VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DO SOLO SOB DIFERENTES MALHAS DE SOMBREAMENTO Wellington de Azambuja Magalhães (1); Maria Cândida Moitinho Nunes (2); Santino Seabra (2); Waleska Arruda Oliveira (1); 1 2 Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário d e Cáceres.– email: [email protected] ; Professor Orientador, Depto de Agronomia, UNEMAT. e-mail: [email protected]; Resumo: Os fatores climáticos, principalmente temperatura, luminosidade e as condições do solo afetam o desenvolvimen to das hortaliças, em especial a cultura do alface (Lactuna sativa L.). Assim, o emprego de práticas como o uso de ambiente protegido pode amenizar os danos causados por esses fatores e aumentar a produtividade. O experimento foi conduzido na área experime ntal pertencente à UNEMAT, com solo do tipo PLINTOSOLO Petrico concrecionário distrófico, localizada no Município de Cáceres -MT, região de clima Tropical, com média de temperatura máxima anual de 32,4°C, mínima de 20,3°C e média compensada de 32,4°C. Foi avaliada a temperatura do solo nos seis ambientes protegidos com telas termo refletoras com 30, 40, 50% de sombreamento, sombrite com 30, 40, 50% de sombreamento e campo aberto contendo como cultura a Alface ( Lactuca sativa L.). Utilizaram-se como repetições 15 dias de coleta, compreendidos no período de 05 a 19/11/2008. Os maiores valores de temperaturas médias do ar foram obtidos na testemunha (campo aberto). Os sombrites demonstraram ser mais eficazes na amenização da temperatura do solo nos três horários avaliados em relação aos aluminetes. Palavras-chave: Temperatura do solo, ambiente protegido, sombrite, aluminet. Introdução O clima é um fator que influencia a produção de culturas, onde no verão as chuvas demasiadas as danificam e criam condições fa voráveis para o aparecimento de doenças. Para auxiliar na resolução desse problema, lançam -se mão do cultivo protegido, controlando fatores climáticos como temperatura, umidade do ar, radiação, vento e composição atmosférica. Além disso, o clima também atu a na formação do solo, principalmente através da ação da temperatura e das precipitações pluviométricas (Raij, 1991). A temperatura do solo é um fator variável no tempo e no espaço assumindo grande importância nos processos físicos do mesmo e nas trocas de energia com a atmosfera. A temperatura determina as taxas de evaporação e aeração do solo, assim como o tipo e a intensidade das reações químicas. Devido a isso, o conhecimento da dinâmica da temperatura do solo é fundamental para a agricultura, pois sua variação interfere na germinação, no crescimento radicular, na absorção de água e nutrientes pelas plantas e na atividade microbiana do solo (Kaiser, 2002). Neste sentido, este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito de diferentes ambientes (campo abert o, campo com telas termo refletoras e campo com telas de sombreamento) e diferentes porcentagens (30, 40 e 50%) na variação da temperatura de um Plintosolo na presença e ausência da cultura da Alface (Lactuca sativa L.), em Cáceres-MT. Material e Métodos O experimento foi conduzido na área experimental pertencente à UNEMAT, localizada no Município de Cáceres -MT, numa altitude média de 118,0 metros do nível do mar. A região apresenta clima Tropical, com média de temperatura máxima anual de 32,4°C, mínima de 20,3°C e média compensada de 32,4°C (Rozales, 2006). O solo é predominantemente classificado como Plintossolo Pétrico concrecionário distrófico (EMBRAPA, 19 99) e composto por areia (617 g Kg-1), silte (145 g Kg-1) e argila (337 g Kg-1). A limpeza da área foi realizada através de gradagem e incorporação das plantas espontâneas no dia 19 de dezembro de 2007. Foram construídos suportes de madeiras para a fixação de 3 telas termorefletoras e 3 telas de sombreamento . Cada ambiente era constituído por uma área de 10x10m mais o ambiente campo aberto, somando -se ao total sete ambientes com quatro canteiros cada. Os canteiros foram construídos com 0,25 m de altura, 9 m de comprimento e 1,5 m de largura, montados em maio de 2008 , com auxílio de equipamentos (enxadas e enxadões) e, em seguida ocorreu o plantio de milheto , pelo qual teve como objetivo contribuir com a fertilidade do solo pelo aumento do teor de matéria orgânica. A temperatura do solo foi avaliada em todos os canteiros no período de 05 a 19/11/2008 , na camada 0-0,20m utilizando-se um termômetro de solo modelo TEC-1311. Avaliaram-se como repetições os 15 dias de coleta. Os dados foram submetidos ao teste de Scott -Snott a 5%. Resultados e Discussão Na Tabela 1, os resultados obtidos através do teste Scott -Snott a 5% de probabilidade no mês de novembro d a característica temperatura média do solo não apresentou diferença estatística entre as médias. Entretanto, ao fazer uma comparação de valores obtidos entre os ambientes pode -se perceber que o campo aberto, obteve maior diferença em relação aos demais ambientes, os quais o sombrite 40%, sombrite 50% e a aluminet 40% apresentaram menores resultados. Tabela 1. Médias da Temperatura do solo (Tsolo) em campo aberto, sombrite 30%, sombrite 40%, sombrite 50%, aluminet 30%, aluminet 40% e aluminet 50% coletados em 15 repetições no período das 7, 13 e 18 horas. Tratamentos T solo Campo aberto ºC 35,14 a Aluminet 30% Aluminet 40% 33,76 b 32,49 c Aluminet 50% 32,84 c Sombrite 30% 32,74 c Sombrite 40% Sombrite 50% 31,93 c 32,25 c CV (%) 3,270 *Médias seguidas pela mesma letra, em cada coluna, não diferem significativamente pelo teste de Scott Snott ao nível de 5% de probabilidade. Em trabalhos realizados por PURQUEIRO e TIVELLI (2005), as diferenças de temperaturas existentes em ambientes protegidos podem ser explicadas pelo material de cobertura utilizado, pois o uso de tela de sombreamento (30 a 50%) é eficiente na diminuição da temperatura e da luminosidade, o que dependendo da região não é favorável, entretanto na região de Cáceres apresenta ser eficaz. Entretanto, há relatos na literatura que o material aluminizado (40 ou 50%), instalado a altura do pé-direito com estruturas de 3,0 a 4,0 m de altura, proporciona redução de temperatura do ar sem influir demasiadamente na luminosidade. a b c Figura 1- Variação da temperatura máxima do solo em campo aberto (A1), sombrite 30% (A2), sombrite 40% (A3), sombrite 50% (A4), aluminet 30% (A5 ), aluminet 40% (A6) e aluminet 50% (A7) durante os 15 dias de coletas às 7 horas (a), 13 horas (b) e 18 horas (c). Os valores obtidos podem ser visualizados na Figura 1. Para o período das 7 horas, entre os ambientes, a maior leitura foi constatada para campo aberto, porém entre os telados, a maior temperatura registrada foi pa ra aluminet e sombrite 30% e , a menor para sombrite 40%. As 13 h o campo aberto continuou a ser o ambiente de maior temperatura (Figura 1b), decorrendo durante os dias de coletas. Entre os telados a aluminet 30% apresentou maiores valores de temperatura, principalmente nos primeiros dias de coleta. Já o sombrite 40% ocorreu uma menor variação quando comparado aos demais ambientes . No horário das 18 h (Figura 1c) a temperatura do solo nos ambientes teve como maior leitura a aluminet 30% e o sombrite 30%, destacando uma diminuição de temperatura para as aluminet 40 e 50%. Assumindo os valores da tabela 1, com dados da temperatura do solo, comparando todos os períodos de coletas, sombrite 40%, aluminet 40% e 50% foram os telados que apresentaram menores tempera turas. Estes resultados obtidos se mostram contrario aos alcançados pela POLYSAK (1974), no qual menciona que a malha preta tem como objetivo acumular e separar calor, isto é, ocorre um intercâmbio entre o ar que fica retido na malha e a radiação emitida q ue é absorvida por elementos refrigerados abaixo da malha, como a terra e as plantas. Já a malha de alumínio não esquenta em absoluto, devido ser refletora, a radiação solar é recebida e devolvida ao céu e não emite calor durante o dia na terra ou nas plan tas que estão embaixo. PURQUEIRO & TIVELLI (2005) destacam que a melhor maneira para se conseguir uma faixa ótima de temperatura do solo é utilizando irrigação. No verão se o manejo da temperatura do ar e da irrigação for bem realizado, podem estar contribuindo para a manutenção da faixa ideal para cada cultura. Um fator que pode contribuir para a amenização da temperatura do s olo é a cobertura com material orgânico existente sobre os canteiros. Segundo ACOSTA et al. (2004), o acúmulo de material orgânico na superfície do solo ameniza, principalmente, a temperatura máxima encontrada no solo nos períodos mais quentes do dia, proporcionando condições mais estáveis de temperatura para o crescimento vegetal. Conclusão Os sombrites demonstraram ser mais eficazes na amenização da temperatura do solo nos três horários avaliados em relação aos aluminetes, com destaque para os sombrites 40% e 50%. Referencias Bibliográficas ACOSTA, J. A. A.; GIRARDELLO, V .; WEBER, M. A.; ROSSATO, O. B.; SANTI, O. G. R.; LOVATO, T.; AMADO, T. J. C. . Efeito na temperatura e na umidade do solo pelo aporte de resíduos orgâ nicos de culturas de cobertura. In: VIII INIC e IV EPG, 2004, São José dos Campos. VIII INIC e IV EPG. Resumos... São Paulo, 2004. KAISER, D. R.; STRECK, C. A.; REIN ERT, D. J; REICHERT, J. .M; SILVA V. R.; FERREIRA, F. & KUNZ, M. Temperatura do solo afetada por diferentes estados de compactação. Cuiabá, 2002. Programa de (Pós-graduação em Ciência de solos) – UFSM. Resumo expandido... In: XIV Reunião Brasileira de Mane jo e Conservação do Solo e da Água. POLYSACK PLASTIC INDUSTRIES . Controle do microclima . 1974. Disponível em:<http://www.polysack.com >. Acess ado em 10 março 2009, às 21:00. PURQUEIRO, L. F. V.; TIVELLI, S. W. Manejo do ambiente em cultivo protegid o. Artigo em Hypertexto. Disponível em: < http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/MANEJO_Cultivo_Protegido/Manejo_Cultivo_pr otegido.htm>. Acesso em: 10/9/2009 RAIJ, B. V. Fertilidade do Solo e Adubação . Instituto Agronômico de Campinas. Editora Agronômica Ceres. São Paulo. 1991.