Geotecnologia
aplicadas à análise
histórica
humana
/intervenções
urbanas e evolução da linha de costa
Marcia Cristina de Souza Matos Carneiro
[email protected]
NEXUS : Sociedade e Natureza – UFPE
Março - 2012
3.1 ÁREA DE ESTUDO
Litoral PE - 187 km
Litoral RMR - 42 km
Problema
Segundo CARTER (1988), de todos os ecossistemas costeiros,
as dunas são os ambientes que sofreram maior grau de degradação
antrópica. Aliado a grande intervenção humana sofrida neste ambiente,
apenas nos último 30 anos foram iniciados estudos integrados a gestão
costeira e implementação de legislação visando sua proteção.
AS DUNAS, é um espaço submetido a diferentes tipos de pressão, desde
o turismo predatório e a exploração mineral até a especulação
imobiliária, intervenções urbanísticas e as próprias dinâmicas físicas
naturais.
1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA E SUA REPERCUSSÃO
NO DESENCADEAMENTO DE PROCESSOS EROSIVOS
A RMR antes da colonização portuguesa,
caracterizava-se por coras e bancos de
areia, cordões litorâneos arenosos e
restinga, associado a pântanos de agua
salobra, manguezais, lagamares, entre
outros, ou seja estuarios dos rios
Capibaribe, Beberibe e Tijipió.
As características morfológicas dessa
zona costeira aliada a profundidade na
foz dos rios, permitiram ao Recife a
possibilidade de instalação de um porto
natural.
Mapa do porto de Recife em 1616
1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA E SUA REPERCUSSÃO NO DESENCADEAMENTO
DE PROCESSOS EROSIVOS
Em 1950, na maioria dos municípios do litoral pernambucano, predominava em
números absolutos a população rural. Nas décadas de 1960 e 1970, ocorreu um
acelerado processo de ocupação mais de 50% da área de beira-mar foi destinada à
implantação de loteamentos para moradia, veraneio, entre outras (FIDEM, 1987).
Esse fato tem sua continuidade até os dias atuais sem que haja uma legislação mais
restritiva e específica, que possa conter os abusos existentes.
O espaço urbano no litoral dos municípios de RMR resultante de relações sociais que
se manifestam desde o período colonial, reflexo na urbanização presente nas cidades
brasileiras vem desencadeando processos erosivos
1.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA DO LITORAL DE OLINDA
1.1 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA DO LITORAL DE OLINDA
Análise temporal utilizando Mapa 1943 e fotografias aéreas 1974 e 1996
Análise temporal utilizando fotografias aéreas 1974 e 1996 – Foz rio Paratibe –
Olinda
3
Fonte: Fidem
Fonte: Fidem
Alteração na paisagem em 1943, 1974 e 1996– Foz rio Paratibe – Olinda
1943
Rio Paratibe
1974
1996
Fonte:( CARNEIRO, 2003,p.183)
1.2 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA DO LITORAL DE RECIFE
1.2 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA DO LITORAL DE JABOATAO DOS GUARARPES
1.2 HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO URBANA DO LITORAL DE PAULISTA
Estudo de ARAUJO, 2004 - 2 horas após a maré baixa, a
identificação e demarcação georreferenciada (GPS
GARMIM) dos trechos do litoral com relação à
presença de ocupação urbana, observando-se a
presença, ou não, de edificações no ambiente praial.
A metodologia adotada foi inicialmente selecionar os trechos de praia, e a seguir
classificar em três graus de ocupação ou intervenção, de acordo com os
seguintes critérios: ausência de ocupação da pós-praia; ocupação da pós-praia; e
ocupação concomitante da pós-praia e da praia (estirâncio). As informações
foram plotadas em cartas da Sudene (1:25.000) e posteriormente foi calculado o
percentual da extensão total do litoral com ocupação na praia e na pós-praia dos
municípios.
O resultado do estudo de Araújo et al. (2004) demonstrou que o Setor
Metropolitano é o mais fortemente ocupado, seguido pelos setores Norte e Sul
pernambucanos respectivamente.
As informações foram plotadas em cartas da Sudene (1:25.000) e posteriormente foi
calculado o percentual da extensão total do litoral com ocupação na praia e na pós-praia dos
municípios.
As informações foram plotadas em cartas da Sudene (1:25.000) e posteriormente foi calculado o
percentual da extensão total do litoral com ocupação na praia e na pós-praia dos municípios.
Setores do litoral pernambucano X extensão (km) e percentual do litoral X percentual de
ocupação por edificações e/ou obras de contenção
Setores
Norte
Metropolitano
Sul
Total
Extensão
(km)
58
42
87
187
%
Ausência de Ocupação
Ocupação
do litoral ocupação
na pósassociada da pósna póspraia (%)
praia e da praia
praia (%)
(%)
31
79.1
5.6
15.3
22.5
49.0
4.0
47
46.5
78.7
9.7
11.6
100
72.1
7.13
20.63
Fonte:( ARAUJO, 2004)
A: Setor Norte; B: Setor Metropolitano; C: Setor Sul quanto à localização das edificações
e/ou obras de contenção contra erosão. Trechos em branco: ausência de ocupação na póspraia; trechos em amarelo: ocupação na pós-praia; trechos em vermelho: ocupação
concomitante da pós-praia e da praia
RESULTADO do estudo de Araújo et al. (2004) demonstrou que o Setor Metropolitano é o
mais fortemente ocupado, seguido pelos setores Norte e Sul pernambucanos
respectivamente.
Fonte:( ARAUJO, 2004)
2 HISTÓRICO DAS OBRAS E INTERVENÇÕES DE CONTENÇÃO DO AVANÇO DO MAR E DE
RECUPERAÇÃO DA ORLA MARÍTIMA
Os primeiros registros de erosão costeira no estado de Pernambuco datam de 1914
(COUTINHO, 1997) e revelam os danos causados pelo molhe localizado no istmo de Olinda, à
época, em construção, o qual fazia parte das obras de ampliação do Porto de Recife. As
Figuras 1 e 2 mostram a Praia dos Milagres, em Olinda, servindo de testemunho do avanço
do mar, onde experimentou um recuo de 80 metros no período 1914-1950. A partir de
então, constataram-se problemas de erosão em vários trechos do litoral, especialmente nas
áreas urbanas, onde foram implantadas obras costeiras de proteção no intuito de controlar
ou atenuar os efeitos desse processo (COUTINHO, 1997) e CARNEIRO, 2003).
REGISTROS EROSAO EM OLINDA EM 1940, 1960 E 1997
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS
Nos últimos vinte anos, construíram-se diversas obras de
contenção no litoral dos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Recife,
Olinda e Paulista.
Segundo estudos desenvolvidos pelo MAI (2009), as obras
costeiras, ao longo da orla litoral dos municípios de Jaboatão dos
Guararapes, Recife, Olinda e Paulista, perfazem uma extensão total de
20.090 m de estruturas construídas, das quais 4.390 m encontram-se no
município de Jaboatão dos Guararapes; 3.440 m em Recife; 7.610 m em
Olinda e 4.650 m no município de Paulista.
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS- JABOATAO
Em Jaboatão dos Guararapes, possui um litoral com extensão de
7.961,20 m de litoral, sendo que em 4.690,94 m (58,9%) é formado de praias
com sedimento, e em 3.270,26m (41,1%) sem praias com sedimentos,
constituindo-se, principalmente, de trechos com obras do tipo enrocamentos,
espigões e muros.
No litoral deste município , de acordo com MAI (2009), as estruturas se
distribuem do seguinte modo:
• 3.260 m de enrocamentos e muros (74 %);
• 530 m de espigões e molhes (12 %);
• 600 m de quebra-mar (14 %).
Pode-se concluir que no
litoral do município predominam
obras de proteção do terreno, ou seja,
as intervenções adotadas; das quais,
têm por objetivo a proteção do
terreno, por meio da fixação da “linha
de costa”, com o consequente impacto
na vocação turística local.
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS
Foz do rio Jaboatão em 1989 (a) e (b) detalhe da área com obras costeiras do tipo molhes
e espigões ao longo da margem esquerda do rio em 2004. Na Figura 5, mostram-se as
modificações morfológicas causadas por essas intervenções na foz do rio Jaboatão,
inclusive com significativa redução de área na extremidade do pontal do Paiva (Ilha do
Amor, ao longo da margem direita do rio).
3 RESULTADOS NA CONTENÇÃO DOS PROCESSOS
Trecho das Praias de Candeias e Piedade em 1963 (a) e em 2004 (b)
Na Figura 6, veem-se os efeitos da erosão com as perdas de área de praia em Candeias e
Piedade (MAI, 2009).
Fonte:( ARAUJO, 2004)
3 RESULTADOS NA CONTENÇÃO DOS PROCESSOS- ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
FONTE: MAI,2009
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS - RECIFE
Enquanto na orla do município de Recife, a principal estrutura costeira é um
enrocamento com 2.100 m de comprimento na Praia de Boa Viagem e outro
de 1.340 m na Praia de Brasília Teimosa conforme estudo do MAI (2009). %).
Recife totalizando 13.444,38 m de litoral, sendo que em 5.999.25 m (44,6%)
é formado de praias com sedimento, e em 7.445,13 m (55,4%) sem praias
com sedimentos, constituindo-se de dois trechos: um com recifes e outro
com enrocamentos.
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS - OLINDA
Esse tipo de obra tem por objetivo a proteção do terreno, e não da praia.
Olinda totalizando 12.261,14 m de litoral, sendo que em 4.222,33 m (34,4%)
é formado de praias com sedimento e em 8.038,81 m (65,6%) sem praias
com sedimentos, constituindo-se, principalmente, de trechos com obras do
tipo enrocamentos, espigões e muros.
Na praias de Olinda, predominam obras de proteção do terreno na forma de
enrocamentos, espigões e quebra-mares que causam boa proteção da linha
de costa do município. Entretanto, essas estruturas causam significativa
modificação nas taxas de deriva litorânea, com efeitos negativos à jusante,
aliados ao impacto na vocação turística. As estruturas têm a seguinte
distribuição:
• 1.700 m de enrocamentos e muros (22 %);
• 250 m de espigões e molhes (3 %);
• 5.660 m de quebra-mares (75 %).
(54 %).
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS - OLINDA
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS - PAULISTA
Paulista, possui uma extensão de 14.468,36 m de litoral, sendo que em
9.626,93 m (66,5%) é formado de praias com sedimento, e em 4.841,43 m
(33,5%) sem praias com sedimentos, constituindo-se, principalmente, em
trechos com obras do tipo quebra-mares, enrocamentos, espigões e muros.
Contudo, os quebra-mares, embora construídos com altura bastante elevada,
causam proteção parcial da linha de costa. Esse tipo de intervenção, aliado
ao engordamento da praia, com sedimentos de composição e tamanhos
inadequados, pode estar relacionado com os focos de erosão instalados em
alguns trechos da praia. As estruturas presentes na orla de Paulista têm a
seguinte distribuição:
• 1.850 m de enrocamentos e muros (40 %);
• 280 m de espigões e molhes (6 %);
• 2.520 m de quebra-mares (54 %).
4 RESULTADO DAS OBRAS CONTENÇÃO DOS PROCESSOS EROSIVOS - PAULISTA
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