DANIEL JOÃO DALL’ORSOLETTA FÓSFORO MICROBIANO NO SOLO E DISPONIBILIDADE PARA AS PLANTAS Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciência do Solo da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência do Solo. Orientador: Dr. Luciano Colpo Gatiboni Co-orientadores: Dr. Paulo Cesar Cassol Dra. Analu Mantovani LAGES, SC 2014 D144f Dall’Orsoletta, Daniel João Fósforo microbiano no solo e disponibilidade para as plantas / Daniel João Dall’Orsoletta. – Lages, 2014. 74 p.: il.; 21 cm Orientador: Luciano Colpo Gatiboni Coorientador: Paulo Cesar Cassol Coorientadora: Analu Mantovani Bibliografia: p. 61-72 Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Agroveterinárias, Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Lages, 2014. 1. Fósforo. 2. Biomassa microbiana do solo. 3. Dejeto líquido de suíno. 4. Inibidor da nitrificação. I. Dall’Orsoletta, Daniel João. II. Gatiboni, Luciano Colpo. III. Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de PósGraduação em Ciência do Solo. IV. Título CDD: 631.81 – 20.ed. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial do CAV/ UDESC DANIEL JOÃO DALL’ORSOLETTA FÓSFORO MICROBIANO NO SOLO E DISPONIBILIDADE PARA AS PLANTAS Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciência do Solo da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência do Solo. Banca Examinadora Orientador(a): ________________________________ Prof. Dr. Luciano Colpo Gatiboni Universidade do Estado de Santa Catarina Co-Orientador(a): _____________________________ Prof. Dr. Paulo Cezar Cassol Universidade do Estado de Santa Catarina Co-Orientador(a): _____________________________ Prof. Dr. Analu Mantovani Universidade do Oeste de Santa Catarina Membro: ____________________________________ Prof. Dr. Alvaro Luiz Mafra Universidade do Estado de Santa Catarina Lages, SC, 14/07/2014 Dedico: A minha família, por ser a base forte de onde tiro forças para seguir adiante. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo humor e criatividade, sem os quais não teria forças para enfrentar os desafios a mim impostos. À minha família que incentivou a buscar a realização de meus sonhos e me compreendeu relevando minha ausência. Aos amigos, os quais me apoiaram e acompanharam nesta jornada, tornando possível e divertida esta realização em especial, a Fernando Panison, Cleber Rech e Anderson Vagner. As bolsistas de iniciação científica Joice Heidemann e Bruna Arruda pela colaboração, auxílio, paciência e amizade. Aos voluntários June Ane Favaretto, Jhonathan Orsolin e Jéssica Diandra Stringari, pelo interesse em ajudar e a dedicação no trabalho. Aos colegas de laboratório que pela convivência diária se tornaram muito mais que colegas, em especial a Luciana Patrícia Dias, Djalma Eugênio Shmitt, Gustavo Boitt, Jéssica Kaseker, Alessandra Sá, Wagner Sacomori, Letícia Moro e Clovisson Menotti Boeira de Oliveira. Ao Prof. Luciano Colpo Gatiboni que confiou em meu trabalho e foi muito mais que apenas Orientador. À Laís Villa Demétrio por ser meu porto seguro e tornar meus dias mais belos. Ao Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo e seus professor, pelos ensinamentos adquiridos e a dedicação na arte da docência. A CAPES pela concessão de bolsa de estudo, ao CNPq por financiar o projeto de pesquisa e a UDESC por fornecer ensino gratuito e de qualidade. Às demais pessoas que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho. “A natureza não mente jamais.” Arthur Schopenhauer RESUMO DALL’ORSOLETTA, Daniel João. Fósforo microbiano no solo e disponibilidade para as plantas. 2014. 74f. Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo. Área: Fertilidade e Química do solo. Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Ciências Agroveterinárias, Lages, 2014. O fósforo da biomassa microbiana (Pm) é o mais dinâmico compartimento de fósforo orgânico do solo e sensível às modificações do manejo deste. A dinâmica e disponibilidade do Pm em área sob sistema plantio direto com aplicação de dejeto suíno e inibidor da nitrificação ainda são em grande parte desconhecidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a variação no conteúdo de Pm em solo adubado com diferentes fontes de nutrientes e inibidor da nitrificação durante o cultivo do milho e a disponibilidade desse compartimento para as plantas. Para isso foram conduzidos dois experimentos. No primeiro foi avaliado o Pm durante o cultivo de milho em um Cambissolo Húmico de Lages, SC adubado com adubo mineral ou dejeto de suínos, ambos com e sem inibidor da nitrificação. No segundo experimento foi avaliada em casa de vegetação a absorção de fósforo por plantas de trigo cultivadas em solo submetido ou não à aplicação de biocida para causar a morte da biomassa microbiana do solo e forçar a liberação de Pm em Nitossolo Bruno de Lages, SC. O Pm varia naturalmente durante o cultivo em resposta às flutuações da atividade microbiana, que por sua vez é afetada por condições edáficas e ambientais. No solo estudado, com alto teor de matéria orgânica e fósforo disponível, as diferentes fontes de nutrientes, bem como a utilização de inibidor da nitrificação não alteraram os teores de fósforo microbiano. A morte da biomassa microbiana por ação de biocida não se traduziu em aumentos relevantes de P absorvido pelo trigo, em um período de sete dias. Palavras-chaves: fósforo, biomassa microbiana do solo, dejeto líquido de suíno, inibidor da nitrificação. ABSTRACT DALL'ORSOLETTA, Daniel João. Microbial phosphorus in soil and its availability to plants. 2014. 74f. Master Thesis in Soil Science. Area: Soil Fertility and Chemistry. Santa Catarina State University - Agroveteriny Sciences Center, Lages, 2014. The microbial biomass phosphorus (Pm) is the most dynamic compartment of soil organic phosphorus and it is sensitive to changes in the soil management. The dynamic and availability of Pm in soils under no-tillage with application of swine manure and nitrification inhibitors are still largely unknown. The objective of this study was to evaluate the variation of Pm in soil fertilized with nutrient sources and nitrification inhibitor during corn cultivation, and to determinate the availability of Pm to plants in a greenhouse experiment. Two experiments were conducted in Lages, Southern Brazil, and in the first one, it was evaluated in a field experiment the Pm during corn growth on a Cambissol fertilized with mineral fertilizer or pig slurry, both with and without use of nitrification inhibitor. In second experiment, in a greenhouse, it was evaluated the phosphorus uptake by wheat in a Nitisol submitted or not to the application of biocide to cause the death of the soil microbial biomass and force the release of Pm. The Pm varies naturally during cultivation in response to fluctuations in microbial activity, which in it turn is affected by soil and environmental conditions. In the studied soil, because of high organic matter content and available phosphorus, the different sources of nutrients as well as the use of nitrification inhibitor did not alter the levels of microbial phosphorus. The death of microbial biomass did not increase P uptaked by wheat in a period of seven days. Key-words: phosphorus, soil microbial biomass, liquid swine manure, nitrification inhibitor. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Características químicas da camada de 0-20 cm de profundidade de um Cambissolo Húmico Alumínico onde foi conduzido o experimento. ...................................................... 32 Tabela 2. Composição do dejeto líquido de suínos determinado em base úmida e quantidade de adubação aplicada em um Cambisolo Húmico Alumínico............................................... 33 Tabela 3. Características químicas da camada de 0-20 cm de profundidade de um Nitossolo Bruno Distrófico típico utilizado na condução do experimento. ................................................. 36 Tabela 4. Média dos teores de fósforo microbiano na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilizantes orgânicos ou minerais, com e sem uso de inibidor de nitrificação ...................................................... 40 Tabela 5. Fósforo disponível extraído por resina trocadora de ânions (Pres), Carbono lábil (C-lábil) e Nitrogênio lábil (NLábil) na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilizantes orgânicos ou minerais, com e sem uso de inibidor de nitrificação .............................. 44 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Precipitação pluviométrica semanal, temperatura média dos meses de condução do experimento e épocas de amostragem. ............................................................................ 41 Figura 2. Variação temporal dos teores de fósforo microbiano na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilização, médias de cada amostragem e balanço hídrico do período. ..................................................... 42 Figura 3. Variação temporal dos teores de fósforo microbiano do solo em função da aplicação ou não de biocida. ............... 49 Figura 4. Variação temporal dos teores de fósforo em parte aérea (a) e raiz (b) em plantas de trigo submetidas à aplicação ou não de biocida em quatro épocas de amostragem. ............. 51 Figura 5. Variação temporal da matéria seca de parte aérea (a) e raiz (b) de plantas submetidas à aplicação ou não de biocida, em quatro épocas de amostragem............................................ 54 Figura 6. Fósforo absorvido pela parte aérea (a) e raiz (b) de plantas de trigo submetidas à aplicação ou não de biocida, em quatro épocas de amostragem. ............................................... 56 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................... 21 2 HIPÔTESES .................................................................... 23 3 OBJETIVOS .................................................................... 23 3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................... 23 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................ 23 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................... 24 5 MATERIAL E MÉTODOS ............................................ 31 5.1 EXPERIMENTO I ............................................................ 31 5.2 EXPERIMENTO II ........................................................... 35 6 RESSULTADOS E DISCUSSÃO .................................. 38 6.1 DINÂMICA DO FÓSFORO MICROBIANO DO SOLO DURANTE O CULTIVO DE MILHO EM ÁREA SOB SISTEMA PLANTIO DIRETO. ....................................... 38 6.2 APROVEITAMENTO DO FÓSFORO MICROBIANO DO SOLO PELAS PLANTAS CULTIVADAS. .............. 48 7 CONCLUSÃO ................................................................. 57 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................... 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................... 61 9 APÊNDICES .................................................................... 73 20 21 1 INTRODUÇÃO Os sistemas conservacionistas de manejo do solo, como o sistema plantio direto (SPD), estão entre as práticas que sustentam os altos rendimentos alcançados pela agricultura brasileira moderna. Estes sistemas melhoram as condições do solo, criando um ambiente físico-químico e biológico propício ao bom desenvolvimento radicular e da biomassa microbiana do solo (BMS). Por apresentarem elevado grau de intemperismo e baixa fertilidade natural, os solos de regiões tropicais e subtropicais são altamente dependentes da adição de nutrientes via adubação para sustentar os cultivos agrícolas. Estas adubações, quando com fertilizantes minerais, tem custo elevado e, por isso, é constante a busca por fontes alternativas de nutrientes, entre elas, os resíduos orgânicos. Entre os resíduos utilizados como fertilizante, o dejeto líquido de suínos (DLS) tem grande importância socioeconômica em Santa Catarina por ser abundante em algumas regiões e ter baixo custo. Contudo, quando mal manejado, pode causar sérios problemas ambientais. O DLS fornece além dos nutrientes essenciais ao desenvolvimento vegetal, carbono (C), aumentando as formas lábeis de matéria orgânica (MO) no solo e esta, por sua vez, é substrato para a ação microbiana. Os microrganismos mediam as reações bioquímicas de disponibilidade de vários nutrientes no solo, mas quanto à disponibilidade de P, a BMS tem papel ambíguo, podendo agir como fonte ou dreno do mesmo. Ao decompor a MO a BMS libera o P desta para a solução onde é passível de absorção pelas plantas ou adsorção pelo solo, demonstrando seu caráter fonte. Do mesmo modo, a BMS pode imobilizar o P em sua estrutura, mas apesar de não disponível imediatamente às plantas, o nutriente fica protegido de adsorção ao solo onde a energia de ligação é alta, se caracterizando como dreno. Sendo assim, o P contido na BMS 22 pode ser liberado gradativamente com a morte dos microrganismos. Esta liberação pode ser mais condizente com a absorção das culturas se comparada às fontes minerais, que são em sua maioria solúveis e ficam prontamente disponíveis para absorção pelas plantas ou adsorção pelo solo. Buscando-se melhorar a eficiência da adubação seja ela com a adição de fertilizantes minerais ou resíduos orgânicos, têm sido propostos aditivos aos mesmos. Estes aditivos tem como finalidade proteger os nutrientes de perdas, diminuir a reatividade com o solo e liberá-los de maneira gradativa. Há aditivos deste tipo para todos os macronutrientes, destacandose os envolvidos no ciclo do nitrogênio (N) que tentam diminuir as perdas por volatilização de amônia ou por lixiviação de nitrato. Uma dessas iniciativas é a adição de inibidores microbianos junto aos fertilizantes amídicos ou mesmo ao DLS, para reduzir a transformação do N amoniacal em N nítrico que é passível de perdas por lixiviação. Um dos inibidores mais utilizados é a dicianodiamida (DCD). Apesar de resultados promissores quanto à dinâmica do N, há dúvidas a respeito do impacto dessa técnica a atividade microbiana do solo, que está envolvida diretamente a decomposição da MO e disponibilidade de entre outros nutrientes o P. Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar o conteúdo de P contido na BMS em área sob SPD submetida à adubação com DLS e uso de inibidor da nitrificação durante o desenvolvimento da cultura do milho, bem como a capacidade das plantas em utilizarem este nutriente. Para isso foram desenvolvidos dois experimentos. O primeiro, de campo, visou avaliar o efeito do uso de DLS e DCD sobre as flutuações sazonais do P da BMS. O segundo, de casa de vegetação, objetivou avaliar a capacidade das plantas em absorver o P oriundo da BMS quando de sua morte. 23 2 HIPÓTESES O conteúdo de fósforo microbiano varia durante o tempo sendo maior quando utilizado fontes orgânicas de nutrientes comparativamente a fontes minerais, sendo afetado negativamente pela utilização de inibidores bacterianos como a dicianodiamida. O fósforo oriundo da biomassa microbiana do solo contribui para a nutrição das plantas. 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Determinar o conteúdo de P contido na BMS em área sob SPD submetida à adubação com DLS, e uso de inibidor da nitrificação durante o desenvolvimento da cultura do milho, e avaliar a capacidade das plantas em utilizarem o P oriundo da biomassa microbiana do solo. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Avaliar os efeitos da adubação orgânica com dejeto líquido de suíno e adubação mineral na flutuação sazonal do fósforo contido na biomassa microbiana do solo, e determinar se há interferência do inibidor de nitrificação quando aplicado com as diferentes fontes. - Verificar a capacidade das plantas de recuperar o P disponibilizado a partir da morte da BMS. 24 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O uso de sistemas conservacionistas de manejo do solo, como o sistema plantio direto (SPD), e a aplicação de resíduos orgânicos como fonte de nutriente as plantas, entre eles o dejeto líquido de suínos (DLS) tem contribuído para melhoria das condições edáficas (Rheinheimer et al., 2000, Carneiro et al., 2004, Scherer et al., 2007, Loss et, al. 2011). A combinação destas técnicas tem favorecido o desenvolvimento da biomassa microbiana do solo (BMS), maximizando sua participação nas relações de disponibilidade e imobilização de nutrientes (Vargas e Scholles, 2000, Balota et. al, 1998, Rheinheimer et al., 2008; Carneiro et al. 2004). Os sistemas conservacionistas de manejo do solo possibilitam manutenção no teor de matéria orgânica e com o passar do tempo contribuem para a elevação do mesmo. O aporte sazonal de resíduos orgânicos e o não revolvimento do solo acrescem os valores de matéria orgânica (MO) principalmente nas camadas superficiais e, consequentemente, a concentração de substâncias húmicas solúveis (Santos e Tomm, 2003; Heinze et al,. 2011). As frações orgânicas solúveis e de fácil oxidação servem de substrato a atividade microbiana (Sheng et al., 2010; Simpson et al., 2011). Além dos teores e da qualidade de MO, têm sido observado incremento na disponibilidade de P, K, Ca e Mg em áreas conduzidas sob SPD (Silveira e Stone, 2001, Santos e Tomm, 2003) em decorrência das sucessivas adubações na camada superficial do solo e o seu não revolvimento e, também, pelas menores taxas de erosão observadas neste sistema de manejo. Os solos tropicais e subtropicais são naturalmente ácidos e de baixa fertilidade, sendo necessária correção com calcário e adubações periódicas para que o mesmo suporte o cultivo agrícola (Souza et, al. 2007). A manutenção da produtividade das culturas está intimamente relacionada com a adição de nutrientes ao solo para manter seu caráter fonte 25 (Novais et al., 2007). A baixa mobilidade do P nos solos tropicais e subtropicais está ligada ao seu grau de intemperismo, que favorece a adsorção do P pelos grupos funcionais OH- e OH2+ dos argilominerais, principalmente em solos com acidez elevada (Rheinheimer et al., 2008; Turner et al., 2013). O teor de argila do solo também afeta diretamente as características deste como fonte e ou dreno de P, sendo que com o avanço do intemperismo o solo vai expressar seu caráter dreno (de adsorção do P adicionado), o qual será proporcional ao seu teor de argila (Novais et al., 2007). Estas características tornam as produções agrícolas altamente dependentes do fornecimento de P via fertilizantes fosfatados, os quais são adicionados em quantidades superiores à exportação das culturas devido a forte adsorção do nutriente ao solo e, portanto, baixa eficiência da adubação fosfatada (Fontoura et al., 2010; Simpson et al., 2011). A dinâmica do P não está ligada somente aos fenômenos químicos, havendo também participação da BMS nos processos de mineralização e imobilização do P dos compostos orgânicos e solubilização e precipitação de fosfatos inorgânicos (Balota et al., 1998; Vargas e Scholles, 2000; Carneiro et al., 2004; Rheinheimer et al., 2008; Turner et al., 2013). A BMS corresponde à parte viva da MO, excluindo-se raízes e macrofauna, ou seja, limita-se aos fungos e bactérias (De-Polli & Guerra, 1999). Segundo Venzke Filho (2003) e Turner et al., (2013), a BMS é responsável pelos processos de mineralização - imobilização dos nutrientes no solo, catalisando a decomposição da MO, além de acelerar o intemperismo dos minerais primários. A atividade da BMS pode ser influenciada pelas fontes de nutrientes utilizadas, sendo estimulada quando há adição concomitante de carbono (C), por este servir de substrato para a ação microbiana, e P, por este ser limitante ao desenvolvimento microbiano (De-Polli & Guerra, 1999; GamaRodrigues, 1999; Turner & Wright 2014). Estudando a 26 amplitude de P da BMS (Pm), Rhenheimer et al. (2008) perceberam incremento deste a partir da roçada de pastagens, devido a adição de C via resíduos vegetais provenientes da morte de raízes das plantas em função da roçada. Por outro lado, Gatiboni et al. (2008) verificaram que a diminuição do P e C disponível no solo em decorrência de cultivos sucessivos sem adubação provocaram o declínio da BMS. Morais (2013) aplicou fertilizante mineral, orgânico e organomineral e observou maior incremento da BMS e do Pm quando foi utilizado fertilizante orgânico. Do mesmo modo, Liebisch et al., (2014) estudando a flutuação sazonal do Pm em pastagem permanente, concluíram que este reservatório está correlacionado com a umidade do solo e suprimento de C, concordando com Bünemann et al., (2013), os quais observaram aumento das formas orgânicas e inorgânicas de P e C após a secagem do solo provenientes principalmente da lise celular dos microrganismos. As fontes orgânicas de nutrientes como o DLS podem apresentar boa eficiência como fonte de P, além de estimular a BMS pela adição de C (Cassol et al., 2001; Basso, 2003; Matos et al., 2006; Heinze et al., 2011; Simpson et al., 2011). Neste contexto, podemos inferir que a utilização de adubação orgânica favorece a atividade microbiana, principalmente em áreas sob SPD, onde há melhoria das condições edáficas para o desenvolvimento microbiano, (Rheinheimer et al., 2000, Carneiro et al., 2004, Scherer et al., 2007, Loss et al., 2011). Segundo Olibone (2005) e Turner et al., (2013), a MO está diretamente ligada ao P orgânico, e consequentemente ao fósforo microbiano (Pm), sendo este maior quanto maior for o teor de MO. Práticas comuns na agricultura como a calagem também favorecem a atividade microbiana. Barroti & Nahas (2000), estudando diferentes tipos de cultivo, encontraram incremento no Pm com a aplicação de calcário e adubação com superfosfato triplo (SFT). Do mesmo modo, as condições 27 físicas e químicas como densidade, porosidade, pH e concentração de óxidos de ferro e alumínio também exercem interferência direta sobre a BMS, Pm e as relações de disponibilidade de P as plantas (Heinze et al., 2011; Achat et al., 2013; Bünemann et al., 2013). O uso de DLS como fertilizante é bastante comum nos estados da região sul do Brasil, onde se concentra a atividade suinícola, mas bastante criticado do ponto de vista ambiental, devido o grande potencial poluidor deste resíduo (Anami et al., 2008; Cerreta et al., 2010; Gatiboni et al., 2014). Entre os principais agravantes deste problema estão o desbalanço nutricional de nutrientes no DLS, as perdas de P por escoamento superficial e de nitrogênio por volatilização de amônia e a lixiviação de nitrato (Basso, 2003; Anami et al., 2008; Simpson et al., 2011). A forma mais comum de aplicação de DLS é superficial, concentrando os nutrientes aplicados, sobretudo o P, nas camadas mais suscetíveis à erosão (Ceretta et al., 2010). Atualmente estão sendo estudadas algumas iniciativas para diminuir o potencial poluidor do DLS e aproveitar as vantagens de utilizá-lo como fertilizante, entre elas o menor custo, se comparado aos fertilizantes minerais. Uma destas iniciativas é injetar o DLS dentro do solo com a utilização de maquinário específico, diminuindo assim a suscetibilidade dos nutrientes aplicados via dejetos ao escoamento superficial, está técnica tem sido utilizada por longa data em outros países, com bons resultados de diminuição do risco ambiental (Vallejo et al., 2005; Sayes et al., 2008). Outra tentativa de minimizar os problemas ambientais do DLS é a adição de inibidores da nitrificação como a dicianodiamida (DCD), para evitar a perda de nitrato (NO3-) por lixiviação e a desnitrificação do N, gerando N2O, que é um danoso gás do efeito estufa (Zaman et al., 2009; O’Callaghan et al., 2010; Guo et al., 2013). O DCD atua sobre o primeiro processo de transformação do N amoniacal (N-NH4+) em N 28 nítrico (N-NO3-), inibindo a enzima amônia monooxigenase presente nas bactérias do gênero Nitrossomonas, mantendo o N na forma amoniacal por mais tempo (Marcelino, 2009; O’Callaghan et al., 2010; Guo et al., 2013). Por ser um inibidor bacteriano, o DCD afeta diretamente a BMS, porém não há na literatura relatos de seus efeitos sobre a dinâmica do Pm. Mesmo assim, Di & Cameron (2004), Di et al., (2009), Zaman et al., (2009), O'Callaghan et al. (2010), Guo et al., (2013) e Guo et al., (2014) constataram em seus estudos com N que o uso de DCD, mesmo por longos períodos, não afeta negativamente a BMS. Toda atividade agrícola causa impacto sobre a população microbiana do solo e, portanto, interfere diretamente nos processos de ciclagem de nutrientes, deste modo, deve-se levar em consideração características como o tempo de adoção do manejo empregado para formular estratégias que visem maximizar a eficiência das adubações (Venzk Filho, 2003; Lourente et al., 2010, Simpson et al., 2011). Deste modo, o estudo da dinâmica do Pm em SPD com a aplicação de DLS e uso de inibidores da nitrificação ganham importância devido à necessidade de se adotar um manejo de adubação adequado, levando em consideração todas as variáveis envolvidas. Outra questão importante envolvendo o Pm é sua disponibilização para as plantas quando da morte da BMS. Segundo Martinazzo et al. (2007) e Tuner & Wright (2014), a BMS representa um importante compartimento de P, estes autores observaram que após a adição de adubos fosfatados os teores de Pm aumentaram com o aumento da dose de adubo utilizada. Deste modo, a BMS compete com as plantas e com o solo pelo fosfato adicionado, sendo que, em sistemas com baixa disponibilidade de P e de resíduos vegetais é um intenso competidor pelo fosfato em solução, imobilizando-o (Gatiboni et al., 2008, Bünemann et al., 2013; Damon et al., 2014). Sendo assim, a BMS passa a ser um dreno de P, mas também apresenta caráter fonte ao liberá-lo na solução do solo por 29 ocasião de sua morte ou disponibilizá-lo diretamente as plantas por meio de associação simbionte (Tuner et a., 2013). O P contido na BMS se encontra distribuído na forma orgânica e inorgânica, quando na forma inorgânica apresenta um rápido equilíbrio com a solução do solo, por outro lado quando na forma orgânica apresenta um equilíbrio lento, podendo ser perdido para fora da zona de absorção radicular por ter menos poder de adsorção ao solo (Simpson et al., 2011). A imobilização do Pm é temporária, diminuindo com o passar do tempo, podendo apresentar variação em curto espaço de tempo, além de retardar os processos de adsorção, aumentar o sincronismo entre mineralização e absorção de P pelas plantas (Martinazzo et al., 2007; Rheinheimer et al., 2008; Sheng et al., 2010; Richardson & Simpson, 2011; Simpson et al., 2011). Blackburn et al., (2014) estudando a inoculação de esterco com bactérias produtoras de fitase, perceberam um aumento nos teores de P inorgânico no solo, mas este não significou aumento da absorção de P pelas plantas. Apesar de inúmeros estudos sobre a importância da BMS para a dinâmica do P no solo, resultados sobre sua contribuição para o suprimento das plantas cultivadas com este nutriente não foram encontrados. Esta dinâmica está correlacionada com os diferentes manejos do solo, o tempo de adoção deste manejo e a adição ou não de P ao sistema (Simpson et al., 2011; Achat et al., 2013; Turner & Wright, 2014). Segundo Gatiboni et al. (2007), em sistemas sem a adição de P, as formas orgânicas, entre elas o Pm, são as principais responsáveis pelo suprimento deste nutriente às plantas, concordando com Cunha et al. (1993), Conte et al. (2002), Oliveira et al. (2011) e Turner & Wright (2014) sobre a participação da atividade microbiana na nutrição de plantas em sistemas naturais. Porém, resta quantificar a participação do P disponibilizado a partir da morte da BMS para o suprimento das culturas anuais, uma vez que a absorção de P para estas culturas se concentra em períodos de maior demanda. 30 Matsuoka et al. (2003) concluíram que o P da BMS contribui muito pouco com o suprimento de P para as culturas anuais, devido ao rápido crescimento destas e a baixa taxa anual de renovação da BMS, em torno de 40%, concordando com Brookes et al. (1982) e Cleveland & Liptzin (2007) que observaram pouca participação do Pm, menos de 5% do P total do solo, em áreas agrícolas com adição frequente de adubos. Por outro lado, Magid et al. (1996) concluíram que a contribuição do Pm pode ser significativa para a agricultura tropical, devido a maior atividade microbiana em temperaturas elevadas. Desta maneira, a magnitude de liberação de P para as plantas, provindo da mineralização da BMS ainda não foi quantificada, constituindo numa deficiência de informação que justifica seu estudo. 31 5 MATERIAL E MÉTODOS Foram desenvolvidos dois experimentos. O primeiro, a campo, objetivou avaliar os efeitos da adubação mineral e orgânica com dejeto líquido de suíno associado ou não ao inibidor de nitrificação na flutuação sazonal do fósforo contido na biomassa microbiana do solo. O segundo experimento, conduzido em casa de vegetação, objetivou verificar a capacidade das plantas de recuperar o P disponibilizado a partir da morte da BMS. 5.1 EXPERIMENTO I O experimento um foi conduzido durante a safra de milho 2012∕2013, fazendo parte de um projeto envolvendo quatro Universidades do Rio Grande do Sul, (UFSM, UPF, FEEVALE e UFRGS) uma de Santa Catarina (UDESC), além da EMBRAPA/Suínos e Aves, de Concórdia, SC. A área experimental é localizada no município de Lages – SC, nas dependências do Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina (CAV - UDESC), apresenta clima mesotérmico úmido com verão ameno, com chuvas bem distribuídas durante o ano (Cfb) segundo a classificação de Köppen as médias anuais de precipitação e temperatura são de 1.400 mm e 15,6 °C, respectivamente. O solo é um Cambissolo Húmico Alumínico (EMBRAPA, 2013) de textura argilosa, cujo resultado da análise de solo da camada de 0-20cm encontra-se na Tabela 1. 32 Tabela 1. Características químicas da camada de 0-20 cm de profundidade de um Cambissolo Húmico Alumínico onde foi conduzido o experimento. pH Água SMP V* Al Ca Mg P K Argila MO % ----cmolc kg-1- -mg kg- ----g kg-1---5,4 5,9 61 5,1 5,6 1,9 3,1 1 92 455 46 Determinações por metodologia descrita em Tedesco et al., (1995); V: saturação por base; Fonte: Rauber, L. P (dados não publicados). O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas no tempo (medidas repetidas), com quatro repetições e os tratamentos foram compostos por diferentes fontes de adubação, em cinco níveis: 1- NPK; 2- NPK + IN; 3- DLS; 4- DLS + IN; 5- testemunha sem fertilizante, sendo “IN” o inibidor de nitrificação. Também foi coletado solo de uma área de campo nativo adjacente ao experimento como tratamento controle adicional. O campo nativo em questão é composto principalmente por capim caninha (Andropogon lateralis) e capim mimoso (Schizachyrium tenerum), com frequência secundária de grama tapete (Axonopus siccus), grama forquilha (Paspalum notatum) e carqueja (Bacharis trimera) (Córdova et al., 2004). Cada parcela apresentava 33,6 m2 (8 x 4,2 m). Os tratamentos foram aplicados superficialmente em dose única sobre resíduos culturas da cultura antecessora (trigo) sete dias antes da semeadura do milho. A área experimental é conduzida sob SPD há um ano, antes disso se encontrava em pousio sendo que há 8 anos foi transformada de campo nativo para área de cultivo. A dicianodiamida (DCD) foi o inibidor de nitrificação utilizado, o qual é formulado juntamente com um inibidor da enzima urease (NBPT), com a denominação de Agrotain Plus. Este, na forma de pó, foi misturado aos adubos no momento da sua aplicação no campo, na dose de 10 kg ha-1. As doses de dejetos líquidos de suínos a serem aplicadas foram 33 estabelecidas com base nos resultados da análise de solo e concentração de nutrientes dos dejetos, determinada conforme TEDESCO et al. (1995) e SCHERER et al. (1996) e na recomendação da Comissão de Química e Fertilidade do Solo RS/SC (2004) para uma expectativa de rendimento de 8 Mg ha1 (Tabela 2.). Nos tratamentos com NPK, foram aplicados na forma mineral os montantes de 130 kg ha-1 de N, 81 kg ha-1 de P e 58 kg ha-1 de K. Nos tratamentos com dejetos, considerando-se a eficiência da adubação no primeiro ano de 80% para N, 90% para P e 100% para K (CQFS, 2004), aplicou-se 130 kg ha-1 de N, 113 kg ha-1 de P e 54 kg ha-1 de K. Tabela 2. Composição do dejeto líquido de suínos determinado em base úmida e quantidade de adubação aplicada em um Cambissolo Húmico Alumínico. Características do DLS kg m-3 N-total 3,9 N-mineral 2,5 P 3,0 K 1,3 Massa seca 58,0 Quantidade de adubação aplicada Total aplicado (kg ha-1) Fonte Quantidade N P2O5 K2O 3 -1 DLS 42 (m ha ) 163 288 65 -1 Ureia 289 (kg ha ) 130 -----1 SFT 451 (kg ha ) --185 ---1 KCl 120 (kg ha ) ----70 N: nitrogênio; DLS: dejeto líquido de suínos; SFT: superfosfato triplo; KCl: cloreto de potássio; Fonte: Rauber, L. P (dados não publicados). 34 O DLS foi proveniente de animais em fase de terminação, coletado em esterqueira anaeróbica do setor de suinocultura da granja Pinheiro da empresa Copercampos, localizada no município de Campos Novos – SC. Foram realizadas sete coletas de solo correspondentes aos 0, 10, 25, 58, 90, 135 e 202 dias após a aplicação dos tratamentos em cada parcela com trado calador na profundidade de 0 – 10 cm durante o ciclo da cultura. Cada amostra foi composta por cinco sub amostras coletadas aleatoriamente dentro de cada parcela e posteriormente homogeneizadas. O conteúdo de P da BMS (Pm) foi determinado pelo método de fumigação-extração proposto por Brookes et al. (1985) e Vance et al. (1987), de acordo com os seguintes procedimentos: amostras de 2g de solo (base seca) foram pesadas em triplicata (conjunto A, B e C). O solo do conjunto C foi fumigado, permanecendo 24 horas no escuro em dessecador sob vácuo contendo 20 ml de clorofórmio, no solo do conjunto B adicionou-se 25 mg g-1 de P e os conjuntos A, B e C foram submetidos à extração de P com NaHCO3 0,5 mol l1 (pH 8,5) na relação solo:solução de 1:20, posteriormente o P foi determinado pela metodologia descrita por Dick & Tabatabai (1977) para determinação de P em extratos alcalinos. O Pm foi calculado pela equação: (conjuntoC − conjuntoA) * 25 (conjuntoB − conjutoA) Pm = 0,4 Onde o fator “0,4” foi obtido de Brookes et al. (1982), assumindo-se que apenas 40% do fósforo da biomassa microbiana é extraível pela técnica, enquanto o fator “25” é o ajustamento da capacidade de adsorção do solo. Também foram analisados os teores de P extraído por resina trocadora de ânions (Pres), em todos os tempos de coleta. Além dos teores de Pm e Pres foram avaliados os teores de C 35 lábil e N lábil ambos extraídos por KMnO4 0,333 mol l-1 (Blair et al. 1995). Os dados obtidos foram submetidos à análise da variância e comparados através do teste de médias de Tukey, a 10% de probabilidade de erro, utilizando o programa SAS (2003). 5.2 EXPERIMENTO II O experimento dois foi conduzido nas dependências do Departamento de Solos e Recursos Naturais do CAV – UDESC, na cidade de Lages – SC, pelo período de 65 dias em ambiente controlado (Fitotron). O delineamento experimental utilizado foi o completamente casualizado com cinco repetições em esquema fatorial 2x4, sendo dois tratamentos: com e sem aplicação de biocida para eliminar a BMS e quatro épocas de coleta de plantas (0, 1, 3 e 7 dias após a aplicação dos tratamentos). Utilizou-se trigo cultivar Quartzo® como planta teste, sendo semeadas 20 sementes por vaso, desbastadas para 10 plantas uteis aos 15 dias após a emergência das plantas (DAP). Os vasos utilizados tinham capacidade para 3L, sendo estes preenchidos com 2 kg de solo da camada de 0 – 20 cm de um Nitossolo Bruno Distrófico típico (Embrapa, 2013), cujo resultado da análise de solo encontra-se na Tabela 3. 36 Tabela 3. Características químicas da camada de 0-20 cm de profundidade de um Nitossolo Bruno Distrófico típico utilizado na condução do experimento. pH SM CTCp V Al C M P K Argil M. -----g kg-1--% ----cmolc kg1 3 1 2, 1, 1, 1, 78, 578 4,5 4,7 15,5 58 Determinações por metodologia 8 5descrita 0 em6Tedesco 2 et al., 2 (1995); V: saturação por base; Fonte: Costa (2012). O solo foi previamente tamisado a 5 mm e incubado com calcário dolomítico (Filler) por 30 dias antes da implantação do experimento para elevar seu pH a 5,5. Também foram adicionados N e K na forma de ureia e cloreto de potássio respectivamente, no dia da semeadura em doses para expectativa de rendimento de 5 Mg ha -1. A recomendação de adubação e calagem seguiu o exposto no manual da Comissão de Química e Fertilidade do Solo RS/SC (2004). Temperatura de 17,5°C e umidade relativa de 70% foram utilizadas do dia da semeadura até o início do perfilhamento (30 DAP) e 22,5 °C de temperatura e 70% de umidade relativa dos 31 aos 60 DAP. Para a morte da BMS foi utilizada uma mistura de fungicidas e bactericidas de ação sistêmica e de contato aplicados aos 45 DAP, tendo a concentração de 0,3 g L-1 de Carbendazim, 0,7 g L-1 de Tiram, 0,7 g L-1 de Tiofanato Metílico, 0,105 g L-1 de Fluozinam, 0,05 g L-1 de Fludioxonil e 0,02 g L-1 de Metalaxyl-M. Estes foram escolhidos por agirem em grande diversidade de microrganismos compreendendo famílias de ocorrência comum no solo, sem prejudicar o desenvolvimento da planta. A mistura utilizada apresentava teores totais de P (Tedesco et al., 1995) de 8,4 mg.L-1. Antecedendo a aplicação do biocida o solo foi umedecido até a capacidade de campo, logo depois de aplicado 0,5 L de biocida por vaso até o ponto de saturação para que 37 todo o solo ficasse em contato com a mistura, nos vasos sem aplicação de biocida o solo foi saturado com água destilada para isolar o efeito da saturação. Aos 0, 1, 3 e 7 dias após a aplicação do biocida, as plantas foram coletadas e a biomassa separada em raiz e parte aérea e acondicionadas em sacos de papel, sendo também coletada amostra de solo para análise do conteúdo de Pm. A primeira coleta foi realizada aos 45 DAP. A biomassa vegetal foi seca em estufa a 65 °C até peso constante sendo determinada a matéria seca de parte aérea e raiz, posteriormente os tecidos foram moídos em moinho manual. A análise química de P no tecido vegetal se deu pela digestão sulfúrica dos mesmos, com leitura colorimétrica, de acordo com Tedesco et al. (1995). O conteúdo de Pm também foi determinado em cada coleta seguindo a metodologia descrita por Brookes et al. (1985) e Vance et al. (1987). Os dados obtidos foram submetidos a analise da variância e comparados através do teste de médias Tukey, a 10% de probabilidade de erro. Sendo utilizado o programa SAS (2003). 38 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 DINÂMICA DO FÓSFORO MICROBIANO DO SOLO DURANTE O CULTIVO DE MILHO EM ÁREA SOB SISTEMA PLANTIO DIRETO O conteúdo de Pm do solo varia naturalmente durante o ano por ser dependente da atividade microbiana, que por sua vez, é influenciada por uma série de fatores ambientais, entre eles, temperatura, umidade, aeração, disponibilidade de carbono e nutrientes. No Apêndice A pode ser observado que a área de campo nativo (CN), amostrada nas mesmas datas que os tratamentos, apresentou uma tendência de aumento do teor de Pm no decorrer das coletas. Como não houve modificação na área de CN durante o período, assume-se que o incremento no Pm se deva aos fatores ambientais. A variação temporal do Pm durante o cultivo de milho em área sob sistema plantio direto (SPD), em resposta às fontes de nutrientes, também é apresentada na Tabela 4. A utilização de fosfatos solúveis por mais de oito anos na área experimental antecedendo a implantação do experimento foi suficiente para influenciar a dinâmica da BMS. Isso justifica os menores teores de Pm encontrados no experimento, comparativamente a área de campo nativo, já que o revolvimento do solo pode consumir parte da matéria orgânica do solo e também pode afetar negativamente os processos microbianos no solo (Carneiro et al., 2004). Brookes et al. (1982) e Cleveland & Liptzin (2007) observaram que em áreas agrícolas com adição frequente de fertilizantes o Pm representa menos de 5% do P total do solo. No entanto, em sistemas naturais sem adição de fertilizantes fosfatados, a maior parte do P lábil do solo está em formas orgânicas (Rhenheimer et al., 2008; Turner et. al., 2013) sendo que o suprimento de P nestes sistemas está intimamente ligado à 39 atividade microbiana e ao Pm (Gatiboni et al. 2007; Turner & Wright, 2014). As médias de Pm para cada época e tratamento são descritas na Tabela 4, onde se pode observar que as diferenças entre tratamentos no Pm foram mínimas. Independentemente da fonte utilizada, a dose de P aplicada foi semelhante para todos os tratamentos, exceto na testemunha, lembrando que nas fontes orgânicas (DLS e DLS+IN), provavelmente mais de 80% do P já estava na forma inorgânica, já que essa é a principal forma de P presente nos dejetos líquidos de suínos (Cassol et al. 2001; Ceretta et al. 2010). Portanto, a ausência de resposta entre fontes para a variável Pm é, em parte, justificável. Contudo, era de se esperar que a presença de carbono orgânico lábil no DLS (Tabela 5) poderia atuar na estimulação da BMS e, por consequência, aumentar o Pm. Por outro lado, a testemunha, sem aplicação de adubação, manteve valores elevados de Pm. Isto provavelmente se deve ao elevado teor de P disponível no solo (que será discutido posteriormente) e ao fato da BMS ter provavelmente adquirido P oriundo da decomposição de resíduos (Gatiboni et al. 2008; Damon et al., 2014), já que a área experimental era cultivada com trigo anteriormente e foi dessecada alguns dias antes do início do experimento. Assim, para as necessidades de P da BMS, temporariamente o C, P e N oriundos da decomposição das raízes finas da cultura antecessora e das plantas invasoras pode ter suprido essa demanda. Por outro lado, houve diferença entre tempos de coleta e interação entre tratamento e tempo para a variável Pm. Assim, na tabela 4 é possível observar que aos 10 dias após a aplicação dos tratamentos não houve diferença entre os tratamentos, possivelmente porque a testemunha ainda tinha disponibilidade de nutrientes oriunda da dessecação da cultura e das invasoras. Já aos 24 dias, o tratamento testemunha foi inferior ao tratamento NPK+IN. Para as demais épocas, assim como para a 40 média de todas as épocas, não houve efeito dos tratamentos sobre a BMS. A implantação do experimento em período precedido por poucas precipitações influenciou a atividade microbiana negativamente por diminuir a umidade do solo (Figura 1). Grande parte da variação encontrada entre o conteúdo de Pm no decorrer do tempo é atribuída às condições edáficas, sendo fortemente afetada pela umidade do solo. Liebisch et al., (2014) estudando o conteúdo de Pm em pastagem, perceberam que a umidade do solo se correlaciona positivamente com a mesma. Tabela 4. Média dos teores de fósforo microbiano na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilizantes orgânicos ou minerais, com e sem uso de inibidor de nitrificação. Dias 0 10 24 58 90 135 202 NPK NPK+IN DLS DLS+IN TEST CN – – – – – – – – – – – – – – – – – Pm (mg kg-1) – – – – – – – – – – – – – – – – – 38,1 aE 38,1 aC 35,5 aC 34,3 aD 39,1 aC 81,4 37,0 E 60,3 aCD 54,0 aBC 67,5 aBC 51,8 aCD 44,6 aBC 58,2 55,6 CD 50,1 abCDE 58,9 aBC 48,3 abBC 54,3 abBCD 46,3 bBC 88,1 51,6 D 44,2 bDE 40,9 bC 44,2 bBC 45,6 abD 53,1 aBC 85,9 45,6 DE 81,2 aB 83,4 aB 76,6 aB 77,6 aB 99,0 aA 111,7 83,6 B 65,0 aBC 65,6 aBC 59,5 aBC 72,4 aBC 58,5 aB 85,3 64,2 C 113,9 aA 127,1 aA 122,0 aA 110,7 aA 88,2 aA 148,2 112,4 A 64,7 a 66,8 a 64,8 a 63,8 a 61,3 a 94,1 NPK: Adubação mineral; NPK+IN: Adubação mineral mais inibidor da nitrificação; DLS: Dejeto líquido de suínos; DLS+IN: Dejeto líquido de suínos mais inibidor da nitrificação; TEST: Testemunha sem adubação; CN: Campo Nativo; : Média; Letras iguais, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). Fonte: Autor. 41 Figura 1 - Precipitação pluviométrica semanal, temperatura média dos meses de condução do experimento e épocas de amostragem. 140 22 Precipitação pluviométrica Temperatura Época de amostragem 120 20 18 80 16 60 14 40 12 20 10 C° mm 100 0 8 Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Meses Fonte: Epagri/Ciram. Na média dos tratamentos ocorreu incremento de Pm aos 10 dias em resposta a aplicação das diferentes fontes (Tabela 4), concordando com Barroti & Nahas (2000), que observaram incremento no conteúdo de Pm com a aplicação de fertilizante fosfatado solúvel, logo após sua aplicação. Se for comparado o comportamento da média dos tratamentos com o comportamento observado no campo nativo (Figura 2), pode-se observar que a flutuação dos teores de Pm são muito semelhantes aos CN, exceto aos 10 dias após a aplicação dos tratamentos, onde na área experimental foi observado aumento do Pm em relação à coleta do tempo zero, enquanto no CN houve diminuição, provavelmente pelo efeito dos tratamentos. Após esta data, as médias de Pm se mantiveram até os 58 dias e, a partir dos 90 dias aumentaram, devido provavelmente melhoria das condições edáficas. A queda de temperatura e 42 aumento da precipitação pluviométrica nesta data culmina na redução da evapotranspiração e aumento da água disponível no solo, favorecendo a atividade microbiana. Malik et al., (2012), concluíram que o efeito das adubações sobre o Pm são temporários, se estendendo até a estabilização da atividade microbiana e diminui assim que as formas facilmente oxidadas de nutrientes se esgotam. Bünemann et al. (2013) perceberam pulsos de P e C orgânico no solo quando há secagem do solo e concluíram que estes pulsos sumiam assim que o solo era reumidecido devido a BMS se utilizar destes nutrientes imobilizando-os. Figura 2 - Variação temporal dos teores de fósforo microbiano na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilização, médias de cada amostragem e balanço hídrico do período. 180 200 Com fertilização Campo Nativo P-ETP 160 150 100 120 100 50 80 0 60 40 Balanço hídrico (mm) Pm mg.kg-1 140 -50 20 0 10 24 58 90 135 Dias após a aplicação dos tratamentos 202 P-ETP: Pluviosidade menos evapotranpiração potencial. As barras de erro representam o erro padrão das observações. Fonte: Autor. 43 De maneira geral, aos 202 dias após a aplicação dos tratamentos foram observados os maiores teores de Pm, assim como no CN. Pela semelhança com o CN, esse comportamento dos tratamentos provavelmente está relacionado com as variáveis ambientais, mas cabe lembrar que essa coleta foi realizada no período de pós-colheita do milho. Por isso, o aumento no teor de Pm foi acompanhado pelo aumento na concentração de C-lábil e redução do N-lábil do solo (ver tabela 5). 44 Tabela 5. Fósforo disponível extraído por resina trocadora de ânions (Pres), carbono lábil (C-lábil) e nitrogênio lábil (N-Lábil) na camada de 0-10 cm do solo em área de campo nativo e em áreas que receberam fertilizantes orgânicos ou minerais, com e sem uso de inibidor de nitrificação. NPK Dias 0 10 24 58 90 135 202 Dias 0 10 24 58 90 135 202 Dias 0 10 24 58 90 135 202 NPK+IN DLS DLS+IN TEST CN – – – – – – – – – – – – – – – – – – – Pres (mg.kg-1) – – – – – – – – – – – – – – – – – 34 129,5 101,9 126,9 117,2 101 147,4 108,3 a NPK 52,1 138,6 143,2 109,2 117,2 104,4 102,7 109,6 a NPK+IN 41,9 131 79,5 127,8 102,5 94,8 126,2 100,5 ab DLS 43,7 88,1 49,5 122 86,4 86,2 102,8 82,7 b DLS+IN 39,3 37,2 41,3 78,9 71,8 47,4 51,2 52,4 c TEST 42,3 42,1 39,9 71,7 64,8 70,5 49,5 42,2 B 104,9 A 83,1 A 113,0 A 99,0 A 86,8 A 106,1 A CN – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – C-Lábil (g.kg-1) – – – – – – – – – – – – – – – 1,9 aAB 1,1 aB 1,2 aD 1,3 aC 1,8 aBC 1,2 1,5 D 1,5 bAB 2,4 abB 3,7 aA 3,8 aA 2,0 bBC 1,9 2,7 ABC 3,0 bA 4,8 aA 2,0 bC 2,7 bAB 2,3 bABC 4,8 3,0 AB 2,2 bAB 4,5 aA 1,3 bcCD 1,3 bcC 0,9 cC 0,8 2,0 CD 0,8 aB 1,3 aB 1,4 aCD 2,1 aBC 1,8 aBC 1,4 1,5 D 1,8 bAB 1,7 bB 2,9 aB 3,2 aAB 2,7 aAB 3,1 2,5 BC 3,1 abA 3,0 bAB 3,4 abAB 3,7 aA 3,5 abA 3,3 3,3 A 2,0 c 2,7 a 2,3 abc 2,6 ab 2,1 bc CN NPK NPK+IN DLS DLS+IN TEST – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – N-Lábil (mg.kg-1) – – – – – – – – – – – – – – 33 abB 47 aA 39 abA 44 abA 28 bA 40 38 A 45 aA 42 aAB 37 aAB 34 aB 21 bABC 28 36 A 22 aC 23 aC 26 aBC 23 aC 21 aABC 30 23 BC 28 aBC 31 aBC 14 bC 13 bD 14 bC 17 20 CD 12 bD 19 aC 19 aC 20 aCD 19 aBC 24 18 D 20 aCD 19 aC 18 aC 21 aCD 20 aBC 20 20 CD 23 aC 26 aC 26 aBC 26 aC 27 aAB 31 26 B 26 b 30 a 26 b 26 b 22 c NPK: Adubação mineral; NPK+IN: Adubação mineral mais inibidor da nitrificação; DLS: Dejeto líquido de suínos; DLS+IN: Dejeto líquido de suínos mais inibidor da nitrificação; TEST: Testemunha sem adubação; CN: Campo Nativo; : Média; Letras iguais, minúsculas na linha e maiúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). Fonte: Autor. 45 O incremento de resíduos culturais ao solo, principalmente pela morte das raízes elevou a concentração de C-lábil e, adicionalmente, a boa disponibilidade hídrica nesta época estimulou a BMS. Como resposta, a BMS imobilizou altos teores de P, chegando a atingir 127,1 mg kg-1 no tratamento NPK+IN e exaurindo as reservas de N-lábil, por este ser essencial a decomposição. A utilização de fontes orgânicas (DLS e DLS+IN) não alterou significativamente o conteúdo de Pm. Apesar de ser uma fonte orgânica, os teores totais de carbono no DLS não são suficientes para exercer influência duradoura sobre a atividade microbiana e, consequentemente, ao Pm, quando aplicados uma única vez, como neste estudo. Outro fator que corrobora com este resultado é o teor elevado de MO inicial do solo (ver Tabela 1.), mostrando que a disponibilidade de C podia não ser um fator limitante. Assim, por ser uma área conduzida sob SPD e os solos da região possuir naturalmente teores elevados de MO, há boa disponibilidade de compostos carbônicos facilmente oxidáveis (Santos e Tomm, 2003; Heinze et al,. 2011), sendo que estes passam a não ser limitantes à atividade microbiana. Venzk Filho (2003), estudando a BMS em áreas sob SPD com 12 e 22 anos concluiu que o tempo de adoção do manejo empregado deve ser considerado quando para este tipo de estudo. Turner et al., (2013) estudando a BMS em floresta com 10 anos de adição de N, P e potássio (K) encontrou correlação positiva entre esta e a MO do solo. Outra questão importante a ser ressaltada e que suporta os dados de Pm aqui obtidos é a alta disponibilidade de P na área de estudo. Na Tabela 5 é mostrado que o solo tinha 39,3 mg kg-1 de P por resina trocadora de ânions no tratamento testemunha e, segundo a CQFS-RS/SC (2004), o teor é considerado alto quando está acima de 20 mg kg-1 de P. Assim, como o solo tinha altas reservas de P disponível, a BMS não respondeu à adição de P pelos tratamentos com NPK ou DLS. Contudo, como observado na Tabela 5, a adição de P provocou 46 aumento dos teores de P disponível por resina, conforme esperado. Em áreas onde há limitação nutricional ou mesmo ambiental para os microrganismos, como baixos teores de umidade, MO, P e N espera-se respostas mais proeminentes da adição de fertilizantes sobre a atividade microbiana e os teores de Pm, principalmente quando utilizado fontes orgânicas por adicionarem P e C concomitantemente estimulando a BMS. Assim como, Malik et al., (2012) estudando solos do semiárido da Austrália com baixo teor de MO (11 g.kg-1) concluíram que a adição de resíduos e fertilizantes orgânicos estimula a BMS pela adição conjunta de P e C em frações lábeis, sendo este efeito temporário. Esse resultado é concordante com os de Morais, (2013), que utilizou fertilizantes organominerais em um Nitossolo (2,1 mg.kg-1 P) e observou incremento no Pm. Deste modo, pode-se esperar influência das fontes de adubação e do manejo empregado sobre a atividade da BMS e os teores de Pm, quando estes alterarem os teores de MO das frações mais lábeis de MO. Ainda, resultados podem surgir quando a intervenção eliminar alguma limitação à BMS, como a calagem, que estimulou o acúmulo de Pm em estudo realizado por Barroti & Nahas (2000). Neste trabalho, a ausência de resposta para o Pm, mesmo com adição de P em formas orgânicas e inorgânica está de acordo com Koutika et al., (2013), pois estes autores concluíram que a adição de P de fontes orgânicas ou inorgânicas não aumenta o Pm em solos com alta capacidade de adsorção de P e baixos teores de P, pela rápida reação do mesmo com o solo. Por outro lado, estes autores observaram que independente da fonte utilizada há acréscimo no fósforo disponível extraído por resina trocadora de ânions (Pres), corroborando com os resultados encontrados neste estudo, ver Tabela 5. Houve diferença entre as fontes para a variável Pres, onde todas foram superiores à testemunha e as fontes minerais (NPK e NPK+IN) foram superiores ao tratamento DLS+IN, 47 não havendo para Pres interação entre tratamento e tempo. As fontes orgânicas são semelhantes, no entanto a menor média de Pres do tratamento DLS+IN pode estar relacionado à utilização de inibidor microbiano. Em relação ao C-lábil, a primeira coleta após a aplicação dos tratamentos (10 dias), diferiu apenas entre as fontes orgânicas (DLS e DLS+IN) e a testemunha. Nestes tratamentos o conteúdo de C-lábil chegou a triplicar, sendo os únicos a se diferirem dos valores iniciais, mesmo assim, a magnitude desta alteração não influenciou o conteúdo de Pm nesta data. Podendo-se inferir, que para as condições de condução do estudo, a correlação entre C-lábil e Pm foi baixa, principalmente nas primeiras coletas. A utilização de DCD como inibidor da nitrificação (IN) não teve influência sobre o conteúdo de Pm, independentemente de ser aplicado conjuntamente a uma fonte mineral ou orgânica de nutrientes, NPK+IN e DLS+IN, respectivamente. Normalmente a utilização de inibidores microbianos como a dicianodiamida (DCD) têm influência sobre a BMS apenas nas primeiras coletas, pois o efeito do DCD não ultrapassa aos 30 dias após sua aplicação, por este ser degradado facilmente no solo (Di & Cameron, 2004; Marcelino, 2009). No entanto, a fonte NPK+IN foi a única a diferir da testemunha aos 24 dias, tempo no qual o IN ainda teria efeito sobre a BMS. Guo et al., (2013) estudando a aplicação de DCD em pastagens na Nova Zelândia concluíram que, a aplicação deste inibidor tem pouco ou nenhum efeito sobre a BMS, mesmo após longos períodos de aplicação. Em experimento semelhante O’Callaghan et al., (2010) chegaram à mesma conclusão, porém ambos os estudos avaliaram a comunidade microbiana em diversidade e conteúdo de N, não havendo até então resultados sobre a interferência do IN sob o Pm. 48 6.2 APROVEITAMENTO DO FÓSFORO MICROBIANO DO SOLO PELAS PLANTAS CULTIVADAS Apesar de muitos estudos concordarem com a importância da BMS para o ciclo do P, bem como, a importânica do Pm como compartimento de P-lábil (Gatiboni et al. 2007; Rhenheimer et al., 2008; Turner et. al., 2013; Tuner & Wright, 2014) nada foi encontrado na literatura sobre a contribuição direta do Pm para a nutrição das plantas cultivadas. Na tentativa de observar e quantificar a capacidade das plantas em absorverem o P oriundo da BMS apartir de sua morte, se conduziu o presente experimento. O solo utilizado apresentava teores muito baixos de P disponível, segundo CQFS-RS/SC (2004) (ver tabela 3), e 20,4 mg.kg-1 de Pm. A utilização de solo com teor inicial de P muito baixo teve o intuito de criar um pulso de P com a morte da BMS, visto que em solos com teores adequados de P disponível a contribuição do Pm para a nutrição das plantas cultivadas seria baixa (Brookes et al.,1982; Matsuoka et al., 2003; Cleveland & Liptzin, 2007), como observado no experimento um. A aplicação de biocida ocorreu assim que as plantas de trigo iniciaram o perfilhamento, período o qual as reservas de P da semente são exauridas e há grande demanda pelo nutriente (Boatwright &Viets, 1966). As médias de Pm do solo em função da aplicação ou não do biocida são apresentados na Figura 3. A aplicação ou não de biocida não alterou as médias de Pm, sendo encontrada apenas diferença nos tempos de coleta, não houve interação entre aplicação de biocida e tempo para esta variável, ficando evidente que não se conseguiu um pulso de P com a aplicação do mesmo. A grande variabilidade observada entre repetições (CV = 32,62) pode ter relação com a ausência de resposta. Outro fator importante é que as três primeiras coletas foram realizadas com o solo próximo a saturação de água, o que dificultou a amostragem e respectiva análise do Pm. No sétimo dia após a aplicação dos tratamentos, 49 o teor de Pm foi superior que aos 0, 1 e 3 dias, os quais não se diferiram entre si. Isso ocorreu provavelmente pela melhor aeração do solo no último período de coleta, estimulando a BMS, que é normalmente predominantemente aeróbica. A saturação do solo é responsável por uma série de alterações químicas, entre elas a auto-calagem e a redução do Fe+2 a Fe+3, fator que eleva o pH e aumenta a disponibilidade de P por libera-lo dos óxidos de Fe e Al (Meurer, 2007). Com isso, no sétimo dia após a aplicação dos tratamentos o solo se encontrava possivelmente com melhor disponibilidade de P, junto a isso, a maior aeração do mesmo, devido à redução da umidade, estimulou a BMS a imobilizar quantidade superior do nutriente nesta data. Figura 3 - Variação temporal dos teores de fósforo microbiano do solo em função da aplicação ou não de biocida. 70 aA 60 Com Biocida Sem BIocida aA -1 Pm (mg Kg ) 50 40 30 aB 20 aB aB aB aB aB 10 0 0 1 3 Dias após a aplicação dos tratamentos 7 Letras iguais, minúsculas no mesmo dia de coleta e maiúsculas em dias de coleta distintos, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). As barras de erro representam o erro padrão das observações. Fonte: Autor. 50 A imobilização de P pela BMS aos 7 dias pode ter contribuído para reduzir a disponibilidade de P para as plantas, que apresentaram redução nos teores de P nos tecidos com o passar do tempo (Figura 4). Bünemann et al. (2013) concluíram em seu estudo que o pulso de P oriundo da lise celular da BMS pode ser aproveitado pelas plantas se esta tiver capacidade de absorvê-lo antes que seja adsorvido ao solo, imobilizado pela BMS novamente ou lixiviado. Adicionalmente, Koutika et al., (2013) concluíram que em solos com alta capacidade de adsorção de P, como o utilizado para este experimento, o Pm liberado na solução do solo é readsorvido rapidamente, podendo não ser utilizado pela planta. Os teores de P na parte aérea das plantas foram superiores nas amostragens aos, 0 e 1 dia após a aplicação dos tratamentos, comparativamente as amostragens aos 3 e 7 dias. Mesmo assim, sempre estiveram abaixo do nível considerado adequado, entre 200 a 300 mg.kg-1 (CQFS-RS/SC, 2004) provavelmente pela baixa disponibilidade de P do solo. 51 Figura 4 - Variação temporal dos teores de fósforo em parte aérea (a) e raiz (b) em plantas de trigo cultivadas em solo submetido à aplicação ou não de biocida em quatro épocas de amostragem 140 (a) Com Biocida Sem Biocida 120 aA P (mg.kg-1) aA aA 100 aA aB aB aB aB 80 60 40 20 0 0 1 3 7 Dias após a aplicação dos tratamentos 160 (b) Com Biocida Sem Biocida 140 120 aA aA aA aA aAB aB P (mg.kg-1) aAB 100 aB 80 60 40 20 0 0 1 3 7 Dias após a aplicação dos tratamentos Letras iguais, minúsculas no mesmo dia de coleta e maiúsculas em dias de coleta distintos, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). As barras de erro representam o erro padrão das observações. Fonte: Autor. 52 Os teores de P nas raízes das plantas tiveram comportamento semelhante aos da parte aérea, sendo as duas primeiras coletas aos 0 e 1 dia superiores a quarta coleta aos 7 dias, tendo a coleta aos 3 dias valores intermediários. Estes resultados deixam clara a redução nos teores de P com o passar do tempo, provavelmente pela diluição devido ao crescimento das plantas, principalmente em relação à parte aérea destas. A variação temporal da matéria seca de parte aérea e raiz das plantas de trigo no decorrer do tempo são apresentadas na Figura 5. A matéria seca de parte aérea aumentou no decorrer do tempo, sendo a única variável analisada que apresentou interação entre aplicação de biocida e tempo de coleta. A aplicação de biocida afetou negativamente a matéria seca da parte aérea na segunda época de amostragem, 1 dia após a aplicação dos tratamentos, que se diferiu do tratamento controle, sem aplicação de biocida. Já na quarta época de amostragem, aos 7 dias, a matéria seca da parte aérea no tratamento com aplicação de biocida foi superior ao tratamento sem aplicação, nas demais épocas não houve diferença. Em relação ao tempo, houve incremento na matéria seca de parte aérea nos tratamentos com aplicação de biocida, sendo as duas primeiras coletas (0 e 1 dia) inferiores a última coleta aos 7 dias. Já para o tratamento sem aplicação de biocida não houve diferença no decorrer do tempo para a variável matéria seca de parte aérea. Para matéria seca de raiz não houve diferença entre aplicação ou não de biocida e interação entre aplicação de biocida e tempo, ocorrendo apenas diferença em relação ao tempo após aplicação dos tratamentos. Ao contrário do que ocorre com a matéria seca de parte aérea, a matéria seca de raiz reduziu no decorrer do tempo. O resultado encontrado no dia da aplicação do biocida (0 dias) para matéria seca de raiz foi superior ao encontrado, aos 1 e 7 dias os quais não se diferiram. Em situação de deficiência nutricional há 53 translocação de fotoassimilados das partes com maiores reservas para as áreas com maior demanda, como folhas jovens, no intuito de manter a produção energética da planta (Taiz & Zeiger, 2004; Floss, 2011). Deste modo, a redução da matéria seca de raiz com o passar do tempo é justificável, pois as reservar energéticas da raiz foram translocadas para a parte aérea que se encontrava em fase de intensa divisão e expansão celular. 54 Figura 5 - Variação temporal da matéria seca de parte aérea (a) e raiz (b) de plantas de trigo cultivadas em solo submetido à aplicação ou não de biocida, em quatro épocas de amostragem. 3,0 (a) Com Biocida Sem Biocida aB 2,5 -1 Matéria Seca (g vaso ) aAB aA 2,0 bB aA aA aA bA 1,5 1,0 0,5 0,0 0 1 3 7 Dias após a aplicação dos tratamentos 6 (b) Com Biocida Sem Biocida aA -1 Matéria Seca (g vaso ) 5 4 aA aAB aAB 3 aBC aBC aC aC 2 1 0 0 1 3 7 Dias após a aplicação dos tratamentos Letras iguais, minúsculas no mesmo dia de coleta e maiúsculas em dias de coleta distintos, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). As barras de erro representam o erro padrão das observações. Fonte: Autor. 55 O P absorvido pelas plantas (Figura 6) encontrado na parte aérea das mesmas aumentou no decorrer do tempo, acompanhando a mesma tendência encontrada para a massa seca. Ou seja, o tratamento com aplicação de biocida foi inferior ao sem aplicação na segunda coleta e superior na última, não havendo diferença nas demais. O tratamento sem aplicação de biocida não teve efeito sobre a quantidade de P absorvido no decorrer do tempo. No entanto, o tratamento com aplicação de biocida proporcionou incremento no P absorvido no decorrer do tempo, sendo as médias das duas primeiras coletas inferiores a da última. Como não foi observada diferença nas médias de Pm nos tratamentos (Figura 3) está variação na absorção de P não pode ser atribuída ao P oriundo da BMS. Por lado, o P absorvido e encontrado nas raízes teve o mesmo comportamento, independentemente da aplicação ou não de biocida, os quais não se diferiram em qualquer tempo. Contudo houve redução na quantidade total de P nas raízes no decorrer do tempo, com a primeira coleta se diferindo da última (0 dias e 7 dias respectivamente), as coletas aos 1 e 3 dias não se diferiram, apresentando valores intermediários. Este comportamento foi similar ao encontrado para a massa seca de raiz, discutido anteriormente. Por não ter sido encontrado maiores dificuldades na separação de raízes em qualquer tempo se atribui esta redução a retranslocação de P das raízes para a parte aérea. Portanto, vale frisar que não houve comprovadamente participação do P oriundo da BMS para a nutrição das plantas de trigo para as condições de condução do estudo. 56 Figura 6 - Fósforo absorvido pela parte aérea (a) e raiz (b) de plantas de trigo cultivadas em solo submetido à aplicação ou não de biocida, em quatro épocas de amostragem. 0,14 (a) 0,10 -1 P absorvido (g vaso ) 0,12 Com Biocida Sem Biocida aA aA aBC aA aAB aA bA bC 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00 0 1 3 Dias após a aplicação dos tratamentos 7 0,6 (b) aA Com Biocida Sem Biocida P absorvido (g vaso-1) 0,5 0,4 aA aB aB 0,3 aB aB 0,2 aC aC 0,1 0,0 0 1 3 7 Dias após a aplicação dos tratamentos Letras iguais, minúsculas no mesmo dia de coleta e maiúsculas em dias de coleta distintos, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,10). As barras de erro representam o erro padrão das observações. Fonte: Autor. 57 7 CONCLUSÕES O conteúdo de P imobilizado pela biomassa microbiana do solo em área sob sistema plantio direto é variável durante o ano, respondendo positivamente a aplicação de nutrientes independentemente da fonte utilizada ser orgânica, como o dejeto líquido de suínos, ou mineral, como o fertilizante NPK. As condições edáficas, como disponibilidade hídrica e temperatura, são responsáveis pela maior parte das variações encontradas na imobilização microbiana de P. O uso de inibidor microbiano, como o inibidor da nitrificação dicianodiamida, não afeta a imobilização microbina de P, independentemente de ser aplicado conjuntamente a uma fonte orgânica ou mineral. Não foi possível nas condições de condução do estudo determinar a contribuição do P oriundo da biomassa microbiana do solo, quando de sua morte, para a nutrição das plantas cultivadas. 58 59 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Maiores esforços são necessários para elucidar a contribuição direta da biomassa microbiana na disponibilização de P para as plantas, principalmente em sistemas agricolas onde há adição de fertilizantes. Os resultados aqui obtidos sugerem que em sistemas fertilizados a influência do Pm é pequena, porém estudos como o conduzido em casa-devegetação, mas com avaliações durante um período maior do que sete dias podem auxiliar nessa verificação. 60 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHAT, D. L.; BAKKER, M. R.; AUGUSTO, L.; MOREL, C. Contributions of microbial and physical–chemical processes to phosphorus availability in Podzols and Arenosols under a temperate forest. Geoderma, 211–212, p.18–27, 2013. ANAMI, M.H.; SAMPAIO, S.C.; SUSZEK, M.; DAMASCENO, S.; QUEIROZ, M.M.F. 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