea, os modelos de gesso foram posicionados sobre as grades de Levin, para aplicação bilateral. As grades empregadas neste trabalho foram traçadas para seis dentes, sendo possível a análise de canino a canino do segmento superior, em uma vista frontal. A mensuração foi realizada da seguinte forma: o modelo foi posicionado sobre a grade que melhor se adequou, tendo como referência o diâmetro mesiodistal dos incisivos centrais superiores (Fotografia 04). Fotografia 04 - Modelo de gesso posicionado sobre grade de Levin Foram estabelecidos parâmetros para a medição dos elementos: nos incisivos centrais superiores a medida mesiodistal foi estabelecida sendo a linha média a referência mesial, e a ponta da papila entre o incisivo central superior e o incisivo lateral superior a referência distal. Nos incisivos laterais, os limites mesial e distal foram dados pela ponta da papila. Nos caninos, a referência mesial foi a ponta da 25 papila entre o incisivo lateral superior e o canino superior, e a referência distal foi a crista cérvico-incisal (Fotografia 05). Fotografia 05 - Parâmetros para medição dos elementos Após a mensuração de cada elemento dental, os dados foram inscritos em uma ficha de avaliação a qual foi formulada da seguinte maneira: nome do estudante, sexo feminino ou masculino, usou dispositivo ortodôntico sim ou não, está em proporção áurea unilateral ou bilateral, não está em proporção áurea, dentes fora da proporção (13, 12, 11, 21, 22, 23), grade de Levin utilizada (7,0; 7,5; 8,0; 8,5; 9,0; 9,5 ou 10) (Apêndice A). Os dados obtidos foram cadastrados e catalogados para então serem tratados estatisticamente, através de uma análise percentual. 26 4 RESULTADOS Após análise percentual, os resultados observados foram: para o sexo masculino, um percentual de 30% em proporção unilateral, podendo ser do lado direito ou esquerdo, 10% bilateral e 60% sem proporção no grupo que não utilizou dispositivo ortodôntico, descritos na tabela 01 abaixo. Tabela 01 - Análise percentual da proporção áurea de estudantes masculinos que não utilizaram dispositivo ortodôntico Proporção Sim Não Unilateral 30 0 Bilateral 10 60 Para o grupo masculino que utilizou dispositivo ortodôntico os resultados foram: 60% em proporção unilateral, 20% em proporção bilateral e 20% sem proporção, descritos na tabela 02 abaixo. Tabela 02 - Análise percentual da proporção áurea de estudantes masculinos que utilizaram dispositivo ortodôntico Proporção Sim Não Unilateral 60 0 Bilateral 20 20 Foi possível observar que sem o uso de dispositivo ortodôntico havia uma maior percentagem (60%) de indivíduos que não apresentaram proporção áurea na análise em bloco. Entretanto, no grupo que utilizou dispositivo ortodôntico, a maior percentagem (60%) foi de indivíduos apresentando proporção unilateral, demonstrando que o tratamento ortodôntico aumentou a proporcionalidade entre os 27 dentes no grupo do sexo masculino. Houve uma significativa redução na percentagem de indivíduos sem proporção após o tratamento (de 60% para 20%), e um discreto aumento na proporção bilateral (de 10% para 20%). 60 60 50 50 40 40 Sim Não 30 20 Sim Não 30 20 10 10 0 Unilateral 0 Bilateral Gráfico 01 – Ilustração gráfica da análise percentual da proporção áurea do grupo masculino que não utilizou dispositivo ortodôntico Unilateral Bilateral Gráfico 02 – Ilustração gráfica da análise percentual da proporção áurea do grupo masculino que utilizou dispositivo ortodôntico Para o sexo feminino, os resultados observados foram: 70% em proporção unilateral, 20% bilateral e 10% sem proporção no grupo que não utilizou dispositivo ortodôntico, descritos na Tabela 03 abaixo. Tabela 03 - Análise percentual da proporção áurea de estudantes femininos que não utilizaram dispositivo ortodôntico Proporção Sim Não Unilateral 70 0 Bilateral 20 10 Para o grupo feminino que utilizou dispositivo ortodôntico, os resultados observados foram: 20% em proporção unilateral, 10% em proporção bilateral e em 70% não foi encontrado proporção, conforme Tabela 04 abaixo. 28 Tabela 04 - Análise percentual da proporção áurea de estudantes femininos que utilizaram dispositivo ortodôntico Proporção Sim Não Unilateral 20 0 Bilateral 10 70 Através destes dados, foi possível observar no grupo feminino que não utilizou dispositivo ortodôntico uma maior percentagem (70%) de proporção áurea unilateral após análise. Porém, no grupo que utilizou dispositivo ortodôntico, a maior percentagem (70%) foi de indivíduos sem proporção, demonstrando que o tratamento ortodôntico diminuiu a proporcionalidade entre os dentes neste sexo. Houve um considerável aumento na percentagem de indivíduos sem proporção após o tratamento (de 10% para 70%), e uma pequena redução na proporção bilateral (de 20% para 10%). 70 60 70 50 40 50 60 Sim 30 Não 20 10 40 Sim 30 Não 20 10 0 Unilateral Bilateral Gráfico 03 – Ilustração gráfica da análise percentual da proporção áurea do grupo feminino que não utilizou dispositivo ortodôntico 0 Unilateral Bilateral Gráfico 04 – Ilustração gráfica da análise percentual da proporção áurea do grupo feminino que utilizou dispositivo ortodôntico A análise individual para cada elemento confirma a tendência da análise em bloco. Para o sexo masculino, o elemento dental mais encontrado fora da proporção foi o canino do lado esquerdo (23), aparecendo quatro vezes em indivíduos com 29 tratamento, e seis vezes em indivíduos sem tratamento ortodôntico. Foi observado também que houve um aumento no número de vezes dos dentes fora da proporção em indivíduos sem tratamento ortodôntico, comparado aos indivíduos que utilizaram dispositivo ortodôntico. Isto comprova que há um aumento na percentagem de indivíduos que apresentam os elementos dentais em proporção áurea, no sexo masculino após o uso do dispositivo ortodôntico. Para o sexo feminino, os elementos dentais mais encontrados fora da proporção áurea foram os incisivos laterais direito e esquerdo (12 e 22), aparecendo sete vezes cada em indivíduos com tratamento ortodôntico. A análise individual confirma a tendência da análise em bloco no grupo feminino, pois houve um aumento no número de vezes dos dentes fora da proporção em indivíduos que utilizaram dispositivo ortodôntico, em comparação ao grupo que não foi submetido ao tratamento (Tabela 05). Tabela 05 – Freqüência de dentes encontrados fora da proporção áurea DENTES 13 12 11 21 22 23 Masculino Com Tratamento Sem Tratamento Ortodôntico Ortodôntico UNI BI UNI BI 1 2 4 1 2 2 1 1 2 1 1 1 5 5 1 5 6 Feminino Com Tratamento Sem Tratamento Ortodôntico Ortodôntico UNI BI UNI BI 1 2 5 7 2 2 7 5 2 2 4 5 4 1 1 1 30 Foi possível observar que para o sexo masculino as grades mais utilizadas foram as de número 8,0 e 8,5 e no sexo feminino a mais utilizada foi a de número 8,0. Mais uma vez confirma-se a tendência de que os dentes no grupo feminino são menores que os dentes no grupo masculino. Tabela 06 - Grades de Levin mais utilizadas – freqüência que cada grade foi utilizada, tendo como referência o incisivo central superior Grades de Levin (mm) 10 9,5 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 Com tratamento ortodôntico Masculino Feminino 2 1 3 4 9 1 Sem tratamento ortodôntico Masculino Feminino 5 3 2 1 5 3 1 31 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A interdisciplinaridade tem sido empregada rotineiramente em tratamentos odontológicos; neste estudo foi possível observar a importância da correlação ortodontia / odontologia estética, não esquecendo o papel de cada uma delas separadamente. De acordo com Buttke e Proffit (1999 apud COELHO et al., 2005) os objetivos do tratamento ortodôntico correspondem ao estabelecimento de uma oclusão funcional adequada, preservar a saúde do periodonto e das estruturas de suporte, estabelecer um tratamento estável dentro dos limites da fisiologia evolutiva e conseguir uma harmonia estética e facial. No que diz respeito à estética dental, a obtenção de melhores resultados justifica a interação supracitada. A oclusão funcional está relacionada com a qualidade final e com a disposição estática dos dentes, numa harmonia entre os arcos dentários e uma anatomia adequada de cada grupo de dentes. Segundo Baratieri et al. (1998), a proporcionalidade depende das dimensões e posição dos dentes no arco, da forma do arco e da configuração do sorriso. A proporção do segmento anterior está baseada no tamanho aparente dos dentes, quando vistos frontalmente, não individualmente. Entretanto, Ricketts (1982) e Baratieri et al. (1998) relatam que o arranjo dos dentes pode ser agradável e não estarem em proporção áurea. Isto ocorre, pois é o conjunto que será observado e não os dentes individualmente, ou seja, um dente pode estar fora da proporção, mas o conjunto continuar harmônico e esteticamente agradável. 32 A forma, a posição e a proporção dos dentes têm sido alvo de muitos estudos sendo que a proporção dentária é abordada de várias maneiras. O “conceito da forma típica” classifica os dentes naturais em ovóides, cônicos e quadrados. A “proporção biométrica” relaciona a forma do incisivo central superior invertida com a forma da face (FARIA et al., 2003). Em concordância com os resultados obtidos por Faria et al. (2003), este estudo observou que o sexo feminino apresenta mais freqüentemente os dentes anteriores em proporção áurea naturalmente. Sugerimos que isto ocorre devido às mulheres possuírem naturalmente uma forma dentária mais harmoniosa do que os homens, pois estas apresentam os dentes com a medida cérvico-incisal maior que a mésiodistal. Nos homens ocorre ao contrário, a medida cérvico-incisal é menor que a mésiodistal. Isto foi observado por Mavroskoufis e Ritchie (1980). A forma adequada está diretamente relacionada com a proporção (FARIA et al, 2003). Pelo fato das mulheres apresentarem dentes mais delicados, estes se ajustam melhor no arco dentário. Segundo Faria et al. (2003) a proporção dourada é um princípio aplicável que auxilia na realização de trabalhos clínicos esteticamente agradáveis, particularmente na reabilitação de pacientes do sexo feminino. Nesta pesquisa, 70% dos casos encontrados em proporção no sexo feminino sem tratamento ortodôntico, eram unilaterais; 20% eram bilaterais, totalizando 90% dos casos. Observamos que quando era encontrada proporção unilateral, a assimetria mais encontrada era a diferença de tamanho, normalmente menor no sentido mésiodistal. Observamos então que existe uma diferença significativa entre os sexos masculino e feminino em relação à desproporcionalidade dos dentes anteriores, pois no sexo masculino foram encontrados 60% dos casos sem 33 proporção bilateral, enquanto para o sexo feminino foi encontrado 10% dos casos, os quais que não utilizaram dispositivo ortodôntico. Para Snow (1999), um sorriso considerado esteticamente satisfatório deve tender a exibir um alto grau de simetria através da linha média. Dentes exatamente posicionados, num arranjo balanceado dentro do arco, contribuem individualmente para a aparência de um conjunto unificado. Por outro lado, um arranjo assimétrico dos dentes parece irregular, desbalanceado. Simetria dada pela linha média, dentes anteriores ou centrais dominantes e proporção áurea são três elementos necessários para proporcionar função e estética em um sorriso. Neste estudo o grupo do sexo masculino com tratamento ortodôntico apresentou maior número de indivíduos em proporção do que o grupo masculino sem tratamento. Diferentemente do sexo feminino, que apresentou uma diminuição da proporção no grupo com tratamento ortodôntico. Sugerimos que isto ocorre devido à padronização do tratamento feito pelos ortodontistas tanto no sexo feminino quanto no sexo masculino. Este tipo de tratamento tem alcançado resultados favoráveis nos homens, porém, tem diminuído a proporcionalidade nas mulheres. Podemos observar que o alinhamento dos dentes e finalização do tratamento ortodôntico foi melhor para o sexo masculino do que no sexo feminino, pois notamos várias vezes dentes fora da proporção áurea neste grupo. Estes resultados são comprovados através da freqüência de dentes, fora da proporção entre os grupos, que usaram dispositivo ortodôntico e que não usaram (conforme tabela 05). Os elementos com maior freqüência fora da proporção foram: o canino esquerdo (23) no sexo masculino e os incisivos laterais (12 e 22) no sexo feminino. Estes valores mais encontrados foram: no sexo masculino sem tratamento e no sexo feminino com tratamento respectivamente. Sugerimos que o canino 34 esquerdo (23) foi o que obteve a maior freqüência fora de proporção no sexo masculino devido ao mau posicionamento deste elemento no arco e por este ser muito volumoso neste sexo. Já no sexo feminino, com uso de dispositivo ortodôntico, os incisivos laterais (12 e 22) obtiveram maior freqüência fora da proporção por causa da tentativa dos ortodontistas de ocupar o espaço excedente entre o incisivo lateral e o canino, fazendo desta forma um giro de modo que estes elementos fiquem aparecendo mais frontalmente, prejudicando assim a proporcionalidade entre os dentes do segmento anterior. A cooperação interdisciplinar entre ortodontia e a dentística restauradora é importante para a obtenção de alta qualidade dos resultados finais (COELHO et al., 2005). Sugerimos que uma forma de solucionar este problema é o ortodontista finalizar o tratamento com o dente em posição e, para compensar o excesso de espaço, encaminhar a um especialista em dentística restauradora que irá realizar a técnica de reanatomização nos elementos que desta técnica necessitam, respeitando assim a proporcionalidade. De acordo com Faria et al. (2003) o método da proporção áurea pode ser uma ferramenta que auxilia na reconstrução de dentes anteriores superiores. Dentre as diversas técnicas existentes para o restabelecimento da estética dos dentes anteriores, a restauração direta com sistema restaurador adesivo possui vantagens que a tornam bastante utilizada pelos profissionais. Essas vantagens são: a preservação da estrutura dentária e a necessidade de apenas uma sessão de atendimento clínico (MARGRAF, s.d.). No caso de dentes com tamanho abaixo da média, que comprometam a correta relação de visualização dos elementos anteriores (proporção áurea), a 35 odontologia restauradora poderá lançar mão de materiais como o compósito direto, para criar uma coroa de forma e tamanho normais (KOKICH, 1996 apud COELHO et al., 2005). A odontologia contemporânea exige que os procedimentos clínicos sejam realizados para a obtenção de uma odontologia integral ao paciente. A correção das más-oclusões permite melhorar as qualidades dos resultados do tratamento restaurador e vice-versa. A maior vantagem evidente do fechamento de espaços residuais após o tratamento ortodôntico corresponde a uma compatibilidade permanente e biológica do resultado final. Conseguir adequar um sorriso e um perfil facial equilibrado, associado na obtenção da oclusão funcional é atingir uma qualidade ideal de tratamento (COELHO et al., 2005). 36 6 CONCLUSÃO Através desta pesquisa foi possível concluir: 1 - O grupo do sexo masculino que utilizou dispositivo ortodôntico apresentou maior percentagem de indivíduos em proporção áurea do que o grupo masculino que não utilizou dispositivo algum. 2 - O grupo do sexo feminino que utilizou dispositivo ortodôntico apresentou menor percentagem de indivíduos em proporção áurea do que o grupo feminino que não utilizou dispositivo algum. 37 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARATIERI, L. N. et al. Estética: restaurações adesivas diretas em dentes anteriores fraturados. São Paulo: Santos. 1998. 397p. BERTOLLO, R.M. et al. A percepção do belo e a proporção divina. 21p. 2004. Disponível em: <www.dentalreview.com.br>. Acesso em: 12 set. 2005. CHAVEZ, O. F. M. et al. A excelência da estética: proporção áurea. JBD, Curitiba, v.1, n.1, p. 22-27, jan./mar. 2002. COELHO, V.; MARGRAF, M. T.; NOCERA, M. P. Inter-relação ortodontia e dentística: maximização de resultados. Rev Ibero-Am Odontol Estet Dent, v.4, n.14, p. 121-129, 2005. FARIA, I. R. et al. Prevalência da proporção áurea na dentição natural. Rev ABO Nac, São Paulo, v.11, n.4, p. 239-242, ago./set. 2003. FERREIRA, F.A.C. Ortodontia e estética: resgatando o sorriso e a auto-estima. Ortodontia SPO, São Paulo, v.38, n.1, p.72-73, jan./mar. 2005. GOLDSTEIN, R. A estética em Odontologia. São Paulo, Santos, 2000. 470 p. LEVIN, E.J. Dental esthetics and the golden proportion. J Prosthet Dent, Saint Louis, v,40, n.3, p.244-252, Sept. 1978. LOMBARDI, R.E. The principles of visual perception and their clinical application to denture esthetics. J Prosthet Dent, Saint Louis, v.29, n.4, p.358-382, Apr. 1973. MARGRAF, M. T. Aplicação clínica da régua de proporção áurea: transformação de incisivos laterais conóides. Arquivo Dental Gaúcho, São Paulo, p. 30-32, s.d. MAVROSKOUFIS, F.; RITCHIE, G. M. Variation in size and form between left and right maxilary central incisor teeth. J Prosthet Dent, Saint Louis, v.43, n.3, p. 254-257, Mar. 1980. MONDELLI, J. Estética e Cosmética em Clínica Integrada Restauradora. São Paulo: Quintessence. 2003. p. 81-170. MORLEY, J.; EUBANK, J. Macroestetic elements of smile design. J Am Dent Assoc, Chicago, v.132, n.1, p. 39-45, Jan. 2001. 38 PAGANI, C.; BOTINO, M. C. Proporção áurea e a Odontologia Estética. JBD, Curitiba, v.2, n.5, p. 80-85, jan./mar. 2003. REGES, R. V. et al. Proporção áurea: um guia do tratamento estético. JBD, Curitiba, v.1, n.4, p. 292-295, out./dez. 2002. RICKETTS, R.N. The biologic significance of the divine proportion and Fibonacci series. Am J Orthod, Saint Louis, v.81, n.5, p.351-370, May 1982. RUFENACHT, C. R. Fundamentos de Estética. São Paulo: Santos.1998. 375 p. SNOW, S. R. Esthetic smile analysis of maxilary anterior tooth width: the golden porcentage. J Esthet Dent, Hamilton, v.4, n.11, p. 177-184, 1999. 39 APÊNDICE A FICHA PARA ANÁLISE DOS MODELOS (PROPORÇÃO ÁUREA) Nome: Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) Usou dispositivo ortodôntico? Sim ( ) Não ( ) Está em proporção áurea? Unilateral ( ) Sim ( ) Bilateral ( ) Não está em proporção áurea ( ) Unilateral ( ) Bilateral ( ) Dente(s) fora da proporção: 13 ( ) 12 ( ) 11 ( ) 21 ( ) 22 ( ) 23 ( ) Grade de Levin utilizada: 7,0 ( ) 7,5 ( ) 8,0 ( ) 8,5 ( ) 9,0 ( ) 9,5 ( ) 10 ( )