Hematopoiese Definição: formação e desenvolvimento das células sanguíneas. Ocorre a partir de um precursor comum pluripotente (UFC – unidade formadora de colônia; stem-cell ou célulatronco). Locais: a hematopoiese começa por volta da 3ª semana de gestação e altera os seus sítios de produção de acordo com a idade humana. Os principais períodos são classificados em: -Mesoblástico: ocorre no saco vitelínico desde o 19º dia até o 6º mês de gestação. -Hepático: inicia precocemente, por volta do 1º mês, e torna-se predominante na hematopoiese entre o 3º e o 6º mês gestacional. -Medular: a partir do 6º ao 8º mês de gestação. Até os cinco anos de idade a medula de todos os ossos do corpo participam do processo. À medida que os anos avançam, ocorre uma substituição gordurosa na medula dos ossos longos. Na vida adulta somente os ossos da pelve, esterno, ossos do crânio, úmero, fêmur e costelas serão capazes de gerar células sanguíneas. Obs.: Há uma pequena produção esplênica (início - 3º mês) e linfática (início – 5º mês) durante a gestação, que perdura pouco tempo após o nascimento. Medula óssea: a medula óssea com atividade hematopoiética é conhecida como medula vermelha, enquanto o restante dos ossos possui medula óssea amarela, preenchida com tecido gorduroso. Essa substituição da medula por gordura é um processo reversível. É interessante notar a potencial repopulação de cavidades medulares onde a hematopoiese havia cessado. Isso ocorre na talassemia e outras doenças hemolíticas crônicas. Pode haver aumento da circunferência craniana em conseqüência da eritropoiese aumentada. Hepatoesplenomegalia pode significar hematopoiese extramedular nesses pacientes. A medula óssea é o principal órgão de armazenamento de neutrófilos maduros e contém cerca de 2,5 a 5 vezes o pool intravascular dessas células. Essa reserva é responsável pelo aumento rápido da contagem de neutrófilos, durante infecções. Regulação e manutenção: hematopoiese compreende a eritropoiese, a leucopoiese e a trombopoiese. Existem substâncias mediadores da hematopoiese, que são as interleucinas, hormônios circulantes e os fatores de crescimento denominados CSF (colony stimulating factors). Ex.: IL-3, IL-7, GM-CSF (granulocyte monocyte colony stimulating factor), Meg-CSF (megakaryocyte colony stimulating factor). -Eritropoiese: ferro; aminoácidos e proteínas; vitamina B12, B6 e ácido fólico; cobre e cobalto. A regulação da eritropoiese tem dois eixos: o nervoso, pela hipófise, e o humoral. O humoral subdivide-se em específico (eritropoietina) e não-específico (andrógenos, corticóides, GH e hormônios tireoidianos). A eritropoietina é uma glicoproteína produzida no parênquima renal (aparelho justaglomerular), em resposta à hipóxia tecidual. Ela estimula os progenitores eritróides a formar mais eritroblastos. -Leucopoiese: o GM-CSF é principal o fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos, produzido pelos macrófagos, fibroblastos e células endoteliais em resposta à inflamação. Toxinas bacterianas são reguladores indiretos que agem estimulando a produção de GM-CSF. Existem também imunohormônios tímicos e interleucinas responsáveis pelo controle do processo (IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, etc.) -Trombopoiese: regulado por trombocitopoietina (produzida no rim), Meg-CSF e IL-3. Existem mecanismos de feedback através de produtos de degradação e metabólitos responsáveis pela manutenção do sistema. O início da hematopoiese: Inicialmente, a célula-tronco se diferencia em dois tipos, cada tipo comprometido com a formação de uma grande linhagem hematológica: mielóide (hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos) e linfóide (linfócitos). Eritropoiese: a célula progenitora mielóide se diferencia em mais dois tipos que são a UFC eritróide-megacariocítica e a UFC granulocítica-monocítica. O precursor eritróidemegacariocítico se diferencia no eritroblasto, que sofrerá maturação e se transformará, em última instância, numa hemácia (eritrócito). O núcleo maduro torna-se gradativamente picnótico e à medida que a célula amadurece, até ser finalmente expulso antes da célula sair da medula como reticulócito. O reticulócito mantém uma capacidade residual de sintetizar proteínas e mitocôndrias. Esses precursores diretos da hemácia estão envolvidos com a produção de cadeias de globina, enzimas glicolíticas e heme. Quando o RNA e a mitocôndria desaparecem da hemácia, esta não é mais capaz de sintetizar aqueles componentes. A vida média de uma hemácia é cerca de 120 dias. Sequência de maturação eritroblástica. Em ordem: pró-eritroblasto, eritroblasto basofílico, eritroblasto policromático, eritroblasto ortocromático, reticulócito e eritrócito. Granulopoiese: a produção dos granulócitos, já citada possui um pool mitótico de precursores neutrofílicos (mieloblastos, promielócitos e mielócitos) que possuem grânulos primários. O pool pós-mitótico consiste em metamielócitos, bastões e polimorfonucleares maduros que contém grânulos secundários, os quais definem o tipo celular. Apenas bastões e neutrófilos maduros são completamente funcionais quanto à fagocitose, quimiotaxia e a capacidade de degradar bactérias. Neutrófilos têm uma vida pequena; após migrar da medula óssea, circulam por volta de 6 a 7 horas e entram nos tecidos, onde se tornam células terminais que não voltam à circulação. A produção de eosinófilos é controlada pela IL-3. Essas células desempenham papel de defesa contra parasitas, além de participar de processos reatogênicos alérgicos. São capazes de viver em tecidos por tempo prolongado. Trombopoiese: megacariócitos são células gigantes multinucleadas, encontradas na medula óssea, derivadas de células-tronco primitivas. São poliplóides (16 a 32 vezes o conteúdo de DNA normal) em virtude da divisão nuclear sem divisão citoplasmática. As plaquetas formam-se por invaginação da membrana e “brotam” da periferia celular. As plaquetas circulam por 7 a 10 dias e não possuem núcleo, à semelhança dos eritrócitos. Imagem de megacariócito.