ENCONTRO LATINOAMERICANO DE PASTORES
08 a 12 de outubro de 2015
“A Igreja que Deus quer”
INTRODUÇÃO
E
ste é o tema que escolhemos em oração ao organizar este Encontro. Coube a mim a
responsabilidade de abrir o “fogo” e dar a primeira palavra, e algumas mais, sobre este tema.
Nos congregamos neste lugar com expectativa e fé. Ao mesmo tempo com temor e tremor,
perguntando-nos ou perguntando em oração: “Senhor, qual é a igreja que Tu queres? Como ela
deve ser? Quais são suas principais características? Queremos Te ouvir. Queremos que Tu nos
fales, que Te reveles em nosso meio nesses dias”!
Existe muito desajuste no mundo. E, às vezes, em muitas áreas da igreja. Necessitamos de
clareza, de uma palavra profética. No unimos ao salmista para dizer a Deus: “Envia a tua luz e a
tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos” (Salmos
43:3).
Na nossa primeira carta-convite para este Encontro, antecipamos algo acerca do nosso
peso: “Nosso profundo anelo e oração é que nesses dias recebamos um forte impacto de Deus
para sermos transformados na IGREJA QUE DEUS QUER. Uma igreja “extramuros”; uma igreja que
sai, que vai, que percorre, que pregue, que cure, que sirva, que se mova no poder do Espírito, a fim
de cumprir sua missão no mundo”. Esta carga ou peso que temos de modo algum pretende
substituir ou enfraquecer a revelação que temos recebido em todos estes anos temos recebido
acerca da igreja, mas somar a toda essa riqueza gloriosa a ênfase que estamos necessitando.
Queríamos ter entre nós homens com unção e graça de Deus sobre o tema que temos
proposto, como Carlos Anacondia, Satirio dos Santos, Abe Huber, Enock Adeboye. E, de fato,
convidamos alguns deles, mas disseram-nos que devido aos seus compromissos não poderiam vir.
Pelo menos, não desta vez.
Porém, convidamos o melhor especialista do mundo sobre esse assunto para estar
conosco neste Encontro e, apesar de ter mais compromissos que os irmãos mencionados, nos
disse “sim”, que estará conosco neste Encontro. Refiro-me ao Senhor Jesus Cristo! Amém e
Aleluias!
Tanti – Córdoba – Argentina
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A Igreja Potencial e a Igreja Real
Jorge Himitian
S
egundo a Real Academia Espanhola, um dos vários significados da palavra “potencial” é “que
pode acontecer ou existir, em oposição ao que já existe”.
A igreja real é a igreja que já existe. É o corpo de Cristo, formado por todos aqueles que
nasceram de novo e foram batizados.
A igreja potencial é aquela que ainda não existe, mas que chegará a ser ou poderá se
tornar. Engloba a todos aqueles que ainda não se converteram a Cristo, mas que irão se
converter. À medida em que se transcorre a história, a igreja potencial chegará a ser a igreja real.
E essa transferência será mais efetiva à medida em que a igreja real compreenda a sua missão
transcendental no mundo e se consagre com determinação a essa missão.
Vejamos alguns textos bíblicos que nos ajudarão a compreender o que é a igreja potencial:
Efésios 1:3-6 - “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu
nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele
em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, pela qual nos
fez agradáveis a si no Amado”.
Desde antes da fundação do mundo, Deus já nos escolheu em Seu Filho. Quando a igreja
ainda não existia, Deus já a via. Desde então Ele nos conheceu, nos escolheu em Seu Filho, nos
amou e nos predestinou para sermos Seus filhos. A essa igreja que antes da criação não existia,
podemos chamar de igreja potencial, a igreja que ainda não era, mas que um dia chegaria a ser.
Efésios 5:25b - “Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela”.
A que Igreja ele se refere? Cristo amou a uma igreja inexistente e morreu por ela.
Obviamente ele se refere à “igreja potencial”.
João 21: Quando Jesus disse três vezes a Pedro: “Apascenta/Pastoreia meus
cordeiros/ovelhas”, a que igreja ele se referia? Imagino que ele não estava pensando somente nos
120, mas nos milhares e milhares que se converteriam a partir de Pentecostes. Jesus se referia à
“igreja potencial”.
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Atos 18:10-11 - “E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e
muitos dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados. E disse o Senhor em visão a
Paulo: Não temas, mas fala, e não te cales; porque eu sou contigo, e ninguém lançará mão
de ti para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ficou ali um ano e seis meses,
ensinando entre eles a palavra de Deus”.
De Atenas, Paulo foi para Corinto, outra cidade da Grécia. Ali ele pregou na sinagoga todos
os sábados até que o expulsaram. Mas o principal da sinagoga (Crispo) e muitos dos coríntios
creram e foram batizados.
É evidente que o Senhor via de antemão os milhares que haviam de se converter em
Corinto. Para que isso ocorresse, Paulo deveria ficar naquela cidade e, sem temor, abrir a boca e
proclamar Cristo aos coríntios. Deus estava vendo a igreja potencial.
Paulo disse a Timóteo:
2 Timóteo 2:10 - “Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles
alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna”.
Paulo aceitava o sofrimento por amor aos escolhidos, por amor à igreja potencial, a fim de
que eles obtivessem a salvação.
O testemunho e o exemplo do Apóstolo Paulo
Colossenses 1:24-29:
V.24 - “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro (completo) o resto
das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;”
V.25 - “da qual eu estou feito ministro (diácono) segundo a administração (oikonomían –
economia = planejamento) de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir
plenamente (plerosai – a totalidade de) a palavra de Deus;”
V.26 – “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora
foi manifesto aos seus santos;”
V.27 – “aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os
gentios (etnias = nações), que é Cristo em vós, esperança da glória;”
V.28 – “a quem anunciamos (kerigma), admoestando a todo o homem, e ensinando (didaké) a todo
o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito (teleiós = completo,
maduro) em Jesus Cristo;”
V.29 – “e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim
poderosamente.”
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1. Paulo se regozijava no que padecia.
Paulo não era masoquista. Nenhum de nós gosta de sofrer. É natural, normal evitar o
sofrimento. Se involuntariamente aproximamos nossa mão do fogo, imediatamente a retiramos.
Todos buscam uma posição mais cômoda. Mesmo Jesus tentou evitar o sofrimento ao dizer: “Pai,
se possível, passe de mim esse cálice; mas não seja como eu quero e, sim, como Tu queres”
(Mateus 26:39). Aceitamos o sofrimento quando não temos alternativa ou nos submetemos a ela
para alcançar um bem maior para nós mesmos ou para o bem de outros por amor.
Foi nesse sentido que Paulo disse: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha
carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”.
Cristo sofreu pela igreja potencial. A igreja que ainda não era, que ainda não existia. E ele o
fez por amor. Paulo fez algo semelhante ao dizer: “Cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu
corpo, que é a igreja”. A que igreja ele se referia? À igreja potencial!
2. Paulo completava em seu corpo o que faltava das aflições de Cristo pela igreja.
E aqui nos cabe perguntar: Por acaso o sacrifício redentor de Cristo não foi completo? Ele
não disse na cruz que “Está consumado”?
Não há dúvida disso. A obra de redenção foi completíssima.
Porém, Paulo declarou que ele completava em sua carne (referiu-se ao seu corpo) o que
faltava das aflições de Cristo pela igreja. Como entendemos isso?
Para que a obra completa da redenção chegue aos homens no mundo, falta um grande
sacrifício. Em que consiste esse sacrifício? NA COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO A TODOS OS
HOMENS. Sem essa comunicação, a obra gloriosa e completa da redenção não tem nenhum valor
prático.
A comunicação do evangelho a todos os homens requer, de muitos, padecimentos,
sacrifícios, renúncias, dinheiro, tempo, dons, trabalho, diligência, esforço, disciplina, orações,
lutas, jejuns, sabedoria, coragem, valores, fé e, em alguns casos, prisões, sangue e martírio.
Para que a igreja potencial se transforme em igreja real, é necessário que a igreja real de
hoje se negue a si mesma, abandone sua comodidade, suas lindas reuniões, seu autocentrismo,
tome a sua cruz e siga o exemplo de Jesus.
É muito necessário que a igreja real se transforme em uma igreja extramuros, uma igreja
extrovertida e não introvertida. Na atualidade, a maioria de nós usa 90% de nosso tempo,
dinheiro, dons, ministérios, reuniões, retiros, livros, publicações e energia para dentro, e não para
fora.
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A igreja que Deus quer é a igreja que sai, que vai, que caminha, que percorre, que busca
aos perdidos, que está nas ruas, nas praças, nas casas, nos bairros, nos hospitais, nos cárceres.
A igreja que Deus quer é a igreja que está entre as pessoas, próxima ao sofrimento e a dor,
a igreja que ora e chora pelos perdidos. É a igreja que consola os tristes, cura os enfermos, se
mistura aos pecadores, liberta os cativos, abençoa as famílias e suas casas. É a igreja que sai
andando e chorando, semeando a boa semente, e que volta com alegria trazendo seus molhos
(Salmos 126:6).
A igreja que Deus quer é a igreja que opera através de cada um de seus filhos durante os
sete dias da semana, em todas as partes e em todas as horas. Com cada filho de Deus acordado,
atento e ativo em todo lugar, orando, mostrando a Cristo com sua vida, sua amabilidade, seu
respeito, seu serviço, sua bondade, sua justiça, pregando a Cristo, anunciando o evangelho. Com
cada discípulo disposto a sofrer, a levar o vitupério de Cristo, sem importar-se com as
provocações e gozações; disposto a trabalhar, lutar, cansar, sofrer, desgastar e gastar de si
mesmo para que a igreja potencial se torne a igreja real. Disposto a sofrer tudo por amor aos
escolhidos, para que eles obtenham a salvação que há em Cristo Jesus.
Tudo isso será possível se nós, pastores, nos transformarmos em modelos vivos diante de
nossos irmãos da igreja que Deus quer.
3. Paulo se considerava um diácono da igreja em potencial
A última palavra do verso 25 é “igreja”.
Qual igreja? A real ou a potencial? É claro que ele se refere à igreja potencial. Paulo
começa o versículo seguinte dizendo: “...da qual fui feito ministro”. No grego, a palavra é
“diácono”. Que visão a de Paulo! Ele se considerava um “servidor” da igreja potencial. E a isso ele
consagrou seu ministério.

Em que consiste ser diácono da igreja potencial?
- Em anunciar a totalidade da Palavra de Deus (v.25c)

Em que consiste a totalidade da Palavra de Deus?
- No mistério que estava escondido por séculos, mas que foi revelado aos santos (a igreja real)
(v.26)

Em que consiste esta revelação?
- Em que há uma esperança de glória para as nações. Em que essa esperança de glória é Cristo
em nós, a igreja real. As nações vivem em miséria espiritual e moral, com muita dor e
sofrimento, sem esperança e sem solução no mundo. Eles ignoram o mistério que nos foi
revelado aos santos: que há riquezas de glória em Cristo para eles, que o Criador deles e de
todas as nações os ama desde a fundação do mundo e que tem em Cristo um plano
Tanti – Córdoba – Argentina
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maravilhoso para eles, uma vida cheia de glória e de esperança. Cabe a nós comunicar-lhes
este mistério que Deus nos deu a conhecer.
4. Paulo tinha muito claro o que devia fazer
Ele resume isso muito bem no verso 28:
- Anunciar a Cristo (a totalidade do kerigma), admoestando a todo homem.
- Ensinar (a totalidade do didaké) a todo homem.
- Com um claro objetivo: apresentar todo homem perfeito a Cristo.
5. Paulo havia feito um voto de trabalho forte
Isto significa comunicar o evangelho a todo homem e ministrar a totalidade da Palavra de
Deus a todo homem.
É como ele expressa no verso 29: “...e para isto também trabalho, combatendo
(lutando)...”. Isso significa trabalho duro, penoso, luta intensa. Mas não pelas suas próprias
forças, porém “...segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente”. Uma tradução literal
desta frase seria “segundo a energia Dele, que opera em mim com Seu dynamis”.
Sigamos o exemplo de Paulo!
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A Igreja que Deus quer
2º mensagem
Jorge Himitian
I. O EXEMPLO DA PRIMEIRA IGREJA DE JERUSALÉM
A
primeira expressão da igreja que vemos nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos tem
muito a nos ensinar acerca da igreja que Deus quer:
No dia de Pentecostes, uma das principais obras que o Espírito Santo fez foi tirar os 120
discípulos das quatro paredes do Cenáculo, “jogá-los” na rua e colocá-los em contato com
milhares de pessoas que não conheciam ao Senhor. Essa é uma das consequências mais
importantes de um avivamento genuíno.
Atos 2:5,6 – “E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as
nações que estão debaixo do céu. E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma
multidão...”
Atos 2:12-14 – “E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os
outros: Que quer isto dizer? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de vinho. Pedro,
porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes...”
A partir de então, a igreja de Jerusalém se instalou no centro da cidade, não tinha um
endereço legal e nem real. Quando Lucas se refere a esta igreja simplesmente diz: “a igreja que
estava em Jerusalém” (Atos 8:1b).
Essa igreja nasce na rua, cresce e se multiplica pelas ruas e casas da cidade. Está na praça
central diante do Templo, no mercado e em todos os bairros.
A igreja que Deus quer é uma igreja visível, acessível às pessoas. Não enclausurada nos
“templos”. Os católicos têm trancado “Cristo” em seus santuários. O guardam bem escondido,
bem protegido. Os evangélicos têm trancado a presença de Cristo em seus lugares de culto, em
suas reuniões. Dizemos: “Onde há dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”.
Geralmente citamos esta declaração de Cristo quando estamos dentro de um salão de reuniões,
mas Jesus não limitou sua presença a esses recintos.
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Onde foram batizados os 3000 que se converteram no dia de Pentecostes? Imagino que foi
em um lugar público.
Os milagres, os prodígios, os sinais aconteciam nas ruas. O paralítico foi curado por Pedro
e João na porta do templo de Jerusalém às 3 horas da tarde. Lucas disse: “E todo o povo o viu
andar e louvar a Deus” (Atos 3:9). Tal foi o impacto disso que milhares de dispuseram a ouvir a
mensagem de Pedro e, embora ele e João foram parar no cárcere, 5000 homens se converteram
nesse dia (Atos 4:4).
Os sinais são para os incrédulos, não para os crentes. A igreja que Deus quer é aquela que
se move nos dons do Espírito, mas principalmente na rua, em meio às pessoas. É ali onde estão os
endemoninhados, os enfermos. Os prodígios e milagres acontecem geralmente na rua e não no
“templo”.
Atos 5:12-16 – “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos
apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão. Dos outros, porém,
ninguém ousava ajuntar-se a eles; mas o povo tinha-os em grande estima. E a multidão dos
que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais. De sorte que
transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao
menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades
circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de
espíritos imundos; os quais eram todos curados.”
A igreja que Deus quer é a igreja que está onde Deus quer estar, próxima aos pecadores,
aos desgarrados, aos que sofrem; próxima à dor, à necessidade, à enfermidade. É a igreja que
está próxima das pessoas, que se arrisca, que responde às perguntas difíceis, que não se cala, que
proclama e exalta a Cristo, que prega sua crucificação, que anuncia sua ressurreição, que
apresenta às pessoas um Cristo vivo, que proclama seu senhorio. É a igreja que denuncia o
pecado; que chama os pecadores ao arrependimento, ao batismo para perdão dos pecados.
A igreja que Deus quer é a igreja que discipula os batizados, que persevera na doutrina,
nas orações, na comunhão uns com os outros, no partir do pão. Não o faz apenas em um contexto
religioso, mas fraterno, sincero, nas casas. Não o faz na solenidade e seriedade de um ato litúrgico
de uma religiosidade formal, mas comendo juntos com alegria e singeleza de coração. É uma
igreja sem “igreja”. Não se reúne em lugares “sagrados” ou “consagrados”, mas nas casas, na
praça principal. Quando a Palavra diz “no templo” não significa que eles estavam “dentro” do
templo, mas fora, na entrada do templo, onde se concentravam as pessoas, ao ar livre.
A igreja que Deus quer é uma igreja que não tem medo, não está escondida; tem valor,
coragem, ousadia para anunciar o evangelho a quem quer que seja. Não acomoda sua mensagem
para agradar ou para não escandalizar o mundo. Sabe bem que pregar em Jerusalém que Jesus de
Nazaré é o Messias significa colocar a vida em risco; mas nada lhe importa. Os discípulos estão
dispostos a serem encarcerados, açoitados e, ainda, a morrer, mas decididos a seguir anunciando
que JESUS CRISTO É O SENHOR.
Não tem medo dos governantes, não lhe importa ser levada ao cárcere e comparecer
diante de governantes e líderes religiosos. Ao contrário. Diante da pergunta das autoridades,
depois do milagre da cura de um homem coxo de ambas as pernas, Pedroresponde:
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Atos 4:7-10 – “E, pondo-os no meio, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem
fizestes isto? Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós,
anciãos de Israel, visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem
enfermo, e do modo como foi curado, seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de
Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.”
E, diante da intimidação dos governantes para que de nenhuma maneira falassem ou
ensinassem no nome de Jesus, Pedro e João lhes respondem:
Atos 4:19,20 – “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo,
diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar
do que temos visto e ouvido.”
Em uma segunda ocasião, Pedro e João são presos no cárcere público pelo
sumossacerdote e pelos saduceus; mas à noite um anjo do Senhor abre as portas da prisão,
tirando-os de lá e dizendo: “Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras
desta vida” (Atos 5:17-20). É muito evidente que Deus não quer que a igreja esteja trancada,
presa. O anjo libera os apóstolos para que continuem anunciando nas ruas a mensagem da
salvação.
Presos novamente, interrogados e açoitados desta vez, são ameaçados para não pregarem
mais. Porém, eles saem alegres da presença do sinédrio por haver sido dignos de padecer por
causa do Nome. E o excelente verso 42 do capítulo 5 de Atos diz: “E todos os dias, no templo e nas
casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”.
II. O EXEMPLO DO MINISTÉRIO TERRENO DE JESUS CRISTO
D
evemos ler, estudar e inspirar-nos no exemplo do ministério de Cristo enquanto esteve na
Terra, como modelo da missão da igreja no mundo.
Hebreus 10:5,7 - “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas
corpo me preparaste... Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de
mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
Que fez Jesus estando em seu corpo físico? Como começou seu ministério? Começou do
zero. Não tinha nada, nem ninguém.
 Mateus 4:17: Depois que João Batista foi encarcerado, Jesus saiu às ruas, às praças
para encontrar-se com as pessoas, dizendo: “Arrependei-vos, pois é chegado o reino
dos céus”. Ele se aproximava das pessoas e, ao fazê-lo, as aproximava do reino de
Deus.
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 Mateus 4:18,19: “E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão,
chamado Pedro, e André, seu irmão... e disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens.”
 Mateus 4:21,22: “E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos... e chamou-os...”

Mateus 4:23: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando... e pregando... e
curando...”
 Mateus 5:1,2: “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte... e, abrindo a sua boca, os
ensinava...”
 Mateus 8:1-3: “E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. E, eis que
veio um leproso... Jesus, estendendo a mão, tocou-o... E logo ficou purificado da
lepra.”
 Mateus 8:5-13: Ao centurião que lhe rogou por seu criado paralítico, Jesus disse: “Eu
irei, e lhe darei saúde.” Mas o centurião respondeu-lhes: “Senhor, não sou digno de
que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há
de sarar.”
 Mateus 8:14-17: Ele entrou na casa de Pedro e tocou a mão de sua sogra enferma com
febre, e a febre a deixou.
 Mateus 9:35,36: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas
sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e
moléstias entre o povo. E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque
andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.”
E, se seguirmos lendo os quatro evangelhos, veremos Jesus sempre tomando a iniciativa
de aproximar-se das pessoas, mesclar-se com os pecadores, colocar-se onde estava a
necessidade, ministrar-lhes com palavras e com milagres.
Que deve a igreja fazer hoje? Seguir o exemplo de Jesus e consagrar-se para fazer a
vontade de Deus. Qual é essa vontade? Estar próxima das pessoas, próxima dos que sofrem,
próxima dos perdidos, próxima dos desgarrados, próxima dos enfermos, próxima do que estão
sem esperança e sem Deus no mundo.
O peso de Jesus era, e ainda é, por obreiros. Ao ver as multidões como ovelhas sem pastor,
ele disse a seus discípulos: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao
Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara” (Mateus 9:37,38). Especificamente, o
peso de Jesus era por ceifeiros.
Em tempo de colheita todos diminuem seus trabalhos para dedicar-se à colheita. O tempo
da colheita é um kairós que não dura para sempre.
Somos muitos os pastores, mas poucos os ceifeiros. Eu estranho homens como Tatikian,
como Iván Baker...! Devemos orar por obreiros-ceifeiros. Oremos para que Deus nos faça
ceifeiros.
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O campo é o mundo. Deus nos quer como obreiros envolvidos no campo, tocando com as
mãos as espigas, tocando as pessoas, abraçando-as, amando-as, conhecendo-as, ouvindo seus
problemas, orando com elas, levando-lhes uma palavra de esperança, de consolo, de fé. Dandolhes ânimo, fazendo-lhes saber que são valiosas, que são amadas por Deus, que são importantes,
que Deus as conhece, que tem um plano maravilhoso para suas vidas.
A igreja já está envolvida no mundo em seis dias da semana. Cada filho de Deus está
inserido no meio do seu bairro, no meio do seu lugar de trabalho ou estudo... mas a maioria deles
está “desativada” quanto à sua missão. Necessitamos ser exemplos e orar para que Deus nos
transforme em ceifeiros. Isso é algo sobrenatural. Somente Deus pode colocar no coração dos
irmãos o desapego pelo material, o renunciar às comodidades que a vida moderna oferece e
colocar em seus corações a paixão pelos perdidos.
III. O CORPO DE CRISTO HOJE
D
eus é um Deus de amor, um Deus sensível; um Deus que vê, que ouve a situação das pessoas
no mundo. É um Deus que desce, que intervém para ajudar as pessoas que sofrem.
Segundo Êxodo 3, Deus apareceu a Moisés na sarça e, diante da solenidade daquele
encontro, Moisés cobriu o seu rosto porque teve medo de ver a Deus. Jeová lhe disse (vs.7,8,10):
“TENHO VISTO atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito,
...e TENHO OUVIDO o seu clamor por causa dos seus exatores,
...porque CONHECI as suas dores.
Portanto DESCI para livrá-lo da mão dos egípcios...
Vem agora, pois, e eu te enviarei...”
Isto foi uma “teofania”. Deus se manifestou a Moisés em uma sarça que ardia e não se
consumia. Deus desceu para enviar a Moisés.
Mas, séculos depois, Deus continuou vendo a condição do mundo, ouvindo o gemido das
pessoas, conhecendo seus sofrimentos, sabendo da situação de cada família, a angústia que havia
em cada coração; e Deus agiu em favor da humanidade. Mas, desta vez, Deus mesmo é quem
desceu. E não foi uma teofania. O Verbo se fez carne. Deus veio em pessoa em Seu Filho para
salvar o mundo.
A encarnação foi a primeira etapa do plano salvador de Deus a favor da humanidade. A
segunda etapa da ação salvadora de Deus é mediante o “outro corpo” de Cristo, que é a igreja.
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AS DUAS ETAPAS DA INTERVENÇÃO SALVADORA DE DEUS
Essas duas etapas estão mencionadas claramente na seguinte passagem bíblica:
Efésios 4:7-12 – “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de
Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora,
isto - ele subiu - que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da
terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para
encher todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e
outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento
dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.
Efésios 4:15,16 – “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as
juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua
edificação em amor”.
1. A Primeira Etapa

Um Deus que desceu até as partes mais baixas da terra.
A primeira parte dessa passagem de Efésios faz referência ao acontecimento mais
extraordinário da história do universo: o Criador Se fez criatura! O Verbo Eterno, aquele que no
princípio estava com Deus e era Deus, se fez carne. Deus Se fez homem! É algo impossível de
imaginar. Isso é o amor e a misericórdia de Deus.
“Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto - ele subiu que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra?”
Em Filipenses 2:6-8, Paulo diz: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser
igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo...”. Ele esvaziou-se de si mesmo, se fez nada, se
desvestiu de sua realeza, de sua majestade e se fez servo, semelhante aos homens. Andou entre
os homens. Se misturou com os pecadores. Comeu na mesa de um homem corrupto como
Zaqueu. Se aproximou de um leproso, o tocou e o curou. Se assentou com prostitutas e
publicanos. Permitiu que uma mulher pecadora beijasse e acariciasse seus pés. Libertou dois
endemoninhados na região de Gadara. Pode-se dizer que ele desceu às partes mais baixas da
Terra. E assim agiu durante seus três anos de ministério.
Finalmente foi preso como um culpado, amarrado, açoitado, zombado, cuspido, injuriado,
insultado, acusado de ser um blasfemo. Foi condenado, crucificado entre criminosos. Mas tudo
isso foi a menor parte do seu sofrimento. O pior foi que ele, que não conhecia pecado, se fez
pecado. Carregou sobre seu corpo a nossa imundície e a de toda a humanidade. O fez
voluntariamente, por amor. O bendito Filho de Deus foi feito maldição. O autor da vida
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experimentou a morte. Quando estava na cruz foi tanta a dor que sentiu pela ausência de Deus,
que não aguentou mais e gritou: “Deus meu, Deus meu, por quê me desamparaste?” (Mateus
27:46). A ausência de Deus é terrível!
Hoje o mundo sofre, chora, geme, tem muita dor pela ausência de Deus em suas vidas, em
suas famílias. Apesar de que essa ausência de Deus é algo parcial e pode ser revertida. Pois, se o
homem deixar sua soberba e se humilhar, Deus entra e passa a habitar em seu coração. Assim
como Deus é Onipresente, hoje Sua presença se encontra em alguma medida em todas as partes.
Mas existe uma ausência total e eterna de Deus. E isso acontece após a morte. Quando
alguém morre sem Deus, vai para o inferno. O inferno é terrível, pois significa a ausência total e
eterna de Deus. Foi essa justamente a ausência que Jesus experimentou na cruz quando levou
nossos pecados e o juízo de Deus caiu sobre ele. Por isso ele gritou desse modo na cruz, devido à
total ausência de Deus.
E, uma vez morto (morte significa separação), Jesus desceu em espírito ao Hades, à
morada dos mortos. Segundo o relato de Jesus (Lucas 15), ali havia dois lugares: um de descanso
e consolação, chamado “seio de Abraão”, e outro de tormento e grande sofrimento. De lá ele
“levou cativo o cativeiro”, o levou ao céu, e selou a condenação dos que haviam sido
desobedientes.

Subiu acima de todos os céus
O versículo 10 declara: “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas.”
Efésios 1:21-23 completa essa revelação ao proclamar:
“Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se
nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus
pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a
plenitude daquele que cumpre tudo em todos.”
A maior vitória da história é a ressurreição e exaltação de Cristo, levantado pela suprema
grandeza do poder do Pai sobre tudo o que existe!
A grande pergunta que surge é: Para que desceu? Para que subiu? A resposta está na
última frase do versículo 10:
“Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher
todas as coisas.”
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
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Para encher tudo
Encher com sua presença, encher com sua vida, com sua luz, com sua graça, com seu
amor, com seu poder. Para isso ele veio, para isso desceu, para isso morreu, para isso ressuscitou
e foi exaltado, para encher tudo de si mesmo.
O que o Senhor tem em Seu coração hoje? Qual é o plano Dele? Qual é o objetivo Dele?
ENCHER TUDO! Ele quer encher cada casa, cada coração. Ele vê como está cada família. Ouve o
gemido, o choro de cada pessoa. Conhece a angústia de cada coração e deseja encher a todos
com a Sua presença.
Encher tudo significa encher cada família, cada negócio, cada empresa. Ele quer encher as
escolas, as universidades, as fábricas, as câmaras de deputados, de senadores, os palácios de
governos, cada ministério, cada instituição. Todas as casas de todos os bairros, todas as cidades,
todas as nações.
Sem a Sua presença, por mais que a sociedade mostre uma fachada de felicidade, de êxito
e de diversão, é somente uma falácia, uma mentira. Porque, sem Sua presença, a humanidade
vive um triste e terrível vazio de Deus.
2. A Segunda Etapa
Para alcançar seu objetivo de encher tudo, Jesus tem uma estratégia e vai cumpri-la
através de seu corpo, que é a Igreja.

O corpo que Cristo tem hoje na Terra
O Verbo se fez carne. Foi concebido no ventre de Maria por obra do Espírito Santo. Ele
tinha um corpo físico igual a qualquer outro ser humano, porém, sem pecado. Esperou trinta anos
para iniciar seu ministério. Consagrou seu corpo à missão para a qual havia vindo ao mundo.
Durante três anos e meio trabalhou incansavelmente. E pode fazê-lo porque tinha um corpo.
Com esse corpo físico ele morreu na cruz. Foi sepultado. Ao terceiro dia ressuscitou com
um corpo glorificado. Com esse corpo ascendeu aos céus e hoje está sentado à destra de Deus
Pai.
Mas, hoje, Jesus tem um outro corpo na Terra: a igreja. A figura ou expressão mais usada
no N.T. para referir-se à igreja é corpo de Cristo.
Paulo declara em Efésios 1:22,23: “...e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da
igreja, que é o seu corpo”. Cristo é a cabeça, nós somos os membros. Um corpo que está bem
ajustado e unido entre si. Os membros estão unidos uns aos outros mediante as juntas
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(articulações). O corpo é um organismo vivo; tem movimento, é algo dinâmico, se desloca,
trabalha e tem a capacidade de alcançar seus objetivos.
O corpo tem também um espírito; de outro modo seria um cadáver. Todos os membros do
corpo de Cristo têm o mesmo espírito. Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho
para sentirmos o mesmo que Seu Filho, para que pensemos igual a ele, vivamos e trabalhemos
como ele, consagremos nossos corpos, como membros de Cristo, à mesma missão à qual ele se
consagrou. Por isso Paulo disse: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus...” (Filipenses 2:5).
A igreja tem uma missão na Terra: ENCHER TUDO DE CRISTO!

Cada um dos membros do corpo de Cristo tem uma função
Efésios 4:7 diz: “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de
Cristo”. Isso inclui todos os filhos de Deus. A cada um foi dada a graça. A palavra “graça” tem na
Bíblia dois significados: (1) Sinônimo de misericórdia; (2) A habilidade ou capacidade para fazer
uma determinada coisa. É nesse segundo sentido que ela é usada aqui.
Cada filho de Deus, como membro do corpo de Cristo, tem uma parte ativa dentro do
plano de Deus. Todos recebem uma medida de graça para trabalhar no plano de Cristo.
Nem todos temos a mesma medida de graça, mas, sim, alguma medida dela. Na parábola
dos talentos uns receberam cinco, outros dois e outro um. Mas todos receberam algo.

A capacitação dos santos para a obra
Efésios 4:11,12: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento
(capacitação) dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”.
Não temos tempo para descrever a função de cada um destes quatro ministérios
(tampouco o texto o faz), mas aqui diz muito claramente qual é a função principal destes
ministérios em forma conjunta: “Capacitar os santos para a obra do ministério, para a edificação
do corpo de Cristo”.
- Qual é a função destes ministérios? “Capacitar os santos”.
- Capacitá-los para que? “Para a obra do ministério”.
- Qual é essa obra? “A edificação do corpo de Cristo”.
Paulo combina aqui magistralmente duas metáforas da igreja: um edifício e um corpo. O
edifício se edifica; o corpo cresce.
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Permitam-me deter-me na figura da edificação. Jesus disse: “Eu edificarei a minha igreja”
(Mateus 16:18). A edificação da igreja ainda não foi concluída, de modo que a igreja é uma obra
em construção.

A igreja: uma obra em construção
Há duas coisas indispensáveis para o avanço de uma obra em construção. E há, ainda, uma
terceira que eu irei mencionar:
1) Que constantemente cheguem materiais: ladrilhos, areia, cimento, cal, pedra, ferro, madeira,
água... Em uma obra em construção continuamente chegam caminhões trazendo materiais novos
e, assim, a construção não se detém.
Esta metáfora corresponde à EVANGELIZAÇÃO. A evangelização torna possível que
constantemente cheguem pessoas novas a Cristo. Homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos,
pecadores, pobres, ricos, sadios, enfermos, endemoninhados, angustiados...
De quem depende? De cada um de nós, os filhos de Deus. Todos temos recebido vida,
graça, luz, salvação, Palavra de Deus, Espírito Santo, fé, alegria, paz, reino, vida eterna. E,
sobretudo, temos a Jesus Cristo. E o que temos recebido podemos dar a outros. Pedro disse ao
paralítico: “O que eu tenho, te dou” (Atos 3:6).
Nós, como corpo de Cristo na Terra, também devemos descer até as partes mais baixas da
Terra. Até os mais pobres, miseráveis, necessitados. Devemos alcançar a prostituta, o
narcotraficante, o alcoólico. Mas temos que saber que as partes mais baixas da Terra não são
apenas essa classe de gente. Estive há pouco tempo no Equador e, ao terminar de pregar esta
mensagem, aproximou-se para me cumprimentar um jovem casal. Eles me contaram que
trabalham em um banco do Equador. “Ui!”, eu lhes disse, “estão trabalhando nas partes mais
baixas da Terra”. “Sim”, disse-me ele, “aquilo é um antro!”
Quais são as partes mais baixas da Terra hoje? Lá onde se tomam as decisões mais
importantes, onde está o dinheiro, onde está o poder. Nos tribunais, no palácio do governo, nos
ministérios, nas grandes empresas, nas grandes incorporações. Em todos esses lugares devemos
chegar com Cristo, porque Seu plano é ENCHER TUDO.
Vamos, pois, a todos, sem condenar ninguém. Constantemente temos que ver conversões,
batismos, confissões, libertações, curas.
2) Que haja obreiros.
Se não há obreiros, ainda que cheguem novos materiais, a obra paralisa. Isso corresponde
ao DISCIPULADO. Cada material que chega em uma obra de construção passa pelas mãos de um
pedreiro. Cada ladrilho é pego em suas mãos e trabalhado. Embora hoje em dia existam máquinas
para realizar certas tarefas, a obra de Deus é sempre algo artesanal. Cada vida deve ser edificada
por um discipulador. Cada novo discípulo necessita ser conhecido, amado, ouvido, atendido,
curado, batizado, ensinado, aconselhado, ministrado, animado, coberto em oração, integrado à
igreja, até que seja cheio de Cristo e se transforme em um obreiro do Senhor.
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Não há nada mais triste do que ver uma obra em construção paralisada; e isto acontece
tanto por falta de materiais quando por falta de obreiros. Com o passar das semanas e dos meses
é triste notar que as paredes continuam na mesma altura.
3. O ritmo é algo muito importante em uma obra em construção.
Os obreiros estão lá cada dia desde cedo, com ritmo e entusiasmo. Os caminhões seguem
chegando com novos materiais. Quando alguém retorna à obra depois de certo tempo, vê o
progresso, o avanço. Esse é o quadro de uma igreja viva, ativa, onde há oração, evangelização e
discipulado, fé, ânimo, alegria, entusiasmo, crescimento, multiplicação. Toda a igreja
comprometida na edificação do corpo de Cristo.

A capacitação básica dos santos
Capacitar-lhes para a evangelização.
Todos devem ser instruídos e treinados para orientar os novos nos passos iniciais de sua
conversão:
- O arrependimento
- O reconhecimento de Jesus como Senhor
- O batismo nas águas
- O batismo no Espírito Santo
Assim como fez Pedro com os 3000 que lhe perguntaram: “O que faremos?” (Atos
2:37,38). Assim como Ananias orientou a Saulo (Atos 9:17,18).
Capacitar-lhes para o discipulado.
1. Que saibam ensinar com graça o didaké (a doutrina dos apóstolos).
Os mandamentos que nos revelam a vontade de Deus (Mateus 28:19,20).
A maior parte do didaké podemos encontrar nos seguintes dez capítulos: Mateus 5, 6 e
7; Efésios 4, 5 e 6; Romanos 12, 13, 14 e 15.
2. Que saibam comunicar com unção e fé o kerigma apostólico.
As verdades que nos revelam a pessoa e obra de Cristo.
O kerigma revela e proclama quem é Jesus Cristo:
- João 1:1-18; Filipenses 2:5-11; Colossenses 1:12-23; Hebreus 1:1-3.
O kerigma revela e proclama a obra de Cristo:
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- A obra de Cristo por nós: a obra completa da redenção
- A obra de Cristo em nós: O Espírito Santo
- A obra de Cristo entre nós: fazendo-nos sua igreja
- A obra de Cristo através de nós: nossa missão no mundo
3. Que aprendam a mover-se nos dons do Espírito.
1 Coríntios 12:4-11.
4. Que aprendam a servir segundo seus dons
Romanos 12:4-7
De acordo com a estratégia de Deus, toda a igreja é um seminário e cada filho de Deus é
um seminarista que deve ser capacitado para a obra. Os pastores, evangelistas, profetas e
apóstolos são os professores deste seminário, cuja função principal é capacitar os santos para a
obra da edificação do corpo de Cristo.
CONCLUSÃO
C
reio que todos os que aqui estamos temos o vivo desejo de sermos A IGREJA QUE DEUS
QUER.
Inspirados no exemplo da primeira igreja de Jerusalém, inspirados no sublime modelo do
ministério terreno de Cristo e diante da revelação do mistério da igreja como corpo de Cristo hoje
na Terra, necessitamos rever e avaliar nossa realidade, nosso funcionamento e realizar as
mudanças que o Espírito Santo nos aponta, a fim de sermos a igreja que Deus quer.
O tempo urge. Nossas nações necessitam imperiosamente da ação da igreja. Jesus Cristo
quer agir poderosamente por meio do corpo que ele tem na terra hoje.
Oremos para estar à altura da expectativa do Senhor e de Seu objetivo de ENCHER TUDO.
Facilitemos para Cristo a sua grande ação salvadora em meio às nações, até que toda a Terra seja
cheia do conhecimento da Sua glória! Amém!
Tradução e Digitação: Pr. Luiz Roberto Cascaldi ([email protected])
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A igreja que Deus quer