UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ CRISTIANA SOUSA VIEIRA A REPRESENTATIVIDADE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA DA BAHIA NA CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA AMEAÇADA ILHÉUS, BAHIA 2007 CRISTIANA SOUSA VIEIRA A REPRESENTATIVIDADE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA DA BAHIA NA CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA AMEAÇADA Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Sub-Programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como requisito para obtenção do Título de Mestre. Área de concentração: Conservação da Biodiversidade Orientadora: Sofia Campiolo ILHÉUS, BAHIA 2007 DEDICATÓRIA À minha mãe, uma fortaleza, que com muito amor sempre me incentivou e nunca mediu esforços para que eu chegasse a esta etapa de minha vida, dedico este trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus por esta oportunidade. À minha família, pelo apoio em todos os momentos. À UESC, pela oportunidade. Ao Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Prof. Neylor Calasans pelo apoio. Ao Prof. Max de Menezes pelo carinho. A CAPES por proporcionar a oportunidade de realização do Curso. À Profa. Sofia Campiolo, pela orientação, amizade, confiança e apoio. Ao Prof. Jacques Hubert Charles Delabie pelo apoio e amizade. À Profa. Raquel Maria de Oliveira, pela atenção, conselhos e amizade. A José Vicente Ortiz, Prof. Eduardo Mariano Neto e Fábio Falcão pelas sensatas contribuições. Ao Prof. Luis Fábio Silveira, pelo apoio. Ao Museu de Biologia Professor Mello Leitão, PRESERVA e SEMARH pelo dados cedidos. Aos professores do curso, pelos ensinamentos e confiança depositada. A Francisco Bomfim, pelo apoio no início desse meu trabalho. Aos meus colegas, pela amizade. À Harley Dantas, pela confiança depositada. A Pedro Develey, pelos dados cedidos. Aos meus amigos, que me compreenderam nos momentos de ausência. iv A REPRESENTATIVIDADE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA DA BAHIA NA CONSERVAÇÃO DA AVIFAUNA AMEAÇADA RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a representatividade das Unidades de Conservação do Bioma Mata Atlântica da Bahia para conservação da avifauna ameaçada e gerar um mapa de distribuição potencial das espécies. Através de dados secundários foram obtidos os registros de distribuição da avifauna e gerados os mapas em ArcView® 9.1. Foi gerado também o mapa de localização de Unidades de Conservação situadas na Mata Atlântica da Bahia. Os mapas foram sobrepostos e foi possível constatar que, apesar das espécies ameaçadas terem prioridade de proteção e conservação, algumas espécies contidas na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção não estão presentes em áreas protegidas na Bahia. De acordo com os dados coletados, das quarenta e duas espécies consideradas, 36 estão representadas em pelo menos uma Unidade de Conservação. A distribuição potencial das espécies ameaçadas no Estado da Bahia abrange áreas desprovidas de Unidades de Conservação e para essas áreas existem poucos registros de distribuição das espécies ameaçadas. Tal fato evidencia que o sistema atual é deficiente tanto na representação total da riqueza em aves do bioma Mata Atlântica, quanto no potencial de manutenção das espécies em longo prazo. Também mostra que o acréscimo de novas áreas é uma medida necessária para atingir a meta de representação, assim como para assegurar a permanência das populações de espécies chaves na rede de áreas protegidas. Em conjunto com essa medida, a consolidação das Unidades existentes, a definição dos problemas e a implementação dos planos de manejo são essenciais para assegurar a proteção das espécies que nelas ocorrem. Palavras-chave: Avifauna; Mata Atlântica; Unidades de Conservação. v THE REPRESENTATION OF CONSERVATION UNITS OF MATA ATLÂNTICA’S BIOMA, BAHIA, RELATED TO THE CONSERVATION OF ENDANGERED BIRD FAUNA ABSTRACT The aim of this work was to evaluate the representation of conservation units of Mata Atlântica's biome to the conservation of endangered bird fauna in Bahia, and design a map of potential distribution of species. The registers of distribution were obtained through secondary data and the maps generated in ArcView® 9.1. The map with the localization of conservation units distributed in Mata Atlântica, Bahia, was also generated. The maps were superimposed and it was possible to verify that, although endangered species have priority to conservation, some of these species are not present in the areas that are protected in Bahia State. According to data that was collected, from the 42 species studied, 36 are represented in, at least, one conservation unit. The potential distribution of endangered species in the State includes areas without conservation units; for these areas there is little record of endangered species distribution. This fact reveals that the actual system fails in both the total representation of birds’ richness in Mata Atlântica biome, and the potential of maintenance of species in long terms. It also indicates that the inclusion of new areas is a necessary measure in order to achieve the expected representation, as well as to guarantee the maintenance of key populations in the net of protected areas. Associated to this measure, the consolidation of existing units, the identification of problems and the accomplishment of managing plans are essential to guarantee the protection to the local species. KEYWORDS: Bird fauna, Mata Atlântica, conservation unit. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Municípios cobertos, mesmo que parcialmente, pelo bioma Mata Atlântica, Bahia................................................................................... Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município............................................................................................. Quadro 3 - Lista de espécies de Aves Ameaçadas que ocorrem na Bahia (IBAMA 2003)..................................................................................... Quadro 4 - Registro de espécies ameaçadas por Unidade de Conservação....... 25 34 40 42 Quadro 5 - Ocorrência de espécies em áreas não protegidas............................. 61 SUMÁRIO Resumo....................................................................................................... iv Abstract....................................................................................................... v INTRODUÇÃO............................................................................................. 1 1.1. Objetivo geral........................................................................................ 3 1.2. Objetivos específicos............................................................................ 3 2- MATA ATLÂNTICA..................................................................................... 4 3- UNIDADES DE CONSERVAÇÃO............................................................... 9 4- AVIFAUNA AMEAÇADA............................................................................. 15 5- SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA............................................ 6- MATERIAL E MÉTODO............................................................................... 24 7- RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................... 30 8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 65 1- ANEXOS ..................................................................................................... Figura 1 - 20 74 Figura 2 - Percentual das Unidades de Conservação da Mata Atlântica da Bahia Distribuição da avifauna ameaçada na Mata Atlântica, Bahia Figura 3 - Distribuição potencial da espécie Aburria jacutinga Figura 4 - Distribuição potencial da espécie Acrobatornis fonsecai Figura 5 - Distribuição potencial da espécie Amazona rhodocorytha Figura 6 - Distribuição potencial da espécie Carpornis melanocephala Figura 7 - Distribuição potencial da espécie Celeus torquatus tinnunculus Figura 8 Figura 9 - Distribuição potencial da espécie Cichlopsis leucogenys leucogenys Distribuição potencial da espécie Claravis godefrida Figura 10 - Distribuição potencial da espécie Cotinga maculata Figura 11 - Distribuição potencial da espécie Crax blumenbachii Figura 12 Figura 13 - Distribuição potencial da espécie Crypturellus noctivagus noctivagus Distribuição potencial da espécie Discosura langsdorffi langsdorffi Figura 14 - Distribuição potencial da espécie Glaucis dohrnii Figura 15 - Distribuição potencial da espécie Grallaria varia intercedens Figura 16 - Distribuição potencial da espécie Herpsilochmus pileatus Figura 17 - Distribuição potencial da espécie Leucopternis lacernulatus Figura 18 - Distribuição potencial da espécie Merulaxis stresemanni Figura 19 - Distribuição potencial da espécie Myrmeciza ruficauda Figura 20 - Distribuição potencial da espécie Myrmotherula urosticta Figura 21 - Distribuição potencial da espécie Phylloscartes beckeri Figura 22 - Distribuição potencial da espécie Pyriglena atra Figura 23 - Distribuição potencial da espécie Pyrrura cruentata Figura 24 - Distribuição potencial da espécie Rhopornis ardesiaca Figura 25 - Distribuição potencial da espécie Sporophila maximiliani Figura 26 - Distribuição potencial da espécie Synallaxis cinerea Figura 27 - Distribuição potencial da espécie Thalurania watertonii Figura 28 - Distribuição potencial da espécie Thripophaga macroura Figura 29 - Distribuição potencial da espécie Xipholena atropurpurea Figura 30 - Espécie Phaethon aethereus Figura 31 - Espécie Phaethon lepturus Figura 32 - Espécie Amazona vinacea Figura 33 - Espécie Conopophaga lineata cearae Figura 34 - Espécie Penelope jacucaca Figura 35 - Espécie Phaethornis margarettae Figura 36 - Espécie Procnias averano averano Figura 37 - Espécie Pyrrhura leucotis Figura 38 - Espécie Sporophila falcirostis Figura 39 - Espécie Sporophila palustris Figura 40 - Espécie Touit melanonota Figura 41 - Distribuição Potencial da Avifauna Ameaçada na Mata Atlântica, Bahia 1 - INTRODUÇÃO Um dos principais instrumentos utilizados em todo o mundo para reduzir os riscos de empobrecimento genético, resguardando a maior biodiversidade possível, incluindo as espécies raras e ameaçadas de extinção é a criação de áreas protegidas. Tal estratégia, dissociada de uma abordagem que assegure a conservação de extensões mais abrangentes da paisagem e uma interação com as unidades de paisagem associadas, pode não assegurar efetivamente a manutenção de comunidades ecologicamente viáveis em longo prazo, haja vista que a maioria das Unidades de Conservação se resumem a verdadeiras ilhas que, isoladas em meio à paisagem alterada, sofrem uma deterioração progressiva de seus ambientes, na maioria das vezes a partir das bordas, em face à pressão antrópica e das perturbações naturais. Inquestionavelmente, as listas de espécies ameaçadas de extinção, são a base das iniciativas para proteger as espécies ameaçadas. No Brasil, as prioridades locais para a seleção de áreas protegidas e a adoção de medidas de conservação são baseadas em informações sobre espécies endêmicas ameaçadas (Conservation International et al., 2000). Internacionalmente, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres (CITES), da qual o Brasil é signatário desde 1975, utiliza as listas de espécies ameaçadas e em perigo para combater o tráfico ilegal da vida silvestre. O objetivo é a cooperação entre países 1 para evitar que o comércio ilegal de animais não seja responsável pela extinção das espécies (RENCTAS, 2006). Uma das formas de garantir a conservação das espécies ameaçadas de extinção é assegurar que existam Unidades de Conservação em número e tamanho suficientes para a persistência, em longo prazo, das populações dessas espécies (Paglia et al., 2004). Estudos recentes têm demonstrado que a aplicação de métodos de georeferenciamento têm contribuído no refinamento das informações biológicas dos ecossistemas objetos de investigação científica (Jones et al., 1997; Lombard et al., 1997; Pearson e Carroll, 1998; Menon et al., 2001). A conjunção desses com os dados sobre riqueza de espécies da fauna e flora, em especial das espécies ameaçadas de extinção, otimiza a indicação de áreas potenciais para a conservação da biodiversidade numa determinada região (Caldecott et al., 1996; Wikramanayake et al., 1998; Ranta et al., 1998). Acredita-se que uma porção significativa da avifauna ameaçada de extinção não está adequadamente protegida em Unidades de Conservação no Estado da Bahia. É de fundamental importância identificar quais as espécies da Mata Atlântica deste Estado não estão contempladas apropriadamente e priorizá-las nas ações de conservação. Espera-se que os resultados apresentados a seguir sirvam como orientação para a possível criação ou expansão da rede de áreas protegidas na Bahia. 2 1.1. Objetivo Geral O objetivo principal deste estudo foi avaliar a representatividade das Unidades de Conservação do Bioma Mata Atlântica da Bahia para conservação da avifauna ameaçada. 1.2. Objetivos específicos Estabelecer a distribuição da avifauna ameaçada de extinção da Mata Atlântica na Bahia de acordo com os registros de ocorrência; Identificar as espécies de aves que não estão protegidas pelo atual sistema de Unidades de Conservação; Estabelecer a distribuição potencial da avifauna ameaçada da Mata Atlântica na Bahia. 3 2 - MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica brasileira, um mosaico de biodiversidade, é definida no Artigo 2° da Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006 como: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste. Distribuído por mais de 17 Estados brasileiros, este bioma é composto de uma série de fitofisionomias bastante diversificadas, determinadas pela proximidade da costa, relevo, tipos de solo e regimes pluviométricos (Câmara, 2005). Essas características foram responsáveis pela evolução de um rico complexo biótico de natureza florestal. O bioma Mata Atlântica está entre as áreas de maior prioridade para conservação da biodiversidade devido à sua riqueza biológica. Na análise sobre hotspots de biodiversidade (Myers et al., 2000), a Mata Atlântica aparece entre os primeiros da lista de número de espécies endêmicas, tanto em número total dessas espécies quanto em número dessas espécies por área. Ela está isolada de dois outros blocos de florestas sul-americanas: a floresta Amazônica e as florestas andinas e esse isolamento é que resultou na evolução de uma biota única, com numerosas espécies endêmicas (Rizzini, 1997; Myers et al., 2000). Originalmente com 1.363.000 km2, a Mata Atlântica brasileira tem hoje apenas 100.000 km2, o que equivale a menos de 8% da área original (Câmara, 2005). Essa 4 porcentagem de áreas remanescentes inclui as formações de florestas primárias, e, em sua maior parte, florestas secundárias em diversos estágios de regeneração. Mesmo que a floresta atual abrigue uma diversidade biológica surpreendentemente alta, muito pouco resta da autêntica floresta original (Dean, 1996). Essa floresta, que um dia foi contínua, é agora uma coleção de centenas de pequenos fragmentos isolados em uma matriz complexa de usos da terra. Cada fragmento, independentemente do tamanho, pode ser importante para a conservação de certas espécies (Turner e Corlett, 1996). Algumas populações de insetos e plantas podem ser viáveis em pequenos fragmentos, mas outras necessitam de grandes extensões para a manutenção da espécie, como é o caso das aves. As informações disponíveis sobre as diferentes espécies da Mata Atlântica são baseadas em levantamentos de flora e fauna realizados em épocas distintas e sem monitoramento sistemático posterior, o que torna difícil avaliar a situação real atual. São poucas as informações precisas sobre as populações em declínio ou sobre o quadro atual das espécies, pois algumas delas já podem ter desaparecido (Câmara, 2005). De qualquer forma, inúmeros exemplos de extinções locais ou regionais continuam a prosperar na recente literatura (Brooks et al., 1997; Brewer et al., 1997; Bawa e Seidler, 1998; Mittermeier et al., 1998; Aleixo, 1999; Chiarello, 1999; 2000; Harcourt et al., 2002; Ribon et al., 2003), evidenciando que estamos, de fato, diante de um cenário catastrófico de extinção em massa (Wilson 1988; Windsor, 1998; Pimm e Raven, 2000). O que se segue é que tanto a taxa de extinção de espécies quanto a perda absoluta de espécies, devido à atual destruição das florestas tropicais seria de mil a dez mil vezes superiores àquelas taxas 5 estimadas de extinção nos tempos geológicos que antecereram o Quaternário (Wilson, 1988). As estimativas do grau de risco de extinção das espécies são divulgadas em listas compiladas a cada dois anos pelas organizações World Conservation Monitoring Center e World Conservation Union (International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, IUCN). Nestas listas, conhecidas como red books (livros vermelhos), as espécies são classificadas em diversas categorias, as quais são baseadas principalmente nas alterações no tamanho das populações e áreas de ocorrência (Tonhasca Jr., 2005). Segundo levantamento da CI-Brasil (2006) - Conservation International do Brasil, a maior parte das espécies brasileiras ameaçadas de extinção presente na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente, habitam a Mata Atlântica. Das 265 espécies de vertebrados ameaçadas, 185 ocorrem nesse bioma (69,8%), sendo que 100 (37,7%) deles são endêmicos. Das 160 aves da relação, 118 (73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Entre os anfíbios, todas as 16 espécies indicadas como ameaçadas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica. Das 69 espécies de mamíferos ameaçados, 38 ocorrem nesse bioma (55%), sendo 25 endêmicas. Entre as 20 espécies de répteis, 13 ocorrem na Mata Atlântica (65%), sendo 10 endêmicas, a maioria com ocorrência restrita às restingas. (http://www.ambientebrasil.com.br/). A distribuição de espécies ameaçadas não é homogênea ao longo da Mata Atlântica. O maior número de espécies ameaçadas está nas florestas de baixadas, entre os Estados da Bahia e Espírito Santo, e nas florestas montanas compartilhadas pelos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro (Tabarelli et al., 2005). 6 A primeira menção específica à Mata Atlântica na legislação brasileira surge na Constituição Federal de 1988, quando se refere ao bioma como patrimônio nacional e determina que ele deve ser usado na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais. Em 1993, foi expedido o Decreto nº 750, que protegia não somente as formações florestais primárias, mas também aquelas em processo de regeneração natural (Câmara, 2005). A história de conservação da Mata Atlântica tem sofrido grandes oposições, principalmente pela bancada ruralista. Um exemplo é o projeto de lei que ficou em tramitação por 14 anos, pois, como continha pontos que contrariavam os interesses do setor rural, especialmente os limites do domínio da Mata Atlântica, a bancada ruralista esteve sempre em oposição à sua aprovação (Rede de ONGs da Mata Atlântica, 2006). Esse projeto de lei, após sofrer 80 emendas, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em novembro de 2006 e resultou na Lei nº 11.428, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma. A Floresta Atlântica tem sido alvo de várias ações conservacionistas, recebendo apoio internacional para formular políticas ambientais, fortalecer instituições e estabelecer estruturas e mecanismos para melhorar o seu monitoramento e a avaliação. Os projetos que contam com apoio internacional, na sua maioria, envolvem preocupações globais como mudanças climáticas e conservação da biodiversidade. Um dos programas é o Programa Piloto da Floresta Tropical Brasileira – PPG7 que envolve inúmeras instituições nacionais e internacionais. Nesse projeto foram selecionados o Corredor da Amazônia Central (CAC), no Estado do Amazonas, e o Corredor Central da Mata Atlântica nos Estados da Bahia e Espírito Santo. Esses 7 corredores regionais são utilizados como unidades de planejamento, e oferecem suporte econômico, social e político no Brasil, para conservar a biodiversidade (Mendonça et al., 1994). No Estado da Bahia restam apenas 0,4% dos 215.436 km2 da área florestal original (Mendonça et al., 1994). As ameaças provêm do desenvolvimento costeiro e das atividades descontroladas de exploração madeireira, agrícola e de produção de carvão. Sob ameaça estão cerca de 8.000 espécies vegetais (2,7% do total global) conhecidos da Mata Atlântica e 567 vertebrados (2,1% do total global de vertebrados), dos quais, 181 são aves. Apesar de ser um dos biomas mais estudados no Brasil, ainda existem áreas na Mata Atlântica pouco conhecidas do ponto de vista biológico. Além do seu valor como imensa reserva biológica e como prestadora de serviços ecológicos, a Mata Atlântica é parte dos patrimônios histórico e cultural do Brasil porque está intimamente ligada à colonização e desenvolvimento do país (Dean, 1996). 8 3 - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO A idéia de proteger áreas naturais não é recente. Há séculos, determinados espaços eram reservados para manutenção de estoques de recursos naturais, para lugar de descanso para os mortos, lugar de meditação e reflexão ou até mesmo por serem considerados lugares sagrados. Reservas reais de caça já aparecem nos registros históricos assírios de 700 a.C. Os romanos já se preocupavam em manter reservas de madeira, entre outros produtos, para a construção de navios. Na Índia, reservas reais de caça foram estabelecidas no século III (Colcherster, 1997). Nos dias de hoje, o estabelecimento de áreas protegidas é um instrumento utilizado em todo o mundo com o objetivo de conservação da biodiversidade. Algumas áreas protegidas foram criadas ainda no século XIX, com o objetivo de preservar paisagens formosas para futuras gerações. No final do século XX a criação dessas áreas tornou-se muito popular devido à alta taxa de extinção de espécies e perda de ecossistemas naturais. De acordo com Mulongoy e Chape (2003), baseados em estatísticas de 2003, existem 102.102 áreas protegidas em 80% dos países do planeta. A superfície total coberta por essas áreas é de aproximadamente 18.764.958 km2 (maior que a área do Brasil e Canadá juntos), mas representa somente 3,4% da superfície do planeta. Na realidade, a maioria destas áreas está em terra e a superfície terrestre total cobertas por áreas protegidas é de aproximadamente 17.125.893 km2, ou 11,5% do total. 9 Apesar de utilizadas como principal instrumento de conservação, as áreas protegidas não podem assegurar que a perda da biodiversidade seja freiada ou evitada. A porcentagem de áreas protegidas existente no mundo é muito pequena para preservar as espécies e toda a sua diversidade. Dos 11,5% protegidos, parte significativa está localizada em áreas de baixa biodiversidade, como a calota de gelo da Groenlândia (Terborgh e Van Schaik, 2002). Há biomas com alta diversidade de espécies e ecossistemas não incluídos em áreas protegidas e ainda, essa porcentagem inclui as Unidades de Conservação que foram criadas oficialmente, mas que não foram implementadas. Um fato mundialmente aceito nos dias de hoje, é que a proteção das espécies de fauna e flora nativas de um país ou região só poderá ser feita, de forma efetiva, com a preservação de parcelas significativas de seus ambientes naturais. Em razão disso, a exemplo de muitos outros países, o Brasil tem criado diversas Unidades de Conservação, visando, além da proteção dos recursos bióticos, a conservação dos recursos físicos e culturais destes mesmos espaços naturais. Mas a criação destas Unidades de Conservação nem sempre segue critérios fundamentados biologicamente, o que pode levar a uma distribuição ineficiente para conservação das espécies ameaçadas. O Brasil, apesar de ser um dos países mais ricos em megadiversidade do mundo, é também um dos países em que o título de hotspots de biodiversidade foi atribuído em dois de seus biomas: o cerrado e a Mata Atlântica (Brandon et al., 2005). A posição de megadiverso confere ao Brasil uma responsabilidade maior em proteger suas grandes regiões naturais, e a criação de Unidades de Conservação é a chave para conservar o que ainda resta. 10 Atualmente, o Brasil conta com 10,52% da superfície coberta por Unidades de Conservação, o que representa 101.474.971 hectares. Do percentual total, 6,34% são áreas de proteção integral e 3,53% de uso sustentável (Bensusan, 2006). Essas Unidades de Conservação, apesar da falta de recursos financeiros, de pessoal técnico na sua gestão e pressão de uso, têm-se mostrado eficazes na proteção de seus ecossistemas, evitando principalmente o desmatamento. Ao longo da história do Brasil, muitos movimentos e organizações ambientalistas propuseram e designaram áreas protegidas. No entanto, essas áreas não são consideradas oficialmente protegidas até que tenham sido legalmente reconhecidas, registradas e aceitas pelos governantes e pelas comunidades locais. As áreas protegidas que estão efetivamente cumprindo suas funções devem ser distinguidas daquelas que não estão, pois muitas delas não são mais que “parques de papel” (Bertonattie e Corcuera, 2000), apesar da declaração oficial de que uma área é protegida embora necessária, não é suficiente para assegurar a conservação em longo prazo. A Mata Atlântica conta com um grande número de Unidades de Conservação que parecem abrigar populações de várias espécies ameaçadas, embora a falta de dados sobre a distribuição das espécies impossibilite tal verificação (Tabarelli et al., 2005). O Estado da Bahia investiu relativamente pouco nas Unidades de Proteção Integral, optando por criar Unidades de Conservação de Uso Sustentável, sendo a maioria APA – Área de Proteção Ambiental. Estas estão mais próximas de um mecanismo para ordenamento do uso da terra do que uma área protegida verdadeira (Rylands e Brandon, 2005). 11 Para uma avaliação concreta da efetividade das Unidades de Conservação é necessária uma análise da representatividade, ou seja, saber se essas Unidades representam quantitativa e qualitativamente porções dos ecossistemas do país. Transformar fragmentos remanescentes em reservas não assegura que a diversidade local se mantenha ao longo do tempo. Uma nova percepção é que devem existir corredores que funcionem como elementos de conectividade entre as Unidades. As áreas protegidas devem ser tão grandes quanto possível, não apenas para maximizar a integridade das espécies, dos hábitats e dos ecossistemas que elas contêm, mas também para minimizar o risco de extinção de espécies (Green e Paine, 1997) e aumentar a representatividade das espécies e comunidades bióticas em seus limites. Internacionalmente, considera-se que as áreas maiores que 10km2, ou 1km2 no caso de ilhas totalmente protegidas, têm mais chances de atingir os objetivos de conservação (IUCN, 1994). Análises de representatividade de Unidades de Conservação já foram realizadas para várias regiões, enfocando diferentes grupos. Fearnside e Ferraz (1995) fizeram uma análise da representatividade de Unidades de Conservação de Proteção Integral Federais baseando-se nos mapas de vegetação com o objetivo de determinar prioridades de conservação na Amazônia Legal. A base para esta análise foi o mapa de vegetação da Amazônia produzido a partir dos dados do Projeto RADAMBRASIL. Os Estados foram utilizados como unidades geográficas de análise. Assim, para cada Estado foram identificados quais os tipos de vegetação que estavam presentes ou não nas Unidades de Conservação. Eles encontraram diversos tipos de vegetação que não estavam representados nas Unidades de Conservação existentes em nove Estados na Amazônia legal brasileira. Por conta do 12 crescente desmatamento na região eles concluíram que era necessário estabelecer novas Unidades de Conservação para que certos tipos de vegetação não pudessem desaparecer. Entre 1990 e 1994 a Fundação Pró-Natureza – FUNATURA, diagnósticou o estado das aves raras, endêmicas e ameaçadas de extinção na Amazônia, com vistas a determinar a representatividade do sistema de Unidades de Conservação Federal na região (Cavalcanti, 1993). Entre outros resultados deste estudo, destacam-se a constatação de novos registros de ocorrência de espécies nas Unidades de Conservação do Amapá, permitindo uma avaliação mais precisa de sua importância para a preservação da biodiversidade e o planejamento de implantação de uma nova Unidade de Conservação estadual para proteger os ambientes e aves não contempladas pelo sistema federal de Unidades de Conservação no Estado. Na África do Sul, foram realizadas análises de representatividade de serpentes (Lombard et al., 1995), onde os autores concluíram que a maioria das espécies de serpentes da África do Sul pode ser protegida adequadamente com a aquisição de poucas novas reservas. O estudo de plantas da família Rosidae (Angiospermas) (Rebelo & Siegfried, 1992), também na África do Sul, confirmaram que a melhor estratégia para projetar a configuração de reservas que maximizam a riqueza de espécies é também a identificação das áreas de endemismo e riqueza dentro de regiões biogeográficas. No Distrito Federal foi realizado um trabalho para avaliar a representatividade de áreas protegidas na conservação da avifauna do Cerrado (Braz e Cavalcanti, 2001). No estudo eles verificaram que o conjunto de Unidades de Conservação foi importante para a manutenção da riqueza da avifauna do Distrito Federal, mas que 13 apesar da boa representatividade de espécies endêmicas e ameaçadas, há ainda uma grande quantidade de espécies raras não representadas. Na Mata Atlântica foi realizado um estudo para identificar lacunas de conservação no sistema de áreas protegidas e apontar as áreas “insubstituíveis” para definição de prioridades para a expansão do sistema de Unidades de Conservação do bioma (Paglia et al., 2004). Esse estudo mostrou que 54,8% das espécies analisadas não estariam efetivamente protegidas pelo atual sistema de Unidades de Conservação. As Unidades de Conservação são a chave para conservar o que resta da Mata Atlântica, apesar de grandes os desafios, alguns intrínsecos a cada unidade e outros do sistema. A efetividade do sistema de Unidades de Conservação depende de quão adequadamente estas podem cumprir sua missão em qualquer sítio e salvaguardar coletivamente a biodiversidade. 14 4 - AVIFAUNA AMEAÇADA No Brasil, a distribuição de aves começou a ser estabelecida com o acúmulo de informações advindas dos inúmeros trabalhos de natureza regional. Autores pioneiros, no Brasil, na tentativa de estabelecer distribuições prévias foram Burmeister (1855-56), Pelzeln (1868-71), Goeldi (1900), Ihering e Ihering (1907) e Snethlage (1914). delineamento O essencial grande da compilador distribuição deste de século, aves no responsável Neotrópico, pelo foi incontestavelmente C. E. Hellmayr, através especialmente de seus catálogos de aves das Américas, publicados no período de 1918-1949. Foram marcos importantes da ornitologia brasileira neste aspecto os catálogos de aves do Brasil de Olivério Pinto. Outra obra referencial importante foi a lista de espécies da América do Sul, com ênfase na distribuição, de R. Meyer de Schauensee (1966) (Pacheco e Bauer, 1996). A efetivação das coleções ornitológicas dos principais museus brasileiros no início deste século, a grande maioria dos dados sobre a avifauna brasileira esteve dependente da atividade de naturalistas estrangeiros. Estas coleções sediadas principalmente no Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ) e Museu Paulista, hoje Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), através das muitas expedições a diversos pontos do país, em especial da Mata Atlântica, promoveram, gradativamente, um melhor conhecimento da distribuição das aves brasileiras. Entretanto, apenas as coleções seriadas do MZUSP serviram efetivamente ao 15 propósito de um melhor conhecimento da distribuição, devido à divulgação, em seu tempo, das localidades de coleta, através dos inúmeros artigos de Olivério Pinto (Pacheco e Bauer, 1996). A avifauna da Mata Atlântica foi uma das primeiras a ser pesquisada no Brasil. Com a abertura dos portos às nações amigas, em janeiro de 1808, diversas expedições de viajantes-naturalistas estrangeiros iniciaram suas investigações científicas, especialmente, pela região da Mata Atlântica. O Rio de Janeiro e São Paulo foram, nesta fase pioneira, os Estados mais amostrados. Os Estados da Bahia e do Rio de Janeiro, mesmo antes deste ciclo de expedições, contribuíram como principais centros exportadores de material de história natural da América do Sul (Berlioz, 1959). Muitas aves estão restritas a certos tipos de hábitat e acredita-se que o padrão de distribuição esteja fortemente relacionado com vários aspectos florísticos e estruturais da vegetação (Karr 1971, Noon 1981, Levey 1988). Consequentemente, espera-se que uma floresta estruturalmente complexa e rica em espécies de plantas contenha uma maior diversidade de espécies de aves do que vegetações estruturalmente mais simples. Embora em regiões temperadas, como Europa e América do Norte, já exista um grande número de estudos sobre a influência da fragmentação florestal sobre aves, um impulso maior sobre a questão em regiões tropicais teve início nos últimos 15 anos. No Brasil, vários zoólogos já alertavam, há décadas, para o perigo da destruição florestal, especialmente da Mata Atlântica, e seus efeitos sobre a avifauna (Moojen, 1943; Sick, 1997). Trabalhos já demonstraram que pequenos fragmentos de Mata Atlântica continham menos espécies do que fragmentos grandes, e também que algumas espécies de pássaros eram mais sensíveis à 16 diminuição da área dos fragmentos, ou seja, não conseguiam se manter em fragmentos de 2 a 20 ha (Willis, 1979). A fragmentação do hábitat é uma das grandes ameaças, particularmente em ecossistemas com um grande número de espécies endêmicas e o efeito mais evidente é a redução do número de espécies. Muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica já ocuparam extensas áreas de distribuição geográfica ao longo da costa e acabaram tornando-se ameaçadas no plano global, como resultado da exploração e da redução de seus hábitats em toda a sua área de distribuição. Muitas outras espécies ameaçadas são endêmicas de áreas restritas, agora fragmentadas e desprovidas de cobertura florestal (Tabarelli et al., 2005). A ameaça sofrida pela avifauna já foi há tempo apontada pelos ornitólogos, sendo que a ocorrência de uma ou várias espécies ameaçadas em um local ajuda a estabelecer a prioridade do mesmo, no esforço de conservação do bioma e a determinar a importância de se preservá-lo. Isso faz das aves um grupo usado pelos biólogos como bio-indicadores da qualidade ambiental, através do mapeamento de regiões de prioritárias à conservação (Gagliardi, 2007). As aves têm um importante papel no meio ambiente rural e urbano: ajudam no controle de pragas, que atacam as plantações e as cidades; polinizam flores e espalham sementes, auxiliando na reprodução das plantas; servem como ótimos indicadores da qualidade dos ambientes, pois indicam rapidamente qualquer impacto ambiental (CEMAVE, 2006). Vários estudos demonstraram que as comunidades de aves respondem às alterações na floresta como desmatamento, clareiras naturais, alterações no curso e volume dos riachos (Sick, 1997). Em termos de Ornitologia, o Estado da Bahia é possivelmente o mais complexo e diversificado dos Estados brasileiros extra-amazônicos, onde 17 recentemente foram descritas novas espécies (Pacheco e Bauer, 1996). É excepcionalmente rico em diversidade de aves, com cinco novas espécies e um novo gênero, Acrobatornis, recentemente descritos nas regiões cacaueiras montanhosas e costeiras do sul e do centro do Estado (Aguiar et al., 2005). O Brasil abriga uma das mais diversas avifaunas do mundo, com 1.796 espécies, ou seja, cerca de cerca de 20% das 9.000 espécies do mundo (http://www.cbro.org.br). Isso equivale a aproximadamente 57% das espécies de aves registradas em toda a América do Sul. Na região neotropical, o Brasil é o país com o maior número de espécies de aves ameaçadas (Collar et al., 1997). É o terceiro país em diversidade de aves, atrás apenas da Colômbia e do Peru. No entanto, é o primeiro em número de espécies em extinção (http://www.avistarbrasil.com.br). São 111 espécies de aves globalmente ameaçadas de extinção e 93 espécies quase ameaçadas. De acordo com a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, na Mata Atlântica existem 94 espécies de aves ameaçadas, sendo que 50 são “Vulneráveis”, 32 “Em Perigo” e 12 “Criticamente em Perigo”. Uma iniciativa global que visa identificar e proteger uma rede mundial de áreas críticas para a conservação das aves é o Programa de Áreas Importantes para a Conservação das Aves (Important Bird Areas - IBAs) da BirdLife International. Baseado em uma síntese de conhecimento atual da avifauna, ela identificou, usando critérios globais, 163 IBAs importantes ao longo de 15 Estados de Brasil que contém, junto, 98 espécies globalmente ameaçadas, representando 84% de todos os pássaros ameaçados do Brasil. Uma grande proporção dessas áreas está totalmente ou parcialmente protegida pelo atual sistema de Unidades de Conservação ou por áreas de preservação privadas. A Bahia foi o Estado com o 18 maior número de IBAs identificados (33 áreas), seguido de Minas Gerais, com 25 áreas. A maioria dessas IBAs são representativas da Mata Atlântica ou incluem ecossistemas associados a esse bioma. Para a Mata Atlântica da Bahia foram identificadas 31 IBAs (Bencke et al., 2006). Os padrões de endemismo e hábitos de especialização da avifauna na Mata Atlântica, especialmente considerando-se as atividades humanas na região, sugerem que esta comunidade de aves está altamente ameaçada. O grau de endemismo é ainda maior em aves de interior de mata que são as espécies reconhecidas como as mais afetadas pela fragmentação das florestas (Lovejoy et al., 1986, Bierregaard e Lovejoy 1989, Newmark 1991). De acordo com o IBAMA (2007) - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, as categorias de ameaça foram sugeridas pelo setor acadêmico para enquadramento das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção, a partir dos critérios internacionais utilizados pela União Mundial para a Natureza. Existem para a Mata Atlânticas três categorias de ameaça para a avifauna: Criticamente em Perigo: aquela cujas evidências demonstram que a espécies está enfrentando um risco extremamente alto de extinção na natureza; Em Perigo: aquela cujas evidências demonstram que a espécies está enfrentando um risco muito alto de extinção na natureza; Vulnerável: aquela cujas evidências demonstram que a espécies está enfrentando um risco alto de extinção na natureza. 19 5 - SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA De um ponto de vista abrangente, a solução mais antiga, e até hoje comum, de resolver problemas de análise de informações espaciais envolve a construção e a utilização de mapas. Embora toda a técnica de produção de mapas em papel esteja bastante dominada, o processo de produção e utilização é muito caro, principalmente levando em conta os aspectos de armazenamento e atualização manual (Davis e Fonseca, 2001). Os primeiros Sistemas de Informação Geográficos (SIGs) ou Geographic Information Systems (GIS) surgiram no Canadá na década de 60 como parte de um esforço governamental para criar um inventário de recursos naturais. No início da década de 80, com a grande popularização e barateamento das estações de trabalhos gráficos, ocorreu uma grande difusão do uso de SIG (Davis e Fonseca, 2001). Os Sistemas de Informações Geográficas são ferramentas que permitem armazenar, analisar, recuperar, manipular e manejar grandes quantidades de dados espaciais. Originalmente estas ferramentas foram desenvolvidas para facilitar trabalhos cartográficos, mas estão sendo atualmente utilizadas para inventários, estimativas, planejamento e modelagem. Os SIG’s utilizam dados geograficamente referenciados (georreferenciados) e dados não espaciais, incluindo operações que dão suporte as análises espaciais (Calijuri e Lorentz, 2003). 20 Considerando que as necessidades de planejamento, controle e gestão ambientais pelos agentes públicos são cada vez mais crescentes em todas as áreas do conhecimento, a correta implementação de geotecnologias e de Sistemas de Informações Geográficas vêm a atender essas demandas, uma vez que detêm as habilidades de integrar informação e ajudar na tomada de decisões, contando com as características essenciais de referência espacial e análise de dados (Maia, 2003). Mattos (2002) utilizou técnicas de sensoriamento remoto e de SIG para a geração, atualização, integração e análise de informações georreferenciadas sobre a APA Municipal de Campinas (SP), aplicando e avaliando procedimentos e ferramentas metodológicas disponíveis de planejamento e gestão ambientais. O Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Bahia (IESB) iniciou em 1994, um programa de monitoramento da cobertura florestal e do uso das terras em áreas protegidas da região Sul do Estado da Bahia, a partir do uso de tecnologias de sensoriamento remoto e de SIG (IESB, 2005). As informações disponíveis no banco de dados geográfico contribuíram para a realização de diversos estudos e trabalhos sobre a região, entre os quais se destacam: a identificação dos principais remanescentes florestais do entorno da Reserva Biológica de Una, definindo estratégias para a conservação e desenvolvimento daquela região; a indicação da poligonal do Parque Estadual da Serra do Conduru; a elaboração de croquis de localização de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) para o IBAMA; o planejamento de uso de terras agricultáveis; pesquisas sobre o manejo da vida silvestre e o planejamento da expansão urbana. Rodrigues et al., (2003) realizaram uma análise global de lacunas combinando os mapas de distribuição das espécies de aves, mamíferos e anfíbios com os mapas de áreas protegidas, utilizando o software ArcView®, Sistema de 21 Informações Geográficas, para analisar o grau de representação de cada espécie nas áreas protegidas. Com esse projeto, os autores mostraram que pelo menos 1.310 espécies (831 das quais em risco de extinção) não estariam protegidas em nenhuma parte da sua área de distribuição. Jarvis et al., (2003) utilizaram o DIVA-GIS® (2006) para avaliar o estado de conservação do Amendoim Selvagem (Arachis spp.) e priorizar ações futuras de conservação biológica e geográfica. Foram feitas predições da distribuição das espécies com base em 36 variáveis de clima e esses dados foram sintetizados com o mapa de uso da terra para traçar a distribuição potencial de cada espécie e consequentemente a riqueza de espécies de todo o gênero. Analisando os mapas, hotspots de riqueza de espécies foram localizados em Mato Grosso e Campo Grande e ao redor da Serra Geral de Goiás. As espécies tiveram pouca representação em áreas protegidas, somente 48 das 2.175 observações em parques nacionais e algumas foram identificadas como pertencentes a espécies ameaçadas de extinção. Foi sugerido que esforços na conservação ex situ focalizasse a área ao redor de Pedro Gomes (300 km a sudeste de Cuiabá), 170 km sul ao longo da estrada de Cuiabá para Corumbá, e ao redor de San de José de Chiquitos na Bolívia, onde algumas espécies que se adaptaram a baixas temperaturas puderam ser encontradas. A supervisão de pragas e doenças emergentes sempre foi limitada pela falta de sistemas de prevenção que poderiam prever as rotas da propagação e da distribuição geográfica potencial da espécie. Enquanto a importância dos padrões de expansão de organismos invasores sempre foi percebida, as ferramentas analíticas necessárias para fazer as predições estão muito limitadas. Recentemente, entretanto, a disponibilidade de dados ecológicos e climatológicos, as habilidades 22 computacionais de processar uma enorme série de dados, e o desenvolvimento dos algoritmos apropriados ajudaram a uma melhor compreensão dos testes padrões da propagação das espécies invasoras. Por exemplo, algoritmos como o Genetic Algorithm for Rule Set Prediction (GARP) e o DIVA-GIS, estão sendo empregados com sucesso em uma larga escala de situações para prever a propagação de espécies invasoras. Ganeshaiah et al. (2003) usaram o Genetic Algorithm for Rule Set Prediction (GARP) e o DIVA-GIS®, para prever a distribuição geográfica potencial de um inseto praga, o afídeo lanoso da cana-de-açúcar que se espalhou na Índia trazendo grandes prejuízos financeiros, destruindo colheitas em Maharashtra e Karnataka. Eles tentaram prever a distribuição geográfica potencial deste afídeo usando os dados de sua distribuição atual em uma escala de parâmetros ambientais. O GARP foi utilizado para identificar o nicho específico da espécie, definindo-o em diversas dimensões climáticas, físicas e variáveis ecológicas a partir das exigências ecológicas, baseadas nos limites definidos pelos pontos georreferenciados de sua distribuição. O DIVA-GIS foi utilizado para identificar as áreas ou os nichos que o afídeo poderia invadir, baseado nas características climáticas e ecológicas dos pontos georreferenciados de ocorrência da espécie. A distribuição potencial prevista ajudou nas estratégias de controle e monitoramento do afídeo lanoso e deu uma grande oportunidade de prever a eventual expansão da praga nos anos seguintes. Confirmou-se então a utilidade dessa metodologia para hierarquizar, rapidamente, áreas para proteger as espécies já ameaçadas de extinção. 23 6 - MATERIAL E MÉTODO A área de estudo abrange 203 municípios do Estado da Bahia (Quadro 1) de acordo com a base cartográfica do limite do bioma Mata Atlântica do Ministério do Meio Ambiente, perfazendo uma área total de 134.196,14 km2 e representa os municípios que ainda possuem uma boa representatividade de Mata Atlântica, como também aqueles que possuem pequenos remanescentes. Os registros de distribuição das espécies ameaçadas foram obtidos através de dados secundários. Foram considerados: dissertações, teses, livros, artigos, sites da Internet, planos de manejo, bibliotecas da USP e UESC, registros cedidos pelo administrador da Unidade de Conservação, dados cedidos pelo Museu de Biologia Professor Mello Leitão, em Santa Tereza (ES) e relatórios de projetos de pesquisa. Foi criado um banco de dados no Microsoft Office Access® 2003 para a inclusão dos registros de distribuição, constando o nome científico, nome vulgar, distribuição com as respectivas coordenadas geográficas e a fonte de onde o registro foi coletado. Os dados sobre a distribuição das espécies estão representados em um Sistema de Informações Geográficas na forma de pontos. Para todas as atividades de elaboração dos mapas de distribuição das espécies, foi utilizado o Software ArcView® 9.1. 24 Quadro 1 - Municípios cobertos, mesmo que parcialmente, pelo bioma Mata Atlântica, Bahia Município Acajutiba Água Fria Aiquara Alagoinhas Alcobaça Almadina Amargosa Amélia Rodrigues Anagé Anguera Antônio Cardoso Aporã Apuarema Aracas Aramari Arataca Aratuípe Aurelino Leal Barra do Choça Barra do Rocha Barro Preto Belmonte Belo Campo Boa Nova Bom Jesus da Serra Brejões Buerarema Caatiba Cabaceiras Paraguaçu Cachoeira Caetanos Cairu Camacan Camaçari Camamu Canavieiras Candeal Área (km²) 267,66 643,18 195,18 733,93 1.474,86 246,91 435,94 152,56 1.852,56 170,15 293,92 598,55 150,69 419,96 331,36 396,12 177,04 446,35 781,30 192,54 120,58 2.009,82 608,51 856,88 410,03 481,27 209,54 655,65 213,52 398,49 857,28 451,19 632,92 759,83 885,20 1.375,63 454,47 Município Candeias Cândido Sales Caravelas Cardeal da Silva Castro Alves Catu Coaraci Conceição da Feira Conceição do Almeida Conceição do Jacuípe Conde Condeuba Coração de Maria Cordeiros Cravolândia Cruz das Almas Dário Meira Dias D´Ávila Dom Macedo Costa Elísio Medrado Encruzilhada Entre Rios Esplanada Eunápolis Feira de Santana Firmino Alves Floresta Azul Gandu Gongogi Governador Mangabeira Guaratinga Ibicaraí Ibicuí Ibirapitanga Ibirapuã Ibirataia Igrapiúna Área (km²) 264,47 1.301,29 2.392,50 194,92 764,40 518,03 296,81 159,72 290,01 144,50 950,63 1.237,09 357,29 554,41 159,63 173,21 400,33 207,47 91,21 199,52 2.041,10 1.164,78 1.402,98 1.193,17 1.332,95 159,40 351,61 229,12 198,32 94,33 2.326,67 217,89 1.163,29 470,22 786,01 226,12 507,87 Município Iguaí Ilhéus Inhambupe Ipecaetá Ipiaú Irajuba Irara Itabela Itabuna Itacaré Itagi Itagibá Itagimirim Itaju do Colônia Itajuípe Itamaraju Itamari Itambé Itanagra Itanhém Itaparica Itapé Itapebi Itapetinga Itapitanga Itaquara Itarantim Itatim Itiruçu Itororó Ituberá Jacaraci Jaguaquara Jaguaripe Jandaíra Jequié Jiquiriçá Área (km²) 833,35 1.841,03 1.245,11 393,92 286,60 383,37 260,74 854,73 443,19 730,27 303,49 810,29 817,44 1.217,50 295,94 2.369,78 131,46 1.625,64 452,37 1.445,02 47,28 443,25 971,85 1.609,64 410,45 296,92 1.783,51 574,26 302,95 330,76 422,64 1.241,92 960,38 891,38 644,24 3.035,49 236,27 25 Quadro 1 - Municípios cobertos, mesmo que parcialmente, pelo bioma Mata Atlântica, Bahia Município Jitaúna Jucuruçu Jussari Lafaiete Coutinho Laje Lajedão Lajedo do Tabocal Lauro de Freitas Macarani Madre de Deus Maiquinique Manoel Vitorino Maracás Maragogipe Maraú Mascote Mata de São João Medeiros Neto Milagres Mucuri Muniz Ferreira Muritiba Mutuípe Nazaré Nilo Peçanha Nova Canaã Nova Ibiá Nova Itarana Nova Viçosa Ouricangas Pau Brasil Pedrão Piraí do Norte Piripa Planaltino Planalto Poções Área (km²) 332,86 1.438,37 356,74 352,59 497,50 613,83 423,72 59,80 1.371,71 11,14 413,86 2.400,23 2.435,16 436,10 774,42 709,22 680,83 1.245,90 307,81 1.774,01 114,94 110,59 273,32 256,30 385,32 566,52 180,71 456,24 1.326,14 169,10 609,51 148,62 227,63 651,07 938,15 913,91 962,78 Município Pojuca Porto Seguro Potiraguá Prado Presidente Tancredo Neves Rafael Jambeiro Riacho do Jacuípe Ribeirão do Largo Rio Real Salinas da Margarida Salvador Santa Bárbara Santa Cruz Cabrália Santa Cruz da Vitória Santa Inês Santa Luzia Santa Terezinha Santo Amaro Santo Antônio de Jesus Santo Estevão São Felipe São Félix São Francisco do Conde São Gonçalo dos Campos São José da Vitória São Miguel das Matas São Sebastião do Passé Sapeaçu Saubara Serra Preta Simões Filho Tanquinho Taperoá Teixeira de Freitas Teodoro Sampaio Teolândia Terra Nova Área (km²) 279,75 2.408,41 989,42 1.664,56 414,13 1.234,32 1.199,00 1.222,10 734,02 117,63 324,53 324,86 1.551,16 250,03 356,21 785,30 710,35 486,18 251,92 365,13 197,95 95,50 219,29 294,32 53,37 207,28 551,32 101,82 91,47 538,77 192,28 214,62 408,58 1.153,63 229,35 288,26 156,34 Município Tremedal Ubaíra Ubaitaba Ubatã Una Urandi Uruçuca Urandi Uruçuca Valença Varzedo Vera Cruz Vereda Vitória da Conquista Wenceslau Guimarães Área (km²) 1.779,43 762,39 221,80 332,98 1.159,41 895,93 337,70 895,93 337,70 1.191,13 167,72 253,50 828,81 3.204,49 661,77 26 O Software ArcView®, desenvolvido pela ESRI Inc. (Environmental Systems Research Institute), pode ser considerado uma das principais ferramentas de para Sistemas de Informações Geográficas e Mapeamento. O ArcView® fornece aos seus usuários um conjunto poderoso de ferramentas que permitem visualizar, explorar, consultar e analisar bases de dados geográficos, armazenados em formatos diversos, vetoriais ou matriciais (Calijuri e Lorentz, 2003). O Sistema de Coordenadas Geográficas adotado neste estudo foi o Datum SAD-69, que utiliza o Elipsóide de Referência Internacional de 1967 (SGR-67). O mapa do Estado da Bahia foi obtido do CD Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica® (Alger et al., 2003) do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia e Conservation International do Brasil. Foi elaborado também um mapa das Unidades de Conservação localizadas na Mata Atlântica da Bahia, considerando todas as de Proteção Integral e de Uso Sustentável. Todos os shapes (extensão de arquivo do ArcView®) das Unidades de Conservação estão representados em forma de polígono. As Reservas Particulares do Patrimônio Natural cujos shapes não foram encontrados, foram representadas por pequenos círculos. Alguns arquivos em formato shapefile de Unidades de Conservação foram criados através de mapas já existentes, outros foram cedidos pela SEMARH, outros obtidos do CD Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica® do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia e Conservation International do Brasil e alguns cedidos pelo consultor do Ministério do Meio Ambiente Jean-François Timmers. A PRESERVA - Associação de Proprietários de Reservas Particulares da Bahia cedeu arquivos em formato shape de algumas RPPNs do Estado da Bahia. 27 Os mapas de distribuição das espécies ameaçadas foram sobrepostos com os mapas de áreas protegidas utilizando o ArcView® para analisar o grau de representação de cada espécie em áreas protegidas. As espécies Anodorhynchus hyacinthinus, Anodorhynchus leari, Carduelis yarrellii, Culicivora Harpyhaliaetus caudacuta, coronatus, Cyanopsitta Herpsilochmus spixii, pectoralis, Geobates poecilopterus, Lepidocolaptes wagleri, Sclerurus scansor cearensis e Xiphocolaptes falcirostris são típicas do Cerrado ou da Caatinga, por isso não foram consideradas neste estudo. A espécie Mergus octosetaceus ocorre em Floresta Atlântica, mas não foi encontrado registro algum para a Mata Atlântica da Bahia. Para gerar os mapas de distribuição potencial das espécies foi utilizado o programa DIVA-GIS®. O DIVA-GIS® foi desenvolvido para analisar a distribuição potencial de organismos e seus padrões geográficos e ecológicos. O DIVA-GIS® usa o BIOCLIM (Análise Bio-climática e Sistema de Predição) para identificar as áreas ou nichos onde as espécies podem ocorrer, baseado nas características climáticas e ecológicas dos registros de dados conhecidos de distribuição (www.DIVA-GIS.org). O modelo de distribuição para espécies no DIVA-GIS foi implementado com as seguintes variáveis climáticas: temperatura média anual, média da variação de temperaturas mensais, isotermas, temperatura máxima do mês mais quente, temperatura mínima do mês mais frio, variação da temperatura anual, temperatura média do semestre mais úmido, temperatura média do semestre mais seco, temperatura média do semestre mais quente, temperatura média do semestre mais frio, precipitação anual, precipitação do mês mais úmido, precipitação do mês mais seco, precipitação do semestre mais úmido, precipitação do semestre mais seco, precipitação do semestre mais quente e precipitação do semestre mais frio. Estas 28 variáveis climáticas disponíveis, carregadas com o programa, provavelmente afetam o domínio ecológico das espécies. 29 7 – RESULTADOS E DISCUSSÃO O Estado da Bahia possui 154 Unidades de Conservação, instituídas por decretos e portarias federais, estaduais e municipais, sendo que o maior percentual está concentrado ao longo da costa. Essa distribuição diminui consideravelmente no interior do Estado, onde porém, ainda se concentram importantes áreas remanescentes de Mata Atlântica. Estão incluídas Área de Proteção Ambiental – APA, Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE, Estação Ecológica, Floresta Nacional – FLONA, Cinturão verde – COPEC, Jardim Botânico, Monumento Natural, Museu Ecológico e Artístico, Reserva, Parque, Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN. No total são 47 Unidades de Proteção Integral e 107 Unidades de Uso Sustentável (www.sei.ba.gov.br). A função primordial das áreas protegidas é preservar elementos da biodiversidade de processos que ameaçam a sua sobrevivência, e a extensão na qual as reservas vão cumprir essa meta depende de quão bem elas alcançam dois objetivos. O primeiro é a representatividade, o objetivo que se refere à necessidade das reservas contemplarem um leque amplo da diversidade biológica local. O segundo é a persistência: as reservas, uma vez estabelecidas, devem promover a sobrevivência em longo prazo das espécies e elementos da biodiversidade, mantendo processos naturais e populações viáveis e excluindo as ameaças (Margules et al., 2002). A representação de todas as espécies ameaçadas em nível local é apenas o primeiro passo, e não a meta final na aquisição do propósito de 30 manutenção da biodiversidade em longo prazo, sendo apenas o patamar mínimo no estabelecimento de um sistema de áreas protegidas (Rodrigues et al., 2000). Como uma tendência geral (Margules et al., 2002), também no Brasil, o estabelecimento de áreas protegidas foi feito na maioria das vezes mais sobre bases pragmáticas que científicas, favorecendo freqüentemente a biodiversidade de áreas menos valiosas para usos comerciais, áreas em terrenos públicos ou carismáticas, e no geral com menor urgência para proteção a curto-prazo. Esse processo resultou no fato de que os recursos de conservação foram usados de forma ineficiente, e que áreas com maior urgência de preservação em curto prazo foram negligenciadas, havendo atualmente uma representação irregular para a maioria dos casos. No presente estudo, esse procedimento é refletido pela baixa eficiência no incremento de novas áreas ao longo do tempo. Existe um número de áreas protegidas muito grande na área coberta pela Mata Atlântica no Estado (Figura 1). As RPPNs, única categoria de Unidade de Conservação criada para o setor privado, aparecem em maior número, seguidas das APA’s. Das 39 RPPN’s, foram encontrados registros de distribuição da avifauna em somente cinco delas. Apesar do número significativo de Unidades, a maioria não tem plano de manejo, nem estudos específicos sobre a fauna e flora, por isso a dificuldade de obter registros das espécies nestas áreas. Mesmo as áreas de Proteção Integral necessitam de inventários completos e sistemáticos, como por exemplo, os Parques Nacionais do Descobrimento e do Pau Brasil, localizados em Prado e Porto Seguro respectivamente. 31 30% 36% APA Cint urão Verde 1% 3% 1% 9% 1% Est ação Ecológica Jardim Bot ânico Monument o Nat ural Parque Reserva RPPN 19% Figura 1 - Percentual das Unidades de Conservação da Mata Atlântica da Bahia Teoricamente, a exigência mínima para uma espécie ser considerada protegida pela rede de Unidades de Conservação áreas protegidas é que pelo menos a inclusão de uma população viável esteja dentro dessa rede. Esta exigência inclui não só um número mínimo de indivíduos (Soulé, 1987), mas também toda a infra-estrutura ecológica necessária para a persistência das espécies a longo prazo, como a variabilidade natural das condições ambientais (tal como mudança de clima) (Rodrigues et al., 2003). Há outras explanações para a pouca proteção das espécies ameaçadas. Primeiro, a presença e/ou a ausência de espécies em áreas protegidas não é um dos critérios aplicados pela IUCN para definir o status da ameaça de uma espécie (IUCN, 2001), mas há mais chances que espécies cujas populações não estão protegidas de acordo com os critérios da IUCN aproximem-se do declínio. Segundo, a ameaça à espécie resulta freqüentemente da destruição do hábitat no bioma e nas regiões geográficas usadas intensivamente pela população (Balmford et al., 2001). 32 Foram consideradas para este estudo 105 Unidades de Conservação (Quadro 2) sendo 31 de Proteção Integral e 74 de Uso Sustentável. A base de dados de distribuição das espécies ameaçadas inclui um total de 1024 registros, e destes, 875 ocorrem dentro da área de Mata Atlântica. Na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, constam 55 espécies de aves ameaçadas para o Estado da Bahia (Quadro 3), 42 destas ocorrem no bioma Mata Atlântica. As espécies marinhas Procellaria aequinoctialis, Procellaria conspicillata e Thalasseus maximus não foram consideradas. A espécie Penelope jacucaca é típica da Caaatinga e a Sporophila palustris de brejos mas foi encontrado um registro de distribuição para cada uma delas no Bioma Mata Atlântica. A avifauna brasileira é de uma grandeza ímpar e apesar de ser um dos grupos mais conhecidos, os dados sobre elas ainda não insuficientes. Além da carência muito grande de ornitólogos, os estudos realizados nem sempre são divulgados na literatura científica ou são de circulação restrita. Mesmo no Museu de Zoologia da USP, que possui a maior coleção de aves da Região Neotropical, não foram encontrados registros para todas as espécies ameaçadas que ocorrem no Estado da Bahia. Outro exemplo é a lista de exemplares da avifauna da Bahia depositadas no Museu de Biologia Professor Mello Leitão, que contém registros de distribuição de 25 espécies de aves que ocorrem no Estado, mas só aparece uma das espécies oficialmente ameaçada de extinção, a Myrmotherula urosticta. 33 Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município Nome Tipo Área (ha) Administração Criação APA Bacia do Cobre/São Bartolomeu Uso Sustentável 1.134 Estadual Decreto nº 7.970 de 05/06/01 APA Baía de Camamu Uso Sustentável 118.000 Estadual Decreto nº 8.175 de 27/02/02 APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança Uso Sustentável 230.296 Estadual Decreto nº 8.552 de 05/06/03 APA Costa de Itacaré-Serra Grande Uso Sustentável 14.925 Estadual Decreto nº 2.186 de 07/06/93 APA da Baia de Todos os Santos Uso Sustentável 80.000 Estadual Decreto nº 7.595 de 05/06/99 APA da Costa Dourada Uso Sustentável 3.435 Municipal Decreto nº 274 de 01/07/99 APA da Lagoa Encantada Uso Sustentável 11.800 Estadual Decreto nº 2.217 de 14/06/93 APA da Península de Maraú Uso Sustentável 21.200 Municipal Decreto nº 15 de 09/97 APA da Ponta da Baleia-Abrolhos Uso Sustentável 34.600 Estadual Decreto nº 2.218 de 14/06/1993 APA das Ilhas de Tinharé-Boipeba Uso Sustentável 43.300 Estadual Decreto nº 1.240 de 05/06/92 APA de Cachoeira da Pancada Grande Uso Sustentável 50 Municipal Decreto nº 1.494 de 13/05/93 APA de Candengo Uso Sustentável 7.000 Municipal Decreto de 08/09/90 APA de Caraíva-Trancoso Uso Sustentável 31.900 Estadual Decreto nº 2.215 de 14/06/93 APA de Coroa Vermelha Uso Sustentável 4.100 Estadual Decreto nº 2.184 de 07/06/93 APA de Joanes-Ipitanga Uso Sustentável 64.463 Estadual Decreto nº 7.596 de 05/06/99 APA de Mangue Seco Uso Sustentável 3.395 Estadual Decreto nº 605 de 06/11/91 APA de Santo Antônio Uso Sustentável 23.000 Estadual Decreto nº de 3.413 de 31/08/94 APA do Guaibim Uso Sustentável 2.000 Estadual Decreto nº 1.164 de 11/05/92 APA do Lapão Uso Sustentável 4.300 Municipal Lei nº 201 de 2001 APA do Litoral Norte Uso Sustentável 142000 Estadual Decreto n° 1.046 de 17/03/1992 APA do Pratigi Uso Sustentável 85686 Estadual Decreto nº 7.272 de 02/04/98 APA do Rio Capivara Uso Sustentável 1.800 Estadual Decreto nº 2.219 de 14/06/93 APA Itapebi Uso Sustentável ... Municipal Decreto nº 408/99 de 13.04.99 34 Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município - continuação Nome Tipo APA Lago de Pedra do Cavalo Uso Sustentável 30.156 Estadual Decreto nº 6.548 de 18/07/1997 APA Lagoa da CCC Uso Sustentável 189 Municipal Lei nº 23 de 04/06/93 APA Lagoa de Guarajuba Uso Sustentável 230 Estadual Resolução CEPRAM nº 387 de 27/02/91 APA Lagoas e Dunas do Abaeté Uso Sustentável 1.800 Estadual Decreto nº 351 de 22/09/87 APA Plataforma Continental do Litoral Norte Uso Sustentável 362.266 Estadual Decreto nº 8.553 de 05/06/03 APA Recife das Pinaúnas Uso Sustentável ... Municipal Lei nº 467 de 20/10/97 APA Serra das Candeias Uso Sustentável 3.051 Municipal Lei nº 126 de 19/04/95 APA Vale das Cascatas Uso Sustentável 5.880 Municipal Lei nº 077 de 30/01/95 Cinturão Verde (COPEC) Uso Sustentável 2.707 Estadual Decreto nº 22.146 de 20/11/70 Estação Ecológica da Ilha do Medo Proteção Integral 1 Municipal Decreto nº 27/07/91 Estação Ecológica Estadual Wenceslau Guimarães Proteção Integral 2.418 Estadual Decretos nº 6.228 de 21/02/97 e 7.791 de 19/04/00 Estação Ecológica Federal Pau Brasil Proteção Integral 1.145 Federal - Jardim Botânico de Salvador Proteção Integral 17 Municipal Decreto nº 13.546 de 22/03/02 Monumento Subaé Proteção Integral 404,15 Estadual - Parque da Cidade Joventino Silva Proteção Integral 72 Municipal Decreto nº 4.522 de 31/10/73 Parque Estadual da Serra do Conduru Proteção Integral 7.000 Estadual Decreto nº 6.227 de 21/02/97 Parque Estadual Ilha dos Frades Proteção Integral 910 Estadual Decreto nº 24.643 de 28/02/75 Parque Florestal e Reserva Ecológica Garcia D´Ávila Proteção Integral 7.000 Estadual Decreto nº 24.643 de 28/02/75 Parque Florestal e Reserva Ecológica da Ilha de Itaparica Proteção Integral 2.295 Estadual Decreto nº 26.643 de 28/02/75 Parque Histórico Castro Alves Proteção Integral 5 Estadual Decreto nº 22.268 de 11/02/71 Parque Histórico Metropolitano de Pirajá Proteção Integral 1.550 Municipal Decreto nº 3.363 de 28/04/78 Parque Metropolitano de Pituaçu Proteção Integral 430 Municipal Decreto nº 5.158 de 20/06/77 Parque Metropolitano Ipitanga I Proteção Integral 667 Estadual Decreto nº 32.915 de 06/02/86 Parque Municipal da Boa Esperança Proteção Integral 465 Municipal Lei nº 001 de 07/06/01 Área (ha) Administração Criação 35 Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município - continuação Nome Tipo Parque Municipal das Dunas de Abrantes Proteção Integral 700 Municipal Decreto nº 116 de 01/03/77 Parque Municipal Lagoas e Dunas do Abaeté Proteção Integral 1.410 Estadual Decreto nº 3.932 de 30/09/88 Parque Municipal Marinho do Recife de Fora Proteção Integral 1.750 Municipal Decreto nº 260 de 16/12/97 Parque Municipal São Bartolomeu Proteção Integral 75 Municipal Decreto nº 3.363 de 28/04/78 Parque Nacional do Descobrimento Proteção Integral 21.118 Federal Decreto Federal de 20/04/99 Parque Nacional do Monte Pascoal Proteção Integral 22.500 Federal Decreto nº 242 de 29/11/61 Parque Nacional do Pau Brasil Proteção Integral 12.112 Federal Decreto de 20/04/99 Parque Nacional Marinho de Abrolhos Proteção Integral 91.235 Federal Decreto nº 88.218 de 06/04/83 Parque Zoobotânico da Matinha Proteção Integral 24 Municipal Decreto nº 5158 Parque Zoobotânico Getúlio Vargas Proteção Integral 18 Estadual Decreto nº 17.461 de 15/09/59 Reserva Biológica de Maracás Proteção Integral 10 Estadual - Reserva Biológica de Una Proteção Integral 11.400 Federal Decreto nº 85.463 de 10/12/80 Reserva Ecológica Cachoeira do Pau Proteção Integral ... Municipal Decreto nº 541 de 27/06/97 Reserva Ecológica do Juliana Proteção Integral ... Municipal Decreto nº 1.657 de 29/04/97 Reserva Ecológica Ilha de Maré Proteção Integral 1.378 Municipal Decreto n° 3.207 de 05/07/82 Reserva Estadual Cotegipe-CIA Proteção Integral 118 Estadual Decreto nº 25.679 de 11/05/77 Reserva Extrativista de Canavieiras Uso Sustentável 100.646 Federal Decreto de 05/06/06 Reserva Extrativista Marinha da Baia do Iguape Uso Sustentável 8.117 Federal Decreto de 11/08/00 Reserva Extrativista Marinha do Corumbau Uso Sustentável 89.500 Federal Decreto de 21/09/00 RPPN Água Boa Norte Uso Sustentável 18.5 Particular - RPPN Água Boa Sul Uso Sustentável 27 Particular - RPPN Cajueiro Uso Sustentável 379 Particular Portaria Federal nº 136/02 RPPN Dunas de Santo Antônio Uso Sustentável 371 Particular Portaria Federal 65/01 RPPN Ecoparque de Una Uso Sustentável 83 Particular Portaria Federal nº 53/ 99 -N Área (ha) Administração Criação 36 Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município - continuação Nome Tipo RPPN Estação Vera Cruz Uso Sustentável 6.069 Particular Portaria Federal nº 149/ 98 -N RPPN Estância de Manacá Uso Sustentável 95 Particular Portaria Federal 36/2000 RPPN Fazenda Ágda Uso Sustentável 13 Particular Portaria Federal 169/2001 RPPN Fazenda Água Branca Uso Sustentável 97 Particular Portaria Federal 12/99-N RPPN Fazenda Araçari Uso Sustentável 110 Particular Portaria Federal nº 138/98-N RPPN Fazenda Ararauna Uso Sustentável 39 Particular Portaria Federal nº 06/03 RPPN Fazenda Arte Verde Uso Sustentável 10 Particular Portaria Federal nº 114/ 98 -N RPPN Fazenda Avaí Uso Sustentável 469 Particular Portaria Federal nº 701/90 RPPN Fazenda Coqueiros Uso Sustentável 87 Particular Portaria Federal nº 2.264/90 RPPN Fazenda Fugidos Uso Sustentável 450 Particular Portaria Federal 28/00 RPPN Fazenda Itacira Uso Sustentável 100 Particular Portaria Federal nº 791/21-N RPPN Fazenda Joaquim da Cobonha Uso Sustentável 257 Particular Portaria Federal nº 61/00 RPPN Fazenda Kaybi Uso Sustentável 5 Particular Portaria Federal nº 0117/94-N RPPN Fazenda Lontra/Saudade Uso Sustentável 1.377 Particular Portaria Federal nº 95/96-N RPPN Fazenda Panema Uso Sustentável 216 Particular Portaria Federal 14/00 RPPN Fazenda Paraíso Uso Sustentável 26 Particular Portaria Federal nº 26/00 RPPN Fazenda Pindorama Uso Sustentável 47 Particular Portaria Federal nº 059/98-N RPPN Fazenda São João Uso Sustentável 25 Particular Portaria Federal nº 22/97-N RPPN Fazenda São Paulo Uso Sustentável 25 Particular Portaria Federal nº 022/96-N RPPN Fazenda Sossego Uso Sustentável 5 Particular Portaria Federal nº 13/ 99 -N RPPN Jueirana Uso Sustentável 27 Particular Portaria Federal nº 70/02 RPPN Lagoa do Peixe Uso Sustentável 31 Particular Portaria Federal 35/2000 RPPN Mãe da Mata Uso Sustentável 13 Particular Portaria Federal nº 32/04 RPPN Mata Atlântica da Manona Uso Sustentável 7 Particular Portaria Federal 053/1999 Área (ha) Administração Criação 37 Quadro 2 - Unidades de Conservação da Mata Atlântica na Bahia por município - continuação Nome Tipo RPPN Pedra do Sabiá Uso Sustentável 22 Particular Portaria Federal 155/2001 RPPN Portal do Curupira Uso Sustentável 50 Particular Portaria Federal106/2001 RPPN Reserva de Sapiranga Uso Sustentável 600 Particular Portaria Federal nº 64/84 RPPN Reserva do Peninha Uso Sustentável 350 Particular Portaria Federal nº 18/2003 RPPN Reserva Natural do Teimoso Uso Sustentável 200 Particular Portaria Federal nº 93/97-N RPPN Reserva Salto Apepique Uso Sustentável 118 Particular Portaria Federal nº 103/ 97-N RPPN Riacho das Flores Uso Sustentável 370 Particular - RPPN Rio Capitão Uso Sustentável 385 Particular Portaria Federal nº 24/04-N RPPN Rio Monos Uso Sustentável 9 Particular Portaria Federal nº 19/06 RPPN Serra Bonita Uso Sustentável 800 Particular - Área (ha) Administração Criação 38 Como bem salientado por Rodrigues et al., (2004), é bem provável que outros grupos com altos níveis de endemismo, além da avifauna, como plantas e insetos, estejam ainda bem menos representados, dada a tendência mundial de conjunto de espécies com menores áreas de distribuição geográfica possuírem as maiores proporções entre as espécies com lacunas na sua proteção legal. Na Bahia ainda não existe uma lista sistematizada da avifauna, o conhecimento biológico é muito insuficiente, a começar pela distribuição geográfica. Desse modo, apesar dos dados aqui obtidos estarem ligeiramente subestimados, não impede uma avaliação objetiva com resultado sólido. Levando em consideração a falta de dados de distribuição de algumas espécies e a ocorrência de espécies em outros biomas, foram consideradas para este estudo 42 espécies. Das 42 espécies consideradas, 36 estão representadas em pelo menos uma Unidade de Conservação. 39 Quadro 3 - Lista de espécies de aves ameaçadas que ocorrem na Bahia (IBAMA 2003) Ordem Tinamiformes Família Tinamidae Procellariiformes Procellariidae Pelecaniformes Phaethontidae Anseriformes Anatidae Falconiformes Acciptridae Galliformes Cracidae Charadriiformes Laridae Columbiformes Columbidae Psittaciformes Psittacidae Apodiformes Trochilidae Piciformes Picidae Passeriformes Conopophagidae Cotingidae Dendrocolaptidae Emberizidae Formicariidae Fringillidae Furnariidae Muscicapidae Rhinocryptidae Thamnophilidae Tyrannidae Nome científico Nome vulgar Categoria ameaça Crypturellus noctivagus noctivagus (Wied, 1820)* Jaó Vulnerável Procellaria aequinoctialis (Linnaeus, 1758) Procellaria conspicillata (Gould, 1844) Pardela-preta Pardela-de-óculos Vulnerável Em perigo Phaethon aethereus (Linnaeus, 1758) Phaethon lepturus (Daudin, 1802) Rabo-de-palha Rabo-de-palha-de-bico-laranja Vulnerável Vulnerável Mergus octosetaceus (Vieillot, 1817) Pato-mergulhão Criticamente em perigo Harpyhaliaetus coronatus (Vieillot, 1817) Leucopternis lacernulatus (Temminck, 1827)* Águia-cinzenta Gavião-pombo-pequeno Vulnerável Vulnerável Crax blumenbachii (Spix, 1825)* Penelope jacucaca (Spix, 1825) Aburria jacutinga (Spix, 1825)* Mutum-do-sudeste Jacucaca Jacutinga Em perigo Vulnerável Em perigo Thalasseus maximus (Boddaert, 1783) Trinta-réis-real Vulnerável Claravis godefrida (Temminck, 1811)* Pararu Criticamente em perigo Amazona rhodocoryt150ha (Salvadori, 1890)* Amazona vinacea (Kuhl, 1820) Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1790) Anodorhynchus leari (Bonaparte, 1856) Cyanopsitta spixii (Wagler, 1832) Pyrrhura cruentata (Wied, 1820)* Pyrrhura leucotis (Kuhl, 1820) Touit melanonota (Wied, 1820) Chauá Papagaio-de-peito-roxo Arara-azul-grande Arara-azul-de-lear Ararinha-azul Fura-mato Tiriba-de-orelha-branca Apuim-de-cauda-vermelha Em perigo Vulnerável Vulnerável Criticamente em perigo Extinta da natureza Vulnerável Vulnerável Vulnerável Glaucis dohrnii (Bourcier & Mulsant, 1852)* Phaethornis margarettae (Ruschi, 1972) Discosura langsdorffi langsdorffi (Temminck, 1821)* Thalurania watertonii (Bourcier, 1847)* Balança-rabo-canela Besourão-de-bico-grande Rabo-de-espinho Beija-flor-das-costas-violetas Em perigo Em perigo Vulnerável Vulnerável Celeus torquatus tinnunculus (Wagler, 1829)* Pica-pau-de-coleira-do-sudeste Vulnerável Conopophaga lineata cearae (Cory, 1916) Cuspidor-do-nordeste Vulnerável Carpornis melanocephala (Wied, 1820)* Cotinga maculata Statius (Muller, 1776)* Procnias averano averano (Hermann, 1783) Xipholena atropurpurea (Wied, 1820)* Cochó, sabiá-pimenta Crejoá, cotinga-crejoá Araponga-de-barbela Anambé-de-asa-branca Vulnerável Em perigo Vulnerável Em perigo Lepidocolaptes wagleri (Spix, 1824) Xiphocolaptes falcirostris (Spix, 1824) Arapaçu-escamado-de-wagler Arapaçu-do-nordeste Vulnerável Vulnerável Sporophila maximiliani (Cabanis, 1851)* Sporophila falcirostris (Temminck, 1820) Sporophila palustris (Barrows, 1883) Bicudo, bicudo-verdadeiro Cigarra-verdadeira Caboclinho-de-papo-branco Criticamente em perigo Em perigo Em perigo Grallaria varia intercedens (Berlepsch & Leverkühn, 1890)* Tovacuçu-malhado Vulnerável Carduelis yarrellii (Audubon, 1839)* Pintassilgo-baiano Vulnerável Acrobatornis fonsecai (Pacheco, Whitney & Gonzaga, 1996)* Geobates poecilopterus (Wied, 1830) Sclerurus caudacutus umbretta (Lichtenstein, 1823) Sclerurus scansor cearensis (Snethlage, 1924) Synallaxis cinerea (Wied, 1831)* Thripophaga macroura (Wied, 1821)* Acrobata Andarilho, bate-bunda Vira-folha-pardo-do-sudeste Vira-folhas-cearense João-baiano Rabo-amarelo Vulnerável Vulnerável Em perigo Vulnerável Vulnerável Vulnerável Cichlopsis leucogenys leucogenys (Cabanis, 1851)* Sabiá-castanho Em perigo Merulaxis stresemanni (Sick, 1960)* Entufado-baiano Criticamente em perigo Herpsilochmus pectoralis (Sclater, 1857) Herpsilochmus pileatus (Lichtenstein, 1823)* Myrmeciza ruficauda (Wied, 1831)* Myrmotherula minor (Salvadori, 1864) Myrmotherula urosticta (Sclater, 1857)* Pyriglena atra (Swainson, 1825)* Rhopornis ardesiaca (Wied, 1831)* Chorozinho-de-papo-preto Chorozinho-da-bahia Formigueiro-de-cauda-ruiva Choquinha-pequena Choquinha-de-rabo-cintado Olho-de-fogo-rendado Gravatazeiro Vulnerável Vulnerável Em perigo Vulnerável Vulnerável Em perigo Em perigo Culicivora caudacuta (Vieillot, 1818) Phylloscartes beckeri (Gonzaga & Pacheco, 1995)* Maria-do-campo Borboletinha-baiano Vulnerável Em perigo *Espécies trabalhadas 40 Essas lacunas na representação refletem a importância do aumento do conhecimento ornitológico em áreas não protegidas e da criação de Unidades de Conservação em regiões com espécies não contempladas, de forma a diminuir a lacuna entre a riqueza de espécies de aves da Mata Atlântica e a porcentagem preservada (Braz, 2003). As Unidades de Conservação que apresentaram maior representatividade da avifauna ameaçada estão localizadas no sul do Estado, onde se encontra o maior remanescente de Mata Atlântica do Nordeste. É interessante notar, também, que no sul do Estado foi identificada recentemente a maior diversidade botânica do mundo para plantas lenhosas, ou seja, foram registradas 454 espécies em um único hectare (http://www.ibama.gov.br). O sul da Bahia também é um dos alvos do Ministério do Meio Ambiente como prioridade para conservação. Os fragmentos maiores abrigam a maior quantidade de espécies ameaçadas. Dentre as Unidades de Conservação de Proteção Integral, as mais representativas (Quadro 4), ou seja, que apresentaram o maior número de espécies ameaçadas foram a Reserva Biológica de Una, o Parque Nacional do Descobrimento, o Parque Nacional de Monte Pascoal e o Parque Nacional do Pau Brasil. Dentre as Unidades de Uso Sustentável foram mais representativas a RPPN Estação Vera Cruz, a APA Costa de Itacaré-Serra Grande, a APA Baía de Camamu, a APA do Pratigi e a APA Ponta da Baleia-Abrolhos. Nenhuma espécie foi encontrada em todas as Unidades de Conservação. As espécies estão representadas em apenas 28,57% das Unidades de Conservação (20,95% de Uso Sustentável e 7,61% de Proteção Integral). Em 75 Unidades de Conservação não foram encontrados registros de espécies ameaçadas. 41 As espécies que compõem a comunidade de aves da Reserva Biológica de Una, do Parque Nacional do Descobrimento, do Parque Nacional do Monte Pascoal e do Parque Nacional do Pau Brasil indicam com clareza a relevância das Unidades de Conservação para a manutenção da riqueza de espécies ameaçadas e/ou endêmicas da Mata Atlântica. Quadro 4 - Registro de espécies ameaçadas por Unidade de Conservação Unidade de Conservação Registro Reserva Biológica de Una 19 Parque Nacional do Descobrimento 18 Parque Nacional do Monte Pascoal 17 Parque Nacional do Pau Brasil 16 RPPN Estação Vera Cruz 14 APA Costa de Itacaré-Serra Grande 13 APA Baía de Camamu 12 APA da Ponta da Baleia-Abrolhos 11 APA do Pratigi 11 APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança 9 APA da Lagoa Encantada 9 APA de Santo Antônio 9 Reserva Extrativista de Canavieiras 7 RPPN Rio Capitão 7 RPPN Serra Bonita 7 RPPN Ecoparque de Una 6 RPPN Fazenda São João 5 RPPN Jueirana 5 RPPN Reserva Natural do Teimoso 5 APA da Baia de Todos os Santos 4 Estação Ecológica Estadual de Wenceslau Guimarães 4 Parque Estadual da Serra do Conduru 4 APA do Litoral Norte 3 APA das Ilhas de Tinharé-Boipeba 1 APA de Caraíva-Trancoso 1 APA de Joanes-Ipitanga 1 APA Lago de Pedra do Cavalo 1 APA Lagoas e Dunas do Abaeté 1 Monumento Subaé 1 Parque Municipal Boa Esperança 1 42 Distribuição Potencial das espécies As predições da distribuição das espécies são essenciais para o plano de conservação. Usados apropriadamente, os dados preditos da distribuição dessas espécies podem ajudar na decisão de como melhorar o uso limitado de recursos para conseguir os alvos de conservação. Entretanto, é importante que a incerteza dos dados preditos da distribuição esteja esclarecida no planejamento de conservação (Wilson et al., 2005). As probabilidades de ocorrência não podem indicar a qualidade do hábitat para uma espécie e não podem ser relacionados à persistência da espécie. Isto porque as probabilidades são baseados nos dados de registro de localização da espécie. Conseqüentemente, ao gerar estas probabilidades, supõe-se que a população está em equilíbrio (Guisan e Zimmermann, 2000). Não obstante, haverá sempre uma incerteza associada com o uso de dados preditos para a distribuição de espécies para o plano de conservação (Wilson et al., 2005). No sentido de avaliar com bases científicas as prioridades para o estabelecimento de áreas protegidas, o Ministério do Meio Ambiente tem realizado seminários regionais onde são indicadas as prioridades dos biomas brasileiros. As áreas aqui mostradas como ocorrência potencial e consequentemente como prioridade na conservação das espécies, também fazem parte das prioridades do Ministério (MMA, 2006). Resta agora a implementação das áreas protegidas. Para uma melhor análise da ocorrência potencial, foram consideradas as espécies que possuíam cinco ou mais registros de distribuição. As áreas coloridas no mapa indicam a probabilidade de ocorrência das espécies de “Zero” (em cinza) para “Excelente” (em vermelho). 43 Aburria jacutinga Nome popular: jacutinga. Categoria de ameaça: Em Perigo. Dos 23 registros de ocorrência encontrados, 15 estão em Unidades de Conservação, sendo o Parque Nacional de Monte Pascoal que apresentou maior ocorrência da espécie. Provavelmente só existam pequenas populações em áreas protegidas. Essa espécie ocorre também na Argentina e Paraguai (http://www.iucnredlist.org). A Ocorrência potencial aponta para o Sul e Extremo Sul do Estado (Figura 3). Acrobatornis fonsecai Nome popular: acrobata. Categoria de Ameaça: Vulnerável. Espécie das montanhas sul baianas (Cordeiro, 2003) tem uma distribuição concentrada no sul do Estado (Figura 4), mas apenas com um registro para Jequié, Ipiaú e Ibirataia. É a mais recente descoberta de endemismo da avifauna da Floresta Atlântica, descrita no final de 1996 (Souza, 1998). Curiosamente, não se trata de espécie rara, podendo mesmo ser vista às margens da BR-101, nas plantações de cacau da região entre os vales dos rios Jequitinhonha e de Contas. É possível que a erradicação dos cacauais sombreados, que formam a chamada "mata cabrucada", coloque esta espécie sob risco de extinção (Souza, 1998.). Está distribuída na Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual. Sua distribuição potencial aponta para áreas onde não existem Unidades de Conservação. Dos 28 registros de distribuição encontrados para a espécie, apenas dois estão em uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável (a RPPN Serra Bonita). A ocorrência potencial da espécie coincide com a IBA Serra Bonita (Bencke 44 et al., 2006) que sugere o local como uma das áreas importantes para a preservação dessa espécie. Amazona rhodocorytha Nome popular: chauá. Categoria de ameaça: Em Perigo. Endêmica da Mata Atlântica, os registros da espécie aparecem no Sul, Baixo Sul e Extremo Sul do Estado. Dos 48 registros de distribuição encontrados 21 (43,75%) estão protegidos em Unidades de Conservação. O Parque Nacional Monte Pascoal e a RPPN Estação Vera Cruz é que apresentaram mais registros da espécie. Essa ave habita a mata alta, tanto na Serra do Mar e regiões altas do interior (leste de MG) como nas baixadas litorâneas (Sick, 1997). A distribuição potencial da espécie é bastante ampla, podendo ocorrer desde o baixo Sul até o Extremo Sul e especialmente na região de Una e Gongogi, onde a probabilidade é “excelente” (Figura 5). Carpornis melanocephala Nome popular: sabiá-pimenta. Categoria de ameaça: Vulnerável. Endêmica da Mata Atlântica, foi uma das espécies que mais apresentou registros de distribuição. Dos 54 registros, 37 estão em Unidades de Conservação. As Unidades de Conservação que apresentam maior número de registros da espécie foram o Parque Nacional Monte Pascoal e a RPPN Estação Vera Cruz. Pelos registros, ocorre em Floresta Ombrófila Densa e em áreas de 0 a 100m de altitude. Sua distribuição potencial em vermelho (Figura 6) também apontou para uma área com estas características. 45 Celeus torquatus tinnunculus Nome popular: pica-pau-de-coleira. Categoria de ameaça: Vulnerável. Endêmica da Mata Atlântica, essa ave apresentou registro de distribuição para o Sul e Extremo Sul do Estado, com maior incidência para o Extremo Sul. Dos 15 registros de ocorrência, 14 estão em Unidades de Conservação. A Figura 7 aponta os municípios de Una e Porto Seguro como áreas excelentes para ocorrência potencial da espécie. Cichlopsis leucogenys leucogenys Nome popular: sabiá-castanho. Categoria de ameaça: Em Perigo. Espécie migratória, além do Brasil ocorre também na Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela (http://www.iucnredlist.org/). O tamanho de sua população global não foi quantificada, mas embora seja descrita como rara na sua área de distribuição, ela está na categoria global de ameaça da IUCN como LC (Least Concern), ou seja como ela não se enquadrou nos outros critérios (Extremamente Ameaçada, Ameaçada, Vulnerável ou Próxima da Ameaça) ela não é vista com muita preocupação (http://www.iucnredlist.org/). Dos 17 registros encontrados para a Bahia, 12 estão em Unidades de Conservação sendo cinco em áreas de Proteção Integral (Figura 8). 46 Claravis godefrida Nome popular: pararu-espelho. Categoria de ameaça: Criticamente em Perigo. Somente oito registros de distribuição foram encontrados para esta espécie endêmica da Mata Atlântica, sendo apenas dois em Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Os registros de distribuição na última década sugerem que a espécie tem uma população extremamente pequena. Suas exigências ecológicas especializadas como a dependência de taquaras e a perda e fragmentação do seu hábitat ameaçam severamente esta ave (http://www.iucnredlist.org/). Habita ambientes com florestas densas nas encostas das serras (Sick, 1997) e os registros encontrados indicam uma ocorrência potencial no Estado da Bahia para a região de Belmonte e Canavieiras (Figura 9). Cotinga maculata Nome popular: crejoá. Categoria de ameaça: Em Perigo. Endêmica da Mata Atlântica, esta espécie ocorre no sul-leste da Bahia e norte Espírito Santo, sem registros em Minas Gerais desde 1940 e nenhum desde o século XIX no Rio de Janeiro (http://www.iucnredlist.org). Dos 40 registros de ocorrência encontrados para o Estado da Bahia, 14 estão em Unidades de Conservação de Proteção Integral e 13 de Uso Sustentável. Apresentou uma ampla distribuição que vai desde Camamu no Baixo Sul até Mucuri no Extremo Sul do Estado. A probabilidade de que a espécie ocorra é muito alta para o Extremo Sul do Estado (Figura 10). 47 Crax blumenbachii Nome popular: mutum-de-bico-vermelho. Categoria de ameaça: Em Perigo. Endêmica da Mata Atlântica, foi uma das espécies que mais apresentou registros de sua distribuição. Dos 68 registros encontrados, 44 estão em Unidades de Conservação. Um programa próspero de reintrodução ajudou a compensar, parcialmente, o declínio contínuo desta espécie no Espírito Santo (http://www.iucnredlist.org). As florestas onde a espécie ocorre na Bahia são classificadas como Floresta Ombrófila Densa. Uma simulação da distribuição potencial elaborada com base na distribuição conhecida da espécie resultou numa área muito extensa onde a espécie pode ocorrer (Figura 11). A destruição do seu hábitat e o impacto da caça contribuem para a sua ameaça. Crypturellus noctivagus noctivagus Nome popular: jaó-do-sul. Categoria de ameaça: Vulnerável. Endêmica da Mata Atlântica, para esta espécie só foram encontrados sete registros, denso três na Reserva Biológica de Una. Habita áreas com altitude entre 0 e 300 m em mata seca alta. Na lista da IUCN a espécie está na categoria “Quase Ameaçada”. Sofre contínua destruição de seu hábitat, mas pode sobreviver em área degradada ou floresta secundária (http://www.iucnredlist.org). A simulação de sua ocorrência potencial aponta para o Extremo Sul do Estado (Figura 12). 48 Discosura langsdorffi langsdorffi Nome popular: rabo-de-espinho. Categoria de ameaça: Vulnerável. Dos seis registros de ocorrência encontrados, cinco estão em Unidades de Conservação. A simulação de sua distribuição potencial aponta poucas regiões onde a espécie poderia ocorrer (Figura 13). Glaucis dohrnii Nome popular: balança-rabo-canela. Categoria de ameaça: Em Perigo. Espécie endêmica da Mata Atlântica, foram encontrados 48 registros de sua distribuição, sendo que 34 em Unidades de Conservação. O Parque Nacional Monte Pascoal foi que apresentou maior registro da espécie. Apesar da quantidade de registros desse beija-flor, a espécie era considera por alguns como já extinta, não sendo observada desde 1997 (http://www.iucnredlist.org). Recentemente pesquisadores da Reserva Ambiental de Alcoprado, Bahia, o avistaram no Estado. Na simulação da ocorrência potencial mostra que a espécie tem grande probabilidade de ocorrer em todo o Sul e Extremo Sul do Estado (Figura 14). Grallaria varia intercedens Nome popular: tovacuçu. Categoria de ameaça: Vulnerável. Foram encontrados 27 registros em Unidades de Conservação, do total de 34 sendo a maior parte de Uso Sustentável. A espécie tem ampla distribuição, mas essa subespécie está com distribuição restrita. (Figura 15). 49 Herpsilochmus pileatus Nome popular: corozinho-de-boné. Categoria de ameaça: Vulnerável. Dos 26 registros encontrados, 18 estão em Unidades de Conservação de Proteção Integral e Uso Sustentável. Sua distribuição foi desde Camaçari, norte de Salvador ao Extremo Sul, em Prado. Era definida como uma ave da Caatinga, mas uma recente revisão taxonômica do complexo revelou que o autêntico H. pileatus é confinado à região costeira do sul da Bahia, aonde a ocorrência da espécie-tipo representante do complexo não era sequer admitida (http://www.cbro.org.br). Quando o ambiente é satisfatório, costuma ser muito abundante (http://www.iucnredlist.org/). A costa baiana foi apontada como ocorrência potencial para a espécie (Figura 16). Leucopternis lacernulatus Nome popular: gavião-pombo-pequeno. Categoria de ameaça: Vulnerável Foram encontrados 41 registros dessa espécie endêmica da Mata Atlântica, dos quais 32 estão dentro de Unidades de Conservação. Esse gavião-pomba, endêmico da Mata Atlântica, ocorre na Bahia desde o Norte ao Extremo Sul. Entre outros, sua ameaça se deve à baixa densidade populacional e destruição de seu hábitat. Na simulação da distribuição potencial, toda a costa baiana aparece como provável hábitat para a espécie (Figura 17). 50 Merulaxis stresemanni Nome popular: entufado-baiano. Categoria de ameaça: Criticamente em Perigo. Espécie endêmica da Mata Atlântica, só era conhecida de dois espécimes, coletados em Salvador em 1830 e Ilhéus em 1945. Somente em 1995 é que ele foi observado na Fazenda Jueirana (Baudet, 2001), próxima a Reserva Biológica de Uma. A região de Una, Ilhéus e Salvador é que aparecem como provável ocorrência potencial (Figura 18). Myrmeciza ruficauda Nome popular: formigueiro-de-cauda-ruiva. Categoria de ameaça: Em Perigo. Endêmica da Mata Atlântica esta espécie não tinha registro para o Estado da Bahia desde 1974 (http://www.iucnredlist.org), mas num recente levantamento do Instituto Dríades, o pesquisador Luis Fábio Silveira observou cinco casais no município de Barra do Choça, dois casais no município de Ribeirão do Largo e seis indivíduos em Itambé (Silveira, 2003)1. Em todas essas áreas onde a espécie foi encontrada, não existem Unidades de Conservação. Sua distribuição potencial aponta claramente para uma região onde não existem Unidades de Conservação (Figura 19). Myrmotherula urosticta Nome popular: choquinha-de-rabo-cintado. Categoria de ameaça: Vulnerável. Endêmica da Mata Atlântica, a espécie tem distribuição bastante ampla que vai desde Santo Amaro até Mucuri, no Extremo Sul do Estado. Sua distribuição 51 concentra-se na Floresta Ombrófila Densa, que já está bastante antropizada, com altitude variando entre 0 a 100m. Dos 61 registros de distribuição na Bahia, dez estão em Unidades de Proteção Integral e 22 de Uso Sustentável. A simulação de sua distribuição potencial aponta para a região de Una, Belmonte e Santa Cruz Cabrália como principal área de ocorrência (Figura 20). Phylloscartes beckeri Nome popular: borboletinha-baiana. Categoria de ameaça: Em Perigo. Endêmica da Mata Atlântica, só foram encontrados 16 registros de distribuição da espécie, dos quais somente um em Unidade de Conservação. Foi descoberta em 1992 em Boa Nova. Ocorre em montanhas entre 800 a 1.200 m. A simulação aponta a região de Boa Nova e a Arataca e Camacan como locais prováveis para sua ocorrência potencial (Figura 21). Pyriglena atra Nome popular: papa-taoca-da-bahia. Categoria de ameaça: Em perigo. Endêmica da Mata Atlântica, a espécie é conhecida vulgarmente como “olhode-fogo-rendado”, foi a única que teve sua distribuição restrita ao norte do Estado. Dos 22 registros encontrados da distribuição da espécie, na sobreposição dos mapas ela aparece em apenas uma Unidade de Conservação, a APA Lago de Pedra do Cavalo. Sua distribuição potencial aponta para a região do município de Conde, Norte da Bahia (Figura 22). 52 Pyrrhura cruentata Nome popular: tiriba-grande. Categoria de ameaça: Vulnerável. Foram encontrados 68 registros para esta espécie endêmica da Mata Atlântica, dos quais 17 estão em Unidades de Conservação de Proteção Integral e 17 de Uso Sustentável, sendo que o Parque Nacional de Monte Pascoal foi que apresentou mais registros da espécie. Sua distribuição potencial vai desde o Baixo Sul, Oeste e Extremo Sul do Estado, onde o hábitat conservado é satisfatório (Figura 23). Rhopornis ardesiaca Nome popular: gravatazeiro. Categoria de ameaça: Em Perigo. Para esta espécie endêmica da Mata Atlântica foram encontrados 26 registros e nenhum em Unidade de Conservação. Conhecido vulgarmente como "gravatazeiro" ou "papa-formigas", é geográfica e biologicamente pouco conhecida. Ela vive nas matas de Boa Nova e em algumas localidades no norte de Minas Gerais (Ribon e Maldonado-Coelho, 2001). Sua distribuição indica Floresta Estacional Decidual “mata de cipó” com altitudes de 200 a 500m. A região de Boa Nova é que aparece como hábitat satisfatório para a espécie. (Figura 24). Todos os seus registros de ocorrência apontam para áreas onde não existem Unidades de Conservação. 53 Sporophila maximiliani Nome popular: bicudo. Categoria de ameaça: Criticamente em Perigo. Foram encontrados somente seis registros de distribuição para esta espécie. Vale ressaltar que o registro em Salvador foi de uma apreensão da espécie pelo IBAMA em 2003, o que não vale como registro de ocorrência. Além do Brasil o O. maximiliani ocorre também na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru e Venezuela (http://www.iucnredlist.org). Na Bahia não esteve presente em Unidades de Conservação. Possui canto melodioso por isso o seu comércio para pássaro de gaiola, um dos motivos do declínio populacional (http://www.iucnredlist.org). Sua distribuição potencial é “Excelente” para as florestas interioranas no Estado (Figura 25). Synallaxis cinerea Nome popular: joão-baiano. Categoria de ameaça: Vulnerável. Para esta espécie endêmica da Mata Atlântica, foram encontrados 23 registros de distribuição, sendo quatro em Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Ela foi redescoberta em 1992 perto de Boa Nova, na Serra da Ouricana, porém não foram encontrados mais de 10 casais nesta serra (Pacheco e Gonzaga, 1995). Recentemente ela foi descoberta em várias localidades como na Serra Bonita, perto de Camacan, em Ituberá e Camamu (Ribon et al, 2002). Uma grande área classificada como “Excelente” aparece na simulação de sua ocorrência potencial (Figura 26). 54 Thalurania watertonii Nome popular: beija-flor-de-costas-violetas. Categoria de ameaça: Vulnerável. Só foram sete registros de distribuição para este beija-flor e quatro deles em Unidades de Conservação de Proteção Integral. Teve distribuição em Floresta Ombrófila Densa em áreas que variam de 0 a 100 m de altitude. Os poucos registros mostraram uma pequena área para sua ocorrência potencial (Figura 27). Thripophaga macroura Nome popular: rabo-amarelo. Categoria de ameaça: Vulnerável. Espécie endêmica da Mata Atlântica foram encontrados 34 registros de sua ocorrência, sendo oito em Unidade de Conservação de Proteção Integral e 14 de Uso Sustentável. A simulação de sua distribuição potencial “Excelente” aponta para uma região onde não há registro da espécie (Figura 28). Xipholena atropurpurea Nome popular: anambé-de-asa-branca. Categoria de ameaça: Em Perigo. Espécie endêmica da Mata Atlântica, foram encontrados 77 registros de sua ocorrência, sendo 43 em Unidade de Conservação. De todos os registros, a espécie foi a que apresentou maior distribuição nos diferentes ambientes. Ela ocorre desde a Matas de Condes e Baixios até o município de Mucuri. Está distribuída em Parques Nacionais, APAS, Reservas Biológica, Estação Ecológica e em municípios sem Unidades de Conservação. Na simulação de sua ocorrência potencial aparece uma vasta área onde é provável a distribuição da espécie (Figura 29). 55 Espécies com menos de cinco registros para a Bahia As espécies Phaethon aethereus e Phaethon lepturus (Figuras 30 e 31) estão ameaçadas na Categoria “vulnerável“. São espécies marinhas e têm registros no Parque Nacional Marinho de Abrolhos. O IUCN não considera nenhuma das duas espécies como Figura 30 - P. aethereus ameaçada de extinção. As populações são, no entanto, sensíveis a perturbações de hábitat e à introdução de espécies invasoras nos locais de nidificação, principalmente de roedores que atacam posturas e Figura 31 - P. lepturus juvenis (http://www.iucnredlist.org). Só foram encontrados dois registros para a espécie Amazona vinacea (Figura 32) um para Salvador e outro para o Parque Nacional de Monte Pascoal. É talvez muito comum no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (várias populações de mais de 100 indivíduos), e baixos números Figura 32 – A. vinacea persistem em Minas Gerais e São Paulo. Possivelmente nunca foi comum, e deve estar extinta na Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro (http://www.iucnredlist.org). 56 Para a espécie Conopophaga lineata (Figura 33 só foram encontrados três registros, um deles da RPPN Serra do Teimoso. Tem uma larga distribuição global, mas o tamanho de sua população não foi quantificada. Embora Figura 33 – C. lineata seja descrita como rara na sua área de distribuição, ela está na categoria global de ameaça da IUCN como LC (Least Concern), ou seja, como ela não se enquadrou nos outros critérios (Extremamente Ameaçada, Ameaçada, Vulnerável ou Próxima da Ameaça), ela não é vista com muita preocupação (http://www.iucnredlist.org/). A Myrmotherula minor, classificada como “Vulnerável” teve somente três registros de distribuição e 2 deles na RPPN Serra Bonita. A espécie é extremamente sensível à destruição do hábitat. Só foi encontrado um registro para a espécie Penelope jacucaca, classificada como “Vulnerável”, no município de Poções, onde não existe área protegida (Figura 34). Figura 34 – P. jacucaca Somente dois registros foram encontrados para a espécie Phaethornis margarettae (Figura 35). Classificada como “Em Perigo” tem registro na Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães. Figura 35 – P. margarettae 57 Não houve registro em Unidade de Conservação para a espécie Procnias averano averano (Figura 36). Ocorre além do Brasil, na Colômbia, Guiana, Trinidade e Tobago e Venezuela. Figura 36 – P. averano A Sclerurus caudacutus umbretta teve três registros e nenhum em área protegida. Como ambas têm uma larga distribuição global, não são vistas pela IUCN com muita preocupação, pois a espécie não se enquadra nos critérios de ameaça (http://www.iucnredlist.org/). A espécie Pyrrhura leucotis (Figura 37) teve dois registros, um para a RPPN Serra Bonita e outro para o Parque Nacional do Descobrimento. Figura 37 – P. leucotis Para a espécie Sporophila falcirostris (Figura 38) considerada extremamente rara (http://www.iucnredlist.org/), só foram encontrados quatro registros de sua distribuição, dois deles na Reserva Biológica de Una. Figura 38 – S. falcirostis O único registro encontrado para a Sporophila palustris (Figura 39) foi na Reserva Biológica de Una. Figura 39 – S. palustris 58 Dos três registros encontrados para a espécie Touit melanonotus (Figura 40) nenhum foi em área protegida. Figura 40 – T. melanonota A Serra das Lontras, área desprotegida mais representativa das espécies ameaçadas é um complexo montanhoso que se eleva próximo à costa sudeste da Bahia, a poucos quilômetros de Una. A região apresenta uma paisagem predominantemente florestal, formada por um mosaico de cabrucas, capoeiras e fragmentos florestais. A vegetação original é a Mata Atlântica úmida. Pelo menos 25% da avifauna que ocorre na região é endêmica do sudeste da Bahia e nordeste do Espírito Santo. Ao todo, ocorrem na área 295 espécies de aves, incluindo as ameaçadas (Silveira et al, 2005). Os dados indicaram um total de dez espécies ameaçadas foram registradas no município de Boa Nova (Quadro 5). Boa Nova vem chamando a atenção dos ornitólogos há alguns anos em função da sua peculiar avifauna. Possui elementos típicos das florestas de montana do bioma Mata Atlântica em contato com elementos endêmicos da Caatinga e da Mata de Cipó e abriga as maiores populações conhecidas de Rhopornis ardesiaca, Formicivora iheringi e Synallaxis cinerea. A região de Boa Nova é também uma das mais negligenciadas com relação à conservação da avifauna no Brasil (Gonzaga et al., 1995). Este interessante planalto, onde se encontram e se misturam elementos de biomas tão distintos, nunca havia sido objeto de maior atenção por parte dos ornitólogos. Os 2,6% de florestas restantes em toda a região apenas agora vêm sendo estudados com maior 59 rigor. Desta forma, a distribuição de vários táxons endêmicos e ameaçados, conhecidos principalmente de Boa Nova, poderia, potencialmente, ser encontrados em outras localidades dentro do planalto de Vitória da Conquista, apontando áreas que até então não haviam sido objeto de maior interesse para a conservação. A região também foi considerada como a primeira área de prioridade para conservação de pássaros na Mata Atlântica da Bahia, e a segunda para todo o bioma da Mata Atlântica. Espécies ameaçadas ocorrem também na Serra da Ouricana, localizada 7-13 km a sudeste de Boa Nova, o que mostra o quão rica é a região e merece uma atenção emergencial para a proteção não só da avifauna, mas do sistema como um todo. 60 Quadro 5 – Ocorrência de espécies em áreas não protegidas Espécie Acrobatornis fonsecai Amazona rhodocorytha Carpornis melanocephala Cichlopsis leucogenys leucogenys Cotinga maculata Crax blumenbachii Crypturellus noctivagus noctivagus Glaucis dohrnii Grallaria varia intercedens Herpsilochmus pileatus Leucopternis lacernulatus Merulaxis stresemanni Myrmeciza ruficauda Myrmotherula minor Myrmotherula urosticta Sporophila maximiliani Penelope jacucaca Phylloscartes beckeri Aburria jacutinga Discosura langsdorffi langsdorffi Procnias averano averano Pyriglena atra Pyrrhura cruentata Rhopornis ardesiaca Sclerurus caudacutus umbretta Sporophila falcirostris Synallaxis cinerea Thalurania watertonii Thripophaga macroura Touit melanonota Xipholena atropurpurea Total de espécies Serra Lontras 1 1 1 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 18 Ilhéus Boa Nova Itabuna 1 0 1 1 0 0 1 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 14 10 7 Camamu 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 6 Barrolândia V. Conquista 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 5 5 Jequié 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 4 Poções 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 4 Conde 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 Santo Amaro 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 61 A Serra do Ouricana é uma pequena extensão de colinas no centro-sul da Bahia alcançando cerca de 1.100 m, coberta por uma floresta úmida cobre a vertente voltada para o mar e marca os limites oeste mais elevados da Mata Atlântica na região. A grande importância desta área tornou-se clara somente através de censos executados durante os anos 1990. Além da longa lista de espécies ameaçadas lá encontradas, estão vários táxons não descritos (Wege & Long, 1995). Não existe levantamento ornitológico para as regiões (somente observações isoladas) de Ilhéus, Itabuna, Uruçuca, Itajuípe e Coaraci, onde a vegetação é composta principalmente de cabruca e matas secundárias. Mas existem registros de várias espécies, inclusive essa região deve constituir atualmente o principal reduto do Acrobatornis fonsecai. Existem poucas áreas protegidas, tendo para toda essa região somente o Parque Estadual Serra do Conduru e a APA Lagoa Encantada A Figura 41 nos mostra a simulação da distribuição potencial do conjunto de espécies ameaçadas da Mata Atlântica na Bahia. As áreas de maior ocorrência potencial assinaladas concentram-se no Sul do Estado. A probabilidade “Excelente” para a ocorrência das espécies aponta para os municípios de Arataca, Aurelino Leal, Barra do Rocha, Belmonte, Camacan, Canavieiras, Eunápolis, Gongogi, Ibicuí, Ipiaú, Itagibá, Itapebi, Itapitanga, Mascote, Santa Cruz Cabrália, Santa Luzia, Ubaitaba, Ubatã e Una. Os municípios de Arataca, Belmonte, Camacan, Canavieiras, Santa Cruz Cabrália e Una são municípios que fazem parte das IBAs da Bahia (Bencke et al., 2006). Mas vale ressaltar que esse resultado da distribuição potencial das espécies ameaçadas está em uma área desprovida de Unidades de Conservação e para essa área, existem poucos registros de distribuição das espécies ameaçadas. 62 A manutenção de grandes extensões de floresta original ou que estejam minimamente perturbadas é essencial para a garantia de sobrevivência da maior parte das espécies da biota primitiva (Brewer et al., 1997; Bawa e Seidler, 1998; Debinski e Holt, 2000; Laurance, 1999; Ney-nifle e Mangel, 2000). De uma maneira geral, como vem acontecendo na Mata Atlântica, há uma tendência ao isolamento e formação de pequenas “ilhas” de florestas, que serão totalmente incorporadas dentro das necessidades humanas por mais espaço e mais recursos florestais num futuro próximo (Tabarelli et al., 2004). Portanto, preservar esses remanescentes florestais, especialmente, as áreas com boa representatividade de floresta primária, é uma solução de curto prazo na tentativa de manter o ecossistema e sua fauna e flora o mais próximos do real (Dean, 1996). A criação de novas UC’s não só é uma demanda mundial, como uma garantia de que ecossistemas tão ameaçados e sua biota associada se dá, de forma efetiva, com base na garantia perpétua que determinadas áreas alcançam (Bruner et al., 2001). Claramente, o mero estabelecimento de uma área protegida pode significar pouco sem investimento proporcional na administração e execução (Brandon et al., 1998). Assim, a recomendação para o estabelecimento rápido e estratégico de áreas protegidas na Mata Atlântica como prioridade urgente, vem em conjunto com a recomendação que existir áreas protegidas para assegurar sua eficácia (Bruner et al., 2004). Considerando as Unidades de Conservação do Estado da Bahia, conclui-se que o conjunto é importante tanto na preservação e proteção da avifauna ameaçada. Contudo, é deficiente tanto na representação total da riqueza do bioma Mata Atlântica, quanto no potencial de manutenção das espécies em longo prazo. Algumas espécies apresentam uma parcela muito pequena de sua área de 63 distribuição geográfica protegida, e considerando o risco de extinção destas espécies, é urgente a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral onde se confirma sua ocorrência. A maior prioridade no Estado em nível de Mata Atlântica é criar uma Unidade de Conservação na região de Boa Nova. Esta Unidade deve contemplar trechos de mata-de-cipó e trechos de Mata Atlântica de encosta adjacente (Gonzaga et al., 1995). Devem ser também prioritariamente criada a Unidade de Conservação na Serra das Lontras, perto de Arataca, a fim de salvaguardar um expressivo conjunto de matas úmidas e montanas da região cacaueira ao sul de Itabuna. Esta região de Arataca mantém populações viáveis do recém-descrito Acrobatornis fonsecai e vem sofrendo com o desmatamento provocado pela crise da cultura cacaueira. Outros remanescentes do Estado sugeridos para conservação são: Itagibá, Gongogi, Santa Luzia, Belmonte, Camacan, Santo Amaro, Camamu, Canavieiras, Itapetinga, Jequié, Vitória da Conquista Caravelas e Mucuri. A implementação de novas áreas protegidas seria uma medida no mínimo urgente e imprescindível na representação da riqueza do bioma e contemplação das espécies raras e ameaçadas ausentes no sistema atual de Unidades de Conservação. Em conjunto com essas medidas, a consolidação das Unidades existentes, a definição dos problemas e a implementação dos planos de manejo são essenciais para assegurar a proteção das espécies presentes. 64 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, A. P. et al. Os Corredores Central e da Serra do Mar na Mata Atlântica Brasileira. In: Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. (Eds). São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica. Belo Horizonte: Conservação Internacional, 2005. 472p. ALEIXO, A. Effects of selective logging on a bird community in the Brazilian Atlantic forest. Condor, 1999. p. 537-548. ALGER, K. et al. Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Edição IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, 2003. 1 CD-ROM. AMBIENTE BRASIL. Espécies da fauna ameaçada de extinção. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br. Acesso em março 2006. ARCGIS 9. ESRI® ArcMapTM 9.1. License Type ArcView. Leica Geosystems GIS Mapping, LLC. 2004. 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