Migração Globalização Multietnicidade Migrações são os deslocamentos de grupos humanos que se afastam de suas residências habituais. Podem ser pacíficos, beligerantes, voluntários ou involuntários. Êxodo Rural Êxodo Urbano Intracontinentais Intercontinentais Entre as migrações atuais, podemos distinguir fenômenos muito distintos: Principais causas motivadoras migração internacional: da - a busca de melhores condições de vida para o individuo e sua família; as disparidades de renda entre diversas regiões e dentro de uma determinada região; - as políticas trabalhistas e migratórias dos países de origem e de destino; - os conflitos políticos (que estimulam a migração transfronteiriça, bem como os deslocamentos dentro de um mesmo país); - a degradação do meio-ambiente, incluindo a perda de terras de cultivo, bosques e pastagens (os “refugiados do meio-ambiente”, em sua maioria, se dirigem para as cidades, ao invés de emigrarem para o exterior); - o “êxodo de profissionais” ou migração dos jovens com formação educacional de países em desenvolvimento, para preencher as lacunas da força de trabalho nos países industrializados. O PROCESSO DE IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL Contexto geral da imigração no Brasil A imigração foi incentivada pelo fim do tráfico internacional de escravos, pela expansão da economia e pela necessidade de mão-de-obra. Visando substituir os escravos, o governo brasileiro incentivou a entrada de estrangeiros no País para trabalhar nas fazendas de café do interior de São Paulo, nas indústrias e na zona rural da Região Sul. De 1872 (ano do primeiro censo) até o ano 2000 entraram cerca de seis milhões de imigrantes no Brasil. Imigração no Brasil por nacionalidade (1884 a 1933) Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 226 Imigração no Brasil por nacionalidade (1945 a 1959) Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de janeiro : IBGE, 2000. Apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. p. 226 A imigração Alemã Os primeiros alemães chegaram no Brasil ainda no reinado de D. Pedro I. Estabeleceram-se no Sudeste e no Sul do país onde em 1824 fundaram a colônia de São Leopoldo (RS), no entanto, foi só no século XX que chegou a maior parte de imigrantes alemães e quase todos eles não iam mais para as colônias rurais, pois eram professores, operários, refugiados políticos e trabalhadores urbanos. Quantidades de imigrantes alemães que chegaram no Brasil entre 1824 e 1969 Imigração alemã no Brasil Período Total 1824-47 8.176 1848-72 19.523 1872-79 14.325 1880-89 18.901 1890-99 17.084 1900-09 13.848 1910-19 25.902 1920-29 75.801 1930-39 27.497 1940-49 6.807 1950-59 16.643 1960-69 5.659 Fonte: Mauch, Claudia. Vasconcelos.Naira(Org).Os alemães no sul do Brasil: cultura, etnicidade e história. Canoas: Ed. Ulbra, 1994. p. 165 Motivos da emigração alemã A emigração alemã, como toda emigração européia, se explica pelas grandes transformações sócio-político-econômicas por que passou a Europa no século XIX. A consolidação do Estado Nacional alemão foi de primordial importância para o crescimento do fluxo emigratório. Acrescente-se a isso o fato de que no Brasil do século XIX abriram-se excepcionais condições favorecendo a imigração européia. De fato, na segunda metade daquele século, chegaram os imigrantes europeus com a finalidade de prover mão-de-obra para as lavouras do café e fornecer camponeses para núcleos coloniais que iam sendo criados pelo governo brasileiro. Regiões de origem e destino A origem e a composição regional dos grupos de imigrantes alemães dependiam dos critérios e preferências dos agentes da emigração na Alemanha, enquanto o seu destino no Brasil ficava nas mãos dos receptores brasileiros que os distribuiam, considerando habilidades e interesses políticos e econômicos. A Região Sul foi destinado pelo governo brasileiro para povoamento com colonos alemães. Os colonos alemães adptaram-se ao Brasil sem abdicar de sua cultura, por isto construíram um novo espaço onde mantiveram seu própio estilo de vida, integrando a ele traços da cultura brasileira. Contribuição alemã para a formação da cultura brasileira O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica; contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar; introduziu no país o cultivo do trigo e a criação de suínos. A vida cultural dos imigrantes alemães também teve um papel importante na formação cultural brasileira, especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares, encenações teatrais típicas, corais de igreja, bandas de música e assim por diante. A imigração Italiana Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos econômicos e sócioculturais. Os primeiros imigrantes deixaram a Itália na época da "grande imigração" (1870-1920). A emigração era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1860 e 1920. Imigração italiana para o Brasil Período 1884-93 1894-03 1904-13 1914-23 1924-33 1945-49 1950-54 1955-59 Nº 510.533 537.784 196.521 86.320 70.177 15.312 59.785 31.263 Fonte: (IBGE) O destino dos imigrantes foram as fazendas de café de São Paulo e os núcleos de colonização, principalmente os oficiais, localizados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo. Uma terceira parte de imigrantes localizou-se nas cidades, como o Rio de Janeiro e São Paulo, adensadas por indivíduos que abandonavam o campo, reemigravam de outros países ou mesmo burlavam a vigilância, não seguindo para o interior. Imigração subvencionada A imigração subvencionada se estendeu de 1870 a 1930 e visava estimular a vinda de imigrantes: as passagens eram financiadas, bem como alojamento e o trabalho inicial no campo ou na lavoura. Os imigrantes se comprometiam com contratos que estabeleciam não só o local para onde se dirigiriam, como igualmente as condições de trabalho a que se submeteriam. Imigração subvencionada Como a imigração subvencionada estimulava a vinda de famílias, e não de indivíduos isolados, nesse período chegavam famílias numerosas, de cerca de uma dúzia de pessoas, e integradas por homens, mulheres e crianças de mais de uma geração. Declínio da imigração italiana As contínuas notícias de trabalho semi-escravo e condições indignas nas fazendas de café do Brasil fizeram com que a imigração de italianos para o país caísse, e se desviasse para os EUA e Argentina. Na década de 1920, o ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, passou a controlar a emigração italiana. Paralelamente, o país recebeu ajudas financeiras através do Plano Marshall, que obrigou a permanência de trabalhadores para reconstruir a Itália. Declínio da imigração italiana No Brasil, com o excesso de mão-de-obra, o então presidente Getúlio Vargas decreta, em 1934, a Lei de Cotas de Imigração, que dificultava a entrada de estrangeiros no País. Contribuição italiana para a formação da cultura brasileira A contribuição destes imigrantes extrapolou as atividades profissionais; foi imensa a transformação na culinária, vestuário, língua, esportes, religião. Contribuição italiana para a formação da cultura brasileira Suas raízes culturais eram preservadas em todas as colônias. Em São Paulo, nos bairros do Brás e do Bixiga, a cultura italiana está por toda a parte: nos santos de devoção, nas inúmeras cantinas e no time de futebol Palestra Itália, hoje Palmeiras. Contribuição italiana para a formação da cultura brasileira A imigração italiana no Brasil também serviu de inspiração para várias obras artísticas, televisivas e cinematográficas, como as telenovelas Terra Nostra e Esperança, e o filme O Quatrilho, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro. A imigração japonesa A emigração de trabalhadores japoneses para outros países teve início na década de 1870, bem antes de sua vinda para o Brasil. O Japão então passava pela Restauração Meiji (1868), o que implicou mudanças econômicas e políticas que inseriram o país no mundo moderno. Resistências à imigração japonesa “a perigosa tentação de ir buscar braços a outro viveiro de raças inferiores prolíficas embriaga muitos espíritos”, e concluía com “um Brasil europeu e não asiático, uma nação e não uma colônia, eis aí o seguro porvir da Antiga América portuguesa” “se a escória da Europa não nos convém, menos nos convirá a da China e do Japão”, e que “o chim é bom, obediente, ganha muito pouco, trabalha muito, apanha quando é necessário, e quando tem saudades da pátria enforca-se ou vai embora” Resistências à imigração japonesa Apesar da preocupação com a escassez de mão-de-obra, o governo brasileiro não incentivou a imigração de trabalhadores japoneses. Durante todo o século XIX, predominou na sociedade brasileira o ideal de branqueamento da população que era não só visto como possível de ser realizado, como igualmente desejável para que nos tornássemos um país "civilizado“, por este motivo, nos debates das elites brasileiras sobre a imigração, era forte a resistência à entrada de asiáticos no país. 2º GUERRA MUNDIAL BRASIL X ALIADOS Centenário da imigração japonesa Em 2008, comemoramos 100 anos da imigração japonesa. Foi em 18 de junho de 1908, que chegou ao porto de Santos o Kasato Maru, navio que trouxe 165 famílias de japoneses. A grande parte destes imigrantes era formada por camponeses de regiões pobres do norte e sul do Japão, que vieram trabalhar nas prósperas fazendas de café do oeste do estado de São Paulo. Principais regiões de destino Distribuição dos imigrantes oriundos do Japão, naturais e brasileiros, segundo as Unidades da Federação - 1940/1950 (Regiões selecionadas) Unidade da Federação Dados absolutos Proporções por 100.000 1940 1950 1940 1950 Amazonas 305 201 211 156 Pará 467 421 323 326 Minas Gerais 893 917 618 710 Rio de Janeiro 380 1.086 263 841 Distrito Federal 538 392 372 303 132.216 108.912 91.484 84.302 Paraná 8.064 15.393 5.580 11.915 Mato Grosso 1.128 1.172 780 907 144.523 129.192 100.000 100.000 São Paulo Brasil Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000 Contribuição japonesa para a formação da cultura brasileira Os imigrantes japoneses aperfeiçoaram as técnicas agrícolas e de pesca dos brasileiros. É notável o seu trabalho na aclimatação ou desenvolvimento de vários tipos de frutas e vegetais antes desconhecidos no Brasil, entre os quais o caqui, a maçã Fuji e a mexerica poncã. A diáspora japonesa forneceu uma porta de entrada para a influência cultural japonesa no Brasil que se destaca na tecnologia agrícola, culinária, esportes (judô, jiu-jitsu, caratê), mangás, seriados de televisão e outros aspectos. Contribuição japonesa para a formação da cultura brasileira O bairro paulistano da Liberdade representa um pedaço do Japão com vários pórticos vermelhos de templos xintoístas. Restaurantes de yakisoba e de sushi competem com os karaokê e mercados nos quais se pode comprar o natô e vários tipos de molho de soja. Até mesmo o drinque brasileiro mais famoso, a caipirinha, ganhou uma versão japonesa com saquê: a sakerinha. Conclusão O processo imigratório foi de extrema importância para a formação social, econômica e cultura brasileira. Esta, foi, ao longo dos anos, incorporando características dos quatro cantos do mundo. Basta pararmos para pensar nas influências trazidas pelos imigrantes, que teremos um leque enorme de resultados: o idioma português, a culinária italiana, as técnicas agrícolas alemãs, as doutrinas japonesas e muito mais. Graças a todos eles, temos um país de múltiplas cores e sabores. Um povo lindo com uma cultura diversificada e de grande valor histórico.