Desenvolvimento Sustentável: O Paradigma da Região Amazônica Liliane Cristine Schlemer Alcântara Resumo A presente análise visa levar a uma reflexão sobre a exploração da Amazônia pela agricultura e pecuária e de como superar este desafio através de um desenvolvimento sustentável dentro de uma visão holística capaz de integrar a sociedade atual aos modelos de civilização vigentes. Uma alternativa para superar este desafio é promover uma metodologia capaz de resolver o paradigma de um desenvolvimento sustentável dentro dos limites da conservação. Deduz-se a necessidade de uma abordagem sistêmica, criando lideranças interdisciplinares, através de projetos conscientes para a solução de um desenvolvimento regional integrado, usando, de forma eficiente, os recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos disponíveis, para a mobilização da população local, atendendo as suas necessidades básicas sem agredir o meio ambiente. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, Liderança interdisciplinar, Meio ambiente, Paradigma, Recursos naturais. Objetivos Promover, em áreas rurais, um desenvolvimento sustentável, reduzindo a pobreza e a desigualdade social através da preservação do meio ambiente, de atividades econômicas e de serviços locais com uma rede de informações atualizada. Sob este aspecto, atender às necessidades dessas comunidades, através da capacitação dessa população para a tomada de iniciativas através da conscientização, otimizando resultados, agregando valores aos produtos locais, bem como viabilizar para o produtor uma comercialização efetiva para sua produção. Introdução A humanidade se defronta hoje com dois grandes problemas: de um lado, o problema social, e de outro, o problema ambiental. Enquanto milhares de seres humanos vivem e morrem na miséria, uma minoria luta por um maior poder econômico, causando a ruptura do ecossistema global através da degradação do meio-ambiente. Surge então uma tentativa de solucionar o problema através de um novo estilo econômico: o Desenvolvimento Sustentável. Com o advento do capitalismo, da mais valia, o problema ecológico surgiu como uma sombra no desenvolvimento econômico e cresce à medida que o desenvolvimento aumenta. Dentro deste conceito, o homem procura cada vez mais espaço dentro do sistema em que está inserido. O desenvolvimento de um País depende do seu crescimento econômico que, por sua vez, depende da correta utilização dos seus recursos naturais. O termo Desenvolvimento Sustentável, até então desconhecido, surge como uma forma de promover a conservação da bacia hidrográfica, da biodiversidade, das jazidas minerais e da cultura local. 1 – A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A questão ambiental é um tema presente nos dias atuais e, apesar da preocupação justificada com o processo econômico através da utilização racional dos recursos de um ecossistema, o termo soa para muitos como mais um modismo. As atuais e crescentes questões da degradação ambiental, cada vez mais abrangentes e iminentes, constituem um verdadeiro desafio para o homem, inicialmente local e gradativamente, regional, nacional e internacional, relacionados com a realidade econômica, ambiental e cultural de todos os países do mundo. No âmbito internacional, destaca-se entre os princípios internacionais do desafio ambiental: a “Declaração de Estocolmo/72”, I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizado em Estocolmo, de 05 a 16 de Junho de 1972, segundo a qual a “proteção e a melhoria do ambiente humano constituem desejo dos povos do globo e dever de todos os Governos”. Desse encontro, emergiu o conceito de ecodesenvolvimento, o qual derivou para o conceito de Desenvolvimento Sustentável, cujo objetivo é “a conservação e a preservação do ecossistema”. O equilíbrio ambiental tornou-se um assunto que envolveu um grande número de nações e chegou-se à conclusão de que deveria ser redimensionado o desenvolvimento das nações em bases ambientalistas. Essa foi a primeira reunião internacional a definir os direitos da humanidade a um meio ambiente equilibrado e produtivo1. Em 1983, a Organização das Nações Unidas criou a Comissão Mundial sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de aprofundar estudos sobre a situação ambiental mundial e propor alternativas e soluções para estes problemas. Essa Comissão publicou, em 1987, o relatório denominado “Nosso Futuro Comum”, cuja diretriz é a de unir o desenvolvimento econômico e o meioambiente, através de um Desenvolvimento Sustentável. Neste documento surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável que é: ‘[...] atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades’ (CMMAD, 1988:46)2. No Rio de Janeiro, vinte anos depois, em 1992, deu-se a Conferência Mundial sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) com o objetivo, segundo Souza (1993) de ‘[...] avaliar como os critérios ambientais haviam sido incorporados nas práticas e no planejamento dos países desde a conferência de Estocolmo’. Como resultado de suas discussões, surgiu a Declaração do Rio/92 (ou Carta da Terra) e a Agenda 213 A Declaração do Rio propõe princípios como: [...] estabelecer acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de ecologia e desenvolvimento’. A Agenda 21 tem ações no sentido de enfrentar problemas atuais e preparar a entrada do próximo milênio, dentre os quais a agricultura sustentável, desertificação, biodiversidade, florestas, biotecnologia, clima, água e assuntos diretamente ligados ao empreendimento rural. 1 Texto com base em leituras de várias bibliografias que fazem referência ao processo de Desenvolvimento Sustentável e sua evolução até os dias de hoje. 2 CMAAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983, pela Organização das Nações Unidas, cujo objetivo é estudas a situação ambiental mundial e propor alternativas e soluções para estes problemas. 3 Agenda 21 – Plano de ação que acompanha os acordos assinados durante a realização da United Nations Conference on the Environment and Development (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92). Outro conceito conhecido é: “Satisfazer as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as próprias” (Comissão Brudtland, 1987). O Desenvolvimento Sustentável é concebido como um processo planejado de intervenção do governo e da sociedade, direcionando suas ações, programas e projetos para as comunidades, de modo a viabilizar opções, utilizando as potencialidades existentes na dimensão econômica, social, política, espacial, cultural, ambiental e institucional. Diante desta progressiva complexidade das questões ambientais, a ONU realizou em 2002, o mais importante evento ambiental, no qual se discutiram os problemas ambientais: Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, do dia 26/08 a 06/09, em Johanesburgo, na África do Sul. O objetivo desse encontro foi examinar os obstáculos que impediram a aplicação do acordo do Rio em 1992. Neste encontro também se discutiram medidas, entre as quais figura os recursos financeiros e institucionais necessários para resolver questões ambientais surgidas desde 1992, como a escassez da água doce, a perda de solos agrícolas produtivos, de florestas e de diversidade ecológica, e o aumento da pobreza no mundo. 2. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Para que ocorra um Desenvolvimento Sustentável, é necessário que o mesmo contribua, criando novas oportunidades de emprego e constituindo-se numa perspectiva de crescimento pessoal. Começando pela cultura local que deve ser valorizada através de fatores, tais como4: • Incentivo ao ecoturismo; • Fortalecimento de marcas locais e dos serviços e produtos resultantes do trabalho; 4 • Integração e verticalização da produção; • Planejamento de agroindústrias; • Sistemas de comercialização efetivos; Adaptação da autora com base em leituras sobre o tema e de pesquisas bibliográficas na área. • Criação de cooperativas e associações. • Promoção de mercados regionais; • Cursos nas áreas técnicas e lideranças; • Energia renovável. As comunidades rurais precisam resgatar seus valores através de instalações comunitárias como: escolas rurais, postos de saúde, comunicação, iluminação, hortas comunitárias, lazer e integração cultural. A reforma agrária, através dos assentamentos, deve ser regionalizada, orientada por técnicos e especialistas para facilitar acesso a tecnologias e aos mercados para a colocação da produção nos mercados. De acordo com a Medida Provisória 1511/97, em assentamentos já projetados, o corte raso para agricultura só será permitido em 20% da área; os demais 80% só poderão ser explorados por meio de plano de manejo florestal sustentado. Como as parcelas individuais dos assentamentos não têm extensão suficiente para viabilizar economicamente o manejo sustentado, há a necessidade de se elaborar projetos coletivos de desenvolvimento sustentável5. 3. PARADIGMAS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL As políticas da Amazônia sempre são discutidas em função de valores e interesses de grupos sociais, nunca em função da região e dos envolvidos, e das características regionais. Os agricultores e pecuaristas, sem conscientização, causam a destruição da floresta nativa, a degradação do solo e a extinção da fauna e da flora da região, através das derrubadas sistemáticas das florestas. O fracasso na tentativa de impor projetos e/ou tecnologias a comunidades rurais vem se tornando um paradigma do desenvolvimento sustentável. Os agricultores nem sempre têm convicção sobre o que está sendo dito e sobre o que será feito. 5 Texto extraído da Agenda Ambiental, Programa “Terra que te quero Verde” da ocupação da Amazônia e da Mata Atlântica, (Gabinete do Ministro Extraordinário de Política Fundiária, Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998). Apesar da limitação de conhecimento dos integrantes das comunidades rurais, são eles que melhor compreendem suas necessidades e a potencialidade de suas terras. A sustentabilidade econômica do meio rural deve partir do princípio de que o homem é o centro de todo projeto de Desenvolvimento Sustentável e este objetivo só vai ser atingido através da inclusão social. A agricultura perene oferece a capitalização para os pequenos agricultores, porém, seu baixo preço de comercialização, a falta de mercado e as estradas intransitáveis para a escoação da produção desestimulam este tipo de atividade, sendo substituída pela atividade agrícola e pecuária, que causa o êxodo rural e o desemprego. Um corpo técnico de lideranças interdisciplinares, através da integração das diferentes áreas de conhecimento, de trabalho cooperativo, da troca, do diálogo e do planejamento, é importante no processo de implantação do desenvolvimento sustentável, o qual deve ser introduzido através de debates com as comunidades em questão, ocorrendo uma internalização do conhecimento e do aprendizado. As lideranças devem ser capazes de estimular as capacidades locais a agirem com sinergia junto às comunidades, identificando potencialidades para representarem os grupos junto a instituições que servirão de parceiros nesta jornada. A grande maioria das comunidades rurais tem baixa sobrevida, em decorrência de alguns fatores, como: • Ausência de estudos de viabilidade econômica, financeira e técnica; • Falta de economia de escala; • Baixa capacidade de comercialização; • Baixo nível de organização dos produtores rurais; • Desconhecimento da legislação tributária; • Falta de compromisso dos órgãos públicos; • Descrença nos projetos. A abertura de um processo de assentamento sem acompanhamento de técnicos dos órgãos competentes transforma a ocupação em tragédia ecológica. Sem capacitação e orientação profissional, começam a vender todos os recursos de que dispõem até a degradação total da terra. Derrubam as árvores não para a construção de casas, mas para vender a madeira a preços módicos para as madeireiras locais. Sem recursos financeiros e materiais, se desfazem da propriedade e se tornam moradores da periferia da cidade. 4. A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA REGIÃO AMAZÔNICA A Amazônia detém 30% das florestas tropicais do mundo e possui cerca de 20% das espécies animais da terra. A água é abundante. Talvez por isso há pouca preocupação com os recursos hídricos e com o abuso no desmatamento, a qual aumenta a erosão e a desertificação com a mudança no regime hídrico dos rios. Os problemas ambientais, decorrentes da ocupação da bacia amazônica, concentra-se nas florestas, deixando o ambiente da bacia aquática em segundo plano, o que poderá levar a conseqüências, diretas e indiretas, nos recursos hídricos da região. A água é essencial, tanto para os homens como para os animais, e para a biodiversidade natural da região. Intervenções no sistema natural, como: mau manejo da terra, usinas hidrelétricas, irrigações, indústrias, desmatamentos, queimadas e exploração incorreta dos solos trazem conseqüências desastrosas para o sistema natural. Os grandes projetos agropecuários e agroindustriais usam a terra de forma intensiva, resultando na mudança do regime hídrico, sendo que nesses empreendimentos não há nenhuma preocupação com as matas ciliares ao longo dos rios e igarapés, causando modificações nos leitos dos rios, eliminando ainda plantas e animais que vivem neste local, bem como acabando com a cobertura florestal que exerce um papel fundamental no amortecimento do impacto e na absorção do volume de água das chuvas, deixando o solo desprotegido, levando ao assoreamento dos rios, causando erosões, inundações e deslizamentos. As próprias cidades em torno da região Amazônica não possuem infraestrutura, os esgotos domésticos misturam-se às nascentes de água e ao leito dos rios, contaminando os mesmos e aumentando o número de doenças. Para um manejo racional dos recursos hídricos, é necessário que não se permita à destruição das matas ciliares, pois ao mesmo tempo em que se aumentam cabeças de boi, perdem-se peixes. A integração da economia local, com a biodiversidade natural, a floresta e os recursos hídricos, faz-se necessária à medida que a sua conservação e preservação são fundamentais para a sobrevivência dos seres vivos. Necessita-se de um equilíbrio entre o homem e a natureza, conscientizando, através de educação ambiental, sobre a importância da água. Faz-se necessário um controle mais eficaz das atividades desenvolvidas na região, através de fiscalização, visando informar e educar os envolvidos quanto a um modelo de Desenvolvimento Sustentável. 5. MITOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O principal mito de que para promover um desenvolvimento é indispensável desmatar a floresta ainda é defendido por pecuaristas e madeireiros da região e seguido por pequenos agricultores, decorrentes de programas como o do Presidente Castelo Branco: Plano de Ação Econômico do Governo (PAEG), do Presidente Costa e Silva, entre 1967 e 1969: Plano de Desenvolvimento Econômico (PDE), do Presidente Emílio G. Médici: I Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), de 1972 a 1974 e, finalmente, o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) em 1974 do Presidente Geisel, que envolveram questões culturais, incentivando a especulação fundiária da época, o qual sobrevive até hoje. Esses projetos apresentaram diretrizes e objetivos econômicos comuns6: 6 • Controlar a inflação; • Estimular as exportações; • Atrair capital e tecnologia estrangeira; • Modernizar a indústria e a agropecuária; • Reduzir os desequilíbrios regionais, e Texto do livro de OSPB (Organização Social e Política Brasileira), III PND: uma estratégia flexível para o desenvolvimento. • Ocupar a Amazônia, integrando o País. Esses projetos, apesar de apresentarem diretrizes e objetivos econômicos, incentivaram a destruição das matas e, com isso, muitos animais e plantas foram eliminados. O desenvolvimento a qualquer custo, visto como uma responsabilidade de todo cidadão brasileiro, não previa a destruição do meio ambiente. A invasão da Amazônia, impulsionada pelos governantes na ocupação de novas terras, com o intuito de desenvolver a agricultura brasileira. Em 1960, iniciou-se a aplicação de incentivos fiscais na região, intensificada com a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), órgão do Ministério do Interior, extinto em 2001, por práticas indevidas dos administradores. O Governo Federal tomou novas medidas para acelerar o desenvolvimento e a colonização da Amazônia, como o Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (POLAMAZÔNIA), em que estavam previstos grandes investimentos: novas estradas, usinas hidrelétricas, comunicações, projetos de exploração mineral e apoio a empreendimentos particulares no setor da agropecuária. A Amazônia, pelo seu território imenso e pelas suas riquezas, constituiu um desafio e uma promessa. Entretanto, entre os problemas da Amazônia de hoje, destaca-se a devastação do meio natural, a proteção dos povos nativos, a defesa dos legítimos interesses dos posseiros, a solução imediata dos graves conflitos em torno da posse das terras, e a atuação das grandes empresas nacionais e multinacionais na região. Entre todos estes problemas causados pela exploração da Amazônia, um dos maiores é o extrativismo mineral: o garimpo tornou-se responsável pelo mercúrio jogado nos rios e é causador de sérias intoxicações. Os agrotóxicos usados na agricultura e os pesticidas da pecuária são jogados nos rios, poluindo a água que a população e os animais consomem. A falta de infraestrutura nas cidades construídas em torno de suas atividades econômicas inviabiliza a qualidade de vidas das pessoas. A atividade econômica da pecuária entra em conflito com a floresta: na época de chuva, faltam pastos e são derrubadas mais matas, na tentativa de ampliar a atividade. As queimadas se intensificam na época da seca, como forma de limpar os pastos, principalmente nos meses de julho e agosto. As ocupações de novas áreas não contribuem para o desenvolvimento da agricultura. O simples crescimento extensivo provoca o desperdício de recursos materiais com as derrubadas e as queimadas predatórias. Uma das soluções para estas áreas queimadas seria o abandono das mesmas por um longo período de anos, para a sua recuperação, o que se torna inviável para os pequenos produtores rurais, pelo tamanho de suas propriedades e pelos seus recursos limitados, tornando-se, entretanto, uma solução para as grandes propriedades latifundiárias e capitalistas, que podem fazer rodízios de culturas agrícolas em suas grandes propriedades. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a economia do País, o reflexo de desenvolvimento sustentável é um aumento e um estímulo para o mercado interno. Nesse sentido, a região Amazônica, como reserva biológica, interessa a todos os seres vivos, por deter uma riqueza de recursos naturais, assumindo um aspecto relevante na área social, política e econômica. A educação ambiental deve estabelecer uma aliança entre o homem e a natureza. A proteção ecológica é uma obrigação de cada indivíduo e de todas as nações, este é o novo paradigma. O desenvolvimento leva a mudanças ambientais e, apesar da ocupação irracional da Amazônia, a situação não é irreversível. O caminho para um desenvolvimento sustentável, junto à natureza, ainda está aberto. O mundo hoje está mudando e não se admite mais um desenvolvimento à custa da depredação do meioambiente. Sabe-se que é mais fácil e econômico promover um desenvolvimento em bases conservacionistas do que despoluir o ambiente. Neste novo paradigma, a agricultura tem um papel fundamental, já que é responsável não só pela geração de empregos, mas também pela produção de alimentos para a população. A exclusão social, os altos custos e a falta de incentivos nacionais em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) dificultam uma estratégia de desenvolvimento fundamentada na própria região. Assegurar projetos nacionais é um caminho certo para a consolidação da nação. Projetos internacionais derivam de uma apropriação da região Amazônica, através do controle do uso do território, sob o cerne do desenvolvimento sustentável. Associações e sindicatos devem estar ao lado dos agricultores, estimulando projetos sociais e a permanência do produtor na terra e o uso racional da mesma, viabilizando pesquisas que visem à melhoria das condições de cultivo, da produção e do retorno econômico, fomentando as culturas permanentes. A criação de leis que consideram o desmatamento excessivo e a exploração da madeira como crime ambiental, além de proporcionar uma educação ambiental aos filhos dos produtores rurais, é essencial para o sucesso do Desenvolvimento Sustentável. Os modelos sustentáveis, usados pelos índios, deveriam servir como pontos de referência para o uso racional da floresta, através da cultura de subsistência, da preservação e da conservação dos recursos naturais. Uma parceria entre Universidades e instituições de pesquisas, bem como medidas informativas, orientadoras e educacionais, junto aos respectivos governos e comunidades locais, é indispensável à formação de uma consciência ambiental, que se intensificará para um fortalecimento em favor da Amazônia e contra a sua degradação, já que a globalização colocou o desafio ecológico como questão de sobrevivência da humanidade, e a Amazônia é o símbolo deste desafio! Referências ANDRADE, José Geraldo de. Introdução à administração rural. UFLA/FEPE. Lavras: 1996. CAVALCANTI, Clóvis. Desenvolvimento e natureza: estudo para uma sociedade sustentável. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1998. Cimeira Mundial sobre desenvolvimento sustentável: Joanesburgo, 2002 – Rio + 10. Centro de informação das Nações Unidas em Portugal. Disponível em: WWW.onuportugal.br/ ENV/DEV/55 PI/1318. Acesso em: 24 ago 2002. PAVAN, Crodowaldo. Uma estratégia latino-americana para a Amazônia. Memorial. São Paulo: 1996. ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Meio ambiente e dinâmica de inovações na agricultura. Annablume/FAPESP. São Paulo: 1998. TEIXEIRA, Francisco Maria Pires: DANTAS, José. OSPB: organização social e política brasileira. 7ª ed. Ática. São Paulo: 1982.