Descontos feitos ao longo das respostas:
- 0,1 – incorreção ortográfica, acentuação e concordância
- 0,1 – pontuação
- 0,1 – palavras ilegíveis
- 0,1 – transcrição sem aspas
- 0,1 – falta de palavra, ambiguidade
-0,2 – conjunções inapropriadas
-0,2 – nomes próprios com letra minúscula
-0,2 – problemas na estruturação da resposta
-0,2 - respostas sem introdução
Questão 1
1. (ITA) Aponte duas marcas ou expressões linguísticas usados no
texto que produzem efeito de ironia. Por que essas marcas ou
expressões, apontadas em (A), produzem efeito de ironia?
Há ironia nas seguintes expressões: “descobriu”, “aprontou
uma” e “gênero de investigação que anda na moda”. (1,0 – com 0,5
para cada uma das duas expressões). Em “descobriu”, o uso das
aspas põe em dúvida a descoberta dos psicólogos, remetendo o
leitor à expressão anteriormente empregada para descrever o
mesmo fato: “aprontou mais uma”. Em “gênero de investigação que
anda na moda”, o autor do texto põe em dúvida a seriedade do
conhecimento científico. (1,0)
Grande parte dos alunos registrou a marca “descobriu” como
sendo irônica. Entretanto, muitos consideraram o termo “darwinistas
extremados” como sendo irônico, tal como transcrito abaixo:
“Duas expressões que, no texto, produzem efeito de ironia
são “aprontou mais uma” e “darwinistas extremados”. A primeira
expressão produz efeito de ironia ,pois o termo “aprontou” já sugere
ironização (sic), ainda mais neste caso em que o termo é usado na
introdução do texto que trata de uma pesquisa científica, linguagem
pouco formal para tratar de assuntos como este.
Já a expressão “darwinistas extremados” sugere uma ironia,
principalmente através do termo “extremados” dando uma
conotação negativa ao fato de modo a colocar em questão a
legitimidade das pesquisas dos tais “darwinistas extremados”, os
adeptos da psicologia evolucionista.” (0,2)
Nesse caso, somando-se ao equívoco conceitual, houve
descontos de pontuação e incorreção ortográfica (-0,1 cada).
Um percentual também expressivo de alunos considerou o
trecho “os machos têm razões biológicas para ser mais
promíscuos”, acreditando haver crítica do autor quanto à tendência
de serem sempre atribuídas a fatores biológicos atitudes
consideradas inadequadas, tal como observado abaixo:
“As marcas no texto que produzem efeito de ironia são: o uso
do verbo “descobriu” para referir-se ao que foi concluído após os
estudos da psicologia evolucionista, e a utilização da sentença “os
machos tem mais razões biológicas para serem mais promíscuos”.
A primeira marca produz efeito de ironia, pois envolve o verbo
“descobrir”, utilizado normalmente quando concluímos um fato
completamente novo – não é o caso da conclusão da preferência
das mulheres – fato que sempre existiu e que tivemos contato, mas
que simplesmente não havia sido percebido. Já a última marca
também produz efeito de ironia, visto que busca-se uma razão
biológica para justificar-se um comportamento humano – dessa
forma, afirmando que não seria culpa do indivíduo por ser
promíscuo e sim dos genes pertencentes a ele”. (0,5)
Exemplo de resposta adequada construída pelos alunos:
“Uma expressão linguística que produz efeito de ironia no
texto é “aprontou mais uma”. Ela produz esse efeito de modo
que o autor deseja criticar as idéias da psicologia
evolucionista, que lança incontáveis descobertas das quais o
autor discorda. Outra expressão que produz o mesmo efeito é
“anda na moda”, que mostra que o autor desaprova o fato da
psicologia evolucionista estar sempre aparecendo, sempre
causando polêmicas”. (1,0)
Questão 2
2. (Ufscar) Ambos os textos tratam da questão do tempo, da forma
como ele age sobre as pessoas e como elas o sentem. Que relação
há entre “olhar para o espelho” e o tempo, no texto de Cecília
Meireles? A que verso do texto 1 essa relação pode ser associada?
“Olhar para o espelho” é uma forma de identificar a passagem
do tempo, uma vez que as marcas físicas são reveladoras da
passagem do tempo. A expressão que pode ser associada é o
OITAVO VERSO “seu propósito evidente é envelhecer o mundo”.
(1,0)
Muitos alunos tiveram dificuldade em associar a expressão
“olhar para o espelho” e a ação de detectar a passagem do tempo.
Percebeu-se, ao longo das correções, que muitos se preocuparam
em justificar o porquê da autora não achar necessário olhar-se no
espelho, perdendo o foco da pergunta inicial, tal como transcrito a
seguir:
“A relação entre “olhar para o espelho” e o tempo para Cecília
Meireles é que o tempo não é marcado pelo relógio e pelo espelho,
tempos pequenos, e sim pelo coração, esse é considerado tempo
grande. Assim, de um jeito ou de outro “todo mundo sente que o
tempo passa”.
O verso do texto 1 “É até possível que não exista” pode ser
associado à relação anterior, já que o tempo concreto é marcado
pelo relógio, mas o que realmente importa, o tempo grande, é
marcado pelo coração”. (0,0)
No caso acima, há equívoco quanto à associação e também
quanto à identificação do verso do texto 1 que poderia ser
relacionado à associação proposta.
Outra ocorrência observada foi a associação e justificativa
adequadas ao relacionar a expressão “olhar para o espelho” e o
tempo, porém a identificação equivocada do verso do texto 1.
Quanto à relação do verso 1 com a associação proposta, houve
respostas variadas, sendo que os versos mais citados foram: “o que
é preciso é nunca dormir, e ficar vigilante, para obrigá-lo ao menos
a disfarçar a evidência de suas metamorfoses” e “basta ver o
estado das coisas depois que desperto: quase todas fora do lugar,
ou desaparecidas; outros com uma prole imensa”. Nesses casos,
descontou-se 0,5, tal como nos exemplos:
“Conforme o tempo passa crescemos e envelhecemos, ou
seja, mudamos. Ao “olhar para o espelho” vemos estas
transformações, assim vendo o tempo agindo sobre nós. O verso do
texto 1 que está associado a essa idéia é: “o que é preciso é nunca
dormir, e ficar vigilante, para obrigá-lo ao menos a disfarçar a
evidência de suas metamorfoses”. As metamorfoses do tempo são
essas mudanças, transformações na aparência”. (0,5)
“A relação que há entre “olhar para o espelho” e o tempo, no
texto de Cecília Meireles é que o tempo passa, a vida é efêmera e
apesar de sentirmos o tempo passando, em nossos corações, é no
espelho que observamos que o tempo passou, que estamos
envelhecendo. Um exemplo é quando vemos nosso primeiro fio de
cabelo branco, ou rugas em nossa face. Essa relação pode ser
associada ao seguinte verso do texto 1, “Basta ver o estado das
coisas depois que desperto: quase todas fora do lugar, ou
desaparecidas; outros com uma prole imensa” (0,5)
Exemplo de resposta esperada para a atividade proposta:
“A relação existente entre “olhar para o espelho” e o
tempo, no texto de Cecília Meireles é que ver seu rosto
envelhecido no espelho seria um modo de ver que o tempo
passou. Essa relação pode ser associada ao verso “seu
propósito é envelhecer o mundo”, do texto de Aníbal Machado”
(1,0)
Questão 3
3. Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações entre a
frase-título ‘O imundo animal’ e a sequência de imagens. A frasetítulo “O imundo animal’ nos remete a uma expressão linguística.
Indique-a e explicite as relações de sentido entre as duas frases,
fazendo referência ao conjunto da tira.
A frase remetente à expressão “o mundo animal”, que designa
o universo dos seres dotados de vida (animados). (1,0) O trocadilho
usado como título da tira sugere com humor que o “homem político”,
é um animal imundo. (1,0)
Nesta questão, grande parte dos alunos conseguiu associar
corretamente “o imundo animal” ao “mundo animal”, sendo raros os
casos de equívoco, tais como o que apresentados abaixo:
“A expressão linguística a qual (sic) a frase título “O imundo
animal” nos remete é “o mundo político é selvagem”, dito popular
que busca passar a idéia de o qual (sic) severas e extremas são as
relações na política. Na tira, temos a representação de políticos
como animais que andam e realizam atividades como esses. A
frase-título do texto possui o adjetivo “imundo”, estabelecendo uma
relação de que esse ambiente selvagem em que os políticos, os
supostos animais, se encontram seria sujo na idéia de que é
corrupto e repleto de intrigas” (0,2)
Neste caso, somando-se ao equívoco conceitual, foram
realizados descontos referentes à pontuação, à acentuação e à
inadequação vocabular (-0,1 cada)
Assim como observado abaixo, muitos alunos associaram
adequadamente as expressões, sendo que alguns também
procuraram justificar a escolha do animal protagonista da tirinha:
“A frase-título remete à expressão “O mundo animal”. Ao
retratar pinguins, o autor está fazendo referência ao “mundo animal,
porém esses animais estão vestidos de terno e realizando
atividades executivas. A escolha do pinguim como animal retratado
é por causa de sua pele e de suas cores, que parecem com um
terno. Ao dizer “imundo animal” o autor deixa clara uma crítica aos
políticos, como se eles fossem “imundos”, ou seja, não fossem
totalmente honestos, o uso das máscaras de ladrões explícita isso.”
(0,9)
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