24 CAPÍTULO 2 - POLIMANTA® DE PE LINEAR: GEOMEMBRANA DE POLIETILENO LINEAR - PEBDL 1. POLIMANTA® PE Linear Engepol É uma geomembrana fabricada com resina de polietileno linear – PEBDL (Polietileno Linear de Baixa Densidade), polímero que lhe confere flexibilidade, além de excelentes resistências mecânica, química e aos raios ultravioleta. Por ser flexível, sua utilização é indicada para obras onde são previstos recalques ou deformações de subsidência do material de apoio da geomembrana, como em coberturas de aterros sanitários e de valas de resíduos, ou no fundo destas obras, onde o terreno pode sofrer acomodação. A POLIMANTA® PE Linear tem coeficiente de dilatação linear menor do que a POLIMANTA® de PEAD, o que significa menor enrugamento da geomembrana, quando exposta ao calor do sol durante a instalação. POLIMANTA® PE Linear em Cobertura de Aterro Sanitário ® 2. Principais Aplicações da POLIMANTA PE Linear x Cobertura de aterros sanitários e valas de resíduos industriais x Cobertura de biodigestores x Reservatórios e lagoas de água potável x Canais e reservatórios para irrigação x Impermeabilização de túneis x Aqüicultura 3. Vantagens da POLIMANTA® PE Linear x Maior flexibilidade x Menor enrugamento durante a instalação x Excelente resistência mecânica x Excelente resistência aos raios ultravioleta x Excelente soldabilidade Manual de Geossintéticos – 3ª edição 25 4. Cobertura de Aterros Sanitários e de Valas de Resíduos Industriais Segundo Koerner, 1999, a flexibilidade é um fator importante nos materiais que compõe a cobertura de aterros e valas, pois pesquisas realizadas, num período de 20 anos, apontaram que as deformações de subsidência podem variar entre 5 a 30%. O objetivo do uso da geomembrana de PE Linear usada na cobertura de aterros é minimizar as infiltrações, após esgotar-se a capacidade de armazenamento do local. Regra geral o projeto de cobertura é específico para cada obra, devido as peculiaridades locais e tipo de resíduo armazenado. O sistema de revestimento da cobertura de aterros é usualmente composto por cinco camadas: coleta de gases gerados, barreira impermeabilizante, camada drenante, camada de proteção ou de solo de cobertura e camada superficial, constituída de solo vegetal. A figura abaixo mostra esta seqüência de camadas, GRI 2003, sendo que na parte (a) as camadas são em solo e agregados naturais e na parte (b) as alternativas em geossintéticos. Seções Transversais de Coberturas de Aterros (From Koerner and Daniel, 1997) Os geossintéticos têm sido uma excelente alternativa de proteção ambiental em paises da Europa e nos Estados Unidos, quando usados na cobertura final de aterros. Em uma estimativa de custos de implantação de cobertura de aterros, feita por Koerner 2001, os serviços de execução da cobertura representam 50% do seu custo total, estando incluídos neste percentual os materiais utilizados. Na substituição dos materiais de construção constituídos por solos e agregados naturais, é que entram os geossintéticos, que oferecem vantagens de economia e rapidez na execução. Para substituir a camada de solo de baixa permeabilidade, que atua como barreira, usa-se uma geomembrana termoplástica. Entre estas geomembranas, uma das mais utilizadas é a de PE Linear – Polietileno Linear de Baixa Densidade, devido as suas características de flexibilidade e resistências mecânicas e químicas. 5. Argila Compactada ou Geomembrana como Barreira em Coberturas ? Até recentemente, na maioria das coberturas de aterros e valas, a argila compactada tem sido empregada na camada que atua como barreira. Um estudo de custo / benefício realizado por Daniel and Koerner, 1992, com argila compactada, geocomposto bentonítico e geomembrana apontou que a escolha técnica mais adequada para a camada de barreira em coberturas é a geomembrana. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 26 A utilização da argila implica em trazê-la de uma jazida, e a menos que esta esteja muito próxima da obra o custo de transporte é significativo. Além disso, deve ser computado o tempo a ser gasto na execução da camada, que geralmente tem espessura mínima de 60 cm, como também o fato de que a obtenção do grau de compactação necessário para que a camada tenha a permeabilidade especificada, dependerá das condições climáticas. Outro fator que deve ser levado em conta é que, para grandes deformações do resíduo / lixo disposto, a camada de argila sofrerá trincas, perdendo sua função como barreira. 6. Características da POLIMANTA® PE Linear 6.1. Matéria Prima A POLIMANTA® PE Linear tem como matéria prima o Polietileno Linear de Baixa Densidade – PEBDL, que apresenta uma densidade menor que o PEAD – Polietileno de Alta Densidade e maior que o PEBD – Polietileno de Baixa Densidade. Devido sua estrutura molecular, possui um comportamento mais próximo do PEAD. As geomembranas de PE Linear possuem aproximadamente 97% de polietileno virgem, na sua formulação, 2,5 % de negro de fumo e 0,5% de traços de termoestabilizantes e antioxidantes; nenhum outro tipo de aditivo é usado. O negro de fumo é responsável pela resistência aos raios ultravioleta e os termoestabilizantes e antioxidantes aumentam significativamente a resistência às intempéries, calor e resistência à degradação. 6.1. Apresentação 6.1.1. POLIMANTA® PE Linear Lisa Espessura mm Largura Comprimento Área Peso Bobina m m m2 Kg 0,5 5,90 100 590 277 0,8 5,90 100 590 443 1,0 5,90 100 590 554 1,5 5,90 50 295 416 Nota: Fabricamos outras espessuras sob consulta. 6.1.2. POLIMANTA® PE Linear Texturizada Espessura mm 1,0 1,5 Largura Comprimento Área Peso Bobina m m m2 Kg 5,90 70 413 458 50 295 490 5,90 Nota: Fabricamos outras espessuras sob consulta. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 27 6.1.3. POLIMANTA® PE Linear com Textura A.R. Espessura mm Largura Comprimento Área Peso Bobina m m m2 Kg 0,8 5,90 100 590 550 1,0 5,90 100 590 687 1,5 5,90 50 295 515 Nota: Fabricamos outras espessuras sob consulta. 7. Propriedades da POLIMANTA® PE Linear 7.1. POLIMANTA® PE Linear – Lisa Propriedades Espessura nominal [mm] Métodos de Ensaio PE Linear - Lisa ASTM D 5199 0,5 0,8 1,0 1,5 ASTM 792 ≤ 0,939 ≤ 0,939 ≤ 0,939 ≤ 0,939 • na Ruptura [kN/m] 13 22 27 40 • Alongamento na Ruptura [%] 800 800 800 800 Densidade [g/cm3] Resistência à Tração ASTM D 6693 Tipo IV Resistência ao Rasgo [N] ASTM D 1004 50 75 100 150 Resistência Puncionamento [N] ASTM D 4833 120 203 250 370 Conteúdo de Negro de Fumo [%] ASTM D 1603 2-3 2-3 2-3 2-3 Dispersão de Negro de Fumo ASTM D 5596 Nota 1 Nota 1 Nota 1 Nota 1 Notas: 1. Dispersão de Negro de Fumo para 10 diferentes amostras: 9 deverão cair Categorias 1 ou 2 e 1 na Categoria 3. 2. Os valores contidos nesta tabela poderão ser alterados sem aviso prévio. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 28 7.2. POLIMANTA® PE Linear Texturizada Propriedades Espessura nominal [mm] Métodos de Ensaio PE Linear – Texturizada ASTM D 5994 1,0 1,5 ASTM 792 ≤ 0,939 ≤ 0,939 • na Ruptura [kN/m] 11 16 • Alongamento na Ruptura [%] 250 250 Densidade [g/cm3] ASTM D 6693 Tipo IV Resistência à Tração Resistência ao Rasgo [N] ASTM D 1004 100 150 Resistência Puncionamento [N] ASTM D 4833 200 300 Conteúdo de Negro de Fumo [%] ASTM D 1603 2-3 2-3 Dispersão de Negro de Fumo ASTM D 5596 Nota 1 Nota 1 Notas: 1. Dispersão de Negro de Fumo para 10 diferentes amostras: 9 deverão cair Categorias 1 ou 2 e 1 na Categoria 3. 2. Os valores contidos nesta tabela poderão ser alterados sem aviso prévio. 7.3. POLIMANTA® PE Linear com Textura A.R. Propriedades Método de Ensaio PE Linear – Texturizada A.R. Espessura nominal [mm] ASTM D 5994 0,8 1,0 1,5 Densidade [g/cm3] ASTM D 792 ≤ 0,939 ≤ 0,939 ≤ 0,939 Resistência à Tração ASTM D 6693 Tipo IV 13 17 25 ≥400 ≥400 ≥400 • na Ruptura [kN/m] • Alongamento na Ruptura [%] Resistência ao Rasgo [N] ASTM D 1004 80 100 150 Resistência ao Puncionamento [N] ASTM D 4833 200 250 375 Conteúdo de Negro de Fumo [%] ASTM D 1603 2-3 2-3 2-3 Dispersão de Negro de Fumo ASTM D 5596 Nota 1 Nota 1 Nota 1 Notas: 1. Dispersão de Negro de Fumo para 10 diferentes amostras: 9 deverão cair Categorias 1 ou 2 e 1 na Categoria 3. 2. Os valores contidos nesta tabela poderão ser alterados sem aviso prévio. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 29 8. Comparação entre as Propriedades do PE Linear e do PVC Métodos de Ensaio POLIMANTA® PE Linear Geomembrana de PVC Espessura ASTM D 5199 mm 1.0** 1.0* Densidade ASTM D 792 g/cm3 0.936** 1.2 – 1.4 Resistência à Tração ASTM D 638 MPa 32** 17* Resistência ao Rasgo ASTM 1004 N 130** 50* ASTM D 4833 N 442** 266* ºC -40 a +60 -10 a +40 Extrusão / Fusão Solda Química / Fusão Excelente Baixa Propriedades Resistência ao Puncionamento Intervalo de Temperatura Admissível Método de Soldagem Resistência UV - * Valores médios extraídos da Tabela 13-6, página 353 do Manual Brasileiro de Geossintéticos, 2004. ** Valores médios extraídos do Laudo 02A/2004, referente aos ensaios realizados no Laboratório de Geossintéticos da Escola de Engenharia de São Carlos – USP. 9. Resistência Química Devido à natureza parafínica das resinas de polietileno, estas são inertes frente à maioria dos produtos químicos comuns. Por outro lado, uma das propriedades que influencia a resistência química é a densidade, por isto, para produtos químicos em geral a resistência química aumenta com o aumento desta. Assim sendo, as geomembranas PEAD apresentam maior resistência química que as de PE Linear. Entretanto, comparações de desempenho entre as geomembranas de PEAD e PE Linear devem ser realizadas com cautela, uma vez que a resistência química, além da densidade, depende também da massa molar, condições de exposição ao meio e outros fatores, que dependem do tipo de obra envolvido. 10. Controle de Qualidade O controle de qualidade da POLIMANTA® PE Linear Engepol é realizado segundo as recomendações do GRI (Geosynthetic Research Institute). A GM 17 é a recomendação usada no controle de qualidade de fabricação das geomembranas lisas e texturizadas de PE Linear (Polietileno Linear ou PEBDL); que estabelece especificações padrão com indicação dos tipos de ensaios para a determinação das propriedades da geomembrana e a freqüência com que os ensaios deverão ser realizados durante a fabricação. As especificações do GRI recomendam as propriedades físicas, mecânicas e químicas mínimas que a geomembrana que está sendo fabricada deve possuir. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 30 10.1. Matéria Prima A petroquímica que fornece a resina utilizada na fabricação da POLIMANTA® PE Linear, envia o certificado de qualidade para cada fornecimento, contendo a densidade e o índice de fluidez da resina. 10.2. Verificação da Qualidade no Laboratório O laboratório da Engepol possui a certificação GAI-LAP do GSI – Geosynthetic Institute da Drexel University – USA, a qual garante que este laboratório realiza os ensaios de controle de qualidade de fabricação rigorosamente dentro dos padrões exigidos internacionalmente. As propriedades que são determinadas e a freqüência com que os ensaios são realizados estão listadas abaixo e seguem as recomendações do GRI – Geosynthetic Research Institute, pertencente ao GSI. Propriedades Espessura (geomembrana lisa) Espessura (geomembrana texturizada) Altura da textura (somente para geomembrana texturizada) Para textura nas duas faces as medidas dos lados são alternadas Densidade Resistência à Tração no Escoamento na Ruptura Alongamento no Escoamento Alongamento na Ruptura Módulo a 2% Resistência ao Rasgo Resistência ao Puncionamento Deformação Axial na Ruptura Conteúdo de Negro de Fumo Dispersão de Negro de Fumo Tempo de Oxidação Indutiva OIT Padrão Envelhecimento no forno a 85o C OIT Padrão Resistência UV OIT a Alta Pressão Métodos de Ensaio Freqüência dos Ensaios ASTM D 5199 ASTM D 5994 Cada bobina GRI GM 12 Cada duas bobinas ASTM D 792/ 1505 90.000 kg ASTM D 6693 Type IV 9.000 kg ASTM D 5323 ASTM D 1004 ASTM D 4833 ASTM D 5617 ASTM D 1603 ASTM D 5596 Para cada formulação 20.000 kg 20.000 kg Para cada formulação 9.000 kg 20.000 kg ASTM D 3895 90.000 kg ASTM D 5721 ASTM D 3895 GRI GM 11 ASTM D 5885 Para cada formulação Para cada formulação 10.3. Certificado de Qualidade A Engepol apresenta o certificado de qualidade para cada carregamento de geomembrana que sai da fábrica, acompanhado do romaneio, como mostra a tabela do item 9.3 do Capítulo 1. O certificado de qualidade apresenta os resultados dos ensaios, de acordo com as freqüências recomendadas pela GM 17, para: espessura, densidade, resistência à tração na ruptura e no escoamento, resistência ao rasgo, resistência ao puncionamento, conteúdo de negro de fumo, dispersão de negro de fumo e altura da textura para geomembranas texturizadas. Manual de Geossintéticos – 3ª edição 31 11. Métodos de Emenda da POLIMANTA® PE Linear Os tipos de solda realizados para emendar os painéis da POLIMANTA® PE Linear, os ensaios para verificação das soldas, a conexão da geomembrana com estrutura de concreto e a modulação são os mesmos utilizados para as geomembranas de PEAD, descritos nos itens 10 a 14 do Capítulo 1. 12. Referências Bibliográficas 12.1. Daniel, D. E. and Koerner, R. M. (1992). “Final Cover Systems in Geotechnical Aspects of Waste Disposal” ed. D.E. Daniel, London: Chapman and Hall, pp. 455496. 12.2. Geosynthetic Research Institute – GRI (2003) “The Questionable Strategy of SoilOnly Landfill Covers” – Geosynthetic Fabrics Report, March, Volume 21, n.2. 12.3. GRI – Geosynthetic Research Institute (2006). “GRI Test Method GM 17 – Test Properties, Testing Frequency and Recommended Warranty for Linear Low Density Polyethylene (LLDPE) Smooth and Textured Geomembranes” – Drexel University – PA – USA, Revision 4. 12.4. Koerner R.M. (1999). “Designing with Geosynthetics” - Fourth Edition. Prentice Hall, N.J. Manual de Geossintéticos – 3ª edição