Psicologia II No outro artigo, disse que a Psicologia é uma ciência da mais alta importância, mas que, de um modo geral, nossa educação é muito materialista, de modo que, não estamos acostumados a avaliar o peso que nossas emoções têm nessas decisões e escolhas. E disse, ainda, que esses processos estão bastante estudados e há muita informação útil para nós e que a melhor coisa a fazer é buscar essas informações, pois precisamos cuidar da nossa “mente”, das nossas emoções, como cuidamos do corpo. Aliás, talvez seja a coisa que deveríamos cuidar mais e primeiro. Cuidar das emoções e do nosso dia a dia, deve ser como escovar os dentes: uma higiene mental diária. A primeira coisa que devemos ter em mente, na busca dessa “higiene mental” é entender que o fator psicológico é de grande peso nas nossas vidas. Não só de nossas vidas como indivíduos, mas no destino dos grupos sociais e mesmo das nações e da humanidade. Queria, a esse respeito, mostra um trecho de um livro chamado “Psico-Higiene e Psicologia Institucional”, do José Bleger: “ Creio que a Psicologia deixou de ser um conhecimento „de luxo‟ e passou a ser uma necessidade impreterível, porque conhecemos as leis que regem o movimento de um objeto, mas não conhecemos ainda bem as leis psicológicas que regem a vida humana. E creio que delas dependem, em certa medida, as situações de enorme tensão que estamos vivendo na atualidade, (...), situações caóticas que podem chegar ao autoextermínio de grande parte da humanidade...” E isso foi dito em 1962! Só que, infelizmente, esse texto ainda é atual, vide a guerra no oriente, disputas de idéias e ideologias, Saddam X Bush e essa coisa toda. Digo isso só para frisar que o coletivo também está sob a influência da Psicologia dos indivíduos e dos processos de grupos, mas o nosso enfoque nessa coluna vai se ater à abordagem individual. Para começar a ilustrar a importância dos fatores emocionais em nossas vidas e a necessidade prática darmos atenção a esse assunto, gostaria de comentar rapidinho com vocês um exemplo bem simples: o amor e nossos relacionamentos amorosos. Enquanto o tema do amor é considerado, por muitos, uma coisa para românticos e que não é um assunto para o dia-a-dia, a verdade observada nesse mesmo dia-a-dia é bem diferente. Observem a imensa quantidade de revistas, novelas, músicas, e tudo o mais sobre o assunto. Observe o quando as pessoas gastam de tempo, energia e dinheiro para ficarem mais bonitas e sedutoras. Segundo pesquisas recentes, 92% das pessoas se casa pelo menos uma vez na vida. E é muito fácil notar as conseqüências de um amor que não está dando certo: nosso apetite se altera, o sono, a concentração, o humor... Como o apetite, humor, digestão e muitas funções orgânicas ficam afetadas, nos enfraquecemos e acabamos tendo problemas de saúde (as pessoas que se casam ou mantém relacionamentos estáveis, vivem mais). E como nosso humor, concentração, disposição e interesse ficam abalados, podemos ter sérios problemas com nossos relacionamentos sociais e nosso desempenho no emprego cai, podendo abalar ou mesmo perder amigos e o emprego. Sem falar que ficamos descuidados e aumentamos comportamentos de risco, como comer demais, beber e fumar excessivamente. Então, é isso... pensar e se preocupar com nossa vida amorosa, por exemplo, não é uma preocupação que só deve afetar os românticos ou as pessoas fúteis, que não se ocupam com as coisas sérias da vida, como produção, emprego e dinheiro. Ter saúde não é só de não estar doente, de não estar com algum “micróbio nos atacando”, mas a base de nossa saúde e nosso bem estar depende, primeiramente, de cuidados atenciosos e constantes, boas conversas e boas informações, sobre as nossas emoções. Espero ter encorajado o leitor e a leitora a se ocupar mais de si mesmos. João Paulo Correia Lima Psicólogo clínico – 4412-2416 E-mail [email protected]