Universidade Federal do Rio Grande - FURG Instituto de Oceanografia Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Física, Química e Geológica Avaliação do produto de reanálise ECCO2 na representação das propriedades hidrográficas da Água de Fundo Antártica MARINA DO VALLE CHAGAS AZANEU Orientador: Prof. Dr. Mauricio Magalhães Mata Co-orientador: Prof. Dr. Rodrigo Kerr Duarte Pereira Rio Grande Julho de 2013 Avaliação do produto de reanálise ECCO2 na representação das propriedades hidrográficas da Água de Fundo Antártica Marina do Valle Chagas Azaneu Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Oceanografia Física, Química e Geológica como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Orientador: Prof. Dr. Mauricio Magalhães Mata Co-orientador: Prof. Prof. Dr. Rodrigo Kerr Duarte Pereira AGRADECIMENTOS Algo que nunca sai da minha mente é a sorte por ter a família que Deus meu deu. Agradeço, e devo fazer isso sempre, por Ele ter me dado essa família que sempre confiou e apoiou todas minhas decisões. Deixam sempre transparecer o orgulho que têm de mim, quando na verdade sou eu que possuo um imenso orgulho deles. Obrigada por tudo. Hoje vejo o que realmente ficou pra trás nesses 7 anos e meio de muito aprendizado, sofrimento e alegrias no Cassino. Nesse momento estou muito feliz, com medo do que está por vir, mas muito feliz. E o mais importante, já com saudade das pessoas que me acompanharam durante todo esse tempo. Primeiro a monografia, e agora queria agradecer aqueles que me ajudaram a terminar esse longo mestrado. Malu, a eficiente, e Janinha querida, obrigada pela amizade e pela ajuda em tudo que sempre precisei. Marina Giacomin, minha companheira de madrugadas furgueanas, obrigada por todas conversas, crises e risadas. Piauí, obrigada pelo companheirismo (e brincadeiras tão espirituosas) desde quando éramos bixos. Maíra Proietti e Christian Göbel, obrigada pelos deliciosos jantares e ótima companhia, ainda nos encontraremos pelo mundo. Abel Machado, também tenho certeza de que nos encontraremos. Cyntia Harayashiki, obrigada pela companhia culinária e franqueza. Pessoal do Lacrio (Jorge Arigony, Cláudio Neves, Virginia L. C. Santos, Aline Barbosa, Robledo), obrigada por me acolherem no ambiente jovem e descontraído de vocês. Gostaria de agradecer também ao pessoal do LEOC, minha segunda (ou será primeira ??) casa. Ingrid , desejo que essa nova etapa seja uma experiência muito boa para você. Gabri, obrigada pela paciência ao ouvir minhas reclamações e histórias sem pé nem cabeça. Fujita, obrigada pelas conversas e companhia nas caronas noturnas. Ella, obrigada pelo carinho. Natal, foi um prazer dividir sala contigo. Amábile, Arnaldo, Lolo, Juliana, Laura, Sôr, Tati, Fernando, Gisele, Tiago, Leopoldo, Txai, obrigada por tudo. Zé Luiz, foi um prazer te ter como professor. Garcia, obrigada pela preocupação comigo, e Rô, obrigada também pelo carinho. Aos meus queridos orientadores só tenho a agradecer, e muito. Rodrigo, obrigada por me acompanhar de perto desde o início, por aguentar meu eterno pessimismo e exigir o meu máximo. Maurício, obrigada por todas as oportunidades, por acreditar em mim e me encorajar sempre. Cresci muito sob a sua tutela e do Rodrigo. Adriano, meu amor, companheiro e amigo, obrigada por absolutamente tudo. Sem você não teria dado, você sabe. Você e nosso gurizinho são meus presentes. iv SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... iv LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... vii LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... xi LISTA DE ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS ............................................................................ xii RESUMO ............................................................................................................................. xv ABSTRACT ........................................................................................................................xvi 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................1 1.1. Objetivos .................................................................................................................7 Objetivo Geral ................................................................................................................8 Objetivos Específicos ......................................................................................................8 1.2. Região de Estudo ....................................................................................................8 Hidrografia .......................................................................................................................8 Topografia ....................................................................................................................... 10 Gelo Marinho .................................................................................................................. 11 1.3. 2. Origem do produto de reanálise ECCO2............................................................. 13 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 14 2.1. Produto de Reanálise ECCO2 .............................................................................. 14 2.2. Dados Observacionais .......................................................................................... 17 2.2.1. Banco de dados hidrográficos ....................................................................... 17 2.2.2. Dados de gelo marinho .................................................................................. 18 2.3. Metodologia .......................................................................................................... 19 2.3.1. Definição da Água de Fundo Antártica ........................................................ 19 2.3.2. Métodos para a comparação de dados observados com o produto de reanálise ...................................................................................................................... 19 2.3.3. Variabilidade decadal da AABW .................................................................. 23 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 26 1. INTRODUCTION ...................................................................................................... 26 2. DATA AND METHODS ............................................................................................. 29 2.1. ECCO2 reanalysis product .................................................................................. 29 2.2. Observational datasets ......................................................................................... 30 2.2.1 Hydrographic dataset used for reanalysis assessment ................................. 30 2.2.2 Sea Ice data .................................................................................................... 31 2.3. Antarctic Bottom Water definition ...................................................................... 32 v 2.4. 3. Methods for reanalysis and in situ data comparison ........................................... 32 2.4.1 Hydrographic properties ............................................................................... 32 2.4.2 Ocean current velocity and volume transport .............................................. 34 2.4.3 AABW variability .......................................................................................... 35 ECCO2 SOUTHERN OCEAN REPRESENTATION ............................................... 36 3.1. Climatological representation of the Southern Ocean water masses .................. 36 3.2. Water masses representation along hydrographic sections................................. 40 3.3. Velocity and volume transport assessment .......................................................... 44 Case study I: Kerguelen Plateau/ Indian Sector .......................................................... 44 Case study II: Endurance ridge/Weddell Sea Sector .................................................... 45 Case study III: Prime Meridian/Weddell Sea Sector .................................................... 46 Case study IV: Western Weddell Sea/ Weddell Sea Sector ............................................ 48 3.4. AABW variability ................................................................................................. 51 3.5. Sea ice and wind stress in ECCO2 ....................................................................... 54 4. SUMMARY AND CONCLUSIONS ........................................................................... 56 4. CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................... 60 TABLES .............................................................................................................................. 65 FIGURES ............................................................................................................................ 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 90 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Visão esquemática da Circulação Global de Revolvimento da perspectiva do oceano Austral. Os acrônimos referem-se às massas de água participantes e denotam: SAMW – Água Modal Subantártica; AAIW – Água Intermediária Antártica; NPIW – Água Intermediária do Pacífico Norte; IDW – Água Profunda do Índico; PDW – Água Profunda do Pacífico. NADW – Água Profunda do Atlântico Norte e AABW – Água de Fundo Antártica. Figura retirada de Talley (2013). .........................................................................................................................2 Figura 2: Esquema dos principais mecanismos e processos envolvidos na formação das polínias costeiras e oceânicas. Figura retirada de Kerr (2010). .............................................................4 Figura 3: Principais regiões de exportação de águas densas de fundo do oceano Austral. Água de Fundo Antártica (AABW; verde) é gerada nas plataformas do mar de Weddell (1), Baía Prydz (2), Terra de Adélie (3) e mar de Ross (4), onde afunda para maiores profundidades (setas roxas). Em rosa claro há a indicação da Água Profunda da Corrente Circumpolar Antártica e a área rosa escuro indica águas de fundo menos densas do que a Água de Fundo da Corrente Circumpolar Antártica. Linhas vermelhas pontilhadas indicam os limites da Corrente Circumpolar Antártica. Figura retirada de Orsi (2010). ...........................................................5 Figura 4: Distribuição Circumpolar da Frente Subtropical (STF), Frente Subantártica (SAF), Frente Polar (PF), Frente Sul da Corrente Circumpolar Antártica (SACCF) e Limite Sul da Corrente Circumpolar Antártica (SB). Retirado de Roquet et al. (2009) e adaptado de Orsi et al. (1995)................................................................................................................................... 10 Figura 5: Distribuição geográfica das estações oceanográficas (pontos azuis) que compõem o conjunto de dados observacionais entre os anos de 1992–2011 utilizado no trabalho. A posição dos fundeios do trabalho de Klatt et al. (2005) (M233 e M229) e também do trabalho de Gordon et al. (2010) (M2 e M3) estão indicados pelos quadrados amarelos. Seções nas quais o transporte de volume foi determinado (Seções I – SI, Seção II – SII, Seção III – SIII e Seção IV – SIV) estão indicadas pelas linhas verdes tracejadas. Linhas vermelhas indicam as seções hidrográficas de repetição do WOCE usadas no estudo (período de amostragem estão indicadas na tabela 1.). Linhas brancas tracejadas indicam a divisão do oceano Austral em setores oceânicos como definido por Cavalieri e Parkinson (2008). B&A = Setor Mares de Bellingshausen e Amundsen; PA = Planície Abissal, PET = Depressão Princesa Elizabeth e P. Gelo = Plataforma de Gelo. .................................................................................................. 12 Figura 6: Exemplo mostrando a configuração cúbico-esférica do modelo. Nesta figura é mostrada a velocidade de corrente próximo à superfície (15 m) simulada em uma integração sem restrições. Figura retirada de Menemenlis et al. (2008). ................................................. 16 vii FIGURAS INSERIDAS NO ARTIGO Figure 1: Map indicating geographic areas of oceanographic profiles (blue dots), hydrographic sections and mooring positions used in this study. Moorings position from Klatt et al. (2005) (M233 and M229) and Gordon et al. (2010) (M2 and M3) are indicated by yellow squares. Sections where volume transport was determined (Section I - SI, Section II - SII, Section III SIII and Section IV - SIV) are indicated by green dashed lines. Red lines denote the repeat WOCE hydrographic sections used in this study (sampling period are presented in table 1). Dark and light gray lines refer to the bathymetry of 1300 m and 4000 m, respectively. The radiating white boundary lines delineate hydrographic sectors. B&A denotes Bellingshausen and Amundsen Sea Sector and PET = Princess Elizabeth Throught. ...................................... 67 Figure 2: Twenty–year (1992-2011) averaged (summer-only) θ-S diagrams for each Southern Ocean sector as defined in Figure 1. Inserted panels show θ-S diagrams for water column deeper than 500 m. The color bars are indicating neutral density (γn; kg m-3), with brown (gray) gradient referring to ECCO2 (observations) data. Color bar limits of γn=28.4 kg m-3, γn=28.27 kg m-3 and γn=28.1 kg m-3 were chosen to highlight the points referred to Weddell Sea Bottom Water, Weddell Sea Deep Water and Warm Deep Water, respectively. Bottom–right panel includes areal average of all Southern ocean sectors that is distinguished by the marker as indicated by the legend. ............................................................................................................................ 68 Figure 3: ECCO2 averaged fields of θ, S and γn for the (a) surface layer - SL (100–150 m), (b) intermediate layer - IL (409–634 m), and (c) bottom layer - BL (3000 m to seabed). Bottomright panels show the difference between reanalysis and observational density fields. ........... 69 Figure 4: Two-years ECCO2 averaged density fields of (a) surface layer – SL and (b) bottom layer - BL. Blue colors denote waters lighter than γn = 28.27 kg m−3..................................... 72 Figure 5: Taylor diagram for each defined layer: (a) surface layer - SL (100–150 m), (b) intermediate layer - IL (409–634 m), and (c) bottom layer - BL (3000 m to seabed) separated by ocean sectors as defined in Figure 1 (Weddell Sea – Wed, Indian – Ind, Western Pacific – WP, Ross Sea – RS and Bellingshausen and Amundsen Sectors - BA). Dark blue, green and light blue points indicate θ, S, and γn, respectively. The gray curves, black short-dash curves, and black short-dash radii refer to normalized standard deviation, centered root-mean-square error, and correlation, respectively. R refers to the observed dataset used as reference for comparison (see the text for details). ..................................................................................... 74 Figure 6: Hydrographic properties of repeat section (a) WOCE SR3, (b) WOCE SR4 and (c) WOCE SR2. Averaged fields of θ, S and γn during sections occupations for ECCO2 (left) and observational (right) data. Panels labeled γnrea-γnobs refer to the difference between reanalysis and observational density fields. Dotted lines indicate isolines of θ = 0°C, S = 34.64, and γn = 28.27 kg m-3 of ECCO2 reanalysis (black) and observations (white). Bottom-left panels show average θ-S diagrams for the section. The colorbar indicates neutral density (kg m-3), with brown (gray) gradient referring to ECCO2 (observations) data. Bottom-right panels show the position of the section on the map. ........................................................................................ 75 Figure 7: For the WOCE repeat sections (a) SR3, (b) SR2 and (c) SR4 are presented the percentage of the section area occupied by AABW (upper panels), the average upper AABW viii limit (middle panels) and AABW layer average density (bottom panels). Squares denote observed estimates. Reanalysis estimates limited to in situ data availability are represented by circles. Open markers denote incomplete section occupation. Black line refers to estimates based on the complete spatial and temporal ECCO2 data. ..................................................... 78 Figure 8: Cross-section I (see Figure 1) (a) averaged velocity field (cm s -1) for the period (February 2003 – January 2005) evaluated by Fukamachi et al. (2010). White dotted lines indicate isotherms; (b) Monthly AABW volume transport (Sv) obtained by ECCO2 data (black line) and Fukamachi et al. (2010) (gray line). Averaged ECCO2 reanalysis estimate is indicated by black dotted line; (c) Monthly AABW volume transport (Sv) for ECCO2 data during the whole data period. Gray box highlights period presented in panel (b). .................................. 79 Figure 9: Comparison between monthly time series of current meter (gray) and ECCO2 (black) velocity (cm s-1) at (a) ~4580 m in M2 position and (b) ~3100 m in M3 position (see moorings positions in Figure 1); (c) Monthly ECCO2 time series of current velocity (cm s-1) at M2 position (black line) and M3 position (gray line) during 1992–2011. Both time series are filtered by three-month window moving average. Box highlights period shown in (a) and (b); (d) Neutral density (γn) of ECCO2 data at moorings M2 (black) and M3 (gray).......................... 80 Figure 10: Comparison between monthly time series of current meter (gray) and ECCO2 (black) zonal velocity (cm s-1) at ~2000 m in (a) M229 and (b) M233 position (see moorings position in Figure 1); (c) Monthly ECCO2 time series of volume transport (Sv) cross-Section IV considering the whole water column (black line) and only the AABW layer (gray line). Both time series are filtered by three-months window moving average. (d) Cross-Section IV ECCO2 cumulative volume transport for the whole water column (black line) and AABW layer (gray line), considering the 1992–2011 period (continuous lines) or limited to 1996–2000 period (dashed line). ........................................................................................................................ 81 Figure 11: (a) Cross-Section II (Figure 1) annual transport (Sv) based on ECCO2 (black line), observational (gray line; from Fahrbach et al., 2001), and OCCAM data (light gray line; from Kerr et al., 2012a). ECCO2 and OCCAM estimates are based on AABW layer, while observational estimates are focused on WSBW layer; (b) ECCO2 cross-Section II annual (continuous black line) and monthly (continuous gray line) volume transport (Sv) for AABW layer. Monthly time series considering the WSBW layer is also presented (dashed gray line). Box highlights estimates presented in (a); Following the right axis, annual time series velocity from observations (gray line; from Fahrbach et al., 2001) and ECCO2 data (black line)........ 82 Figure 12: (a) ECCO2 vertically integrated volume transport cross-Section III of the AABW layer, averaged for 1992–2011 period. Shading indicates standard deviation of time average; (b) Averaged density field along Section II. Black, gray and light gray dashed lines indicate AABW average upper limit considering 1992–2011, 2005–2011 and 1992–2004 period, respectively; (c) Annual (thick lines) and monthly (thin lines) cross section AABW (black lines) and WSBW (gray lines) transport. ........................................................................................ 83 Figure 13: (a) Four-years averages of AABW layer thickness (m) for ECCO2 data, 1992–2010; (b) AABW four-years volume anomalies (m3) relative to the long-term (1992–2011) average; (c)Twenty-year average AABW layer thickness based on in situ data; (d) Twenty-year average AABW layer volume (1012 m3) based on reanalysis data....................................................... 84 ix Figure 14: (a) Annual time series of θ, S and γn for Southern Ocean AABW layer, based on ECCO2 (filled squares) and observational (open circles) data. The vertical gray bars show the standard deviations of annual averages (reanalysis – dark gray; observations – light gray); (b) ECCO2 annual time series of θ, S and γn for Southern Ocean AABW layer for each ocean sector (see Figure 1): Indian (Ind), B&A (BA), Ross Sea (RoS), Western Pacific (WP) and Weddell Sea (We). The latter follows the right axis do the discrepant values. Shaded regions indicate the period during which the reanalysis reproduce unrealistic hydrographic conditions in the Southern Ocean. ................................................................................................................... 85 Figure 15: (a) Upper panel show a comparison of monthly (gray) and annual (black) time series of sea ice covered area (%) from ECCO2 (continuous line) and remote sensing (dashed line) data. Bottom panel shows monthly (gray) and annual (black) time series of sea ice thickness from ECCO2 data; (b) ECCO2 sea ice covered area (%) annual anomalies relative to the longterm (1992–2011) average .................................................................................................... 87 Figure 16: Wavelet power spectrum of (a) sea ice covered area, (b) sea ice thickness, (c) AABW export in section II, (d) wind stress, (e) zonal wind stress, and (f) meridional wind stress time series using the Morlet wavelet. Shaded area is the cone of influence, where zero padding has reduced the variance. Black contour encloses regions where confidence levels were greater than 95%. Energy units (colorbar) are in log2 form. Left panels show the average energy spectrum. The dashed line indicates the 95% confidence level. ............................................................. 89 x LISTA DE TABELAS Tabela 1: Períodos correspondentes às amostragem das seções históricas do WOCE utilizadas . 18 TABELAS INSERIDAS NO ARTIGO Table 1: Sampling periods from historical WOCE sections used in the study. . 66 Table 2: Summarized information about the case studies for the velocity and volume transport assessment. 67 xi LISTA DE ACRÔNIMOS E SÍMBOLOS A E AABW – Água de Fundo Antártica ECCO – Estimating the Circulation and AAIW – Água Intermediária Antártica Climate of the Ocean ACC – Corrente Circumpolar Antártica ECCO2 – Estimating the Circulation and ACoC – Corrente Costeira Antártica Climate of the Ocean – Phase II ECMWF – European Centre for Medium- B Range Weather Forecasts B&A – Setor oceânico Bellingshausen and F Amundsen BA – Setor oceânico Bellingshausen and F10 – Trabalho de Fukamachi et al.(2010) Amundsen G BL – Camada profunda do oceano Austral GEBCO – General Bathymetric Charts of (3000 m até o leito oceânico). the Oceans C GHRSST – Group for High Resolution Sea CDW – Água Profunda Circumpolar Surface Temperature CRMSD – Diferença centrada do erro GOAL – Grupo de Oceanografia de Altas médio quadrático Latitudes D H DMSP – Defense Meteorological Satellite HSSW – Água de Plataforma de Alta Program Salinidade I xii IDW – Água Profunda do Índico NSIDC – National Snow and Ice Data IL – Camada intermediária do oceano Center Austral (409–634 m) O Ind – Setor oceânico Índico OCCAM – Modelo Avançado do Clima e ISW – Água de Plataforma de Gelo da Circulação Oceânica (Ocean Circulation L and Climate Advanced Model) LSSW – Águas de Plataforma de Baixa P Salinidade PDW – Água Profunda do Pacífico M PET – Depressão Princesa Elisabeth MCDW – Água Profunda Circumpolar PF – Frente Polar Modificada R MITgcm – Massachusetts Institute of RGPS Technology General Bathymetric Charts of – RADARSAT Geophysical Processing System the Oceans RS – Setor oceânico Mar de Ross N S NADW – Água Profunda do Atlântico SACCF – Frente Sul da Corrente Norte Circumpolar Antártica NAO – Oscilação do Atlântico Norte SAF – Frente Subantártica NASA – Agência Espacial Norte- SAMW – Água Modal Subantártica Americana SB – Limite Sul da Corrente Circumpolar NPIW – Água Intermediária do Pacífico Antártica Norte SL – Camada superficial do oceano Austral (100–150 m) xiii SMMR – Scanning Multichannel W Microwave Radiometer WDW – Água Profunda Cálida SOSE – Southern Ocean State Estimate Wed – Setor oceânico Mar de Weddell SR2 – Linha de repetição SR2 do programa WG – Giro de Weddell WOCE WOCE – World Ocean Circulation SR3 – Linha de repetição SR3 do programa Experiment WOCE WP – Setor oceânico Pacífico Oeste SR4 – Linha de repetição SR4 do programa WSBW – Água de Fundo do Mar de WOCE Weddell SSM/I – Special Sensor WSDW – Água Profunda do Mar de Microwave/Imager Weddell SSM/IS – Special Sensor Microwave Imager/Sounder Demais Acrônimos e Símbolos STF – Frente Subtropical Θ – Potential temperature U S – Salinity γn – Neutral Density ULS – Upward Looking Sonar xiv RESUMO O presente trabalho avaliou a capacidade do produto de reanálise ECCO2 em reproduzir as propriedades hidrográficas e a variabilidade da Água de Fundo Antártica (AABW) no oceano Austral. Foi utilizado um banco de dados observacionais de vinte anos (1992-2011) para realizar comparações hidrográficas com os dados produzidos pela reanálise (1992-2011). Além destes, quatro estudos de caso foram avaliados, nos quais dados de correntógrafos e estimativas de transporte de volume da AABW reportados por trabalhos prévios foram comparados. As principais feições oceanográficas do oceano Austral, assim como o formato característico do diagrama de temperatura potencial–salinidade (θ–S) para cada um dos setores regionais foram adequadamente representados pela reanálise. Entretanto, a abertura da uma polínia oceânica contribuiu para uma representação irreal das propriedades hidrográficas do oceano Austral após 2004. Nossas análises focaram-se, portanto, no período identificado como sendo mais confiável (1992–2004). De forma geral, a reanálise apresenta águas superficiais mais quentes, salinas e densas do que as observações, possivelmente devido à ausência da Água de Plataforma de Gelo e à superestimação da concentração de gelo marinho durante o inverno, que limita a perda de calor pelos oceanos. Águas intermediárias são geralmente mais frias, doces e densas do que as observações, enquanto águas profundas são mais quentes e menos densas. Tais diferenças na reprodução das propriedades das águas profundas são, em parte, consequência da limitação da reanálise na reprodução da variedade mais densa da AABW durante grande parte do período avaliado, possivelmente relacionado à ausência da Água de Plataforma de Gelo e à resolução vertical relativamente grosseira do modelo. Apesar das diferenças com relação aos valores absolutos, o limite superior da AABW (γn ≥ 28,27 kgm3), assim como a área ocupada são bem representadas nas seções de repetição do WOCE SR2 e SR4 nos períodos de comparação. Na seção WOCE SR3, entretanto, as estimativas baseadas nos diferentes conjuntos de dados não são tão coincidentes, e a espessura da camada da AABW é subestimada. Os estudos de caso mostraram uma boa representação da variabilidade do transporte de volume e velocidade da AABW na região de maior importância na exportação de águas densas (i. e., Mar de Weddell). Uma exceção é o transporte de volume da AABW próximo ao Platô de Kerguelen, no qual a batimetria acidentada, além da resolução relativamente grosseira do modelo, dificultou uma representação adequada da variabilidade do transporte local pela reanálise. Apesar da boa adequação entre a variabilidade observada e modelada, os valores absolutos de transporte de volume e velocidade da AABW estimados pela reanálise são subestimados em todos os casos. Ademais, a reanálise foi capaz de reproduzir o padrão geral de variabilidade e tendências das propriedades hidrográficas da AABW reportados por estudos observacionais prévios. Portanto, dados do ECCO2 entre os anos de 1992 e 2004 são considerados adequados para estudos da circulação, hidrografia e variabilidade da AABW, ao passo que é necessária precaução no uso dos dados do período final da simulação (2005-2011). xv ABSTRACT We analyzed the ability of the reanalysis product ECCO2 in representing the hydrographic properties and variability of Antarctic Bottom Water (AABW) in the Southern Ocean. We used a twenty-year observational dataset to perform hydrographic comparisons with reanalysis data at the same time period (1992-2011). In addition, we evaluated four case studies based on current meter data and AABW volume transport estimates previously reported in the literature. The main Southern Ocean oceanographic features, as well as the characteristic shape of regional potential temperature–salinity (θ–S) diagrams are adequately represented by the reanalysis. However, the opening of an oceanic polynya, clearly visible since 2005, contributed to an unrealistic representation of Southern Ocean hydrographic properties mainly after 2004. Our analyses are then focused on the period identified as more reliable (1992–2004). In general, the reanalysis data show surface waters warmer, saltier, and denser than observations possibly due to the Ice Shelf Water absence and also because of the overestimation of sea ice concentration during austral winters that limits oceanic heat loss. Intermediate waters are generally colder, fresher, and denser than observations, while deep waters are warmer and lighter. These differences in deep waters properties are partly consequence of the reanalysis inability in reproducing the densest AABW variety during most of the analyzed period and also to the model relatively coarse vertical resolution. Despite differences in absolute values, the upper AABW limit (γn ≥ 28.27 kg m-3) and the AABW occupied area are well represented in the WOCE repeat sections SR2 and SR4 for the compared periods. In section WOCE SR3, however, the estimates from the different dataset are not so coincident and the AABW layer thickness is underrepresented. The case studies showed a good representation of the AABW volume export and current velocity variability in the most important region of dense water export (i.e. Weddell Sea). The exception is AABW volume transport near the Kerguelen Plateau, in which the rugged local bathymetry, in addition to the relatively coarse model resolution, hampered a fair representation of the transport variability by the reanalysis. Despite the good variability agreement, absolute volume transport and velocity estimates are underrepresented in all cases. Moreover, the reanalysis was capable of reproducing the general variability pattern and trends of AABW hydrographic properties reported by previous studies. Therefore, ECCO2 data from the 1992–2004 period was considered adequate for AABW circulation and hydrographic studies regarding its variability, while attention is required in the use of data from the latter period (2005–2011). xvi 1. INTRODUÇÃO A atmosfera e o oceano apresentam um complexo padrão de acoplamento e circulação, o qual determina grande parte da variabilidade climática em diversas escalas temporais, desde horas até décadas. Por sua vez, o gelo marinho ao redor da Antártica é um dos responsáveis por modular tal interação no oceano Austral1 e, portanto, é também um importante componente do sistema climático global. A Água de Fundo Antártica (AABW) cobre a maior parte do assoalho oceânico e preenche as bacias mais profundas do oceano global, sendo responsável por ventilar 2 as camadas profundas e de fundo. Os processos de produção e exportação desta água densa, principalmente através de correntes de contorno oeste profundas, são elementos determinantes na variabilidade da célula profunda da Circulação de Revolvimento Global (Talley, 2013; Fig. 1). Considerando os principais oceanos do globo, as células de Circulação de Revolvimento Meridional são compostas tanto pelo fluxo termohalino quanto pelos fluxos forçados pelo estresse do vento e termos de ordem mais alta associados a este. Esta circulação é o principal mecanismo de transporte meridional de massa, calor, sal, carbono e nutrientes ao redor do globo e, portanto, constitui uma importante contribuição para regulação do clima global. A componente da circulação dirigida pelos fluxos de calor e água doce na superfície e subsequente mistura no interior dos oceanos é chamada de Circulação Termohalina, a qual se refere à forçante física do processo, e não a um conceito observacional (e.g., Rahmstorf, 2006; Lumpkin & Speer, 2007). O principal processo de formação da AABW ocorre localmente ao redor das margens do continente Antártico pela mistura de águas intermediárias com águas densas de plataforma, cujas temperaturas estão próximas ao ponto de congelamento superficial da água do mar. Para que o processo de convecção profunda ocorra nestas margens, diversos fatores são necessários, tais como: (i) um reservatório adequado para que as águas sejam modificadas (geralmente a plataforma continental ou sob as plataformas de gelo flutuantes); (ii) uma fonte de água densa, normalmente consequência da formação de gelo marinho no inverno; (iii) uma circulação local que facilite a exportação dessas águas para fora da plataforma; (iv) a mistura adequada entre massas de água diferentes, levando à formação de uma massa de água nitidamente distinta das Neste estudo consideraremos o oceano Austral como a porção oceânica ao sul da latitude de 60°S. Termo que se refere à injeção de águas, que recentemente tiveram contato com a atmosfera, em camadas mais profundas do oceano. 1 1 2 suas fontes, e (v) condições batimétricas que permitam que a água atinja o fundo oceânico (Killworth, 1983; Ivanov et al., 2004). Figura 1: Visão esquemática da Circulação Global de Revolvimento da perspectiva do oceano Austral. Os acrônimos referem-se às massas de água participantes e denotam: SAMW – Água Modal Subantártica; AAIW – Água Intermediária Antártica; NPIW – Água Intermediária do Pacífico Norte; IDW – Água Profunda do Índico; PDW – Água Profunda do Pacífico. NADW – Água Profunda do Atlântico Norte e AABW – Água de Fundo Antártica. Figura retirada de Talley (2013). Uma das principais características vinculadas ao processo de formação de águas densas de fundo é a modificação das águas de plataforma. Esta pode ocorrer pelo resfriamento e aumento da salinidade através da interação das águas de plataforma com a atmosfera e liberação da salmoura (efeito brine) durante a produção de gelo marinho (e.g., Água de Plataforma de Alta Salinidade – HSSW), e também através do resfriamento ao entrar em contato com as plataformas de gelo permanentes (e.g., Água de Plataforma de Gelo – ISW). Eventualmente, há a possibilidade de formação de água densa de fundo em regiões oceânicas através de convecção 2 profunda em oceano aberto, por exemplo, durante o evento da Polínia 3 de Weddell durante os invernos de 1974–1976 (Gordon, 1977). Nesse processo há uma intensa perda de calor para atmosfera, a qual diminui a estabilidade vertical e permite a convecção em regiões mais profundas do que o usual (Killworth, 1983). A Figura 2 apresenta os principais mecanismos envolvidos na formação de polínias costeiras e oceânicas. Para que a região da polínia se mantenha livre de gelo em uma situação em que a temperatura do ar é menor do que o ponto de congelamento da água superficial, é necessária a remoção física do gelo marinho (divergência de gelo marinho) ou um input de calor suficiente dos fluxos oceânicos e insolação, ou a combinação desses fatores. Se a divergência do gelo marinho é dominante, a superfície do oceano está no ponto de congelamento e grande quantidade de gelo é formada. Porém, esse gelo recentemente formado é rapidamente removido pelo processo físico, mantendo a superfície do oceano livre. Há então um grande fluxo de calor sensível do oceano relativamente quente para a atmosfera fria devido à liberação do calor latente na formação do gelo; portanto, polínias formadas dessa forma são chamadas polínias de “calor latente”. Se o fluxo de calor é o processo dominante, a superfície livre do oceano é mantida sem que haja congelamento devido ao transporte de águas quentes para a superfície. Novamente, há um grande fluxo de calor sensível do oceano para a atmosferea e portanto polínias formadas dessa forma são denominadas polínias de “calor sensível” (Willians et al., 2007). No oceano Austral, a formação de águas densas de fundo ocorre, principalmente, no sudoeste e oeste do mar de Weddell, no mar de Ross, na Baía Prydz e nas proximidades da Terra de Adelie (Fig. 3; Killworth, 1983; Gordon, 1998; Rintoul, 1998; Orsi et al., 1999; Yabuki et al., 2006). Estima-se que 66% da AABW no oceano global é originada das variedades regionais formadas no mar de Weddell, 25% no setor Australiano do oceano Austral e 7% no mar de Ross (Rintoul, 1998). Recentemente, a contribuição do mar de Weddell foi diminuída devido à quantidade significativa de águas de fundo recentemente ventiladas provenientes de regiões a leste do mar de Weddell (Meredith et al., 2000). A Água de Fundo do Mar de Ross é derivada da água de plataforma mais salina, localizada no oeste do mar de Ross, sendo a variedade da AABW de maior salinidade (Jacobs et al., 1970, Orsi et al., 1999). A variedade mais densa da AABW, a Água de Fundo do Mar de Weddell (WSBW), pode ser produzida através da mistura da HSSW com a Água Profunda Cálida (WDW; i.e., variedade regional da Água Profunda Qualquer área de águas abertas no meio da banquisa ou do gelo fixo, e que não tenha forma linear, i.e., não inclui canal, passagem ou rachadura (Simões, 2004) 3 3 Circumpolar – CDW) e a Água de Inverno (Foster & Carmack, 1976), ou através da mistura da ISW com WDW ou WDW modificada (Foldvik et al., 1985). Devido à alta densidade, a WSBW fica restrita topograficamente à bacia de Weddell, enquanto a Água Profunda do Mar de Weddell (WSDW), mais leve, é capaz de deixar essa região. A WSDW pode ser formada pela mistura da WSBW com a CDW, e também diretamente, através de mistura ao longo da descida da pluma de águas densas pelo talude (Orsi et al., 1993; Orsi et al., 1999; Meredith et al., 2000) - processo dependente das propriedades das massas de água precursoras. Figura 2: Esquema dos principais mecanismos e processos envolvidos na formação das polínias costeiras e oceânicas. Figura retirada de Kerr (2010). As características dominantes das variedades regionais da AABW dependem das propriedades da água de plataforma local e também dos complexos processos físicos acoplados, relacionados à formação de gelo marinho, abertura de polínias, derretimento basal de plataformas de gelo e mistura com águas adjacentes (Gill, 1973; Carmack & Foster, 1975; Foldvik et al., 1985; Orsi et al., 1999; Nicholls et al., 2009). A maior parte do gelo marinho da Antártica apresenta forte ciclo sazonal, com variação de amplitude entre máximo de mínimo de cobertura de 80% (Curry & Webster, 1999). Durante o verão, a água doce oriunda do derretimento basal é fator importante na modificação da Água Superficial Antártica (AASW), enquanto no inverno a salmoura liberada durante a formação do gelo marinho aumenta a salinidade da água e contribui para a formação das águas densas. O estresse do vento, principal fator atuante no controle da intensidade do Giro de Weddell (Gordon et al., 1981; Martinson & Iannuzzi, 2003), pode afetar as propriedades das águas densas exportadas através da alteração da baroclinicidade do giro (Julion et al., 2010). 4 Figura 3: Principais regiões de exportação de águas densas de fundo do oceano Austral. Água de Fundo Antártica (AABW; verde) é gerada nas plataformas do mar de Weddell (1), Baía Prydz (2), Terra de Adélie (3) e mar de Ross (4), onde afunda para maiores profundidades (setas roxas). Em rosa claro há a indicação da Água Profunda da Corrente Circumpolar Antártica e a área rosa escuro indica águas de fundo menos densas do que a Água de Fundo da Corrente Circumpolar Antártica. Linhas vermelhas pontilhadas indicam os limites da Corrente Circumpolar Antártica. Figura retirada de Orsi (2010). Diversos estudos têm reportado mudanças nas propriedades hidrográficas de águas–fonte4 da AABW, como a dessalinização 5 das águas densas das regiões da plataforma dos mares de Weddell e Ross (e.g., Jacobs et al., 2002, 2010; Jacobs, 2004; Hellmer et al., 2011). É importante ressaltar que, devido à não linearidade da equação do estado da água do mar (Fofonoff, 1956), mudanças na salinidade em condições de baixas temperaturas possuem grande efeito na densidade da parcela da massa de água e consequentemente na estratificação Águas precursoras que descrevem as propriedades iniciais de uma massa de água, anteriormente a mistura para a formação de uma nova massa de água. Água-tipo fonte são os valores de parâmetros que irão descrever as águasfonte nas regiões de formação de massas de água. 5 Processo de diminuição da salinidade da água do mar, conhecido na literatura como “freshening” (Kerr, 2010). 5 4 da coluna de água. Tendências de aquecimento de longo período foram observadas nas águas intermediárias da Corrente Circumpolar Antártica (durante década de 1990; Gille, 2002) e na WDW dentro do Giro de Weddell (1970s–1990s, Robertson et al., 2002). Por sua vez, as propriedades da AABW recentemente formada também apresentaram mudanças ao longo dos anos. A WSBW no centro do mar de Weddell e também nas proximidades do Meridiano de Greenwich sofreu aquecimento (0,01°C ano-1 e 0,003°C ano-1, respectivamente) na segunda metade da década de 1990 (Fahrbach et al., 2004). Um estudo mais amplo reportou a diminuição da temperatura e salinidade (1984–1992) da WSDW e WSBW, seguidos pelo aquecimento e aumento da salinidade das mesmas (1998–2008; Fahrbach et al., 2011). A dessalinização da AABW foi também observada dentro dos setores Índico e Pacífico do oceano Austral (1995– 2005; Rintoul, 2007). Os processos de aquecimento e dessalinização ocorreram nas águas abissais da bacia Antártico-Australiana (0,1 °C e –0,005) e também na Depressão Princesa Elizabeth (0,05°C e –0,01) entre 1994/1995 e 2007 (Johnson et al., 2008). A contração da camada da AABW foi reportada por Purkey & Johnson (2010) durante 1990s–2000s. Azaneu et al. (2013) também estimaram a diminuição do volume dessa massa de água, associada ao aquecimento e redução da densidade da mesma (1958–2011). Em concordância com esses estudos, a contribuição da WSBW para a mistura na bacia de Weddell foi reduzida em ~20% próximo ao Meridiano de Greenwich e à extremidade norte da Península Antártica (1980s– 1990s, Kerr et al., 2009). Mudanças nas propriedades hidrográficas das águas densas podem ter importantes consequências na circulação global. A redução da densidade das águas densas de plataforma, por exemplo, pode dificultar a descida da pluma de água densa até o fundo do oceano (Carmack & Killworth, 1978). Esse processo causaria um enfraquecimento na produção da AABW e, consequentemente, da célula profunda da Circulação de Revolvimento Meridional (Stouffer et al., 2007) o que, por sua vez, teria um impacto na circulação oceânica global, nos ecossistemas marinhos, no nível do mar, no armazenamento de CO2 e, em última instância, no clima global (e.g., Rahmstorf, 2006). Apesar das possíveis consequências globais dessas mudanças de longo período, um melhor entendimento da relação entre esses processos, além dos mecanismos físicos atuantes nos mesmos, é dificultado pela amostragem limitada e enviesada no oceano Austral. Este oceano constitui-se uma região de difícil acesso durante o inverno austral devido à ampla extensão de 6 gelo marinho, levando a maioria das amostragens sejam realizadas durante o verão austral. Amostragens de regiões importantes, como a plataforma continental, são ainda mais limitadas. Neste sentido, produtos de modelagem numérica com assimilação de dados oceânicos constituem uma ferramenta potencialmente importante para preencher a lacuna de informações nos dados observacionais tanto espaciais quanto temporais, provendo uma visão mais sinótica e holística dos principais processos atuantes nas mudanças observadas. Neste contexto, a reanálise é uma forma de assimilação de dados por modelos oceânicos na qual a melhor estimativa de um campo, ao longo de um período, é reconstruída usando dados de todo o período em conjunto com equações físicas governantes, provendo uma melhor estimativa da realidade a qualquer instante (Cushman-Roisin & Beckers, 2005). No entanto, os produtos de reanálise devem ser cuidadosamente avaliados no tocante à sua capacidade e consistência na representação não apenas da estrutura e propriedades hidrográficas, mas também na variabilidade das mesmas. Isto é especialmente válido para o oceano Austral, onde a disponibilidade de dados observacionais é esparsa tanto no tempo quanto no espaço. É importante ressaltar que dados observacionais de boa qualidade são fundamentais na validação dos produtos de reanálise, assim como na definição das parametrizações de diversos processos não resolvidos pelos modelos oceânicos, geralmente relacionados ao sistema acoplado oceano/atmosfera/criosfera. Dessa forma, este trabalho avalia a representação das propriedades hidrográficas e variabilidade da AABW no oceano Austral pelo produto de reanálise Estimating the Circulation and Climate of the Ocean – Phase II (ECCO2) em comparação a dados observacionais. Durante a última década, diversos produtos globais de assimilação de dados oceânicos foram desenvolvidos baseados na síntese de dados observados através da física descrita por modelos de circulação oceânica global (e.g., Lee et al., 2010). As estimativas oriundas do ECCO2 são consideradas realísticas e dinamicamente consistentes, pois são geradas a partir da rodada livre do modelo usando parâmetros de controle otimizados (Menemenlis et al., 2008). 1.1. Objetivos Para que possamos entender as mudanças climáticas e sua relação com as alterações na 7 circulação oceânica global, é necessária uma melhor compreensão de importantes aspectos da circulação do oceano Austral. A produção e exportação da AABW é um importante componente do sistema climático global e, portanto, sua adequada representação por modelos de circulação e reanálises oceânicas é essencial na compreensão das mudanças de longo período reportadas nos oceanos. Objetivo Geral Avaliar a qualidade da representação da AABW pelo produto de reanálise ECCO2 no oceano Austral. Objetivos Específicos (i) Investigar se as propriedades hidrográficas médias da camada da AABW no oceano Austral são adequadamente reproduzidas pela reanálise; (ii) Avaliar a representação da estrutura da coluna de água com foco na AABW; (iii) Comparar estimativas de transporte e velocidade na camada da AABW com trabalhos pretéritos a fim de avaliar sua representação; (iv) Investigar a variabilidade intra e interanual das estimativas de velocidade e transporte da AABW, assim como a variabilidade decadal das propriedades hidrográficas dessa massa de água; 1.2. Região de Estudo Hidrografia O oceano Austral é normalmente definido como a porção oceânica limitada ao sul pelo continente Antártico e ao norte pela Convergência Subtropical (~40°S, e.g., Tomczak & Godfrey, 1994; Fig. 4). Esta delimitação está relacionada não apenas à questão dinâmica (intimamente associada ao limite sul da Convergência Subtropical), mas também com claras diferenças do regime hidrográfico. No oceano Austral as diferenças de temperatura das águas superficiais e aquelas do fundo oceânico geralmente não excedem 5°C, o que é um gradiente 8 muito pequeno se comparado à zona intertropical. Como a variação da densidade ao longo da profundidade não é tão grande e a força do gradiente de pressão é distribuída de forma mais gradual ao longo da coluna de água, as correntes forçadas pelo vento não ficam restritas à camada superficial, mas podem se estender até maiores profundidades (Tomczak & Godfrey, 1994). Um exemplo seria o grande transporte de massa da Corrente Circumpolar Antártica (ACC), sendo esta a principal feição oceanográfica de larga escala do oceano Austral. A ACC é delimitada por diferentes frentes circumpolares, dentre as mais importantes a Frente Subantártica e a Frente Polar. Fluindo irrestritamente para leste, a ACC contorna o continente Antártico e isola as regiões de águas superficiais relativamente frias das águas relativamente quentes de médias e baixas latitudes. A ACC conecta os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, permitindo a redistribuição de calor ao longo de todo o globo. Outra importante corrente presente no oceano Austral é a Corrente Costeira Antártica (ACoC), que flui para oeste contornando as margens continentais Antárticas. Juntamente a esse sistema de circulação circumpolar, há giros ciclônicos regionais (i.e., sentido horário), tais como o Giro de Weddell e o Giro de Ross (Fig. 5). Os limites dessas feições regionais são, ao sul a ACoC movendo-se para oeste e ao norte a ACC movendo-se para leste (Summerhayes, 2009). O sistema de correntes costeiras ao redor da Antártica é controlado pela interação de diversos fatores, tais como: o fluxo da ACC em águas profundas ao norte, a batimetria da região costeira, a influência da atmosfera (e.g., ventos locais), e a grande variação sazonal do fluxo de calor na superfície. Ao norte do talude continental, a direção predominante do vento médio e o seu estresse no oceano é leste. Isso implica que o transporte na camada superficial de Ekman seja para o norte. Devido à conservação da massa, a coluna de água abaixo da camada de Ekman move-se em direção a sul, carregando águas mais profundas para a plataforma continental. Estas são relativamente mais salinas e mais quentes (i.e., CDW), com baixo teor de oxigênio dissolvido e ricas em nutrientes inorgânicos dissolvidos em comparação com o ambiente costeiro Antártico (Baines, 2007). A Água Profunda Circumpolar Modificada (MCDW) é a mistura das Águas de Plataforma de Baixa Salinidade (LSSW) e a CDW, sendo mais fria e salina do que a CDW. Um dos processos cruciais na formação da AABW é a mistura entre a MCDW e a água salina de plataforma, a qual foi afetada pelo resfriamento/congelamento e é geralmente mais densa do que a CDW (Foster & Carmack, 1976). 9 Figura 4: Distribuição Circumpolar da Frente Subtropical (STF), Frente Subantártica (SAF), Frente Polar (PF), Frente Sul da Corrente Circumpolar Antártica (SACCF) e Limite Sul da Corrente Circumpolar Antártica (SB). Retirado de Roquet et al. (2009) e adaptado de Orsi et al. (1995). Topografia A plataforma continental no oceano Austral é mais profunda (c. 400-600 m) do que as dos demais oceanos, nos quais normalmente atinge profundidades menores do que 100 m. Em diversos locais a plataforma é mais profunda próximo à costa, com elevações de cerca de 450 m de profundidade no seu limite externo, a quebra da plataforma (Baines, 2007). A topografia de fundo do oceano Austral é marcada pela presença de três grandes bacias, com profundidades maiores do que 4000 m (Fig. 5). As planícies abissais de Amundsen, Bellingshausen e Mornington, também chamadas de bacia Pacífico-Antártica, estendem-se para leste do mar de Ross em direção à América do Sul. A bacia Antártico-Australiana, localizada no setor Índico do oceano Austral, estende-se para oeste a partir da longitude da Tasmânia até o platô de Kerguelen. As planícies abissais de Enderby e Weddell, também conhecidas como bacia Atlântico-Índica, estão localizadas entre o platô de Kerguelen e o mar de Weddell (Tomczak & Godfrey, 1994). As camadas abissais da bacia Antártico-Australiana são supridas por duas 10 fontes primárias de águas de fundo, uma variedade menos salina formada ao longo da costa de Adélie (144°E) e uma variedade mais salina produzida no mar de Ross (Rintoul, 1998). No setor do mar de Weddell, o Giro de Weddell é responsável por advectar água circumpolar relativamente mais quente e salgada (i.e., WDW) para sul, em direção ao continente, e exportar para norte águas menos salinas e mais densas, como a WSDW e a WSBW. Gelo Marinho O gelo marinho é um importante fator na regulação do clima, pois o rejeito salino (oriundo do seu processo de formação; efeito brine) e seu derretimento modificam a salinidade das águas superficiais do oceano Austral, mudando sua densidade e interferindo na circulação termohalina. Além disso, o gelo marinho isola o oceano da atmosfera e inibe a troca de calor, momentum, gases e umidade. O alto albedo do gelo significa que este apresenta alta reflexão da radiação solar em relação à radiação incidente, um processo que atua como um feedback na amplificação das mudanças climáticas (Hodgson, 2009). Trabalhos realizados através de dados históricos de baleeiros (e.g., de la Mare, 1997) reportaram o declínio no gelo marinho Antártico no verão entre meados de 1950 e 1970. A partir da década de 70, o estudo da extensão e concentração de gelo marinho foi feito com maior acurácia através da utilização de dados de satélite, o que possibilita a identificação de tendências para ambas. Zwally et al. (2002) sugerem que não há mudanças significativas para o gelo marinho, enquanto Parkinson (2004) mostra tendências de redução na extensão do gelo na região da Península Antártica, a qual vem sofrendo aquecimento atmosférico mais evidente (Meredith & King, 2005). Recentemente, Parkinson & Cavalieri (2012) utilizaram dados de extensão e área de gelo marinho derivados de radares passivos de micro-ondas entre 1979 e 2010, e identificaram uma tendência geral de aumento da extensão do gelo marinho na Antártica (i.e., 17100 ± 2300 km2 year-1). Em todo o oceano Austral, o setor referente à região do mar de Bellingshausen & Amundsen foi o único que apresentou tendência significativa de decréscimo da cobertura do gelo marinho. 11 Figura 5: Distribuição geográfica das estações oceanográficas (pontos azuis) que compõem o conjunto de dados observacionais entre os anos de 1992–2011 utilizado no trabalho. A posição dos fundeios do trabalho de Klatt et al. (2005) (M233 e M229) e também do trabalho de Gordon et al. (2010) (M2 e M3) estão indicados pelos quadrados amarelos. Seções nas quais o transporte de volume foi determinado (Seções I – SI, Seção II – SII, Seção III – SIII e Seção IV – SIV) estão indicadas pelas linhas verdes tracejadas. Linhas vermelhas indicam as seções hidrográficas de repetição do WOCE usadas no estudo (período de amostragem estão indicadas na tabela 1.). Linhas brancas tracejadas indicam a divisão do oceano Austral em setores oceânicos como definido por Cavalieri e Parkinson (2008). B&A = Setor Mares de Bellingshausen e Amundsen; PA = Planície Abissal, PET = Depressão Princesa Elizabeth e P. Gelo = Plataforma de Gelo. 12 1.3. Origem do produto de reanálise ECCO2 O projeto Estimating the Circulation and Climate of the Ocean (ECCO) foi estabelecido em 1998 como parte do World Ocean Circulation Experiment (WOCE), tendo como objetivo a combinação de um modelo de circulação geral com dados observacionais diversificados. O projeto visa produzir uma representação quantitativa da evolução temporal do estado do oceano (Menemenlis et al., 2008), com foco nas mudanças climáticas decadais e de longo período (Wunsch, 2009). Para tal, as estimativas produzidas pelo ECCO são fisicamente consistentes, mais especificamente, não apresentam descontinuidades no momento de incorporação dos dados observados. A primeira geração de produtos ECCO já foi utilizada para diversas aplicações científicas, como por exemplo, a estimativa da evolução da circulação oceânica global entre 1992–2002 obtida por Kohl & Cornuelle (2007). Porém, a resolução espacial grosseira e a ausência do oceano Ártico e do gelo marinho nessa geração de produtos limita a capacidade de representação realística dos oceanos. Para melhorar essas deficiências, foi estabelecido o ECCO Phase II (ECCO2), o qual procura mostrar a viabilidade da produção de estimativas globais que incluam gelo marinho em uma resolução que permita vórtices oceânicos. A primeira solução produzida pelo ECCO2 foi obtida para o período de 1992–2007 com o objetivo principal de reduzir as discrepâncias da deriva do modelo com relação ao dado observado, levando a uma considerável otimização dos resultados. Apesar disso, os produtos ainda apresentam certas limitações, de forma que o projeto ainda está em curso e diversos testes têm sido realizados ao longo das versões produzidas. Diversas aplicações científicas incluem o impacto de vórtices de mesoescala na variabilidade e circulação oceânica de larga escala, como Fu (2006), que usou a correlação entre mapas sucessivos de altura dinâmica para estimar as características da propagação de vórtices nos oceanos. De forma geral, o ECCO2 apresentou uma boa concordância entre as simulações e as observações altimétricas, mostrando sua habilidade em reproduzir realisticamente a propagação de vórtices oceânicos. Alguns trabalhos são também focados nos estudos dos oceanos polares. Condron et al. (2009) estudaram a resposta do balanço de água doce no oceano Ártico a variações extremas da Oscilação do Atlântico Norte (NAO). A formação da haloclina superficial no Ártico foi estudada por Nguyen et al. (2009). Rignot et al. (2012) utilizaram-se de uma configuração regional do ECCO2 para avaliar o padrão de espalhamento de águas quentes de origem 13 subtropical ao redor da Groenlândia entre 1992–2009. Volkov et al. (2010) usaram os dados do ECCO2 para estimar e avaliar os mecanismos do transporte meridional de calor no oceano Austral entre 1992–2002. Mazloff et al. (2010) mostraram a viabilidade da produção de uma estimativa de alta resolução baseada no método de multiplicadores de Lagrange (adjointmethod) em escalas regionais, particularmente para oceano Austral. O produto gerado a partir do ECCO2, Southern Ocean State Estimate (SOSE), apresenta uma resolução de 1 6 graus e cobre o período de 2005–2006. Recentemente, Sebille et al. (2013) utilizaram esse produto de alta resolução para avaliar a trajetória de diferentes variedades da AABW no processo de exportação, assim como a conectividade entre as regiões de formação dessa massa de água no oceano Austral e as bacias subtropicais. Diversos trabalhos têm utilizado versões regionais do ECCO2, muitas vezes modificadas para a inserção de plataformas de gelo, visando a avaliação dos processos na interface entre os oceanos e a borda do gelo (Heibach et al., 2012.; Schodlok et al., 2012; Xu et al., 2012). Atualmente, os esforços estão focados na otimização do produto global através do uso dos multiplicadores lagrangeanos, assim como no SOSE, o qual permite a utilização de um número muito maior de variáveis–controle no ajustamento do modelo. Apesar do produto SOSE ser específico para o oceano Austral, neste estudo utilizou-se a versão global que, embora apresente uma menor resolução espacial, abrange um período temporal maior (1992–2011), necessário para a avaliação da variabilidade das propriedades da AABW. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Produto de Reanálise ECCO2 O produto de reanálise ECCO2 é gerado através da compilação de dados obtidos in situ e também remotamente, assimilados pelo modelo de circulação geral do Massachusetts Institute of Technology (MITgcm; Marshall et al., 1997). A configuração do modelo para essa solução apresenta uma grade cúbica-esférica (Fig. 6), com resolução espacial média de 18 km e 50 níveis verticais, cuja espessura varia de 10 m na superfície a aproximadamente 450 m na profundidade de 6150 m. A projeção cúbica-esférica provê um espaçamento relativamente constante ao longo de todo o domínio e evita singularidades nas regiões polares (Adcroft et al., 2004). A resolução da grade não é capaz de resolver, mas permite vórtices oceânicos no oceano 14 Austral. A transferência de propriedades por vórtices oceânicos, convecção e mistura são parametrizados. O modelo é integrado a partir de uma configuração de conservação de volume usando a discretização de volume finitos em um sistema de grade tipo C de Arakawa (Arakawa & Lamb, 1977) para as variáveis prognósticas. A topografia do modelo é oriunda do conjunto de dados de Smith & Sandwell (1997) e do General Bathymetric Charts of the Oceans (GEBCO), com resolução de minuto de grau (Menemenlis et al., 2008). O modelo oceânico é acoplado a um modelo de gelo marinho, que determina a espessura e a concentração do gelo marinho, além de cobertura de neve (Zhang et al., 1998), o que permite que o mesmo seja condicionado por dados satelitais das regiões polares. Este produto requer a realização de diversos experimentos computacionais, que são rodadas livres irrestritas. Esses experimentos são utilizados para ajustar os parâmetros controle do modelo, as forçantes e as condições iniciais. O modelo é então rodado novamente utilizando os parâmetros ajustados, livre de qualquer condicionamento, como qualquer modelo comum (Volkov, 2010). A função de Green é utilizada para ajustar os parâmetros controle, os quais incluem temperatura e salinidade iniciais, condições limite de superfície atmosférica, difusividade vertical, números de Richardson, coeficientes de arrasto gelo-oceano e ar-gelo, albedo, arrasto do fundo e viscosidade vertical (Menemenlis et al., 2008; Marshall, 2009). Por sua vez, os dados assimilados incluem anomalia do nível do mar a partir de altimetria de satélite, nível do mar médio de Maximenko & Niiler (2005), temperatura superficial do mar, perfis de temperatura e salinidade de diversas origens (e.g., WOCE, TAO, ARGO, XBT, etc.), concentração de gelo marinho a partir de satélite de micro-ondas passivo, movimento do gelo a partir de radiômetros, QuikSCAT e RADARSAT Geophysical Processing System (RGPS) (Menemenlis et al., 2008). Nesse trabalho utilizou-se a solução denominada “cube 92”6 (corresponde à versão), com grade regular de 0,25 de grau. As versões disponibilizadas anteriormente utilizavam um conjunto de dados como forçante superficial, sendo o principal a reanálise ERA40 (produzida pelo European Centre for Medium-Range Weather Forecasts – ECMWF). Diferentemente destas, a solução “cube 92” se baseia no produto de reanálise da Japan Meteorological Agency and Central Research Institute of Electric Power Industry (JRA-25; Onogi et al., 2007). Na Os dados referentes a essa versão podem ser obtidos no seguinte endereço eletrônico: http://ecco2.jpl.nasa.gov/products/ 15 6 elaboração da reanálise JRA-25 houve atenção específica para o aperfeiçoamento da representação da precipitação global, de forma que esta encontra-se melhor representada neste produto do que na reanálise ERA-40 (Rood & Bosilovich, 2010). Chaudhuri et al. (2013) compararam quatro produtos de reanálise atmosférica (dentre eles produtos assimilados pelo ECCO2) e mostraram que o mesmos são comparáveis, de forma geral, devido à similaridade nas premissas físicas assumidas e na assimilação de observações comuns. Porém, segundo os autores, nenhum produto foi capaz de produzir a melhor representação em todos os parâmetros avaliados. Os dados de reanálise utilizados englobam o período de 1992–2011 e abrangem a área geográfica ao sul de 60°S. Os parâmetros avaliados são os campos mensais de temperatura potencial (θ), salinidade (S) e as componentes zonal (u) e meridional (v) da velocidade. Além destes, dados diários de tensão de cisalhamento do vento, da espessura e porcentagem da área coberta por gelo marinho foram também avaliados. O parâmetro densidade neutra (γn; Jackett & McDougall, 1997) foi determinado a partir dos dados hidrográficos e usado na definição das massas de água. Figura 6: Exemplo mostrando a configuração cúbico-esférica do modelo. Nesta figura é mostrada a velocidade de corrente próximo à superfície (15 m) simulada em uma integração sem restrições. Figura retirada de Menemenlis et al. (2008). 16 2.2. Dados Observacionais 2.2.1. Banco de dados hidrográficos O banco de dados utilizado nesse trabalho é composto por: (1) dados de garrafa, perfiladores e medidores de condutividade, temperatura e pressão (CTD) oriundos do World Ocean Database 2009, 1958–2011 (WOD09, Boyer et al., 2009); (2) dados de CTD obtidos pelo Alfred Wegener Institute, 2003–2010; e (3) dados de CTD do Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes (GOAL), 2003–2005 (e.g., Garcia & Mata, 2005) e 2008–2010 (e.g., Mendes et al., 2012; Azaneu et al., 2012; Azaneu et al., 2013). O conjunto destes bancos de dados engloba a região ao sul de 60°S durante o período de 1958–2011 (Fig. 5). Três seções de repetição do WOCE (SR4, SR3 e SR2; Fig. 5) foram selecionadas para a avaliação da representação da coluna de água como um todo. A porção oeste da seção WOCE SR4 atravessa a principal rota de exportação das águas densas produzidas no oceano Austral (Naveira Garabato et al., 2002), enquanto a seção WOCE SR2 é referente à recirculação das variedades da AABW no mar de Weddell. A seção SR3 está localizada na Bacia AntárticoAustraliana e atravessa o fluxo para oeste da AABW originário das suas principais fontes regionais (Mar de Ross, região da Terra de Adéle e de George V; Rintoul, 1998; Shimada et al., 2012). Ambas as seções WOCE SR3 e SR2 foram limitadas à região abaixo da latitude de 60°S. Os meses correspondentes ao período de amostragem dessas seções estão indicados na Tabela 1. Estas ocupações específicas foram escolhidas porque coincidem com o período de dados disponibilizados pelo ECCO2 e também porque proporcionam a amostragem mais completa e sinótica possível das seções. Em alguns casos, a amostragem da seção foi realizada ao longo de dois meses consecutivos e, portanto, foram considerados como uma única ocupação (Fig. 5). Em quatro estudos de caso, dados de velocidade de corrente usados em trabalhos anteriores foram comparados com o produto da reanálise ECCO2. Os dados utilizados são dos fundeios M2 e M3 no interior do mar de Weddell (Fig. 5; Gordon et al., 2010) e M233 e M229 ao longo do Meridiano de Greenwich (Fig. 5; Klatt et al., 2005). Foram também usadas séries temporais de velocidade e transporte da AABW perpendiculares às seções hidrográficas na porção noroeste do mar de Weddell (dos trabalhos de Fahrbach et al. (2001) e Kerr et al. (2012a); Seção II -Fig. 5) e a leste do Platô de Kerguelen (do trabalho de Fukamachi et al., 2010); Seção I Fig. 5). 17 Tabela 2: Períodos correspondentes às amostragens das seções históricas do WOCE utilizadas. Mês/Ano amostrados Seções Históricas do WOCE SR4 SR3 SR2 11/1992 03/1993 06/1992 12/1992 – 01/1993 01/1994 04/1996 04/1996 – 05/1996 03/1996 04/1998 – 005/1998 04/1998 11/2001 – 12/2001 03/1999 02/2005 – 03/2005 01/2002 – 02/2002 12/2000 03/2008 02/2003 – 03/2003 12/2002 12/2010 – 01/2011 02/2005 02/2008 – 03/2008 12/2010 2.2.2. Dados de gelo marinho Os dados mensais de concentração de gelo marinho do National Snow and Ice Data Center (NSIDC; Cavalieri et al., 1996)7 utilizados nesse trabalho baseiam-se nas medidas de temperatura de brilho derivadas de diversos sensores de micro-ondas passivos (Nimbus-7 Scanning Multichannel Microwave Radiometer – SMMR, do Defense Meteorological Satellite Program – DMSP, pelos sensores F8, -F11 e -F13 do Special Sensor Microwave/Imager – SSM/I, e pelo sensor F17 do Special Sensor Microwave Imager/Sounder – SSM/IS). Os dados são obtidos através do algoritmo de processamento “NASA Team algorithm”8, desenvolvido pelo Oceans and Ice Branch da Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Os valores de concentração de gelo marinho se referem à porcentagem da área do pixel (25 km x 25 km) coberta por gelo marinho, e cobrem o período de Outubro de 1978 a Dezembro de 2010. No entanto, neste trabalho usamos apenas o período referente à disponibilidade dos dados de reanálise (i.e., 1992–2010). 7 8 Endereço eletrônico do Banco de dados NSIDC: http://nsidc.org/data/. Para mais informações sobre o algoritmo NASA Team: http://nsidc.org/data/docs/daac/nasateam/index.html . 18 Séries temporais mensais de cobertura de gelo marinho foram determinadas a partir da média da porcentagem dos pixels no oceano Austral. Antes da construção da série temporal para a região de estudo, foi realizado um pré-tratamento desses dados. Pixels com menos do que 15%9 de área coberta foram considerados sem gelo marinho, e pixels que apresentaram ausência de gelo marinho durante todo o período não foram considerados na média espacial. 2.3. Metodologia 2.3.1. Definição da Água de Fundo Antártica Este trabalho é focado na representação da AABW, definida aqui como a camada profunda do oceano Austral mais densa do que γn=28,27 kg m-3. Águas densas de plataforma foram delimitadas pela linha batimétrica de 1300 m e não são consideradas na maioria das análises. Essa definição baseada nas superfícies de densidade neutra inclui todas as variedades da AABW produzidas regionalmente ao redor das margens continentais do oceano Austral (e.g., Whitworth et al., 1998) e exportadas para os oceanos globais (como descrito por Orsi et al., 1999). Esta mesma definição da AABW foi recentemente aplicada na avaliação da produção e exportação da AABW através de um modelo oceânico global (Kerr et al., 2012a) e também na análise observacional da variabilidade hidrográfica das massas de água densas do oceano Austral (Azaneu et al., 2013). 2.3.2. Métodos para a comparação de dados observados com o produto de reanálise Climatologia de estratos da coluna de água Três estratos da coluna de água foram selecionados para avaliação da representatividade das médias climatológicas para o período 1992–2011. As superfícies escolhidas correspondem à camada superficial (SL), intermediária (IL) e de fundo (BL), sendo resultantes da média das profundidades da reanálise entre 100–150 m, 409–634 m e 3000 m–fundo oceânico, respectivamente. A média dos dados observacionais também foi calculada para esses estratos e, para possibilitar a direta comparação entre os diferentes bancos de dados, a média espacial foi calculada para ambos os bancos de dados em uma grade com resolução de 1ºx1°. Essas 9 http://nsidc.org/data/nsidc-0051.html 19 estimativas foram as únicas que consideraram todos os meses do ano. As demais estimativas apresentadas foram baseadas apenas nos meses referentes ao verão austral (definido neste trabalho como o período de Novembro a Março), para evitar um possível viés dos resultados devido à falta de amostragens durante os demais meses do ano. A média temporal das propriedades hidrográficas nos estratos (SL, IL e BL) foi determinada considerando-se todo o período de dados disponível (1958–2011) e apenas o período referente aos dados do ECCO2 (1992–2011). A média dos dados observacionais e de reanálise apresentaram alta correlação (r ≥ 0,8) em ambos os períodos, para todos os estratos e propriedades hidrográficas. Decidiu-se, então, seguir as análises usando o conjunto de dados observados restrito aos anos entre 1992 e 2011, ao invés de todo o período disponível (1958–2011). Essa escolha deve-se à variabilidade das propriedades hidrográficas nos últimos cinquenta anos, a qual poderia levar a um possível viés nas comparações diretas entre dados modelados e observados. Diagrama de Taylor Com o objetivo de quantificar o desempenho da reanálise na reprodução das propriedades hidrográficas apresentada pelos dados hidrográficos, a similaridade entre os campos médios foi caracterizada em termos de parâmetros estatísticos. Considerando as diferenças regionais no oceano Austral em termos de propriedades hidrográficas e processos atuantes, a área de estudo foi dividida em cinco setores hidrográficos de acordo com a definição proposta em Cavalieri & Parkinson (2008), sendo estes: Setor Mar de Bellingshausen e Amundsen (B&A), Setor Mar de Ross, Setor Oceano Pacífico Oeste, Setor Oceano Índico, e Setor Mar de Weddell (Fig. 5). Em cada setor, os coeficientes de correlação, a diferença centrada do erro médio quadrático (CRMSD) e o desvio padrão foram computados considerando os campos médios dos estratos dos dois bancos de dados, para cada propriedade hidrográfica (θ, S e γn). As equações para obtenção das variáveis estatísticas podem ser encontradas no trabalho de Taylor (2001). Tais parâmetros são sumarizados no chamado diagrama de Taylor (Taylor, 2001), no qual os dados observados são considerados como referência. Para cada campo médio avaliado, o CRMSD e os desvios-padrão de ambos os bancos de dados são normalizados pelo desvio padrão do campo de referência correspondente. Dessa forma, os parâmetros estatísticos dos diferentes estratos e propriedades hidrográficas se tornam adimensionais e, portanto, podem ser apresentados e avaliados conjuntamente. Os campos médios da reanálise que melhor se adéquam às 20 observações estão mais perto do ponto de referência. Esses campos apresentarão baixo CRMSD e alta correlação com o campo observado. Quanto mais próximo for o desvio-padrão da reanálise do valor apresentado pelo dado in situ (nesse caso o desvio-padrão do campo observado terá o valor unitário visto que o mesmo foi previamente normalizado), melhor será a representação dos padrões espaciais. Seções hidrográficas A avaliação da representação da estrutura da coluna de água foi realizada a partir da comparação das propriedades hidrográficas dos diferentes conjuntos de dados ao longo das três seções de repetição do WOCE SR4, SR2 e SR3. A partir dos dados mensais do ECCO2 correspondentes às ocupações das seções, foram selecionados os pontos mais próximos às posições das estações amostradas em cada seção. Os bancos de dados modelados e observados apresentam diferentes resoluções verticais, além da mudança da posição das estações medidas entre cada ocupação. Dessa forma, para que pudesse ser feita a comparação dos dados, foi determinada a média de ambos os bancos de dados para uma grade regular e só então calculadas as médias temporais. A resolução vertical do grid segue os níveis de profundidade da reanálise, enquanto horizontalmente a grade apresenta espaçamento de 0,5° de latitude (1° de longitude) para SR3 e SR2 (SR4). Com o objetivo de avaliar a variabilidade da AABW ao longo das ocupações, foi determinada a área ocupada pela AABW, assim como a densidade média da camada. Cálculos similares foram feitos por Fahrbach et al. (2004) e Renner et al. (2009) no mar de Weddell. Em algumas ocupações as seções não foram amostradas em toda a sua extensão (SR4: Novembro– 1992 e Abril–1998; SR2: Março–1999; SR3: Março–1996). Nestes casos, os parâmetros médios não podem ser diretamente comparados aos resultados obtidos para as demais ocupações, visto que estão possivelmente enviesados pelas diferenças hidrográficas ao longo da seção. Da mesma forma, para que as estimativas obtidas através dos dados do ECCO2 pudessem ser diretamente comparáveis às observações, restringiu-se os dados de reanálise à existência de dados observacionais na grade média. Os mesmos cálculos foram realizados considerando a ampla disponibilidade da reanálise, em termos temporais e espaciais. 21 Velocidade e transporte de volume da AABW A habilidade do ECCO2 em representar a velocidade e transporte de volume das águas densas é avaliado em estudos de caso baseados em resultados e dados apresentados anteriormente por outros autores (e.g., Fahrbach et al. 2001; Klatt et al., 2005; Gordon et al., 2010; Fukamachi et al., 2010; Kerr et al., 2012a). Em todos os casos, mesmo quando foram utilizados os dados originais destes trabalhos, procurou-se seguir o mais próximo possível a metodologia definida nos mesmos para dar mais robustez às comparações entre os conjuntos de dados. Foram selecionados os pontos do ECCO2 mais próximos à linha de oito correntógrafos fundeados a leste do platô de Kerguelen (Janeiro/2003 a Janeiro/2005; Fukamachi et al. (2010); Seção I - Fig. 5). Seguindo o trabalho de Fukamachi et al. (2010), os dados de reanálise foram interpolados verticalmente, a partir da profundidade de 900 m até o fundo, para uma resolução de 10 m. As componentes zonal e meridional da velocidade foram rotacionadas de acordo com a orientação da seção. A componente perpendicular à seção foi utilizada o para cálculo do transporte de volume da AABW, integrado desde o ponto mais ao sudoeste da seção até o ponto de inversão do sentido do transporte de noroeste para sudoeste. A AABW é definida no trabalho de Fukamachi et al. (2010) como sendo o estrato profundo da coluna de água com temperaturas menores do que 0°C. Entretanto, essa isoterma é ausente nessa seção durante o período avaliado, então foi mantida a definição dessa massa de água densa utilizada ao longo do trabalho (i.e., γn ≥ 28,27 kg m-3). Os fundeios oceanográficos M2 e M3 foram lançados em 1999 no talude continental do platô das Orcadas do Sul, equipados com dois correntógrafos cada (dados disponíveis entre 2000–2007), um a ~15 m e outro a 500 m do fundo (M2: 62,63° S; 43,25° W; M3: 63,53° S; 41,78° W; Fig. 5). Mais detalhes sobre os dados podem ser encontrados em Gordon et al. (2010). Foram selecionados os pontos da grade do ECCO2 mais próximos às posições dos fundeios, onde as componentes zonal e meridional da velocidade, temperatura, salinidade e densidade foram extraídas para as profundidades correspondentes ao correntógrafo de fundo presente em M2 (~3100 m) e M3 (~4580 m). Um conjunto de fundeios ao longo do Meridiano de Greenwich (entre 57° S e 69,5° S) coletaram observações de 1996–2000 (Klatt et al., 2005). A esse conjunto de dados foram adicionadas medições obtidas nas mesmas posições entre 2001 e 2008, e apresentadas por 22 Fahrbach et al. (2011). A componente zonal da velocidade foi extraída para a posição dos fundeios M229 e M233 (Fig. 5) na profundidade de 2000 m. O primeiro localiza-se ao norte da Elevação Maud, enquanto o último encontra-se imerso no fluxo da Corrente Costeira Antártica, no talude continental. Séries temporais do transporte de volume foram determinadas perpendicularmente à seção a partir dos dados da reanálise ao sul de 60° S (Seção IV - Fig. 5). Tais estimativas foram realizadas considerando toda a coluna de água e apenas a camada da AABW. Além disso, foram determinados o transporte de volume cumulativo médio ao longo da seção considerando todo o período referente aos dados do ECCO2 e também restringindo aos anos utilizados por Klatt et al. (2005; 1996-2000), a fim de comparação direta. Com o objetivo de comparar nossas estimativas com aquelas encontradas por Fahrbach et al. (2001), foram selecionados os pontos mais próximos aos quatro fundeios mantidos no noroeste do mar de Weddell (1989–1998; Fahrbach et al. (2001); Seção II - Fig. 5). Os dados foram interpolados para uma grade com 20 km de resolução espacial e as componentes da velocidade rotacionadas na direção da seção para a determinação da corrente perpendicular à mesma. Em Fahrbach et al. (2001), as estimativas de transporte são referentes à WSBW, definida pela isoterma θ ≤ -0,7 °C. Como os dados modelados não representam essa variedade mais fria durante o período de comparação, nossas estimativas são baseadas na camada referente à AABW (γn ≥ 28,27 kg m-3) para uma comparação indireta da variabilidade das águas densas, visto que as propriedades da AABW são parcialmente controladas pela formação da WSBW. 2.3.3. Variabilidade decadal da AABW Séries temporais anuais A variabilidade das propriedades hidrográficas da AABW foi avaliada através de séries temporais anuais dos dados de reanálise e observacionais. A média espacial para ambos os bancos de dados foi calculada para uma grade com resolução espacial de 2º x 2º. Essa resolução mais grosseira foi aplicada devido à escassez de dados observados, tendo sido escolhida para que as células das grades apresentassem um maior número de diferentes anos amostrados. Médias anuais foram determinadas primeiramente para cada célula e, então, para toda a área de estudo, de forma a obter uma série anual das propriedades da AABW para todo o oceano Austral. O mesmo foi feito para cada um dos setores oceânicos (Fig. 5), sendo que as células 23 sem dados não foram consideradas nos cálculos das médias. Para as estimativas baseadas nos dados do ECCO2, análises de sensibilidade foram realizadas considerando todos os meses do ano e também a grade original (0,25º x 0,25º). Cálculo de volume da AABW A variação temporal do volume da camada de água densa no oceano Austral foi avaliada através de anomalias do volume da AABW com relação a todo o período de estudo. Para o cálculo de volume, primeiramente foi determinada a média do campo de densidade dos dados da reanálise a cada cinco anos. O limite superior da camada da AABW foi considerado como sendo a ocorrência mais rasa da γn = 28,27 kg m-3 em cada ponto da grade do campo médio do ECCO2. Como limite inferior foi considerada a topografia de fundo, no caso, os dados batimétricos do ETOPO2v2 Global Gridded 2-minute database (US National Geophysical Data Center)10. O volume médio para cada período de cinco anos foi então obtido pela integral da superfície superior até o fundo do oceano. As anomalias de volume para os períodos de cinco anos foram determinadas com relação à média dos vinte anos de dados. Transformada de ondeletas Os principais períodos de variabilidade do transporte de exportação da AABW do mar de Weddell (perpendicular à Seção II), assim como das séries concentração de gelo marinho e tensão de cisalhamento do vento foram avaliados através da análise de ondeletas. Anteriormente à aplicação da análise, foi removida a tendência linear das séries temporais para que não houvesse contaminação dos períodos de variabilidade de interesse por uma possível deriva do modelo. Essa ferramenta é bastante importante na investigação de fenômenos não–estacionários (Daubechies, 1990), pois a partir da decomposição das séries no domínio tempo-frequência há o fornecimento de informações não apenas sobre os períodos de variabilidade dominantes na série, mas também como estes evoluem no tempo. Essas informações são obtidas através da amplitude dos sinais periódicos da série temporal e da variação desta amplitude ao longo da série. A análise apresenta janelas móveis no tempo ou no espaço, que se ampliam ou comprimem para capturar os sinais de baixa e alta frequência, respectivamente (Torrence & 10 Dados podem ser obtidos em: http://www.ngdc.noaa.gov/mgg/global/etopo2.html 24 Compo, 1998). Para este trabalho foi utilizada a função de ondeleta do tipo “Morlet”, com comprimento de onda igual a 6 (ω0=6), a qual define o número de oscilações utilizado na análise. Esta função foi escolhida pela sua ampla utilização e sua simplicidade. Considerando a frequência de 1 amostragem dos dados (δt) como sendo 12 anos, a menor escala resolvível pela análise (s0 = δt) são dois meses. O comprimento de escala (δj; i.e., espaçamento entre escalas discretas) definido foi 0,125. A escala máxima (J) corresponde a um total de 56 escalas. Classicamente a análise discreta de ondeletas é definida por sequências com um comprimento que seja potência de 2. Muitas vezes, portanto, é necessário estender as séries para evitar os efeitos de borda. Optou-se pelo preenchimento final das séries temporais com zero (zero padding). O cone de influência indica as áreas do espectro em que os efeitos de borda são relevantes ou não, levando a possíveis resultados duvidosos. Seu cálculo baseia-se nos processos de ruído vermelho (red-noise), sendo que o coeficiente de defasagem é determinado pela autocorrelação da série e, portanto, varia entre as séries. Os gráficos apresentados mostram os espectros de energia em termos logarítmicos (log2). Maiores detalhes para a aplicação da transformada de ondeletas são obtidos em Torrence & Compo (1998). 25 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para elaboração desta dissertação optou-se por apresentar um artigo científico a ser submetido ao periódico Ocean Science, onde destacam-se, a seguir, os resultados e as discussões principais deste estudo. Assessment of the ECCO2 reanalysis product on the representation of Antarctic Bottom Water properties 1. INTRODUCTION The Antarctic Bottom Water (AABW) covers the majority of the oceans abyssal layer filling and ventilating the deepest basins of the global ocean. Dense bottom water formation and spreading, mainly as deep western boundary currents, are important physical processes that contribute to the variability of the global overturning circulation deep cell (Talley, 2013). The meridional overturning circulation cells are the main mechanisms responsible for interbasin exchange of mass, heat, salt, carbon, and nutrients, thus substantially contributing to global climate regulation (e.g. Rahmstorf, 2006; Lumpkin & Speer, 2007). AABW formation occurs regionally around the Antarctic margin by the mixture of intermediate waters with near-freezing-point shelf waters (Carmack & Foster, 1975; Foldvik et al. 1985, Nicholls et al., 2009). The latter results from shelf waters modified by atmospheric interaction and brine rejection during sea ice production (High Salinity Shelf Water – HSSW and Low Salinity Shelf Water – LSSW), and also by cooling through the basal contact with floating ice shelves (Ice Shelf Water - ISW). The saltiest AABW variety is the Ross Sea Bottom Water, which ultimately derives from the highest salinity shelf water present over the western Ross Sea (Jacobs et al., 1970; Orsi et al., 1999). The Weddell Sea is claimed to be the main contributor to AABW formation (Orsi et al., 1999; Rintoul, 1998). Weddell Sea Bottom Water 26 (WSBW), the densest local AABW variety in the Weddell Sea, can be produced through the mixture of HSSW with Warm Deep Water (WDW – regional variety of Circumpolar Deep Water – CDW) and Winter Water (Foster & Carmack, 1976), or by the mixture of ISW with WDW or modified WDW (Foldvik et al., 1985). While WSBW is mostly confined to the Weddell basin (Orsi et al., 1993), the Weddell Sea Deep Water (WSDW) overlies it and is light enough to spread into global ocean through the narrow passages of the South Scotia Ridge (Muench & Hellmer, 2002; Franco et al., 2007). The WSDW can be formed either directly by entrainment during the downslope flow of dense plumes from the shelf, or by WSBW mixture with WDW (Orsi et al., 1993; Orsi et al., 1999; Meredith et al., 2000). Eventually, bottom water formation can occur in the open ocean region through deep convection, like during the Weddell Polynya observed during successive winters of 1974–1976 (Gordon, 1977). In this process, there is an intense heat loss to the atmosphere, which decreases vertical stability and allows open ocean deep convection to depths much deeper than usual (Killworth, 1983). The dominant characteristics of regional AABW varieties depends on the local type of shelf water and also on the complex local coupled physical processes related to sea ice formation, opening of coastal polynyas, ice shelf basal melting, and mixing with overlying waters (Gill, 1973; Carmack & Foster, 1975; Foldvik et al., 1985; Orsi et al., 1999; Nicholls et al., 2009). Most of Antarctic sea ice has a high seasonal cycle, with the coverage area varying up to 80% (Curry & Webster, 1999), reaching up to 20 million km2 in austral winter. During summer, freshwater from ice melt plays a key role in Antarctic Surface Waters (AASW) modification, while in winter brine rejection resultant from sea ice formation enhance shelf water salinity and contributes to dense water formation. Several studies have reported changes in the hydrographic properties of AABW source waters during the last decades, such as freshening of dense waters in the Weddell and Ross seas shelf regions (e.g., Jacobs et al., 2002, 2010; Jacobs, 2004; Hellmer et al., 2011; Azaneu et al., 2013). In addition, long-term warming was observed for intermediate waters of the Antarctic Circumpolar Current (during 1990s; Gille, 2002) and WDW within the Weddell Gyre (1970s– 1990s, Robertson et al., 2002). In turn, properties of AABW recently formed also have been changed through years. The WSBW both in the inner Weddell Sea and in the Prime Meridian experienced warming during the second half of the 1990s (0.01°C yr -1 and 0.003°C yr -1, respectively; Fahrbach et al., 2004). A more extended study reported a WSDW and WSBW 27 temperature and salinity increase (1998–2008), after a decreasing period during 1984–1992 (Fahrbach et al., 2011). Moreover, freshening has been observed in AABW within the Southern Ocean Indian and Pacific sectors (1995–2005; Rintoul, 2007). Abyssal waters in the Australian– Antarctic Basin and also at Princess Elizabeth Trough experienced warming (0.1 °C and 0.05°C ) and freshening (–0.005 and –0.01) between 1994/1995 and 2007 (Johnson et al., 2008). The contraction of AABW was reported by Purkey & Johnson (2010) during 1990s–2000s. Azaneu et al. (2013) also found a reduction in AABW volume, in addition to its warming and density decrease during the last fifty years (1958–2011). In agreement with these findings, a decrease in WSBW contribution (~20%) to the total water mass mixture in the Weddell Basin was identified during 1980s–1990s near the Greenwich Meridian and at the tip of Antarctic Peninsula (Kerr et al., 2009). Despite the possible global implications of these long–term changes, the limited and summer-biased sampling in the Southern Ocean precludes a better understanding of the connections between those processes and also the embedded physical mechanism. Ocean modeling powered by data assimilation products offer a potentially useful tool to fill the information gaps of observational data in terms of spatial and temporal resolution, providing a more synoptic and holistic view of the main acting processes on observed changes. However, the ability and consistency of these products still need to be evaluated and investigated. That is particularly true for the deep Southern Ocean (e.g. Kerr et al. 2012b; Dotto et al. in prep.), where the available in situ dataset is still sparse both in time and space. Our study aims to evaluate the representation of hydrographic properties and variability of AABW in the Southern Ocean from the Estimating the Circulation and Climate of the Ocean – Phase II (ECCO2) reanalysis data. During the last decade, several global ocean data assimilation products have been developed based on the synthesis of observations through the physics described by global ocean general circulation models (Lee et al., 2010). The project ECCO was established in 1998 as part of the World Ocean Circulation Experiment (WOCE), aiming generate a quantitative reproduction of time-evolution of ocean state (Menemenlis et al., 2008) focused on decadal and long-term climate changes (Wunsch, 2009). However, the ECCO solutions were limited by the coarse resolution and absence of sea ice representation. ECCO2 surges to improve these deficiencies by producing a global eddy-permitting solution including sea ice. Moreover, ECCO2 stands out for presenting both realistic and dynamically 28 consistent simulations since it is generated by the model forward run using optimized values of control parameters (Menemenlis et al., 2008). Therefore, the reanalysis product ECCO2 presents itself as a potential valuable tool for ocean variability and long-term changes studies. With this in mind, the assessment of ECCO2 reanalysis product on the reproduction of properties and variability of such climate-impacting water mass as AABW is fundamental for guarantee future use of this data regarding Southern Ocean hydrography and decadal variability. 2. DATA AND METHODS 2.1. ECCO2 reanalysis product The ECCO2 data synthesis is based on a global full-depth ocean and sea ice configuration from the Massachusetts Institute of Technology general circulation model (MITgcm; Marshall et al., 1997). The model configuration for this product has a cube-sphere grid with mean horizontal grid spacing of 18 km and 50 vertical levels ranging from 10 m thick near the surface to approximately 450 m at the deepest level. The model resolution is eddy-permitting at higher latitudes. The ocean global circulation model is coupled to a sea ice model that computes sea ice thickness, sea ice concentration, and snow cover, allowing the system to be constrained by polar satellite observations (Zhang et al., 1998). A Green’s function approach is used to adjust the control parameters by reducing the model-data misfit (Menemenlis et al., 2005). Data constraints include sea level anomaly from altimeter data, time-mean sea level from Maximenko & Niiler (2005), sea surface temperature from (Group for High Resolution Sea Surface Temperature) GHRSST , temperature and salinity profiles (including WOCE, TAO, ARGO, XBT), sea ice concentration from passive microwave data, sea ice motion from radiometers, QuikSCAT, and RADARSAT Geophysical Processing System (RGPS), and sea ice thickness from Upward Looking Sonar (ULS) (Menemenlis et al., 2008). The ECCO2 reanalysis products were used for several scientific applications, e.g., to study the effect of extreme North Atlantic Oscillation forcing to the freshwater budget in the Artic (Condron et al., 2009) and the formation of the upper Arctic halocline (Nguyen et al., 2009). Using a regional configuration with a high-resolution (4km horizontal) grid. Rignot et al. (2012) examined the pattern of spreading of warm subtropical-origin waters around Greenland for the years 1992–2009 and found the observed warming of subsurface waters in the subpolar gyre. 29 In the Southern Ocean, the ECCO2 reanalysis was used to evaluate the meridional heat transport mechanisms (Volkov et al., 2010). Mazloff et al. (2010) developed a preliminary solution with 1/6-degree resolution for the Southern Ocean applying an adjoint-based state estimation on a regional scale for the 2005-2010 period (Southern Ocean State Estimate - SOSE). More recently, the analysis of Lagrangian trajectories was applied to this high resolution product to show that the pathways of the different sources of AABW amalgamates into one pathway even before it reaches 31°S in the deep subtropical basins (Sebille et al., 2013). In this work we used the solution “cube 92” (version identifier) with a 0.25 degree regular latitude–longitude grid. The surface forcing of this solution is provided by the Japan Meteorological Agency and Central Research Institute of Electric Power Industry 25 year reanalysis (JRA-25; Onogi et al., 2007). The data used in this study spans from 1992 to 2011 and covers the geographic area south of 60°S. The parameters evaluated were monthly fields of potential temperature (θ), salinity (S), ocean currents zonal (u) and meridional (v) velocity components, as well as daily surface wind stress, sea ice thickness, and ice-covered area-percent data. Computed neutral density layers (γn; Jackett & McDougall, 1997) were used for water masses definitions. 2.2.Observational datasets 2.2.1 Hydrographic dataset used for reanalysis assessment The observational dataset used here is compiled from datasets of the World Ocean Database 2009, 1958–2011 (WOD09, Boyer et al., 2009), the Alfred Wegener Institute, 2003–2010, and the Brazilian High Latitude Oceanography Group (GOAL; www.goal.furg.br) CTD data, 2003– 2011. More details about the dataset can be found in Azaneu et al. (2013). The combined dataset covers waters south of 60°S over 54–year period (1958–2011). Three World Ocean Circulation Experiment (WOCE) repeated sections (SR4, SR3, and SR2; Figure 1) were selected to evaluate ECCO2 whole water column representation. The western part of section WOCE SR4 is located in the main outflow route of the bottom water export (e.g., Naveira Garabato et al., 2002; Kerr et al., 2012a), while the WOCE SR2/A12 (South Africa to Antarctica) section refers to the recirculation flow of AABW within the Weddell Gyre (WG; e.g., Klatt et al., 2005). The cross–slope section WOCE SR3 is located 30 in the Australian-Antarctic Basin and cross the AABW westward flow away from its main regional sources (Ross Sea, Adelie and George V Land regions; Rintoul, 1998; Shimada et al., 2012). Both cross-sections WOCE SR2 and WOCE SR3 are limited to south of 60°S in this study. Data sampling sites and dates are summarized in Figure 1. Those sections were defined due to the availability of historical data nearby, which were used to maximize the number of observations. Also, those specific occupations occurred during the time coverage of ECCO2 simulation, providing a synoptic comparison. In some cases, data from sequential months are complementary in the section's coverage and, then, were considered as a unique occupation (see caption of Figure 1). Ocean current velocity data from previous studies were used for comparison in specific case studies. Data from moorings M2/M3 within Weddell Sea (Figure 1; Gordon et al., 2010), and moorings M233/M229 (Figure 1; Klatt et al., 2005) along the Prime Meridian were compared with ECCO2 product. Time series of cross-section AABW volume transport at the northwestern Weddell Sea (from Fahrbach et al. (2001) and Kerr et al. (2012a); Section II in Figure 1), and east of Kerguelen plateau (from Fukamachi et al. (2010); Section I in Figure 1) were also used for comparison with ECCO2 estimates. The main information of the case studies are summarized in table 2. 2.2.2 Sea Ice data The monthly sea ice concentration dataset from the National Snow and Ice Data Center (NSIDC; Cavalieri et al., 1996) is based on brightness temperature measurements derived from several passive microwave instruments (Nimbus-7 Scanning Multichannel Microwave Radiometer, the Defense Meteorological Satellite Program -F8, -F11 and -F13 Special Sensor Microwave/Imagers, and the DMSP-F17 Special Sensor Microwave Imager/Sounder). The data are generated using the NASA Team algorithm developed by the Oceans and Ice Branch, Laboratory for Hydrospheric Processes at NASA Goddard Space Flight Center. Sea ice concentration data refer to percentage of pixel area (25 x 25 km) covered by ice and spans from October 1978 to December 2010. In this work we use only data coincident with the ECCO2 reanalysis period (1992–2010). Monthly time series of sea ice covered area percentage was determined based on the 31 average of pixels’ percentage over the Southern Ocean. Pixels with less than 15% covered area were considered as not covered by ice, and pixels with no sea ice during the whole period analyzed were not considered for the spatial average. 2.3. Antarctic Bottom Water definition Our assessments are focused on the representation of AABW, defined here as the Southern Ocean waters denser than γn=28.27 kg m-3. We have not considered dense shelf waters, which are limited by the 1300 m isobath. This definition based on neutral density surface includes all the several varieties of AABW produced around the Southern Ocean continental margins (e.g., Whitworth et al., 1998) and exported to the world ocean (as described by Orsi et al., 1999). This density-based definition of AABW was recently applied in a model-based investigation of AABW production and export (Kerr et al., 2012a) and also in an analysis of long period AABW hydrographic properties variability (Azaneu et al., 2013). 2.4. Methods for reanalysis and in situ data comparison 2.4.1 Hydrographic properties Three depth ranges were selected for determining climatological averages. The surface (SL), intermediate (IL) and bottom layers (BL) are resultant from the average of ECCO2 levels between 100–150 m, 409–634 m and 3000 m to seabed, respectively. The observational data was also averaged into those levels and both dataset was spatially averaged into a 1º grid to allow determination of the differences between fields. These estimates were the only case in which data from the entire year period was considered. Further reanalysis-observation comparisons presented here were made based only on data from the austral summer (i.e., defined here from November to March) to avoid a possible bias due to a lack of in situ observations during other seasons. The time average of in situ data was calculated both considering the whole–period available (1958–2011) and just the period of ECCO2 data reanalysis (1992–2011). The reanalysis and in situ data averages presented high correlation (r ≥ 0.8) considering both time coverage, for all layers and hydrographic properties (θ, S and γn). We decided to follow our analysis using the observational dataset restricted to the 1992–2011 period to avoid possible biases due to climate variability during the fifty–year period. 32 Aiming to quantify how well the reanalysis data reproduces the observed Southern Ocean hydrographic properties, the similarity between the averaged fields is characterized in terms of statistical parameters regarding both datasets. Considering the regional differences of hydrographic properties and processes within the Southern Ocean, the study area was divided into five hydrographic sectors according to Cavalieri & Parkinson (2008) definition: the Bellingshausen and Amundsen Sea (B&A), Ross Sea, Western Pacific, Indian, and Weddell Sea sectors (Figure 1). In each sector, the correlation coefficient, centered root-mean-square (CRMS) difference, and standard deviations were computed for the previously defined layers (SL, IL and BL) from both datasets, considering each hydrographic parameter (θ, S, and γn). Taylor (2001) describes the equations used in the statistics calculations. These statistical parameters are summarized in a Taylor diagram, in which the observational field is considered as reference (R). For each evaluated field the CRMS difference and the two standard deviations are normalized by the standard deviation of the corresponding reference field. In this way, the statistics from the different hydrographic properties and fields are nondimensionalized and can be presented in a single diagram. Reanalysis fields that better agree with observation will lie closer to the ‘reference’ point. Those fields will present low CRMS difference and high correlation with the observed field. The closer the reanalysis standard deviation is to the observations one (in this case standard deviation from in situ data is equal to 1 since data were normalized) the better the spatial patterns are represented. Using the ECCO2 monthly fields corresponding to the sections WOCE SR2, SR3, and SR4 occupations dates, we selected the reanalysis grid points closer to the in situ observations. The datasets have different vertical resolution and the measurements positions change among occupations. In order to allow comparison, data from both datasets were averaged into a regular grid and then averaged in time. The vertical resolution of the grid follows the depth levels from reanalysis, while horizontal resolution is 0.5° latitude (WOCE SR2 and SR3) and 1° longitude (WOCE SR4). We calculated the percentage of area occupied by AABW in each section and also the averaged γn of this layer. Similar calculation was made by Fahrbach et al. (2004) and Renner et al. (2009) in the Weddell Sea. The averaged hydrographic properties from the occupations which did not extend to the whole section (WOCE SR2: Mar–1999, WOCE SR3: Mar–1996 and WOCE SR4: Nov–1992 and Apr–1998) were not directly compared to the results from other occupations to avoid bias due to the differences in properties along the sections. To allow 33 a direct comparison between ECCO2 and observational area estimates, the reanalysis data were restricted to the same depths and grid positions of the existent observational data. The same calculations were performed considering the complete reanalysis data availability in both space and time. 2.4.2 Ocean current velocity and volume transport The performance of ECCO2 reanalysis in representing ocean current velocity and volume transport of dense water masses was evaluated in specific case studies based on results and data presented by previous studies (e.g., Fahrbach et al., 2001; Klatt et al., 2005; Gordon et al., 2010; Fukamachi et al., 2010; Fahrbach et al., 2011; Kerr et al., 2012a). In all cases, even when the raw observational data are used (Gordon et al., 2010 and Klatt et al., 2005), we seek to follow the original applied methodology as close as possible to give robustness to reanalysisobservations comparisons. ECCO2 grid points closely positioned to the array of eight current-meter moorings on the eastern flank of the Kerguelen plateau (February 2003 to January 2005, Fukamachi et al., 2010; Section I in Figure 1) were selected to reanalysis-observation comparison in the Indian Sector of the Southern Ocean. Following Fukamachi et al. (2010), the reanalysis data along the section was vertically interpolated into 10 m bins from 900 m depth to the bottom. Ocean current velocity components were rotated to the section orientation. The cross-section component was used to determine the AABW volume transport, integrated from the southwestern section limit to the zero crossing point from the northwestward to the southeastward transport. AABW definition followed our previously defined threshold (γn ≥ 28.27 kg m-3) because the isotherm limit used by Fukamachi (2010) (waters colder than 0°C) was not present in the reanalysis data section during the comparison period. The M2 and M3 oceanographic moorings were deployed in 1999 at the continental slope of the South Orkney plateau equipped with two current meters (data available for 2000–2007), one at ~15 m and other at ~500 m of the bottom (Figure 1). More details about mooring data can be found in Gordon et al. (2010). We selected the ECCO2 grid points closer to the mooring positions and extracted u, v, θ, S, and γn values from the depth level correspondent to the bottom current meters present in M2 (~3100 m, 2999 m level in reanalysis) and M3 (~4580 m, 4264 m level in reanalysis). 34 An array of moored current-meters along the Prime Meridian (between 69.5°S and 57°S) collected data from 1996 to 2000 (Klatt et al., 2005). Measurements from 2001 to 2008, from the same instruments, were added to this dataset (Fahrbach et al., 2011). Zonal velocity from reanalysis data was extracted for the position of moorings M229 and M233 (Figure 1) located at 2000 m depth. The former is located just north of Maud Rise, while the latter is immersed within the Antarctic Coastal Current, near the Antarctic continental slope. Time series of reanalysis volume transport perpendicular to the section was determined based on ECCO2 data points south of 60°S (Section IV in Figure 1). This estimate was made considering the whole water column and just the AABW layer. In addition, we have computed the cumulative volume transport along the section, averaged for both the period of Klatt et al. (2005) dataset (19962000) and also for the whole reanalysis period. Aiming to compare our results with those found by Fahrbach et al. (2001), we selected the ECCO2 grid points closer to the four current meter moorings maintained on the northwestern Weddell Sea (1989–1998; Fahrbach et al., 2001; Section II in Figure 1). Data was interpolated to a grid of 20 km horizontal distance and velocity components rotated to represent the currents perpendicular to the section. In Fahrbach et al. (2001), the Weddell Sea Bottom Water (WSBW) volume transport time series was determined following the threshold of θ ≤ 0.7 °C. Because our dataset did not present such a cold water mass during the analysis period, we determined the volume transport of AABW (γn ≥ 28.27 kg m-3) to allow for comparison, since AABW properties are partly controlled by WSBW formation. 2.4.3 AABW variability Variability of AABW layer from observational and reanalysis data were evaluated by linear trends of annual time series from hydrographic properties. AABW data from both datasets were averaged onto a 2º grid. This coarser resolution results from the scarcity of in situ data, so that grid cells could include measurements from different years. Annual averages were determined within each grid cell, which were also spatially averaged to determine an AABW annual time series for the whole Southern Ocean and also for the regional sectors (empty bins were not considered in calculations). For the ECCO2 data, sensitivity analyses of annual trends were determined considering all year months and also the original grid resolution (0.25º x 0.25º grid). 35 AABW volume change through the years was analyzed by determining pentad volume anomalies. The top of AABW layer was considered as the shallowest occurrences of γn ≥ 28.27 kg m-3 in each grid point, averaged for each four years period. The bottom of the layer was taken to be the seabed. Bathymetric data were obtained from the ETOPO2v2 Global Gridded 2-minute database (US National Geophysical Data Center, http://www.ngdc.noaa.gov/mgg/global/etopo2.html). The pentad AABW volume was then calculated as the integral from the upper boundary of AABW to the seabed. The pentad anomalies were computed with reference to the 20–year average. 3. ECCO2 SOUTHERN OCEAN REPRESENTATION 3.1.Climatological representation of the Southern Ocean water masses Comparison between ECCO2 and observational hydrographic properties is made in a θ-S space, in which the whole water column is evaluated. Twenty–year averaged (summer-only) θS diagrams were built using ECCO2 data in its original horizontal and vertical resolution. The observational dataset were averaged onto the reanalysis grid and further time averaged. Figure 2 shows the θ-S diagram for each Southern Ocean sector (as defined in Figure 1). Bottom left panel of Figure 2 shows the diagram based on ECCO2 for data averaged area-wise in each ocean sector. The regional θ-S diagrams (Figure 2) reveals that shelf waters are reasonably well represented by the reanalysis data, mainly in Weddell and Ross Seas sectors, where the near freezing–high salinity shelf waters are present. AASW presents a wide property range due to its surface location (above 200 m depth), at the air-sea and ice interface (Whitworth et al., 1998). Fresher and colder AASW resulting from seasonal variability is not represented by the reanalysis. The ISW, an important component of AABW (Foldvik et al., 2004), is not represented either, which is expected since ice shelves are not considered in the model used for ECCO2 data assimilation. The θ-S diagrams including only water below 500 m (Figure 2, inserted panels) show that, for all sectors, the reanalysis maximum temperature and salinity are displaced towards lower absolute values. Such displacement generates cold and fresh intermediate water being represented by reanalysis data. AABW is present in all sectors, although the colder and saltier variety from each sector is not represented (Figure 2). One exception is the densest bottom water layer from Weddell Sea (WSBW; γn ≥ 28.4 kg m3). 36 ECCO2 averaged fields of θ, S, and γn for each defined layer (SL, IL and BL) are presented in Figure 3, as well as the difference of the observational density field from reanalysis estimates. The major oceanographic features are reproduced by the reanalysis data in all fields. SL (Figure 3a) cold waters are present around the Antarctic continental shelf with values lower than -1°C. The coldest water mass is seen in the southern Weddell Sea shelf (~ -1.9°C). Surface cold waters (below 0°C) are also present in the Weddell Sea open ocean regime, which characterize the Winter Water. A slightly higher temperature is noticed along the Antarctic continental shelf break, due to the mixture of shelf waters with CDW. This water enters the Weddell Sea following the gyre circulation. The open ocean surface waters of Western Pacific and Indian sectors present temperatures higher than 0.5°C. Shelf waters with high salinity (S ≥ 34.55) are represented in the Ross and Weddell Sea continental shelves. Waters saltier than 34.62 are concentrated in the western portion of these shelves regions. The spreading of a high salinity plume is also noticeable from the Ross Sea until ~90°E. Open ocean region of Weddell Sea is also filled with waters of salinity S ≥ 34.5. Figure 3a also shows the densest (γn ≥ 28.4 kg m-3) water masses in the south and southwestern portion of the Weddell Sea continental shelf and also in western shelf of the Ross Sea. Relatively less dense waters (γn ~ 28.27 kg m-3) are present on the northwestern Weddell Sea shelf. Water masses with γn of approximately 28 kg m-3 spread from the Ross Sea until Prydz Bay. In accordance with the reported production of dense waters in the Adelie Land and Prydz Bay region, waters within this bay and also around the coast of Adelie Land are denser than the surroundings. Waters with density ranging from 28.1 to 28.27 kg m-3 cover the WG region. The averaged IL field presents θ ≤ -1.5°C in the Weddell Sea, Ross Sea, and Prydz Bay continental shelves (Figure 3b). The IL involves the core of CDW. Thus, the open ocean regime of B&A, Ross Sea, Western Pacific and Indian sectors presents θ ≥ 0.5°C, while in Weddell Sea θ values are relatively lower (0°C ≤ θ ≤ 0.5°C). That is related to the temperature attenuation caused by mixture of Winter Water and CDW as the latter flows along the WG (Weppernig et al., 1996), resulting WDW, which is defined inside the Weddell basin. Ross Sea presents the saltiest water masses of both the shelves (S ≥ 34.73) and open ocean regions (S ≥ 34.7). Waters with density ranging from 28.0 to 28.27 kg m-3 occupy the Ross Sea, Western Pacific, Indian, and Weddell Sea open ocean regime, and also the coastal region of B&A sector. An unusual feature is the presence of 28.27 kg m-3 isopycnal north of 66°S in the Weddell Sea open ocean regime. 37 BL averaged θ field presents a dichotomic pattern, with waters colder than 0°C from east of the Antarctic Peninsula until ~120°E, and warmer water masses occupying the area from this region to west of Antarctic Peninsula (Figure 3c). The coldest bottom waters are seen in the Weddell Sea. Lowest salinity values are found in Weddell and Indian sectors (S ≤ 34.68), the highest in B&A Seas and Ross Sea sectors (S ≥ 34.7). The Weddell Sea and the western region of Indian sectors present the densest bottom water masses (γn ≥ 28.3 kg m-3), being the densest occupying the deep Weddell Basin. Ross Sea and B&A sectors encompass waters lighter than γn = 28.27 kg m-3 (the AABW threshold), which are limited to the Ross gyre region. These general features agree with Orsi et al. (1999) description of bottom waters differences between basins based on observational data, which describes the coldest and freshest bottom water masses in the southwestern Weddell Sea, the warmest and saltiest in northwestern Ross Sea domain, and intermediate values in the Western Pacific sector. Despite the good reproduction of the main oceanographic features by the ECCO2 reanalysis data, there are some discrepancies regarding the absolute hydrographic properties values that led to differences between density fields. The reanalysis representation of SL in the Southern Ocean is generally denser than observations, with local cases of density underestimation, such as in western Ross Sea continental shelf (Figure 3a). The misfits in the representation of surface waters can also be observed in the θ-S diagrams (Figure 2), possibly as consequence of the reanalysis difficulty in reproducing the several complex processes acting on the ocean surface, compounded in coastal waters by the absence of ISW. As a consequence of the colder and fresher intermediate layer (Figure 2), IL density is overestimated in most of the Southern Ocean area (Figure 3b). The exception is B&A sector and circumpolar shelf regions. The BL density difference field (Figure 3c) presents lighter deep water masses, as possible consequence of the general absence of AABW colder and saltier bottom variety (Figure 2). This could be consequence of a bad representation of dense waters newly formed spilling off the shelf. Moreover, the coarse vertical grid resolution in greater depths implies in deep waters being represented by the average property of ~400 m water column, leading to the masking of the ~100 m thick bottom water layer. Along the Prime Meridian the differences between fields are lower than 0.01 kg m-3. Although differences in the absolutes values may occur, climatological averages of reanalysis data provide a good representation of Southern Ocean water masses, and reproduce the average shape of the θ-S diagrams from in situ data. However, the spatial distribution of 38 hydrographic properties through time (Figure 4) suggests that the waters in most of the Southern Ocean are badly represented by the ECCO2 data during the last six years (2006-2011) evaluated in this study because of anomaly hydrographic property values during this period. A dense plume at the SL appears in the 2006-2007 period (Figure 4). In the last two years, waters with γn ≥ 28.4 kg m-3 not only fill the deep basins of Weddell Sea, but also reach the surface and spreads within the region. AABW area estimates (See Section 3.2) show that abrupt changes in water masses can be identified since 2004. In order to evaluate the effect of those anomalous years on the hydrographic properties climatological state, the previous analyses were made considering only the period of 1992-2004 (not shown). For the SL, the main differences between averaged fields from the limited (19922004) and the complete (1992-2011) periods were the warmer and fresher waters in the Weddell Sea and Indian sector, in addition to fresher waters flowing out of the Ross Sea. As a consequence, the surface waters are generally less dense. The γn = 28.0 kg m-3 and γn = 28.1 kg m-3 isopycnal are essentially limited within the Weddell Sea. The smaller differences between reanalysis and in situ SL density fields are evident in the Weddell Sea and Indian sectors considering the restricted period. Differently from SL, IL level differences between periods can only be noticed in Weddell and Indian sectors, where warmer and saltier waters are observed if the restricted period is considered. Differences between reanalysis and observed temperature decrease in those sectors, even becoming negative in the inner and northwestern Weddell Sea. As consequence, waters represented by the reanalysis within the Weddell Sea become lighter than observations. The unusual plume of waters denser than γn = 28.27 kg m-3 close to the Prime Meridian is not present in the averaged field for the restricted period. BL averages from both periods are very similar. The most prominent difference is the lack of γn = 28.39 kg m-3 isopycnal, leading to waters slightly lighter than observation. The θ-S diagrams from the different periods are also very similar, although there is a greater volume of points with densities 28.1 ≤ γn ≤ 28.4 kg m-3 in detriment to waters denser than γn = 28.27 kg m-3 in Weddell Sea and Indian Ocean sectors considering the 1992-2004 period. The mean difference of the hydrographic property fields reproduced by the reanalysis and observations in surface and intermediate layers are reduced by ~25% and 21%, respectively, if only the reliable period (1992-2004) is considered. Taylor diagrams (Figure 5) show that when using only the restricted period there is a decrease in standard deviation of reanalysis data for SL and IL due to the exclusion of the 39 anomaly values of the last years. In contrast, BL correlation coefficient is higher when the entire period is considered, as a consequence of cold and dense average of these waters masses. However, the hydrographic representation of the last years (2004-2011) are inadequately represented by the ECCO2 reanalysis, and therefore, this period is taken into account with caution in all further analysis. The relative skill of the ECCO2 reanalysis in representing θ, S and γn fields in the defined layers (SL, IL and BL) during the reliable period is summarized in a Taylor diagram. Hydrographic properties are not equally well represented between sectors. Temperature statistics from the distinct sectors are very similar and relatively close to the reference (Figure 5a) in SL. Indian density field, in addition to B&A salinity, comprise the poorest representations of the observed fields. Most of the sectors and properties underestimate the spatial variability of in situ data. Ross Sea sector density field reveals the best agreement between reanalysis and observations in SL layer. All other sectors and parameters have correlation coefficient lower than 0.9. IL best represented fields are temperature from Ross Sea, Indian, Western Pacific sector, and also density from B&A, all presenting correlation coefficients greater than 0.9 (Figure 5b). Salinity fields are the poorest represented fields for all sectors. Every field and sector evaluated in IL present a standard deviation lower than 1, which indicate smaller amplitudes in the variation pattern when compared to in situ data. BL fields values are widely spread in terms of standard deviation, being salinity the parameter with the lowest values (Figure 5c). Temperature and density fields from Ross Sea and B&A sector are the most similar to the observational field. 3.2. Water masses representation along hydrographic sections In order to compare the hydrographic properties from in situ observations and reanalysis data along the historical sections (Figure 1), only the period from 1992 to 2004 of ECCO2 dataset was considered. The last years of the simulation had clear problems and affected the temporal average of the sections’ properties, incurring to misleading interpretations of the general reanalysis performance. Figure 6 shows the averaged ECCO2 temperature and salinity fields along the defined sections, the difference between reanalysis and observational density fields, and also the θ–S diagrams for each section. The isolines of θ = 0°C and S=34.64 from both datasets are presented in temperature and salinity fields, respectively, for comparison. Several studies used these combined hydrographic thresholds to define AABW limits (e.g., 40 Wepperning et al., 1996; Meredith et al., 2000; Klatt et al., 2005), which is generally coincident with the γn = 28.27 kg m-3 threshold used in our study for the open ocean regime (e.g. Orsi et al., 1999; Kerr et al., 2012a). In the context of WOCE, the goal of section WOCE SR3 was to monitor exchanges between south Indian and Pacific oceans (Rintoul, 1999). Only the southernmost portion of this section, extending from the shelf break to approximately 60°S, just south of the Polar front (~59°S), was evaluated. According to Rintoul (1999) there are two expressions of the Polar front in the region, being the southern branch marked by the northern extent of the 0°C isotherm, as defined by Nowlin et al. (1977). The averaged temperature profile of section WOCE SR3 (Figure 6a) evidences the extension of the 0°C isotherm from in situ data until approximately 60°S in the upper ocean and also along the whole section at greater depths. The 0°C isotherm from reanalysis, on the other hand, is absent in deep waters and presents much restricted extension on the surface, although a minimum temperature (0-0.5°C) is present along the section. The similarity of the reanalysis and the observed averaged salinity profile (Figure 6a) is evidenced by the 34.64 isohaline. It reproduces the salinity increase in surface waters south of 62.5°S. However, the characteristic slight decrease of salinity with depth is not present. Differences between reanalysis and observational averaged density profile evidences an AABW layer lighter and narrower than expected, and a denser intermediate water south of 63°S. The θ–S diagram (Figure 6a) shows fresher and colder intermediate waters, which can lead to the density overestimation noted in Figure 6a. A lighter representation of this water mass in the northern part of the section (Figure 6a) is related to the greater salinity differences between the two datasets. This change from positive to negative density anomalies coincide with the southern limit of the eastward transport (“southern ACC front”) identified by Orsi et al. (1995) as a front located south of the Polar Front, usually marked by the southernmost extent of maximum temperatures. Rintoul (1999) identified this front at approximately 63°S. This is also in agreement with our temperature and anomaly profiles. Thus, it seems that the observed change in density representation is possibly linked to a dynamical barrier, with northern waters lighter and southern denser than expected. The θ–S diagram (Figure 6a) also evidences that reanalysis bottom waters do not reach the minimum in situ temperatures and also present a smaller slope in the mixture line from intermediate to deep waters, having almost the same salinity up to the bottom. These differences contribute to generate lighter and narrower reanalysis AABW layer, evidenced by the negative differences in (Figure 6a) and deeper 28.27 41 kg m-3 isopycnal. Therefore, the AABW volume in this region is lower than expected and is supplied primarily by the relative warmer and saltier bottom water from the Ross Sea, since the colder and fresher Adelie Land Bottom Water is absent. The eastern and western portion of the WOCE SR4 repeat section crosses the inflow and outflow regions of the inner Weddell Sea. Section WOCE SR2 captures the waters entering the Weddell Gyre, to be further modified by ice/ocean/atmosphere interaction, and also the dense waters recirculating within the gyre. The properties fields of the sections within the Weddell Sea and along the Prime meridian show a good agreement between reanalysis and in situ data, evidenced by the highly coincident 0°C isotherm and 34.64 isohaline (Figure 6b-c). Consequently, the upper AABW limit is also well represented in both sections. The major regional features are represented by the reanalysis data, e.g., the characteristic doming of the Weddell Sea cyclonic gyre (Fahrbach et al., 2004) noticeable north of 64°S at section WOCE SR2. Cold and fresh surface waters overly the WDW temperature and salinity maxima, and below this depth θ decreases to the bottom. The signature of the Antarctic slope front is also present in both sections, defined as a cold and fresh flow around Antarctica (Gill, 1973) and identified by Jacobs (1991) as the shoreward extent of the 0°C isotherm, corresponding to the downward slope of the isotherm. The warm core of WDW nearby the continental shelf is well defined in the reanalysis data for both WOCE SR4 and WOCE SR2 sections. However, the temperature of WDW flowing into the Weddell Sea (eastern WOCE SR4 and southern WOCE SR2; greater than ~0.6°C for in situ data), is lower than expected, while the outflowing water (western WOCE SR4; ~0.4°C for in situ data) is warmer. This feature was also evident in the averaged IL (Section 3.2), suggesting that the cooling process that should be carried out within the gyre is not so efficient, leading to waters warmer than expected not only in the observed intermediate levels but also in deep waters recently formed in the region (Figures 3 and 6). Despite the good representation of the 0°C isotherm, the slope of temperature decrease from this deep isotherm to the bottom of the ocean is not so pronounced (Figure 6b-c), leading to representation of bottom waters that do not reach the WSBW temperature threshold (-0.7°C) and neither its correspondent neutral density (28.4 kg m-3). Consequently, the bottom layer is lighter in both sections (Figure 6b-c, panel γndiff). In WOCE SR4, a lighter representation of water masses extends to ~100 m depth, also related to higher temperatures (Figure 6b, panel γndiff). The denser waters in the west area of WOCE SR4 is not associated to a dense downward flow along the slope, but rather consequence of saltier waters between 100-300 m (south of 42 34.64 isohaline) and a slightly cold water core from 400-1500 m (also visible by the 0°C isotherm, that does not reach the slope in the reanalysis as does the in situ data). Difference between the intermediate waters from the sections appears in the θ–S diagrams (Figure 6b-c). In WOCE SR2, the colder and fresher representation of intermediate waters is more evident because this section includes mainly the inflowing WDW, while WOCE SR4 includes also the outflowing water, which seems slightly warmer than expected. The diagram confirms that the reanalysis data does not present the colder and fresher variety of AABW in those sections for the periods evaluated. It seems that, in both repeat sections, the absence of the denser AABW variety (WSBW) is compensated by WSDW. For section WOCE SR3, however, the 28.27 kg m-3 isopycnal is deeper. Thus, lighter waters masses compensate the absence of this dense layer. Figure 7 presents the estimates of the area occupied by AABW layer along sections, and also the average upper limit and average density of this dense layer. Estimates based on reanalysis data restricted to in situ data availability (gray circles in Figure 7) and those considering complete data coverage (black line in Figure 7) are generally very similar. Thus, differences in spacing between stations’ occupations have not strongly affected the results. However, incomplete section occupations have stronger effect on estimates because, in these cases, there are greater differences between estimates from restricted and complete ECCO2 data. In general, for occupations before 2004 the reanalysis data underestimates AABW area and average density, and overestimates upper limit depth. Greater differences of AABW area and upper limit depth are found in WOCE SR3, as expected, since the 28.27 kg m-3 isopycnal was deeper than expected in the averaged section (Figure 7a). Sections WOCE SR2 and SR4 (Figures 7b and 7c, respectively) presents similar estimate from both datasets during that period, with differences between area estimates up to 6%. Another different aspect from the section in the Western Pacific and sections within Weddell Sea is that the former presents a much more pronounced temporal variability. WOCE SR3 time series (Figure 7a) does not present abrupt changes in any of the estimates. After 2002, however, the averaged AABW upper limit depth decreases, while the area occupied by this layer is smaller than in the previous years. This suggests that the AABW layer became shallower, but decreased in extend along the SR3 section during the second half of the time series. Section WOCE SR2 (Figure 7b) shows an unrealistic change in the area (from ~66% to ~90%) and depth (from ~1500 m to ~480 m) of AABW that lasts until the end of the simulation, 43 as consequence of the dense plume appearance after 2004 (Figure 4). Averaged density also increases and presents a marked seasonal signal in the end of the series. In February 2005 there is a decrease (increase) of the AABW area (depth) possibly due to the assimilation of data from this occupation. After that, the AABW area (depth) turns to increase (decrease) and stabilizes in the end of 2006, occupying most of the water column. After March 2008 the whole AABW layer is composed by waters denser than 28.4 kg m-3. At the same time that AABW stabilizes in WOCE SR2, AABW area and density (depth) begins to increase (decrease) in pulses in section WOCE SR4 (Figure 7c). In the last two years of the dataset (2010-2011) this dense water fills almost the whole water column. Clearly, in situ data did not show this variation pattern. Mean differences between estimates from the distinct datasets are ~16 and ~4 times higher during the last years for sections SR2 and SR4, respectively. These results show a good agreement of area estimates from reanalysis and observational datasets through time, but confirm the inability of ECCO2 in reproducing the hydrographic properties and structure beyond 2004. Velocity and volume transport assessment 3.3. The assessment of AABW current velocity and volume transport variability is performed in four case studies based on data previously reported in the literature, each of one highlighted below. Case study I: Kerguelen Plateau/ Indian Sector The Kerguelen Plateau deep western boundary current was recently identified as a significant pathway of deep water transport from the Southern Ocean towards lower latitudes. This region (Figure 1) is characterized by a narrow and intense northwestward flow close to the plateau, and a southeastward flow offshore (Fukamachi et al., 2010; hereinafter referred to as F10). Figure 8a presents the ocean current velocity field of ECCO2 reanalysis data for Section I, located east of Kerguelen Plateau. It is noticeable in this region the reverse flow at approximately 110 km from the southwestern section limit (defined at -58.12° S, 82.62° E for ECCO2 data). F10 study defined AABW as the bottom waters with θ < 0°C, reaching ∼−0.35°C at the bottom layer. As previously noted, the bottom waters represented by ECCO2 dataset are warmer than expected (Figures 2 and 3) and do not reach those temperature values at the seabed 44 (Figure 8a). Especially in section WOCE SR3, the isotherm θ = 0°C is absent in deep ocean, differing from observations (Figure 6). However, the ECCO2 28.27 kg m-3 γn isopycnal is coincident in depth with the F10 0°C isotherm throughout the section. Thus, AABW layer is reasonable defined with a thickness of ~1500 m in ECCO2 reanalysis (Fig. 8a). The cores of northwestward and southeastward AABW flow are located around 75 km and 165 km from the southwestern section limit, respectively (Figure 8a). Despite the similarities of the general structure of the deep and bottom current velocity from ECCO2 and F10 mooring fields, the ECCO2 averaged velocity absolute values are considerably lower than observations (see for instance F10's Figure 2). The ECCO2 deep western boundary current mean transport of 3.7±1.3 Sv (Figure 8b) for the observed period (February 2003 to January 2005) is much lower than the 12.3±5.6 Sv estimate based on F10 moorings data. Reanalysis data does not seems to represent the observational variability pattern, since the correlation between time series is low (r = -0.2). The rugged bathymetry and the poor model spatial resolution can contribute to the difficulty of reanalysis data in reproducing the deep and bottom volume transport variability. It is interesting to notice that if a positive lag of 2 months is applied to the ECCO2 series, the correlation increases to 0.36, which means that the AABW transport reproduced by the reanalysis could be late by two months in relation to observed estimates. Since 2006, there is a continuous increase in AABW flow (Figure 8c), leading to a AABW transport of 12 Sv at the end of the series, a transport very close to the mean flow reported by F10 (i.e., 12.3 Sv). However, these years with higher AABW transport is coincident with the period during which ECCO2 produce unreliable hydrographic conditions. Case study II: Endurance ridge/Weddell Sea Sector Deep and bottom water properties at the northern limb of the Weddell Sea were evaluated by Gordon et al. (2010) and Mckee et al. (2011) using data from bottom moorings M2 (3096 m; 62º38’S; 043º15’W) and M3 (4560 m; 63º32’S; 41º47’W) (Figure 1). The latter is associated with the eastward flowing of WSBW originated in the southwestern Weddell Sea, while measurements from M2 are related to WSDW formed further north. In this case study, the monthly velocity time series of the deepest current meters from each mooring are compared to current velocity time series from ECCO2 at approximately the same 45 depths (Fig.9a-c). Time series are well correlated in both moorings (r = 0.58 for M2 and r = 0.57 for M3). Seasonal fluctuations are quite clear in the time series from both datasets, possibly linked to the seasonal cycle of the winds over the western margin of the Weddell Sea (Gordon et al., 2010). The amplitude of seasonal variations is higher in time series from observational data and more evident at M3. The different time series patterns of variability might be related to distinct water masses sources and forcing of the waters flowing through each mooring. In general, averaged current velocity from reanalysis data are lower than observations, despite of the similarity presented during the low-current velocity periods at M3. There is an increasing trend in ECCO2 reanalysis velocity time series, leading to values close to the in situ average (~12 cm s-1) in July 2007 at M3. From that moment on, velocity from M3 increases more abruptly, while M2 reanalysis velocities decay until reach the previous mean values. ECCO2 density time series at the moorings locations (Figure 9d) reveal an interannual variability, although the seasonal cycle is not so evident. The latter is associated with the eastward flowing of WSBW originated in the southwestern Weddell Sea, while measurements from M2 are related to WSDW formed further north. Although the M3 is associated to the WSBW flow, the extracted reanalysis data does not reach WSBW observed density (Figure 9d). However, the bottom layer simulated is denser than the variety found at M2 position, and both are denser than γn = 28.27 kg m-3. Case study III: Prime Meridian/Weddell Sea Sector Also within the Weddell Sea sector, a moorings array along the Prime Meridian was evaluated by Klatt et al. (2005), hereinafter referred to as K05. Zonal current velocity from reanalysis data was extracted for the position of moorings M229 (2007 m; 64°S e 0°E) and M233 (1950 m; 69.4°S e 0°E) (Figure 1). M229 velocity values from the datasets are similar, with ECCO2 mean values of -3.21±2 cm s-1 and K05 of -2.8 ±2.4 cm s-1 (Fig 10a). At M229 the correlation between time series from different datasets is low (r = 0.1) and, if present, the seasonal cycle is dominated by higher frequency signal, possible linked to the proximity of the Maud Rise. At M233 location, the absolute values are only similar during the weaker phases (December-January) of observational data (Fig 10b). After 2007 there is an abrupt increase in velocity values from ECCO2 data at M233 position, leading to mean values of -12.7±1.5 cm 46 s-1, much higher than the average found previously in ECCO2 time series (-2.6±1.9 cm s-1) and also from observational mean values (-4.5±2.4 cm s-1). The variability pattern is well correlated at M233 (r = 0.68), with a clear annual cycle found in both time series. According to K05, higher velocity values are found at M233, which is immersed in the Antarctic Coastal Current. ECCO2 reanalysis velocity data does not follow this pattern since currents in M233 are weaker than in M229 before 2004. As the Weddell Sea Prime Meridian area is a region with intensive studies (e.g., Schroder & Fahrbach, 1999; Farbarbach et al, 2004; Klatt et al., 2005; Kerr et al., 2009), we determined the transport of the whole water column south of 60°S (Section IV; Figure 10c). In this estimate, the seasonal signal is not as evident as in current velocity time series (Figure 10a–b). However, the transport time series of the entire water column presents an intra-annual variability associated with a decreasing trend (0.81 Sv yr-1) from 1992 to 2004 (Figure 10c). During 20042007 there is also a strong reduction of the mean seasonal cycle amplitude (~ 23%). In spite of the decrease in the volume transport of the water column, the estimates for the AABW layer (average volume transport of ~19 Sv) do not present an evident trend from 1992 to 2004 (Figure 10c), which means that during this period the contribution of AABW layer to the total volume transport south of 60°S increased. In July 2004 the AABW transport was intensified, increasing the amplitude of variations. After 2008 it is noted a stabilization, with a mean transport of ~40 Sv±23 between high and low peaks. The contribution of AABW to the cross-section volume transport increased from ~38% at the beginning of the time series to ~80% in the last years. Despite the high variability of the transport time series, the cumulative transport along the section (Figure 10d) is comparable to that presented by K05, in which tree major areas are observed (the Antarctic Coastal Current, a recirculation to the south of Maud Rise and westward current to the north of this bathymetric feature). ECCO2 estimates based only on the period evaluated by K05 (1996-2000) show that the absolute volume transport of the southern limb of the Weddell Gyre is 51.7 Sv (Figure 10d), which is similar to the transport of 56 ± 8 Sv determined by K05. Antarctic Coastal Current in ECCO2 data is less intense (absolute transport of 19 Sv) than K05 estimates (26 ± 4 Sv) and the recirculation south of Maud Rise is absent or extremely weak. The cumulative transport of the AABW layer is ~21 Sv for the southern Weddell Gyre (Figure 10d), in contrast to the value of 28 Sv found by K05. When the whole ECCO2 period is considered (1992-2011), the structure of the cumulative transport along section is closer to observations, since the Antarctic Coastal Current is better 47 defined and the recirculation south of Maud Rise is present (Figure 10d). In this case, the absolute transport for the southern portion of the gyre is slightly increased (absolute transport of ~54.4 Sv compared to ~51.7 Sv of the 1996-2000), closer to the observational estimates. This increase is partially consequence of a stronger Antarctic Coastal Current (absolute transport of 31.4 Sv), overestimating the previous estimate (19 Sv considering 1996-2000) and also the observations (26 ± 4 Sv). In AABW cumulative transport the distinct areas described above are also better defined when the whole period is considered. However, absolutes values are overestimated (absolute transport of 34 Sv for southern limb of Weddell Gyre; Figure 10d) compared to K05 results (28 Sv). If this K05 estimate for the AABW absolute transport for the southern limb of Weddell Gyre is compared to the time series from ECCO2 presented in Figure 10c it shows that the average transport after 2007 (~39±11 Sv) is considerably higher than the observation. Case study IV: Western Weddell Sea/ Weddell Sea Sector Fahrbach et al. (2001) (hereafter referred to as F01) evaluated the export of newly formed dense bottom waters towards the northern limb of the Weddell Gyre using a mooring array at the northern tip of the Antarctic Peninsula (Section II; Figure 1). The -0.7°C isotherm used by the author to define the bottom layer is not found in the ECCO2 similar transect evaluated during the period of F01 study (1992-1998), and therefore we performed the calculations based on the AABW layer defined here (section 2.3). Figure 11a compares ECCO2 estimated AABW volume transport with those determined by F01 - observational study - and Kerr et al (2012), hereafter referred to as K12 - model study. Absolute transport values from ECCO2 and observational data differ since the dense layer definition used here is different from F01 study. However, the volume transport time series present a good temporal correlation (r = 0.52 between ECCO2 and F01). The observational transport increases after 1994 from an average value of 3.5±0.6 Sv previous to this year to a 3.9±0.5 average after that. An increase in absolute transport after 1994 is also present in ECCO2 time series (from 2.3±0.19 Sv average to 8.5±3.4 Sv). The volume transport estimates based on the OCCAM model evaluated by K12 show absolute values higher than reanalysis estimates despite the same AABW layer definition. Model variability estimates follow the same pattern of observations, as discussed by K12. 48 There are a marked seasonal and interannual variability in the monthly time series of crossSection II volume transport based on ECCO2 data (Figure 11b). As described by Fahrbach et al. (1995), the AABW flow has a well-defined seasonal cycle, in which weaker flows occur in January and stronger in June. The months of maximum and minimum ECCO2 transport agrees with estimates based on OCCAM model (Kerr et al., 2012a), but is lagged by one month from those determined by Fahrbach et al. (2001) (December and May), which suggests that both model and reanalysis have similar limitations in reproducing the AABW export variability. The average AABW flow found in ECCO2 at Section II is 7.6 Sv, with seasonal variation of ±2.5 Sv (Figure 11b). This estimate is close to the volume transport of 6.7±1 Sv and ~9 Sv determined by Naveira Garabato et al. (2002) and Franco et al. (2007), respectively, for WSDW exported over the South Scotia Ridge. The decrease of AABW volume transport after 2005 from ECCO2 estimates is not caused by stagnation of dense water export, but rather due to the existence of a volume transport in the opposite direction in part of the section evaluated (not shown). Negative transport values are present until February 2010, when it changes direction and increases substantially until the end of the period analyzed. During most of the studied period, only WSDW contributed for the AABW volume transport estimated from ECCO2 (Figure 11b). However, episodic events of WSBW direct injection in the bottom layer (December 1998 to March 2000; April 2003 to September 2008; November 2010 to December 2011) increased the total volume transport. During 2003-2008 period, ECCO2 average WSBW transport (1.86 Sv) was in accordance with that reported by F01 (1.3 ± 0.4 Sv). In the last event of direct WSBW injection (November 2010 to December 2011) transport estimates were very high, reaching ~20 Sv at the end of the time series, which correspond to almost the totality of the AABW transport. The bottom current velocity annual averages (Figure 11b) present a variability pattern similar to that of the volume transport time series. Although Section II is located north of a bottom water formation area, the origin of this dense bottom water is from southern regions and, therefore, variability of dense water transport must be affected not only by newly bottom water formation, but also by remote thermohaline and wind forcing (Fahrbach et al, 2001). Kerr et al. (2012a) show that AABW export represented by OCCAM is primarily determined by the strength of the Weddell Gyre and its wind forcing, which is expected to be occurring in the ECCO2 reanalysis model. Cross-shelf-break ECCO2 bottom-layer transport was determined in the northwestern Weddell Sea to evaluate the ventilation of AABW to the deep Southern Ocean. The meridional 49 section used for calculations is located just east of the 1000 m isobath (along the longitude 305°) and extends from -72°S to -65°S (~750 km; Section III - Figure 1). Vertically integrated cross-section volume transport averaged for the whole study period (Figure 12a) presented spatial pattern similar to the results of Muench & Gordon (1995; see for instance their Figure 8), in which the southern and northern section ends are dominated by a westward (negative) and eastward (positive) flow, respectively. Volume transport time series for AABW (deep and bottom dense water varieties; n ≥ 28.27 kg m-3) and just WSBW (bottom variety; n ≥ 28.4 kg m-3) present a marked seasonal cycle (Figure 12c). AABW production occurs primarily in pulses (Schroder et al., 2002), which can be seen in ECCO2 time series during three episodic periods (1994-1999, 2000-2004, and 20082011). The first two events are coincident with AABW production periods determined from OCCAM simulation (Kerr et al., 2012a). During the last event of AABW production there is an intensification of the flow, reaching a maximum of 3.6 Sv (positive values for east, i.e., offshore). WSBW volume transport also intensified in the last production pulse (2008-2011), reaching a contribution of 1.9 Sv (Figure 12c). Considering the whole period, the average volume transport estimates for AABW and WSBW is 0.47 ± 0.72 Sv and 0.15 ± 0.32 Sv, respectively. If the period is restricted to 1992-2004, the average production rate of AABW and WSBW decreases to 0.25 ± 0.25 Sv and 0.06 ± 0.12 Sv. In any case the volume transport estimates for both water masses are underrepresented when compared to the 1.1 ± 0.5 Sv bottom water (θ ≤ −0.7 °C) formation rate estimated by Huhn et al. (2008) in the same area. This reduced spilling off dense flow of AABW from the shelf is possibly related to the spatial resolution of the model used to create the reanalysis product, which limits the representation of coastal process and the coupled atmosphere-ocean-ice interactions. Moreover, the diffusion scheme generally applied in z-level global circulation models could also be a factor. Heuze et al. (2013) state that, in typical diffusion schemes applied in z-level models, the dense water formed in the shelf region mixes horizontally and vertically when flowing down the slope and, therefore, the dense signal is lost along the downward flow through mixing with intermediate waters. ECCO2 estimates of absolute AABW volume transport in this meridional section (Section III; Figure 12c) are lower than those found for the section perpendicular to the bathymetry (Section II; Figure 11b) because the flow is predominantly northward along the shelf (Muench & Gordon, 1995). WSBW transport from ECCO2 is detectable in the northern section (Section 50 II; Figure 11b) only in specific periods, which coincide with stronger WSBW outflow in the meridional section (Section III; Figure 12c). During weaker flows it is possible that this signal is lost by mixture along the northward displacement. Time average of density field along Section III (Figure 12b) shows denser water masses on shallower regions near the edges of the section. The averaged upper AABW limit were determined considering the whole period and also restricted to years before and after 2004. Upper AABW limit before and after 2004 (Figure 12b) show that dense water production increase during the last years (Figure 12c) does not affect the shelf water masses in the northern portion of the section, but the area occupied by this water mass in the southern half greatly increased. The averaged AABW limit for the reliable period (1992–2004) shows that dense water spilling off the shelf is concentrated in the northern half of the section and also follows the north and south slopes. The case studies performed unveil that, in the most important regions of AABW export, the variability of volume transport and current velocity time series is well represented by ECCO2 reanalysis data. Summarizing, results obtained from Section I (located near the Kerguelen Plateau) reveal that the rugged bathymetry can be an important factor contributing to the difficult task of reproducing the AABW volume transport variability in the Indian sector of the Southern Ocean. Despite the variability agreement, in all cases analyzed the absolute AABW current velocity and volume transport is underestimated by ECCO2 before 2004. As well as bathymetry definition, model spatial resolution and model diffusive scheme can also be factors that hamper the representation of dense deep and bottom water export from Antarctic shelves. It seems that from 2004 to 2007 there is an adjustment of the reanalysis to different forcing conditions. After that, AABW current velocity and volume transport overestimates observations and, as discussed before, presents unrealistic hydrographic conditions. Further results will be focused on years from 1992 to 2004 with no longer discussion regarding this period of erroneous representation of the AABW variability (beyond 2004). 3.4. AABW variability Four-year spatial averages of AABW layer thickness and volume through time can be observed in Figure 13a–b. At the beginning of the time period analyzed (1992-1995), the AABW layer represented by ECCO2 (Figures 13a) shows a geographical distribution similar 51 to the 20-year averaged observational dense layer (Figure 13c), although slightly thinner. During the next decade (1996-2003), no visible changes in dense layer thickness in Weddell Sea, Indian and Western Pacific sectors is evident (Figure 13a). A retreat of dense deep layer in B&A and Ross Sea sectors can be clearly seen throughout the AABW thickness and volume anomaly (Figures 13a–b). By the 2004-2007 period, AABW from Ross Sea and B&A sectors are restricted to the core of Ross Gyre. Contraction of AABW layer was recently reported by Purkey & Johnson (2012) from 1980s to 2000s, in which the Australian–Antarctic and Amundsen–Bellingshausen basins presented the highest isopycnal fallen rates (–13.2 ± 6.7 m y-1 and –11.4 ± 2.9 m y-1, respectively). Volume decrease of dense waters is also reported by Azaneu et al. (2013), which shows a –8.06 ± 0.38 m yr -1 average AABW upper-limit rate of change for the period 1958–2010. ECCO2 average falling rate of AABW defining isopicnal for the 1992–2004 period (–3.06 ± 1.81 m yr -1) is lower than those observed estimates although the great retreat of this layer. The overestimation of AABW layer thickness present in 2004-2011 period is consequence of the dense bottom water injection in the Weddell Sea, as discussed before. Southern Ocean AABW annual time series (summer-only) of hydrographic properties from ECCO2 and in situ historical data are presented in Figure 14a. Observational time series presents high interannual variability, in contrast to monthly and annual averages from ECCO2 data. It is important to notice that variations in observational data is naturally expected, however, it can be partly consequence of unequal geographical distribution of data through years (Azaneu et al. 2013). Although ECCO2 data does not show significant interannual variability, annual means from reanalysis and in situ time series are coincident several times during the period analyzed, for all hydrographic properties. Statistical correlation between reanalysis and observational time series is, respectively, 0.60, 0.36, and -0.02 for density, salinity and potential temperature (considering only the period when hydrography is well represented, 1992-2004). AABW temperature presents a low and negative correlation because it shows a cooling trend (–0.0036 °C yr -1) in ECCO2, which is in contrast to the warming noted from observational data (0.0020 °C yr -1). On the other hand, salinity and density follow the observed variability pattern. Observational data showed a –0.0009 yr-1 and 0.0011 kg m-3 yr-1 salinity and density rate of change, respectively. ECCO2 data presented a very similar salinity decrease trend (–0.0007 yr-1) but lower density changing rate (–0.0001 kg m-3 yr-1). Trends from 52 reanalysis data are statistically significant for all parameters, but for observational data none of them is significant. Sensitivity analyses performed, considering all months for annual averages or using the original reanalysis spatial resolution, did not greatly differ from the temporal trends presented above. Azaneu et al. (2013) evaluated an extensive observational dataset (1958-2010) under different methodologies and, after attenuating the effect of data distribution, found an AABW warming of 0.0015 °C yr -1 and a density decrease of –0.0005 kg m-3 yr-1 for the whole Southern Ocean. Therefore only ECCO2 density trend in good agreement with the observations. Regional AABW time series shows different rates of change for each Southern Ocean sector (Figure 14b; note that the time series of Weddell Sea and Indian sectors are presented following the figure’s right axis for improved visualization). During the first period (19922004) all sectors underwent warming, freshening and density decrease, except the Weddell Sea sector. This region warmed until 2000 (0.0028 °C yr -1), when started to become colder and fresher. The warming of deep and dense bottom water have been previously reported within the Weddell Sea (1989–1995), and also in the region of the Prime Meridian (Fahrbach et al., 2004). Freshening of AABW occurred in the Indian and Pacific sectors of the Southern Ocean (1995– 2005; Rintoul, 2007), as well as temperature and salinity decrease of Adelie Land Bottom Water along the 140°E (1995–2005; Aoki et al., 2005). Azaneu et al. (2013) estimated an AABW average temperature, salinity, and density trend of 0.0015 °C yr -1, –0.0002 yr-1 and –0.0005 kg m-3 yr-1 (1958–2011), although freshening was not a clear pattern throughout the Southern Ocean. The Southern Ocean sectors averaged changing rate determined for ECCO2 data (considering the 1992–2004 period), 0.0023 °C yr-1, –0.0002 yr-1, and –0.0007 kg m-3 yr-1 for temperature, salinity and density, respectively, are in good agreement with those found by Azaneu et al. (2013). Considering these averaged rates, the cooling trend presented by the whole Southern Ocean time series (Figure 14b) is not totally representative of the overall warming trend. The difference between estimates of properties changing rate based on the average of the AABW properties from the whole Southern Ocean (Figure 14b) and those based on the average of the sectors trends is partially caused by the Weddell Sea cooling trend. This is the main region contributing to the AABW layer and thus the averaged Southern Ocean AABW property is influenced by changes in this region, differently of the second case, in which each sector has the same weight in the trend calculation and then warming is prevalent. In addition, the contraction of AABW layer in B&A and Ross Sea sectors is an important factor leading to the 53 overall cooling trend (Figure 14a). Those regions present the warmer AABW variety and then its reducing contribution through years led to reduced temperature averaged values for the entire Southern Ocean. 3.5. Sea ice and wind stress in ECCO2 To a better understanding of the AABW variability the sea ice-covered area and ice thickness data from ECCO2 were evaluated. Monthly time series of ECCO2 sea ice covered area and sea ice thickness are shown in Figure 15a (upper and bottom panels). During winter seasons, when sea ice concentration is at its maximum, data from reanalysis largely overestimate satellite data by more than 20% (Figure 15a). During summer periods, the difference between reanalysis-satellite is lower than ~5%. There is a reduction in maximum values of sea ice concentration from reanalysis during 2001-2004, with a clear decreasing trend beyond that. The trend of reanalysis sea ice concentration for the complete time series is –0.78% yr-1. Minimum sea ice concentration values also decreased through years. Those reductions in sea ice minimum and maximum concentrations from ECCO2 through time led to a highly coincident reanalysis and remotely measured sea ice-covered area time series during the last year of the comparison period (2010). Sea ice thickness time series from ECCO2 (Figure 15a) also presented a similar pattern of decreasing trend (–0.01 m yr -1). The exaggerated seasonal variability presented in ECCO2 sea ice concentration and sea ice thickness time series can be related to the configuration of the coupled sea ice model. The sea ice model is based on a zerolayer thermodynamics, which assumes that sea ice does not store heat (Adcroft et al., 2012). The warmer surface water shown in Figure 2 can be linked to the sea ice representation. During summer months sea ice concentration is close to reality and enables heat uptake by ocean through solar radiation. In turn, during winter the high values can reduce ocean heat loss to the surface resulting in warmer surface waters (e.g., Renner et al., 2009). The reduction of maximum sea ice concentration in the 2001-2004 period possibly triggered the initial decrease of temperature and salinity in Weddell Sea deep waters (Figure 14b). Annual anomalies of sea ice concentration (Figure 15b) show the decreasing of these parameters after 2002, leading to values lower than the average around the whole Southern Ocean at the end of the time series. However, the main feature presented in ECCO2 sea ice field is the opening of an open ocean polynya east of the Prime Meridian in 2005, which led to the retreat of sea ice in the following years (Figure 15b). The lowest sea ice coverage occurs in 54 2010, followed by a slight recovery in 2011. Therefore, sea ice coverage and thickness reduced throughout the simulation years towards averaged values more in agreement with satellite observations (Figure 15a). However, this sea ice coverage reduction is not only consequence of a gradual decrease of these parameters around the Southern Ocean, but also results from an unrealistic sea ice retreat both in Weddell Sea and Indian Ocean sectors. Changes in sea ice concentration directly influence AABW formation by sea ice melting and production of brine rejection, and also due to its effect on the transference of momentum from wind to ocean currents (Curry & Webster, 1999). In the coupled MITgcm, surface wind stress, as well as heat and fresh water fluxes are computed from atmospheric state, but modified by sea ice model at each time step (Adcroft et al., 2012). Therefore, the observed changes in AABW hydrographic properties from ECCO2 data can be directly linked to the variations of sea ice concentrations and thickness produced by the model. The opening of an oceanic polynya is closely related to the process of deep convection occurring in the open ocean regime, leading to high production of dense waters directly injected in deeper levels (normally below 2000 m) in the open ocean area of the Weddell Sea. Heuze et al. (2013) evaluate 15 climate models and shows that most of them produce dense bottom waters by deep convection in the open ocean, closely linked to representation of a strong sea ice seasonal cycle. Decrease of sea ice concentration could have enabled a more direct effect of wind stress over the ocean, which could have intensified the Weddell Gyre circulation reproduced by the reanalysis. A stronger gyre intensifies the upwelling of isopicnals at the center of the gyre, leading warm intermediate waters close to the surface. Consequently, deep convection is increased and transference of heat to sea ice is enhanced, leading to the opening of an oceanic polynya. The further retreat of sea ice after the polynya formation also contributed to the intensification of ocean currents, facilitating the spreading of the AABW dense plume. As a consequence, the hydrographic properties of the Southern Ocean are poorly represented during the last years of ECCO2 reanalysis data. The dominant variability modes from sea ice, wind stress and AABW export (relative to section II) is better evaluated through a wavelet analysis (Figure 16). Sea ice thickness and covered area were averaged within the Weddell Sea sector limits (60º W – 20º E) to build monthly time series. Wind stress time series was determined on a proxy region defined to cover the main area that drives the Weddell Gyre circulation. All series were detrended before the analysis, and only the period 1992-2004 was evaluated. The dominant period of variability of 55 AABW export is 1 year (Figure 16c), related to the seasonal variation of wind-driven circulation and sea ice formation. AABW volume transport also reveals a 2-4 years period of variability through most of the period evaluated. This pattern is in agreement to the 3-4 year oscillation determined by Venegas & Drinkwater et al. (2001) for the coupled sea ice, atmospheric and oceanic oscillation in Weddell Sea. Annual cycle is clearly present in sea ice and meridional wind stress time series (Figures 16 a–b and f). However, the 2-4 years oscillation is only seen in a short period of the meridional wind stress component. 4. SUMMARY AND CONCLUSIONS Assessment of ECCO2 data shows that the reanalysis product provides a good quality representation of the main Southern Ocean oceanographic features, as well as the characteristic shape of regional θ–S diagrams. Significant changes can be observed throughout the simulation years, e.g., retreating of AABW layer in the B&A and Ross Sea sectors. However, the most striking modification observed is the appearance of a dense water plume in Weddell Sea sector, related to the opening of an open ocean polynya clearly visible in 2005 at the center of the Weddell Gyre. This phenomenon contributed to unrealistic representation of the Southern Ocean hydrographic properties, mainly after 2004. The mean difference of the hydrographic properties reproduced by the reanalysis and the observed values in surface and intermediate layers are reduced by ~25% and 21%, respectively, considering only the reliable period (1992-2004). In general, ECCO2 reanalysis data show a warmer, saltier and denser surface layer. Intermediate waters are generally colder, fresher, and denser than observations. The except is the Weddell Sea that showed slightly warmer and lighter WDW in the center of the Weddell Gyre and WDW outflow region during the reliable period. Those misfits can also be observed in the θ–S diagram by the absence of cold and fresh surface waters seen in observed values, and by the displacement of maximum temperature and salinity of intermediate waters toward lower values. The bottom layer is usually warmer and lighter than expected, possibly related to the inability of the reanalysis in producing the densest AABW variety during great part of the unfailing period analyzed. If the whole period is considered, it seems that the averaged bottom layer is close to observations, which is unrealistic due to the problems appointed in towards the end of the ECCO2 simulation. Validation of modeled data is generally limited by availability of in situ data. The 56 comparisons of physical properties from repeat hydrographic sections showed that the reanalysis was capable to well represent the structure and properties of the main areas analyzed. Specifically considering the sections within the Weddell Sea sector (i.e., WOCE SR2 and WOCE SR4), there is a high agreement of AABW upper limit and area occupied between reanalysis-observation comparisons. However, the densest AABW regional variety is not represented by the reanalysis for the evaluated sampling periods, being replaced by the lighter version of regional AABW varieties. Unlike the other sections, the WOCE SR3 upper dense water limit defined by the different datasets is not well represented. The denser variety of the AABW is also absent in this section, but the limit of this water is deeper than that expected. The reduced dense layer can also be observed by comparison of AABW area estimates for all occupations. This underestimation can possibly be linked to the retraction of dense waters in B&A and Ross Sea sectors in the ECCO2 simulation. Several case studies showed that the structure of deep and bottom current velocity and AABW volume transport are well represented along the sections east of the Antarctica Peninsula (Section III), on the Prime Meridian (Section IV) and nearby the Kerguelen Plateau (Section I). The variability pattern of AABW current velocity and volume transport agrees with observational data in most cases. The exception is the AABW volume transport determined nearby the Kerguelen Plateau. In this region, the low correlation between reanalysis and observed data is possibly influenced by a badly representation of the complex local bathymetry added by relatively coarse model resolution. Seasonal cycle is evident in most cases, mostly induced by wind forcing periodicity. Additionally, a 2-4 years variability period is observed for the AABW export from the Weddell Sea, in agreement with the coupled sea ice, atmospheric, and oceanic oscillation previously reported in observations (Venegas & Drinkwater, 2001). In spite of the good representation of the AABW volume transport and current velocity variability in the most important region of dense water export, absolute values are underestimated in all cases. The high sea ice concentration during winter months could have limited the transference of momentum from winds to ocean, leading to a weaker Weddell Gyre and, consequently, weaker currents in ECCO2 reanalysis. Lower wind velocity is also a possible contributing factor, which requires further analysis. The relatively coarse model resolution limited the representation of coastal processes, possibly contributing to the underestimation of dense waters export from shelves regions. Associated to unrealistic hydrographic 57 representation, the AABW velocity and volume transport is largely enhanced after 2004, leading to values greater than observed. ECCO2 is based on the assimilation of a great amount of observational data throughout the model simulation. Therefore, we expect that, besides interannual variability, the reanalysis would be capable of representing the observational trends in longer periods. The AABW changing rate determined for the whole Southern Ocean considering the 1992–2004 period showed a cooling, freshening and density decreasing trends. However, these trends are highly influenced by the early cooling of the Weddell Sea, and also by the reducing contribution of dense layer in B&A and Indian sectors, which are the warmest AABW varieties. When the sectors are evaluated separately, warming, freshening, and density decrease are found from 1992 to 2004, except for the Weddell Sea. This sector warmed until 2001, but then underwent cooling, possibly related to local changes in sea ice concentration and thickness. Not only the variability pattern, but also the changing rate averaged for all sectors presented a good agreement with trends reported by previously studies, considering all hydrographic properties. Volume decrease of AABW layer, as showed by reanalysis data, has also been indicated by observational studies. However, the dramatic retraction of the dense layer in B&A sector, leading to the absence of waters γn ≥ 28.27 kg m-3 after 2002, has not been observed in the real ocean. Moreover, during the unrealistic period (2004–2011), the environmental conditions change and then the hydrographic properties trends are affected. The results revealed that, during the first twelve years (1992–2004) of the simulation, ECCO2 provides a high quality and reliable representation of hydrographic properties in the Southern Ocean. The differences are related to reanalysis limitations regarding absence of ice shelf representation, model resolution and parameterizations. These factors also precluded the reanalysis from realistically represent absolute values of AABW velocity, volume transport and outflows from shelf regions. Despite those limitations, the water column structure and the variability of AABW velocity and volume transport are well represented in the main contributing regions. Another interesting feature presented by the reanalysis was the long term variability. The reanalysis data was capable of reproducing the long–term variability patterns of observational data reported by previous observations. Those abilities ensure the use of the 1992–2004 period reanalysis data for AABW circulation and hydrographic studies, as well as physical process affecting dense water 58 variability. After that period, marked changes of environmental conditions resulting from erroneous sea ice concentration and thickness, caused dramatic changes in hydrographic properties and distribution, together with velocity and volume transport. Therefore, the use of data from this latter period (2005-2011) is not advisable. That reinforces the necessity of a good representation of sea ice coverage and variability for an adequate simulation of Southern Ocean hydrography. Better parameterizations and the inclusion of ice shelves are also factors that must be considered for optimization of results. In addition to limitations of the model and assimilation methodology, reanalysis products can also be biased by problems related to observational data (Dee et al., 2005). Despite the pointed out limitations of ECCO2 data evaluated in this study, it is important to highlight the better performance of this reanalysis in reproduce AABW properties in comparison with other commonly used modeled data, such as OCCAM. ECCO2 is an ongoing project and several efforts have been made to improve key points, e.g., ice shelf representation. Recent studies have applied regional ECCO2 configurations modified to include explicit representation of ice shelves aiming investigations of process in the ocean and ice interface (Heimbach et al., 2012.; Schodlok et al., 2012; Xu et al., 2012). Moreover, the centerpiece of ECCO2 is the application of the adjoint-method optimization on the global eddying configuration, which would enable a much larger number of control variables than the actual Green’s function method. This method already proved to be valuable (e.g., Mazloff et al., 2010; Ito et al., 2010) and then their application globally and for longer period than the actual SOSE (Southern Ocean State Estimation) regional solution would mean a great improvement. Finally, long-term observational studies in important regions of AABW export must be carried on. The focus of these studies should be extended beyond Weddell and Ross Sea regions to less explored (but also important) areas, as the Kerguelen Plateau region, which showed the poorest representation of AABW variability. In addition, the lack of in situ data during wintertime affects the quality of reanalysis assimilation and limits the assessment of these datasets and models. The use of new technologies for sampling during wintertime, such as ARGO floats, sea mammals as platforms for data collection and seagliders should be encouraged. 59 4. CONCLUSÕES GERAIS Esta dissertação teve como foco principal avaliar a qualidade da representação das propriedades hidrográficas e a variabilidade da Água de Fundo Antártica no oceano Austral pelo produto de reanálise ECCO2. De forma geral, os resultados mostram que a reanálise provê uma adequada representação das principais feições oceanográficas do oceano Austral, assim como o formato característico do diagrama θ–S para cada um dos setores regionais. Apesar disso, alterações significativas no oceano podem ser observadas ao longo dos anos da simulação, e.g., a retração da AABW nos setores B&A e Mar de Ross. Entretanto, a alteração mais evidente observada é o aparecimento de uma pluma de água densa no setor Mar de Weddell, relacionado à abertura de uma polínia oceânica. Esse fenômeno contribuiu para uma representação irreal das propriedades hidrográficas do oceano Austral após 2004. Considerando apenas o período que foi definido como sendo confiável (1992-2004), as diferenças entre as propriedades hidrográficas representadas pela reanálise e aquelas observadas diminuem nas camadas de superfície e intermediária em ~25% e 21%, respectivamente. Em termos gerais a reanálise mostra águas superficiais mais quentes, salinas e densas do que o observado. Águas intermediárias são geralmente mais frias, menos salinas e mais densas. O mar de Weddell é uma exceção nesse cenário, pois durante o período confiável, apresenta a WDW ligeiramente mais quente e menos densa do que os valores observados na região central do Giro de Weddell e também na área de exportação dessas águas. Esses desajustes também podem ser observados nos diagramas θ–S devido à ausência das águas superficiais mais frias e menos salinas presentes nos dados observacionais, e pelo deslocamento do máximo de temperatura e salinidade presente nas águas intermediárias em direção a valores mais baixos. A camada profunda é normalmente mais quente e menos salina do que o esperado, o que está possivelmente relacionado com a incapacidade do modelo em produzir a variedade mais densa da AABW durante grande parte do período confiável. Quando todo o período é considerado, há a impressão de que a camada profunda torna-se mais similar às observações, o que é irreal devido aos problemas apontados no final da simulação do ECCO2. No caso do oceano Austral, a validação de dados modelados é geralmente limitada pela disponibilidade de dados observacionais. A comparação das propriedades hidrográficas dos diferentes bancos de dados nas seções avaliadas mostrou que a reanálise foi capaz de representar 60 adequadamente a estrutura e as propriedades das seções. Especialmente nas seções do setor Mar de Weddell (WOCE SR2 e WOCE SR4), há uma alta adequação nas estimativas do limite superior e da área ocupada pela AABW obtidas pelos diferentes conjuntos de dados. Entretanto, a variedade regional mais densa não é representada pela reanálise nos períodos usados para comparação, a qual é substituída pela versão menos densa. Diferentemente das demais seções, na seção WOCE SR3 o limite superior das massas de água densas definido pelos diferentes conjuntos de dados não é tão bem representado. A variedade mais densa da AABW também se encontra ausente nos dados de reanálise, mas o limite superior da dessa massa de água é mais profundo do que o esperado. A reduzida camada de água densa também pode ser observada na comparação das estimativas da área ocupada para todas as ocupações dessa seção. Essa subestimação pode, eventualmente, estar ligada à retração dessa massa de água densa ao longo dos anos nos setores B&A e Mar de Ross na simulação do ECCO2. Estudos de casos específicos, nos quais a reanálise foi comparada aos dados de correntógrafos, mostraram que a estrutura espacial dos campos de velocidade da corrente e o transporte de volume da AABW são bem representados nas seções a leste da Península Antártica (Seção III), sobre o Meridiano de Greenwich (Seção IV) e próximo ao Platô de Kerguelen (Seção I). O padrão de variabilidade da velocidade e transporte da AABW é concordante com aquele observado nos dados in situ na maioria dos casos. Uma ressalva é feita com relação ao transporte determinado na seção próxima ao Platô de Kerguelen. Nesta seção a baixa correlação entre as séries de dados de reanálise e observacionais é possivelmente influenciada pela difícil representação do fluxo em uma região de batimetria bastante complexa, agravado pela baixa resolução do modelo. O ciclo sazonal é evidente na maioria dos casos. Além disso, um período de variabilidade de 2-4 anos é observado (embora não estatisticamente significante) na série temporal de exportação da AABW do mar de Weddell, em consonância com o período de oscilação do sistema acoplado entre gelo marinho, atmosfera e oceano previamente reportado para dados observacionais (Venegas & Drinkwater, 2001). Apesar da boa representação da variabilidade da velocidade da corrente e do transporte de volume da AABW na região de maior importância para a exportação de águas densas (i.e., Rintoul, 1998), os valores absolutos são subestimados em todos os casos. A alta concentração de gelo marinho durante os meses de inverno pode ter limitado a transferência de momentum dos ventos para os oceanos, levando a uma menor intensidade do Giro de Weddell. Ventos 61 menos intensos pode ser também um possível fator contribuinte, o que necessita de maior análise. A resolução relativamente grosseira do modelo limita a representação de processos costeiros, possivelmente contribuindo para a subestimação da exportação de águas densas da plataforma. Associada à representação irreal da hidrografia, a velocidade da corrente e o transporte de volume da AABW é fortemente intensificado após 2004, levando a valores maiores do que os observados. Os produtos ECCO2 são baseados na assimilação de grande quantidade de dados observacionais ao longo da integração do modelo. Portanto, espera-se que, além da variabilidade interanual, a reanálise fosse capaz de representar os padrões de mudança de longo período dos dados observados. A taxa de variação da AABW determinada para todo o oceano Austral, considerando o período de 1992–2004, mostrou uma tendência de diminuição da temperatura, salinidade e densidade. Porém, essas tendências são altamente influenciadas pelo resfriamento precoce do mar de Weddell, e também pela redução da contribuição da camada de água densa nos setores B&A e Oceano Índico, as quais são as variedades mais quentes da AABW. Quando os setores são avaliados separadamente, tanto o aquecimento quanto a redução da salinidade e da densidade da AABW são encontrados entre 1992 e 2004, sendo exceção o mar de Weddell. Esse setor aqueceu até 2001, mas a partir de então sofreu um resfriamento das águas, possivelmente relacionado a mudanças locais na concentração e espessura do gelo marinho. Não apenas o padrão de variabilidade, mas também a taxa de variação média dos setores está de acordo com estudos prévios para todas as propriedades hidrográficas. O decréscimo de volume da AABW observado nos dados da reanálise também foi previamente indicado por estudos observacionais. Porém, a dramática retração da camada densa no setor B&A, levando à ausência de águas mais densas do que γn ≥ 28.27 kg m-3 após 2002, não foi observado no oceano real. Além disso, durante o período não confiável (2004–2011), as condições ambientais mudam, e então as tendências das propriedades hidrográficas são afetadas. Os resultados revelaram que, durante os primeiros doze anos da simulação (1992–2004), o ECCO2 provê uma boa representação das propriedades hidrográficas no oceano Austral. Diferenças estão relacionadas a limitações da reanálise no tocante à ausência da representação das plataformas de gelo, resolução do modelo e parametrizações. Esses fatores também impediram a reanálise de representar realisticamente os valores absolutos de velocidade, 62 transporte e exportação da região de plataforma. Apesar destas limitações, a estrutura e variabilidade da velocidade e transporte da AABW são bem representadas nas regiões de maior contribuição. Outra interessante feição apresentada pela reanálise foi a variabilidade de longo período. Os dados modelados foram capazes de reproduzir os principais padrões de variabilidade dos dados observacionais reportados pelos estudos prévios. As aptidões apresentadas garantem o uso dos dados da reanálise entre os períodos de 1992– 2004 em estudos relacionados à circulação e hidrografia, assim como processos físicos ligados à variabilidade das águas densas. Depois desse período, alterações irreais das condições ambientais resultantes da errônea representação da concentração e espessura do gelo marinho causaram mudanças drásticas nas propriedades hidrográficas e sua distribuição, em conjunto com velocidade e transporte. Portanto, não deve ser feito o uso de dados desse período final (2005-2011). Isso reforça a necessidade de boa representação da cobertura de gelo e sua variabilidade, assim como outras forçantes ambientais, para uma adequada representação da hidrografia do oceano Austral. Melhores parametrizações e a inclusão de plataformas de gelo são também fatores que devem ser considerados para otimização dos resultados. Além das limitações do modelo e da metodologia de assimilação, os produtos de reanálise também podem ser enviesados por problemas relacionados aos dados observacionais (Dee et al., 2005). Apesar das limitações apontadas do produto do ECCO2 avaliado neste estudo, é importante ressaltar a melhor performance desse produto na reprodução das propriedades da AABW em comparação a outros dados modelas comumente utilizados, tal como o OCCAM. ECCO2 é um projeto ainda em execução e diversos esforços têm sido feitos para melhoria de questões importantes, e.g., representação de plataforma de gelo. Estudos recentes têm aplicado configurações regionais do ECCO2 modificadas para inclusão de uma explícita representação de plataformas de gelo com o objetivo de investigar os processos na interface entre oceano e gelo (Heimbach et al., 2012.; Schodlok et al., 2012; Xu et al., 2012). Além disso, a questão principal do ECCO2 é a aplicação do método de otimização adjoint na configuração global do modelo, o que permitiu um número muito maior de variáveis de controle do que o método atual que utiliza a função de Green. O valor científico desse método já foi comprovado (e.g., Mazloff et al., 2010; Ito et al., 2010) e portanto sua aplicação global e para períodos mais longos do que a atual solução regional SOSE (Southern Ocean State Estimation) seria de grande valia. 63 Finalmente, estudos observacionais de longo período em regiões importantes para a exportação da AABW devem ser mantidos. O foco desses estudos deveria ser estendido além das regiões do mares de Weddell e de Ross, para áreas menos exploradas (mas também importantes), como a região do Platô de Kerguelen, a qual mostrou a menos adequada representação da variabilidade da AABW. Além disso, a falta de dados observados durante o período de inverno afeta a qualidade da assimilação da reanálise e limita a avaliação desses dados e modelos. O uso de novas e alternativas tecnologias para amostragem durante o inverno Austral, tal como boias Argo, mamíferos marinhos como plataforma para coleta de dados e seagliders deveria ser estimulada. Para trabalhos futuros, sugere-se a avaliação da representação da AABW pelo ECCO2 para o oceano global, de forma a avaliar se as propriedades e variabilidade intra e interanual são adequadamente representadas fora da região de formação da massa de água. Além disso, o mesmo trabalho desenvolvido neste estudo deveria ser realizado utilizando o SOSE, o qual destina-se exclusivamente para o Oceano Austral e recentemente foi disponibilizado para o público. Seria possível então comparar os resultados baseados no produto global do ECCO2 e no SOSE, identificando as possíveis diferentes características entre os produtos que possam levar a melhores/piores resultados. Os objetivos propostos pelo trabalho foram alcançados de forma satisfatória, uma vez que a qualidade das representações fornecidas pela reanálise ECCO2 foi amplamente avaliada no tocante à hidrografia e variabilidade da Água de Fundo Antártica no oceano Austral. Nessa avaliação, a maior parte da série de dados disponível foi considerada como adequada, o que assegura a boa qualidade dos dados para estudos futuros que possam vir a se basear no produto de reanálise ECCO2 para os aspectos avaliados nesse trabalho. Esse trabalho é parte do legado da oceanografia Brasileira para o Ano Polar Internacional (API, www.ipy.org), respondendo a alguns dos principais pontos investigados pelo GOAL durante o mesmo. Além disso, o trabalho mostra a importância e necessidade de programas como o PROANTAR e o INCT-Criosfera na obtenção e manutenção de dados oceanográficos no Oceano Austral imprescindíveis para compreensão da região. A identificação das regiões mais deficitárias em termos de amostragem e, consequentemente, menos adequadamente representadas pela reanálise são importantes informações para guiar as ações do Southern Ocean Observing System (SOOS; http://www.soos.aq/). 64 TABLES Table 1: Sampling periods from the historical WOCE sections used in the study. Month/Year of Sampling Historical WOCE Sections SR4 SR3 SR2 11/1992 03/1993 06/1992 12/1992 – 01/1993 01/1994 04/1996 04/1996 – 05/1996 03/1996 04/1998 – 005/1998 04/1998 11/2001 – 12/2001 03/1999 02/2005 – 03/2005 01/2002 – 02/2002 12/2000 03/2008 02/2003 – 03/2003 12/2002 12/2010 – 01/2011 02/2005 02/2008 – 03/2008 12/2010 65 Table 2: Summarized information about the case studies for the velocity and volume transport assessment. Case Studies Case study I: Kerguelen Plateau/ Indian Sector Case study II: Endurance ridge/ Weddell Sea Sector Previous references Fukamachi et al., 2010 (F10) Gordon et al., 2010 Data period 02/2003-01/2005 2000-2007 Data from previous studies used for comparison Variables evaluated Case study III: Prime Meridian/ Weddell Sea Sector Klatt et al., 2005 (K05) and Fahrbach et al., 2011 Case study IV: Western Weddell Sea/ Weddell Sea Sector Fahrbach et al., 2001 (F01) and Kerr et al., 2012a (K12) 1996-2008 1989-1998 AABW volume transport time series current meter time series from moorings M2 and M3 Zonal velocity from moorings M229 and M233 WSBW and AABW volume transport time series from FA01 and Kerr et al., 2012a, respectively; velocity time series from FA01 AABW volume transport time series Current velocity time series Zonal velocity time series AABW volume transport time series; Neutral density time series Time series of volume transport for the whole water column and only the AABW layer WSBW volume transport time series Averaged velocity field Averaged cumulative volume transport along the section 66 FIGURES Figure 1: Map indicating geographic areas of oceanographic profiles (blue dots), hydrographic sections and mooring positions used in this study. Moorings position from Klatt et al. (2005) (M233 and M229) and Gordon et al. (2010) (M2 and M3) are indicated by yellow squares. Sections where volume transport was determined (Section I - SI, Section II - SII, Section III - SIII and Section IV - SIV) are indicated by green dashed lines. Red lines denote the repeat WOCE hydrographic sections used in this study (sampling period are presented in table 1). Dark and light gray lines refer to the bathymetry of 1300 m and 4000 m, respectively. The radiating white boundary lines delineate hydrographic sectors. B&A denotes Bellingshausen and Amundsen Sea Sector and PET = Princess Elizabeth Throught. 67 Figure 2: Twenty–year (1992-2011) averaged (summer-only) θ-S diagrams for each Southern Ocean sector as defined in Figure 1. Inserted panels show θ-S diagrams for water column deeper than 500 m. The color bars are indicating neutral density (γn; kg m-3), with brown (gray) gradient referring to ECCO2 (observations) data. Color bar limits of γn=28.4 kg m-3, γn=28.27 kg m-3 and γn=28.1 kg m-3 were chosen to highlight the points referred to Weddell Sea Bottom Water, Weddell Sea Deep Water and Warm Deep Water, respectively. Bottom–right panel includes areal average of all Southern ocean sectors that is distinguished by the marker as indicated by the legend. 68 Figure 3: ECCO2 averaged fields of θ, S and γn for the (a) surface layer - SL (100–150 m), (b) intermediate layer - IL (409–634 m), and (c) bottom layer - BL (3000 m to seabed). Bottomright panels show the difference between reanalysis and observational density fields. 69 Figure 3: (continued). 70 Figure 3: (continued). 71 Figure 4: Two-years ECCO2 averaged density fields of (a) surface layer – SL and (b) bottom layer - BL. Blue colors denote waters lighter than γn = 28.27 kg m−3. 72 Figure 4: (continued). 73 Figure 5: Taylor diagram for each defined layer: (a) surface layer - SL (100–150 m), (b) intermediate layer - IL (409–634 m), and (c) bottom layer - BL (3000 m to seabed) separated by ocean sectors as defined in Figure 1 (Weddell Sea – Wed, Indian – Ind, Western Pacific – WP, Ross Sea – RS and Bellingshausen and Amundsen Sectors - BA). Dark blue, green and light blue points indicate θ, S, and γn, respectively. The gray curves, black short-dash curves, and black short-dash radii refer to normalized standard deviation, centered root-mean-square error, and correlation, respectively. R refers to the observed dataset used as reference for comparison (see the text for details). . 74 Figure 6: Hydrographic properties of repeat section (a) WOCE SR3, (b) WOCE SR4 and (c) WOCE SR2. Averaged fields of θ, S and γn during sections occupations for ECCO2 (left) and observational (right) data. Panels labeled γnrea-γnobs refer to the difference between reanalysis and observational density fields. Dotted lines indicate isolines of θ = 0°C, S = 34.64, and γn = 28.27 kg m-3 of ECCO2 reanalysis (black) and observations (white). Bottom-left panels show average θ-S diagrams for the section. The colorbar indicates neutral density (kg m-3), with brown (gray) gradient referring to ECCO2 (observations) data. Bottom-right panels show the position of the section on the map. 75 Figure 6: (continued). 76 Figure 6: (continued). 77 Figure 7: For the WOCE repeat sections (a) SR3, (b) SR2 and (c) SR4 are presented the percentage of the section area occupied by AABW (upper panels), the average upper AABW limit (middle panels) and AABW layer average density (bottom panels). Squares denote observed estimates. Reanalysis estimates limited to in situ data availability are represented by circles. Open markers denote incomplete section occupation. Black line refers to estimates based on the complete spatial and temporal ECCO2 data. 78 Figure 8: Cross-section I (see Figure 1) (a) averaged velocity field (cm s-1) for the period (February 2003 – January 2005) evaluated by Fukamachi et al. (2010). White dotted lines indicate isotherms; (b) Monthly AABW volume transport (Sv) obtained by ECCO2 data (black line) and Fukamachi et al. (2010) (gray line). Averaged ECCO2 reanalysis estimate is indicated by black dotted line; (c) Monthly AABW volume transport (Sv) for ECCO2 data during the whole data period. Gray box highlights period presented in panel (b). 79 Figure 9: Comparison between monthly time series of current meter (gray) and ECCO2 (black) velocity (cm s-1) at (a) ~4580 m in M2 position and (b) ~3100 m in M3 position (see moorings positions in Figure 1); (c) Monthly ECCO2 time series of current velocity (cm s-1) at M2 position (black line) and M3 position (gray line) during 1992–2011. Both time series are filtered by three-month window moving average. Box highlights period shown in (a) and (b); (d) Neutral density (γn) of ECCO2 data at moorings M2 (black) and M3 (gray). 80 Figure 10: Comparison between monthly time series of current meter (gray) and ECCO2 (black) zonal velocity (cm s-1) at ~2000 m in (a) M229 and (b) M233 position (see moorings position in Figure 1); (c) Monthly ECCO2 time series of volume transport (Sv) cross-Section IV considering the whole water column (black line) and only the AABW layer (gray line). Both time series are filtered by three-months window moving average. (d) Cross-Section IV ECCO2 cumulative volume transport for the whole water column (black line) and AABW layer (gray line), considering the 1992–2011 period (continuous lines) or limited to 1996–2000 period (dashed line). 81 Figure 11: (a) Cross-Section II (Figure 1) annual transport (Sv) based on ECCO2 (black line), observational (gray line; from Fahrbach et al., 2001), and OCCAM data (light gray line; from Kerr et al., 2012a). ECCO2 and OCCAM estimates are based on AABW layer, while observational estimates are focused on WSBW layer; (b) ECCO2 cross-Section II annual (continuous black line) and monthly (continuous gray line) volume transport (Sv) for AABW layer. Monthly time series considering the WSBW layer is also presented (dashed gray line). Box highlights estimates presented in (a); Following the right axis, annual time series velocity from observations (gray line; from Fahrbach et al., 2001) and ECCO2 data (black line). 82 Figure 12: (a) ECCO2 vertically integrated volume transport cross-Section III of the AABW layer, averaged for 1992–2011 period. Shading indicates standard deviation of time average; (b) Averaged density field along Section II. Black, gray and light gray dashed lines indicate AABW average upper limit considering 1992–2011, 2005–2011 and 1992–2004 period, respectively; (c) Annual (thick lines) and monthly (thin lines) cross section AABW (black lines) and WSBW (gray lines) transport. 83 Figure 13: (a) Four-years averages of AABW layer thickness (m) for ECCO2 data, 1992–2010; (b) AABW four-years volume anomalies (m3) relative to the long-term (1992–2011) average; (c)Twenty-year average AABW layer thickness based on in situ data; (d) Twenty-year average AABW layer volume (1012 m3) based on reanalysis data. 84 Figure 14: (a) Annual time series of θ, S and γn for Southern Ocean AABW layer, based on ECCO2 (filled squares) and observational (open circles) data. The vertical gray bars show the standard deviations of annual averages (reanalysis – dark gray; observations – light gray); (b) ECCO2 annual time series of θ, S and γn for Southern Ocean AABW layer for each ocean sector (see Figure 1): Indian (Ind), B&A (BA), Ross Sea (RoS), Western Pacific (WP) and Weddell Sea (We). The latter follows the right axis do the discrepant values. Shaded regions indicate the period during which the reanalysis reproduce unrealistic hydrographic conditions in the Southern Ocean. 85 Figure 14: (continued) 86 Figure 15: (a) Upper panel show a comparison of monthly (gray) and annual (black) time series of sea ice covered area (%) from ECCO2 (continuous line) and remote sensing (dashed line) data. Bottom panel shows monthly (gray) and annual (black) time series of sea ice thickness from ECCO2 data; (b) ECCO2 sea ice covered area (%) annual anomalies relative to the longterm (1992–2011) average 87 Figure 15: (continued) . 88 Figure 16: Wavelet power spectrum of (a) sea ice covered area, (b) sea ice thickness, (c) AABW export in section II, (d) wind stress, (e) zonal wind stress, and (f) meridional wind stress time series using the Morlet wavelet. Shaded area is the cone of influence, where zero padding has reduced the variance. Black contour encloses regions where confidence levels were greater than 95%. Energy units (colorbar) are in log2 form. Left panels show the average energy spectrum. The dashed line indicates the 95% confidence level. 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adcroft, A., Campin, J., Hill, C., and Marshall, J.: Implementation of an atmosphere-ocean general circulation model on the expanded spherical cube. Monthly Weather Review, 132, 2845–2863, 2004. 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