CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA
DO DISTRITO FEDERAL
Fls.____
Consulta nº 29/2012
ASSUNTO
Lesão de ureter durante retirada de útero.
PARECER
O Tratado de Ginecologia, de Berek & Novak, décima quarta edição, do ano
de 2007, um livro texto clássico de ginecologia, descreve no capítulo sobre
histerectomia, retirado do útero, que:
A maioria das lesões intra-operatórias durante a histerectomia
abdominal
esta
possivelmente
relacionada
a
má
iluminação,
assistência insatisfatória, pressa indevida, variantes anatômicas ou
envolvimento do órgão lesado no processo patológico. Alguns desses
fatores são eliminados com atenção cuidadosa aos detalhes e uso de
técnica cirúrgica apropriada. Entretanto, algumas lesões operatórias
não podem ser evitadas nem mesmo pelos cirurgiões mais hábeis.
Assim, o cirurgião deve estar preparado para reconhecê-las e reparálas .
Mesmo com grande atenção aos detalhes, ainda pode haver
lesões e complicações, reconhecidas e não reconhecidas. A lesão da
porção pélvica do ureter é uma das complicações mais terríveis da
histerectomia. É essencial estar sempre ciente da proximidade entre o
ureter e as outras estruturas pélvicas.
A maioria das lesões ureterais pode ser evitada pela visualização
direta do mesmo, obtida abrindo-se o retroperitônio lateral à artéria
ilíaca externa. Apesar dessa preocupação é possível que ocorram
lesões ureterais.
Em outro livro texto clássico o Cirurgia Ginecológica de Te Linde que na
decima edição, de 2012 reserva o capitulo 38 exclusivo de lesões operatórias
ao ureter, onde descreve que:
Lesões ureterais são reconhecidas como potenciais complicações
de procedimentos ginecológicos cirúrgicos desde o inicio da nossa
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disciplina. Ao longo dos anos, varias modificações dos procedimentos
cirúrgicos foram oferecidas com a finalidade específica de diminuir a
probabilidade de lesão ureteral. Apesar desses esforços, a lesão
ureteral
permanece
uma
complicação
muito
real
na
cirurgia
abdominopélvica na paciente, afetando até 1,79% das mulheres
levadas à sala de cirurgia para cirurgia pélvica, embora a incidência
aceita seja de cerca de 0,35-0,4%. O risco depende do procedimento
realizado e da habilidade do cirurgião.
Assim sendo não se pode falar em erro médico diante de uma intercorrência
relatada nos vários livros textos que versam sobre cirurgia ginecológica.
É o meu parecer, que submeto à apreciação.
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