VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO HUMANO SUSTENTÁVEL Conteudista Mauricio Ferreira Magalhães Rio de Janeiro / 2010 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO Todos os direitos reservados à Universidade Castelo Branco - UCB Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios - eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização da Universidade Castelo Branco - UCB. Un3m Universidade Castelo Branco Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano Sustentável / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro: UCB, 2010. - 68 p.: il. ISBN 978-85-7880-105-2 1. Ensino a Distância. 2. Título. CDD – 371.39 Universidade Castelo Branco - UCB Avenida Santa Cruz, 1.631 Rio de Janeiro - RJ 21710-255 Tel. (21) 3216-7700 Fax (21) 2401-9696 www.castelobranco.br Apresentação Prezado(a) Aluno(a): É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de graduação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente esperam retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua. Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhecimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica. Seja bem-vindo(a)! Paulo Alcantara Gomes Reitor Orientações para o Autoestudo O presente instrucional está dividido em quatro unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam atingidos com êxito. Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades complementares. As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1. Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das quatro unidades. Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o conteúdo de todas as Unidades Programáticas. A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso. Bons Estudos! Dicas para o Autoestudo 1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo. 2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite interrupções. 3 - Não deixe para estudar na última hora. 4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor. 5 - Não pule etapas. 6 - Faça todas as tarefas propostas. 7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento da disciplina. 8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a autoavaliação. 9 - Não hesite em começar de novo. SUMÁRIO Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 09 Contextualização da disciplina .................................................................................................................... 11 UNIDADE I DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE DEMOCRÁTICA 1.1. Histórico do ambientalismo no Brasil e no mundo .............................................................................. 13 1.2. Taxas de densidade populacional ......................................................................................................... 22 1.3. Estrutura da população: assentamentos humanos ................................................................................ 23 UNIDADE II ENERGIA E DESENVOLVIMENTO 2.1 - Formas de produção de energia .......................................................................................................... 25 UNIDADE III EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 - Educação ambiental ............................................................................................................................ 32 UNIDADE IV BIOMAS: CARACTERÍSTICAS E INTERFERÊNCIA HUMANA 4.1 - Biomas terrestres ................................................................................................................................. 4.2 - Floresta Amazônica ............................................................................................................................. 4.3 - Floresta Atlântica ................................................................................................................................. 4.4 - Pantanal .............................................................................................................................................. 4.5 - Cerrado ................................................................................................................................................ 4.6 - Mata de Cocais e Caatinga ................................................................................................................. 4.7 - Campos sulinos ................................................................................................................................... 4.8 - Ambiente costeiro ................................................................................................................................ 4.9 - Manguezais ......................................................................................................................................... 4.10 - Restingas ........................................................................................................................................... 38 38 42 48 49 50 51 52 57 62 Gabarito........................................................................................................................................................ 66 Referências bibliográficas ............................................................................................................................ 68 Quadro-síntese do conteúdo programático UNIDADES DO PROGRAMA I- DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE DEMOCRÁTICA 1.1. Histórico do ambientalismo no Brasil e no mundo 1.2. Taxas de densidade populacional 1.3. Estrutura da população: assentamentos humanos II- ENERGIA E DESENVOLVIMENTO 2.1. Formas de produção de energia III- EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1. Educação ambiental OBJETIVOS • Tratados e convenções internacionais; • Desenvolvimento sustentável; • Sustentabilidade e globalização; • Sociedade de consumo e o papel de cada um. • Matriz energética mundial e brasileira; • Alternativas sustentáveis; • Produtividade e potencial alimentar. • Projetos e atividades de sensibilização; • Educação ambiental nas escolas. IV- BIOMAS: CARACTERÍSTICAS E INTERFERÊNCIA HUMANA 4.1. Biomas terrestres 4.2. Floresta Amazônica 4.3. Floresta Atlântica • Identificar os principais impactos ambientais nos 4.4. Pantanal biomas estudados; 4.5. Cerrado • Perceber as propostas de soluções sustentáveis para 4.6. Mata de Cocais e Caatinga os impactos aprenetados. 4.7. Campos sulinos 4.8. Ambiente Costeiro 4.9. Manguezais 4.10. Restingas 9 Contextualização da Disciplina Essa área do conhecimento permite uma discussão da conceituação sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade democrática, demonstrando as correntes que apoiam cada conceito e, principalmente, apresentando as dualidades pertinentes a essas bases conceituais. Tal discussão se baseia no modelo de desenvolvimento adotado pelos países mais desenvolvidos do planeta (Grupo dos 8), na análise das grandes convenções internacionais e no histórico do ambientalismo. Através dessa análise, discutimos os perfis da sociedade moderna e os impactos ambientais causados pelo modelo de desenvolvimento adotado. Face a essa discussão incluímos na disciplina a abordagem sobre as matrizes energéticas, enfatizando a política mundial, manutenção do potencial alimentar e a produtividade. Diante das discussões sobre o modelo de desenvolvimento, as matrizes energéticas e a sustentabilidade democrática, apresentamos os parâmetros de discussão para Educação Ambiental e a utilização dessa ferramenta como instrumento de transformação do atual modelo. Finalmente caracterizamos os grandes ecossistemas do planeta e brasileiros, com ênfase no segundo item, apresentando a situação em que os mesmos se encontram e enfatizando as experiências de sucesso. Através dessa análise destacamos como são gerenciados esses biomas e demonstramos que existe, de fato, a possibilidade de desenvolvimento integrado a conservação dos recursos. Bom aprendizado! 11 UNIDADE I 13 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE DEMOCRÁTICA 1.1- Histórico do Ambientalismo no Brasil e no Mundo Introdução O processo de globalização econômica adotado pelas sociedades humanas no século vinte e a imposição da ideologia neoliberal pelo grupo de países mais ricos do planeta (G8) desencadearam um aumento da crise ambiental e civilizatória. Constatamos, com esses fatos, que dois movimentos são significativos: a dissolução das fronteiras políticas ao desenvolvimento do capitalismo (mercado global e desregulamentado) e a emergência de “novas” fronteiras ambientais. Com isso existe o questionamento de como a sociedade participará na representação de interesses e, particularmente, a governabilidade do espaço ambiental, dadas as limitações impostas por processos políticos e econômicos sem fronteiras? Neste contexto, o poder econômico – através de organizações internacionais (Organização das Nações Unidas – ONU; Fundo Monetário Internacional FMI; Banco Mundial - BID) determina as políticas e posturas que os países “em desenvolvimento” devem praticar. Sabemos que estes organismos internacionais atendem aos interesses dos países desenvolvidos (G8), que com seu elevado grau de industrialização exploraram excessivamente os seus recursos naturais e, para manter a hegemonia do sistema, não permitem que outros países tenham maiores perspectivas de desenvolvimento, a não ser que os mesmos sigam suas instruções/manuais. Tudo isso associado a um discurso de que devemos nos preocupar com a preservação dos recursos naturais, num monitoramento pelo “bem do planeta”. Numa entrevista, o então presidente dos Estados Unidos da América, Bill Clinton, afirmou que: “precisamos trabalhar em conjunto com a comunidade empresarial e as indústrias, para encontrar as maneiras corretas de reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa. Precisamos promover tecnologias que tornem a produção e o consumo de energia mais eficiente”. As palavras do então presidente norte-americano refletem bem a ótica daquele país, que decanta o Desenvolvimento Sustentável como forma de resolução da crise ambiental, e defende uma visão tecnicista, ou seja, a tecnologia resolverá todos os problemas ambientais decorrentes do desenvolvimento humano. Essa linha de discussão retrata uma abordagem pragmática, individualista e racionalista, que objetifica a natureza e a considera apenas um bem de exploração para uso e bem estar humano. Vale lembrar ainda que o presidente George W. Bush, nos dois mandatos seguintes, declarou que não assinaria a Convenção de Kioto1, que propõe a redução da emissão de gases estufa na atmosfera. Com a troca de poder na maior economia do mundo (Estados Unidos da América) e através da eleição de Barack Obama, novos indicativos estão sendo apresentados, podemos perceber uma mudança de postura na concepção e tratamento da questão ambiental, o que pode se traduzir em novas políticas ambientais para o planeta. Os processos de globalização e do ideário neoliberal no mundo do trabalho desencadearam a exclusão social e o consumismo. O primeiro causado pelo enxugamento da força de trabalho que levou muitos habitantes a subsistirem graças ao meio ambiente ou causando grandes impactos sobre os recursos naturais e, o segundo, a mundialização do consumo de massa, ou seja, a imposição de hábitos de vida do Ocidente pelo Extremo Oriente e Sudeste Asiático (aproximadamente 2 bilhões de pessoas). Em seu conjunto as intensificações da exclusão sociais e do consumismo sinalizam o agravamento da atual crise socioambiental em nível local e global/planetário2. 1 O protocolo de Kioto, documento que foi produzido a partir da convenção, de mesmo nome, em 1997 no Japão, tinha como objetivo a redução da emissão de gases estufa (GEE), com a finalidade de amenizar o superaquecimento global. 2 Alguns dados exemplificam a grave crise socioambiental: (a) atualmente, morrem 25 mil pessoas/dia no mundo por consumirem água contaminada (LINHARES; GEWANDSZNADJDER, 2004), (b) a metade da população mundial reside em grandes centros urbanos (HELENE & BICUDO, 1994), agravando os problemas ambientais relacionados a saneamento básico, transporte etc., (c) cresce a incidência de câncer de pele, associada ao fato do buraco na camada de ozônio ter chegado a 24 milhões de km2 (SILVA; SASSON,1997). 14 Em vistas deste quadro, há um movimento que defende o resgate de valores, posturas e comportamentos que restabeleçam a condição humana como parte integrante do ambiente natural, preconizando o estabelecimento de uma relação de cumplicidade, parceria e amor entre o homem e a natureza. Com o agravamento da crise ambiental o homem começou a se mobilizar para discussões que contemplassem essa abordagem, através das grandes conferências globais, que ocorreram a partir da década de 1970. Na pauta dos debates ficou evidente a polêmica relação entre o modelo de desenvolvimento hegemônico e sua relação com o meio ambiente. Houve uma grande politização da temática, onde muito se questionou a apropriação e uso indiscriminado dos recursos naturais, uma vez que o meio ambiente representa um bem público, sendo responsabilidade de todos a sua utilização racional e preservação. Trajetória Internacional do Ambientalismo A crise socioambiental se evidencia a partir do desenvolvimento do capitalismo, desencadeando uma mudança na relação entre o homem e a natureza. Nesse momento, a sociedade tecnológica se desenvolve e a apropriação dos recursos naturais para suprir o desenvolvimento humano passa a ser o foco central dessa relação. Destacamos que as causas da degradação ambiental, promovidas pelo nosso modo de produzir e consumir, podem ser agrupadas em algumas variáveis: 1a) Expansão e manutenção da demanda – consumo elevado, 2a) Livre mercado e propriedade privada – exploração da natureza, 3a) Marginalização de grandes parcelas da sociedade – a preocupação com a depredação ambiental torna-se secundária, justificada pela necessidade do desenvolvimento econômico. Nesse cenário, intensificado a partir da segunda grande Guerra Mundial, pontuamos alguns eventos marcantes que permearam o crescimento das discussões e mobilizações sobre os problemas ambientais nas três últimas décadas do século XX e na primeira do século XXI. No ano de 1972 ocorre a publicação do relatório do Clube de Roma, intitulado “Os Limites do Crescimento”, que se baseia em análises do modelo de desenvolvimento econômico e sua relação com o meio ambiente. O documento projetava um futuro colapso das sociedades, ressaltando a questão do consumo desenfreado e a exploração dos recursos naturais de forma inadequada. No mesmo ano foi realizada a primeira Conferência Internacional, promovida pela ONU, sobre o ambiente humano: ...de 05 a 16 de junho de 1972, na Suécia, representantes de 113 países participam da Conferência de Estocolmo/Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, atendendo à necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns serviriam de inspiração e orientação à humanidade, para preservação e melhoria do ambiente humano. Oferece orientação aos governos, estabelece o Plano de Ação Mundial, e, em particular, recomenda que seja estabelecido um programa internacional de Educação Ambiental visando educar o cidadão comum, para que este maneje e controle seu ambiente. A recomendação n. 96 reconhece o desenvolvimento da EA como elemento crítico para o combate à crise ambiental no mundo (DIAS, 2003, p. 36). Naquele momento (1972), o fato de o “primeiro mundo” iniciar uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento é muito questionado pelos países subdesenvolvidos. Essa linha de discussão estabelecia que os países do terceiro mundo (cone sul) não poderiam se desenvolver sob o risco de um colapso ambiental global. O Brasil fica marcado negativamente, nessa conferência, por convidar indústrias poluidoras a instalarem seus parques de produção em nosso país; o objetivo desse convite era que as mesmas aumentassem o nosso produto interno bruto (PIB), mesmo que fosse gerado um passivo ambiental significativo (degradação/poluição). Nos anos seguintes, foram realizados vários encontros em que a temática ambiental se apresentava no cerne das discussões. O Encontro de Belgrado (Iugoslávia), em 1975, representou um dos momentos mais marcantes na história do ambientalismo em virtude de, nesse evento, serem formulados os princípios e orientações para um programa internacional de Educação Ambiental. Nessa perspectiva em que são propostas as formas de desenvolver a EA, ressaltamos algumas: a) a importância de se considerar as diferenças regionais; b) a abordagem deve prever a multidisciplinaridade; c) a EA tem que ser permanente e contínua. Esses são pontos fundamentais do documento, que fica conhecido como CARTA DE BELGRADO. Dois anos depois, em 1977, ocorre em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS), a I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse evento torna-se um marco nas orientações para aplicações de programas em EA. A abordagem de meio ambiente proposta em Tbilisi incorpora aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais em escala regional, nacional e global, contrariando uma concepção reducionista, ainda hoje presente no debate, que defende uma visão biologizada de meio ambiente, reduzindo-o a componentes não humanos. Com essa nova perspectiva são estabelecidos objetivos fundamentais, que possam contemplar a variável ambiental proposta, ressaltando: lograr que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos, culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para participar responsável e eficazmente da prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da questão da qualidade do meio ambiente (IBAMA, 2002, p.38). Fonte: www.ibama .gov.br. Acesso em 02/01/2010. Essa nova visão de meio ambiente pode ser identificada em algumas recomendações de Tbilisi, que constituem uma nova orientação para a EA. 1. Incorporar as dimensões socioculturais, econômicas, políticas e éticas aos aspectos físicos e biológicos nas relações estabelecidas com o meio ambiente. 2. Ver a EA como uma articulação interdisciplinar, tornando possível uma ação mais racionalizada. 3. Permitir uma vinculação maior entre os processos educativos e a realidade local, com atividades voltada para a comunidade, através de uma análise abrangente e globalizada. de tais pesquisas e proceder à avaliação do sistema de ensino. 9. Avaliar os programas de EA através de pesquisa e experimentação. O documento é abrangente e orientador com o objetivo de que os países desenvolvam propostas em EA segundo suas especificidades. Descreve essas recomendações das quais destacamos duas em especial: a primeira ressalta que a EA “deve confiar à escola um papel determinante no conjunto da educação ambiental e organizar, com esse fim, uma ação sistemática na educação primária e secundária”; e a segunda recomendação estabelece “que a educação ambiental tenha por finalidade criar uma consciência, comportamentos e valores com vistas a conservar a biosfera, melhorar a qualidade de vida em todas as partes...”. Outras três recomendações (IBAMA, 2002) devem ser mencionadas: 1a) enfatiza a necessidade de se produzir manuais em todos os níveis dos sistemas de educação no âmbito formal e não formal. Esses materiais devem ser aproveitados dos já existentes, respeitando as pesquisas desenvolvidas nessa linha de conhecimento. Também recomenda que os docentes e educandos participem juntos dessa elaboração (IBAMA, 2002); 2a) propõe que sejam realizadas “pesquisas destinadas ao desenvolvimento de métodos educacionais e programas de estudo, a fim de sensibilizar o grande público, dando particular atenção ao emprego de meios de informação social, e à preparação de instrumentos de avaliação que possam medir a influência desses programas de estudo” (IBAMA, 2002); 3a) sugere que um dos princípios básicos da EA está calcado no “enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada” (IBAMA, 2002). 7. Abordar a cooperação local, nacional e internacional na resolução dos problemas ambientais. Os eventos internacionais se sucedem e, no ano de 1987, destacamos a publicação do Relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, que propôs o Desenvolvimento Sustentável como alternativa para o desenvolvimento humano. No mesmo ano é realizado o Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambientais (Moscou). Nesse evento fica estabelecido que os países deveriam apresentar as dificuldades encontradas e os avanços na promoção da EA em relação às recomendações de Tbilisi. Ficou constatado que não houve avanços na melhoria da qualidade do meio ambiente, ao contrário, os impactos aumentaram e o abismo entre as nações ficou mais evidente. 8. Tomar medidas para promover o intercâmbio de informações entre os organismos nacionais de pesquisa educacional, difundindo amplamente os resultados No Congresso de Moscou (1987) foram referendados os princípios norteadores de Tbilisi como sendo a maneira correta de desenvolver programas em EA, 4. Dirigir a EA a todos os grupos independente da idade e categorias, devendo ser permanente e contínua. 5. Induzir novas formas de conduta nas pessoas e na sociedade em relação ao meio ambiente. 6. Considerar o meio ambiente em sua totalidade, nos seus aspectos naturais e nas instituições criadas pelos homens. 15 16 que deveriam estar voltados para a mudança de valores, atitudes e comportamentos dos indivíduos, e que priorizassem a abordagem dos problemas ambientais locais e a participação da sociedade. Por seus objetivos e funções a EA torna-se necessariamente uma forma de prática educacional sintonizada com a vida da sociedade. Ela só pode ser efetiva se todos os membros da sociedade, de acordo com as suas habilidades, participarem das múltiplas e complexas tarefas de melhoria das relações das pessoas com o seu meio ambiente. Isso só pode ser alcançado se as pessoas se conscientizarem do seu envolvimento e das suas responsabilidades. Nas recomendações de Tbilisi, as pesquisas sobre a avaliação em EA deveriam ser estimuladas, para determinarmos se as estratégias adotadas estariam sendo significativas, para permitir um ajustamento e melhoria na qualidade do meio ambiente. As recomendações também enfatizam que os métodos de avaliação aplicados à EA deveriam priorizar a simulação de problemas ambientais (situações problema)3. Um grande pesquisador em Educação Ambiental, Genebaldo Dias Freire, também enfatiza essa dinâmica de trabalho quando reflete sobre a questão da avaliação em EA: Pesquisas sobre avaliação comparada nos diferentes componentes do processo educacional. Frequentemente descuidada, a avaliação em EA deverá ser pesquisada de modo a se estabelecer a real efetividade do processo, visando à execução dos ajustes necessários para sua melhoria. Os métodos de avaliação que utilizam a simulação dos problemas ambientais parecem ser os mais adequados. Similarmente, também é essencial a pesquisa sobre as vantagens e desvantagens de diferentes estratégias, velhas ou novas, concebidas para organização e transmissão das mensagens educativas. (DIAS, 2003, p. 151). O ano de 1992 é significativo na discussão sobre a temática ambiental, uma vez que é realizada no Rio de Janeiro a ECO-92, conhecida oficialmente como a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com a participação de 170 países. Neste evento diversos documentos são discutidos, tais como: Tratado sobre a Biodiversidade, Convenção sobre o Clima e a Agenda 21, considerado o documento mais importante. As discussões são permeadas por críticas ao modelo de desenvolvimento, reconhecendo sua falência e apresentando o desenvolvimento sustentável como alternativa para a humanidade. Outro ponto que fica evidente é que a EA representa o instrumento estratégico desse novo modelo. É estabelecido também que as premissas de Tbilisi devem ser o elemento norteador. Hoje, esse encontro é reconhecido como o mais importante de todos os tempos na discussão dos caminhos da sociedade. Os seminários e encontros continuaram a acontecer nos anos seguintes em todo o mundo. A América Latina e, especialmente, o Brasil sentem os efeitos positivos dos progressos alavancados pela ECO-92, como o boom da criação de ONGS e aportes de recursos internacionais para a execução de programas que contemplem a EA4. Em 1998, a Conferência de Thessaloniki (Grécia) constata que ainda é insuficiente o que se alcançou até aquele ano, reforçando que não foram suficientemente exploradas as propostas emanadas de Tbilisi, referendadas em Moscou e na Rio-92: “pelas recomendações dessa conferência, conclui-se que, passados vinte anos de Tbilisi, os interesses econômicos continuam dando as cartas no jogo da vida. A educação continua não sendo a prioridade dos governos e da sociedade em que ele atua” (DIAS, 2003, p. 200). Em 2002, realizou-se em Johannesburgo, na África do Sul, a conferência Rio+10 e, apesar das críticas referentes a pouca evolução nas discussões, observaram alguns avanços nos tratados de redução de emissões atmosféricas, porém em outros documentos permaneceu o impasse, tais como os acordos de formas alternativas de consumo de energia. Esses itens foram extremamente polêmicos com uma discussão acirrada entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento: “os EUA não aceitam ratificar o Protocolo de Kyoto, mas quase todos os países da União Europeia já ratificaram, e a entrada da Rússia garante que países que emitem mais de 55% do gás no planeta assinaram o protocolo, e este é o volume mínimo para que o acordo entre em vigor” (CONCOLOR, 2002, p.24). Quanto às metas de energias sustentáveis, foi trilhado o mesmo caminho: “nenhuma meta de energias renováveis foi aceita. Investe quem quiser, sem obrigação nenhuma. Ampliar acesso a formas modernas de energia, mas sem prazos nem metas específicas” (Idem, 2002, p. 27). Na próxima seção caracterizamos como o Brasil está inserido nesse cenário e apresentamos sucintamente a trajetória de incorporação da temática ambiental na política educacional. A presente dissertação utiliza essa metodologia de avaliação, descrita no item 4.2. Considerando o período 1981 – 1998, Novicki (2003) constatou um crescimento significativo na produção discente (dissertações/teses em EA) nos programas de pós-graduação em educação após a ECO-92 (na ordem de 79,6%). 3 4 Meio Ambiente e a Trajetória Brasileira A trajetória brasileira de internalização da temática ambiental apresentou um ritmo diferente daquele observado internacionalmente. O governo brasileiro demora a perceber a importância das propostas levantadas pelos países “mais desenvolvidos do mundo” (G8) nas questões inerentes ao meio ambiente. O autor afirma que, na década de 70, ainda adotávamos conceitos reducionistas de meio ambiente e práticas inadequadas de EA, enquanto os governos desses países já avançavam significativamente em suas discussões. Nesse momento, em plena ditadura militar, havia uma imensa dificuldade na veiculação de informações e na tomada de posições que representassem mudanças. Esse fato fica evidente na Conferência de Estocolmo, no ano de 1972, onde o Brasil fica marcado por um escândalo internacional, uma vez que convidam as indústrias poluidoras para se instalarem em nosso país, podendo degradar o meio ambiente desde que promovessem o aumento do PIB e trouxessem o desenvolvimento econômico. Entretanto, após essa conferência e pressionado por Estocolmo, o governo brasileiro cria, em 1973, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), o primeiro órgão oficial de gestão para o meio ambiente. Depois o Brasil assina protocolos de intenções entre o MEC e o Ministério do Interior para ações integradas na área de ensino e pesquisa, para incluir temas ecológicos nos currículos das escolas. Esse fato, porém, ainda demonstra uma visão reducionista de meio ambiente, contrariando as diretrizes internacionais propostas em Tbilisi, pois o nosso país ainda utiliza um modelo de estudos baseado em ecologia e as discussões internacionais já apontam para abordagens baseadas na inserção dos aspectos políticos, sociais, econômicos, culturais e éticos. Continuando nossa trajetória, no ano de 1987, o Conselho Federal de Educação propõe a inclusão da EA nos conteúdos de 1o e 2o graus. No ano seguinte a Constituição Federal Brasileira é promulgada e dedica um capítulo inteiro ao meio ambiente e à EA. O Brasil vive um momento de abertura política: Capítulo VI – Do meio ambiente Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbise ao Poder Público: VI – promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. (Constituição Federal, 1988) Fonte: www.planalto.gov.br/constituicao. Acesso em 02/02/2010. A década de 1990 reflete o momento em que o Estado Brasileiro encontra-se dilapidado, sendo a eleição do presidente Fernando Collor de Melo uma oportunidade de ofensiva neoliberal. Nessa década, ainda tentávamos resistir com centrais sindicais atuantes e a sociedade organizada, que contestavam a ideologia neoliberal, hegemônica internacionalmente. Com Itamar Franco e, posteriormente, Fernando Henrique Cardoso, o Brasil adotou essa ideologia e, com o pano de fundo de ter que se inserir no mercado mundial, o neoliberalismo sedimentou-se. Em 1981, o presidente João Figueiredo sanciona a Lei nº 6938, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, importante instrumento de amadurecimento e consolidação da política ambiental no Brasil. As consequências desse novo quadro político refletem-se também nas questões ambientais. O Brasil avança nas suas propostas com a definição do MEC (Portaria 678/1991) de que os temas de EA deverão constar em todos os currículos escolares, em qualquer instância de ensino e começa a reconhecer Tbilisi como a base conceitual da EA. Ainda no mesmo ano, cria-se um grupo de trabalho para EA, objetivando estabelecer as metas e diretrizes da implementação da EA, aproveitando para preparar a discussão e a proposta brasileira para a conferência do Rio que seria realizada em 19926. Em 1984, o Brasil ensaia seus primeiros passos em propostas educacionais para a EA, mas o enfoque continua com uma abordagem ecologizada5, ainda em desacordo com as orientações das conferências internacionais, já citadas anteriormente. Em 1986 (mais de dez anos depois de Belgrado), realiza-se em Brasília o Curso de Especialização em EA, com a tentativa de formação de massa crítica para o desenvolvimento de programas de EA. Após a Rio-92, no ano de 1993, diversas ações foram implementadas sob a motivação de termos sido a sede da conferência ECO-92. Numa dessas ações, o MEC formaliza a criação dos Centros de EA (propostos na Agenda 21) e, em 1994, foi proposto um projeto para se criar uma Política Nacional de EA, sendo elaborado o primeiro Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA). Entretanto, em 1995 o Programa não recebeu recursos e, no ano se- Essa abordagem reflete uma visão reducionista de Meio Ambiente, com uma representação naturalista, onde o meio ambiente seria sinônimo de natureza. 6 Já analisamos a conferência no item anterior desse mesmo capítulo. 5 17 18 guinte, ainda não havia chegado às universidades, o que dificultava sua discussão. Os objetivos do PRONEA, baseados em Tbilisi, foram os seguintes: a) implementação de um Programa Estadual de Educação Ambiental em todas unidades federativas, b) formar 2.300 agentes multiplicadores, c) atualizar 300 mil docentes, d) capacitar 1.500 docentes para inserir a EA no processo de gestão ambiental, e) capacitar 750 educadores relacionados ao setor produtivo, f) capacitar 2.200 técnicos de órgãos para a gestão ambiental, g) apoiar 120 projetos de pesquisa para a geração de instrumentos e novas metodologias para a prática de EA, h) apoiar 500 projetos que trabalhem para integrar a EA na gestão ambiental, i) promover a produção e difusão do conhecimento em meio ambiente, j) tentar articular a gestão dos esforços para a EA nos três níveis de governo. Enfim, o PRONEA é ambicioso e adequado para se instalar a EA no Brasil de forma articulada e organizada (PEDRINI, 1997, p. 39-40). A partir de 1996, com a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394) são propostas as diretrizes para permitir a todos os brasileiros uma formação básica comum, consolidando a elaboração dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do MEC (MEC/SEF, 1997). Objetivou-se, com a elaboração dos PCN, fortalecer a unidade nacional do sistema educacional e a responsabilidade do Governo Federal com a Educação. A natureza do documento propõe quatro níveis de concretização e compreensão: 1º) Estabelece uma meta educacional, para todo o país, direcionando ações políticas do MEC; 2º) Ser uma referência nacional para a elaboração ou revisão dos currículos dos Estados e Municípios; 3º) Permitir as escolas que desenvolvam sua proposta curricular com a participação de toda a equipe pedagógica e 4º) Realizar em sala de aula a programação de todas as atividades segundo as metas estabelecidas (MEC/ SEF, 1997). Está previsto, no documento, o respeito à diversidade cultural característica de um país continental: Por sua natureza aberta, [os PCN] configuram uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência político-executiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas (MEC/SEF, 1997, p.13). Fonte: portal.mec.gov.br. Acesso em 02/02/2010. Os princípios que devem orientar a educação escolar se baseiam na formação do cidadão com capacidade de analisar, julgar, criticar as ações pessoais, coletivas e políticas na direção da democracia. Esses princípios pretendem garantir: a) dignidade da pessoa humana; b) igualdade de direitos; c) participação; d) corresponsabilidade pela vida social (MEC/SEF, 1997). Esse documento segue as diretrizes propostas nas conferências internacionais e apresenta a EA como elemento de transformação de valores e atitudes, porém não deixa de sinalizar as dificuldades de implantação de programas de EA e a necessidade de uma abordagem socioambiental, separada da ecologia. Muitas críticas são feitas aos PCN, sinalizando que os esforços empreendidos na construção dos mesmos seriam mais bem aproveitados caso fossem direcionados para reformas locais, devendo haver estímulo de construção curricular nas escolas, baseados em princípios comuns nacionais. Há contestações quanto à forma como foram construídos os PCN, destacas-se que está implícita, na proposta, a formação de cidadãos competitivos com uma mentalidade orientada para a racionalidade econômica, característica evidente do receituário neoliberal e também ocorre a exclusão dos grupos sociais oprimidos, já que a cultura hegemônica tende a perpetuar essa característica. Os PCN propõem a formação do cidadão, e o caminho para alcançar essa cidadania plena seria adotar temas integradores que contemplassem essa função. Com essa ótica foram propostos os Temas Transversais (Ética; Saúde; Meio Ambiente; Pluralidade Cultural; Orientação Sexual; Trabalho e Consumo), com critérios de escolha centrados nas seguintes questões: urgência social; abrangência nacional; possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental; favorecimento da compreensão da realidade e a participação social (MEC/SEF, 1998). A transversalidade deve ser trabalhada em torno de quatro pontos: os temas não devem constituir novas áreas; a escola precisa refletir e atuar conscientemente na educação de valores e atitudes; deverá ser realizada uma transformação da prática pedagógica; deve ser direcionada por um trabalho sistemático e contínuo. Adotando essa perspectiva, as problemáticas sociais integradas na proposta educacional dos PCNS como Temas Transversais, não constituem novas áreas, mas antes um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a con- cepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. A transversalidade pressupõe um tratamento integrado das áreas comuns e um compromisso das relações interpessoais e sociais escolares com as questões que estão envolvidas nos temas, a fim de que haja uma coerência entre os valores experimentados na vivência que a escola propicia aos alunos e o contato intelectual com tais valores (MEC/ SEF, 1997, p. 64). Os PCN deveriam servir de marco norteador de qualidade para a educação, no ensino em todo o país. O documento oficial do MEC/SEF (1998) recomenda que o meio ambiente deve ser abordado transversalmente, incorporando o homem nesse processo, em interação com os fenômenos biológicos, sociais, econômicos e políticos, considerando-se a relação dialética entre homem-natureza. Especificamente no 3o ciclo do ensino fundamental, que representa o segmento em que nossa pesquisa foi realizada, o objetivo geral deixa bem clara essa proposta: “os alunos deverão perceber-se integrantes, dependentes e agentes transformadores do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente” (MEC/SEF, 1998, p. 7). Fonte: www.mec.gov.br Acesso em 02/02/2010 A discussão perpassa sempre pelos mesmos aspectos, ou seja, sabemos o que devemos realizar, porém como implementar essas ações? O documento oficial se baseia numa discussão sobre a crise civilizatória, globalização, desenvolvimento sustentável e os paradigmas pertinentes à EA e também sinaliza sobre a necessidade de mudanças de posturas e valores. Identificamos, no texto do MEC/SEF (1998), a inserção dos pressupostos de Tbilisi (1977), nos quais começa a abordagem do papel da EA no processo de transformação. O eixo central dos Temas Transversais identifica a EA como mecanismo de formação da cidadania plena, em que “o compromisso com a construção do cidadão pede uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade social, dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal e coletiva, e a afirmação do princípio da participação política” (MEC/SEF, 1998, p.17). Os temas transversais ganham capítulos individualizados para orientar suas três abordagens, com isso estabelecem suas diretrizes através da organização de conteúdos e formas de atuação das escolas no trato dos temas. Em relação ao Tema Transversal Meio Ambiente são organizados blocos de conteúdos: a natureza “cíclica” da natureza; sociedade e meio am- biente; manejo e conservação ambiental. O primeiro diz respeito à compreensão e observação dos fenômenos naturais e como esses fenômenos estão em constante interação (ex.: os ciclos da matéria orgânica e sua importância para o saneamento). O segundo apresenta os ambientes de vida dos grupos humanos e as relações dessas sociedades com os recursos necessários à sua sobrevivência (ex.: as diferenças entre ambientes preservados e degradados). No terceiro bloco, são caracterizados o papel de cada um e sua participação no manejo do meio ambiente (ex.: a necessidade e as formas de coleta e destino do lixo) (MEC/SEF, 1998). O documento do MEC/SEF (1998) afirma que há um natural envolvimento das áreas representadas pelas Ciências Naturais, História e Geografia como mais próximas da temática ambiental, mas também ressalta a importância da integração de outras áreas como sendo fundamental para que o aluno tenha uma visão integrada da problemática ambiental. É interessante, ainda, que se destaque o ambiente como parte do contexto geral das relações ser humano/ser humano e ser humano/natureza, em todas as áreas de ensino, na abordagem dos diferentes conteúdos: seja no estudo das variadas formas de organização social e cultural, com seus mais diversos conflitos, ou no trabalho com as várias formas de comunicação, expressão e interação, seja no estudo dos fenômenos e características da natureza ou na discussão das tecnologias que mediam as várias dimensões da vida atual. A linha de apresentação da temática ambiental discute o modelo de desenvolvimento das sociedades criticando a insustentabilidade do mesmo, explicitado na passagem que segue: “a lógica associada a essa formação, que rege o processo de exploração da natureza hoje é responsável por boa parte da destruição dos recursos naturais e é criadora de necessidades que exigem, para a sua própria manutenção, um crescimento sem fim das demandas quantitativas desses recursos” (MEC/SEF, 1998, p. 173). O esgotamento dos recursos naturais é citado como a mola motivadora para a necessidade de mudança e a sustentabilidade passa a ser encarada como fundamental. Em sua proposta, o documento aborda também a globalização e critica a morosidade de propostas que não saem do papel, exemplificando a citada Agenda 21. Em 19997 foi publicada a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) que dedica por inteiro o capítulo II (seção II) a EA no ensino formal, destacando-se no Art. 10o “A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, 7 No ano anterior é publicada a Lei de Crimes Ambientais que propõe responsabilidade socioambiental e prevê penas aos empresários que não assumem essa responsabilidade. 19 20 contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino” (PNEA, 1999). Também determina no Art. 8o, § 3º , que os estudos, pesquisas e experimentações, deverão estar voltados para: II – a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental; III – o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando a participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental; IV – a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental8. O Brasil é o único país da América Latina com uma Política Nacional de Educação Ambiental específica, o que configurou um grande avanço, nesse momento, já conseguimos a nossa inserção num quadro de discussão que contempla as propostas de Tbilisi. A criação da PNEA permitiu ao Brasil um significativo avanço nas pesquisas e metodologias sobre EA. No ano de 2000, a coordenação de Educação Ambiental do MEC reuniu as secretarias, em seminário nacional, objetivando a discussão das diretrizes políticas da EA. A partir daí é elaborado um guia instrucional que sugere atividades para o ensino fundamental, em que a questão ambiental estará incorporada aos currículos, através de conteúdos transversais, com uma prática de ensino diferenciada e reportandoos à realidade local. Desenvolvimento Sustentável ou Sustentabilidade Democrática? Sustentabilidade e globalização Sociedade de consumo e o papel de cada um É notório que o mundo contemporâneo baseia-se em um modelo de desenvolvimento que privilegia os interesses dos grandes grupos econômicos. A mídia estimula posturas consumistas e individualistas, induzindo a valorização de produtos e serviços, em sua maioria irrelevante à nossa sobrevivência. Não pretendemos negar que a modernidade permitiu ao homem melhores condições de sobrevivência, mas temos que refletir, discutir e avaliar o preço pago pela maior parcela da população e as consequências impostas ao meio ambiente nesse mundo dominado pelas tecnologias. Como podemos compactuar com uma sociedade que estabelece um padrão de desenvolvimento priorizando o crescimento contínuo sem levar em conta os impactos ambientais causados pelo mesmo? Já enfatizamos que no ano de 1987, foi publicado o relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, que propôs o Desenvolvimento Sustentável como alternativa de modelo de desenvolvimento, sendo definido como: “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Entretanto nesse conceito está implícita uma lógica de mercado que mantém a hegemonia do modelo vigente, uma vez que na introdução do relatório há a proposta de uma era de crescimento econômico. Essa linha de abordagem relaciona o conceito de desenvolvimento sustentável à ideologia neoliberal, destacando que a Comissão Brundtland (1987) evita abordar a necessidade da redução dos padrões de consumo pelos países ditos desenvolvidos. Entendemos que a sociedade de consumo calcada no modelo vigente é insustentável e deveríamos estabelecer uma linha mediana entre o primeiro e terceiro mundo, que atenderia às necessidades básicas dos povos, obtendo um teto de consumo material que limitaria os impactos causados ao meio ambiente. Muitas críticas são proferidas a Agenda 21, em virtude do documento representar uma “aparente mudança” quando defende padrões sustentáveis de consumo, combate à pobreza e fortalecimento de grupos sociais entre outros, porém o mesmo documento em sua introdução reafirma que o mercado representa o eixo central para o DS: A Agenda 21 usa uma série de expressões que soam familiares aos nossos ouvidos: “ambiente econômico internacional ao mesmo tempo dinâmico e propício”, “políticas econômicas internas e saudáveis”, “liberalização do comércio”, “distribuição ótima da produção mundial, sobre as bases das vantagens corporativas, etc... (ACSELRAD; LEROY, 1999, p. 18). Nesse documento há uma crescente preocupação com a redução do consumo e com a transformação do modelo, ou seja, concepções que estariam em harmonia com um novo discurso de Sustentabilidade. Há o entendimento de que devemos questionar o modelo de desenvolvimento, expresso na proposta de DS e imposto às sociedades. Estes modelos de desenvolvimento devem contemplar caminhos qualitativos em detrimento dos quantitativos, identificando assim uma mudança de conceituação, sendo entendida como uma nova abordagem para a Sustentabilidade. Percebemos e fazemos uma análise da disputa entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade: Uma análise da produção discente em EA e nos programas de pós-graduação em Educação em nível nacional (19811998) e fluminense (1981-2002) pode ser obtida em Novicki (2003). professor, falta a referência completa 8 A suposta imprecisão do conceito de sustentabilidade sugere que não há ainda hegemonia estabelecida entre os diferentes discursos. Os ecólogos parecem mal posicionados para a disputa em um terreno enraizado pelos valores do produtivismo fordista e do progresso material. A visão sociopolítica tem se restringido ao esforço de ONGs, mais especificamente na atribuição de precedência ao discurso da equidade com ênfase no âmbito das relações internacionais. Melhor se apropriou da noção até aqui, sem dúvida, o discurso econômico...” (ASCELRAD, 2001, p. 28/29). No início, os movimentos ambientalistas e a sociedade em geral demonstraram grande receptividade à proposta do desenvolvimento sustentável, devido ao conceito refletir as expectativas ideológicas para as relações entre homens e meio ambiente para o século XX. Entretanto, os grandes grupos econômicos se apropriaram deste conceito que respalda o modelo americano de crescimento, passando a ser paradigma para os países, ditos em desenvolvimento. Segundo esse modelo, as soluções estar baseadas na criação de tecnologias limpas e “verdes” que representariam o “milagre” da transformação dos processos produtivos e da relação de apropriação do homem e o meio ambiente. O novo modelo proposto denominado Desenvolvimento Sustentável (DS), na verdade, representa o antigo modelo de desenvolvimento com uma proposta maquiada, onde as grandes indústrias multinacionais assumem uma nova postura sem modificar a estrutura de funcionamento, com isso ganham assim a simpatia da sociedade pela adoção de “pacotes ecológicos”, porém a essência continua a mesma. Existe claramente uma dualidade entre DS e Sutentabiliade, onde a proposta de desenvolvimento sustentável parte de um pressuposto, até então utópico, que estabelece a conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, ou seja, devemos reduzir o ritmo de exploração da natureza para permitirmos a continuidade de sua utilização para as gerações futuras. Ascelrad (2001) organiza sua análise sobre Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade em cinco matrizes discursivas9. No presente texto vamos nos ater a duas: a da Eficiência e da Equidade. A matriz discursiva possui as seguintes características: “pretende combater o desperdício da base material do desenvolvimento, estendendo a racionalidade econômica ao espaço não mercantil planetário” (ACSELRAD, 2001, p. 27). A matriz da eficiência é muito questionada ao analisarmos a sociedade de consumo, identificando que a mesma está pautada nos interesses dos grandes grupos econômicos, que preconizam uma sociedade consumista para garantir a manutenção do atual modelo. Porém, as consequências ambientais são desastrosas, desencadeando impactos severos, como forma de atender ao processo de crescimento contínuo. A proposta de desenvolvimento sustentável relacionada à matriz da eficiência é apresentada como uma abordagem que privilegia a implementação de tecnologias “limpas”, à mudança de manejo do meio ambiente porém a mesma não contempla pontos fundamentais, como a exploração da mão de obra, discrepância entre as classes dominantes e as menos favorecidas e o atual nível de espoliação ambiental imposto pelos povos desenvolvidos. Segundo Ascelrad (2001), a matriz da eficiência é identificada na representação técnico-material das cidades, onde “a cidade sustentável será aquela que, para uma mesma oferta de serviços, minimiza o consumo de energia fóssil e de outros recursos materiais, explorando ao máximo os fluxos locais, satisfazendo o critério de conservação dos estoques e de redução dos rejeitos” (2001, p. 38). Na abordagem de DS a questão ambiental tem sua abrangência reduzida aos aspectos da natureza e às questões técnicas: Assim como a questão ambiental tem sido bastante reduzida às suas perspectivas naturais e técnicas, “coerentemente”o adjetivo sustentável posto no desenvolviento, com referência à questão ambiental, tem guardado sobretudo essa dimensão técnica e naturalista, provavelmente adequada para lidar com populações animais ou vegetais, mas insuficiente para dar conta da complexidade que envolve as relações homem-natureza (BRÜGUER, 1999, p. 74-75). O homem moderno na sua prepotência é capaz de afirmar que o domínio da tecnologia será a “pedra fundamental” para resolução dos problemas ambientais, numa abordagem conhecida como Eco-tecnicista. Essa linha conceitual apresenta soluções técnicas e de manejo dos recursos naturais e ignora os aspectos políticos e econômicos, defendendo a supremacia da ciência na resolução dos problemas ambientais. A ideia de que o desenvolvimento de “tecnologias limpas” – matriz da eficiência – , representa o caminho para a resolução dos problemas ambientais é no mínimo curiosa. Segundo essa ótica, podemos degradar e poluir, pois temos a capacidade de implementar soluções tecnológicas para recuperação desses ambientes impactados. Matriz da Eficiência, Matriz da Equidade, Matriz da Escala, Matriz da Autossuficiência e Matriz da Ética. 9 21 22 Deluiz e Novicki (2004) demonstram a interface entre a proposta de DS pautada na eficiência e a racionalidade econômica que propõe a economia dos recursos naturais como forma de resolução dos problemas ambientais, porém continua tendo como premissa básica o crescimento econômico e a lógica de mercado. A análise dos pressupostos desta matriz desenvolvimento sustentável permite-nos compreender que, na concepção de desenvolvimento sustentável centrada na lógica do capital, o livre mercado é o instrumento de alocação eficiente dos recursos planetários e, neste sentido, a relação trabalho e meio ambiente está subsumida à supremacia do capital, com sérias consequências para o mundo do trabalho e para os recursos naturais (DELUIZ; NOVICKI, 2004, p.14). Apresentamos o tema numa abordagem clara, pontuando uma proposta relacionada à matriz da equidade: • As necessidades dos pobres são prioritárias; • Por desenvolvimento entende-se o progresso humano, em todas as suas facetas – cultural, econômica, social e política –, que deve ser possível a todos os países, sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento; • Essa sustentabilidade não é rígida; antes, deve admitir a possibilidade de mudanças, às quais se reage com adaptações; • Está implícita uma preocupação com a igualdade social entre as pessoas de uma mesma geração e entre as pessoas de uma geração e de outra; uma geração não deve destruir os recursos, impedindo outras de usá-los. Outras discussões apresentam temas próximos à matriz da equidade, destacando que meio ambiente equilibrado e preservado depende de justiça social, identificando que os problemas ambientais são perpassados também por questões sociais. Portanto, não podemos analisar tais situações sem traçar um quadro da realidade vivenciada pelos povos dos países ditos subdesenvolvidos. Sua discussão se baseia num contraponto entre o modelo econômico que devemos seguir e a conceituação de desenvolvimento sustentável, com isso percebe a nítida ambiguidade desse contexto. Na verdade há uma retórica por parte dos grandes grupos capitalistas de implementar uma nova ótica para o desenvolvimento econômico, porém continuam com a mesma política maquiada, agora com uma proposta de utilização racional dos recursos do meio ambiente. O desenvolvimento sustentável leva a uma economia sustentável. A preservação e o aproveitamento racional dos recursos naturais são conseguidos pelo desenvolvimento sustentável, possibilitando a viabilidade da economia sustentável e dando ao homem um ambiente saudável. Esse equilíbrio só será obtido se também for conquistada a justiça social: miséria e fome produzem desperdício e poluição, e são resultados da exploração social e prática imperialista (CHIAVENATO, 1997, p.113). professor, falta a referência completa). Destacamos a proposta sobre a Sustentabilidade Democrática em oposição à matriz da eficiência: entendida como processo pelo qual as sociedades administram as condições materiais de sua reprodução, redefinindo os princípios éticos e sociopolíticos que orientam a distribuição de seus recursos ambientais. Propõe uma mudança do paradigma hegemônico de desenvolvimento econômico, com base em princípios de justiça social, superação da desigualdade socioeconômica e construção democrática ancorada no dinamismo dos atores sociais (NOVICKI;LUIZ, 2004). Nessa linha de discussão percebemos duras críticas ao desenvolvimento sustentável e visualizamos propostas que deveriam estar contempladas, tais como, nova ética, redefinição do que seja o bem-estar material e espiritual, revisão espistemológica dos conceitos de MA, tecnologia, ciência e educação, enfim vai ao encontro das premissas identificas na matriz discursiva da equidade. 1.2 - Taxas de Densidade Populacional DINÂMICA POPULACIONAL →No uso mais comum da palavra, entende-se por população o conjunto de pessoas ou organismos de uma espécie que habitam uma determinada área geográfica. Deste modo, a nível dos seres humanos, pode ser definida como todos ao habitantes de um dado país ou área, considerados no seu conjunto. Uma comunidade ecológica é definida como um grupo de espécies que interagem ou potencialmente são capazes de interagir, vivendo no mesmo lugar. Uma comunidade é mantida unida pela rede de influ- ências que as espécies têm umas com as outras. Inerente neste aspecto é a noção que o que quer que afete uma espécie afeta também muitas outras. Obtém-se uma compreensão das comunidades examinando as interações que envolvem pares de espécies ou muitas espécies entre si. POTENCIAL BIÓTICO→ Capacidade inata de uma população para crescer em condições favoráveis. O potencial biótico representa a capacidade que os organismos vivos possuem de se multiplicar rapidamente, através da reprodução. RESISTÊNCIA AMBIENTAL→ É o conjunto de fatores capazes de limitar o crescimento populacional denominamos resistência ambiental. Entre os fatores determinantes da resistência ambiental, podemos citar as proporções inadequadas entre os sexos na população, os efeitos do clima e da limitação de espaço, a competição entre os indivíduos de uma população e entre os indivíduos de populações diferentes, e as numerosas causas de morte como velhice, doenças, acidentes, falta de alimento, predação, parasitismo e falta de refúgios. Taxas de Medida Populacional DENSIDADE POPULACIONAL→ Mede o número de pessoas ou organismos por unidade de área. As variantes podem expressar a população por unidade habitável, habitada, produtiva (ou potencialmente produtiva) ou até área cultivada. Obs. Uma área geográfica em particular de terra é dita como tendo capacidade máxima, representando a população máxima que pode suportar. Alguns observadores das sociedades humanas acreditam que o conceito de capacidade máxima também se aplica á população humana, e que um crescimento populacional descontrolado pode resultar numa catástrofe, outros opõem-se a esta visão. • Taxa de natalidade: Indica o número de nascimentos em um determinado tempo. • Taxa de mortalidade: Representa o número de mortes (óbitos) em um intervalo de tempo. • Taxa de dispersão (imigração e emigração): Emigração: indivíduos que saem da população original em certo intervalo de tempo. Imigração: indivíduos que entram ou chegam a uma nova população. 1.3 - Estrutura da População: Assentamentos Humanos O Programa Habitat da Organização das Nações Unidas (ONU) tem como missão promover ambiental e socialmente o desenvolvimento sustentável/sustentabilidade dos assentamentos humanos e a aquisição de abrigo adequado para todos. O Programa foi estabelecido em 1976, como uma agência dentro das Nações Unidas, para coordenar atividades no campo dos assentamentos humanos. O foco principal foi a implementação da Agenda Habitat, um plano de ação global adotado pela comunidade internacional na Conferência Habitat 2, realizada em Istambul, Turquia, em 1996. • Instabilidade Familiar • Criminalidade e Violência • Vulnerabilidade a Desastres • Ocupação das Encostas • Doenças por Veiculação Hídrica Impactos Socioambientais A Agenda é um plataforma de princípios que devem se traduzir em práticas. As atividades desenvolvidas no âmbito do Habitat contribuem para o objetivo global das Nações Unidas de reduzir a pobreza e promover a sustentabilidade dentro de um contexto em que o mundo que avança aceleradamente para a urbanização. Os principais impactos ambientais relacionados ao aumento significativo da população humana são: • Alta Concentração Demográfica • Falta de Moradia • Aumento da Pobreza • Desemprego e Exclusão Social Fonte: www.ambientebrasil.com.br 23 Quadro-síntese 24 Nesta unidade apresentamos os seguintes temas: • Meio Ambiente • Desenvolvimento Sustentável • Sustentabilidade Democrática • Sociedade de Consumo • Ocupação Humana e seus impactos ambientais Exercícios de Fixação (professor, sem gabarito) 1- “Todos ganham com o crescimento de empresas como a Aracruz Celulose. Líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto para a indústria do papel a partir de plantios renováveis e ambientalmente sustentáveis, a Aracruz desenvolve e coloca à disposição da sociedade conhecimentos valiosos para o desenvolvimento do agronegócio florestal do país. Através de iniciativas como o projeto Microbacia, a Aracruz, em parceria com institutos de pesquisa e universidades do Brasil e do exterior, realiza estudos integrados de solo, dos recursos hídricos e da biodiversidade para preservar a qualidade de vida das gerações futuras”. Texto extraído de JB Ecológico Ano 3 n.29 Junho 2005. O texto tenta retratar um pouco das ações da empresa e descreve uma preocupação com a questão ambiental. a) Identifique o conceito de desenvolvimento que está implícito no texto e faça uma análise do mesmo quanto à eficácia ambiental. b) Qual seria a alternativa ao conceito proposto na resposta anterior? Descreva um exemplo utilizando o setor de produção destacado acima. 2- Analise comparativamente as Matrizes da Eficiência e da Equidade, identificando os conceitos de meio ambiente implícitos nessas matrizes. 3- A conferência de Estocolmo em 1972 foi significativa na mobilização por uma nova ética em relação ao meio ambiente. Foi uma conferência romântica e muito enfática na questão da preservação. Explique como foi a participação brasileira. 4- Eu consumo, tu consomes, eles consomem....... O meio ambiente pede socorro!!!!!! A análise da sociedade de consumo moderna nos permite avaliar alguns aspectos, tais como: degradação ambiental, cultura aos descartáveis, valorização do ter sobre o ser, desigualdade social, entre outros. A sociedade tecnológica apresenta uma ideologia tecnicista. Identifique os argumentos utilizados nessa ideologia, exemplificando-a. 5- Estudos demonstram que 70% da população mundial encontram-se concentradas nos grandes centros urbanos. A cidade do Rio de Janeiro representa essa categoria e consequentemente enfrenta os grandes problemas inerentes a essa densidade populacional exacerbada. Identifique quatro impactos ambientais desencadeados por essa excessiva concentração humana no Rio de Janeiro. Leitura Complementar www.wwf.org.br www.ambientebrasil.com.br UNIDADE II 25 ENERGIA E DESENVOLVIMENTO Entendemos como energia a capacidade de executar trabalho traduzido em ações e transformações. (A etimologia da palavra tem origem no idioma grego, onde εργος (erfos) significa "trabalho"). A energia pode ser interpretada e conceituada de diversas formas e através da Física é que podemos estudá-la mais a fundo. Os cientistas muito discutem sobre os diversos tipos de energia mas podemos simplificar essa conceituação agrupando-as em dois tipos: 1- Potencial 2- Cinética Apesar dessa simplicidade de classificação, entendemos que as mesmas são desdobradas em diversos subtipos dentre os quais destacamos: Hidráulica Nuclear Eólica Solar Geotérmica Eletromagnética Química O homem sempre buscou o domínio das diversas formas de energia, desde os primórdios com a descoberta do fogo, até o advento da energia nuclear. Essa busca constante permitiu melhorar o conforto e bem-estar das populações, bem como desenvolveu as sociedades modernas. Diante da necessidade em produzir cada vez mais energia a sociedade investiu muito em novas tecnologias e nas diversas formas para obtê-la, tais como: Energia hidrelétrica Energia mecânica Energia potencial Energia cinética Energia química Energia nuclear Energia eletromagnética Energia radiante 2.1- Formas de Produção de Energia Petróleo Extração de Petróleo posição esta causada pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias. Assim, esses seres decompostos teriam se acumulado no fundo dos mares e lagos. • Composto principalmente por hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, o petróleo é um óleo menos denso que a água, com coloração que pode variar desde o castanho claro até o preto. • Apresenta diversas utilidades tais como: base para a fabricação da gasolina, gás natural, GLP, nafta, querosene, lubrificantes, tintas, plásticos, ceras, óleos, diesel, asfalto são derivados do petróleo. Vantagens: Fonte: www.futuroverde.wordpress.com • Domínio da tecnologia de exploração; • Facilidade de transporte e distribuição. Características: • Substância oleosa e inflamável, o petróleo é a principal fonte de energia na atualidade. • Formado há milhões de anos em razão da decomposição dos seres que compõem o plâncton, decom- Desvantagens: • Recurso esgotável; • Libera dióxido de carbono com a sua queima incrementando o efeito estufa; 26 • Riscos de contaminação na sua extração e transporte; • Causa a maré negra. Gás Natural Características: •Composto por hidrocarbonetos leves presentes no subsolo; •O gás metano representa seu principal componente; •Resulta da decomposição da matéria orgânica por bactérias anaeróbicas; •Pode estar também é esgotável; •Sua distribuição por gasodutos ou navios metaneiros muito caros; •Incrementa a chuva ácida e o efeito estufa; •Associado ao petróleo ou em reservas próprias. Vantagens: • Pode ser líquido e gasoso; • É encontrado em abundância; • Polui menos a atmosfera. Carvão Mineral Características: • Resulta de florestas soterradas e transformadas; • Pode estar no subsolo ou á céu aberto em bacias sedimentares; • Produção de energia elétrica, usinas siderúrgicas, aquecimento e matéria-prima para fertilizantes. Vantagens: • Domínio da tecnologia; • Fácil obtenção, transporte e distribuição. Desvantagens: • Formação da chuva ácida; • Incremento do efeito estufa. Hidroelétricas Características: • Produz energia elétrica através do aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio; • A viabilidade técnica de cada caso deve ser analisada individualmente por especialistas em engenharia ambiental e especialista em engenharia hidráulica, que geralmente para seus estudos e projetos utilizam modelos matemáticos, modelos físicos e modelos geográficos; • O cálculo da potência instalada de uma usina é efetuado através de estudos de energéticos que são realizados por engenheiros mecânicos, eletricistas e civis; • A energia hidráulica é convertida em energia mecânica por meio de uma turbina hidráulica, que por sua vez é convertida em energia elétrica por meio de um gerador, sendo a energia elétrica transmitida para uma ou mais linhas de transmissão que é interligada à rede de distribuição; •Um sistema elétrico de energia é constituído por uma rede interligada por linhas de transmissão (transporte). Nessa rede estão ligadas as cargas (pontos de consumo de energia) e os geradores (pontos de produção de energia). Uma central hidrelétrica é uma instalação ligada à rede de transporte que injeta uma porção da energia solicitada pelas cargas; •A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, por exemplo, constitui-se de uma das maiores obras da engenharia mundial e é a maior usina 100% brasileira em potência instalada com seus 8.000 MW, já que a Usina de Itaipu é binacional. Vantagens: •Não produz resíduos poluentes. Sua produção pode ser controlada; •Ainda é um tipo de energia mais barata do que outras como a energia nuclear e menos agressiva ambientalmente do que a do petróleo ou a do carvão, por exemplo. Desvantagens • Alagamento das áreas vizinhas; • Aumento no nível dos rios, em algumas vezes pode mudar o curso do rio represado, podendo, ou não, prejudicar a fauna e a flora da região; • Remoção de populações; • Dificuldade na distribuição; • Custo alto de implantação e dependência da disponibilidade de água. 27 Fonte: www.futuroverde.wordpress.com Biomassa mentar a biomassa vegetal do ecossistema. Parte dessa energia acumulada é empregada pelo ecossistema para sua própria manutenção. Características: •A energia da biomassa consiste em utilizar os resíduos de matéria orgânica e promover sua decomposição controlada; •Podemos definir biomassa como a quantidade total de matéria viva existente num ecossistema ou numa população animal ou vegetal; •Embora os combustíveis tradicionais de origem fóssil, utilizados para produção de energia, também sejam oriundos de biomassa decomposta, não são incluídos nesse tipo de energia. Esses tipos de combustíveis (carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural) são resultado de várias transformações que requerem milhões de anos para acontecerem e não são renováveis. A biomassa é utilizada na produção de energia a partir de processos como a combustão de material orgânico produzida e acumulada em um ecossistema, porém nem toda a produção primária passa a incre- Vantagens: • Baixo custo; • Renovável; • Reaproveitamento dos resíduos; • Menos poluente que outras formas de energias como aquela obtida a partir de combustíveis fósseis. Desvantagens: •A queima de biomassa provoca a liberação de dióxido de carbono na atmosfera podendo incrementar o efeito estufa; •Muitas vezes precisa de grandes áreas para sua produção; •Destruição da fauna e da flora com extinção de certas espécies; •Contaminação do solo e mananciais de água por uso de adubos e outros meios de defesa manejados inadequadamente. Fonte: www.eletronuclear.gov.br 28 Energia Maremotriz • Interferência na audiovisão: • Excesso de barulho. Características: • Representa uma forma de geração de energia elétrica, utilizando o movimento de massas de água característico das marés. Os mecanismos para obtenção desse tipo de energia podem variar entre energia cinética das correntes devido às marés e energia potencial pela diferença de altura entre as marés alta e baixa; • O fenômeno das marés é característico em todo o mundo e ocorre a cada 12h e 25min, variando em intensidade e amplitude; • Para tornar viável essa obtenção é necessária a construção de uma barragem que represa a água vinda da maré, e de um reservatório que armazena essa massa de água. Quando ocorre a maré baixa, a barragem é aberta e o reservatório é esvaziado. Em ambas as situações a água flui por turbinas hidráulicas e o bulbo é capaz de produzir energia elétrica. Vantagens: • Fonte inesgotável; • Mantêm uma produção continua e equilibrada; • Não causa poluição; • Sem resíduos. Desvantagens: • Custo alto de implantação; • Conflito de uso nas regiões costeiras. Energia Eólica Fonte: www.wikpedia.org Xisto Betuminoso Características: • Esse tipo de combustível provém de uma rocha sedimentar que apresenta óleo na sua composição; • Para extrairmos esse combustível é necessário aquecer a rocha para que a mesma libere o óleo (betume); • O xisto betuminoso possui características semelhantes às do petróleo. Características: • Essa forma de obter energia utiliza os ventos para mover moinhos (aerogeradores) que possuem turbinas giratórias e, através desse movimento, um gerador produz energia elétrica; • É necessário que sejam instalados muitos cataventos (moinhos) para uma produção comercial, viável economicamente, que possa justificar essa forma de produção de energia; • É possível ainda a utilização de aerogeradores de baixa tensão quando se trata de requisitos limitados de energia elétrica. Vantagens: • O Brasil possui a maior reserva de xisto do mundo; • Estima-se que a quantidade total de óleo que pode ser produzida a partir do xisto é quatro vezes maior que todas as reservas de petróleo no mundo. Desvantagens: • Rendimento baixo e muito poluente; • Não é uma fonte renovável; • Presença co mum de enxofre. Vantagens: • A energia eólica é hoje considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia; • É renovável; • Podem ser utilizadas tanto em conexão com redes elétricas como em lugares isolados; • Não produz resíduos. Desvantagens: • O custo da geração de energia eólica é muito alto; • Riscos de colisões das pás com objetos voadores (animais silvestres); Fonte: www.riobranco.org.br Energia Geotérmica ou Energia Geotermal energia elétrica. Vantagens: Características: • Representa uma forma de energia muito peculiar, uma vez que sua obtenção ocorre a partir do calor oriundo do interior da Terra; • Na formação do planeta Terra, encontramos o magma (rocha derretida) em regiões profundas e muito aquecidas; • Em algumas regiões do planeta esse magma extravasa e libera o calor contido em sua estrutura, esse calor é aproveitado e convertido em energia termoelétrica. • Intensa produção de energia; • Não geração de gases de efeito estufa. Desvantagens: • Resíduos radioativos (pop.: Lixo atômico); • Difícil domínio das diversas tecnologias; Energia Solar Características: Vantagens: • Domínio da tecnologia; • Energia com produção contínua e em altas doses; • Inesgotável. Desvantagens: • Liberação de dióxido de carbono (CO2); • Liberação de ácido sulfídrico (H2S) altamente corrosivo e com cheiro desagradável; • Necessidade de tratamento adequado da água vinda do interior da Terra, que contém minérios prejudiciais a saúde; • Poluição sonora; • Perfuração de poços. Energia Nuclear • Representa a captação de energia luminosa e de energia térmica oriunda do sol; • Após ser captada, a energia solar pode ser transformada em energia elétrica ou pode ser utilizada diretamente com fonte de calor; • Imitamos os vegetais que utilizam essa energia no processo de fotossíntese. Vantagens: • Não é poluente sendo considerada uma energia limpa; • Com o desenvolvimento da tecnologia os painéis solares apresentam uma eficácia cada vez maior; • Pode ser instalada em qualquer local sem a necessidade de linhas para transmissão. Desvantagens: Características: • Representa um tipo de energia liberada numa reação nuclear, ou seja, os núcleos de determinados átomos são bombardeados e sofrem uma fissura, com esse rompimento é promovida uma reação em cadeia com intensa liberação de energia; • Todo esse processo depende da participação de um reator nuclear; • Com a liberação de intensas doses de energia há a geração de calor e assim, promove-se a produção de • Os painéis solares são muito caros o que dificulta sua aquisição pela maior parte da população; • Depende das condições atmosféricas que interferem na quantidade de energia gerada limitando sua produção; • Não pode ser produzida durante a noite; • As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas por exemplo aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), a energia hidroelétrica (água) e a biomassa (bagaço da cana ou bagaço da laranja). Fonte: www.futuroverde.wordpress.com 29 30 Pilhas ou Células de Combustível Características: • Conversão de energia do hidrogênio em eletricidade (processo inverso ao da hidrólise); • Estações espaciais, geração de energia elétrica e automóveis (todas experimentais). Vantagens: •Pouca produção de poluentes; •Alta eficiência energética. Desvantagens: •Produção de alguns poluentes como óxidos de nitrogênio e enxofre; •Ainda em desenvolvimento tecnológico. Fonte: www.futuroverde.wordpress.com Quadro-Síntese: Nessa unidade abordamos os diversos tipos de energia, promovendo sua caracterização, forma de obtenção, vantagens e desvantagens para a população e o meio ambiente. • Hidráulica • Nuclear • Eólica • Solar • Geotérmica • Eletromagnética • Química Exercícios de Fixação 1- Na área de energia, a geração hidrelétrica garante a produção de 91% da eletricidade consumida no Brasil, o equivalente a um valor aproximado de 10 bilhões de dólares/ano, se computado somente o aferido na etapa da geração de energia (Freitas, 1998 - www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiete-agua/agua-e-energia. php (acessado em 03/03/2010)). O potencial hidrelétrico brasileiro conhecido, referente a janeiro de 1998, é de aproximadamente 260 GW, dos quais encontram-se em operação cerca de 22%, existindo portanto ainda um percentual de potencial hidrelétrico a ser aproveitado (ELETROBRÁS, 1999 - www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiete-agua/agua-eenergia.php (acessado em 03/03/2010)). O Brasil, possuidor de 8% da água doce mundial, naturalmente é responsável pela manutenção e formação de uma consciência do uso racional deste recurso. O setor elétrico, o maior usuário da água sem caráter degradativo, mas como modificador do meio ambiente, possui um importante papel no gerenciamento dos recursos hídricos do país. Identifique as vantagens e desvantagens desse tipo de matriz energética adotado pelo Brasil. 2- O consumo crescente e o impacto ambiental e social causados pelas fontes de energias tradicionais levam governo e sociedade a pensar em novas alternativas para geração de energia elétrica. Segundo dados do Balanço Energético Nacional, mais de 40% da matriz energética do Brasil é renovável, enquanto a média mundial não chega a 14%. No entanto, 90% da energia elétrica do país são gerados em grandes usinas hidrelétricas. Caracterize duas formas de geração de energia elétrica que podem ser enquadradas na situação descrita no texto. Explique seus mecanismos de ação e vantagens apresentadas. 3- Os negócios do petróleo e do gás são responsáveis por grande movimento comercial e financeiro. Economides e Oligney (2000) avaliam, a propósito, que se trata da maior indústria mundial. No entanto, esses recursos se distribuem segundo os caprichos da natureza. Suas reservas se concentram em certas regiões do globo terrestre, enquanto que o seu consumo se concentra em outras partes do mundo. Com isso, a indústria do petróleo e do gás ganha um significado político e estratégico incomparável no âmbito do comércio exterior e das relações internacionais, bem como nos impactos ambientais que desencadeia. Avalie os impactos causados por essa fonte de energia que representa a sustentação da sociedade moderna. 4- A matriz energética do planeta está calcada na utilização de combustível fóssil (petróleo, gás natural, lenha e carvão), o que significa um elevado comprometimento da atmosfera devido aos resíduos produzidos. a) Identifique as diferenças nos impactos ambientais causados pela queima de carvão vegetal e de carvão mineral. b) Dentre as alternativas energéticas propostas atualmente, justifique duas que seriam mais indicadas para a região de Arraial do Cabo no Rio de Janeiro. 5- Relacione o modelo energético brasileiro com crise, conhecida como apagão e o ciclo da água. Leitura Complementar Visite o site da Agência Nacional da Energia Elétrica www.aneel.gov.br. 31 32 UNIDADE III EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 - Educação Ambiental Conceitos Na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), o seu artigo 225 determina: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo, para as presentes e futuras gerações”. Os conceitos de meio ambiente em geral estão pautados numa dimensão natural ou técnica, refletindo uma abordagem reducionista1 onde “prevalecem as necessidades de preservação do potencial produtivo dos ecossistemas, dos recursos naturais e o estudo de seus distúrbios como a poluição ou a extinção massiva de espécies” (BRÜGUER, 1999, p. 52). Nesta concepção MA é confundido com Ecologia sendo sinônimo de natureza, e esse fato é refletido devido à fundação da modernidade, principalmente nas civilizações ocidentais reforçando que houve uma dicotomia homem-natureza onde os dois se apresentam em oposição. Identifica no Cartesianismo (Descartes) como o momento que dá impulso a essa separação, atendendo ao novo modelo de produção adotado pelas sociedades. Na abordagem reducionista de MA, denominada de naturalista, os problemas são abordados em sentido a-histórico, ignorando as relações sociais e onde a relação indivíduo-natureza é condicionada às relações naturais e à sua dinâmica. Assim entendida a problemática, a ação humana é definida como antrópica e interpretada a partir de parâmetros das ciências biológicas. Estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2000) revela que: ... apesar dos esforços internacionais, verifica-se ainda hoje que 26,5% dos projetos/atividades de Educação Ambiental, desenvolvidos por agências públicas estatais e organizações não-governamentais brasileiras, privilegiam uma leitura reducionista da temática ambiental, baseada exclusivamente nos aspectos biológicos do meio ambiente (concepção naturalista/ preservacionista), desconsiderando o ser humano e as relações sociais (NOVICKI; MACCARIELLO, 2002, p.7). A matriz discursiva da equidade corresponde uma conceituação mais ampla de meio ambiente, que pressupõe os homens inseridos neste contexto como parte integrante e não como um ser isolado. Ela contempla as sociedades e suas instituições numa estreita relação com os recursos naturais, ou seja, propõe uma visão socioambiental de meio ambiente. Essa matriz defende uma percepção de meio ambiente que contempla o meio natural, as instituições criadas pelos homens e a relação entre ambos, e destaca o vínculo entre justiça social e ecologia: consideram-se as relações intrínsecas entre desigualdade social e degradação ambiental – questões que não podem ser analisadas em separado, por terem raízes comuns; essa compreensão remete a um tratamento conjunto e articulado dos propósitos de erradicação da pobreza e de proteção ambiental (ACSELRAD; LEROY, 1999, p. 28). O conceito de meio ambiente deve ser visualizado numa percepção socioambiental, uma vez que até a “Conferência de Estocolmo” o ambiente era visto apenas como fauna e flora, mais os aspectos abióticos. A partir dali, essa concepção mudou. O ambiente passou a ser definido como uma interação entre os fatores bióticos e abióticos, e a cultura do ser humano. Numa abordagem meramente conservacionista devem ser reafirmadas as recomendações de Tbilisi, que orientam para a incorporação de aspectos éticos, políticos, econômicos e socioculturais nas práticas de EA e indica uma estratégia de metodologia em que devemos propor a resolução de problemas ambientais locais. Nessa perspectiva é fundamental que a abordagem em programas de EA seja interdisciplinar, tende em suas propostas uma visão crítica dessas sociedades e verdadeiro potencial de transformação. Neste item analisamos as diferentes concepções de meio ambiente, agrupando-as em duas: 1a) Reducio- Encontramos na literatura diferentes denominações referentes às concepções de Meio Ambiente: Naturalista/Técnica/Conservacionista/ Ecológica/Biologizada, todas referendando uma abordagem Reducionista, em que os homens não estão inseridos nesse contexto. Também percebemos as concepções que incorporam os homens e suas instituições. Nessa dissertação trabalhamos com as duas identificadas como REDUCIONISTA e SOCIOAMBIENTAL, respectivamente. 1 nista e 2a) Crítica. Destacamos a estreita relação dessa conceituação com os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade democrática e sinalizamos como os grupos dominantes se apropriaram do primeiro. Abordamos nos itens anteriores como o modelo de desenvolvimento adotado pelas sociedades interferiu na conceituação sobre EA, ressaltamos duas linhas em especial: Educação Ambiental Preservacionista que é defendida pelo modelo de desenvolvimento hegemônico, e Educação Ambiental Crítica, que vai ao encontro das recomendações de Tbilisi (1977). A EA foi fundamentada na Conferência de Belgrado como uma nova ética para o desenvolvimento e ordem econômica mundial: A reforma dos processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova ética de desenvolvimento que possa melhorar as condições do mundo, mas tudo isso não se constituirá em soluções de curto prazo se a juventude não receber um novo tipo de educação. Isso vai requerer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escola e comunidade, entre o sistema educacional e a sociedade. É dentro desse contexto que devem ser lançadas às fundações para um programa mundial de EA, que possa tornar possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, efetivamente, à elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras (DIAS, 2003, p. 103). A Conferência de Tbilisi corroborou as propostas de Belgrado e definiu as diretrizes da EA: mediante a utilização dos avanços da ciência e da tecnologia, a educação deve desempenhar uma função capital com vistas a criar a consciência e a melhor compreensão dos problemas que afetam o meio ambiente. Essa educação há de fomentar a elaboração de comportamentos positivos de conduta com respeito ao meio ambiente e à utilização dos seus recursos pelas nações. A EA deve se dirigir a pessoas de todas as idades, a todos os níveis, na educação formal e não formal. Os meios de comunicação social têm a grande responsabilidade de pôr seus enormes recursos a serviço dessa missão educativa (IBAMA, 2002, p.18). Em Tbilisi (1977) foi definido que a EA deve ser permanente e preparar o indivíduo através de conhecimentos técnicos para realizar suas funções, com uma visão ética para melhoria de qualidade de vida e proteção ao meio ambiente. A EA deve ser interdisciplinar e global, apresentando uma abordagem que reconheça a interligação entre os meios natural e artificial, estabelecendo a relação entre as atitudes no presente e suas consequências no futuro. Também define que, apesar da visão do todo (global), a EA deve ser dirigida à comunidade local, respeitando suas peculiaridades, e tentando promover a resolução desses problemas para melhoria de qualidade de vida da população (IBAMA, 2002). Em Tbilisi (1977) também foram formuladas diretrizes sobre como implementar essa forma de educação transformadora: a) Dirige um chamamento aos Estados membros para que incluam em suas políticas de educação medidas que visem à incorporação de conteúdos, diretrizes e atividades ambientais a seus sistemas; b) Convida as autoridades de educação a intensificar seus trabalhos de reflexão, pesquisa e inovação com respeito a EA; c) Solicita aos Estados membros a colaboração mediante o intercâmbio de experiências, pesquisas, documentação e materiais, e a colocação dos serviços de formação à disposição do pessoal docente e dos especialistas de outros países; d) Solicita à comunidade internacional que ajude a fortalecer essa colaboração, em uma esfera de atividade que simbolize a necessária solidariedade de todos os povos, e que possa ser considerada como particularmente alentadora para promover a compreensão internacional da causa da paz. A Educação Ambiental transcende a questão da abordagem biologizada de meio ambiente2 e apresenta a ótica de que o ambiente urbano, característico dos seres humanos, deve estar integrado com o ambiente natural. Em sua análise descreve que a EA contribui para a modificação de comportamentos, graças à renovação de valores e a uma nova ótica proposta para as questões ambientais, que contemple uma visão de meio ambiente incorporando os homens e, como todo processo educacional, pressupõe mecanismos de continuidade. A Educação Ambiental seria o processo através do qual deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado num completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente. Já a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, em 1970, descreveu a Educação Ambiental como sendo o processo de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as interrelações entre o homem, sua cultura e seu ambiente biofísico circunjacente. O Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA (1989) a definiu como um processo de formação 2 Contempla uma conceituação de EA voltada para os aspectos da natureza, que consiste numa abordagem sobre componentes biológicos do meio ambiente. Normalmente associada a uma visão preservacionista. 33 34 e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental. O documento final da Conferência do Rio (1992) afirma que a Educação Ambiental deve incorporar as dimensões socioeconômicas, políticas, culturais, históricas e éticas, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal. Com essa ótica, a EA deveria considerar as condições e pluralidade cultural de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vista a utilizar racionalmente os recursos do presente e do futuro. Uma educação ambiental preservacionista se enquadra no conceito reducionista de meio ambiente e promove um “adestramento ambiental”: O que precisamos para a educação que honrasse o adjetivo ambiental é mais de uma mudança qualitativa de conteúdos do que de “informações eficientes” - o que só será possível com uma maior ênfase nos aspectos éticos e políticos da questão ambiental. Essa “eficiência” típica da ideologia industrial proporciona muito mais um treinamento ou um adestramento do que uma formação (BRÜGGUER, 1999, p. 86). A EA preservacionista é uma educação conservadora, uma vez que a mesma acredita na transformação da sociedade pela transformação de cada indivíduo isoladamente. Nessa concepção as relações sociais são secundarizadas. Um projeto conservador de educação, baseado numa visão liberal de mundo, acredita que a transformação da sociedade é consequência da transformação de cada indivíduo. Desta forma, a educação por si só é capaz de resolver todos os problemas da sociedade, basta ensinar o que é certo para cada um, tornando-se assim uma educação teórica transmissora de informações. Essa forma de abordagem é explicada historicamente pela influência do livro de Rachel Carson A Primavera Silenciosa, que enfocou a preservação da natureza através do chamamento para a defesa do meio ambiente, que refletia à época um movimento de contato maior do homem com os elementos naturais. Uma forma de educação calcada na pura transmissão de conhecimentos mostra extrema ineficácia. O “aprender para preservar” demonstra uma EA desprovida de qualquer senso crítico e portanto transforma- dora. Reportando-nos a um dos objetivos propostos na conferência de Tbilisi identificamos que a Educação Ambiental deve ajudar aos indivíduos e aos grupos sociais a adquirir diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas que o afetam. Fica claro que o conhecimento do ambiente e de seus problemas pode ser um dos instrumentos para sensibilizar as pessoas, porém essa abordagem deve ocorrer de forma ampla, discutindo os problemas com diversas perspectivas e respeitando as particularidades de cada comunidade (IBAMA, 2002). Fica bem definido que a EA deve ser um processo de transformação de valores e atitudes, não mais encarando as questões ambientais como problemas meramente dimensionados pelo ambiente natural, mas sim que a própria definição dos conceitos sobre meio ambiente devem ser revistas. Nessa abordagem é identificada uma EA Crítica, acreditamos que a transformação da sociedade é causa e consequência (relação dialética) da transformação de cada indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a transformação de ambos. Nesta visão, educando e educador são agentes sociais que atuam no processo de transformações sociais; portanto, o ensino é teoria/prática, é praxis. Ensino que se abre para a comunidade, com seus problemas sociais e ambientais, sendo estes conteúdos do trabalho pedagógico. Na proposta de Tbilisi há uma discussão em que a resolução dos problemas ambientais locais deve pressupor um vínculo maior entre os processos de Educação e a realidade das pessoas envolvidas. Integrando aspectos ecológicos, políticos, econômicos, sociais e culturais com as variáveis ambientais, permitindo assim uma EA mais crítica e formadora, induzindo a transformação de valores. Enfatizando que devemos priorizar questões do cotidiano dos alunos que afetam diretamente as comunidades. Apresentação da Proposta: “Programa de Educação Ambiental e Cidadania (PEAC) – um caso de sucesso” O programa é dividido em oito momentos e compreende diversas atividades que descrevemos abaixo. Inicialmente, após obtermos a autorização da Direção Escolar, realizamos uma sensibilização com os professores da escola, apresentando o “Programa de Educação Ambiental e Cidadania”. Objetivamos, com esse procedimento, estabelecer um vínculo maior com o corpo docente e garantir o seu envolvimento, pois a abordagem interdisciplinar é fator fundamental para o desenvolvimento do trabalho. Diversas disciplinas podem estar envolvidas nesse tipo de programa, tais como: Ciências, História, Português, Geografia, Inglês, entre outras. É imperioso envolver os professores dessas cadeiras como estimuladores para que os alunos desenvolvam pesquisas, utilizando instrumentos pedagógicos do cotidiano, como jornais, revistas, livros, internet, encartes entre outros recursos, leitura e discussão da temática ambiental, além da cobrança de um relatório final. Nossa proposta é que esse relatório deva ser construído ao final do trabalho de campo, como mecanismo de mobilização dos alunos, e que seja uma forma de avaliação pedagógica nas disciplinas envolvidas. Entendemos que os professores são veiculadores de nossa proposta, o envolvimento é importante como intercâmbio de informação e mobilização dos alunos para realização das pesquisas citadas acima. Vale ressaltar que os alunos também se sentem mais motivados quando percebem o retorno na avaliação formal, com notas atribuídas aos seus trabalhos. Durante as aulas das disciplinas mencionadas, apresentamos a proposta aos alunos e aplicamos o “Questionário Diagnóstico”, visando ao levantamento e análise do perfil socioeconômico dos alunos, das representações sociais dos mesmos sobre meio ambiente e problemas socioambientais existentes em seu local de residência e no entorno da escola. 3º DIA: Discussão sobre a proposta e apresentação do cronograma de trabalho. Motivação dos professores para mobilização junto aos alunos. 4o DIA: Fechamento da análise com os professores e preparação para iniciação da prática. 5º DIA: 1. Discussão sobre problemas socioambientais e seus impactos, utilizando cartazes e figuras, em transparências, que representem a natureza e valorizem suas belezas naturais. Os alunos nessa faixa etária (11-12 anos) já têm a capacidade de análise do concreto e do abstrato. 2. Apresentação de DVD (desenho animado – “TÁ LIMPO”) abordando temas relacionados à realidade vivenciada pelos alunos: favelização, exclusão social, saúde, lixo, reciclagem, mobilização/participação e solidariedade. O DVD tem a duração de doze minutos, sendo caracterizado numa área favelizada (morro) onde diversos problemas socioambientais podem ser sinalizados. Enfatizamos a questão do lixo e das doenças que por ele são transmitidas, a ocupação inadequada do local sem rede de esgoto e saneamento, abordamos também a ausência de coleta do lixo domiciliar e o papel de cada um nesse processo. 3. Ao final desse primeiro dia, desenvolvemos uma atividade de desenhos em cartolina, sobre o seu dia a dia, sua escola, seu bairro e a percepção do entorno, também servindo como motivador para os participantes expressarem seus símbolos. As atividades são executadas em pelo menos oito dias diferentes, sendo o primeiro com os professores envolvidos para apresentação do projeto e o último para o recolhimento dos relatórios finais e a apresentação dos trabalhos produzidos pelos alunos ao longo do programa. Durante o turno de aula dos alunos e com um intervalo estimado de 15 dias entre cada momento do trabalho. A sua execução envolveu todo o ano letivo. 6o DIA: 4. Inicialmente trabalhamos com uma “Oficina de Sucata e Meio Ambiente”, onde são realizadas ações que desenvolvem com os alunos transformações de materiais ditos “lixo” em novos objetos, produzidos com técnicas de artesanato, integrando a visão da reutilização dos materiais considerados inutilizados por objetos de uso diário, e também a importância da transformação realizada com a atitude de cada um. 1o DIA: Sensibilização dos professores das cadeiras envolvidas e apresentação de toda a proposta de trabalho. Nesta atividade, os alunos são estimulados para expressarem seus desejos e capacidade de mobilização, como trabalho em equipe e capitaneando soma de esforços. Vale ressaltar que os alunos é que trazem o material (sucata) que será utilizado na atividade; 2º DIA: Embasamento teórico com concepções de meio ambiente e de educação ambiental, abordando conceitos modernos que permitam uma abordagem mais ampla e não cartesiana com autores como Layrargues, Grün, Reigota e Dias, representando a linha desse trabalho, com os professores. 5. No encerramento desse segundo dia solicitamos que os alunos expressem, num pequeno quadrado de acetato, um símbolo de suas possíveis atitudes relativas ao seu ambiente de vida ao seu cotidiano. Ao final da atividade, projetamos em slides o resultado dos seus trabalhos. O que é micro no desenho se trans- 35 36 forma em macro na projeção: desta forma tentamos explicitar a importância de suas atitudes e como sua participação é significativa e relevante, mesmo que num primeiro momento pareça mínima. Nesse momento, conversamos sobre a saída de campo que ocorreu no próximo encontro. Técnicas de Campo: 7o DIA: 6. Preliminarmente, antes da saída para o campo e objetivando desenvolver o poder de análise crítica nos alunos, propomos junto ao corpo docente o estudo dirigido sobre um ambiente selecionado, identificado os aspectos propostos na abordagem dos trabalhos anteriores, ou seja, seguindo um direcionamento dos temas transversais. A abordagem do estudo de caso deve ser feita por professores de diferentes disciplinas, já identificados anteriormente. Valorizamos o debate após o estudo, orientando-os para a importância de estarem sempre atualizados sobre as questões ambientais, uma vez que a dinâmica do assunto é muito intensa. Estimulamos assim, com o acompanhamento de seus professores, a realização de “pesquisa” em fontes (já descritas no início desse texto), que serviram de base para uma parcela da construção do relatório final. É fundamental que a atividade seja realizada em grupos, buscando a discussão, espírito de equipe e postura participativa. 7. Nos trabalhos externos começamos, ainda no traslado, por pontuar alguns problemas ambientais da atualidade, já discutidos pelos alunos em sala de aula. Estimulamos também que os alunos realizem comparações com a sua realidade cotidiana. Apresentamos as etapas que se seguintes e promovemos uma articulação entre o ambiente a ser visitado e o comportamento que esperamos por parte deles, isto é, que devem usar o espaço para anotações e registros para o relatório final e aplicar aquilo que estudamos ao longo da metodologia durante esse trabalho. 8. No local, ambiente natural, formamos grupos entre 8 a 10 alunos (independente dos anteriormente formados). São então ministradas minipalestras sobre as características do ambiente em estudo, enfatizando aspectos geográficos históricos, físicos e biológicos da região e, desta forma, praticando a interdisciplinaridade, fundamental em qualquer projeto educacional e, em especial, em atividades de Educação Ambiental. Ao analisarmos os componentes ambientais naturais água, solo, temperatura, fauna e flora, ressaltamos a biodiversidade e suas riquezas naturais e propomos algumas técnicas de manejo, procurando demonstrar as possibilidades de integração entre eles (alunos) e o ambiente. Tentamos estabelecer comparações com o ambiente urbano sadio, identificando a ocupação do local e a organização pertinente a um ambiente de parque. Estabelecemos comparações com o dia a dia dos alunos, enfatizando as diferenças. Na medida em que conseguimos um envolvimento e sensibilização, partimos para a identificação dos pontos impactados (exemplos), retrato vivo da ação antrópica3 no local. Em nossa experiência, esta dinâmica (ambiente “sadio” X degradado) cria uma expectativa e uma ansiedade/preocupação em relação à possibilidade da perda ou alteração das características do ambiente, o que é facilmente observado nas reações dos alunos. Realizamos uma caminhada pelo interior do parque e paramos para o lanche, aproveitamos esse momento para sinalizarmos a postura de cada um relativo aos resíduos gerados e a disposição final dos mesmos. Desenvolvemos uma dinâmica denominada “Teia da Vida”, onde cada aluno segura o rolo de barbante, e passa ao colega desenrolando-o, vamos formando uma figura de teia e cada movimento reflete nos colegas, esperamos demonstrar a integração entre os componentes ambientais e principalmente a interdependência de suas atitudes. Ao retornarmos para a escola, colhemos impressões, através de conversa informal, sobre o trabalho desenvolvido. Os alunos recebem, ao final do “Programa Pedagógico Ambiental”, um encarte que apresenta e discute as questões ambientais relativas ao tipo de ambiente visitado. A atividade deve ser realizada no horário da(s) aula(s), quando são desenvolvidos registros fotográficos, identificação dos componentes ambientais, a ação humana, os impactos e suas possíveis causas, a ação do homem e principalmente o papel de cada um na diminuição e/ou reversão da crise socioambiental, todos baseados nos pressupostos de Tibilisi (1977). 8o DIA: Aplicamos o último instrumento de avaliação questionário “Questionário de Avaliação” – simulação de problemas ambientais, de fundamental relevância no processo de avaliação da metodologia4 e finalizamos o momento com a apresentação dos relatórios e trabalhos, desenvolvidos com a contribuição dos professores da escola. A avaliação final feita pelo corpo docente da escola, coordenadora pedagógica e direção. Antrópica – desencadeada pela interferência humana, o homem agindo e alterando as características do local. Neste questionário, as situações-problemas serão construídas em função dos problemas detectados no “Questionário Diagnóstico” e adequados para a proposta de trabalho, descrita acima. 3 4 Quadro-Síntese: Nessa unidade apresentamos os conceitos de educação ambiental preservacionista e educação ambiental crítica, relacionando-os com os conceitos sobre meio ambiente. Também apresentamos as aplicações em projetos de educação ambiental e um caso de sucesso realizado em escolas do sistema público de ensino. Exercícios de Fixação 1. A Educação Ambiental é entendida como a ferramenta da sociedade para solucionar a crise vivida na modernidade. Sabemos que esse caminho pode desencadear na sociedade mudanças de comportamentos e atitudes que venham a contribuir para uma mudança global. a) Comente a proposta implícita na conferência de Tbilisi que propõe “Pensar globalmente e agir localmente”, exemplificando. b) Analise comparativamente as propostas implícitas numa Educação Ambiental Preservacionista e numa Educação Ambiental Crítica. 2. A Educação Ambiental é entendida como a ferramenta da sociedade para solucionar a crise vivida na modernidade. Sabemos que esse caminho pode desencadear na sociedade mudanças de comportamentos e atitudes que venham a contribuir com para uma mudança global. Destaque duas recomendações da conferência de Tbilisi, comentado-as. Descreva o modelo de Desenvolvimento adotado pelas sociedades modernas, relacionando ao conceito de meio ambiente e educação ambiental. 3. Diferencie um projeto de educação ambiental com ênfase em: 1- Educação no ambiente 2- Educação sobre o meio ambiente 3- Educação para o meio ambiente Leitura Complementar MAGALHÃES, M.F. Programa de Educação Ambiental e Cidadania – PEAC. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá, 2004. 37 38 UNIDADE IV BIOMAS: CARACTERÍSTICAS E INTERFERÊNCIA HUMANA 4.1- Biomas Terrestres Os BIOMAS representam ecossistemas constituídos por comunidades que atingiram o estágio climácico, caracterizados pelo seu clima, flora e fauna. São caracterizados como áreas de extensa abrangência. Os biomas terrestres, por suas características mais acentuadas relacionadas ao tipo de vegetação, também são conhecidos como formações fitogeográficas. Os principais biomas terrestres, em função do tipo de sua vegetação, são identificadas como tundras, taigas, florestas temperadas, florestas tropicais, campos e desertos. Sofrem significativas transformações ao longo do planeta. Veremos agora os biomas brasileiros. 4.2- Floresta Amazônica Características Geográficas Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2003. Maior floresta tropical úmida do planeta, com cerca de 5,5 milhões de km², dos quais 3,3 milhões estão em território brasileiro. Os 40% restantes se dividem entre Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. A região amazônica também abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma extensão de 7,3 milhões de km². Hileia Amazônica – O Maior Bosque do Planeta A Floresta Amazônica sempre encantou a todos devido a sua exuberância e pujança de suas matas. É conhecida como hileia (palavra que significa bosque) e classificada como Floresta Tropical Pluvial Úmida. Esta classificação se deve a alguns fatores: 1. Tropical - localizada na região próxima ao equador com grande estabilidade climática; 2. Pluvial - regime de chuvas intensas e regulares durante todo o ano; 3. Úmida - grande emissão de água para atmosfera devido à intensa atividade de sua vegetação. Quanto aos números existe uma grande variedade de informações, porém o Ministério do Meio Ambiente estima que a floresta possua uma área, atualmente, de quatro milhões de quilômetros quadrados, ocupando nove países da América do Sul, dentre eles: Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Corresponde a 31% de todas as florestas tropicais do planeta. O Brasil detém cerca de 3,2 milhões de km2 sob seu domínio, o que corresponde a 40% de todo o território nacional, distribuída em oito estados da federação sendo eles: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, este fato só aumenta a responsabilidade do nosso pais sobre a floresta. Pororoca: representa o fenômeno da entrada de águas oceânicas no leito dos rios. Devido à superfície irregular e aos obstáculos encontrados nestes rios, formam-se ondas de grande amplitude, características do evento. Este fenômeno ocorre em épocas de sigizia, ou seja, momentos em que temos marés de lua nova e lua cheia. Características Gerais O clima: A floresta apresenta um clima quente e úmido com temperaturas variando entre 20 e 32oC, e com uma media anual de 27o C. Esta estabilidade climática e fundamental para manutenção do equilíbrio da floresta. As Chuvas: A atividade da mata promove uma constante Evapotranspiração, devido a este fato a umidade na região apresenta índices de 80 a 100%. Como consequência, temos um regime de chuvas intenso constante com 12 trilhões de m3/ano e cerca de 45% deste volume é drenado para o oceano atlântico. Evapotranspiração: fenômeno realizado pelos vegetais que consiste em eliminar, através de seus estômatos (aberturas existentes nas folhas), parte da água absorvida pelas raízes. Como consequência, temos o interior das matas com elevada umidade. Os índices médios de chuvas giram em torno de 2.200 mm/ano, com precipitações diárias de uma hora conhecidas como aguaceiros. O volume de água pode ser bem identificado no maior rio do mundo, o Amazonas, que lança em um só dia no oceano atlântico o equivalente a um ano do rio Tamisa (Inglaterra), a 12 dias do rio Mississipi (Estados Unidos) e a 5 dias do rio Congo (África). O Solo: O solo amazônico apresenta uma avançada idade geológica, o que pode justificar sua pobreza em nutrientes. Outro fato que identifica esta baixa fertilidade é o fato deste solo ser constantemente lavado pelas chuvas, estas dissolvem e removem a camada de nutrientes do mesmo. Como Explicar a Exuberância da Floresta com um Solo tão Pobre A Floresta Amazônica desenvolve uma intensa reciclagem natural da matéria orgânica superficial, fenômeno denominado Turnover. Esta característica permite a formação de uma serrapilheira densa que retém grande quantidade de água e sais, garantindo assim a manutenção da exuberância da floresta. Turnover: fenômeno ecológico em que os fungos e bactérias, presentes no solo, promovem a decomposição da matéria orgânica, retornando a sua forma inorgânica e enriquecendo o solo com nutrientes que serão reaproveitados pelos vegetais. Serrapilheira: camada superficial do solo que abriga restos de folhas, galhos, animais mortos, fungos e bactérias, onde ocorre o fenômeno do turnover. O Ar: Existe uma representação de que a Floresta Amazônica seria o pulmão do mundo, esta expressão predominou, inclusive em comunidades científicas, durante muito tempo, este fato é justificado pela densidade da mata amazônica. Hoje, porém, sabemos que o pulmão do mundo está nos oceanos, pela atividade das algas plactônicas e que as florestas continentais contribuem apenas com 10% do oxigênio presente na atmosfera. Mesmo sem ter grande importância na recomposição do oxigênio atmosférico a Floresta Amazônica é fundamental para a manutenção do clima planetário, este fato refere-se a grande quantidade de água que a floresta lança na atmosfera, e também na barreira geográfica natural para ventos, o que a caracteriza como “Condicionador de Ar do Planeta”. 39 40 Características Biológicas Leitura Complementar Estudos sobre a diversidade biológica da floresta indicam que é o ambiente mais megadiverso do planeta, detém cerca de 20% de toda a biodiversidade do mundo, o que gera interesses internacionais sobre esta questão. Leia o livro de Sonia Lopes, Biologia, de 2004, da editora Saraiva. A Flora: A floresta amazônica tem suas matas classificadas em três grupos: Programas de Áreas Protegidas da Amazônia A Floresta Amazônica vem sofrendo com o manejo inadequado de seus recursos e devido à ocupação desordenada de seu território. Várias alternativas são propostas para melhorar o quadro de devastação da Floresta, entre elas algumas caminham em consonância com as categorias de manejo identificadas acima. Como exemplo podemos citar o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia. 1. Matas de Terra Firme: localizadas em terras altas estão permanentemente livres de inundações. Abrigam as arvores de grande porte (50m de altura) com raízes tabulares extremamente importantes para sua sustentação. Ex.: Guaraná; Castanha do Pará; Maçaranduba; Sapucaia Raízes Tabulares: são raízes que se desenvolvem próximas ao solo e espalham-se sobre a superfície, com isso apresentam uma grande capacidade de sustentação para as árvores de grande porte. 2. Matas de Igapó: localizadas em terrenos baixos, permanecem inundadas na maior parte do tempo. Sua vegetação apresenta adaptações ao alagamento contínuo como caules impregnados por suberina e lignina (proteínas que impermeabilizam o mesmo). Ex.: Arbustos; Cipós; Epifitas; Musgos; Bromélias; Vitória-régia. 3. Matas de Várzea: representam uma espécie de mata de transição entre as duas anteriores. Sofrem inundação temporária e dependendo de sua localização podem se assemelhar mais com matas de terra firme (regiões mais altas) ou com matas de igapó (regiões mais baixas). Ex. Cedro; Cerejeira; Mogno; Virola; Açaí; Seringueira e plantas medicinais. A Fauna: A fauna amazônica também é bem diversificada, e pesquisadores estimam que 70% das espécies de invertebrados ainda não foram catalogadas. Segundo dados publicados pela The National Academy of Science, em um único hectare de floresta tropical há mais de 42mil espécies diferentes de insetos. Alguns dados revelam esta extrema diversidade: Peixes - 1.400 espécies (ex.: pirarucu; pintado) Anfíbios - 518 espécies Répteis - 550 espécies (ex.: jacaré da Amazônia; jacaré açú) Aves - 1000 espécies (ex.: araçari; mutum pinina) Mamíferos - 311 espécies (ex.: Guariba; jaguatirica) Alternativas para Sustentabilidade Este programa tem como foco promover alternativas sustentáveis de exploração da Floresta, por meio da criação, recuperação e estímulo de práticas que reflitam estas alternativas. Devido a isto, foi criado o Projeto de Recuperação de Áreas Alteradas na Amazônia (ARPA). Este projeto tem duração prevista para dez anos e foi instituído pelo governo federal para aproveitamento econômico sustentável da Floresta Amazônica. Em números pretende proteger 50 milhões de hectares. Ecorregiões Segundo Dinneerstein (1995 - www.ibama.gov.br), o conceito de ecorregiões estabelece um conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas, que compartilham a maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos e condições ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade a longo prazo. Na Floresta Amazônica foram identificadas 23 ecorregiões e os programas para sustentabilidade da Floresta devem dirigir suas ações considerando este dado. Agenda Positiva A agenda positiva para a Amazônia consiste em um grupo de propostas que concorrem para a sustentabilidade da Floresta. Estas ações compreendem uma integração do poder público, das empresas e da sociedade local. Os itens identificados abaixo foram os propostos na comissão de estudo. • Zoneamento ecológico-econômico: estabelece mecanismos de exploração dos recursos da Amazônia baseados em capacidade de suporte dos ecossistemas. • Infraestrutura (transporte e energia): devem ser priorizados os transportes fluviais, aproveitamento da malha hidroviária já existente. Quanto á produção energética, a lenha de sobra das madeireiras e os restos de cultivos podem ser fontes alternativas á utilização de energia através de hidrelétricas. Apesar de possuir a maior bacia hidrográfica do mundo, os rios apresentam pouca declividade e a instalação de usi- nas hidrelétricas devem ser analisadas pelo impacto ambiental criado. • Geração sustentável de emprego e renda: Agroextrativismo: técnica que respeita os ciclos naturais do ecossistema amazônico. As comunidades que conhecem os mecanismos de funcionamento da Amazônia devem ser estimuladas a fazerem exploração sustentável de seus recursos. Produção florestal: a floresta deve fornecer madeira de forma sustentável, protegendo as espécies mais ameaçadas e principalmente garantindo o reflorestamento para reposição dos estoques de madeira. Pesca: grande fonte de proteína animal para a população da Amazônia e um recurso de elevado valor econômico. Com a abundância de rios, devem criar um plano de manejo do pescado, respeitando épocas de reprodução e realizando o defeso. Agropecuária: estimular esta atividade em áreas apropriadas (terrenos planos) e não desmatar para implantar a atividade. Ecoturismo: ainda insipiente pode ser uma grande fonte de renda para a Amazônia, com suas belezas naturais, e devido a sua biodiversidade, atrai pessoas do mundo inteiro e também pesquisadores interessados em conhecer as riquezas da floresta. Biotecnologia: é necessário o investimento nesta área. Estima-se que 75% das espécies ainda não forma catalogadas e diversos países pesquisam o universo amazônico na tentativa de novas descobertas. • Controle e fiscalização: estimular o controle de órgãos ligados aos municípios, com tutela do governo federal, uma vez que com seus 11248km de fronteiras fica muito difícil para o governo federal atura com eficácia. • Ciência e Tecnologia: estímulos às universidades, governos e empresas a investirem numa exploração racional e utilizando a pesquisa científica, em todos os níveis, como norte para suas ações. • Educação Ambiental: talvez seja este o principal fator diferencial conhecimento científico e tecnológico para promover ações que despertem nos amazônidas a consciência da importância da manutenção da floresta. Projeto Castanha-do-Brasil Este projeto consiste na exploração sustentável da castanha-do-pará, também conhecida como castanha- da-Amazônia ou castanha-do-Brasil. Foi desenvolvido pelo governo do Amapá e representa uma atividade de sucesso, tanto para a população envolvida, como para o meio ambiente. A lógica de produção da castanha sempre foi o extrativismo direto. A população local, que depende do ritmo da Floresta, é obrigada a ficar meses dentro da mata (dezembro a junho), e necessita de recursos para subsistir durante este período (querosene, óleo, sal, botas, facões etc.). Como a carência é muito grande, os atravessadores implantaram o aviamento. Desta forma, os trabalhadores recebem todo o material necessário para a extração e são obrigados a venderem toda a produção aos atravessadores. Esta prática quase escrava só beneficia o intermediário, que cria um ciclo de dependência no trabalhador e obtém elevados lucros com o processo. O governo do Amapá implantou uma nova ordem de produção, ou seja, passou a fornecer a infraestrutura de trabalho para o castanheiro, financiando os utensílios e a subsistência durante os meses em que o castanheiro fica na mata para produção. Também garantiu o transporte, fornecendo um barco, de toda a castanha colhida pelos trabalhadores. Outro fato significativo foi a garantia de compra de toda a produção, o que resultou na eliminação da figura do atravessador. O governo passou a utilizar a castanha na merenda das escolas do estado. Foi solicitado um estudo ao Instituto de Estudos e Pesquisas do Amapá sobre o beneficiamento da castanha e a partir daí criaram uma cooperativa que passou a fabricar cremes, xampus, óleo, azeite, farinha, biscoitos, entre outros produtos. Com isso agregaram valor à produção e hoje já exportam para diversos países. Conseguiram um selo de qualificação internacional do seu azeite como produto ecológico. O projeto contempla diversos princípios básicos da constituição brasileira, entre eles a promoção da cidadania dos povos da Floresta, a utilização sustentável dos recursos e o desenvolvimento social. Projeto Produção de Açaí Representa mais uma atividade de sucesso desenvolvida na Floresta Amazônica. Os extrativistas que exploravam o açaí muitas vezes derrubavam as palmeiras para obter seus frutos, numa prática insustentável de produção. Estimulados pelo governo do Pará (criação de cooperativas) e por um projeto da Universidade Federal do Pará, Programa Pobreza e Meio Ambiente (Poema), no qual os produtores de açaí passaram a processar a polpa e principalmente a organizar a produção para o mercado. 41 42 Como resultados o município de Igarapé-mirim tornou-se a capital mundial do Açaí. Empresas de diversas partes do mundo compram as polpas pasteurizadas e o açaí com xarope de guaraná e agregaram 1000% de aumento ao preço original do produto. O projeto tem um cunho de desenvolvimento local associado ao respeito com o meio ambiente. As palmeiras hoje só são derrubadas quando estão muito altas e não viabilizam mais a produção do açaí, mesmo assim fornecem madeira e o palmito. Ambos os projetos descritos valorizam o que chamamos da “floresta em pé”, ou seja, o povo local não segue um modelo estabelecido por outras regiões. Ao inverso, valoriza as particularidades da Floresta e explora de forma racional, percebendo que mantendo a Floresta em pé ele terá mais sustentabilidade e rendimentos perenes. Madeira Ecológica No Acre também está sendo realizado um projeto de sustentabilidade para a Floresta Amazônica, o Projeto Manejo Florestal Sustentável em Pequenas Propriedades no Estado do Acre. O projeto representa uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUD), a Empresa de Pesquisas Agropecuárias local (Embrapa) e o governo do estado. O projeto consiste em estimular pequenos produtores a utilizarem técnicas sustentáveis de exploração da madeira. Eles utilizam apenas 5% de suas propriedades por ciclo de produção e conseguem superar o rendimento que teriam com a pecuária em uma área cinco vezes maior. Reservam metade da propriedade ao programa e como utilizam 5% por vez cada área é explorada de 11 em 11 anos, o que garante sua possibilidade de recuperação. São selecionadas apenas as árvores consideradas adequadas para a produção e que possuam ciclos de crescimento compatíveis com a proposta do projeto. Cada árvore é derrubada individualmente e uma serraria portátil é levada ate o interior da mata. Toda a madeira é processada no próprio local e são aproveitadas todas as partes da árvore. A retirada da madeira é feita através de tração animal, o que evita o impacto do transporte. A madeira produzida na região ganhou uma certificação pelo Forest Stewarship Council (FSC), garantindo um melhor preço no mercado internacional. 4.3- Floresta Atlântica Característica Geográficas A Floresta ou Mata Atlântica representa um bioma que se estende por todo o Brasil. Tem uma fundamental importância na manutenção dos mananciais para o abastecimento de água das grandes cidades brasileiras. (Mapa da Floresta estimando a sua cobertura à época do descobrimento) A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo. Embora não seja tão conhecida mundialmente, a Mata Atlântica já foi uma das maiores florestas do planeta. Cobria todo o litoral brasileiro desde o Rio Grande do Norte e avançava para o interior do continente, principalmente nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Era uma imensa floresta que cobria o litoral, subia pelas encostas das montanhas e penetrava nos planaltos interiores. O bioma é conhecido como Floresta Tropical Pluvial Costeira, esta classificação se justifica devidos às seguintes características: Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. • Está distribuída ao longo do Trópico de Capricórnio; • Apresenta elevados índices de precipitações pluviométricas; • Está localizada ao longo da costa brasileira e extremamente influenciada pelo oceano. • Os primeiros registros da extensão da cobertura original da floresta atlântica datam da época do descobrimento e retratam que a mesma se estendia desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, sendo que sua maior densidade ocorria a partir do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. • A Mata Atlântica está presente tanto na região litorânea como nos planaltos e serras do interior, sua largura varia entre pequenas faixas e grandes extensões, atingindo em média 200km de largura. • Sua área ocupava (12% do território Nacional) 1,3 mm km²; • Floresta Tropical Pluvial Costeira; • Clima quente e úmido (tropical). Características Gerais Estratificação da Floresta Encontramos na floresta atlântica uma distribuição vertical muito característica, onde as copas mais altas formam o dossel e chegam a atingir de 30, 35 e até 50 metros de altura. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica bem no alto. Neste dossel as copas das árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de folhas e galhos que barra a passagem do sol. A floresta atlântica se destaca pela sua grande exuberância vegetal, algumas pesquisas identificam que em 1ha de Mata Atlântica podemos encontrar 600 espécies de plantas com flor, enquanto em Florestas de clima temperado encontramos apenas 30 espécies. Dossel: representa o conjunto das copas de árvores de grande porte, característicos de florestas densas, que dão origem a uma camada contínua e interligada que dificulta a passagem dos raios luminosos para as regiões inferiores e abriga uma fauna específica. Toda esta riqueza de vegetais se justifica pela característica de seu substrato, sendo rico em nutrientes e com uma camada espessa de húmus. Este solo garante fonte de nutrientes em abundância para os vegetais, permitindo assim um ganho em sua produtividade e uma maior densidade populacional. Abaixo do dossel encontramos os arbustos e pequenas árvores, formando os chamados sub-bosques, estes vegetais desenvolvem adaptações para captação de luz e fixação sobre outras plantas mais altas, característica de uma relação denominada epifitismo. Húmus ou solo humífero: este tipo de substrato se caracteriza pela grande quantidade de nutrientes agregados; normalmente é produzido pela atividade associada de bactérias e fungos decompositores junto à ação das minhocas que, ao ingerirem esta matéria, a enriquecem com cálcio favorecendo o equilíbrio do pH do solo. Outra característica importante a ser ressaltada e a grande oferta de água existente na Mata Atlântica, este fato torna-se relevante uma vez que seus mananciais abastecem as grandes cidades brasileiras, principalmente da região sudeste (a mais desenvolvida) permitindo a concentração de 70% da população brasileira. A presença da floresta atlântica nas encostas representa um fator fundamental para o equilíbrio desse local uma vez que suas raízes formam um emaranhado no solo garantindo a sustentação do terreno destas encostas e evitando a erosão. Erosão: caracteriza o fenômeno de degradação do solo, através da remoção de partículas do mesmo, devido a ação dos intempéries (vento, sol, chuva etc.), ocasionando a formação de cicatrizes e perda de nutrientes do mesmo. Também é fundamental a cobertura de mata atlântica nas cabeceiras dos rios (Mata Ciliar ou Mata de Galeria) que permite a manutenção do leito dos rios e garante o abastecimento de água. As regiões de maior densidade de mata se caracterizam pela presença de maciços rochosos: Serra do Mar; Serra da Mantiqueira e Geral; este fato é facilmente explicado quando imaginamos a dificuldade de acesso a estas regiões, logo fica mais difícil a ocupação desordenada do ser humano. Existe também uma diferenciação da cobertura vegetal quanto à altitude, onde uma determinada espécie de árvore nascida no nível do mar difere de uma árvore desta mesma espécie no topo da serra. Este efeito de variação também fica evidente quando imaginamos a distribuição de outras espécies em nível continental, uma vez que a floresta se distribui por todo a costa do território brasileiro. Existem próximo aos oceanos diversos ecossistemas associados ou variedades de ecossistemas de mata atlântica, são estes: as planícies de restinga, dunas, mangues, lagunas e outros estuários de menor proporção. Os mangues estão presentes às margens das lagunas ou de rios de água salobra, variando conforme as marés. Eles são considerados os berçários de grande parte da vida marinha. Características Biológicas Alguns autores estimam que a floresta atlântica seria o ambiente mais megadiverso do planeta e devido ao seu elevado grau de fragmentação perdeu esta posição para a Floresta Amazônica. A Mata Atlântica 43 44 representa uma grande riqueza de patrimônio genético e paisagístico, demonstrada por índices verdadeiramente impressionantes. Exemplos: • Mais de 15% dos primatas existentes no Brasil habitam a floresta e a grande maioria dessas espécies é endêmica. • 55% das espécies arbóreas e 40% para espécies não arbóreas são endêmicas, ou seja: uma entre cada duas espécies ocorre exclusivamente naquele local. • Os números são significativos: 70% de espécies como as bromélias e orquídeas e 39% dos mamíferos que vivem na floresta são endêmicos. Flora: Em sua vegetação predominam espécies que possuem folhas largas (latifoliadas) e perenes (perenifólias). A primeira característica permite aos vegetais uma intensa troca gasosa com o meio e principalmente uma grande liberação de água para a atmosfera. O fato de serem perenifólias permite uma maior produtividade uma vez que a taxa fotossintética se eleva em virtude das folhas permanecerem em atividade durante todo o ano. Jequitibá – Árvore frondosa, com flores brancas e folhas permanentes, sempre se sobressai pelo tamanho e pela copa. Floresce em dezembro e janeiro. Árvores com 20 a 50m de altura. É muito usada para reflorestamento, pois tem crescimento rápido. Pode atingir 3,5 metros em dois anos de plantio. Sua madeira é considerada de lei, moderadamente pesada, macia, bastante durável. Estende-se desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. Embaúba – São árvores de porte médio, com caule reto e ramificação apenas na porção superior. Estão distribuídas por todo o país, possui folhas largas, muito lobadas, verde-claras na parte superior e verdeprateadas na inferior, dessa característica veio seu nome indígena (árvore que brilha). As flores pequenas reúnem-se em pseudo-espigas e os frutinhos que ali se desenvolvem são utilizados como alimento para vários animais. Seu caule é oco, o que permite uma associação entre de parasitismo com pulgões que se alimentam de sua seiva e elaboram uma secreção açucarada, muito apreciada por algumas espécies de formigas. No interior dos troncos, elas vivem associadas a esses pulgões, aproveitando-se do excesso de secreção produzida, esta relação é denominada esclavagismo. As embaúbas são frequentemente encontradas em matas ciliares e bordas de capões. Florescem em setembro/outubro, e estão muito presentes em florestas secundárias, indicando um grau de sucessão ecológica e que aquela área já sofreu desmatamento e recomposição da mata primária. Pau-Brasil – Árvore que deu o nome ao nosso país e que foi extremamente explorada pelos colonizadores. Apresenta tamanhos variados podendo alcançar ate 30 metros de altura. Toda a superfície de seu caule é recoberta por acúleos e apresenta diversas ramificações e frutos. Sua exploração ocorreu devido a uma característica de sua casca que apresenta vasos secretores de pigmentos, este tecido de secreção confere uma tonalidade rosa-pardacenta ou acinzentada a sua casca. Floresce entre os meses de dezembro e maio e suas estruturas florais são de cor amarelada e com um perfume muito apreciado. A frutificação ocorre no mesmo período da floração e suas estrutura é do tipo legume. Outra característica interessante desta árvore é sua madeira, que possui uma coloração laranja, porém quando exposta ao ar torna-se avermelhada, além disso o seu cerne é duro e de peso elevado, sendo muito utilizada na construção civil e naval devido a sua grande resistência. Palmito-Juçara – É uma espécie de palmeira que vive em ambiente de elevada umidade (higrófita). Árvore característica da mata atlântica e de grande valor comercial pela exploração da sua extremidade. O Palmito-Juçara tem o nome científico de Euterpe edulis e pertence à família das Palmae. Sua maior incidência ocorre do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul em toda a Mata Atlântica. Sua árvore atinge 15 metros de altura; com estipe de 10 a 20cm de diâmetro. Floresce nos meses de setembro a dezembro e seus frutos amadurecem de abril a agosto. Estipe: caracteriza o tipo de caule presente nesta variedade de árvore sendo caracterizado pela formação anelar e composto por uma madeira de grande resistência. Líquens – representam um grupo muito característico da foresta amazônica, são organismos resultantes de uma associação de fungos (hifas) e algas (gonídias), numa relação harmônica denominada Mutualismo. Estão presentes sobre os troncos das árvores e nas rochas no interior da mata; Toleram menos luz e são bioindicadores, ou seja, apresentam intolerância a poluiçao o que evidencia locais sem impactos atmosféricos incidentes. Líquens: são organismos do reino Fungi ou Fungos, ocorrem sobre os troncos e rochas da mata atlântica podendo ser foliáceos, crustáceos ou filamentosos. Dependem de muita umidade e ocorrem nos sub-bosques devido a sua pouca tolerância a luminosidade. Também não se desenvolvem em locais onde haja poluição atmosférica evidente. Sua pelagem o camufla com as árvores, permitindo assim uma proteção contra seus predadores. É encontrado nas florestas tropicais da Mata Atlântica e da Amazônia, em diversos países da América do Sul e da América Central. Existem alguns grupos ameaçados de extinção, entre eles estão o bicho-preguiça comum e o de coleira, encontrados no Sul da Bahia. Esta fato foi desencadeado pelo intenso desmatamento promovido na mata atlântica. Mono-carvoeiro – O mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides) é um primata endêmico da Mata Atlântica. É o maior macaco das Américas podendo atingir atá 15kg. Existe uma grande preocupação com a redução da densidade populacional deste animal; devido ao atual estado de fragmentação da mata atlântica, esta espécie esta ameaçada de extinção. Animais de hábitos solitários, os machos e as fêmeas só se encontram para acasalar. A gestação dura de seis a oito meses, nascendo apenas um filhote, entre os meses de agosto e setembro. Quando adulto, um bicho preguiça pode pesar até cinco quilos e medir 59 centímetros da ponta do nariz a ponta da cauda. O filhote mama durante um mês, permanecendo com a mãe até os cinco meses, para aprender a se locomover e se alimentar sozinho. Atualmente, o homem é seu principal predador, já que os predadores naturais, aves de rapina e grandes felinos, estão em extinção. Sua área de vida original se configurava nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Sul da Bahia. Hoje predominam nas matas ombrófilas densas da região costeira e também florestas semidecíduas do interior, principalmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e algumas famílias no Rio de Janeiro. Gato-do-mato (Felis tigrina) – representa o menor gato selvagem da América do Sul, sendo que sua estrutura corporal se assemelha bastante à do gato doméstico. Sua pelagem se assemelha muito a da Jaguatirica com presença de estrias transversais escuras na cauda e rosetas com manchas escuras circulares na porção lateral do corpo. Mico-leão-de-cara-dourada – Leontopithecus chrysomelas – também é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, especialmente encontrado no sul da Bahia. Apresenta como característica fundamental a cara avermelhada e as mãos pretas, seus hábitos alimentares o classificam como frugívoro-insetívoro e uma característica importante e comum às espécies de micos-leões é o uso de buracos nos troncos das árvores como abrigo, especialmente para dormitório. Caracteriza-se pela extrema agilidade e pela capacidade de caçar pequenos animais. Está ameaçado devido à perda de habitat e à captura ilegal para a comercialização de peles. Fauna Ainda encontram-se com uma densidade populacional aceitável para espécies em equilíbrio e programas recentemente estabelecidos para se manter uma população viável em cativeiro têm sido muito bem sucedidos. Com financiamento internacional da WWF foi implementada a Reserva Biológica de Uma (Bahia), única área protegida onde a espécie pode ser encontrada. Bicho-preguiça (Bradypus variegatus) – este tipo de animal recebe esse nome devido aos seus hábitos de movimentos lentos e silenciosos, permanecendo quase todo o tempo nas árvores e dormindo 14 horas por dia. Alimentam-se de brotos das folhas e podem ser encontrados no solo quando estão migrando de uma árvore para outra. É encontrado naa Américaa do Sul e Central e, no Brasil, está presente na maioria dos ecossistemas, inclusive na Mata Atlântica. Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) – Espécie endêmica do Brasil, muito caracterisca da região de restinga. Se alimenta de frutos e insetos, e em especial das espigas de embaúba. Ainda é comum nas áreas onde há vegetação de restinga, podendo aparecer em loteamentos bem arborizados. Infelizmente, a ocupação descaracteriza o ambiente natural, prejudicando a sobrevivência desta espécie, principalmente na região litorânea. Cobras – O Brasil abriga cerca de 10% das espécies de cobras do mundo (2.500), cerca de 10% delas têm a capacidade de produzir veneno (peçonhentos). Animais peçonhentos são aqueles que, além de terem o veneno, possuem um órgão para injetá- 45 46 lo. O veneno é uma secreção que funciona para a captura e digestão do alimento e, também, como defesa do animal contra os seus agressores. Como representante destes animais temos a jararaca Bothrops jararaca, essas cobras estão distribuídas por todo o Brasil. Por causa desta amplitude de ambiente, as jararacas são as campeãs em acidentes com os seres humanos. Elas podem chegar até 1,60m de comprimento e alimentam-se principalmente de roedores. Elas têm mais de 60 filhotes, que já nascem desenvolvidos e que são capazes de dar uma picada venenosa 20 minutos depois de terem nascido. Alternativas para a Sustentabilidade Criação de Unidades de Conservação: A Mata Atlântica apresenta 3% de sua área atual incluída em Unidades de Conservação. Existem discussões polêmicas quanto a esta alternativa ser a mais viável para a solução dos problemas em áreas degradadas. Alguns cientistas defendem que a criação de mais unidades de conservação favorece a exploração exacerbada das áreas que não estão inclusas nestes locais. A ciência que se ocupa em estudar e discutir as melhores formas de delimitar estas áreas é a Biologia da Conservação, que estabelece alguns critérios, tais como: • Distribuição das espécies • Diversidade das espécies • Endemismo • Ameaça Corredores Ecológicos: Outra medida adotada é a criação de Corredores Ecológicos, este tipo de técnica consiste em unir, através de reflorestamento, áreas de mata impactadas pelo desmatamento. Esta forma de recuperação da mata atlântica permite que populações que se encontravam isoladas voltem a se encontrar, isto favorece a dispersão de vegetais e o fluxo gênico entre as populações de animais. Esta recuperação favorece o equilíbrio climático e a recuperação da paisagem, além de manter e estimular a revitalização do solo. Esses corredores podem integrar áreas de Unidades de Conservação de diversos tipos (Parques; Reservas; APAS etc.) tanto públicas quanto privadas. Entre os benefícios dos corredores ecológicos, podemos evidenciar: • Aumento do fluxo de genes • Movimentação da biota • Facilita a dispersão das espécies • Favorece populações que necessitam de grandes áreas de vida • Permite o repovoamento de áreas degradadas Regeneração Espontânea: Seguindo os princípios da sucessão ecológica, é uma técnica muito interessante, uma vez que apresenta um baixo custo e utiliza mecanismos da própria natureza do local. Nesta forma de atuar deixamos a natureza se recuperar sozinha, interrompendo os fatores de impactos e pressão antrópica no local. Sucessão Ecológica: este conceito é caracterizado pelo aparecimento de um novo ambiente em uma área que se formou (ex. Ilha oceânica) ou ainda pela transformação de um ambiente já existente (ex. lago que vira um campo). O primeiro caso denominamos Sucessão Primária e o segundo caso, Sucessão Secundária. Este tipo de estratégia depende de fatores tais como: • Presença de bancos de sementes nativas ao redor • Isolamento da área • Restrição as espécies exóticas • Grande intervalo de tempo Podemos destacar algumas desvantagens desse tipo de manejo, entre elas a menor diversidade da mata resultante; a competição com espécies pioneiras que tendem a colonizar mais intensamente o local; a demora na recuperação. Reflorestamento: Esta técnica de manejo consiste em ajudar a floresta a se recuperar através do plantio de mudas de espécies nativas. Neste caso existem ganhos significativos quanto à economia de tempo e à manutenção da diversidade biológica das espécies de vegetais, porém é um tipo de atividade que demanda um investimento maior. Estudos demonstram que uma área de floresta atlântica que promove sua regeneração espontaneamente demora 40 anos para se recuperar e a mesma área com reflorestamento promove sua recuperação em 10 anos. Neste manejo alguns cuidados são fundamentais: • Replantar uma grande variedade de espécies • Plantar as espécies respeitando seu tempo de crescimento • Garantir uma sucessão • Controlar o desenvolvimento das mudas Fiscalização: O papel dos governos nas três esferas (municipal; estadual e federal) é fundamental, devem trabalhar em conjunto na defesa dos remanescentes florestais da mata atlântica. Alguns municípios/estados já criaram seus conselhos de meio ambiente e suas polícias florestais, que tornam-se ativos no combate a ação dos homens sobre este bioma. Também é fundamental a participação dos proprietários de terras e da população através de programas de conscientização e de manutenção de áreas de preservação permanente nos locais. Programas para a Mata Atlântica: Estes programas são implementados a partir de iniciativas do poder público, da sociedade civil organizada e de instituições do terceiro setor. tegida na Mata Atlântica; v) ações de capacitação, proteção e regularização fundiária das terras das populações tradicionais e indígenas da região; vi) apoiar a integração do manejo com a ocupação urbana nas áreas de influência, entorno, tampão ou amortecimento de unidades de conservação. Projeto Manejo Regenerativo de Ecossistemas Associados à Mata Atlântica Responsáveis pelo projeto: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), nos municípios de São Mateus do Sul e Bituruna, no Estado do Paraná. Objetivo: alcançar o desenvolvimento sustentado em pequenas propriedades rurais. O projeto: Subprograma Mata Atlântica Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DOS RECURSOS HÍDRICOS E AMAZÔNIA LEGAL (MMA) Teve seu início a partir da aprovação, na Reunião dos Participantes em outubro de 1999, do Plano de Ação da Mata Atlântica. As diretrizes do subprograma foram definidas como: 1. Proteção da Biodiversidade; 2. Representatividade das diferentes fisionomias e unidades biogeográficas que compõem o Bioma; 3. Desenvolvimento das pesquisas necessárias à implementação dos projetos e ações desenvolvidos no âmbito do Subprograma; 4. Livre acesso e divulgação dirigida dos resultados obtidos; 5. Fortalecimento institucional das organizações públicas, comunitárias e privadas responsáveis pela implementação de projetos e atividades desenvolvidas no âmbito do Subprograma; 6. Compatibilização de políticas setoriais; 7. Financiamento de projetos e atividades relacionadas à utilização econômica de recursos florestais restrita à exploração de produtos não madeireiros. Objetivos i) Contribuir para a redução do processo de empobrecimento biológico e cultural da Mata Atlântica; ii) contribuir para a redução do desmatamento e queimadas; iii) contribuir para a recuperação, regeneração, proteção, conservação, valorização e uso apropriado dos recursos da Mata Atlântica; iv) aumentar a quantidade de hectares de áreas pro- 1. Sistemas produtivos de erva-mate (Ilex paraguariensis) integrados ao manejo regenerativo das florestas de araucária. 2. Rompimento do ciclo de degradação ambiental através da conservação dos recursos naturais e da promoção da melhoria de qualidade de vida das populações locais. 3. Capacitação de 40 técnicos e 1003 agricultores da região. 4. Preservar e recuperar a Mata Atlântica e ao mesmo tempo melhorar a renda e a qualidade de vida do agricultor. (Fonte: www.apremavi.org.br) Projeto de Sequestro de Carbono Desde a assinatura do Protocolo de Kioto em 1997 os países deveriam reduzir e controlar até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990. Baseando-se nesta proposta foram criados os projetos de Sequestro de Carbono: “São projetos que vêm sendo implantados pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) na região de Guaraqueçaba no litoral do Estado do Paraná. Os projetos tem como meta a fixação de 2,5 milhões de toneladas de carbono, em 40 anos. É premissa da SPVS e exigência dos parceiros financiadores, que os projetos também ofereçam outros resultados, como a recuperação florestal, ações 47 48 de conservação do meio ambiente e alternativas de geração de renda para as comunidades que vivem próximas às suas áreas de influência e a preservação da biodiversidade da Mata Atlântica da região. A SPVS adquiriu e transformou em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) uma área de 20 mil hectares, nesta área está sendo promovida a conservação da biodiversidade, a restauração florestal em áreas degradadas, o enriquecimento de florestas secundárias e o desenvolvimento rural sustentável junto às comunidades do entorno. Os projetos fazem parte da ação contra o aquecimento global e pretendem contribuir para combater o fenômeno negativo das mudanças climáticas, provocado pelo efeito estufa. O último relatório divulgado do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, divulgado em 12/07/2001, afirma que as temperaturas globais vão aumentar de 1,4 a 5,8º C até o fim do século. Tal aumento é quase duas vezes maior que o previsto há cinco anos”. Fonte: www.sosmataatlantica.org.br Projeto Mico-leão-dourado Este programa é realizado pelo IBAMA em parceria com oito municípios do Estado do Rio de Janeiro, em especial os de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, principal área de ocorrência da espécie. Objetivo: Preservar o mico-leão-dourado ameaçado de extinção Projeto: Análise de Viabilidade de População e de Habitat (informações sobre os animais e seu habitat) Ações: Pesquisa genética Estudo de comportamento Ecologia dos animais Reprodução Aumento da área de reserva (Poço das Antas) Para considerar o mico-leão-dourado salvo da ameaça de extinção, será necessário alcançar até o ano 2025 uma população de 2.000 micos vivendo livremente em seu ambiente natural. Para isso, são necessários 25.000 hectares de florestas protegidas. 4.4-- Pantanal 4.4 Características Geográficas d'água que apresenta uma das mais ricas reservas de vida selvagem do mundo. Em território brasileiro, o Pantanal ocupa a parte oeste dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Estende-se ainda pelo Paraguai, Bolívia e Argentina, países onde é conhecido por charco. As características e a dinâmica do pantanal são fortemente influenciadas pelas cheias anuais, que podem ser mais ou menos pronunciadas. No período chuvoso, que vai de novembro a abril, os rios extravasam dos leito e grandes áreas da planície ficam cobertas de água. Características Biológicas Flora: Epífitas (poucas) árvores como atoeira, o angico, a peroba, o ipê-roxo, o jatobá, a timbaúva, o pau-de-fomiga e o jenipapo. Palmeira acuri é bastante comum nas matas pantaneiras, e o babaçu palmeira típica no litoral nordestino. Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. Poucos locais apresentam fauna e flora tão exuberantes quanto o Pantanal Mato-grossense, uma vasta planície de inundação cortada por inúmeros cursos Fauna: Moluscos, crustáceos, espécies de peixes, entre eles o dourado, o pacu, o jaú, o pintado, o surubim, o piraputanga, o piau, os lambaris e as piranhas. capivaras, onças-pardas e pintadas, ariranhas, várias espécies de macacos, porcos-do-mato, como o queichada e o cateto, e diferentes tipos de veado, entre os quais se destaca o cervo-do-pantanal. Porcos "monteiros", bois "baguás" e cavalos pantaneiros, o jacarotinga e o jacaré-do-pantanal, cobras. A espécie mais impressionante é a sucuri, serpente não venenosa que pode atingir até 10 m de comprimento. Alternativas para a Sustentabilidade Os governos da região pantaneira, no sentido de encontrar uma alternativa para sustentabilidade, têm estimulado algumas ações que indicam uma nova visão para a exploração da região, como: o ecoturismo (de paisagem, da pesca esportiva, de aventura, rural e tecnológico), a pesca artesanal, a criação de uma Reserva da Biosfera, a pecuária orgânica, dentre outras. A seguir relatamos o título de RESERVA DA BIOSFERA que foi conferido pela ONU a região do Pantanal: Fonte: www.wikpedia.org: “Em outubro de 2000 na região do Pantanal foi criada a Reserva da Biosfera, e seu Conselho já está funcionando, com Estatutos e Regimento Interno já aprovados. No momento, trabalha na formulação do Plano de Ação da Reserva. O Conselho elegeu, como seu primeiro Projeto Piloto, o da consolidação dos muitos estudos e propostas para a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais do Pantanal. Essa iniciativa tem por finalidade assegurar que as ações por eles sugeridas tenham a complementaridade necessária. Uma vez conseguida, desse trabalho surgirá o marco conceitual para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável para as regiões da Reserva. Por sua característica de ser um colegiado formado de forma paritária – governo e sociedade – o Conselho da Reserva da Biosfera está sendo cogitado para ser instância de apoio à consecução do desenho das atividades da segunda fase do Programa Pantanal. O Programa é uma iniciativa dos governos eederal e dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, de propiciar infraestrutura em obras de saneamento básico e de transporte, apoio a comunidades tradicionais da região e capacitação profissional, para o desenvolvimento sustentável do Pantanal. Conta com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID e do Banco Japonês de Cooperação Internacional – JBIC (sua sigla em inglês), de 400 milhões de dólares, a serem internalizados em duas etapas. A primeira, com 168 milhões, tem cronograma de atividades já desenhado. Prepara-se o início de sua execução, para cumprir um plano de aplicação de dois anos, a contar de 2002. O Conselho da Reserva deverá acompanhar o seu desenvolvimento, para estar preparado a apoiar os estudos para o formato da segunda fase de sua implantação, a ocorrer a partir de 2006, com recursos da ordem dos 232 milhões restantes”. 4.5 - Cerrado Características Geográficas O cerrado é um tipo de mata, cuja vegetação é predominantemente baixa, com poucas árvores, espaçadas entre si. O cerrado brasileiro se localiza na região central do Brasil, e abrange parte dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Características Gerais Até pouco tempo, os cerrados eram considerados áreas improdutivas, do ponto de vista agrícola, e neles só havia pequenas lavouras e pequenas criações de animais. Hoje, graças a trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de novas sementes, os cerrados são responsáveis por 40% da produção nacional de grãos (soja, milho, feijão e outros), e 42% do rebanho bovino. Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. 49 50 Características Biológicas Flora: As espécies vegetais no Cerrado estão representadas pelo: barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Ainda encontramos diversos tipos de capins como capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti. Fauna: O bioma possui uma riqueza muito grande de invertebrados, destacando-se naturalmente o grupo dos Insetos. Já no grupo dos Vertebrados não encontramos tanta diversidade biológica. Dentre eles podemos destacar a jibóia, a cascavel, várias espécies de jararaca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, a curicaca, o urubu comum, o urubu caçador, o urubu-rei, araras, tucanos, papagaios, gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole, o taman- duá-bandeira e o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, e muito raramente a onça-parda e a onça-pintada. Alternativas para a Sustentabilidade No Cerrado encontramos um grande número de unidades de conservação, sendo o bioma em que esse sistema predomina. Esse fato representa uma preocupação significativa com a manutenção do equilíbrio nesse ecossistema. Destacamos como áreas significativas o Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o Parque Nacional Grande Sertão Veredas (84.000 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (33.000 hs), o Parque Nacional da Serra da Canastra (71.525 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (60.000 ha), o Parque Nacional de Brasília (28.000 ha). É preocupante a ocupação do cerrado por lavouras de diversas ordens logo, a criação de todos os tipos de unidades de conservação torna-se fundamental para garantir a manutenção de diversos grupos animais e vegetais. 4.6 - Mata de Cocais e Caatinga Características Geográficas Essas matas ocupam cerca de 10% do território brasileiro. Elas se estendem pelos estados do Maranhão, Piauí Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais. Características Gerais Esse tipo de formação vegetal tem características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral perdem as folhas na estação das secas (caducifólias), além de muitas cactáceas. O aspecto geral da vegetação, na seca, é de uma mata espinhosa e agreste. O clima é quente com prolongadas estações secas e o regime de chuvas influencia na vida de animais e vegetais. A diversidade de espécies é pequena em relação a outros biomas mas apresenta um alto grau de endemismo, isto é, espécies que só ocorrem naquela região. Características Biológicas Flora: Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. Esses biomas apresentam uma biodiversidade menor do que outros biomas brasileiros porém o que nos chama atenção é o elevado grau de endemismo. A aridez do ambiente acaba sendo um fator limitante para o desenvolvimento da flora, que deve ser xerófila. Alternativas para a Sustentabilidade As plantas da caatinga possuem adaptações ao clima, tais como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis, caules suculentos etc. Todas essas adaptações lhes conferem um aspecto característico denominado xeromorfismo (do grego xeros, seco, e morphos, forma, aspecto). Segundo FISTER (2004) “à caatinga representa o ecossistema menos preservado e um dos mais degradados Como consequência desta degradação, algumas espécies já figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação florestal de serem usadas como fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado-catingueiro e capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arribação) e abelhas nativas figuram entre os mais atingidos pela caça predatória e destruição do seu habitat natural. Duas adaptações importantes à vida das plantas nas caatingas são a queda das folhas na estação seca e a presença de sistemas de raízes bem desenvolvidos. A perda das folhas é uma adaptação para seduzir a perda de água por transpiração. Raízes bem desenvolvidas aumentam a capacidade de obter água do solo. Há registros de aproximadamente 1000 espécies vegetais, estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Fauna: A fauna acompanha a pouca biodiversidade da flora, obviamente devido aos mesmos motivos. Os pesquisadores já conseguiram identificar mais de 800 espécies de vertebrados havendo o predomínio das aves. Esses números devem sofrer significativas modificações com o avanço de pesquisas na região. Degradação Ambiental Para reverter este processo, estudos da flora e fauna da caatinga são necessários. Neste sentido, a Embrapa Semi-Árido, UNEB e Diretoria de Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o projeto "Plantas da Caatinga ameaçadas de Extinção: estudos preliminares e manejo", junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), que tem por objetivo estudar a fenologia, reprodução e dispersão da aroeira do sertão, quixabeira, imburana de cheiro e baraúna na Reserva Legal do Projeto Salitre, Juazeiro, Bahia. Este projeto contribuirá com importantes informações sobre a biologia destas plantas e servirá de subsídios para a elaboração do plano de manejo destas espécies na região”. 4.7 - Campos Sulinos Características Geográficas Esse bioma está localizado no território do Rio Grande do Sul. São cerca de 170 mil Km2. Além das fronteiras do país, ele se estende por terras do Uruguai e da Argentina. Os campos sulinos são também conhecidos como pampas, palavra de origem indígena que quer dizer “região plana”. Na verdade, os pampas são apenas um pedaço das terras dos campos sulinos. O bioma engloba também campos mais altos e algumas áreas semelhantes a savanas. Características Gerais Compreendem basicamente a Floresta com Araucária, distribuindo-se sobre os planaltos oriundos de derrames basálticos, e caracterizando-se principalmente pela presença marcante do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). E em direção ao arroio Chuí, na divisa com o Uruguai, estabelece-se um campo com formas arbustivas sobre afloramentos rochosos. Estas regiões ainda guardam áreas protegidas restritas a ecossistemas naturais, que são alvo de preocupação em relação à sua conservação e preservação. Atualmente estão implantadas Unidades de Conservação voltadas para a conservação da Floresta com Araucária e dos campos sulinos. O clima nos campos sulinos é caracterizado com altas temperaturas no verão, chegando a 35ºC, e o inverno é marcado com geadas e neve em algumas regiões, marcando temperaturas negativas. A precipitação anual situa-se em torno de 1.200 mm, com chuvas concentradas nos meses de inverno. O clima é frio e úmido. Flora: A vegetação predominante é de gramíneas, representadas pelos gêneros Andropogon, Aristida, Paspalum, Panicum e Eragrotis, leguminosas e compostas. As árvores de maior porte são fornecedoras de madeira, tais como o louro-pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira, a caroba, a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a timbaúva, o angico-vermelho, entre 51 52 outras espécies características, como a palmeira-anã (Diplothemium campestre). Os campos sulinos possuem uma diversidade de mais de 515 espécies. Já os terrenos planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado, são colonizados por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação tipo savana aberta. Há ainda áreas de florestas estacionais e de campos de cobertura gramíneo-lenhosa. Fauna É um dos ecossistemas mais ricos em relação à biodiversidade de espécies animais, contando com espécies endêmicas, raras, ameaçadas de extinção, espécies migratórias, cinegéticas e de interesse econômico dos campos sulinos. As principais espécies ameaçadas de extinção são exemplificadas por inúmeros animais, como: a onçapintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o macacoprego, o guariba, o mico-leão-dourado, vários saguis, a preguiça-de-coleira, o caxinguelê, o tamanduá. Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o sanhaço, numerosos beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos. Entre os mamíferos, 39% também são endêmicos, o mesmo ocorrendo com a maioria das borboletas, dos répteis, dos anfíbios e das aves nativas. Nela sobrevivem mais de 20 espécies de primatas, a maior parte delas endêmicas. Alternativas para a Sustentabilidade Os campos naturais no Rio Grande do Sul são geralmente explorados sob pastoreio contínuo e extensivo. Outras atividades econômicas importantes, baseadas na utilização dos campos, são as culturas de arroz, milho, trigo e soja, muitas vezes praticadas em associação com a criação de gado bovino e ovino. No alto Uruguai e no planalto médio a expansão da soja e do trigo levou ao desaparecimento dos campos e à derrubada das matas. Atualmente, essas duas culturas ocupam praticamente toda a área, provocando gradativa diminuição da fertilidade dos solos. Disso também resultam a erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica. Unidades de conservação vêm sendo implantadas ultimamente para a proteção desse bioma. 4.8 - Ambiente Costeiro Características Geográficas TALASSOCICLO: O MAIOR BIOCICLO DO PLANETA 71% O talassociclo (talassos = sal) e caracterizado como o conjunto dos ambientes de águas salgadas no planeta sendo o mais representativo uma vez que compreende 71% de toda a área da terra. Formado pelos oceanos Pacífico, Índico, Ártico, Antártico e Atlântico, sendo este ultimo aquele que forma a região costeira brasileira. Os ecossistemas costeiros compreendem também os manguezais, as restingas e os oceanos. A costa brasileira compreende 8.698km de extensão conhecida oficialmente como Zona Costeira Brasileira. Características Gerais Toda a costa brasileira é banhada pelo oceano atlântico, este separa a Europa e África a Este, da América a Oeste. Este oceano tem uma área estimada em 82.400.000km². O Brasil possui uma das maiores regiões costeira deste oceano e assinou em 1982, ratificando em 1988, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, estabelecendo a Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Nesta região, o país tem direito de soberania quanto à exploração e gerenciamento dos recursos vivos e não vivos. Tal Convenção entrou em vigor no final de 1994. A ZEE situa-se além das 12 milhas náuticas (cerca de 22 quilômetros) do Mar Territorial Brasileiro, estendendo-se até o limite de 200 milhas (cerca de 370 quilômetros). No Brasil, essa área abrange cerca de 2,7 milhões de quilômetros quadrados. O ambiente oceânico é extremamente estável, quando comparado aos ecossistemas terrestres. Os fatores abióticos são fundamentais para a distribuição dos seres vivos neste ecossistema. Como exemplos temos: temperatura, salinidade, pressão, correntes e luminosidade. Fatores Abióticos: representam o biótopo, ou seja, o conjunto de fatores físicos e químicos que compõem um ecossistema. Interferem diretamente na possibilidade de adaptação dos seres vivos ao ambiente. Classificação quanto à Luminosidade: O espectro de luz penetra na massa de água de acordo com sua intensidade (insolação), com a quantidade de matéria em suspensão e devido à transparência dessa água. Em virtude destes fatores podemos classificar o ambiente marinho em: a) Zona Eufótica - região onde a luz penetra de 0 a 100 metros de profundidade. Por ser intensamente iluminada, estimula a proliferação de algas e consequentemente desencadeia uma grande concentração de organismos marinhos. Apresenta uma elevada produtividade primária. Produtividade Primária: representa a taxa de produção de matéria orgânica realizada pelos organismos fotossintetizantes. Nos oceanos estes organismos são representados pelas algas do fitoplâncton e pelas macroalgas. b) Zona Disfótica - região onde a luz penetra de 100 a 300 metros de profundidade, ocorre uma sensível diminuição da produtividade, uma vez que as algas têm dificuldade de sobreviver neste local devido a baixa luminosidade. c) Zona Afótica - região onde não há luminosidade, compreende as profundidades após 300 metros, não há ocorrência de organismos fotossintetizantes e os seres são extremamente adaptados a total escuridão, dependendo de matéria orgânica proveniente das regiões mais superficiais dos mares. Classificação quanto à Profundidade: As formações oceânicas são determinadas pelo tipo de relevo que configura aquele local, sendo composto por diferentes configurações acompanhando as características continentais. De acordo com a massa de água podemos classificar o oceano em: a) Zona Interdidal ou Entremares (Sistema Litorâneo) - representa a região que sofre a influência direta das marés. Os organismos que habitam este local são adaptados a esta influencia, que significa a exposição ao sol durante parte do dia e o fato de ficarem submersos no restante. metros. Há uma redução nas correntes e a diversidade biológica é pequena. Caracteriza o local de rota para migração dos grandes cardumes de peixes e os mamíferos marinhos. d) Zona Abissal (Sistema Abissal) - representa a região das profundezas oceânicas, entre 2000 e 5000 metros de profundidade, pouco estudada pelo homem. Apresenta espécies muito adaptadas à elevada pressão e à ausência total de luz. Os peixes que vivem neste local são cegos, com adaptações diversas, tais como: bocas grandes, estômagos dilatados, bioluminescência etc. Bioluminescência: capacidade de alguns seres vivos (bactérias, peixes, insetos) de emitiremluz. Pode ser com a finalidade de atrair seus parceiros ou simplesmente para orientar localização. e) Zona Hadal (Sistema Hadal) - representa as grandes fossas oceânicas, são muito semelhantes a região abissal, compreendendo uma profundidade entre 5000 e 11000 metros. Os seres que vivem neste local dependem da chuva de detritos*. Alguns grupos são capazes de produzir alimento através de quimiossístese. Chuva de Detritos: caracteriza a matéria orgânica que decanta das regiões superiores para as regiões mais profundas, representa a forma de obterem alimento para sua sobrevivência, uma vez que não são seres capazes de realizar a fotossíntese. Classificação quanto à Distribuição de Seres Vivos: Os seres vivos oceânicos sofrem influência direta das correntes com nutrientes, da temperatura da água, da salinidade, da luminosidade e da pressão. Foram classificados de acordo com a capacidade de locomoção: b) Zona Nerítica ou Plataforma Continental (Sistema Nerítico)- representa a região em que entramos no oceano. Este local próximo a costa caracteriza o Talude e sua profundidade media e de 200m. A extensão deste local depende do grau de declive da plataforma continental, e quanto mais suave for este declive maior a diversidade biológica. É o local de maior variedade biológica, concentra 90% de toda a vida oceânica. a) Plâncton - os organismos planctônicos são caracterizados por incapacidade de vencer as correntes marinhas, vivem próximos a superfície e representam a base de toda cadeia alimentar oceânica. São formados por algas (micro e macroscópicas), larvas de moluscos, crustáceos, alevinos de peixes, protozoários e bactérias. Talude: região escarpada que forma a plataforma continental até a região pelágica. 1- Fitoplâncton - organismos fotossintetizantes produtores de matéria orgânica 2- Zooplâncton - organismos consumidores de matéria orgânica c) Zona Oceânica ou Batial (Sistema, Batidal) - representa o local da grande massa de agua oceânica, ponto em que atinge uma profundidade de 200 a 2000 Podem ser divididos em dois subgrupos: b) Nécton - os organismos nectônicos representam os grandes nadadores ativos, se locomovem pelos 53 54 oceanos em busca de maiores ofertas de alimentos. Como exemplos temos: peixes, répteis, mamíferos, alguns grupos de moluscos. c) Benton - os organismos bentônicos apresentam como característica básica a relação direta com o substrato do fundo oceânico. Podem viver fixos (sésseis) ou ainda apresentam uma locomoção limitada ao fundo e aos costões rochosos. Como exemplos temos: ouriços, estrelas, cracas, mexilhões, ostras, craca, corais, estrelas do mar entre outros. Classificação quanto ao Tipo de Habitats: • sistemas laguares margeados por manguezais e marismas; • costões e fundos rochosos, com recifes de coral; • bancos de algas calcáreas; • plataformas arenosas, recifes de arenito paralelos a linha de praias e falésias; • dunas e cordões arenosos; • ilhas costeiras e ilhas oceânicas. Classificação de acordo com as Correntes e Regiões do Brasil: a) Região Norte - nesta área o fundo oceânico sofre intensa influencia dos sedimentos carreado pela bacia amazônica, predomina a corrente norte, o fundo torna-se lamacento e rico em material particulado, este fato favorece o desenvolvimento de peixes de fundo e camarões. b) Região Nordeste - nesta área há uma intensa formação coralínea que favorece com habitats para peixes de pequeno porte, e toda a fauna bentônica. É uma região muito importante pois vivem o peixe boi marinho e representa o principal local de desova das tartarugas marinhas. c) Região Central - muito semelhante a região nordeste, porém com maiores flutuações climáticas, onde as águas mais frias são trazidas por correntes oceânicas da Antártica. Apresentam uma intensa produtividade sendo locais favoráveis a pesca oceânica. Na região de Arraial do Cabo e Cabo Frio (RJ) ocorre o fenômeno da ressurgência (o conceito está na outra aula de oceanos), este torna as águas extremamente férteis e aumenta muito a produtividade no local. d) Região Sul - caracterizada como uma região subtropical, abrange do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Apresenta variações climáticas mais significativas que as outras regiões e também sofre influência direta do encontro da Corrente Brasileira com a corrente das Malvinas. Ilhas da Costa Brasileira: Devido à grande área oceânica pertencente ao Brasil, nosso ambiente também apresenta muitas formações de ilhas. Nestes locais temos um elevado grau de endemismo, uma vez que os organismos ficam isolados geograficamente e podem apresentar variedade únicas. De acordo com a formação do ambiente insular temos sua classificação: a) A grande maioria de nossas ilhas apresentam sua formação como porções do continente que afloram proximo a costa. São exemplos as ilhas oriundas das escarpas emersas da Serra do Mar. b) Outro grupo são as ilhas resultantes dos depósitos de sedimentos de baixa altitude, este processo de formação acaba caracterizando uma configuração de restinga, isolada pelas águas oceânicas. Muito encontrada no litoral de São Paulo. c) Um terceiro grupo, característico de regiões oceânicas mais distantes da costa, é o resultado dos movimentos das placas tectônicas e das erupções vulcânicas. O assoalho marinho provoca a emersão de montanhas submersas formando este tipo de ilha, Fernando de Noronha e Abrolhos representam os maiores exemplos no território brasileiro. d) O quarto e último grupo são as ilhas coralíneas, conhecidas como ATOL. Os corais se desenvolvem e afloram à superfície formando este tipo de ilha. Características Biológicas Flora: As “Florestas Oceânicas” são representadas pelas algas marinhas. Esses organismos são caracterizados pela intensa capacidade de realizarem fotossíntese. São avasculares e não possuem estruturas básicas dos vegetais (raiz, caule, folha, flor e fruto). Avascular: ausência de vasos condutores de seiva bruta e elaborada. Este característica obriga a alga a retirar os seus nutrientes diretamente da água. Dividem-se em dois grupos: Microalgas e Macroalgas. a) Microalgas - representam o grupo de algas unicelulares com estruturas de locomoção própria (não conseguem vencer as correntes). Sua intensa atividade metabólica e a grande disponibilidade de água, luz, dióxido de carbono e minerais, permite uma intensa taxa fotossintética, garantindo a elevada produtividade primária oceânica. Sua distribuição é condicionada a disponibilidade de luz, apresentando uma elevada densidade na Zona Eufótica. São responsáveis pela produção de 90% do oxigênio molecular terrestre logo, são consideradas o “pulmão do mundo”. Também apresentam bioluminescência, que interfere no comportamento de diversos animais e são a base de toda a cadeia alimentar marinha. Classificadas como fitoplâncton apresentam dois grupos que merecem destaque: Diatomaceas e Dinoflagelados. O primeiro possui a célula com um revestimento de sílica (cápsula envoltória) que quando acumulada forma o solo denominado Diatomito, muito utilizado nas indústrias de abrasivos, cosméticos e cremes dentais. O segundo apresenta uma tonalidade vermelho parda e são responsáveis pelo fenômeno “RED TIDE” (Maré Vermelha) descrito na próxima unidade de oceanos. b) Macroalgas - são pluricelulares e podem atingir dezenas de metros de comprimento. Sua massa corporal pode fornecer alimento para toda a fauna de herbívoros dos oceanos. Variam entre algas verdes (clorofíceas), marrons (feofíceas) e vermelhas (rodofíceas). Podem se fixar ao substrato rochoso, em cascos de animais e navios, píer etc. Apresentam uma associação muito intensa com a fauna marinha sendo esta denominada de Fital. Fauna: A fauna oceânica é caracterizada por diversos grupos de seres, desde organismos microscópicos como o zooplâncton (protozoários, bactérias, rotíferos, copépodos, radiolários etc.) até os maiores animais do planeta como as baleias, passando pela imensa variedade de peixes, tartarugas e mamíferos como o golfinho. Texto Complementar EL NIÑO Denomina-se El Niño o aumento anormal da temperatura da água superficial do oceano Pacífico na costa oeste da América do Sul. Essa ocorrência de águas quentes foi identificada há séculos por pescadores peruanos, ao observarem enorme diminuição na quantidade de peixes sempre próximo do Natal, data em que se comemora o nascimento do Menino Jesus, daí terem dado ao fenômeno o nome de El Niño (o menino, em espanhol). Esse fenômeno ocorre geralmente em intervalos de 2 a 7 anos. Seu ciclo típico inicia-se no começo de um ano, atinge sua máxima intensidade durante o mês de dezembro do mesmo ano (e janeiro do ano seguinte), enfraquecendo-se na metade do segundo ano. Entretanto, com as alterações climáticas que vêm ocorrendo no planeta, tanto a periodicidade quanto a duração e mesmo a época de ocorrência do fenômeno têm variado. Normalmente, os ventos alísios tropicais no oceano Pacífico, na altura da América do Sul, sopram em direção à Ásia (de leste para oeste), “empilhando” as águas mais aquecidas no setor oeste e fazendo com que o nível desse oceano na Indonésia fique cerca de meio metro acima do nível que ele apresenta na costa oeste da América do Sul. A temperatura na superfície do mar é cerca de 80 C mais elevada na região da Indonésia e em setores norte/nordeste da Austrália. Já a temperatura menor na costa oeste da América do Sul deve-se às águas frias que sobem de níveis mais profundos do oceano (ressurgência). Estas águas frias são ricas em nutrientes, permitindo a manutenção de ecossistemas marinhos ricos em espécies, tornando-se uma área com muitos peixes. Quando ocorre o fenômeno El Niño, os ventos relaxam, chegando até, algumas áreas na faixa tropical, a inverter o sentido e passar a soprar para leste. As águas mais quentes e elevadas da região da Indonésia e Austrália movimentam-se em então em direção à América do Sul, em forma de ondas conhecidas como Ondas de Kelvin, elevando o nível do mar no lado leste. O deslocamento das águas traz consigo a fonte de calor para a costa oeste da América do Sul, gerando mudanças na circulação geral da água e da atmosfera. As temperaturas das águas superficiais ficam, assim, acima da média na costa oeste da América do Sul. O fenômeno da ressurgência deixa de ocorrer e as águas ficam pobres em nutrientes, o que causa grande mortalidade de organismos marinhos. Com a inversão dos ventos para leste durante o fenômeno El Niño, há inversão também do regime de chuvas. Passam a ocorrer secas a Austrália e Indonésia e chuvas ao longo de toda a extensão de águas quentes dessa região do Pacífico até a costa oeste da América do Sul, principalmente sobre o Equador e o Peru. Essas alterações acabam por afetar todo o clima do planeta, provocando em alguns lugares todo o clima do planeta, provocando em alguns lugares chuvas torrenciais e em outros secas, calor extremo, vendavais e furacões. No Brasil, os impactos do El Niño atingem diferentemente cada região: • Norte – estima-se que o El Niño deva diminuir as chuvas no leste e noroeste da Amazônia; 55 56 • Centro – Oeste – a influência do fenômeno não foi até agora muito estudada. Seu efeito não é considerado dos mais proeminentes na região. Em geral, o fenômeno eleva as temperaturas médias e diminui as chuvas; • Sul – ao lado do Nordeste, é a região que costuma ser afetada pelo fenômeno. El Niño aumenta a intensidade das chuvas durante a primavera no primeiro ano e fim do outono e início do inverno no segundo ano (sobretudo na faixa que vai do norte do Rio Grande do Sul até o Paraná); • Nordeste – esta é uma região extremamente afetada pelo fenômeno. O El Niño intensifica a seca nordestina, exercendo influência especialmente nos meses de fevereiro a maio, quando ocorre a estação chuvosa do semiárido; • Sudeste – os efeitos do El Niño nessa região não são tão intensos quanto no sul e Nordeste e se manifestam de forma, às vezes, contraditória. Na maior parte da região, o El Niño tende a aumentar um pouco as temperaturas médias e a secura do ar, tornando o inverno mais ameno. Em algumas áreas do Sudeste, no entanto, esse fenômeno pode provocar até aumento das chuvas. Fonte: Livro: LOPES, Sonia. Bio. São Paulo: Saraiva, 2004. Adaptado do site: www.bhnet.com.br/ut/el-nino. Alternativas para Sustentabilidade Após identificarmos a importância econômica e social deste ambiente, devemos ressaltar a necessidade de um planejamento de gerenciamento costeiro, com isso podemos ordenar a exploração e interação do homem com o ambiente oceânico. A seguir apresentamos algumas iniciativas de sucesso num paradigma de sustentabilidade. • Recuperação de tartarugas feridas, capturadas em redes e posterior reintrodução do espécime ao oceano; • Conscientização Ambiental através de programa educacional voltado para a população local e os turistas. PROJETO BALEIA JUBARTE: O grande objetivo deste projeto é a preservação da Baleia Jubarte. Também é um projeto do IBAMA em parceria com a PETROBRAS. Consiste em avaliar o comportamento, identificar cada espécime, coletar banco de DNA, estudar vocalização e remover possíveis cetáceos encalhados. Seu principal foco é o Parque Nacional Marinho de Abrolhos-BA, local de rota migratória em época de reprodução. PROJETO PEIXE-BOI MARINHO (TRCHECUS MANATUS): Este projeto nasceu do experiência adquirida com a preservação do peixe-boi amazônico. Sabendo da necessidade de preservar também o peixe-boi marinho, o IBAMA em parceria com a PETROBRAS, mais uma vez, promoveu a execução deste projeto. Suas ações principais são: • resgatar, reabilitar e reintroduzir peixes-bois no seu habitat natural; • reprodução e nascimento de filhotes em cativeiro; • Marcação e monitoramento diário através da rádio-telemetria; • Análise sanguinea e de DNA; • Estudo de comportamento. Defeso: O defeso representa uma estratégia de proibição e interrupção da pesca ou coleta de qualquer ordem, dos animais marinhos em seu período de reprodução. Com isso garantimos que haja a renovação dos estoques destes animais para mantermos a densidade populacional adequada. PROJETO TAMAR: Este projeto consiste na preservação das Tartarugas Marinhas por toda a costa e ilhas brasileiras. Representa um programa do IBAMA associado à fundação PROTAMAR e patrocinado pela PETROBRAS e por prefeituras municipais. Monitora mais de mil quilômetros de praia, com vinte bases, em oito estados brasileiros. O trabalho consiste em: • Monitoramento das tartarugas marinhas quando em período de desova; • Coleta de sangue e tecidos para análise de DNA objetivando o incremento de pesquisas científicas; • Controle de ninhos e proteção de filhotes até o momento da soltura para o mar; Em seguida apresentamos o exemplo da Sardinha: Julho a Setembro e Novembro a Março “A sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) foi pescada acima dos níveis aceitáveis de sustentabilidade do recurso, ou seja foi SOBRE-EXPLOTADA. Atualmente, existe pouca sardinha no mar. Aumentar a população reprodutiva (ou biomassa desovante), ou seja, disponibilizando mais “pais” (adultos) para que possam gerar mais “filhos” (juvenis), visando à incorporação e permanência destes novos indivíduos (filhos) junto à população adulta. Este é o objetivo do DEFESO DE RECRUTAMENTO, implementado a partir de julho de 2004. O RECRUTAMENTO ou repovoamento é um processo em que os juvenis de sardinha (com aproximadamente meio ano de vida) afastam-se da costa em sentido ao mar aberto para se agrupar à população adulta, incorporando-se ao cardume. Este evento inicia-se nos meses de abril, maio ou junho, dependendo do início da desova. Os indivíduos de vida curta, como a sardinha, têm a sustentação da população dependente deste “repovoamento””. Secretaria Nacional de Agricultura. Texto Complementar Petrobras ultrapassa 1 milhão 800 mil barris A Petrobras registrou, em 12 de maio de 2005, a produção de 1.819.604 barris de petróleo, suplantando, pela primeira vez, a barreira de 1 milhão e 800 mil barris/dia. Esta marca é mais um passo decisivo na direção da desejada, e cada vez mais próxima, autossuficiência brasileira em petróleo. Este recorde foi cerca de 28 mil barris superior ao anterior, obtido em 25 de abril de 2005 (1 milhão 792 mil barris); 6,8% superior ao último recorde mensal de produção obtido em abril de 2005 (1 milhão 704 mil barris por dia); 14,9% maior que a média do 1º quadrimestre de 2005 (1 milhão 583 mil barris por dia) e 21,9% acima da produção média de 2004 (1 milhão 493 mil barris por dia). Esse novo recorde de produção deve-se, principalmente, à entrada em operação de poços ligados à plataforma P-48, no Campo de Caratinga e à outra unidade, também instalada recentemente na Bacia de Campos, a P-43, no Campo de Barracuda, que atingiu sua capacidade máxima de produção (150 mil barris por dia). A produção conjunta destas duas unidades, P-43 e P-48, chegou a 278 mil barris, ou 92,6% da capacidade máxima de processamento de 300 mil barris por dia. A P-48 entrou em operação em 28 de fevereiro deste ano e deverá atingir o pico de produção ainda neste 1º semestre. A produção doméstica de petróleo da Petrobras atingiu a marca de 1.540.000 barris por dia em 2003, representando cerca de 91% da demanda de derivados do país nesse ano, de 1.700.000 barris por dia. Para atingir a meta de produção nacional estabelecida no Plano Estratégico Petrobras 2015, de 2.300.000 barris por dia em 2010, representando um crescimento médio anual de 5,9%, serão implantados 15 grandes projetos de produção de petróleo até o ano de 2008. Fonte: Gerência de Imprensa da Petrobrás 4.9 - Manguezais Características Geográficas Marismas: representam áreas de manguezais, ou seja, ambientes alagados próximos ao mar, encontradas em regiões de climas temperados. Estima-se que no Brasil componha uma área de 15.000km2 abrangendo desde o Oiapoque (Amapá) até Laguna (Santa Catarina). Acompanham a região costeira podendo ser interrompido por costões rochosos ou ainda áreas de falésias. Os estados de Pernambuco, com 270km2 e São Paulo, com 240km2, representam as maiores áreas contínuas de manguezais no Brasil. Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. Há uma influência muito evidente da distribuição dos manguezais devido à topografia do local. Estes ambientes são caracterizados por relevos com pouca declividade favorecendo a amplitude de penetração das águas costeiras. Os ecossistemas de manguezais são classificados como ambientes de transição entre a região costeira e a mata continental. Estão distribuídos por todo o planeta nas Américas, Ásia, África e Oceania. São encontrados em regiões tropicais e subtropicais, podendo ocorrer em climas temperados, onde são denominados de marismas. Falésias: são áreas de terras ou rochas altas, presentes no ambiente costeiro (a beira mar), extremamente íngremes. Formam-se a partir da ação dos intempéries (vento; sol; chuva e marés) devido a intensa erosão no local. 57 58 Características Gerais Os manguezais ou mangues são biomas litorâneos, onde o solo é lodoso e salgaco. Formam-se junto a desembocaduras de rios e em litorais protegidos da ação direta do mar, tais como baías de águas paradas ou litorais guarnecidos por dique de areia. Durante a maré cheia, o solo do mangue fica coberto por água salobra. Clima: Os manguezais apresentam clima quente e úmido, onde suas temperaturas médias são superiores a 20 graus Celsius, sendo que as médias mínimas não devem chegar a menos de 15 graus Celsius, podendo haver o comprometimento de todo o equilíbrio daquele ecossistema. Devido à influência dos rios que compõem este ecossistema, seu regime de chuvas é intenso, podendo chegar a 1500mm/ano de preciptações. Também não identificamos períodos de seca marcantes. Salinidade: Devido a sua localização em ambiente estuarino, os manguezais apresentam influência direta da salinidade. As águas oceânicas invadem os rios e salinizam o local, tornando a água salobra, este fenômeno condiciona a distribuição da mata de manguezal. Estas matas são halófilas, o que representa uma grande tolerância à salinidade, com isso conseguem ter condições de vencer a competição com plantas adaptadas a água doce, garantindo assim sua distribuição. Logo as matas de manguezais apresentam uma grande densidade em regiões mais salinas e têm uma formação mais esparsa em locais menos salinos. Estuário: representa o ambiente presente nos manguezais que se caracteriza pelo encontro entre as águas oceânicas e a água costeira. Sua condição típica é a salinidade intermediária. Água Salobra: caracteriza um tipo de água que apresenta salinidade intermediária variando entre 1,0 g/sais/l e 3,0 g/sais/l. Típica dos estuários e favorece a reprodução de inúmeras espécies. leitos dos rios permitem a salinização do substrato e consequente colonização de espécies arbóreas adaptadas a esta pressão seletiva. Outro fato significativo é a capacidade das águas oceânicas promoverem uma renovação do oxigênio do substrato dos manguezais. Substratos: O solo dos manguezais normalmente apresenta uma tonalidade acinzentada, sua constituição é instável sendo extremamente rico em componentes. Este fato deve-se ao encontro do rio com o mar, onde há o carreamento de substâncias de ambos os ecossistemas. Em sua composição encontramos basicamente: • Siltes: material de origem mineral; • Areia; • Partículas coloidais: estas são formadas pela associação dos minerais, com a matéria orgânica e com a água salgada oceânica; • Matéria orgânica: proveniente dos sedimentos trazidos pelos rios, agregados a restos de animais, galhos de plantas e seres que vivem no próprio mangue; • Recifes de corais. A riqueza de matéria orgânica fertiliza o local e favorece o desenvolvimento de bactérias decompositoras. Estas podem utilizar fontes de enxofre para promoverem sua nutrição realizando um fenômeno denominado quimiossíntese. Quimiossíntese: caracteriza um fenômeno de produção de matéria orgânica a partir da energia obtida pela oxidação de compostos inorgânicos presentes no ambiente. É tipicamente realizada por bactérias e fungos que promovem a reciclagem dos nutrientes no solo. É notório que o substrato dos manguezais sofre grande influência de fatores físicos e químicos do ambiente, sendo característica a riqueza de matéria orgânica e o aspecto lamacento. Características Biológicas Flora: Plantas Halófilas: são vegetais caracteristicamente adaptados a regiões de extrema salinidade. São distribuídos pelas matas de manguezais e no ecossistema de restingas. A mata de manguezal apresenta uma pequena variedade de espécies, porém uma grande densidade populacional, estimamos em 13 tipos de plantas de mangue. No Brasil encontramos predominantemente quatro espécies: Marés: Rizophora mangle – Mangue Vermelho Laguncularia racemosa – Mangue Branco Avicennia tomentosa – Avicennia shaueriana – Mangue Preto Sendo ecossistemas de transição entre o ambiente costeiro e a desembocadura dos rios, os manguezais sofrem uma grande influência da amplitude das marés. A sazonalidade da invasão das marés sobre os Esta vegetação pode atingir até 12m, mas em média encontramos a mata com 3 a 6 metros de altura. São bem adaptadas às condições oferecidas pelo ambiente e apresentam características que permitem seu sucesso frente à pressão seletiva do meio. Exemplos de adaptações: • Raízes escoras: representam raízes em forma de guarda-chuva que aumentam o poder de estabilização da planta uma vez que o solo é extremamente instável e sofre a influência das marés. • Pneumatóforos: raízes que crescem perpendicularmente ao solo de mangue no sentido oposto ao crescimento normal das raízes vegetais apresentam um mecanismo denominado geotropismo negativo. Estas raízes possuem pneumatódios, que permitem a troca de gases com a atmosfera. Geotropismo: representa o movimento de crescimento das estruturas dos vegetais, tendo como estímulo o solo. Quando este crescimento ocorre a favor do solo, destacamos que é um tipo de geotropismo positivo, porém quando este crescimento se dá em sentido contrário ao solo, classificamos como geotropismo negativo. Pneumatódios: representam as aberturas presentes nas raízes denominadas de Pneumatóforos, encontradas em vegetação de manguezal, e que permite a troca gasosa com o meio ambiente. • Propágulos: caracterizam adaptações das sementes de manguezal. Como o solo é extremamente instável e a influência das marés é intensa, as sementes necessitam de um tempo para sua dispersão e fixação, logo apresentam um desenvolvimento inicial ainda ligado às plantas-mães (viviparidade) até encontrarem um local que permita a sua fixação. • Pressão Osmótica elevada: a pressão osmótica caracteriza a força de atração que o soluto exerce sobre o solvente em uma solução. Os vegetais necessitam absorver água em suas raízes para a realização do fenômeno da fotossíntese e conseguem executar esta função devido ao vacúolo de suco celular que apresenta uma concentração maior que o meio. Nas plantas de manguezais, este processo fica mais evidente uma vez que o ambiente é salinizado pelas águas oceânicas, logo devem concentrar maior quantidades de sais em seu interior, tornando o potencial de osmose mais intenso. **Os oceanos dependem dos manguezais?** Fonte: www.ambientebrasil.com.br Fauna: Nos manguezais vivem diversas espécies de caranguejos e moluscos. Também são encontradas aves aquáticas, entre as quais garças e diversas espécies de pássaros. Os manguezais representam o “berçário do mar”, tal classificação é justificada devido a inúmeras espécies marinhas que vêm se reproduzir neste local. Esta busca pelo ecossistema de manguezal ocorre devido a alguns fatores: • Águas calmas: facilitam as desovas; • Raízes das árvores: permitem a proteção e fixação de muitos animais; • Salinidade: a salinidade intermediária favorece a eclosão e desenvolvimento dos filhotes; • Alimento: devido a grande quantidade de matéria orgânica os manguezais possuem uma produtividade alta, resultando em muita oferta para as diversas cadeias alimentares. Com estas características muitas espécies de animais que formam a fauna do manguezal são temporárias, pois quando se desenvolvem retornam aos oceanos para completar o seu crescimento. Alguns exemplos de animais: camarões, alevinos, fitoplncton, zooplâncton, robalos, tainhas, manjubas, caranguejos, colhereiros, garças, ostras e mexilhões. Texto Complementar SALVANDO O MANGUEZAL Por: Mário Moscatelli: biólogo, mestre em Ecologia (UFRJ) Não é de hoje que a relação entre o Homem e os Manguezais caracteriza-se por um preocupante desconhecimento sobre a importância universal destes ecossistemas e, de forma particular, de toda forma de vida existente no nosso litoral. Nos últimos 500 anos, para dar uma referência temporal a partir do momento da chegada dos europeus ao Brasil, esta floresta justamarítima começou a ser sistematicamente eliminada em função de sua localização geográfica, altamente propícia à instalação de portos, e à expansão das cidades nesta prolíferas áreas. Tal quadro perdurou, em linhas gerais, até fins da década dos anos 60 quando os manguezais obtiveram científica e academicamente, um definitivo reconhecimento da importância do seu valor econômico-ambiental; isto aconteceu, inicialmente, graças ao aparecimento, em diversos países, de inúmeras publicações que estudavam o fluxo de energia gerado pelos ecossistemas de manguezal, particularmente a partir da divulgação dos estudos fitogeográficos elaborados sobre as cadeias alimentares dos mangrove, o ecossistema da península da Flórida. 59 60 Apesar desse gradativo reconhecimento tanto oficial como privado, estima-se que atualmente mais de 1 milhão de hectares de manguezais são perdidos a cada ano em todo o mundo. Diversas áreas litorâneas brasileiras, onde existiam extensos ecossistemas de manguezal, como as baías de Todos os Santos, Guanabara, Santos e Paranaguá, e outras de desenvolvimento mais recente, como as de Sepetiba e de São Marcos, também estão perdendo estes recursos naturais num processo cada vez mais acelerado. Tomemos o exemplo do Estado do Rio de Janeiro onde 40% dos manguezais localizados na Baía de Guanabara foram eliminados à medida que a costa sofreu o processo de urbanização. Apenas no município de Angra dos Reis, um importante e conhecido balneário do litoral Sul fluminense, nos últimos 30 anos seus manguezais foram reduzidos a 40% de sua área original, por causa da instalação de grandes loteamentos e marinas, além da construção da rodovia BR-101; totalizam mais de 50%, as perdas de manguezais associados em toda a Baía da Ilha Grande, somando aproximadamente 2 mil hectares. Ainda hoje, infelizmente, em boa parte da costa brasileira está sendo sistematicamente destruído o nosso patrimônio ambiental. Paradoxalmente, neste momento no qual temos, por um lado, uma legislação ambiental que "peca" por defender indiscriminadamente a intocabilidade dos ecossistemas costeiros sem levar em consideração o seu contexto geográfico, ambiental, econômico e social; e pelo outro, ações e intervenções públicas ou privadas mal planejadas, que privilegiam o discutível objetivo do uso lucrativo do solo sem levar em conta as peculiaridades ambientais que caracterizam a exuberância da região; alguns grupos empresariais começam a perceber não somente a importância da preservação dessas áreas, mas o seu potencial ecoturístico. Tal é o pioneiro caso do grupo Hotel do Bosque, localizado à margem da estrada Rio-Santos, entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Esta iniciativa pretende, dentro das normas legais vigentes, transformar o manguezal localizado na foz do Rio Mambucaba numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), uma área atualmente protegida e conservada pelo grupo Hotel do Bosque. Este grupo empresarial, além de desenvolver atividades ecoturísticas compatíveis com a existência deste habitat, tais como visitações por meio de embarcações ou sobre estruturas palafitadas e observações de aves em pontos suspensos, implementou um plano de outras atividades associadas à educação ambiental que está atualmente em andamento. Estão sendo incrementadas as visitações vinculadas à rede escolar propiciando às crianças e à comunida- de local, informações gerais sobre a vital importância dos manguezais para a vida marinha. Esta tarefa educativa, em breve, será desenvolvida por meio de palestras e visitações in loco, conduzidas por monitores especialmente preparados que explicarão o funcionamento do ciclo da vida no manguezal, as características da sua fauna e da sua flora. A iniciativa do Grupo do Hotel do Bosque é uma efetiva demonstração da possibilidade real de gerenciar ambiental e lucrativamente este importante e significativo recurso ambiental da Baía da Ilha Grande. É oportuno destacar que, seguindo as normas de gerenciamento ambiental decorrentes da Agenda 21, o Parque Nacional de Morrocoy, localizado na Venezuela, fatura anualmente com atividades turísticas associadas ao meio ambiente (manguezais, recifes, praias), 7 milhões de dólares aproximadamente, bem como as ilhas Trinidad e Tobago, da mesma forma, obtêm com seus recursos naturais, 2 milhões de dólares ao ano. Graças ao indiscutível sucesso financeiro desta modalidade de exploração dos recursos ambientais, talvez possa ser despertado o interesse das prefeituras e da própria sociedade e estimulado o empresariado da região, para que, de fato, num futuro imediato, se possa gerenciar sustentavelmente todo o ecossistema e o habitat dos manguezais da Baía da Ilha Grande. Fonte: Revista Brasileira de Ecologia do Século 21 – Eco 21. Ano IX, nº 41 – julho/agosto de 1999. Pg. 41 – 42. Alternativas para Sustentabilidade Manguezal - Ecossistema entre a terra e o mar Yara Schaeffer; Novelli – 1996 (fonte completa) Nos últimos 26 anos, áreas aumentaram em 40% na região Nordeste. A despeito do crescimento de atividades econômicas como a carcinicultura - cultura de crustáceos, como o camarão - as regiões de manguezais no Nordeste estão crescendo. Pesquisa realizada pela Fundação Sociedade Internacional para Ecossistema de Manguezal do Brasil (ISMEBR), em parceria com o Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFCE), revela que a área de manguezais no Nordeste registrou crescimento de 40%, no período que vai de 1978 até o primeiro semestre de 2004. O levantamento comparou os resultados do trabalho do professor Renato Herz, do Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP), realizado em 1978, com a situação encontrada no primeiro semestre deste ano. A pesquisa utilizou a mesma metodologia aplicada por Herz, utilizando tecnologias como sensoriamento remoto (via satélite), sistema de informações geográficas e vetorização, para calcular as áreas de mangue. O professor Luiz Parente, do Labomar, explica que o estudo comparou a cobertura de mangue em 1978, com a atual situação em 2004, nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, onde também está concentrada 75,4% da área ocupada pela atividade de carcinicultura no Brasil. Todos os estados pesquisados registraram aumento na área de mangue. Entre os estados incluídos na pesquisa, o Ceará tem a maior extensão de manguezais da região, totalizando 17 mil hectares. Esse número é bem maior que a área ocupada pela criação de camarão, que chega a 3.376 hectares, segundo Censo 2003 da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). \”A pesquisa identificou a existência de 20 estuários no Estado\”, observa Parente, ressaltando que nos últimos 26 anos o mangue cearense registrou crescimento de 32%, com uma expansão de 4,2 mil hectares. O Estado conta hoje com 185 empreendimentos de carcinicultura, que foram responsáveis pela produção de 26 mil toneladas de camarão em 2003. Avanço das dunas Parente destaca que nas áreas onde houve redução do mangue, a migração natural das dunas foi o principal fator de desaparecimento do ecossistema. Segundo a pesquisa, algumas regiões chegam a registrar um avanço de 10 a 15 metros de areia das dunas por ano. Por outro lado, foi percebido o crescimento da vegetação de manguezal ao longo dos canais de captação usados pela atividade de carcinicultura. Na avaliação do presidente da ABCC, Itamar Rocha, o resultado da pesquisa demonstra que, para cada hectare de viveiro instalado nos seis estados pesquisados, o mangue cresceu 1,55 hectares. A zona costeira do Piauí a Pernambuco tem 11,1 mil hectares de viveiros de camarão e o incremento na cobertura de mangue foi de 17,4 mil hectares, totalizando 61 mil hectares de manguezal na área monitorada. “Essa relação sugere que pode existir uma complementação positiva entre o cultivo de camarão e o ecossistema onde ele está instalado”, reforça. Valoração Costeiros Outra proposta que coaduna com a visão da sustentabilidade é o Programa de Valoração das Regiões Costeiras, objetivando não só a identificação dos impactos ambientais causados sobre os ecossistemas de manguezais, mas também a capacidade de mensuração e valoração dos referidos impactos. Os estados que apresentam programas significativos nesta direção são Santa Catarina e Bahia. Os pesquisadores aplicaram um modelo que se baseia na inter- ferência do homem sobre o ecossistema, e o conjunto de transformações impostas no local, este modelo foi criado pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico – OCDE, Modelo Pressão– Estado–Resposta. Projeto de Valoração Econômica do Recôncavo Baiano Originalmente conhecido como Projeto de Conservação e Valoração Socioeconômica dos Ecossistemas de Manguezais na América Tropical – Recôncavo Baiano, objetiva avaliar as atividades e impactos ambientais ocorrentes nas bacias de drenagem do Recôncavo Baiano que comprometem a manutenção dos ciclos naturais dos manguezais e outros ecossistemas associados. Este projeto proposto pela UNESCO é coordenado pelo MMA e conta com a parceria de IBAMA, IO/ USP, UFBA e CRA. Texto Complementar Valoração e Problemas nos Manguezais De acordo com Schaeffer-Novelli, os manguezais se desenvolvem em regiões costeiras protegidas banhadas pelas marés, e suas maiores estruturas são observadas em áreas onde o relevo topográfico é suave e ocorrem grandes amplitudes de maré. São encontrados em latitudes entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio (zonas tropicais e subtropicais), tanto nas Américas como na África, Ásia e Oceania. No Brasil, os mangues são protegidos por legislação federal devido à importância que representam para o ambiente marinho. São fundamentais para a procriação e o crescimento dos filhotes de vários animais, como rota migratória de aves e alimentação de peixes. Além disso, colaboram para o enriquecimento das águas marinhas com sais nutrientes e matéria orgânica. Os manguezais possuem elevada produtividade biológica, pois neste ecossistema encontram-se representantes do elo da cadeia alimentar. As folhas que caem das árvores se misturam com o sedimento e os excrementos dos animais, vertebrados e invertebrados, formando compostos orgânicos de vital importância paras as bactérias, fungos e protozoários. Os próximos níveis da cadeia alimentar são constituídos por integrantes do plâncton, dos bentos e do necton, como crustáceos, moluscos, peixes, aves e até pelo homem, no topo da pirâmide. Os manguezais estão entre os principais responsáveis pela manutenção de boa parte das atividades pesqueiras das regiões tropicais. Servem de refúgio natural para a reprodução e desenvolvimento (berçá- 61 62 rio), assim como local para alimentação e proteção para crustáceos, moluscos e peixes de valor comercial. Além destas funções, os manguezais ainda contribuem para a sobrevivência de aves, répteis e mamíferos, muitos deles integrando as listas de espécies ameaçadas ou em risco de extinção. Devido à grande importância econômica dos manguezais, estes ambientes são degradados diariamente pela ação e ocupação do homem. Essa ocupação desordenada deve-se principalmente ao fato desses locais apresentarem condições favoráveis à instalação de empreendimentos os quais normalmente visam atender interesses particulares. Entre as condições favoráveis, destaca-se, segundo Schaeffer-Novelli (1995): 1. Oferta quase ilimitada de água, insumo importante para indústria, como a siderúrgica, a petroquímica e as centrais nucleares. 2. Possibilidade de fácil despejo de rejeitos sanitários, industriais, agrícolas e/ou de mineração. 3. Proximidade de portos, que facilitam a importação de matéria-prima para a transformação e a exportação de produtos, diminuindo custos de carga e transporte. 4. Pressão do mercado imobiliário. 5. Construção de marinas. As áreas de manguezais, devido às várias atividades, sofrem grandes impactos causados pelas populações caboclas que vivem no litoral, que desenvolvem atividades como a pesca e a coleta de siris, caranguejos e sururus, contribuindo significativamente para o sustento destas populações. Estas comunidades litorâneas também costumam se alimentar de aves costeiras (inclusive aves ameaçadas de extinção), primatas, assim como de alguns répteis tais como lagartos e tartarugas, e de seus respectivos ovos. A flora também tem sido explorada: as árvores do manguezal são utilizadas para obtenção de madeira para construção de barcos, casas, cercados, armadilhas de pesca, além de servirem para produção de combustível na forma de carvão. Segundo Rodrigues Teixeira, além da exploração da fauna e da flora, o solo do manguezal também é explorado: a argila é utilizada por olarias para produção de telhas e tijolos de cerâmica. Essa retirada de sedimentos argilosos poderá no futuro comprometer a estrutura do fundo dos canais afetando também a fauna associada a este sedimento. O processo de exploração do turismo tem como consequência a expansão imobiliária em áreas de manguezal. Estes empreendimentos podem no entanto levar ao aterro dos manguezais assim como a extinção da fauna e da flora de maneira irreversível. Com a grande degradação e vital importância que os manguezais apresentam, é de extrema urgência que haja uma legislação mais rígida em relação a exploração dos recursos naturais visando técnicas sustentáveis. No nível federal estão incluídos no artigo 2 do Código Florestal e no Decreto Federal 750/1993 de tombamento da Floresta Atlântica, como ecossistema associado. Em alguns casos são considerados como preservação permanente com isso havendo uma maior conservação deste ecossistema. Existem também inúmeros projetos de recuperação de manguezais que antes serviam como entulho de lixo ou até mesmo aqueles que sofreram aterro por empreendimentos imobiliários. Há também programas de conservação de fauna e flora que geram fluxos de energias que subisidiam a cadeia alimentar e dão suporte aos recursos pesqueiros, assim sendo de extrema importância para a manutenção destes ecossistemas. O Ibama executa o projeto "Dinâmica Ambiental do Sistema Coralíno de Abrolhos", que visa identificar as fontes de impacto sobre os ambientes costeiros (manguezais e matas de restinga) e sobre o sistema coralíno de Abrolhos a fim de minimizar esses impactos e definir porções representativas destes ambientes para a preservação em unidades de conservação. Fonte: www.unisantos.br 4.10 - Restingas Características Geográficas reiras, barras, esporões e tômbulos (Suguio & Martin, 1990). O conceito de restingas pode variar dependendo do aspecto considerado. O termo pode ser usado com sentido náutico (Caldas Aulete, 1980), significando um banco de areia ou pedra em alto mar, constituindo um obstáculo à navegação, ou com conotação geomorfológica, onde, restinga refere-se a vários tipos de depósitos arenosos costeiros, de origem bastante variada como, por exemplo, cristas praiais, praias bar- A formação destes depósitos arenosos é de origem quaternária e, através de diversas pesquisas realizadas no litoral Sul e Sudeste do Brasil, tornou-se clara a compreensão das características geomorfológicas de amplas áreas de sedimentação. Seus solos são chamados de Neossolos Quartzarênicos (EMBRAPA, 2007). 63 Fonte: LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2004. Características Gerais Restinga é um termo empregado para designar as planícies litorâneas cobertas por deposição marinha, resultante do recuo dos níveis de oceanos há cerca de 5 mil anos, durante o Quaternário. Estas florestas pluviais associadas ao domínio atlântico têm poucos remanescentes preservados em unidade de conservação principalmente pela ocupação urbana das planícies litorâneas. Características Biológicas Flora: Na linha de praia das planícies litorâneas se estabelece uma vegetação adaptada às condições salinas e arenosas sob influências de marés, denominada halófila-psamófila, com espécies herbáceas reptantes, com sistemas radiculares amplos. Após esta faixa, sobre cordões mais estáveis, encontra-se uma vegetação arbustiva e arbórea densa, denominada jundu, com muitas bromélias terrícolas. Nos terraços marinhos é comum a ocorrência de áreas temporariamente inundadas, que suportam florestas de várzea. Entre os cordões há depressão que pode ser permanentemente úmida, sustentando florestas paludosas, com poucas espécies arbóreas adaptadas e muitas bromélias sobre o solo encharcado. Nas bacias de solo orgânico tanto se desenvolve a floresta paludosa quanto os campos monoespecíficos de taboa ou de lírio do brejo. Este conjunto de formações sobre a planície litorânea estabelece um mosaico de granulação variável, ampliando sua diversidade biológica. Fauna: A fauna de mamíferos e de aves que ocorre nas florestas sobre a restinga é similar à da Mata Atlântica, 64 indicando interações associadas às alternativas temporais e espaciais de recursos alimentícios, de abrigo e de nidificação. Alternativas para a Sustentabilidade Para conter a degradação de restingas, garantindo, especialmente, que estas possam continuar exercendo sua importante função ambiental de fixadoras de dunas e estabilizadoras de manguezais, o Código Florestal brasileiro (Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965) enquadra as restingas como Áreas de Preservação Permanente – APP, não podendo as mesmas serem devastadas, conforme seu art.2º, alínea "f". A Resolução Conama 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de APP, estabelece que constitui APP a área situada nas restingas: em faixa mínima de 300 m, medidos a partir da linha de preamar máxima; ou em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues (Fonte: wikipédia e IBAMA). Quadro-Síntese Nessa unidade apresentamos os Biomas Brasileiros, seguindo os seguintes critérios: 1. Características geográficas 2. Características gerais 3. Características biológicas 4. Alternativas para a sustentabilidade Exercícios de Fixação 1. Identifique as principais ações que promovem a sustentabilidade na floresta atlântica. 2. Como a dinâmica das águas interfere no BIOMA PANTANAL? 3. Justifique o fato do oceano ser identificado com o “Pulmão do Mundo”. 4. Comente as principais características dos organismos formadores do Plâncton. 5. Por que os manguezais são considerados o berçário dos oceanos? Dicas de Estudo Sugiro que aprofunde seus estudos navegando pelos sites abaixo que permitirão uma maior visualização dos Biomas Brasileiros. www.ambientebrasil.com.br www.defesanet.com.br www.mma.gov.br Leitura Complementar Foram sugeridos textos e sites ao longo de cada subunidade sobre os biomas brasileiros. 65 Se você: 1) 2) 3) 4) concluiu o estudo deste guia; participou dos encontros; fez contato com seu tutor; realizou as atividades previstas; Então, você está preparado para as avaliações. Parabéns! 66 Gabarito Unidade I 1) a) Conceito de Desenvolvimento Sustentável. Esse conceito não consegue alcançar a sua plenitude em virtude do modelo inadequado de desenvolvimento econômico, e provoca um desequilíbrio muito evidente no meio ambiente. b) Sustentabilidade democrática. No exemplo citado poderíamos apresentar soluções alternativas tais como: reciclagem de papel; água de reuso na produção; impressão obrigatoriamente dos dois lados das folhas; plantio de eucalipto consorciado com outras culturas. 2) Matriz da Eficiência: está baseada numa proposta tecnicista, ou seja, o homem será capaz de resolver os problemas ambientais através do uso de novas tecnologias. O conceito implícito é o de Desenvolvimento Sustentável. Matriz da Equidade: busca soluções alternativas para causar menos impactos ao meio ambiente. Tem implícita na sua proposta a sustentabilidade e contempla formas alternativas de desenvolvimento. 3) Foi desastrosa. O Brasil vivia no regime militar e queria alcançar o desenvolvimento dos países de 1º mundo. Isso foi traduzido na postura dos nossos representantes em estimular empresas extremamente poluidoras a virem instalar suas fábricas em nosso país. Ficamos muito mal vistos no cenário ambiental mundial. 4) Essa ideologia argumenta que podemos utilizar os recursos ambientais uma vez que teremos a capacidade de recuperá-los através da utilização de novas tecnologias. Mesmo que lancemos resíduos na água poderemos despoluí-la com as estações de tratamento. 5) Poluição dos rios, ocupação das encostas, violência urbana, desmatamento. Unidade II 1) Vantagens: energia limpa em sua geração; pode ser instalada em rios brasileiros que possuem pouca declividade, energia renovável; Desvantagens: muito impactante em sua instalação; depende de regimes regulares de chuvas; alaga grandes áreas. 2) Energia eólica: gera eletricidade a partir dos moinhos de vento. Depende de locais em que haja ventos de forma continua; interferem em transmissões de rádio e tv. Como vantagens: fácil instalação e distribuição; renovável; sem resíduos. 3) Com a sua queima, promove o aquecimento global; impacta o ambiente com poluentes podendo gerar as chuvas ácidas. Pode poluir rios e lagos na sua extração e distribuição. 4) O carvão mineral gera dióxido de enxofre e óxido nítrico, ambos combinados com a água formam a chuva ácida. 5) O parque hidroelétrico brasileiro é muito significativo na geração de energia, quando temos um período de seca prolongado diminuímos a capacidade de geração de energia pela pouca quantidade de água nas turbinas. Unidade III 1) Essa expressão reflete o fato de que devemos nos preocupar com os problemas ambientais do mundo mas devemos concentrar as ações nos problemas locais, interferindo, assim, na melhoria de qualidade de vida da população. 2) Os programas de Educação Ambiental devem contemplar um momento de avaliação para garantir a efetividade do mesmo. As ações devem ser interdisciplinares para envolver diversos segmentos de ensino. 3) 1- Realizado diretamente em algum ambiente natural (vivências no campo). 2- Estudar aspectos do meio ambiente, normalmente com ênfase em ecologia. 3- Contempla uma EA mais enriquecedora e com um enfoque abrangente, deve contemplar questões de saúde, moradia, educação etc. Unidade IV 1) Transformar a floresta em área de preservação permanente. Criação de novas unidades de conservação. Programas de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. 2) É fundamental para o equilíbrio desse ecossistema, uma vez que garante a fertilidade do solo, a reprodução de muitos animais e vegetais e o abastecimento da região. 3) Nesse ambiente concentram-se as algas unicelulares que são os organismo com a maior eficiência ecológica na produção de O2. São responsáveis pela produção de 90% do oxigênio presente na atmosfera. 4) São organismos sem capacidade de vencer as correntes (errantes), produzem a maior taxa de biomassa, sendo a base da cadeia alimentar marinha e são o pulmão do mundo. 5) Nesse ambiente, temos águas calmas, com salinidade intermediária e com muitas raízes, esse cenário favorece à desova de muitos animais aquáticos e consequentemente leva esse título. 67 68 Referências Bibliográficas AULETE, Francisco Júlio Caldas. Dicionário Caldas Aulete. Editora Nova Fronteira, São Paulo, 1980. BRANCO, S.M. O Meio Ambiente em Debate. São Paulo: Moderna, 1997. BRUGGER, P. Educação ou Adestramento Ambiental. São Paulo: Letras Contemporâneas, 1999. REVISTA JB ECOLÓGICO v. 4. Ano 2002. Rio de Janeiro: JB, 2002. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA 2007 (Capturado do site da EMBRAPA). FREIRE, G. D. Educação Ambiental. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. KUSPTAS, M. (org.). Ecologia em Debate. São Paulo: Moderna, 1997. LINHARES, Sergio. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2003. LOPES, Sonia. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2004. MAGALHÃES, M.F. Programa de Educação Ambiental e Cidadania – PEAC. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá, 2004. PENNA, C.G. O estado do Planeta. Rio de Janeiro: Record, 1999. REVISTA BRASILEIRA DE ECOLOGIA DO SÉCULO 21. Eco 21. Ano IX, nº 41 – julho/agosto de 1999. Pg. 41 – 42. RUSCHEUNSKY, A. Educação Ambiental. Rio de Janeiro: Artmed, 2002. SUGUIO, K.; MARTIN, L. Formações quaternárias marinhas do litoral paulista e sul fluminense (Quaternary marine formations of the State of São Paulo and southern Rio de Janeiro). In: Internacional Symposium on Coastal Evolution in the Quaternary, São Paulo, 1990. São Paulo, SBG/IGUSP, Special Publication, n.1, 55p. 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