ATENDIMENTO A DEFICIENTES MENTAIS HOSPITALIZADAS
Clarice Moura Costa
PALAVRAS CHAVE: Deficência mental, oficinas terapeuticas, hospital
As residentes do pavilhão S. Camilo, da Casa de Saúde Psiquiátrica da Idanha são, em
sua maioria, deficientes mentais médias e graves, com longos períodos de internamento, isto
é, uma situação crônica. A cronificação implica em uma ruptura relacional permanente e tem
como consequência a instalação do paciente num estar no mundo isolado ou, pelo menos,
bastante alterado em relação aos padrões habituais da xociedade, com uma aceitação passiva
e resignada do fracasso na dialética eu/mundo.
Aspectos deste estar no mundo:
Afastamento emocional, ou seja, desinteresse pelo ambiente circundante.
Afastamento interpessoal, isto é, isolamento e evitação da interrelação.
Afastamento social ou insociabilidade.
Principais problemas de pacientes crônicos:
Alta vunerabilidade ao stress. Qualquer situação minimamente tensionante
desencadeia grandes estados de ansiedade.
Clara deficiência nas habilidades elementares e no desempenho de tarefas.
Extrema dependência
Grande dificuldade nas relações interpessoais.
Necessidade assistendial – restabelecer as relações das pacientes com seu mundo:
Paulatinamente
Progressivamente
Vencer a inércia em relação às mudanças
Buscar a satisfação antes da responsabilidade.
Buscar novas formas relacionais, evitando repetir e/ou perpetuar formas de relação
antigas e enrijecidas.
Evitar situações demasiadamente exigentes para o paciente.
O POLI ATELIER MARIA JOSEFA
Para modificar o estar no mundo das pacientes, foi criado um poli-atelier com dois tipos
diversos de atividades, conduzidas por monitores:
Atividades úteis, de caráter prático (tarefas domésticas e do cotidiano)
Atividades expressivas, de caráter não-prático (desenhar, jogar, cantar, modelar, etc)
Ambas vão contribuir para o restabeleciemtnos das relações das pacientes com seu mundo,
mas de forma diferente, exigindo portanto atuação diversa das monitores.
As atividades impráticas vão desenvolver o interesse pelo mundo exterior, a qualidade
relacional eu/mundo (sejam pessoas ou coisas), através do prazer obtido na própria realização das
atividades. Cabe aos monitores estimular e valorizar este processo, sem ater-se aos resultados obtidos.
Não deve ser exigida uma responsabilidade da paciente em produzir bons desenhos, boas músicas, etc...
O mais importante nestas atividades é a satisfação pessoal, que permite a modificação das relações das
pacientes com o mundo circundante, embora não se deva perder de vista os ganhos secundários em
termos de aquisição de habilidades (motoras, cognitivas, sociais, etc...)
As atividades práticas vão aumentar a independência das pacientes, tornando-as capazes de
desempenhar as tarefas cotidianas (lavar-se, vestir-se, comer apropriadamente, arrumar as camas,
etc...), desde as mais simples até algumas mais complexas, de acordo com a capacidade de cada uma.
Cabe aos monitores, neste caso, o treinamento destas habilidades, sem no entanto nunca esquecer a
importância dos aspectos relacionais.
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Riscos nas atitudes da equipe :
Dirigismo – o papel da equipe é apoiar e conter, mas não dirigir a paciente. Uma
atitude diretiva às vezes é necessária nas etapas iniciais para vencer a passividade da
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Baseado em “Assistência psiquiátrica em pisos asistidos” . Tomás Arranz, 1989
paciente, mas tão logo seja possível, dar-lhe a oportunidade de fazer as coisas a seu
modo.
Hipertolerância – adotar um laissez faire que pode fomentar a passividade dda
paciente ou ar lugar à aparição de conflitos ou condutas indesejáveis.
Superproteção – manter uma situação de dependência da ppor considerá-la incapaz
de realizar as tarefas devidas ou mesmo, muitas vezes, por não tolerar sua demora em
reslizá-las.
Reducionismo – pensar que o trabalho reduz-se aos aspectos concretos das atividades
e tarefas, esquecendo que estas são importantes pelo fato de modificar as relações
paciente/mundo e não apenas em si mesmas.
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Atendimento a Deficientes Mentais Hospitalizadas