A n t ó n i o G a r c i a diz que nunca passou multas a cantar, mas talvez o tenha feito a c a n t a r o l a r . O exagente da P S P , que chegou a escoltar o actual presidente da República (na altura primeir o - m i n i s t r o ) , Cavaco Silva, lançou r e c e n t e m e n t e o segundo álbum, "Lá se vai morena". O gosto pela música era tanto que fez tudo para c o n s e g u i r ar- ranjar um serviço que lhe permitisse ter os fins-de-semana livres para os c o n c e r t o s : "Fazia tudo para ter os fins-de-semana livres, o que deixava alguns colegas irritados", diz, ironicamente, e acrescenta que, "por v e z e s , saía da esquadra e ia d i r e c t a m e n t e para o aeroporto, porque tinha concertos agendados no estrangeiro." Tony Garcia ( n o m e artístico) c o n t a que tem, desde c r i a n ç a , o " b i c h i n h o da m ú s i c a " , m a s só despertou em 1993: "Decidi que ia a p r e n d e r m ú s i c a e c o m e c e i , e n t ã o , a t o c a r saxofone t e n o r . M a s o que pretendia era cantar. D e p o i s , fui convidado para t o c a r num conjunto que era c o m p o s t o por agentes da Polícia de Trânsito de Lisboa, t a m b é m na P S P " . Este foi o ponto de partida que não teve mais retorno. Nesse ano, gravou uma cassete e, no ano se- sicas originais, um álbum em que teve a ajuda do cantor E m a n u e l . Depois, e m 1 9 9 4 , criou um grupo, no qual tocava saxofone e cantava. A c t u a l m e n t e , c o m 54 a n o s , está aposentado, t e m três filhos: u m a r a p a r i g a de 32 a n o s - de quem t e m três netos - e dois rapazes, de 26 e nove anos. Por conjugar as duas profissões, teve histórias c a r i c a t a s . A dada altura, foi aos A ç o r e s dar um e s p e c t á c u l o na ilha de S. Jorge e teve curiosidade de ver como era a esquadra da ilha. "Entrei na e s q u a d r a e estava lá um polícia que me informou da pacatez da ilha. D e p o i s , disse-me que eu estava c o m sorte porque ia estar lá um artista do C o n t i n e n t e , só que o artista era eu. Tive de o levar a ver os cartazes para que acreditasse": Tony Garcia considera que, se tivesse tido, desde logo, uma porta aberta para a música, "não tinha ido para a Polícia". Por outro lado, se não fosse a música, talvez não tivesse encontrado a mulher c o m q u e m se c a s o u . "A m i n h a mulher conheceu-me no palco, em Vieira de Leiria. Estava a dar o c o n c e r t o quando reparei numa s e n h o r a muito c o n c e n t r a d a na minha música". E como terá sido o pedido de c a s a m e n t o , a cantar? "Talvez a trautear", respondeu. LUÍS LEITE [email protected]