Análise de agrupamento das empresas do ramo de energia elétrica. Laíla Luana Campos¹ Marcelo Tavares² 1)Introdução A eletricidade desempenha um papel fundamental na sociedade moderna, por ser uma das principais fontes de energia. A dependência da economia na energia, em especial na elétrica, requer o uso mais racional e efetivo pela sociedade dos recursos energéticos, principalmente dos não renováveis e dependentes de condições climáticas, como os recursos hídricos. A energia elétrica atua amplamente como um fator de integração e desenvolvimento de um país. Ratificando a importância da disponibilidade de energia, salienta-se que seu consumo per capita é usado como um indicador para a qualidade de vida dos países. A energia elétrica, hoje, está presente na maioria das residências brasileiras, sendo um importante indicador de desenvolvimento humano e social, na medida em que traz conforto, segurança, higiene, informação e lazer. Ao mesmo tempo faz parte do cotidiano com outros usos não residenciais, como iluminação pública, refrigeração, tração urbana e rural. O uso da energia é de fundamental importância para a humanidade e está presente desde o atendimento a suas necessidades básicas, perfazendo seu caminho até a ampliação de sua qualidade de vida. O desenvolvimento econômico e os padrões de vida buscados pela sociedade são processos que dependem da disponibilidade de um abastecimento adequado e confiável de energia (HINRICHS & KLEINBACH, 2003). Com relação à capacidade de geração de energia, o Brasil apresenta potencialidades em alguns segmentos que o faz destacar-se no ramo de energia renovável. Mais especificamente, o país apresenta diversificada pauta de geração de eletricidade, concentrando 45% desse total em fontes renováveis. Por outro lado, dos 55% restantes, 45% é proveniente do petróleo e derivados. (Ministério das Minas e Energia, 2008). O Brasil é o nono maior produtor mundial de energia, com 403 TWh anuais, ou 2,2% do total produzido no mundo (apenas para efeitos de comparação, nossas exportações em 2006 representam 1,3% das exportações mundiais) e o terceiro maior produtor hidrelétrico, com 11,3% do total da hidroeletricidade mundial. (SANTOS et al., 2008). ¹ Acadêmica do curso de Estatística - UFU e-mail: [email protected] ² FAMAT-UFU e-mail: [email protected] A produção de energia elétrica adequada à demanda constitui um fator relevante para a manutenção de taxas de crescimento do produto de uma economia. A afirmativa decorre do fato deste segmento produtivo se constituir num dos componentes de infraestrutura de uma região A Revista Exame classifica as 150 melhores empresas para se trabalhar utilizando-se do Índice de Felicidade no Trabalho. Esta nota é composta pelos índices: i) Felicidade no Trabalho: é o índice geral de melhores empresas para trabalhar o qual mede as práticas de gestão de recursos humanos e apercepção dos funcionários sobre o ambiente de trabalho. (70%: Índice de qualidade na gestão de pessoas, 25%: Índice de qualidade no ambiente de trabalho e 5%: Nota da visita do jornalista); ii) Índice de Qualidade do Ambiente de Trabalho (IQAT) o qual mede a percepção dos funcionários sobre identidade (ligada à estratégia e valores da empresa), satisfação e motivação (ligada aos processos de gestão), aprendizado e desenvolvimento (crescimento pessoal e de carreira) e liderança (o papel dos chefes); ii) Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas (IQGP) que avalia as políticas de recursos humanos. O mesmo é composto pela média das notas de remuneração e benefícios, carreira, educação, saúde, integridade do trabalhador e responsabilidade social e ambiental. (LOVATO,2011) Quando se pretende agrupar objetos, sejam eles indivíduos ou empresas, de acordo com suas características pode-se utilizar as técnicas multivariadas de análise de conglomerados (clusters). Nestas são utilizados procedimentos através da observação das semelhanças e diferenças entre os objetos de interesse, que são as chamadas medidas de similaridades e irão definir a distância entre cada individuo. São diversas as técnicas de agrupamento cabendo ao pesquisador, após obter as medidas de similaridades, definir que técnica melhor organiza os grupos. (EVANGELISTA, et al., 2011). Portanto, este trabalho teve por objetivo agrupar as empresas do ramo de energia eleitas as melhores para se trabalhar a partir da publicação da revista EXAME “As 150 melhores empresas para se trabalhar” de 2012 com base em variáveis relacionadas ao índice de felicidade. 2)Metodologia Os dados utilizados no presente trabalho foram obtidos a partir da revista Exame “As 150 melhores empresas para se trabalhar” do ano de 2012. As variáveis utilizadas para o agrupamento foram: número de executivos, número de funcionários e sua idade média, tempo médio de trabalho em anos, proporção de homens, proporção de mulheres e proporção de número de executivos em relação ao numero de funcionários. Para o cálculo da distância entre as empresas utilizou-se a distância euclidiana após a padronização dos dados. Para a formação dos clusters, utilizou-se o método hierárquico de Ward, visando a formação de partições que minimizam a perda associada a cada agrupamento (HAIR et al., 2006). 3) Resultado e discussões A Figura 1 apresenta os clusters formados a partir de um corte no dendrograma na altura de 5. Verificou-se a ocorrência de quatro clusters. Na tabela 1 são apresentados os clusters formados. Dois clusters foram formados por duas empresas cada (cluster 1 e 3). Já os outros clusters obtidos (cluster 2 e 4), foram compostos por três empresas em cada. Desta forma, ocorreu uma boa divisão das empresas. Figura 01: Dendrograma do método de agrupamento de Ward entre as melhores empresas de energia para se trabalhar de 2012. As empresas presentes em cada cluster são apresentadas na tabela 1. Posteriormente, foi realizada a análise descritiva de cada um dos quatro clusters formados. Os resultados são apresentados na tabela 2 Tabela 1: Clusters formados entre as melhores empresas de energia para se trabalhar de 2012.. Cluster 1 Cluster 2 CPFL ENERGIA GRUPO SÃO MARTINHO AMPLA COELCE ELTROBRAS ELETRONORTE Cluster 3 TRACTEBEL ENERGIA TRANSOCEAN Cluster 4 AES SUL CEMAR ENDESA GERAÇÃO Verifica-se que, em média, as maiores diferenças entre os clusters ocorreram para as variáveis número de funcionários, número de executivos, proporção de mulheres e relação número de executivos por número de funcionários. O cluster 3 apresentou a maior relação número de executivos por número de funcionários. Tabela 2: Estatística Descritiva dos Clusters formados entre as melhores empresas de energia para se trabalhar de 2012. Variáveis Numero de Funcionários Numero de Executivos Idade Media Tempo Médio Proporção de Homens Proporção de Mulheres Executivos/Funcionários Cluster 1 Média 6132,00 Desvio Padrão 19,80 Média 324,50 Desvio Padrão 28,99 Média 37,50 Desvio Padrão 0,71 Média 12,50 Desvio Padrão 0,71 Média 0,87 Desvio Padrão 0,05 Média 0,14 Desvio Padrão 0,05 Média 0,05 Desvio Padrão 0,00 2 949,67 520,32 75,67 44,06 42,00 2,65 15,33 2,52 0,80 0,08 0,20 0,08 0,08 0,01 3 1326,00 332,34 205,00 38,18 37,50 2,12 10,50 6,36 0,89 0,03 0,11 0,03 0,16 0,07 4 923,00 636,80 70,00 31,76 35,67 2,89 7,67 1,15 0,75 0,06 0,25 0,06 0,11 0,06 No cluster 1 estão as maiores empresas quanto ao tamanho considerando o número de funcionários e executivos. A idade média esteve próxima em todos os clusters formados e o cluster 4 apresentou o menor tempo médio. 4)Conclusão Por meio dos resultados obtidos, pode-se verificar em relação ao índice de felicidade nas empresas do setor de energia, obteve-se a formação de 4 clusters (grupos) de empresas. Os clusters apresentaram características distintas. 5)Referências [1]EVANGELISTA, G. L.; NOGUEIRA, M. E. F.; NUNES, F. R. de M.; FREITAS,S. M. DE. A técnica de Cluster como ferramenta de apoio à tomada de decisão visando à melhoria da qualidade do serviço prestado: estudo de caso em empresa do ramo de distribuição, Ceará. 2011. XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. [2] HAIR, J. F., ANDERSON, R. E. TATHAM, R. L., BLACK, W. C. Análise Multivariada de Dados. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. [3] HINRICHS, Roger A.; MERLIN, Kleinbach Energia e meio ambiente. Cengage Learning, tradução da 3º edição norte-americana, São Paulo, 1º edição, 2008. [4] LOVATO, L.; Indicadores estratégicos para a gestão do desempenho empresarial: estudo de caso de uma empresa do setor elétrico. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação interdisciplinar em Organizações e Desenvolvimento da FAE Centro Universitário Franciscano - Curitiba. P.85-86, 2011. [5] MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Resenha Energética Brasileira de 2008. Disponível: <http://www.mme.gov.br> . [6] SANTOS, G.A.G.S.; BARBOSA,E.K; SILVA,J.F.S.;ABREU, R.S. Por quê as tarifas foram para os céus Proposta para o setor elétrico brasileiro. REVISTA DO BNDES, RIO DE JANEIRO, V. 14, N. 29, P. 435-474, JUN. 2008.