PROCESSO DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COM E SEM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Leandro REZENDE, Eseba/UFU1 Tiago Soares ALVES, Eseba/UFU2 Solange Rodovalho LIMA, FAEFI/UFU3 Débora Monzani BORBA, FAEFI/UFU4 Jéssica Andrade Coelho MENDES, FAEFI/UFU5 RESUMO: O presente trabalho consiste em um relato de experiência do projeto desenvolvido na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU) em parceria com a Faculdade de Educação Física (FAEFI/UFU) desta instituição. Este projeto tem como objetivo ampliar a formação inicial do graduando em Educação Física, contribuindo com sua capacitação profissional para atuar com alunos com deficiência nas aulas de Educação Física na Educação Infantil e Ensino Fundamental, bem como, com o estudo e investigação das ações desenvolvidas nessa vivência, buscando minimizar as dificuldades detectadas pelos professores de Educação Física, face à política de inclusão. Participam deste projeto professores de Educação Física e alunos com deficiência inseridos na sala de aula regular da Eseba/UFU e professores e alunas bolsistas do curso de graduação em Educação Física da UFU. A metodologia escolhida foi a pesquisa colaborativa, pois favorece o trabalho conjunto entre professores, contribui para a formação reflexiva no contexto escolar e reaproxima pesquisadores universitários e professores da Educação Básica. Dentre os resultados parciais destacam-se a interferência desta experiência na formação inicial das bolsistas; o favorecimento para o desenvolvimento do trabalho pedagógico do 1 Docente na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em educação, e-mail: [email protected]. 2 Docente na Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia. Mestre em educação, e-mail: [email protected]. 3 Docente na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia. Doutora em Educação Especial, e-mail: [email protected]. 4 Acadêmica da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]. 5 Acadêmica da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]. professor; o favorecimento na sistematização dos sequenciadores de aulas e das observações realizadas nas aulas e; a delimitação de novas questões a serem pesquisadas pelo grupo de professores e acadêmicos. Palavras-chave: Inclusão Escolar, Educação Física, Educação Básica e Superior. INTRODUÇÃO: O direito dos alunos com deficiência frequentar uma classe comum da escola regular tem sido uma prática cada vez mais defendida na ampla maioria dos países e muitas reformas educacionais nos sistemas educacionais públicos estão sendo conduzidas para assegurar isso. Nesse contexto, [...] parece não haver mais dúvidas, entre a maioria dos estudiosos e profissionais da área da educação sobre a necessidade de se garantir a democratização do acesso de crianças e jovens com deficiência aos saberes escolares. (LIMA, 2009) Mesmo assim, as discussões ainda não foram suficientemente esgotadas para superar todas as questões e contradições que se colocam a esse respeito e muitas dificuldades ainda necessitam enfrentamento. A referida temática vem sendo, cada vez mais, objeto de discussão nos eventos científicos realizados nos últimos vinte anos, voltados para as áreas de educação e educação especial. Essa discussão deve considerar necessariamente cada contexto social e as ações na realidade cotidiana das instituições educacionais, e orientar-se para um novo paradigma que considere o princípio da diversidade humana de qualquer ordem. Isto é, “... na busca de uma escola pública digna, sem adjetivações, porque deveria ser de qualidade e inclusiva em sua essência” (OLIVEIRA, 2002, p. 304). O documento “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva” do Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 2007) reforça o previsto na Resolução 02/2011 ao recomendar a implementação de políticas públicas para que alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação tenham garantido o acesso, a participação e o aprendizado nas escolas comuns. Esse documento, além de definir os estudantes elegíveis para a Educação Especial, também reforçou os princípios e fundamentos das escolas inclusivas. Nele ficou explicito a necessidade de garantir, entre outras coisas, “a formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar” (BRASIL, 2007, p. 8). Nesse contexto, a formação inicial de professores no âmbito do ensino superior brasileiro para atuar face à política nacional de inclusão escolar representa um dos grandes desafios para os cursos de licenciatura. Esses cursos, atentos ao debate sobre a temática e à política nacional de inclusão escolar tem procurado garantir que seus projetos pedagógicos estejam comprometidos com a necessidade de formar professores preparados para trabalharem com alunos público alvo da educação especial, mais especificamente com os que apresentam alguma deficiência. A Resolução nº 02/2001, do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica, que instituiu as “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica” (BRASIL, 2001), reforçou a necessidade de prover tanto professores do ensino comum, capacitados quanto professores de Educação Especial especializados para o atendimento às necessidades diferenciadas dos alunos (Artigo 8, inciso I). O Parecer do CNE/CES nº 0058/2004 entre as competências e habilidades específicas do graduado em Educação Física determinou: diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência, de grupos e comunidades especiais de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividade atividades físicas, recreativas e esportivas (BRASIL, 2004). Essas recomendações legais em relação às pessoas com deficiência foram reafirmadas no Decreto 6755, no qual se instituiu a Política Nacional de Profissionais do Magistério da Educação Básica e estabeleceu, como um de seus objetivos, a ampliação das oportunidades de formação para o atendimento das políticas de educação especial, alfabetização, educação de jovens e adultos, educação indígena, educação do campo e de populações em situação de risco e vulnerabilidade social (BRASIL, 2009). Firmou-se também, o papel da Universidade como responsável pela formação inicial de professores. Dessa forma, os cursos de graduação em Educação Física devem garantir a preparação dos futuros professores para atuar na educação inclusiva. Destaca-se que a inserção de conteúdos referentes à Educação Física com pessoas com deficiência é fruto de um movimento que se iniciou nos anos 1980, e que possibilitou a abertura de novos campos de trabalho e estudos, a partir dos anos 1990. Apesar desse avanço, vários estudos (SOUSA, 2002; COUTINHO, 1998; LOPES, 1996; AQUINO NETO, 1995; VASILIEV, 1995; FERNANDES, 1992) têm mostrado o despreparo do professor para trabalhar com o aluno com deficiência na Educação Física escolar. Nesse contexto, Carmo (2001), Hort (2012); Silva (2011); Borella (2010, 2008); Oliveira e Takayama (2003) e Gonçalves (2002) pesquisaram mais especificamente sobre a formação de professores no âmbito do ensino superior e explicitaram a presença de lacunas nesse processo de formação. Segundo Carmo, [...] enquanto as outras áreas de conhecimento conseguem com pequenos arranjos metodológicos trabalhar com a diversidade humana no mesmo espaço e tempo, a Educação Física somente tem conseguido este feito em espaços e tempos diferentes. (2001, p. 106) Para ele o conhecimento veiculado por essa área foi historicamente construído tendo como modelo um tipo de homem e de corpo, não considerando a existência concreta e o estatuto histórico das pessoas com deficiência. Em função disso os professores não avançam além das adaptações, arranjos e improvisos dos conhecimentos existentes aos alunos com deficiência. Os profissionais “adaptam tudo, de princípios a regras e à medida que os problemas vão surgindo no interior das práticas novas mudanças vão sendo realizadas visando adequar o inadequado” (CARMO, 2001, p. 107). Dessa forma, atualmente o grande desafio colocado para os profissionais de Educação Física, principalmente os que trabalham em escolas comuns, é o de “[...] conciliar os princípios da educação física adaptada com os princípios da inclusão escolar [...]” (CARMO; SILVA, 2002, p. 17). Na busca pela identificação de aspectos que interferem na formação inicial dos professores, Vieira e Lima (2011) analisaram a formação inicial de professores no curso de graduação em Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia para atuar com alunos com deficiência na educação básica, e constataram que a formação recebida não contribui para que o acadêmico sinta-se preparado para trabalhar com alunos com deficiência na Educação Básica. Nessa pesquisa, ficou claro que a formação de professores tem sido marcada pelo aligeiramento e pela fragmentação do conhecimento e há alguns desafios a serem enfrentados como garantir condições aos futuros professores de trabalharem pedagógica, metodológica e tecnicamente a diversidade humana no mesmo espaço e tempo, sem restringirem-se aos arranjos, adaptações e improvisações dos conhecimentos. Ao deparar com estudos que apontam para o despreparo do professor e de sua formação inicial para o trabalho com o aluno com deficiência na Educação Física escolar, percebe-se que no interior das escolas, existe um significativo número de queixas de profissionais que nela atuam e entre as quais, destaca-se a presença de várias dificuldades no processo de ensino e a aprendizagem dos alunos com deficiência e/ou com necessidades educacionais especiais quando trabalhados em conjunto com os demais alunos das salas comuns das redes de ensino. Essas queixas explicitam tanto o despreparo para trabalhar com esses alunos, a necessidade de obter uma formação continuada específica para tal e a realização de diversos tipos de encaminhamentos para diferentes setores da escola e fora dela, incluindo, nesse aspecto, o processo de investigação e acompanhamento da situação apontada. Durante esse processo de investigação junto aos professores, aos pais e ao próprio aluno, percebe-se que não se trata de uma dificuldade focada unicamente no aluno, mas um conjunto de elementos que, conjugados, resultam na dificuldade no processo de escolarização. Nesse contexto, a Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU), enquanto um Colégio de Aplicação (CAP) que busca cumprir sua função social6 apresenta aspectos relacionados com as condições de trabalho, que, quando comparada com a realidade das demais escolas públicas sinalizam para certos diferenciais. Mesmo vivendo os problemas presentes nas escolas públicas (relacionados à exclusão do aluno, à violência, à falta de cuidado com o espaço físico, à saúde e rotatividade de professores, diversidade cultural etc.), seu espaço físico, seu regime de trabalho, seu plano de qualificação professor e sua organização do tempo de trabalho escolar são alguns dos aspectos que contribuem para o desenvolvimento de iniciativas e ações na busca constante de práticas pedagógicas voltadas para a formação integral do aluno e para atingir aos objetivos propostos pelo paradigma da Educação Inclusiva. 6 Conforme a regulamentação do MEC, os CAPs tem sua função social definida no contexto da universidade que é o ensino, pesquisa e extensão, além de contribuir para formação de professores e inovações pedagógicas no processo de produção de conhecimento para a educação básica. Nesse contexto destaca-se que, por medida judicial, a partir de 2014, o processo de seleção e admissão dos alunos foi realizado com uma reserva de vagas para as crianças com deficiência, observando um percentual mínimo de dez por cento (10%), independente das condições administrativas presentes e necessárias para garantir o atendimento desse número juntamente com os demais alunos já matriculados. Essa determinação tem como consequência, em curto prazo, um aumento significativo e progressivo do número de alunos com deficiência nos próximos anos e, ao mesmo tempo, a necessidade de a Escola adequar-se administrativamente, profissionalmente e pedagogicamente a essa realidade. Se por um lado, percebe-se a materialização dessas iniciativas e ações tanto no sentido ampliar as possibilidades de intervenção no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais (espaço institucional para realização de encontros, reuniões e planejamento com os profissionais que trabalham com aluno e/ou nível de ensino, constituição de Grupos de Estudos, participação em Núcleos de Estudo e Pesquisa interno e externo a Escola), quanto na construção de parcerias para contribuir com a formação inicial e continuada do professor frente às situações cotidianas das aulas do ensino regular em que estão inseridos esses alunos (supervisão e orientação no planejamento do estagiário de licenciaturas; participação de políticas internas da UFU para formação inicial e continuada – Programa Institucional de Iniciação à Docência, Rede Nacional de Formação Continuada, Estagiários Bolsistas da Pró-reitora de Graduação). Por outro lado, as intervenções judiciais, complexidades e contradições sociais presentes no cotidiano escolar também estão presentes e têm aumentado ainda mais a necessidade do resgate do sentido e do significado das ações professores, em função da sua importância para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem do aluno. Para o professor de Educação Física essa realidade não é diferente, os interesses colocados pela sociedade e seu embate frente ao grupo social presente no interior da escola criam dificuldades que são enfrentadas diariamente e provocam tanto nos professores, quanto na comunidade escolar, sensações de impotência diante estas dificuldade, aos desafios e à necessidade de apoio específico para auxílio na tarefa educacional com os alunos com deficiência e/ou necessidade educacional especial. Percebe-se que à medida que os professores contam com um mínimo de apoio específico de parceiros, sejam outros profissionais ou até mesmo estagiários, é possível estabelecer outro olhar para as dificuldades apresentadas, pois novos diálogos são efetivados no sentido de discutir, planejar e efetivar estratégias que auxiliem na contemplação das diferenças e necessidades dos alunos com deficiência, minimizando as dificuldades anteriormente detectadas. Diante disso, o presente projeto, além de complementar a formação inicial recebida pelo acadêmico no curso de graduação em Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia no planejamento, vivência e construção de experiências de ensino e aprendizagem com alunos com deficiência nas aulas de Educação Física inseridos em salas de aula da Educação Infantil e Ensino Fundamental da Eseba/UFU; será uma oportunidade de contribuir com o estudo e com a investigação de aspectos voltados para a inserção e participação efetiva dos alunos com deficiência no processo de ensino e aprendizagem da Educação Física nessa escola regular e de construir parcerias que possibilitem a implementação de ações e estratégias no processo de ensino e aprendizagem a que venham ratificar a busca por uma educação inclusiva entre todos os alunos inseridos na sala de aula regular. OBJETIVOS: No trabalho desenvolvido, pretendíamos ampliar a formação inicial do graduando em Educação Física, contribuindo com sua formação profissional para atuar com alunos com deficiência na Educação Básica, bem como com o estudo e investigação das ações desenvolvidas nessa vivência, buscando minimizar as dificuldades detectadas pelos professores de Educação Física face à política de inclusão. Objetivos Específicos: Propiciar espaço onde os graduandos possam desenvolver junto com os professores de Educação Física da Eseba/UFU, intervenções pedagógicas que possibilitem melhorias na qualidade da educação oferecida aos alunos, aprendendo com a interlocução teoria/prática. Planejar, aplicar e sistematizar estratégias pedagógicas inovadoras que visem contemplar as diferenças dos alunos na Eseba/UFU e garantir sua participação efetiva nas aulas de Educação Física. Vivenciar experiências de ensino junto aos alunos com deficiência da classe comum da educação básica. Fortalecer o diálogo entre os diferentes atores envolvidos no ensino superior e na educação básica. Divulgar a produção e os resultados dos estudos e das vivências, compartilhando conhecimento práticas e integrando a pesquisa à dinâmica da Universidade e dos sistemas públicos de educação básica. Pesquisar o impacto da colaboração dos bolsistas para inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. METODOLOGIA: O projeto está sendo desenvolvido na Eseba/UFU em parceria com professores da FAEFI/UFU. Os alunos bolsistas, durante vinte horas semanais, acompanham as aulas desse componente nas turmas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental que tem alunos com deficiência. Concomitante a este trabalho, os bolsistas participaram de reuniões de orientação realizadas tanto pela área de Educação Física e Atendimento Educacional Especializado da Eseba/UFU quanto pelos professores da FAEFI/UFU que tenham a interlocução com a sala de aula comum, ou seja, lhe será oportunizado participar de reuniões, planejamentos e outras atividades inerentes à sua atuação com as turmas. A metodologia escolhida foi do tipo pesquisa colaborativo. Em sua acepção original, o conceito de pesquisa colaborativa significa fazer pesquisa “com” os professores e não “sobre” eles (LIEBERMAN, 1986). Entretanto, são várias as correntes de pesquisa que tem em comum fazer “com” os professores e não “sobre” eles, embora todas tenham como pressuposto o reconhecimento das competências e responsabilidades dos professores como autores do contexto da escola. Segundo Catelli (1995), a ideia de colaboração na pesquisa surgiu no contexto educacional americano e derivou da tradicional pesquisa-ação surgida no final dos anos de 1960 e 1970 com os trabalhos implicando os atores do próprio contexto, e no caso da pesquisa educacional as equipes de professores, como forma privilegiada de assegurar o desenvolvimento profissional de todos os envolvidos. No final da década de 1980, as críticas sobre o distanciamento entre a academia e as escolas apontaram para processos de construção de conhecimentos mais ajustados às necessidades da prática, o que envolveria uma maior aproximação entre os pesquisadores e profissionais da educação. Tal contexto agregaria ao sentido inicial dado a colaboração – que era o de favorecer o trabalho conjunto entre professores formandose uma comunidade reflexiva num dado contexto escolar – um segundo sentido, que seria o de favorecer uma reaproximação entre pesquisadores universitários e professores. Essa história aportou à pesquisa colaborativa dois ângulos: de uma parte, tem-se a ênfase no desenvolvimento profissional dos professores da equipe da escola, e aqui se trata especificamente de formação continuada para encorajá-los a examinar suas próprias práticas, refiná-las, e se mobilizar em torno dos problemas que enfrentam na realidade escolar contemporânea etc. De outra parte, ao insistir na reaproximação entre os professores do ensino superior e da educação básica, direciona-se para reduzir o fosso entre teoria e prática, entre conhecimentos acadêmicos e conhecimentos para a ação. Assim, são esses dois aspectos fundamentais que caracterizam a pesquisa colaborativa: formação e pesquisa. A avaliação vem sendo realizada processualmente por meio de registros de aula, utilização de instrumentos de avaliações, encontros periódicos dos professores da Eseba/UFU e FAEFI/UFU envolvidos com o projeto e com o aluno com deficiência e com pesquisa, diálogos, grupos de estudo. Ao longo do projeto avaliamos suas ações, bem como a construção do conhecimento por parte dos alunos. Nas reuniões periódicas com os alunos bolsistas pretendemos investigar junto aos mesmos a efetivação de suas ações no Projeto. Utilizamos um diário de bordo onde os graduandos deverão registrar sua participação nas aulas o desenvolvimento de todas as estratégias, bem como a participação dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. Essa proposta de avaliação contínua do Projeto junto aos graduandos bolsistas e à equipe executora tem como objetivo a constante reestruturação da participação nas aulas, podendo gerar dados que possam contribuir com a participação do aluno com deficiência nas aulas. Além disso, a proposta de reflexões e discussões permanentes sobre a participação e envolvimento dos graduandos nesse processo, bem como as dificuldades enfrentadas por eles, nos apontam caminhos diferentes para a execução do Projeto. RESULTADOS E DISCUSSÕES: No que se refere aos seus resultados, observou-se que esse projeto interferiu na formação acadêmica dos bolsistas, proporcionando a vivência de novas experiências pedagógicas voltadas para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência no contexto escolar, tanto na área de Educação Física, como nas demais áreas de conhecimento da Eseba/UFU que estão envolvidas com o trabalho pedagógico com esses alunos. Esses aspectos, os medos, as possibilidades e a importância de terem vivenciado essas experiências de ensino e aprendizagem enquanto acadêmica foram explicitados em seus relatórios finais, nos quais valorizam a participação, em conjunto com professores, dos estudos, discussões, planejamento, desenvolvimento da aula e o contato direto com alunos deficientes e não deficientes em um mesmo espaço de aprendizagem. Este projeto contribuiu também com o professor de Educação Física, pois contribuiu com: i) a ampliação das discussões e efetivação do planejamento, execução e avaliação das aulas para as salas que apresentam alunos com deficiência a fim de minimizar e/ou superar as dificuldades presentes; ii) a sistematização, os estudos e investigação das ações de ensino e aprendizagem, das estratégias construídas e experimentadas durante sua realização, que favoreceram a apropriação do conhecimento e respeitaram o tempo de aprendizagem do aluno. Veiculação dos resultados do projeto será por publicação de artigo em periódicos científicos da área da Educação e/ou da Educação Especial e apresentação em eventos científicos.Dentre os resultados parciais observados nesses 15 meses de desenvolvimento desse projeto, destacam-se aspectos relacionados com: Interferência na formação inicial das bolsistas: vivência de experiências pedagógicas – planejamento coletivo das aulas a serem ministradas; produção de relatórios, sistematizações e apresentações de trabalhos em eventos científicos; acompanhamento dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física e no Atendimento Educacional Especializado; participação de estudos sobre os desafios e possibilidades dos alunos com deficiência nas aulas de Educação Física na perspectiva da educação inclusiva. Interferência no trabalho pedagógico do professor de Educação Física: ampliação das discussões e efetivação do planejamento, execução e avaliação das aulas; sistematização, estudos e investigação de ações de ensino e aprendizagem que favoreceram o processo de ensino e aprendizagem; reflexões e planejamento de ações que buscam uma maior proximidade entre o planejamento de aulas – avaliação da aula ministrada – interferência dessa avaliação no planejamento da próxima aula. Sistematização de sequenciadores de aula: nesse período foi possível sistematizar as estratégias de ensino de ginástica, jogos, dança e esporte (basquete, badminton, atletismo, vôlei, futebol society) e dos registros decorrentes do planejamento e desenvolvimento destas aulas. Para além destes registros, percebeu-se a necessidade de focalizar as ações a partir de uma análise e avaliação mais aprofundada do planejamento e desenvolvimento das aulas de maneira mais efetiva e coletiva. Nesse aspecto, busca-se uma reorganização do projeto para garantir a presença dos orientadores, professores e bolsistas num mesmo horário para ampliar e aprofundar as análises e avaliações do planejamento das aulas. Identificação de novas questões a serem pesquisadas: novas questões de investigação surgiram e estão ou serão pesquisadas: qual é o impacto desse projeto na formação do acadêmico? Esse projeto está favorecendo a inclusão dos alunos nas aulas de Educação Física? O que já mudou? O que possibilitou a maior participação do aluno nas aulas? Existem barreiras metodológicas no ensino da Educação Física em salas que possuem alunos com deficiência, quais? Quais são as publicações recentes voltadas para a inclusão dos alunos nas aulas de Educação Física?O que podemos concluir é que caminhamos em busca de respostas que possam nos orientar frente a uma clássica questão: Inclusão escolar: é possível? REFERÊNCIAS AQUINO NETO, J. F. de. 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