Saber Ecológico:
O Fitoplâncton e nossas águas
Larissa Duarte Araújo Pereira
Apoio:
Larissa Duarte Araújo Pereira
Saber Ecológico:
O Fitoplâncton e nossas águas
Livro apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática, da PUC
Minas, como parte do trabalho de conclusão de curso de Larissa Duarte Araújo Pereira. Apoiado pelo
projeto de pesquisa GT399, “Desenvolvimento de índices georeferenciados da qualidade das águas e
caracterização sócio-ambiental da região de reservatórios em cascata: Volta Grande e Jaguará ” da
Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG.
BELO HORIZONTE
2013
Fig. 1
Apresentação
No planeta Terra, ambiente em que moramos, há uma série de
seres vivos como: plantas, animais, bactérias e, ainda elementos
que compõem matérias não vivas, como por exemplo, a água, as
nuvens, o ar, as pedras.
Conscientes de que somos moradores de um planeta que nos
oferece boas condições de moradias, sabemos também que temos
que cuidar dele para que não haja degradação, poluição,
desrespeito aos seres vivos, desperdícios de consumo entre outros
maus comportamentos, para que consigamos sempre ter uma vida
saudável.
O ser humano, embora faça parte do meio ambiente, é um grande
causador de destruição do meio e neste livro vamos tratar de um
assunto muito importante, a água que nos
sustenta, o fitoplâncton que nela vive e questões ambientais
relacionadas.
Este material tem como objetivo instruir alunos e professores dos
ensinos fundamental e médio, acerca da problemática ambiental
envolvendo a qualidade de nossas águas e o fitoplâncton, de uma
maneira divertida, incentivando a transformação postural dos
cidadãos brasileiros para que haja melhoria nos cuidados com o
este recurso tão importante, levando a interações construtivas e
corretas para manutenção do meio.
Larissa Duarte Araújo Pereira
5
Fig. 2
Carta ao estudante
Estudante,
Mais que um conteúdo a ser estudado na escola, os cuidados com o
meio ambiente reúnem hoje um conjunto de conhecimentos
imprescindíveis para compreender e interpretar os desafios da
sociedade contemporânea, e nos permite uma atuação como
cidadãos cada vez mais conscientes e cuidadosos.
Neste material foram realizadas importantes observações e
informações que são fundamentais para o cuidado com nossas
águas e o meio ambiente em geral.
Em seguida, vocês poderão compartilhar do jogo do saber ecológico
para relembrar o aprendizado junto aos seus colegas.
Espero que este livreto contribua efetivamente para a sua formação
como pessoa e cidadão e aumente seu interesse pelos estudos cada
vez mais.
Com carinho,
A autora.
6
Fig. 3
Carta ao professor
Professor (a),
É possível refletir através deste livreto o quão importante é o
conhecimento científico para que entendamos o nosso meio
ambiente e como cuidar dele.
E você, como professor, tem o papel fundamental de exemplo na
vida das pessoas que formam a sociedade, sendo um pilar na
formação do cidadão, ou ainda, aquele que amplia a capacidade de
compreensão do mundo em que vivemos e ensina a refletir
criticamente sobre ele e nele atuar corretamente.
Este material foi formulado para auxiliá-lo neste sentido,
juntamente aos demais conteúdos diários, para estimular à reflexão,
o pensamento crítico, a ação em sociedade e ainda, ajuda na relação
entre conhecimento científico e às demais áreas do conhecimento.
Nossas águas possuem elementos fundamentais a vida e, a
qualidade dela é fundamental, de forma que tornou-se assunto de
preocupação a nível mundial.
O equilíbrio da biota aquática é também assunto aqui, considerando
os papeis do fitoplâncton e a problemática relacionada ao seu
desequilíbrio e alterações de qualidade de água.
Esperamos ajudá-lo e estimulá-lo a trabalhar de uma forma divertida
e descontraída este tema tão importante.
Respeitosamente,
A autora.
7
Sumário
Apresentação..................................................................... 5
Carta ao estudante............................................................ 6
Carta ao professor............................................................. 7
Introdução.......................................................................... 11
A água: nosso recurso finito............................................. 13
O ecossistema aquático.................................................... 16
O Fitoplâncton.................................................................. 19
Cianobactérias.................................................................. 25
Cuidados com a água....................................................... 28
Brincando com a aprendizagem - Jogo Saber Ecológico: O
Fitoplâncton e nossas águas........................................... 34
Referências Bibliográficas............................................... 38
Fonte das Imagens............................................................ 40
Introdução
A Terra é um planeta repleto de vida, desde as profundezas dos mares
até o mais alto pico montanhoso. Sabendo que os seres vivos são
capazes de se desenvolver na Terra em diversos ambientes, será que
estes podem modificar o ambiente em que vivem? Como os seres se
relacionam com o meio? De que os seres vivos precisam para viver?
Qual a importância da água para os seres vivos? Todas essas
perguntas são naturais do ser humano e precisam ter respostas
conhecidas.
Os seres buscam nos ambientes condições para sua sobrevivência e
reprodução. Todos precisam de alimentos, alguns da alimentação
herbívora, alimentando-se de plantas, outros da alimentação
carnívora, alimentando-se de carne de outros animais, há também
aqueles que são onívoros, alimentando-se de carnes e plantas. Há
ainda aqueles que produzem seu próprio alimento através da energia
que seu próprio corpo produz, como no caso das plantas e, há
também aqueles que decompõem matérias para alimentação, como
no caso de alguns fungos e bactérias.
Desta forma, cada espécie de ser vivo mantém na natureza um
continuo relacionamento com outras espécies e com vários fatores
não vivos do ambiente.
Todo ser é capaz de modificar o ambiente em que vive, podendo com
sua ação manter um equilíbrio ambiental ou não. O homem é um
grande exemplo atual daquele que não auxilia na manutenção do
equilíbrio ambiental, já que fez de seu ambiente um local com
construções, exploração e uso excessivo de materiais.
11
Em relação à importância da água para manutenção da vida, é sabido
que ela é essencial para nossa sobrevivência, é o elemento que
compõe a maior parte do corpo do ser humano, é também requisito
para a reprodução de uma série de animais e, é ainda o berço do
nascimento e vivencia de plantas, entre outras funções.
Quando se remete a bacias hidrográficas, existem impactos
considerados naturais, são eles provenientes dos próprios
mecanismos de funcionamento dos ecossistemas e das bacias
hidrográficas e, há também os impactos produzidos pelas atividades
humanas. Os impactos naturais são, de certa forma, absorvidos pelo
ecossistema, que tem mecanismo apropriado de múltiplos controles
para reproduzir e minimizar os impactos naturais. Todavia, o
somatório dos impactos naturais aos impactos humanos, atualmente,
é extenso e produz grandes alterações na estrutura e função dos
ecossistemas aquáticos.
Reconhecendo então a importância do recurso água, estudaremos
aqui as influências humanas em sua qualidade, composição,
ecossistema, e, enfocaremos o grupo de seres aquáticos fitoplâncton.
Fig. 4
12
Água: nosso recurso finito
Os ambientes aquáticos recobrem cerca de 75% da superfície terrestre
e, deste total de água, cerca de:
•97,2% são de água salgada, dos mares e oceanos;
•2,8% são de água doce;
2,8%
97,2%
Fonte: INMETRO, IDEC, 2002.
E, do total de água doce, que é de onde retiramos a água para
consumo como bebida, há ainda a distribuição relacionada à forma
como ela é encontrada, sendo:
•85% em estado sólido, nos pólos e geleiras;
•14% em águas subterrâneas;
•0,8% em águas superficiais;
•0,2% umidade do ar e solo.
0,2%
0,8%
14%
85%
Fonte: INMETRO, IDEC, 2002.
13
A água que chamamos de doce, não é propriamente açucarada, mas,
é assim chamada porque possui pequena quantidade de sais minerais
dissolvidos quando comparada a água dos oceanos – que é salgada.
Como visto no gráfico, a água para consumo é um recurso natural
limitado, sua preservação e utilização racional são aspectos
importantes para resolução de problemas agudos relacionados à
questão hídrica, visando o bem estar de todos e à preservação do
meio ambiente.
A água é influente na saúde, na qualidade de vida e desenvolvimento
do ser humano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
“todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e
condições sócio-econômicas têm o direito de ter acesso a um
suprimento adequado de água potável e segura”.
Devido ao aumento populacional e a constante intervenção do
homem no meio ambiente, a poluição dos recursos hídricos têm se
intensificado, tornando-o cada vez mais escasso. Reservas disponíveis
estão cada vez mais impactadas, afetando a capacidade de
autodepuração das águas.
A formação de aglomerados urbanos e industriais, com crescente
necessidade de água para abastecimento doméstico e industrial, além
de irrigação e lazer, faz com que, atualmente, a quase totalidade das
atividades humanas seja cada vez mais dependente da disponibilidade
de águas continentais.
14
Nos últimos anos, tem sido cada vez maior a degradação dos
ecossistemas de águas interiores, com base em despejos de vários
resíduos, por efeito do desmatamento da bacia hidrográfica, por
poluição do ar e posterior chuva ácida e principalmente por
interferência humana na vida aquática (superexploração de plantas e
animais aquáticos, introdução de espécies exóticas, entre outras).
Além dos problemas de poluição, eutrofização e deterioração que as
águas interiores vêm sofrendo e que são altamente influenciáveis no
equilíbrio do ecossistema aquático.
Fig. 5
Fig. 6
15
O ecossistema aquático
Um ecossistema é constituído pelo ambiente e pelos seres vivos que
nele vivem. Num ambiente aquático, temos um ecossistema formado
por componentes não-vivos (água, pedras, luz, etc.) e pelos seres
vivos, que interagem entre si e com o ambiente (Figura 7).
Figura 7: Representação gráfica de ecossistema.
A principal característica de um ecossistema é sua auto-suficiência, ou
ainda, a sua capacidade de se manter em atividades pela interação de
seus próprios componentes.
No ecossistema de uma bacia hidrográfica temos uma série de
matérias, constituídas pelos componentes vivos e não vivos. Como
seres vivos destacam-se: peixes, plantas, bactérias, répteis, anfíbios e
até alguns mamíferos e aves.
16
De acordo com o modo que se deslocam os seres vivos, podem ser
classificados como: nécton, betons e plâncton.
O Nécton compreende os seres que se deslocam por atividades
próprias no ambiente aquático, vencendo a correnteza. Exemplo
desses seres são peixes, tartarugas, focas, baleias, etc. (Figuras 8, 9 e
10)
Fig. 8
Fig. 9
Fig. 10
Figuras 8, 9 e 10: Exemplos – nécton.
O Benton representa o conjunto dos seres restritos ao fundo do
ambiente aquático, fixos ou que se arrastam na areia. Este grupo
engloba esponjas, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar, entre outros
exemplos (Figuras 11, 12 e 13).
Fig. 11
Fig. 12
Fig. 13
Figuras 11, 12 e 13: Exemplos – Benton.
17
O plâncton é a comunidade que habita as águas com limitada
capacidade de locomoção e com sistemas que possibilitam a
flutuabilidade permanente ou limitada. Este grupo pode ser dividido
em: zooplâncton e fitoplâncton (Figuras 14 e 15).
Figura 14: Exemplos de zooplâncton.
Figura 15: Exemplos de fitoplâncton.
O zooplâncton é formado pelos seres planctônicos heterotróficos,
que geralmente se alimentam do fitoplâncton e detritos orgânicos em
suspensão. É constituído, por exemplo, por várias espécies de animais
microscópicos.
Já o fitoplâncton, com ênfase nesse estudo, compreende o conjunto
de seres planctônicos clorofilados, ou seja, aqueles que realizam
fotossíntese. É representado por uma série de algas que veremos a
importância a seguir.
18
O fitoplâncton
O fitoplâncton compreende as algas microscópicas que são
fotossintetizantes e unicelulares. Elas podem ser encontradas
isoladas ou em coloniais que flutuam preferencialmente na superfície
das águas. São organismos que sintetizam matéria orgânica e utilizam
a energia solar junto aos seus nutrientes essenciais para o seu
metabolismo e desenvolvimento.
As algas do fitoplâncton apresentam uma fantástica diversidade de
formas e essa característica contribui muito para a sua flutuabilidade
e permanência na zona fótica (que é uma parte do corpo d’água que
recebe luz solar suficiente para que se tenha fotossíntese).
A maioria dos organismos fitoplanctônicos é constituída de parede de
sílica, carbonato de cálcio e celulose, com isso, apresentam densidade
maior que a da água. O fitoplâncton possui também adaptações
especiais para melhorar a flutuabilidade, são elas: cerdas, espinhos,
forma de placa delgada, forma de agulha, formação de colônias,
bainha de mucilagem, gotas de óleo ou gordura.
Utilizando a luz solar como fonte de energia, o fitoplâncton
transforma substâncias simples que obtêm do meio em matéria
orgânica, matéria essa necessária ao seu crescimento e multiplicação.
Este hábito trata-se de um dos mais importantes processos em curso
no planeta, uma vez que constitui o primeiro elo do complexo sistema
alimentar aquático. Todos os animais dos meios aquáticos utilizam da
matéria orgânica produzida por este grupo de forma direta ou
indireta, havendo aqueles que se alimentam diretamente da
19
matéria e outros que se alimentam de outros animais que por sua vez
se alimentam diretamente da matéria. Portanto, o fitoplâncton é à
base de todo o ecossistema aquático e tem papel fundamental num
ecossistema global, uma vez que a água é fonte de vida para todos os
demais seres. Outras funções serão citadas mais a frente.
Os grupos de fitoplâncton mais comuns em água doce são
Baccillariophyta,
Chlorophyta,
Chryptophyta,
Chrysophyta,
Cyanophyta, Dinophyta e Euglenopyta. Cada um destes possuem
características próprias e elas são:
•Baccillariophyta ou diatomáceas: possuem parede celular composta
de duas valvas de sílica; algumas são móveis através de deslizamento
associado à produção de mucilagem (Figuras 16 e 17).
Fig. 16
Fig. 17
Figuras 16 e 17: Exemplos de Baccillariophyta.
•Chlorophyta: ou algas verdes, é o grupo com maior número de
espécies nos ambientes aquáticos continentais. Podem ser
unicelulares, filamentosas ou coloniais. É um grupo com grande
variedade de formas, inclusive espécies com flagelos (Figuras 18 e 19).
Fig. 18
Fig. 19
Figuras 18 e 19: Exemplos de Chlorophyta.
20
•Chryptophyta: são algas unicelulares, biflageladas com flagelos de
diferentes tamanhos (Figura 20).
Figura 20: Exemplos de Chryptophyta.
•Chrysophyta: são unicelulares, podem ser isoladas ou coloniais. Sua
parede celular é constituída de sílica com uma camada em forma de
concha bivalve (Figuras 21 e 22).
Fig. 21
Fig. 22
Figuras 21 e 22: Exemplos de Chrysophyta.
•Cyanophyta: são conhecidas também por cianobactérias, pois
mostram semelhanças com bactérias. Podem ser unicelulares,
filamentosas ou coloniais e o corpo pode ser envolto por mucilagem.
Essas algas são muito importantes, portanto daremos enfoque a elas
no próximo tópico (Figuras 23 e 24).
Fig. 23
Fig. 24
Figuras 23 e 24: Exemplos de Cyanophyta.
21
•Dinophyta: compreende organismos unicelulares assimétricos, com
dois flagelos diferentes na forma e na função, geralmente
apresentando parede celulósica esculpida em placas (Figuras 25 e 26).
Fig. 25
Fig. 26
Figuras 25 e 26: Exemplos de Dinophyta.
•Euglenopyta: são unicelulares e se movimentam por meio de
flagelos que possui a capacidade de detectar a presença de radiações
luminosas, graças a uma mancha ocular com um pigmento fotovisível
(Figuras 27 e 28).
Fig. 27
Fig. 28
Figuras 27 e 28: Exemplos de Euglenopyta.
Todas essas algas são consideradas como plantas
inferiores, uma vez que não apresentam organização complexa do
corpo, todavia produzem fotossíntese. São, portanto, importantes no
ecossistema aquático. Elas possuem funções que são essenciais no
ecossistema, por exemplo, são elas que:
•Convertem material inorgânico em orgânico (através da
fotossíntese);
•Oxigenam a água (ainda através da fotossíntese);
22
•Servem como base essencial para a cadeia alimentar;
•Afetam a quantidade de luz solar que penetra na coluna d'água.
Assim como muitas plantas superiores, as algas precisam de luz, de
suprimento de nutrientes inorgânicos e de faixas específicas de
temperatura para crescerem e se reproduzirem. Dentre esses fatores,
o suprimento de nutrientes (especialmente o fósforo) é um dos
principais, pois é ele que permite a evolução do crescimento algal.
Existe uma série de fatores ambientais que interferem no crescimento
das algas nas águas e são eles que determinam o tipo e a quantidade
de algas encontradas em determinados locais. Alguns desses fatores
são:
•A quantidade de luz solar que penetra na água (afetada pela
intensidade dos raios solares; pela quantidade de material em
suspensão; e pela cor da água);
•A disponibilidade de nutrientes para o crescimento das algas
(determinado tanto pela fonte como pelos mecanismos de remoção);
•A temperatura da água (regulada pelo clima, altitude, lançamento
de efluentes, etc.);
•A remoção física das algas (pelo seu afundamento ou retirada);
•O pastoreio da população algal, por peixes, animais microscópicos e
outros organismos (zooplâncton);
•O parasitismo por bactérias, fungos e outros microrganismos; e
•A competição de outras plantas aquáticas por alimento e luz.
23
Podemos dizer que todos esses fatores estão sempre num estado de
fluxo, porque existem alterações constantes nos ambientes
aquáticos, como a mudança das estações, o uso dos terrenos da bacia
hidrográfica, enxurradas, entre outros. Todos esses acontecimentos
podem ou não apresentar bons habitats para o crescimento ou
sobrevivência de algas. Por isso, toda mudança que o homem faz ao
meio deve ser observada, avaliada previamente, para que não se
cause desastres ambientais ou desequilíbrios ecológicos.
24
Cianobactérias
As cianobactérias fazem parte do fitoplâncton natural e como as
demais algas apresenta importância no ecossistema aquático. Porém,
as cianobactérias se destacam por apresentarem capacidade
diferenciada de crescimento, elas têm capacidade de se adaptarem e
disseminarem em diferentes cursos d’água, além de solos, rochas,
gelos e neve.
Existem atualmente 250 gêneros de cianobactérias, com mais de 2800
morfoespécies identificadas, sendo cerca de 45 gêneros de linhagem
tóxica, com mais de 40 morfoespécies descritas como produtoras de
toxinas nocivas a animais e ao homem. As florações ou ‘bloom’ de
cianobactérias é o crescimento intenso de cianobactérias na
superfície da água. Este acontecimento modifica a qualidade da água,
produz toxinas, odores e sabor na água. As suas substâncias são
tóxicas para os humanos e podem ser mortais para os animais
silvestres e domésticos. Quando as algas se decompõem, elas podem
esgotar o oxigênio da água e causar a morte de peixes.
O bloom é estimulado por fatores físicos, químicos e biológicos, como
por exemplo, alterações de temperatura, nível de fósforo/oxigênio e
de matéria orgânica na água. Como as cianobactérias são um grupo
de algas com grande vantagem adaptativa tem despertado grande
interesse científico, pois o seu bloom pode causar grandes alterações
num ecossistema aquático devido ao elevado número de espécies,
além da possível presença de espécies tóxicas.
25
As cianobactérias podem formar florações com verdadeiros tapetes
cobrindo a superfície aquática (Figuras 29 a 34), isso impede a
penetração de luz solar, causando depleção de oxigênio dissolvido.
Esses tapetes fazem parte de um processo denominado eutrofização,
que é iniciado por alterações de concentração de nitrogênio/oxigênio
na água.
Em níveis controlados a eutrofização é saudável para o meio, porém
em excesso o reflexo dela são mudanças drásticas na comunidade
biológica, com redução de espécies. Porém, nem toda eutrofização é
composta por espécies tóxicas, ainda assim, não deixa de apresentar
riscos ao meio. Além desses problemas, a eutrofização também
diminui do uso da água para recreação, diminui o oxigênio disponível
na água para outros seres que nela vivem, aumenta o número de
produtos químicos no tratamento hídrico (que torna o custo do
tratamento da água mais alto), altera o pH da água (levando a
mortandade de peixes), etc.
Fig. 29
Fig. 30
Fig. 31
Fig. 32
Fig. 33
Fig. 34
Figuras 29 a 34: Exemplos de florações de cianobactérias.
26
Com os estudos, foi possível detectar que grande causador deste
crescimento descontrolado de cianobactérias é o próprio homem,
porque a principal fonte de enriquecimento deste grupo tem sido a
descarga de esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos e
das regiões agriculturáveis nas águas.
A organização mundial de saúde (OMS) tem registrado casos, em
diferentes países, de floração de cianobactérias que trouxeram
prejuízo à saúde humana, direta, por meio de consumo de água e,
indireta, por meio de atividades de recreação, como esportes
aquáticos.
As intoxicações humanas por cianotoxinas podem ocasionar
problemas neurológicos (neurotoxinas), hepáticos (hepatotoxinas) e
reações alérgicas (dermatoxinas). As neurotoxinas geralmente atuam
especificamente no sistema nervoso humano, podendo ocasionar a
morte por parada respiratória. Já as hepatotoxinas agem
principalmente no fígado, que produzem palidez, respiração
ofegante, vômito e diarréia. As dermatotoxinas causam problemas na
pele e, geralmente são menos problemáticas a saúde em relação às
anteriores.
Portanto, todo cuidado com a água é necessário para que não
ocorram problemas como o excesso de eutrofização, o bloom de
algas, desequilíbrios ambientais e problemas relacionados, como por
exemplo, os ligados a saúde animal e humana (Figura 35).
Figura 35: Processo de eutrofização.
27
Cuidados com a água
Foi possível notar até aqui que é muito importante se ter cuidado com
as águas do nosso planeta e, que embora seja um recurso encontrado
com facilidade no Brasil, o uso desordenado e a ação poluidora do
homem têm prejudicado a saúde de nossas bacias hidrográficas. Mas,
como cuidar da água?
Existem atitudes que podemos tomar em favor das nossas águas e
outras devemos evitar. O desflorestamento (Figura 36), por exemplo,
é uma ação que deve ser evitada, pois a presença de árvores reduz o
risco de inundamentos, visto que mantém a água retida no solo, e
também reduz o risco de erosões, já que o plantio mantém o solo
estável com a presença de raízes com tamanho adequado a cada
ambiente.
Figura 36: Desmatamento próximo ao leito do rio.
Outra ação que prejudica as bacias hidrográficas é o uso de
agrotóxicos em plantações (Figura 37). O agrotóxico lançado nas
plantações acaba infiltrando no solo e se mistura nas águas
subterrâneas que deságuam nos rios e mares, poluindo-os
indiretamente, e algumas vezes ele é lançado próximo a margens de
bacias hidrográficas e acabam sendo um poluidor direto. Alguns
efeitos desses são tóxicos a saúde dos seres aquáticos e podem ser
também tóxicos à saúde humana.
28
Figura 37: Aplicação de agrotóxicos.
A criação de gado (Figura 38), ou pecuária, próxima às margens de
bacias hidrográficas também pode ser prejudicial ao rio. O gado com
o pisoteiamento acaba por provocar o que chamamos de
assoreamento do solo (amassando o solo e retirando os poros que
este possui) e isso dificulta a infiltração de água, logo, a água da
chuva ou água lançada ao solo acaba passando pela superfície e isso
leva ao que chamamos de lixiviamento, que consiste na remoção dos
nutrientes do solo pela passagem da água. Outra consequência do
assoreamento são as erosões causadas no solo, formando caminhos
de passagem de água (como a vossoroca).
Figura 38: Pecuária próxima ao rio.
Uma ação muito comum que também prejudica as nossas águas é a
inserção de peixes e outros animais que não fazem parte do
ambiente no leito dos rios. Todas as espécies que existem no habitat
aquático fazem parte do equilíbrio do ecossistema naquele local e a
inserção de novos animais desequilibra a cadeia alimentar e pode
levar a problemas sérios, como por exemplo, a perda da biota.
29
O lançamento de esgotos industriais e residenciais nas águas (Figura
39) é também habitual em cidades brasileiras e, é um agravante na
qualidade da água porque carrega uma série de contaminantes,
como, metais pesados, gases poluentes, toxinas, e pode acarretar em
perda da biota aquática, intoxicação de usuários, contaminação de
solo e até mesmo danos à saúde humana.
Figura 39: Lançamento de esgoto nos rios.
O descarte residual de lixos (Figura 40) também é um hábito dos
brasileiros. Porém, o lixo jamais deve ser jogado nas águas. O lixo
contém não somente contaminantes químicos que alteram o
ecossistema aquático, como também possui produtos de difícil
degradação, o que prejudica na saúde das águas, alguns animais
podem se confundir e acabar alimentando de resíduos, outros
acabam se ferindo, gera acúmulo de matérias no solo e, além disso, a
torna imprópria para o consumo humano e reduz as possibilidades de
uso daquela água.
Figura 40: Aplicação de agrotóxicos.
30
Dentre tantas formas de prejudicar as águas, também se encaixam o
mau uso da água e o consumo excessivo que ao se tornar habito
acabam por gerar desperdício e redução da água disponível, pois até
que ela possa voltar ao leito dos rios e mares haverá um grande e
demorado ciclo.
Alguns hábitos que favorecem a saúde do nosso ambiente e de
nossas águas são:
•Descartar lixo na lixeira e não nas águas;
•Evitar vazamentos de água e torneira pingando em casa;
•Não regar plantas em excesso nem em horas quentes do dia ou em
momentos de muito vento;
•Escovar os dentes/Fazer barba com a torneira fechada;
•Usar vassoura para limpeza e não água com mangueira para limpeza
da casa;
•Usar maquina de lavar/tanquinho somente com a carga máxima de
roupa;
•Usar baldes de água ao invés de mangueira para lavar carros;
•Limitar o tempo de banho;
•Reaproveitar a água do banho para limpeza da casa;
Fig. 41
Fig. 42
Fig. 43
Fig. 44
Fig. 45
Fig. 46
Fig. 47
Figuras 41 a 47 : Dicas de hábitos de cuidados com a água.
31
Cabe a cada cidadão, portanto, utilizar de bons hábitos e cobrar da
administração pública os cuidados com o meio ambiente. A saúde de
nossas águas será favorecida e consequentemente haverá melhor
qualidade de vida para todos os seres viventes na terra. Como vimos,
embora a terra seja um planeta coberto por águas, o tratamento
indevido e a contaminação da mesma acabam por indisponibilizar o
recurso para consumo (potabilidade), sendo necessárias mudanças,
principalmente, no comportamento humano.
32
Brincando com a aprendizagem:
Jogo Saber Ecológico: O Fitoplâncton e nossas águas
O jogo “Saber Ecológico: O Fitoplâncton e nossas águas” deve ser
utilizado com alunos posteriormente ao estudo do conteúdo deste
livreto.
Numa aula especial, com a participação de todos os alunos, o
tabuleiro do jogo deverá ser apresentado pelo professor e em
seguida ser utilizado pelos alunos, divididos em grupos, conforme a
orientação que seguirá.
O objetivo do jogo é fixar o conhecimento obtido nas aulas a respeito
do fitoplâncton e nossas águas e, relembrar os princípios básicos de
cuidados com o meio ambiente.
As regras que seguem abaixo deverão ser expostas pelo professor,
que deverá lê-las junto com os alunos, para que tomem conhecimento
antes de iniciar o jogo. Durante todo o jogo o professor deverá estar
atento ao cumprimento das regras, uma vez que o respeito é o
primeiro passo para se conservar o meio em que vivemos com saúde.
A duração média do jogo é de 60 a 120 minutos, dependendo do
grupo.
34
Regras do jogo
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
A turma deverá ser organizada em quatro grupos com números
iguais de integrantes;
Sendo o número de integrantes maior que o número de pinos
disponíveis, cada pino representará um ou mais alunos;
Para determinar quem dará início ao jogo o dado deverá ser
lançado por uma vez e a ordem de jogada seguirá a ordem
decrescente dos números tirados nos dados (sendo que, em caso
de empate, deverão jogar o dado novamente até que se defina);
No jogo há quadrantes com números e escritas, onde há um
número, o aluno deverá retirar uma carta do bolo e tentar acertar
a resposta da pergunta contida nela, caso acerte o mesmo andará
um quadrante no tabuleiro e caso erre, permanece onde parou;
Para verificar a resposta do aluno, o restante do grupo pode
consultar ao livro de resposta e em caso de dúvidas, a professora;
Quando o pino parar em um quadrante com escritas, o aluno
deverá cumprir o que está escrito (avançar uma casa, recuar uma
casa ou ficar uma rodada sem jogar);
O primeiro grupo a alcançar a indicação de ‘chegada’ será o
vencedor.
Fig. 48: Esquema
representativo das cartas e do
tabuleiro do jogo.
Fonte: Dados da pesquisa.
35
Conhecendo o Tabuleiro:
Fonte: Dados da pesquisa.
Fig. 49: Esquema representativo do tabuleiro do jogo.
Esta é uma cópia do tabuleiro. Observe a descrição das regras: Há casas
com números (nas quais as perguntas deverão ser respondidas) e casas
com frases (com indicação de ação do jogador).
36
Referências Bibliográficas
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