19º CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICODRAMA “A Humanidade no século 21” CORPO, BELEZA, AÇÃO: O IMPACTO DE UMA SESSÃO DE PSICODRAMA EM UM GRUPO TERAPÊUTICO DE MULHERES OBESAS COM PROBLEMAS DE AUTOIMAGEM. ADELLE MOADE RIBEIRO SOUZA Objetivo Relatar uma sessão psicodramática realizada ao longo do processo psicoterápico de um grupo de mulheres obesas, com compulsão alimentar e que tinham dificuldade para se olhar no espelho. Método Um total de 5 pacientes foram atendidas ao longo do ano de 2013 em Psicoterapia de Grupo psicodramática pela unidade funcional (Adelle e Maria Ignez) no ambulatório de Transtornos Alimentares do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo. A maioria das pacientes tinham entre 55 e 63 anos, apenas uma das pacientes era mais nova, 35 anos. Ao longo do processo uma das pacientes fez uma proposta de trabalho. Esta paciente (ex obesa operada cirurgia bariátrica) considerou ter melhorado sua auto-imagem após utilizar alguns produtos de beleza. Ela gostaria de transmitir isso para as colegas e questionou se poderia trazer alguns produtos para o grupo a fim de ajudá-las a se sentir um pouco mais bonitas. Inicialmente, ficamos receosas com o sentido comercial da proposta e imaginamos que algumas poderiam apresentar resistência porque não tinham hábito de se maquiar. Adequamos a proposta ao referencial psicodramático e reformulamos a atividade sugerida, a maquiagem poderia ser um objeto intermediário desde que cada uma vivesse a própria experiência. O grupo topou realizar a atividade. Foi solicitado que cada paciente trouxesse seu próprio espelho e maquiagem para uma sessão vivencial. Pedimos que cada uma se olhasse no espelho e se maquiasse do seu jeito, com permissão para utilizar as maquiagens das colegas. Foi solicitado que identificassem como foi para cada uma a seleção das maquiagens.Após essa etapa foi solicitado que elas se olhassem e fizessem comentários . Em seguida lançamos a questão: Para onde iriam maquiadas? 1 Resultados Foi identificado um esquecimento de si mesmas, muitas não tinham maquiagens, trouxeram das filhas, irmã. Acostumadas com corpo obeso,sempre criticadas pela aparência, fugiam do espelho. Foi produzida uma cena protagônica: uma paciente lidando com comentários considerados invasivos da vizinha sobre sua nova aparência maquiada. Na etapa do compartilhar, foram identificadas memórias ao embelezar-se associadas ao sucesso profissional, repressão da sexualidade. Uma delas viúva, lembrou que se maquiava para o marido e sente-se desmotivada atualmente. Todas localizaram alguns receios de adotar uma nova postura em relação ao corpo e a beleza, apesar de terem esse desejo. Nas sessões seguintes, foram enfrentando seus desconfortos e prestando mais atenção ao corpo. Procuraram tratamento de pele para tirar manchas, uma delas pintou cabelo que estava com raízes brancas, outra que sentia muitas dores devido a artrose e vivia sem energia, foi até o médico mudar medicação. Aspectos da sexualidade, desejos, carências, também apareceram. O investimento na aparência veio com uma melhor auto-estima. Conclusão A experiência focada no aqui agora e na experiência com objeto intermediário (maquiagem) intermediou a relação de cada uma com o próprio corpo, o espelho (ativador de angustias). Além disso, facilitou a comunicação no grupo sobre um tema difícil. Através dessa sessão foi possível emergir conteúdos que foram trabalhados e levaram as pacientes a uma nova atitude diante do olhar para o próprio corpo e o embelezamento. 2