Formulário de Cálculo Diferencial Exterior ∗ • Cenário : Variedade diferenciável M n . • Objetos visados : p–formas , p = 0, 1, 2, . . . , n. Forma diferencial exterior de ordem p, p–forma, é um campo tensorial diferenciável † ω(m) que associa a cada elemento m ∈ M ‡ um tensor ω de ordem p, totalmente covariante e totalmente anti-simétrico (quando p ≥ 2) ; (i) ω(m) é uma classe de equivalência , ω(m) = [ω(x)] , x ≡ (x1 , x2 , . . . , xn ) e ω(x) ≡ (ωi1 i2 ...ip (x)) onde , (i) = 1, . . . , n representam, respectivamente, m e ω(m) num sistema de coordenadas x quaisquer ; se Relação de equivalência : ω(x) ∼ ω(x) ωi1 i2 ...ip (x) = ∂xjp ∂xj1 ∂xj2 . . . ω j j ...j (x) (j)=1 ∂xi1 ∂xi2 ∂xip 1 2 p Xn para qualquer mudança de coordenadas x ⇀ ↽ x. (ii) ω(m) é de classe C k , k ≥ 1 em m, ou seja, as componentes tensoriais ωi1 i2 ...ip (x) são funções reais com derivadas parciais de ordem k ≥ 1 contı́nuas em x. (iii) ω...j...i... (x) = −ω...i...j...(x) , ∀ par de ı́ndices (i, j) . Propriedades ωi1 i2 ...ip com dois ou mais ı́ndices iguais são nulas. ωi1 i2 ...ip são completamente determinadas pelas componentes tensoriais estritas, ωI1 I2 ...Ip , as quais obedecem ao ordenamento I1 < I2 < . . . < Ip . n! . O número de componentes estritas é igual a p!(n−p)! Não existe p–forma de ordem p > n. pf - (1) pf - (2) pf - (3) pf - (4) • Módulo Λp (M) : É o conjunto das formas de ordem p equipado com as operações Adição : (ω + θ)i1 ...ip (x) := ωi1 ...ip (x) + θi1 ...ip (x), := f (x)ωi1 ...ip (x) , onde Multiplicação por f : (f ω)i1 ...ip (x) f é uma função real diferenciável qualquer, f ∈ F (M). Sinteticamente , (ω + θ)(m) (f ω)(m) := := ω(m) + θ(m), f (m)ω(m). A dimensão de Λp (M) é igual ao número de componentes estritas ∗ n! p!(n−p)! . Não contém integração sobre variedades diferenciáveis. No presente texto subentende-se diferenciabilidade como sinônimo de classe C k com k suficientemente grande. ‡ Aqui e no que segue M significa M n . † 1 • Produto exterior : Operador ∧ definido por ∧ : Λp (M) × Λq (M) −→ Λp+q (M) : (θ, ω) 7−→ θ ∧ ω = ϑ tal que 1 1 P ϑi1 ...ip+q (x) := p! q! π (sign π) π(θi1 ...ip ωi1+q ...ip+q )(x) , onde π significa permutação dos ı́ndices (i1 , . . . , ip+q ) e ( +1 se π é par (sign π) = −1 se π é ı́mpar. Propriedades θ ∧ ω = (−1)pq ω ∧ θ (θ ∧ ω) ∧ ϑ = θ ∧ (ω ∧ ϑ) ⇒ Notação : (θ + ω) ∧ ϑ = θ ∧ ϑ + ω ∧ ϑ ϑ ∧ (θ + ω) = ϑ ∧ θ + ϑ ∧ ω f (θ ∧ ω) = (f θ) ∧ ω = θ ∧ (f ω) Obs. f ∧ ω = f ω , f ∈ Λ0 (M) . ∧ - (1) ∧ - (2) ∧ - (3) ∧ - (4) • Derivada exterior : θ∧ω∧ϑ Operador d definido (explicitamente) por d : Λp (M) −→ Λp+1 (M) : ω− 7 → dω = ϑ tal que ϑki1 ...ip (x) := 1 p! π (sign π) π( P ∂ωi1 ...ip )(x) ∂xk , onde π significa permutação dos ı́ndices (k, i1 , . . . , ip ) . Ex. 1 0–forma f , 1–forma θ , 2–forma ω , ∂f ∂xk ∂θk ∂θi ϑki = ∂x k − ∂xi ∂ω ij ϑkij = ∂ω + ∂xjki ∂xk ϑk = + ∂ωki ∂xj . Propriedades (definição implı́cita) d d d d d - (1) (2) (3) (4) (5) d(αω + βθ) = αdω + βdθ , α, β ∈ R I. p d(ω ∧ θ) = dω ∧ θ + (−1) ω ∧ dθ , ω ∈ Λp (M) , θ ∈ Λq (M). d2 = 0 ; d(dω) = 0 ∀ p–forma ω. P ∂f k df = nk=1 ∂x (diferencial ordinário) para 0–formas f . k dx d é local ; se ω e θ coincidem em um aberto U ⊂ M, então dω = dθ em U, isto é, o comportamento de ω fora de U não afeta dω em U ; (dω)|U = d(ω|U ). Teorema 1 : Existe um operador d′ : Λp (M) −→ Λp+1 (M) definido univocamente pelas propriedades d–(1.), . . . , (5.), o qual resulta ser o operador d explicitado acima. 2 Grandezas e propriedades associadas p–forma fechada : É uma ω ∈ Λp (M) tal que dω = 0. p–forma exata : É uma ω ∈ Λp (M) para a qual existe alguma θ ∈ Λp−1(M) tal que ω = dθ. d - (6) Toda forma exata é fechada; dω = d(dθ) = 0. Nem toda forma fechada é, porém, exata. Isso depende de M. Lema de Poincaré : Sobre um aberto U ⊂ M difeomórfico a R I n todas as formas fechadas de ordem p ≥ 1 são exatas. Para p = 0, dω = 0 significa que ω é uma função real constante. Consequências do Lema: d -(7) d -(8) Sobre R I n toda p–forma fechada é exata. Se M não é difeomórfica a R I n e uma p–forma fechada ω não é exata, ela é, porém, localmente exata, pois, como sempre é possı́vel encontrar em torno de cada m ∈ M um aberto U ⊂ M difeomórfico a R I n , neste aberto ω será exata. • Produto interior : Operador iv definido (explicitamente) por iv : Λp (M) −→ Λp−1 (M) : ω 7−→ iv ω = ϑ tal que Pn k , p≥1 ϑi2 ...ip (x) := k=1 (v ωki2 ...ip )(x) iv f := 0 , p=0, onde v é um campo vetorial diferenciável qualquer, v ∈ X (M). Propriedades (definição implı́cita) iv iv iv iv iv - (1) (2) (3) (4) (5) iv (αω + βθ) = αiv ω + βiv θ , α, β ∈ R I. iv (ω ∧ θ) = (iv ω) ∧ θ + (−1)p ω ∧ (iv θ) , ω ∈ Λp (M) , θ ∈ Λq (M). iv f = 0 ∀ 0–forma f . iv dxk = v k (x). iv é local ; iv|U ω|U = (iv ω)|U , U ⊂ M (veja d - (5)). Teorema 2 : Existe um operador iv ′ : Λp (M) −→ Λp−1 (M) definido univocamente pelas propriedades iv − (1), . . . , (5), o qual resulta ser o operador iv explicitado acima. iv - (6) iv iv iv iv iv - (7) (8) (9) (10) (11) ∂f k ∂f n k , onde v(f ) simboliza iv df = iv ( nk=1 ∂x k dx ) = k=1 ∂xk v = v(f ) Pn k ∂ o operador v := k=1 v ∂xk aplicado a f ∈ F (M). P P P (iv (iu ω))i3 ...ip ≡ (iv iu ω)i3 ...ip = nl=1 v l (iu ω)li3...ip = nl=1 nk=1 v l uk ωkli3 ...ip . iv iu ω = −iu iv ω. iv 2 = 0 ; iv (iv ω) = 0 ∀ p–forma ω. if v ω = f iv ω = iv f ω. iv+u ω = iv ω + iu ω . P P 3 • Derivada de Lie sobre p–formas : Operador Lv definido por Lv : Λp (M) −→ Λp (M) : ω − 7 → Lv ω = ϑ tal que ϑi1 ...ip := Pn k=1 (v k ∂ωi1 ...ip ∂xk k k k ∂v ∂v ∂v )(x) , + ωki2 ...ip ∂x i1 + ωi1 k...ip ∂xi2 + . . . + ωi1 i2 ...k ∂xip onde v é um campo vetorial diferenciável qualquer, v ∈ X (M). Ex. 2 0–forma f , 1–forma θ (Lv f )(x) = , (Lv θ)i (x) = Propriedades Lv - (1) Lv - (2) k ∂f k=1 (v ∂xk )(x) Pn Pn k ∂θi k=1 (v ∂xk = v(f )(x) k + θk ∂v )(x) . ∂xi Lv (αω + βθ) = αLv ω + βLv θ , α, β ∈ R I. Lv (ω ∧ θ) = (Lv ω) ∧ θ + ω ∧ (Lv θ). • Derivada de Lie sobre campos tensoriais quaisquer : Lv atua não só sobre p–formas, mas também sobre campos tensoriais diferenciáveis de qualquer tipo pq . Neste contexto, mais amplo, Lv é definido por Lv : Xpq (M) −→ Xpq (M) : t − 7 → Lv t = ϑ tal que j ...j j ...j ϑi11...ipq (x) := Pn k k=1 (v ∂ti 1...ipq k...j jq j 1 ...k ∂v −ti1 ...iqp ∂v − . . . − tji11...i + p ∂xk ∂xk 1 ∂xk j ...j j ...j k k q ∂v 1 ∂v +tk...i + . . . + tj11 ...kq ∂x ip )(x) , p ∂xi1 q onde v é um campo vetorial diferenciável qualquer e Xp (M) é o módulo dos campos tensoriais diferenciáveis q vezes contravariantes e p vezes covariantes . Ex. 3 u ∈ X01 (M) ≡ X (M) , (Lv u)i (x) = n X (v k k=1 i ∂ui k ∂v − u )(x) . ∂xk ∂xk Lv t é a derivada direcional de t ao longo de v . Teorema 3 : Lv t = 0 ⇐⇒ t é invariante perante a transformação στ : M −→ M gerada por v ∈ X (M). Diz-se neste caso que v é uma simetria de t . • Parênteses de Lie : Campo vetorial diferenciável [v, u] associado a campos vetoriais diferenciáveis v, u ∈ X (M) quaisquer. É definido por [v, u]i (x) := k ∂ui k=1 (v ∂xk Pn i ∂v − uk ∂x k )(x) . Propriedades pL - (1) Definição alternativa : [v, u](f ) = v(u(f )) − u(v(f )) , ∀f ∈ F (M). onde v, u e [v, u] agem sobre f segundo a ação simbolizada por v(f ) em iv -(6). pL - (2) Anti-simetria : [v, u] = −[u, v]. pL - (3) Identidade de Jacobi : [[v, u], c] + [[u, c], v] + [[c, v], u] = 0. pL - (4) O Módulo X (M) equipado com a operação interna [v, u] forma Álgebra. Obs. De pL - (3) e (4) resulta que a Álgebra X (M) é uma Álgebra de Lie. pL - (5) [v, u] = Lv u. pL - (6) [v, f u] = v(f )u + f [v, u] , Lv (f u) = Lv (f )u + f Lv u. 4 • Relações entre Lv , d , iv etc. . . : Relações fundamentais R - (1) R - (2) Lv = iv d + div . i[v,u] = Lv iu − iu Lv . Relações adicionais R R R R R R - (3) (4) (5) (6) (7) (8) Lv d = dLv , [Lv , d] = 0. Lv iv = iv Lv , [Lv , iv ] = 0. L[v,u] = Lv Lu − Lu Lv = [Lv , Lu ]. Lv+u = Lv + Lu . Lf v = f Lv + df ∧ iv . (Lv θ)(u) = v(θ(u)) − θ([v, u]) , θ ∈ Λ1 (M). (Lv ω)(u1u2 ) = v(ω(u1u2 )) − ω([v, u1]u2 ) − ω(u1[v, u2]) , ω ∈ Λ2 (M). ...................................................................... P (Lv ω)(u1 . . . up ) = v(ω(u1 . . . up )) − pi=1 ω(u1 . . . , [v, ui ], . . . up ) , ω ∈ Λp (M), Pn onde ω(u1 . . . up ) := (i)=1 ωi1 ...ip ui1 . . . uip ∈ Λ0 (M) , v(ω(u1 . . . up )) = Lv (ω(u1 . . . up )). R - (9) dθ(v, u) = Lv (θ(u)) − Lu (θ(v)) − θ([v, u]) , θ ∈ Λ1 (M). R - (10) dω(v0 v1 v2 ) = Lv0 (ω(v1v2 )) + Lv1 (ω(v2 v0 )) + Lv2 (ω(v0 v1 )) + −ω([v0 , v1 ]v2 )−ω([v1 , v2 ]v0 )−ω([v2 , v0 ]v1 ) , ω ∈ Λ2 (M). ..................................................................... P dω(v0 . . . vp ) = pi=0 (−1)i vi (ω(v0 . . . v̂i . . . vp ) + Pp i+j (−1) ω([v , v ]v . . . v̂ . . . v̂j . . . vp )) , i j 0 i 0≤i<j≤p ω ∈ Λp (M), onde v̂i e v̂j estão ausentes em ω(. . .). Para F : M n −→ N s diferenciável valem : R R R R - (11) (12) (13) (14) nas quais F ∗ (αω + βθ) = αF ∗ω + βF ∗ θ , α , β ∈ R I. ∗ ∗ ∗ F (ω ∧ θ) = F ω ∧ F θ. F ∗ (dω) = d(F ∗ ω). (F ◦ G)∗ ω = G∗ F ∗ ω, F ∗ ω ∈ Λp (M n ) é a imagem recı́proca de ω ∈ Λp (N s ) perante F , dada por P jp j1 (x) . . . ∂F (F ∗ ω)i1 ...ip (x) := s(j)=1 ∂F (x)ωj1 ...jp (F (x)) , (i) = 1, . . . , n. ∂xi1 ∂xip Para F : M n −→ N n difeomórfica valem : R R R R - (15) (16) (17) (18) nas quais F ∗ (iv ω) = iF∗−1 v (F ∗ ω). F ∗ (Lv ω) = LF∗−1v (F ∗ ω). F∗ [v, u] = [F∗ v, F∗ u]. (F ◦ G)∗ v = F∗ G∗ v, ′ F∗ v ≡ F v ∈ X (N n ) é a imagem de v ∈ X (M n ) perante F , dada por P i (x)v k (x) , i = 1, . . . , n , (F∗ v)i (x) := nk=1 ∂F ∂xk F∗−1 v ∈ X (M n ) é a imagem de v ∈ X (N n ) perante F −1 , dada por P ∂xi j (F∗−1 v)i (x) := nj=1 ∂y j (y = F (x))v (y = F (x)) , i = 1, . . . , n , e F ∗ ω foi apresentada após R - (14) . 5