DESENVOLVIMENTO HUMANO E EDUCAÇÃO: ANÁLISE DOS MUNICÍPIOS DE
CAMPO MOURÃO E CORUMBATAÍ DO SUL
Lara Grigoletto Bonini, (PPGSeD, Capes), Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
[email protected]
Thaís Serafim, (PPGSeD, Capes), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]
Frank Mezzomo, (PPGSeD, Capes), Unespar – Câmpus de Campo Mourão,
[email protected]
Cristina Satiê de Oliveira Pátaro, (PPGSeD, Capes), Unespar – Câmpus de Campo Mourão ,
[email protected]
RESUMO: A pesquisa busca compreender as abordagens do conceito de desenvolvimento, tendo o
foco na educação enquanto um dos elementos essenciais do Desenvolvimento Humano. Utilizando os
indicadores educacionais dos municípios de Campo Mourão e Corumbataí do Sul, localizados na
Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense. Por meio do Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM), torna-se possível compreender a dinâmica social e o desenvolvimento dos
municípios brasileiros. Entendendo a multidimensionalidade do fenômeno do desenvolvimento, o
presente trabalho, de caráter interdisciplinar, adota as contribuições do paradigma da complexidade.
Ao refletir sobre a escolaridade da população e o acesso às condições educacionais nos municípios,
entende-se que tais valores estão intrinsecamente interligados no tocante à melhoria do
desenvolvimento humano municipal, tendo em vista as especificidades daqueles que vivem em
municípios essencialmente agrícolas.
Palavras-chave: Desenvolvimento. Educação. Interdisciplinaridade.
A presente pesquisa possui como temáticas basilares as diferentes abordagens oriundas do
conceito de desenvolvimento, tendo o foco na educação enquanto elemento essencial, e a análise dos
municípios de Campo Mourão e Corumbataí do Sul, localizados na Mesorregião Centro Ocidental
Paranaense. Deste modo, busca-se compreender o conceito de desenvolvimento, entendendo a
educação como um dos elementos do Desenvolvimento Humano, verificando o processo de
escolarização de jovens dos municípios mencionados acima, utilizando os indicadores educacionais.
Articulações teóricas entre interdisciplinaridade e desenvolvimento
A perspectiva do paradigma da complexidade, presente neste trabalho, entende os fenômenos
humanos e sociais, de modo dialético, como processos complexos, em interação com seu contexto, em
um processo ininterrupto de transformação, e articulados a sentidos e significações múltiplas
(VASCONCELOS, 2007, p. 142). Tendo em vista a multidimensionalidade do fenômeno do
desenvolvimento, reitera-se o intuito de abordá-lo por meio da complexidade, que não se limita a um
conceito ou a estruturas axiomáticas definitivas, mas alimenta-se essencialmente de fatos da vida
natural, social e por um sistema de pensamento abrangente e flexível, não avesso às incertezas, ao
erro, aos conflitos, às transgressões (RODRIGUES, 2006, p. 22).
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Diante da complexidade da realidade social, há uma gama de pesquisadores que compreendem
que as teorias, conceitos e soluções anteriormente considerados suficientes na resolução de problemas
sociais e científicos passam por um crivo crítico, a partir da necessidade de alternativas de produção
do conhecimento científico. Há disciplinas científicas agindo em termos de compartimentos estanques
e territórios exclusivos, acreditando-se independentes da cultura e sociedade que as nutre. Contudo,
são cada vez mais numerosos os que adotam outros paradigmas, outros sistemas de enfoque e geram
novas narrações e cenários onde transcorre a vida social do homem (NAJMANOVICH, 2001, p. 9192).
Como alternativa na organização do conhecimento, a interdisciplinaridade é apresentada na
tentativa de romper com as fronteiras disciplinares e com o sistema educacional fechado em si mesmo
e, por vezes, desligado da realidade social. Não se trata de superação do conhecimento disciplinar, mas
de reconhecer a pertinência e a relevância de outro modo de fazer ciência, de gerar conhecimento,
sobretudo porque a realidade nem sempre pode ser enquadrada dentro do universo de domínio
disciplinar (ALVARENGA et al., 2011).
Para Floriani (2000), a experiência interdisciplinar decorre de uma hibridação ou de um
diálogo de saberes, sendo um exercício teórico que exige a reflexão sobre o processo da pesquisa, um
recurso intelectual que não se esgota em si mesmo. Diante de tais apontamentos, cabe refletir sobre o
conceito de desenvolvimento, afinal, conforme Amaro (2003, p. 37), pode ser entendido como “um
dos conceitos com mais possibilidades de alimentar diálogos (ou confusões) interdisciplinares e de
estabelecer pontes ou rupturas entre a teoria e a prática”, considerado polissêmico e presente em
diversas disciplinas, tornando-se complexo e portador de múltiplas abordagens e versões.
Em termos gerais, há o indicativo de atrelar desenvolvimento ao crescimento econômico,
tendo sido utilizados, inclusive, os indicadores de crescimento econômico para aferir e qualificar o
nível de desenvolvimento dos países (AMARO, 2003, p. 47). O desenvolvimento enquanto progresso
industrial e valorização de renda per capita, entende que o bem-estar da população deve-se apenas aos
incrementos econômicos, como condição necessária e suficiente.
No entanto, há compreensões que vão além do viés economicista, quando preconizam que “o
desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de
ordem econômica, política e, principalmente, humana e social” (OLIVEIRA, 2002, p. 40). A
renovação da perspectiva de desenvolvimento passa por processos que valorizam os aspectos sociais
no centro do protagonismo, elencando nesta compreensão a educação, o acesso à cultura e a liberdade.
Nesse sentido, o enfoque na liberdade humana contrasta com visões mais restritas de
desenvolvimento, como as que identificam desenvolvimento somente como crescimento do Produto
Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou
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modernização social (SEN, 2000, p. 17). Ao associar o conceito de desenvolvimento às necessidades
populacionais e aos direitos humanos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) procura avaliar o bem-estar de uma sociedade ligado diretamente às pessoas, suas
oportunidades e capacidades. A renda é importante, mas como um dos meios do desenvolvimento e
não como seu fim,
o conceito de Desenvolvimento Humano parte do pressuposto de que para aferir o
avanço na qualidade de vida de uma população é preciso ir além do viés puramente
econômico e considerar outras características sociais, culturais e políticas que
influenciam a qualidade da vida humana (PNUD, 2013).
As particularidades sociais, políticas, culturais e econômicas de uma localidade são essenciais
para se entender o processo de desenvolvimento de uma região. Cabe ressaltar que as especificidades
locais devem ser consideradas para atingir o desenvolvimento nos diversos níveis de uma comunidade,
favorecendo o processo de inclusão social. Nesse contexto, o conceito de desenvolvimento local
exprime fundamentalmente o processo de satisfação de necessidades e de melhoria das condições de
vida da comunidade local a partir essencialmente das suas capacidades (AMARO, 2003, p. 57).
De acordo com Haddad (2009), a perspectiva endógena, intrínseca ao conceito de
desenvolvimento local, é concebida e implementada a partir da disposição de determinada comunidade
para a mobilização social e política de recursos humanos, materiais e institucionais. O pesquisador
salienta que o desenvolvimento ocorre quando, na sociedade, se manifesta uma energia capaz de
canalizar, de forma convergente, forças que estavam latentes ou dispersas (HADDAD, 2009, p. 128).
Desse modo, os grupos sociais necessitam compreender seus problemas e suas aspirações e
potencialidades para que se molde uma política de desenvolvimento de forma integrada com as forças
exógenas. As políticas macroeconômicas devem privilegiar os elementos locais para promover o
desenvolvimento, visando ao aproveitamento pleno dos recursos humanos, ambientais e institucionais
da região (OLIVEIRA; LIMA, 2003, p. 32).
A partir do contexto regional do Paraná, cabem algumas reflexões que demonstram
determinadas prioridades por meio da aplicação de políticas macros, relativas, então, aos governos
estadual e federal. Druciaki (2013) ressalta que nos anos de 1990, iniciou-se no Paraná uma tentativa
de desenvolvimento regional calcado numa política neoliberal de gestão territorial, implicando num
plano de interligação das rodovias. Entretanto, tais ações reforçaram as espacialidades concentradas e
na configuração atual do território, o que se percebe é uma grande concentração econômica e
populacional em determinadas regiões e a pouca articulação entre outras. Conforme Druciaki,
das estratégias do estado do Paraná ao longo do tempo, notou-se que o território
ainda não foi capaz de viabilizar um modelo de desenvolvimento regional onde
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fossem atenuadas as mazelas oriundas do histórico modelo concentrador de
investimentos (DRUCIAKI, 2013, p. 142).
Nesse sentido, os municípios que não estão integrados nas políticas de grandes projetos
nacionais são expostos por graves problemas sociais, políticos e econômicos. Em grande parte, os
municípios mais afetados são os considerados como municípios periféricos, que na definição de Rocha
(1999) possuem uma significativa evasão populacional, estagnação econômica, subordinação
hierárquica a outros municípios e regiões, e possuem a população de até cinco mil habitantes.
De acordo com Costa e Rocha (2009, p. 111), os municípios periféricos são, em geral, áreas
de estagnação econômica que dificilmente conseguem se integrar efetivamente na dinâmica econômica
nacional e estadual. A evasão populacional é reflexo das precárias condições econômicas e de longas
décadas de desinteresse político por parte das esferas federal e estadual. Assim, constituem-se em
espaços que necessitam de políticas públicas comprometidas com o desenvolvimento local autogerido
e autossustentado (Idem, p. 112).
Cabe salientar que, do ponto de vista político, o território incorpora um movimento de mão
dupla, sendo um espaço de realização de projetos coletivos e comunitários e também o lugar de
intervenção das políticas, dos poderes públicos e dos agentes produtivos (WANDERLEY, apud IVO,
2012). A superposição de interesses contraditórios de atores sociais no território constituem campos
alternativos de construção de projetos de desenvolvimento, em diferentes escalas (local, nacional e
global), que envolvem movimentos de integração ou exclusão das populações locais preexistentes
(IVO, 2012, p. 201).
Educação e Desenvolvimento Humano
A partir de 1996, evidenciou-se no Brasil, o início de um processo amplo e profundo de
reforma educacional. Conforme afirma Chieco (s.d.), nesse mesmo período, no que tange a esfera
econômica, ocorreu a deliberada inserção do país no mercado internacional crescentemente
competitivo. Nesse quadro, o trabalho e o emprego sofreram significativas alterações, em razão,
sobretudo, das inovações tecnológicas. Surgem então, novas ocupações e, consequentemente, são
exigidas novas competências profissionais, passando a valorizar um novo cidadão trabalhador e capaz
de desempenhar múltiplas funções com responsabilidade e criatividade.
Em contrapartida, nas décadas anteriores, em uma economia pouco competitiva, as exigências
educacionais limitavam-se a uma elite de profissionais altamente qualificados e a uma população
trabalhadora com pouca ou nenhuma escolaridade básica. Atualmente, nota-se maiores condições de
sustentabilidade do desenvolvimento econômico e social e uma universalização da educação básica e
ampliação e melhoria dos níveis de qualificação para o trabalho (CHIECO, s.d.).
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Compreendendo que o desenvolvimento humano se alicerça em três grandes pilares – renda,
saúde e educação – torna-se possível afirmar que o Brasil vem buscando melhorar e consolidar o nível
educacional da população, contribuindo para a elevação do seu índice de desenvolvimento humano
(IDH). Lampreia (s.d.) compreende que a elevação do nível educacional do país, além de atingir a
justiça social, é um pilar das transformações pelas quais o Brasil deve passar a fim de integrar em
condições favoráveis “o novo paradigma produtivo, científico e tecnológico e que determinará, em
larga medida, a capacidade de uma nação de assegurar o bem-estar de sua população ao longo do
tempo” (LAMPREIA, s.d., p.01).
Atentos a tal importância, setores relevantes da comunidade internacional (governos, ONGs,
investidores e agências multilaterais de cooperação e fomento) compreendem a situação da educação
no país como um termômetro para avaliação do potencial de desenvolvimento nacional. Felizmente,
nos últimos anos, as notícias transmitidas a estes setores e à própria sociedade brasileira, têm sido
animadoras, tanto no que diz respeito à elevação do número de crianças e jovens matriculados em
todas as etapas do processo educacional, como na melhora do acesso à educação nas diversas regiões
do país (LAMPREIA, s.d.).
Diante do exposto, entende-se que o aumento da escolaridade média da população e a
melhoria da educação assumem grande importância no que se refere ao desenvolvimento do país,
concordando com Maranhão (s.d.) quando afirma que nenhuma outra variável produz,
simultaneamente, maior impacto sobre a promoção da cidadania, aumento da competitividade e da
produtividade da economia, melhoria da distribuição da renda e equidade social. Por fim, é possível
afirmar que a educação tornou-se o principal condutor e facilitador para o desenvolvimento
sustentável no mundo globalizado, o que por sua vez justifica a importância que o tema assumiu na
agenda da maioria dos países nas últimas décadas (MARANHÃO, s.d.).
Para Paulo Haddad (2009), as novas concepções que buscam explicar a razão pela qual alguns
países e regiões crescem e se desenvolvem mais rapidamente do que os demais ressaltam o
conhecimento como um fator de produção, e a importância de investimentos na educação e criação do
conhecimento e nas atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). O capital humano e as
habilidades de um país ou região determinam o seu crescimento econômico no longo prazo e suas
chances de transformar este crescimento em processos de desenvolvimento (HADDAD, 2009). Nesse
sentido, entendemos que a educação deve ser encarada no quadro de uma nova problemática em que
não apareça apenas como um meio de desenvolvimento, entre outros, mas como um dos elementos
constitutivos e uma das finalidades essenciais desse desenvolvimento (DELORS, 1996).
A importância do capital humano e dos investimentos educacionais está, ainda,
intrinsecamente ligada ao desenvolvimento local. Na perspectiva de um desenvolvimento baseado na
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participação dos membros da sociedade, estimula-se a iniciativa, o trabalho em equipe e as sinergias
locais, sendo preciso ativar os recursos de cada país, mobilizar os saberes e os agentes comunitários.
Em diversos países esta é a melhor via de conseguir e alimentar processos de desenvolvimento
endógeno. Os elementos da estratégia educativa devem, pois, ser concebidos de uma forma
coordenada e complementar, tendo por base comum a busca de um tipo de ensino que, também, se
adapte às circunstâncias locais (DELORS, 1996, p. 83).
Desenvolvimento Humano e Educacional nas cidades de Campo Mourão e Corumbataí do Sul
A partir da caracterização da área de estudo, torna-se possível refletir acerca das dinâmicas
sociais dos municípios de Campo Mourão e Corumbataí do Sul, inclusive quanto aos processos
educacionais que refletem o desenvolvimento humano municipal.
O município de Campo Mourão, cidade de médio porte, conta com população em 2010, de
87.194 habitantes – representando ¼ da população da mesorregião –, sendo que 94,81% da população
concentram-se na área urbana (IBGE). O município está localizado na Mesorregião Centro-Ocidental
Paranaense, constituída por 25 municípios, dos quais Campo Mourão se destaca em função de sua
dimensão populacional e nível de polarização socioeconômica.
Figura 1. Mesorregião Centro Ocidental Paranaense.
Fonte: INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES.
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Campo Mourão é um município essencialmente agrícola, com destaque para o plantio de soja
e milho. Abriga duas cooperativas agrícolas de projeção nacional e a maior cooperativa singular do
mundo (COAMO), além de uma unidade da maior processadora de carnes do mundo (Tyson do
Brasil). A transformação de grãos e a produção frigorífica de carne de frango são importantes fatores
geradores de emprego e renda. Também se destacam no cenário produtivo industrial empresas das
áreas de alimentos, adesivos, eletrônicas e têxteis (MAZZUCHETTI, LIMA, 2012).
Ao refletir sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Campo
Mourão, cabe inicialmente compreender do que trata o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso, a longo
prazo, em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O Relatório
de Desenvolvimento Humano 2014, publicado recente pelo PNUD, no mês de julho de 2014, aponta
que o nível de desenvolvimento no Brasil elevou-se em comparação aos anos anteriores, avaliado
atualmente com IDH de 0,744. As evoluções nas três dimensões do índice (renda, educação e saúde)
demonstram um equilíbrio no ritmo de desenvolvimento do país, suscitando uma melhor perspectiva
de futuro, com uma vida mais longa e saudável (PNUD, 2014).
O Índice de Desenvolvimento Humano do estado do Paraná, de 0,749, em 2010, ocupa o 5º
lugar no ranking estadual, ficando atrás dos estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e
Distrito Federal (PNUD, 2013).
Tendo como foco de análise a dimensão da educação, faz-se importante ressaltar sobre o que
compõe o Índice de Desenvolvimento Humano voltado para a educação. Assim sendo, a proporção de
crianças e jovens, frequentando ou tendo completado determinados ciclos educacionais, indica a
situação da educação entre a população do município, resultando no IDHM Educação.
No que diz respeito ao índice da educação em âmbito nacional, o Brasil apresenta no ano de
2010, o número de 0,637. No Paraná, o Índice de Desenvolvimento Humano na educação é de 0,668,
em 2010 (PNUD, 2013).
Em âmbito municipal, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) segue as
mesmas três dimensões do IDH Global, mas vai além: adequa a metodologia global ao contexto
brasileiro e à disponibilidade de indicadores nacionais. Embora meçam os mesmos fenômenos, os
indicadores levados em conta no IDHM são mais adequados para avaliar o desenvolvimento dos
municípios brasileiros. Sendo assim, o IDHM é um número que varia entre 0 e 1. Quanto mais
próximo de 1, maior o desenvolvimento humano de um município (PNUD, 2013).
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Tabela 1. Dados Índice de Desenvolvimento Humano – 2010;
Localidade
IDH
IDH Educação
Faixa de
Desenvolvimento
Brasil
0,727
0,637
Alto
Paraná
0,749
0,668
Alto
Campo Mourão
0,757
0,689
Alto
Corumbataí do
Sul
0,638
0,520
Médio
Fonte: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Atlas do
Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.
No município de Campo Mourão, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM),
em 2010, é de 0,757. O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM
entre 0,7 e 0, 799). Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação
(com crescimento de 0,107), seguida por Renda e por Longevidade.
Em Campo Mourão, entre 2000 e 2010 a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola
cresceu 12%. Já na década de 1990, a proporção de matrículas no ensino infantil, no período 1991 a
2000, cresceu 114%. A proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino
fundamental cresceu 10% entre 2000 e 2010 e 46% entre os anos de 1991 e 2000.
A proporção de jovens entre 15 e 17 anos com ensino fundamental completo cresceu 9% no
período de 2000 a 2010 e 132% no período de 1991 a 2000. E a proporção de jovens entre 18 e 20
anos com ensino médio completo cresceu 26% entre 2000 e 2010 e 251% no período entre 1991 e
2000. Verifica-se o significativo aumento de jovens que concluíram o ensino médio, entre os anos de
2000 e 2010 no município de Campo Mourão.
Deste modo, entende-se que a escolaridade da população adulta é um importante indicador de
acesso ao conhecimento e também compõe o IDHM Educação. Em 2010, 57% da população de 18
anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 40% o ensino médio. A taxa de
analfabetismo da população de 18 anos ou mais diminuiu 9% nas últimas duas décadas. Sendo que,
das 87.194 pessoas residentes em Campo Mourão, 75.121 são alfabetizadas (IBGE).
No que tange ao município de Corumbataí do Sul, considerado município periférico (ROCHA,
1999), que compõe a Mesorregião Centro Ocidental do Paraná, conta com população de 4.002
habitantes, de acordo com dados do IBGE de 2010, e localiza-se a 51 km de Campo Mourão.
Atualmente a cultura em destaque é a do maracujá com um rendimento médio de 13.333 (Kg/Ha) em
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150 alqueires plantados fazendo do município a capital paranaense do maracujá (IPARDES). A cultura
cafeeira continua presente, porém em menor escala se comparada a década de 1970. Outros cultivos
no município são o trigo, o milho, a soja e demais culturas frutíferas (GOUVEIA; COSTA, 2013).
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Corumbataí do Sul é de 0,638,
tendo como base 2010, de modo que o município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano
Médio (IDHM entre 0,6 e 0,699). Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos
absolutos foi Educação (com crescimento de 0,154), seguida por Renda e por Longevidade.
Sobre os dados educacionais de Corumbataí do Sul, no período de 2000 a 2010, a proporção
de crianças de 5 a 6 anos na escola cresceu 85%, sendo possível considerar um número expressivo de
aumento de crianças frequentando o ensino infantil, e no de período de 1991 e 2000, são 201% a mais
de matrículas.
Considerando que, o ensino fundamental e médio constitui o alicerce da formação de
cidadãos, indivíduos que tenham a possibilidade de participar efetiva e criativamente do contexto
social em que estão inseridos, que possam exercer seus direitos de toda natureza e que tenham
oportunidade de desenvolver-se (RIOS, 1999, p. 19), cabe verificar qual a proporção de frequência
escolar em Corumbataí do Sul.
Entre as crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental,
aumentou 43% no período entre 2000 e 2010, e 177% entre 1991 e 2000. A proporção de jovens entre
15 e 17 anos com ensino fundamental completo, em Corumbataí do Sul, cresceu 45% no período de
2000 a 2010 e 449% entre os anos de 1991 a 2000.
A proporção de jovens entre 18 e 20 anos com ensino médio completo cresceu 24% entre
2000 e 2010 e 788% entre 1991 e 2000. Cabe ressaltar que entre as décadas de 1990 e 2000 o número
de jovens com ensino médio completo alcançou número significativos, sendo possível conjecturar uma
melhoria no acesso ao ensino, bem como uma mudança gradual na cultura e mentalidade dos
munícipes sobre a importância de completar os estudos.
Em 2010, 29% da população de Corumbataí do Sul de 18 anos ou mais havia completado o
ensino fundamental e 16% o ensino médio. A taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais
diminuiu 11% nas últimas duas décadas. Sendo que, das 4.002 pessoas residentes em Corumbataí do
Sul, 3.108 são alfabetizadas (IBGE).
Considerações Finais
O trabalho almejou refletir sobre a abrangência do conceito de desenvolvimento, e destacou o
elemento da educação enquanto um dos pilares primordiais para o alcance de um desenvolvimento
voltado ao protagonismo social. Ao refletir sobre o aumento da escolaridade da população e o acesso
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às condições educacionais nas localidades e municípios, entendeu-se que tais valores estão
intrinsecamente interligados à melhoria do desenvolvimento humano municipal.
Desse modo, faz-se necessário compreender que o bem-estar de uma população e a
oportunidade de obter melhores condições sociais, perpassa a noção de desenvolvimento humano,
tendo na educação o papel essencial nesse processo contínuo, tanto das pessoas como das sociedades
locais e nacionais.
Ao explicitar índices do cenário educacional dos municípios de Campo Mourão e Corumbataí
do Sul, a pesquisa intentou evidenciar a importância da educação para o desenvolvimento humano das
localidades. A educação nos ciclos infantil, fundamental e médio ocupa uma função central na
formação das novas gerações, bem como no desenvolvimento endógeno do município, a partir do
aumento do número de jovens que completam o ciclo educacional.
A educação deve contribuir para o desenvolvimento do ser humano, em seus múltiplos
aspectos, ao longo da trajetória escolar, prepara-se para a elaboração de pensamentos autônomos e
críticos e para a formulação de seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da vida (DELORS, 1996).
A partir da perspectiva do desenvolvimento humano, a educação é a maneira pela qual um
indivíduo adquire não somente conhecimentos, mas habilidades para a vida, contribuindo para a
autonomia, a participação na sociedade, escolhas e formação crítica e ética. Nesse sentido a educação
não é apenas instrumental, preparando para o mercado de trabalho, mas também importante em si
mesma, ajudando as pessoas a tomarem decisões sobre o que realmente importa em suas vidas
(PNUD, 2010).
Há que se pensar em políticas que garantam o acesso e permanência na educação formal de
qualidade, que esta educação tenha abrangência geral de conteúdos científicos e que, ao mesmo
tempo, possa atender as especificidades também daqueles que vivem em municípios essencialmente
agrícolas e distantes dos grandes centros urbanos.
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