REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 36 Simulação da Transmissão e Recepção OFDM Aplicada ao Padrão ISDB-TB J. N. C. de Oliveira1, V. V. Valenzuela2, J. E. W. Moreira3, M. S. Alencar4 1,2,3 Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, AM 4 Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo – A multiplexação por divisão em frequência não é uma técnica nova, e aparece na camada de transmissão dos padrões de TV Digital DVB e ISDB com sinais ortogonais. Com isso, surgiram simuladores para a avaliação do comportamento de sinais de TV Digital em canais de comunicação, em ambientes de transmissão degradados. Embora esses simuladores tratem o sistema com confiabilidade, nota-se que não houve uma preocupação em realizar um detalhamento dos sinais OFDM para entender os seus conceitos, técnicas e equações. E este fato torna-se mais isolado se a simulação for do padrão ISDB-TB. Este artigo vem preencher essa lacuna apresentando uma abordagem tutorial do subsistema de transmissão e recepção com a técnica OFDM, ao mesmo tempo em que são apresentadas as descrições dos funcionamentos de seus subsistemas, das expressões que permitem determinar a influência dos parâmetros de configuração sobre sua operação, são apresentados os sinais básicos envolvidos na geração e recepção de um sistema OFDM ISDB-TB. Palavras-Chave – OFDM, ISDB-TB, ISI, 64-QAM, FFT, IFFT, transmissão, recepção. I. INTRODUÇÃO técnica de transmissão OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) é amplamente utilizada nos sistemas digitais de comunicação atuais, tais como Radiodifusão Digital (DAB - Digital Audio Broadcasting) [1]; Televisão Digital (DVB-T/T2/H/C2 - Digital Video Broadcasting – Terrestrial/Handheld/Cable) [2], ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial) [3]; Redes sem fio (Wireless LAN IEEE 802.11a) [4]; Telefonia Fixa (ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line) [5] e Telefonia Móvel 4G [6]. A simulação da técnica OFDM está presente na literatura, em que se pode citar OFDM aplicado ao padrão DVB [7-9], OFDM aplicado ao padrão ISDB-TB como um simulador de desempenho [10, 11]. Dado um canal específico, o projetista do sistema de comunicação deve decidir quão eficientemente utilizar a largura de banda de maneira a transmitir confiavelmente a informação dentro das restrições de potência do transmissor e da complexidade do receptor. Em um canal linear não ideal, com uma taxa de transmissão R símbolos/s, a dispersão no tempo é geralmente muito maior que o recíproco da taxa de símbolos, tendo como resultado a interferência intersimbólica (ISI). Uma abordagem que tem proporcionado resultados A J. N. C. de Oliveira, V. Vermehren V. e J. E. W. Moreira, Departamento de Engenharia Elétrica da UEA. Marcelo S. Alencar, Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG. Artigo recebido em 09 de setembro de 2013. Artigo aceito em 04 de novembro de 2013. satisfatórios para o projeto de um sistema de comunicações é subdividir o canal em subportadoras. Em um esquema como o OFDM, um grande número de subcanais ou subportadoras ortogonais, sobrepostas e de banda estreita, transmitidas em paralelo, divide a largura de banda disponível. A separação das subportadoras é mínima para que a utilização espectral seja eficiente [12]. O atrativo da técnica de multiplexação OFDM reside, principalmente, em sua capacidade de resolver a interferência multipercurso no receptor. Sinais com propagação em multipercurso geram dois efeitos: desvanecimento seletivo e ISI. O uso de códigos corretores de erro robustos em conjunto com entrelaçamento de tempo e frequência diminui o efeito de desvanecimento seletivo. A inserção de um intervalo de guarda extra entre símbolos OFDM consecutivos pode minimizar o efeito da ISI. Entretanto, deve-se dar atenção a dois aspectos da técnica OFDM: a banda dinâmica extensa do sinal, também conhecida como relação de potência pico-média (PAR) e sua sensibilidade a erros de frequência. A Figura 1 apresenta o diagrama em blocos simplificado do subsistema de transmissão do padrão ISDB-T, desenvolvido para operar com diversos tipos de serviços, ocupando um canal de TV com largura de banda de 6 MHz [3]. O sistema é flexível e possibilita combinar serviços, como a recepção portátil, móvel e fixa com proteção diferenciada de erros em um mesmo canal. O sistema utiliza a técnica de transmissão segmentada por bandas (BST-OFDM), na qual o espectro de 6 MHz, destinado ao serviço de TV é segmentado em 14 partes, com 13 segmentos empregados efetivamente na transmissão de sinais e um segmento utilizado como banda de guarda. Desta forma, cada segmento utiliza uma largura de banda correspondente a 6/14 MHz = 428.57 kHz. Os treze segmentos com uso efetivo podem ser combinados em até três camadas hierárquicas chamadas de Layer A, Layer B e Layer C. No Brasil foi desenvolvida e adotada uma versão modificada do sistema ISDB-T, chamada de ISDB-T versão B (ISDB-TB). As principais diferenças entre a versão brasileira e o ISDB-T são a canalização de RF, o middleware, o canal de interatividade e a máscara de transmissão [13]. Fluxo de bits Mapeador 64-QAM Mux Serial/Paralelo (S/P) IFFT Intervalo Guarda, CP DAC Fig. 1: Diagrama em blocos simplificado do subsistema de transmissão do padrão ISDB-TB [14]. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 II. TRANSMISSÃO OFDM – ISDB-TB A. O Sistema ISDB-Tb e o Cenário de Simulação. Matematicamente, o sinal OFDM é expresso como uma soma de pulsos deslocados em tempo e frequência e multiplicados pelos símbolos de dados. A equação para um símbolo OFDM é expressa por [16-17]. -1 j2π f c - Tn (t-kTs ) 2 s(t ) = Re sn,k e , n=- Ns2 Ns U (1) s(t ), kTs t kTs TU s(t ) 0, t kTs t kTs TU , sendo em que sn,k são símbolos complexos da modulação (no nésimo símbolo complexo, transmitido na k-ésima portadora), TU é tempo de duração da parte útil da portadora, Ns é o número de subportadoras, TS a duração do símbolo (tempo entre dois símbolos OFDM consecutivos), e fc a frequência da portadora. Outra forma de apresentar (1), de modo a verificar sua semelhança a uma IDFT, e dado como sinal OFDM emitido, é escrita como segue [14]. 204 1405 s(t ) e j 2 fct sm,n,k m,n,k (t ) , m 0 n 0 k 1 (2) em que e m,n,k (t ) k n m TS TU Tg fc k’ sm,0, k j 2 Tk ' ( t Tg nTS 204mTS ) U 0, , ( n 204 m)TS t ( n 204 m 1)Ts caso contrário representa o número da portadora; é o número do símbolo complexo OFDM; representa o número do quadro transmitido; duração do símbolo; é o tempo de duração da parte útil da portadora; duração do intervalo de guarda; frequência central da portadora de RF; índice da portadora relativo à frequência central, k′ = k – (1 + 1405) / 2; símbolo complexo para portadora k, do símbolo nº 1, no quadro número m; sm,n, k ... O artigo descreve o mapeamento dos bits considerando seus processos internos tais como modulador 64-QAM, intervalo de guarda, janelamento, conversão D/A e a Transformada Inversa Rápida de Fourier (IFFT), ou seja, a descrição de cada um dos passos envolvidos e a geração de seus respectivos sinais por meio de simulação em MatlabTM [15]. Vale salientar que foi utilizada somente a regulação normativa da transmissão do padrão ISDB-TB [13], já que o sistema de recepção deve ser aberto e geral para promover a competição entre os fabricantes. 37 símbolo complexo da portadora k, do símbolo nº 2, no quadro número m; sm,203,k símbolo complexo da portadora k, do símbolo nº 204, no quadro número m. A simulação utiliza o chamado modo 1 (2k) do padrão ISDB-TB, uma vez que a taxa útil de transmissão não depende do modo de operação e sim do esquema de modulação, de parâmetros do estágio de codificação de canal e do intervalo de guarda. O cenário escolhido para a simulação é a alta definição com camada hierárquica única. Este cenário utiliza todos os 13 segmentos efetivos para proporcionar banda suficiente para operação com sinais de áudio e vídeos em alta definição [10]. Desta maneira, o esquema de modulação empregado é o 64QAM e o uso destina-se ao serviço de recepção fixa. Qualquer outro cenário pode ser simulado seguindo a sequência apresentada, bastando para isso realizar as devidas adequações dos parâmetros. O sinal transmitido OFDM é organizado em quadros, cada quadro tem duração TF, e consiste de 204 símbolos OFDM. Cada símbolo no modo 1 (2k) é constituído por um conjunto de K = 1.405 portadoras transmitidas com duração TS. A duração TS do símbolo é composta de uma parte útil com duração TU e um intervalo de guarda com duração Tg. Os valores numéricos específicos dos parâmetros OFDM para o modo 1 (2k) são exemplificados na Tabela I. O passo seguinte é implementar (2). O padrão ISDB-TB, como mencionado, especifica uma grande quantidade de portadoras para transmitir cada símbolo, o que torna inviável a obtenção do sinal OFDM com uso de osciladores de frequência, pois o critério de ortogonalidade exigido pela técnica somente é atendido com o perfeito sincronismo entre os osciladores. A implementação prática de OFDM tornou-se possível com o advento de Processadores de Sinais Digitais (DSPs) com funções embutidas da transformada rápida de Fourier (FFT) [18]. O restante do artigo descreve a implementação dos valores e referências do exemplo ISDBTB. Considerando a Equação (2) para o período de t = 0 a t = TS, obtém-se: 1405 j 2 k '( t Tg )/TU s(t )= Re e j 2 fct s0,0,k e , k 1 (3) com k’ = k – (1 + 1405) /2. Observe que há uma semelhança entre (3) e a transformada inversa discreta de Fourier (IDFT): xn N 1 1 N X qe j 2 nNq . (4) q 0 Considerando que existem diversos algoritmos eficientes da FFT para calcular a DFT e sua inversa, (4) é uma forma para gerar N amostras de xn, correspondendo ao período TU de cada símbolo. O intervalo de guarda é adicionado tomando-se cópias do último NTg/TU dessas amostras e anexando-as à frente. Uma subsequente conversão fornece o sinal s(t) centrado na frequência fc. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 TABELA I PARÂMETROS OFDM – ISDB-TB Parâmetro modo 1 (2k) T (Período elementar) 7,875/64 µs K (Total de subportadoras) 1.405 (108x13+1) Comprimento do quadro OFDM 204 símbolos Largura de banda (1 segmento) 428,57 kHz Frequência de amostragem 8,12698 MHz Espaço entre subportadoras (1/TU) 3.968 Hz Largura de banda total (13 segment.) Intervalo de guarda (Tg/TU) 5,575 MHz 1/4 1/8 Duração parte útil do símbolo (TU) 1/16 1/32 252 µs Duração de Intervalo de guarda (Tg) em µs 63 31,5 15,75 7,875 Duração total do símbolo (TS=Tg+TU) em µs 315 283,5 267,75 259,875 38 A primeira tarefa na implementação do transmissor é a geração do fluxo de bits de entrada (vetor DataIn). Dependendo do tipo de dados escolhido, este vetor é criado randomicamente ou carregando um arquivo de dados. O sinal referente ao vetor DataIn pode ser visto na Figura 3. No estágio (B) o fluxo de bits DataIn é modulado em 64QAM. Isto significa que 26 bits são agrupados para formar um símbolo complexo 64-QAM. A parte real e imaginária dos primeiros 64 símbolos da variável DataMod são traçados na Figura 4. A seguir, de modo a preparar as portadoras com os símbolos, o vetor DataMod é transformado de dados seriais para paralelo (1405 portadoras). A estes dados paralelos adicionaram-se, na parte central, 4.096 – 1.405 = 2.691 zeros (zero padding) de forma a se obter o número de amostras necessárias (2p) para utilizar a IFFT e gerar a parte útil do símbolo OFDM (Tu). O sinal resultante desta operação (info) no estágio (C) é mostrado na Figura 5. B. Geração da banda-básica OFDM Considerando-se que o espectro OFDM está centrado em fc, isto é, a subportadora 1 está 5,575/2 MHz à esquerda da portadora, e a subportadora 1.405 fica a 5,575/2 MHz à direita. Uma maneira de conseguir a centralização é usar uma 2NIFFT [19] com T/2 como período. Observe na Tabela I que a duração da parte útil do símbolo OFDM, TU, é especificado considerando uma 2.048-IFFT (N = 2.048), portanto, deve-se usar uma 4.096-IFFT. A Figura 2 mostra um diagrama em blocos da geração de um símbolo OFDM, mapeado pela modulação 64-QAM requerida para o cenário da simulação. Na figura também se encontram indicadas as variáveis usadas no código Matlab™. Vale ressaltar, neste ponto, que detalhes do subsistema de transmissão do padrão ISDB-TB foram deixados de lado para se obter uma simplificação capaz de ilustrar o uso da técnica OFDM. Um detalhe a ser considerado é a simulação do período. Define-se T como o período elementar para um sinal banda básica, mas sabendo que se está simulando um sinal passabanda, é necessário relacioná-lo à um tempo-período, 1/Rs, em que tem que ser considerado pelo menos duas vezes a frequência da portadora (fc). Por simplicidade de cálculo utiliza-se uma razão inteira, Rs = 40/T. Esta relação fornece uma frequência de portadora próxima de 81 MHz, que está na faixa VHF do canal 5, um canal de TV comum na maioria das cidades onde há transmissão televisão, inclusive digital. No texto, a seguir, descreve-se cada etapa e sinais do diagrama em blocos referidos pelas letras circundadas na Figura 2. Fig. 3: Sinal de entrada no ponto A (fluxo de bits DataIn) gerado randomicamente, mostrando os primeiros 100 bits. DataIn Modulador DataMod 64-QAM A B Mux Ser./Par. ... info Zeropadding e Adaptação N SubQuadro portadora OFDM C IFFT carriers DAC stide e Interv. Guard. s(t) fc D E Fig. 2: Estágios para geração da banda-base OFDM. F Fig. 4: Sinais de saída do modulador 64-QAM, no ponto B, (DataMod), mostrando os primeiros 64 símbolos. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 O próximo passo da operação OFDM é realizado nas colunas da matriz info. Nesta operação as colunas são transformadas em símbolos OFDM através da aplicação da IFFT. Até agora os dados foram manipulados no domínio da frequência, porém a transformada inversa rápida de Fourier transforma os dados para o domínio do tempo. O sinal no domínio do tempo das portadoras é a soma de todas as subportadoras não nulas dos dados info (vide Figura 6). As portadoras complexas carriers tem como período T/2 (divididas em duas bandas) e são a banda-básica OFDM em tempo discreto. Na Figura 7, pode-se observar o mesmo sinal no domínio da frequência. Essa operação foi realizada aplicando-se a função embutida fft do Matlab. Na mesma figura é mostrada a mesma operação aplicando-se a função embutida pwelch. A primeira função calcula o espectro de potência, enquanto a segunda traça a densidade espectral de potência que oferece resolução 39 de frequência e variância menores. Em ambos os gráfico, a energia apresenta-se concentrada logo acima da frequência zero e abaixo da frequência de amostragem a 8,1269 MHz. Na realidade isto significa que a energia está centrada em volta da frequência zero. Densidade Espectral de Potência Estimada pelo Método de Welch Frequência (MHz) Fig. 7. Resposta em frequência das portadoras carriers, estágio (D), subdivididas em cada metade da banda-básica de 5,575MHz. Fig. 5: Sinais de saída info, no ponto (C), mostrando a distribuição das 1405 portadoras, nas 4096 amostras, completadas com zero na faixa central. Fig. 6: Sinais de saída real e imaginário no domínio do tempo do módulo IFFT, no estágio D, (portadoras complexas carriers). A saída é convertida de paralela para serial, em seguida, um prefixo cíclico é anexado ao sinal (de forma a combater os efeitos de propagação multipercurso), para então as amostras alimentarem um qbit-Conversor analógico-digital (DAC). No mesmo ciclo em esta operação é executada, o intervalo de guarda é inserido e o sinal resultante (stide), estágio (E), é transladado em frequência. A inserção do interval de guarda é executada adicionando-se um número de zeros, especificada pela entrada ”guard”, na frente dos símbolos OFDM. Por outro lado, a translação em frequência é feita multiplicando-se o sinal stide pela função exponencial, exp(j2fCt). Esta operação translada o espectro do sinal para a frequência, fc. O Fig. 8: Resposta no tempo do sinal s(t) em (F) e pode-se observar o alto valor de PAR. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 Densidade Espectral de Potência Estimada pelo Método de Welch Frequência (MHz) Fig. 9. Resposta em freqüência do sinal s(t) em (F), com a largura de banda de 5,575 MHz e frequência central (fc) = 81 MHz. símbolo OFDM e seus intervalos de guarda, juntos criam o sinal completo s(t), estágio (F), os quais agora estão prontos para serem transmitidos no canal de comunicação. As Figuras 8 e 9 mostram o sinal s(t) no domínio do tempo e no domínio da frequência, respectivamente. RECEPÇÃO OFDM – ISDB-TB III. O projeto de um receptor OFDM, como mencionado, é aberto, isto é, existem somente padrões para transmissão. Com isso, as pesquisas e inovações são aplicadas ao desenvolvimento do receptor. Por exemplo, o inconveniente da sensibilidade de frequência é principalmente uma questão de previsão do canal de transmissão, algo que é feito no receptor, portanto, neste artigo apresenta-se somente a estrutura básica do receptor. A Figura 10 mostra um receptor básico, que segue o caminho inverso do processo de transmissão. L J Demodulador Fluxo de bits I Remoção Zero-padding 64-QAM info_h H FFT G r(t) r_tide Sincron. e remoção Guarda m(t) fc Fig. 10: Simulação da recepção OFDM. Os resultados dessas simulações são apresentados nas Figuras 11 a 16 e são descritos no texto a seguir. Na etapa (G), o sinal recebido m(t) tem que ser sincronizado, de forma que os blocos seguintes utilizem a janela correta na transformada de Fourier. O bloco de sincronização é essencialmente uma função de correlação, que correlaciona o sinal recebido com o símbolo de referência conhecido. Ao se localizar o máximo da função de correlação é possível calcular a janela correta para a transformada de Fourier. Agora que o sinal está sincronizado, o intervalo de guarda pode ser descartado. Isto é feito símbolo a símbolo. A conversão do espectro, da frequência da portadora fc para a banda-básica é realizada pela multiplicação com uma função exponencial, da mesma forma como no transmissor, porém 40 com o sinal menos no argumento da função, exp(−j2fCt). Esta translação precisa ainda ser submetida a um filtro passa-baixa de modo a suprimir do sinal a portadora que surge da operação de multiplicação, resultando no sinal r(t), estágio (H) – r_tide, em que o gráfico no domínio do tempo pode ser visto na Figura 12 e no domínio da frequência na Figura 12. O sinal r(t) passa ainda por mais uma operação antes de ser transformado por meio do bloco FFT, ao estágio (I). É uma operação de amostragem que tem o efeito de translação da banda passante igual a 162,539 MHz (devido ao Rs escolhido no transmissor) para a banda passante igual ao da frequência de amostragem, Fs = 8,12698 MHz. O resultado, r_data, no domínio do tempo e da frequência pode ser visto nas Figuras 13 e 14, respectivamente. Os blocos que seguem no receptor realizam duas operações. Primeiro, os zeros que foram inseridos na parte central dos dados no transmissor são agora removidos. Esta operação é efetivada removendo todas as subportadoras de valor zero. Nesta fase, os dados no sinal recebido, estão em diferença de fase e por isso passam por um decodificador diferencial. O decodificador diferencial encontra a diferença de fase entre dois símbolos sucessivos da mesma subportadoras e o sinal de saída são símbolos 64-QAM, estágio (J) – info_h, Figura 15. Na segunda operação os dados paralelos consistindo de símbolos 64-QAM são primeiramente convertidos em dados seriais antes de serem demodulados. O bloco demodulador 64QAM realiza esta última operação e a constelação no estágio (L) - a_hat - pode ser observada na Figura 16. O resultado final é um fluxo de dados na saída do receptor, a qual dependendo do canal de comunicação deve ser igual ao fluxo de dados da entrada do transmissor (vide Figura 3). I. CONCLUSÕES O sistema ISDB-Tb vem sendo utilizado comercialmente desde dezembro de 2007 no serviço de radiodifusão aberta de TV Digital no Brasil e há a expectativa de que perdure por até quatro décadas sendo utilizado com tal finalidade [20]. Por isso, este material estruturado é de interesse acadêmico e prático e pode servir como referência para pesquisas e futuras implementações. Os resultados da simulação demonstraram que a implementação pode ser utilizada como referência, pois executa corretamente os processos especificados para a camada física do padrão ISDB-TB. Isto pode ser verificado nos valores dos gráficos que comprovam a compatibilidade desta ferramenta de simulação com o sistema ISDB-TB. A simulação no computador não foi um problema, principalmente baseado no timing computacional que foi desprezível, mas é difícil dizer como estas condições se comportarão em um canal de comunicação real. Por isso, um candidato natural a trabalho futuro é a verificação do desempenho do subsistema simulado neste trabalho nas diversas condições de degradação do canal de comunicação. Estas extensões podem incluir ainda a detecção e correção de deslocamento de fase do canal, correção de erro, considerações do PAR, transmissão adaptativa, uso de outros métodos de modulação. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 41 Densidade Espectral de Potência Estimada pelo Método de Welch Frequência (MHz) Fig. 11: Resposta no tempo do sinal r_tide em (H). Fig. 12: Resposta em frequência do sinal r_tilde em (H), após a supressão da portadora fc. r-dataI Amplitude 50 0 -50 0 0.2 0.4 0.6 Tempo(s) 0.8 1 1.2 -6 x 10 r-dataQ Densidade Espectral de Potência Estimada pelo Método de Welch 50 0 -50 0 0.2 0.4 0.6 Tempo(s) 0.8 1 1.2 -6 x 10 Frequência (MHz) Fig. 13: Resposta no tempo do sinal r_data em (H). Fig. 14: Resposta em frequência do sinal r_data em (H). Constelação ema_hat infoh Constelação em Constelação em info_h 8 6 4 2 Imaginário Amplitude 100 0 -2 -4 -6 -8 -8 Fig. 15: Constelação do sinal info_h. -6 -4 -2 0 Real 2 4 Fig. 16: Constelação do sinal a_hat. 6 8 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NÚMERO 2, DEZEMBRO DE 2013 REFERÊNCIAS [1] ETS 400 401: Radio broadcasting systems; Digital Audio Broadcasting (DAB) to mobile, portable and fixed receivers. [2] U. Reimers, UVB, Springer, 2nd ed., 2005. 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